PARTICIPAÇÃO COLETIVA NO ESPAÇO DA ESCOLA Proposta de Atividade Leandra Martins de Oliveira1 Pensar na participação coletiva no espaço escolar é pensar em democracia, na partilha de poder entre diretores, professores, alunos, funcionários, pais, e comunidade local, partilha essa que implica igualdade nos processos de tomada de decisão e encaminhamento de ações para o bom funcionamento da escola. Neste sentido, sugerimos alguns tópicos de discussão para nortear os encontros com os jovens do PJ Minas 2012, acompanhados de algumas questões que podem ser debatidas com os alunos. Primeiramente, que tal um brainstorming (tempestade de ideias) com o grupo, para refletir um pouco sobre a ideia de participação? Conhecer a percepção dos jovens e refletir sobre a sua própria ideia de participação pode ajudá-lo a definir os rumos do trabalho a ser desenvolvido com o grupo, avaliando inclusive a pertinência das sugestões que aqui deixamos. Em seguida, é importante contextualizar essa ideia de participação, que não caiu de “para-quedas” na escola. É fruto de um movimento que vem buscando, desde a década de 1980, fortalecer a democracia em nosso país. Na escola, a dinâmica de ampliar a participação dos sujeitos na gestão administrativa e pedagógica tem sido feita por vários caminhos, como veremos no terceiro tópico. A referência completa das obras indicadas ou atores citados ao longo do texto você encontrará na relação de bibliografia comentada. 1 – PARTICIPAR É... É interessante discutir com os jovens o que eles entendem por participação. Deixamos aqui algumas de nossas ideias a respeito. Promova um brainstorming entre os jovens e descubra o que o grupo pensa a respeito. Não deixe de apresentar suas impressões também!! Participar é... • Opinar, compartilhar decisões, dividir responsabilidades. • Ter um sentimento de pertencimento em relação à escola. • Valorizar o próprio conhecimento, aquele adquirido ao longo da sua história de vida. Ao chegarmos na escola trazemos muitos aprendizados, muitos saberes, que podem contribuir com o processo educativo. • Fazer parte da ação, fazer parte da decisão, assumir em conjunto as responsabilidades dos resultados. Você concorda com as ideias acima? E pra você, o que é participar? Em sua opinião, estar presente em uma reunião, encontro, assembleia, etc. significa participar? 1 Pedagoga (UEMG), Mestre em Educação Tecnológica (CEFET-MG). Analista de Projetos Educacionais na Escola do Legislativo-ALMG. ___________________________________________________________________ Escola do Legislativo – Av. Olegário Maciel, 2161 – Lourdes – Belo Horizonte/MG 30.180-112 – telefax: 31. 2108.3400 www.almg.gov.br/escolalegis – [email protected] 2 - PARTICIPAÇÃO E HISTÓRIA Incentive a discussão histórica da participação popular nos processos decisórios do nosso país. Até a década de 1980, os Conselhos e grupos deliberativos do Brasil eram constituídos exclusivamente por pessoas de notório saber, que geralmente pertenciam a classes socialmente privilegiadas. O “saber” desses grupos era considerado importante e relevante para se pensar e buscar a solução dos problemas de nossa Nação. Não é difícil imaginarmos que as decisões então tomadas acabavam por privilegiar um determinado grupo da sociedade e excluindo tantos outros. Com o aumento dos movimentos sociais a partir da década de 1980 (sem a ditadura para reprimir), movimentos populares começaram a reclamar participação na formulação e na gestão de políticas pública. A escola, enquanto instituição social, é então influenciada por este contexto macro. Por muitos anos, a forma de gestão nas escolas públicas foi caracterizada pelo autoritarismo. Diretores , professores e funcionários eram indicados por governos; seus contratos e permanência dependiam do quão complacente fossem com os interesses do governo. Nessas condições, ficava difícil questionar a estrutura e organização da escola. Somente a partir da ação dos movimentos populares e educadores, que reivindicaram acesso e participação nos processos decisórios, é que começaram a despontar nos sistemas de ensino e suas instituições algumas experiências de gestão colegiada. Você pode aprofundar um pouco mais o sobre esse contexto com a leitura da Publicação Conselhos Escolares. 3 – CONHECENDO ALGUNS CAMINHOS PARA A PARTICIPAÇÃO COLETIVA Conselho Escolar (ou colegiado escolar): espaços de deliberação coletiva, representando a vontade não só de professores e diretores, mas também de pais, alunos, funcionários, que também tem seus interesses e suas intenções educativas. O Conselho representa a pluralidade de vozes dos diversos segmentos da comunidade escolar, tornando a prática pedagógica fruto de uma expressão coletiva. A composição do Conselho precisa representar a diversidade existente na escola. Na rede Estadual de Minas Gerais os Conselhos são chamados de Colegiado Escolar, composto por 25% de cada um dos seguintes segmentos: professores e especialistas, servidores do quadro, estudantes do 8º ano (antiga 7ª série) em diante, pais de estudantes do 1º ao 7º ano. É regulamentado pelas normas do sistema de ensino e pelo regimento da escola. Embora o Colegiado seja composto por diversos segmentos da comunidade escolar, há experiências em que só as ideias e aspirações de diretor tornam-se preponderantes no grupo. Em sua opinião, por que isso acontece? Como o colegiado funciona na sua escola? Conselho de classe: momento de discussão sobre os aspectos pedagógicos da classe em questão, tais como avaliação escolar, desempenho de professores, alunos e outros fatores que influem direta ou indiretamente na vida pedagógica de determinada turma. Em uma perspectiva democrática, conta com a participação da coordenação, professores, alunos e pais, sendo que ___________________________________________________________________ Escola do Legislativo – Av. Olegário Maciel, 2161 – Lourdes – Belo Horizonte/MG 30.180-112 – telefax: 31. 