CARACTERIZAÇÃO DA VELOCIDADE MÉDIA DOS VENTOS NA REGIÃO DE MOSSORÓ-RN W. D. O. Santos1; H. B. F. Barreto1; F. G. B. Costa1; F. G. C. Freire1; J. Espínola Sobrinho2; C. M. da Costa Neto1 RESUMO: O vento apresenta uma grande importância para a agricultura devido ser um agente facilitador da polinização ou mesmo como polinizador, e nos estudos ligados a economia de água, dada sua influência na evaporação e na evapotranspiração. O elemento climático mais importante na irrigação por aspersão é o vento. Deve-se ter informações precisas de sua velocidade, que exerce papel significativo na eficiência de aplicação. Os dados da velocidade do vento a 10 m de altura usados nesse trabalho foram obtidos nos anos de 2000 a 2008 dos registros da estação meteorológica Jerônimo Rosado da UFERSA em Mossoró/RN. A velocidade média do vento é de 3,31 m/s com valores máximos e mínimos acontecendo na primavera e outono, respectivamente. PALAVRAS-CHAVE: agrometeorologia, importância do vento, irrigação CHARACTERIZATION OF SPEED AVERAGE WIND IN THE REGION OF MOSSORÓ-RN ABSTRACT: The wind is of great importance for agriculture due to being a facilitator of pollination or even as a pollinator, and studies related to water economy, given its influence on evaporation and evapotranspiration. The most important climatic element in the sprinkler irrigation is the wind. You should have accurate information on your speed, which plays significant role in the efficiency of application. The data of wind speed at 10 m height used in this work were obtained in the years 2000 for 2008 of records of the meteorological station of the Jeronimo Rosado UFERSA in Mossoró/RN. The average wind speed is 3.31 m/s with maximum and minimum values occurring in spring and autumn, respectively. KEY-WORDS: agrometeorology, wind importance, irrigation 1 Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Irrigação e Drenagem, Depto de Ciências Ambientais e Tecnológicas, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, UFERSA, Mossoró-RN, Caixa Postal 137, CEP 59625-900, e-mail [email protected]. 2 Engenheiro Agrônomo, Prof. Dr., Departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas da UFERSA/Mossoró-RN. W. D. O. Santos et al. INTRODUÇÃO O debate em torno do aproveitamento do potencial de algumas fontes de energia disponíveis no país, a energia solar, biomassa, em particular a energia eólica, vem proporcionando alternativas para suprir as deficiências da crise energética nos últimos anos, no contexto mundial, já que, segundo Lima (2003), cerca de 20% da energia utilizada no mundo provém das fontes renováveis. O custo “zero” de seu combustível (ventos), baixo custo de manutenção, o curto espaço de tempo necessário para sua instalação e operação, entre outros fatores, vêm consolidando o espaço da energia eólica entre as demais fontes de energia (TERCIOTE, 2005). O vento apresenta uma grande importância para a agricultura, pois ele é um agente facilitador da polinização ou mesmo como polinizador e nos estudos ligados a economia de água, dada sua influência na evaporação e na evapotranspiração e no transporte de calor e vapor d'água, mediante o processo de advecção. A velocidade predominante dos ventos pode fornecer subsídio para a instalação de quebra ventos em projetos agrícolas; aproveitamento eólico, na instalação de turbinas para geração de energia eólica; conforto térmico, tanto para animais como para o próprio homem; transporte de poluentes, para definição da instalação de fábricas, aterros sanitários, entre outros. O elemento climático mais importante na aspersão é o vento. Deve-se ter informações precisas de sua velocidade, que exerce papel significativo na eficiência de aplicação. As perdas de água por evaporação durante um evento de irrigação, em condições climáticas em que esses fatores atmosféricos estiverem desfavoráveis, podem alcançar 25 % ou mais, devido ao efeito da deriva por ventos com velocidade acima de 5 m/s. Vários trabalhos de pesquisa têm demonstrado que o aumento da velocidade do vento provoca diminuição da uniformidade de distribuição de água, como resultado da distorção do perfil de aplicação de água e da redução da área coberta pelo aspersor, além da diminuição da sobreposição dos jatos de água (GOMIDE et al., 1980; RIBEIRO, 1983; VORIES; BERNUTH, 1986; PAZ, 1990; MARTIM-BENITO et al., 1992; ALVES; CASTRO, 1995). O trabalho objetivou caracterizar a velocidade do vento para a localidade de Mossoró– RN. MATERIAL E MÉTODOS Os dados da velocidade do vento a 10 m de altura usados nesse trabalho, foram obtidos nos anos de 2000 a 2008 dos registros da estação