16 UNIVERSIDADE CURITIBA, QUINTA-FEIRA, 12 DE JULHO DE 2012 www.blogdejornalismo.com Para muita gente, cães, gatos, peixes e tartarugas são companheiros ideais. Os bichos, afinal, oferecem companhia e afeto, pedindo em troca carinho e responsabilidade. Algumas pessoas, porém, vão além em relação à lista de espécies “adotáveis”, e escolhem animais exóticos como companhia. Com excelentes resultados. BICHOS EXÓTICOS, BICHOS DE CASA Texto: Samuel Bittencourt Foto: Nathalia Rauscher Comuns em lares e ambientes domésticos, os animais de estimação representam uma parceria entre homens e bichos denominada pela Biologia “protocooperação” ou “mutualismo facultativo”. Nessa parceria, alguns animais ocupam uma posição de destaque, sendo, em alguns casos, tratados como verdadeiros membros da família. Na lista de parceiros do homem, o cão é o primeiro colocado unânime – foi domesticado há cerca de 10 mil anos -, seguido por gatos, hamsters, peixes ornamentais e outros bichos. Algumas pessoas, porém, procuram parcerias menos convencionais e apelam para animais mais exóticos. Para superar o medo — Ofidiofobia é o termo que designa o medo de serpentes. O fisioterapeuta curitibano Marcelo Alves de Camargo possuía esse medo desde os tempos do serviço militar. Para superá-lo, conheceu melhor o animal e, nesse processo, foi além e acabou por comprar uma serpente. Marcelo é casado com Joseane Veiga Tavares. Juntos, eles possuem cinco cães e peixes ornamentais. A cobra chegou ao lar do casal em 2006, antes mesmo que alguns dos cachorros, vinda do Sítio Xerimbabo, um criadouro de Belém do Pará. O fisioterapeuta desembolsou R$ 700 pela jiboia batizada de “Anna Júlia” – o nome, inspirado no hit do grupo Los Hermanos, foi escolhido para diminuir a hostilidade que muitas pessoas sentem em relação aos ofídios. Anna Júlia veio dentro de uma sacola, guardada pelo casal até hoje, com certidão de nascimento, guia de cuidados e um microchip de identificação que funciona como uma espécie de RG. Quando chegou, o animal possuía apenas alguns centímetros; hoje, com sete anos, tem dois metros e pode alcançar o dobro disso. Sua expectativa de vida, aliás, é de vinte a vinte e cinco anos. O fisioterapeuta explica os cuidados que toma para manter a saúde do animal: “para crescer saudável, apenas mantenho a umidade do ar alta e o ambiente aquecido entre 25°C e 30°C. Existe risco de o animal pegar carrapato e pneumonia, mas, até hoje, nunca tive que dar vacina para isso”. De acordo com Marcelo, a cobra é o oposto de seus outros animais. “Se você procura um bicho para brincar ou fazer companhia, a Anna Júlia não serve. Ela não possui interação nenhuma, e o máximo de compreensão que talvez tenha é em relação ao calor do meu corpo, que, noto, ela prefere em relação ao das outras pessoas. Como se eu fosse uma extensão do lar dela, mas é só isso”. Ele aponta a diferença ao falar de Katana, sua cachorra mais velha. “Para mim, cachorro é bicho, eu não trato como filho. Mas, eles são bem inteligentes - veja, a mais velha adquiriu doença de gente. Ela entrou em depressão depois que pegamos mais um cachorro e lhe demos um pouco de atenção. Ela está até tomando remédio e, agora, só damos carinho para os outros escondido”, relata. Acostumado com o trabalho que os cães costumam dar, Marcelo aponta outra diferença entre os animais. “Com a cobra, eu quase não possuo gastos. Com seu tamanho atual, precisa se alimentar de um animal do porte de um coelho de 30 a 45 dias, e isso custa R$ 10. Só depois que troca de pele é que tenho que limpar o aquário onde ela fica. No inverno, esse intervalo é maior. Com os cães, o gasto e o trabalho de limpeza são bem maiores”, compara. Muitos visitantes que o casal recebe ficam curiosos. “Os amigos que vêm aqui adoram, querem conhecer a Anna Júlia. As crianças, principalmente, querem pegar. Ela é extremamente calma, na dela. É só alimen- tar, mesmo.” Marcelo afirma que o único incidente que registrou foi ao tentar pegar o animal quando ele estava com fome. “Ela era pequena e me mordeu no momento em que tentei pegá-la sem o gancho que utilizo apenas quando vou alimentá-la. Com fome, ela muda de comportamento: