Romantismo – Terceira Geração Geração Condoreira Na Europa, o contexto histórico do Romantismo é a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, que marcam o fim do Absolutismo. As palavras de Vitor Hugo, o maior escritor do Romantismo francês, resumem bem a ideologia romântica: “A liberdade literária é filha da liberdade política. Eis-nos libertos da velha forma social; e como não nos libertaríamos da velha forma poética? A um novo povo, uma nova arte.” Como se pode ver, o Romantismo tem duas facetas: uma que se volta para o indivíduo, com seus dilemas e conflitos existenciais, e outra que se volta para a sociedade, com suas injustiças e desejos de mudança. Porém, no Brasil, essa faceta social do Romantismo só vai se manifestar na terceira fase do movimento. A terceira geração romântica é caracterizada pela poesia libertária influenciada, principalmente, pela obra político-social do escritor e poeta francês Victor Hugo, que originou a expressão "geração hugoana". Além disso, a ave símbolo da geração é o condor, ave que habita o alto das cordilheiras dos Andes, e que representa a liberdade, daí o nome da geração ser condoreira. A poesia dessa geração é combativa e prima pela denúncia das condições dos escravos, decorrência do sistema econômico brasileiro, baseado no trabalho escravo. Os poetas dessa geração também clamam por uma poesia social em que a humanidade trabalhe por igualdade, justiça e liberdade. Os ideais abolicionistas e o culto do progresso são o fundo ideológico de sua poesia, que se faz eloquente, grandiloquente, oratória, repassada de imagens e metáforas de grandeza. Marcada por forte indignação, a poesia de Castro Alves faz-se liberal, renovando o tema amoroso, liberando-o das noções de pecado e culpa, cultivando um erotismo sensual, de prazer, e denunciando a escravidão; abrindo, portanto, "baterias poéticas" contra o conservadorismo e o atraso mental, moral do Império e as injustiças da ordem social. Vale lembrar que o tom oratório dos versos de Castro Alves deve-se a um propósito pragmático dos seus cantos, o de alcançar multidões. Seus poemas são escritos com a intensão de serem declamados em praça pública, teatros e grandes salas, como verdadeiros discursos. É essa a missão do poeta, a de anunciar a todos o “Novo Mundo”, a de persuadir a todos da necessidade de mudança. Daí a épica retumbante de seus versos, as apóstrofes violentas, as antíteses constantes, as hipérboles e metáforas ousadas, enfim, o tom grandiloquente de seus cantos. Inspirado por Victor Hugo, Castro Alves foi o arauto da liberdade e da justiça. Envolvendo-se em todos os acontecimentos históricos de sua época, foi vate e profeta ao anunciar a abolição da escravatura e a instauração do regime republicano. Atividades QUESTÃO 01 Castro Alves (1847-1871) foi o maior expoente da 3ª geração do Romantismo brasileiro. Embora este tenha sido um momento mais social, engajado, o poeta também tem sua face lírica. Veja. Adormecida Uma noite, eu me lembro... Ela dormia Numa rede encostada molemente... Quase aberto o roupão... solto o cabelo E o pé descalço do tapete rente. 'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste Exalavam as silvas da campina... E ao longe, num pedaço do horizonte, Via-se a noite plácida e divina. De um jasmineiro os galhos encurvados, Indiscretos entravam pela sala, E de leve oscilando ao tom das auras, Iam na face trêmulos — beijá-la. Era um quadro celeste!... A cada afago Mesmo em sonhos a moça estremecia... Quando ela serenava... a flor beijava-a... Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia... Dir-se-ia que naquele doce instante Brincavam duas cândidas crianças... A brisa, que agitava as folhas verdes, Fazia-lhe ondear as negras tranças! E o ramo ora chegava ora afastava-se... Mas quando a via despeitada a meio, Pra não zangá-la... sacudia alegre Uma chuva de pétalas no seio... Eu, fitando esta cena, repetia Naquela noite lânguida e sentida: "Ó flor! - tu és a virgem das campinas! "Virgem! - tu és a flor de minha vida!..." ALVES, Castro.Adormecida. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br/calves02a.html#adormecida. Acesso em: 20 out. 2012. A mulher, na poética de Castro Alves, é bastante diferente daquela vista na geração ultrarromântica. No poema “Adormecida”, a mulher é A) bela e perfeita. B) concreta e idealizada. C) concreta e sensual. D) virgem e idealizada. E) virgem e sensual. QUESTÃO 02 Conheça a 6ª parte de “Navio Negreiro”, poema de Castro Alves (1847-1871). VI Existe um povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio. Musa... chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto! ... Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança... Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!... Fatalidade atroz que a mente esmaga! Extingue nesta hora o brigue imundo O trilho que Colombo abriu nas vagas, Como um íris no pélago profundo! Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! Andrada! arranca esse pendão dos ares! Colombo! fecha a porta dos teus mares! Disponível em: http://www.culturabrasil.org/navionegreiro.htm. Acesso em: 10 nov. 2013. São características desses versos A) a crítica histórica, a idealização e o sentimentalismo. B) a linguagem grandiloquente, os decassílabos e a crítica social. C) a subjetividade, a linguagem grandiloquente e a evasão. D) os decassílabos, a subjetividade e o sentimentalismo. E) os sentimentalismos, a evasão pela morte e os decassílabos. QUESTÃO 03 Elabore um texto explicitando por que a Terceira geração do Romantismo se autodenomina Condoreira. ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ QUESTÃO 04 Castro Alves (1847-1871) foi o maior poeta abolicionista brasileiro. Seu poema “Navio Negreiro”, com seis partes, tem características épicas, contando os sofrimentos do povo negro traficado da África para o Brasil. Leia um trecho da sexta parte. “Existe um povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio. Musa... chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto!... Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança... Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!...” [...] Alves, Castro. Navio negreiro. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br/calves01.html. Acesso em: 20 set. 2012. Os textos se constroem, principalmente, com base em uma A) antítese. B) comparação. C) metáfora. D) metonímia. E) sinédoque. QUESTÃO 05 Na coluna da direita, estão listados os nomes das três gerações do Romantismo. Na coluna da esquerda, estão listados fragmentos de poemas de autores da estética mencionada. Numere a coluna da esquerda relacionando-a à geração romântica a que os poemas pertencem. Repita a numeração sempre que necessário ( ) Oh! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! ( ) (...) Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite Horrendos a dançar... ( ) Mas oh! O viajor nos cemitérios Nessas nuas caveiras não escuta Vossas almas errantes... ( ) Minh’alma é triste como a rola aflita Que o bosque acorda desde o albor da aurora, E em doce arrulo que o soluço imita O morto esposo gemedora chora. ( ) Os meus cantos de saudade São amores que eu chorei, São lírios da mocidade Que murcham porque te amei! As minhas notas ardentes São as lágrimas dementes Que em teu seio derramei! ( 1 ) 1ª geração ( 2 ) 2ª geração ( 3 ) 3ª geração