meteorológica Jerônimo Rosado da UFERSA em Mossoró cujas coordenadas geográficas são: 5°11' S e 37° 20' W a 1,5 m de altura da superfície, com altitude de 40,5 m acima do nível do mar, estando localizado a apenas 40 km do Atlântico Norte. O clima local apresenta uma temperatura média anual em torno de 27,5 °C e umidade relativa de 68,9% (CARMO FILHO et al., 1991). A precipitação média anual é de 670 mm e, a evapotranspiração média anual está em torno de 1945,20 mm e a insolação média de 236 h/mês, sendo os meses mais secos de maior insolação. Segundo classificação climática de Köppen, o clima de Mossoró é do tipo BSwh, ou seja, quente e seco, com estação chuvosa no verão, atrasando-se para o outono. W. D. O. Santos et al. De acordo com as análises dos dados, a região em estudo apresenta um clima do tipo DdA’a, ou seja, Semi-Árido, megatérmico com pouco ou nenhum excesso de água durante o ano, segundo a classificação climática de W.C. THORNTHWAITE, que está baseado numa série de índices térmicos utilizando-se o balanço-hídrico da região. RESULTADOS E DISCUSSÃO A velocidade média do vento durante o período estudado foi de 3,31 m/s, ocorrendo os maiores valores nos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro (primavera) de 4,09; 4,43; 4,49 e 4,32 m/s, e os menores nos meses de março, abril, maio e junho (outono) de 2,47; 2,09; 2,37 e 2,45 m/s, respectivamente (Figura 1). Durante o ano a velocidade do vento varia de acordo com a região do país e com a estação do ano. De maneira geral, no Brasil, os ventos mais fortes ocorrem no início da primavera e os mais fracos no início do verão, outros fatores também podem influenciar a variável, pois a velocidade do vento é diretamente proporcional aos valores de balanço de radiação (BÍSCARO, 2007). Pesquisas realizadas por Lopes, et al., (2000) da velocidade do vento para o período de 24 horas, do ano 2000 dos registros da estação automática de superfície localizada na Escola Superior de Agricultura de Mossoró - RN (ESAM), mostraram grande variabilidade na velocidade média diária do vento, para todas as estações do ano, sendo que os maiores valores foram observados durante a primavera, ficando a maioria dos mesmos em torno de 3,0 m/s. Durante o verão, na maioria dos dias, a velocidade média diária do vento esteve abaixo de 2,5m/s, enquanto que para o outono esses valores ficaram abaixo de 1,8m/s. CONCLUSÃO A velocidade média do vento é de 3,31 m/s com valores máximos e mínimos acontecendo na primavera e outono, respectivamente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, A.D.; CASTRO, P.T. Desempenho de um sistema de irrigação por aspersão tipo canhão hidráulico, sob diferentes condições de velocidade de vento na região de Paracatu, CE, Brasil. Engenharia Rural, Piracicaba, SP, v.6, n.2, p.79-84, 1995. BÍSCARO, Guilherme Augusto. Meteorologia Agrícola Básica. 1 ed. UNI-GRAF – Gráfica & Editora União Ltda. Cassilândia – MS. 2007. 87p. CARMO FILHO, F.; ESPÍNOLA SOBRINHO, J.; Maia Neto, J. M. Dados meteorológicos de Mossoró (janeiro de 1989 a dezembro de 1990), Mossoró: ESAM, FGD, 1991, 110p, Coleção Mossoroense, Série C, 630. GOMIDE, R.L; BERNARDO S.; VIEIRA M.; SEDIYAMA G.C. Modelo matemático para determinar a uniformidade de distribuição da água no sistema de irrigação por aspersão. Revista Ceres, Viçosa, MG, v.27, n.153, p.471-485, 1980. LIMA, C. R. de.; Energia, sociedade e desenvolvimento sustentável: o caso de Água Clara – MS. An. 3. Enc. Energ. Meio Rural 2003. LOPES, G. M; MOURA, M. S. B. de.; SOUZA, T. H. de.; SOBRINHO, J. E; Caracterização da velocidade e direção do vento em Mossoró-RN, para as quatro estações do ano. Mossoró/RN: ESAM, 2000. W. D. O. Santos et al. MARTIN-BENITO, J.M.T.; GOMEZ, M.V.; PARDO, J.L. Working of sprinkler to optimize application of water. Journal of Irrigation and Drainage Engineering ASCE, New York, v.118, n.6, p.713-895, 1992. RIBEIRO, J.M.; SOUZA, F. Avaliação da irrigação por aspersão: Influência do clima na uniformidade e eficiência. Ciência Agronômica, Fortaleza, v.14, n.1/2, p.123-136, 1983. PAZ, V.P. Perdas de água e uniformidade de distribuição na irrigação por aspersão. Viçosa, MG: UFV, 1990. 59p. Dissertação Mestrado. TERCIOTE, Ricardo. Eficiência energética de um sistema eólico isolado. Disponível via http://www.feagri.unicamp.br/energia/agre2002/pdf/0100.pdf. Consultado em 06 de Maio de 2005. VORIES, E.D.; BERNUTH, R.D. Single nozzle sprinkler performance in wind. Transaction of the ASAE, St. Joseph, Michigan, v.29, n.5, p.1325-1330, 1986. Figura 1: Valores médios mensais da velocidade do vento para a cidade de Mossoró - RN.