se entoca e, no momento em que passa alguém na frente do aquário, segue e dá o bote contra o vidro. Já sei certinho quando ela está com fome”, relata. Mais um integrante na família — Alguns animais podem se tornar mais do que pets e passar à condição de integrantes da família. A família Emerenciano nunca teve a intenção de ter um animal exótico, mas, hoje, se preocupa com Robby, um simpático papagaio. A designer de interiores Margarita Rosa Kelly Emerenciano relembra de como a ave entrou para a família. “Preferíamos ver todas as aves soltas na natureza. A minha falecida sogra, sabendo que o meu filho, na época com 11 anos, gostava, comprou para ele”, diz. Viajando frequentemente para a África com o marido, o pesquisador Dartagnan Baggio Emerenciano, Margarita diz que Robby já é parte da família, e que as netas adoram o bicho. Robby fica na casa da filha de Margarita, Grace Kelly Emerenciano Meglin. Como cuidados, a mãe recomenda apenas manter o ambiente dele limpo, os potes de água e de ração sempre limpos, fazer carinho sempre e conversar. “Nosso Robby adora que façam coceirinha nele”. Os papagaios podem chegar a viver cerca de 100 anos e, em regra, formam casais para toda a vida – algo semelhante à relação de Robby com a família Emerenciano, que teve início há 23 anos. “Ele chegou bem bebezinho pra nós, com dois meses. Foi criado com papinha de frutas até poder comer sozinho”, lembra Margarita. Fiscalização animal — Quem deseja ter um pet em casa não encontra grandes proble- mas – basta ir a uma feira de adoção e sair de lá com um bichinho, recolher um animal de rua ou, então, pagar caro em uma pet-shop. No caso de animais silvestres (que pertencem à fauna nativa brasileira) ou exóticos (trazidos do Exterior), a situação é diferente. O país possui leis que protegem as espécies e um sistema de fiscalização coordenado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Recursos Naturais Renováveis, o Ibama. Algumas pessoas podem imaginar que ter um animal incomum exige um processo burocrático e cansativo, mas, na realidade, a situação é mais simples: basta ter atenção e respeitar a lei. No Paraná, existem 11 criadouros comerciais em funcionamento e nove comerciantes autorizados. O coordenador do núcleo de fauna da superintendência do Ibama no Paraná, Mario Luna, explica que animais adquiridos regularmente são nascidos em cativeiro e comercializados apenas com nota fiscal. “Eles recebem uma identificação individual, um microchip ou anilha, que os diferenciam dos que não possuem origem legal”. Em caso de importação, é necessário ter a devida autorização do órgão, que é rígida e proíbe a criação comercial ou em cativeiro de invertebrados, anfíbios, répteis e também das aves da espécie Sicalis Flaveola (também conhecidas como “canário-da-terra verdadeiro”) e alguns mamíferos não domésticos. Zoológicos são exceção à regra. A relação de animais fiscalizados pelo Ibama é grande, mas o processo de adoção é fácil. Para quem for pego sem licença, contudo, a pena não é branda. “A constatação da guarda, aquisição, manutenção, transporte ou exposição sem licença resulta na apreensão dos respectivos animais e destinação para soltura, quando possível, ou cativeiro em criadouros ou zoológicos licenciados. O responsável é multado, pode responder a processo administrativo e até criminal pelo ato”, alerta Mario. EXPEDIENTE FACULDADES OPET Direção do Campus Centro Cívico – Prof. Msc. Andréia Caldani * Coordenação dos Cursos de Comunicação Social – Prof. Alexandre Correia dos Santos * Coordenação da Agência Experimental de Jornalismo / INFAO – Prof. Msc. Márcio de O. Rodrigues. Coordenação da Agência Experimental de Publicidade e Propaganda / PONTO5 – Prof. Mauro Bruno Pinto * Alunos envolvidos nessa página – Jornalismo: Samuel Bittencourt e Nathalia Rauscher. Nessa página, a produção foi orientada e editada pelo Prof. Dr. Rodrigo Wolff Apolloni. Essa é uma produção do Projeto Experimental Primeira Pauta - acesse o sítio informativo www.blogdejornalismo.com para obter mais informações e acompanhar a produção dos alunos participantes. Comente, sugira, critique e contribua, pois esse é um espaço interativo.