2108.3400 www.almg.gov.br/escolalegis – [email protected] sua estrutura e funcionamento geralmente são definidos no regimento da escola. Infelizmente, em muitas escolas o Conselho de Classe limita-se em discutir qual aluno será aprovado, reprovado, remanejado de turma... Mas há que se estimular uma caracterização e atitude diferente em relação ao Conselho de Classe, onde, como nos mostra Vitor Paro, os usuários possam se familiarizar com o modo de agir pedagógico da escola e possam contribuir com suas ideias, expectativas e interesses para uma prática pedagógica mais adequada. No estudo de Renilda Maria Rosa, você poderá conhecer algumas características e formas de organização do Conselho de Classe interessantes de serem debatidas com os alunos. Grêmio Estudantil: é uma organização que representa o interesse dos estudantes na escola. Pode atuar elaborando programa de atividades apontadas pela assembleia estudantil, despertar a consciência crítica dos estudantes, promover a interação dos estudantes realizando atividades culturais e acadêmicas. É constituído por estudantes eleitos pelos pares. Outras informações sobre a formação de Grêmios você encontra nos sites do Instituto Sou da Paz e da UNE. Associação de Pais e Mestres: Sua função é apoiar a escola, colaborando no aprimoramento do processo educacional, estreitando os laços entre família e escola, tendo então um caráter social e educativo. Seu funcionamento é garantido por meio de estatuto próprio, registrado em cartório, como Pessoa Jurídica de Direito Privado, sem fins lucrativos. É formado por pais e professores que procuram ampliar as possibilidades de diálogo com a direção. Representante de turma: valorizar o papel do representante de turma é dar destaque à autonomia do aluno no ambiente escolar. É tê-lo não somente como receptor de conteúdos e informações, mas como sujeito co-autor do processo ensino-aprendizagem. O representante de turma, tal como o nome indica, é aquele escolhido pelo grupo para dar voz aos anseios da turma, à pluralidade de expectativas presentes na sala de aula. Ele deve ter clareza do seu papel mediador entre a classe e a coordenação/direção. Mais do que incentivar a votação nas turmas para a escolha do seu representante, a escola deve promover um trabalho junto aos representantes de forma a potencializar seu papel na construção de objetivos comuns a todas turmas. Para isso deve deixar claro o que espera dos representantes. Os alunos também devem expressar que tipo de representação desejam. Não cabe ao representante dedurar colegas, assumir a disciplina da turma, responsabilizar-se pelos atos dos colegas ou mesmo de professores. Há experiências positivas e negativas de representação de turmas. Em relatos de experiências positivas, encontramos situações onde os alunos são preparados antes mesmo do momento de escolha, num processo de conscientização sobre a importância da eleição e de saber escolher bem seus representantes, sobre as responsabilidades, funções e deveres do mesmo. Há escolas que fazem o processo de eleição similar ao que acontece convencionalmente, com fiscais, apuração de votos, posse dos eleitos. Uma vez empossados, a coordenação/direção e representante eleito constroem uma agenda de reuniões e de trabalho para o ano. Por outro lado, há situações onde a escolha de representantes é imposta para as turmas, alguns colegas assumem por “livre e espontânea pressão”, e não recebem o estímulo devido da equipe pedagógica para exercerem seu papel. Em sua opinião, qual o papel do representante de turma? Você já viveu alguma experiência positiva ou negativa com representante de turma que gostaria de relatar? ___________________________________________________________________ Escola do Legislativo – Av. Olegário Maciel, 2161 – Lourdes – Belo Horizonte/MG 30.180-112 – telefax: 31. 2108.3400 www.almg.gov.br/escolalegis – [email protected] Eleição de diretores: vale a pena discutir com os adolescentes a participação da comunidade escolar (interna e externa) no processo de escolha dos diretores. Geralmente, a participação mais intensa dos pais e alunos é no dia de depositar o voto na urna. Mas é interessante que pais e alunos se envolvam no processo como um todo, acompanhando o trabalho da comissão eleitoral, os debates, as propostas de cada chapa, ter conhecimento das regras estabelecidas para o processo. Essas regras variam em cada rede, bem como o tempo de mandato das chapas. As comissões Eleitorais e as Secretarias de Educação devem prestar os esclarecimentos à comunidade. Infelizmente, na rede privada a escolha de direção se pauta por outros critérios, que desprezam a participação de pais, alunos e funcionários. Vale a pena discutir com os adolescentes que estudam na rede privada sobre o que pensam a respeito, e como gostariam que fosse o processo de escolha de seus Diretores. O estudo de Renilda Maria Rosa delineia algumas considerações sobre o provimento de cargo do diretor escolar que podem contribuir com a discussão. Você se lembra da última eleição de diretores em sua escola? Como foi a participação dos alunos e da comunidade? FINALIZANDO... No espaço do dia-a-dia escolar, sabemos que o funcionamento dos mecanismos acima enfrenta conflitos, divergências, desacordos. A própria instituição de conselhos, colegiados, associações no ambiente escolar é um grande desafio para quem se propõe a fazê-lo. Mas são eles que podem garantir a explicitação dos interesses dos diversos grupos presentes na escola, que precisam ter garantido o direito de serem ouvidos, de opinar, decidir sobre as práticas pedagógicas e socioeducativas que vigoram na Escola. Atualmente, a tecnologia existente pode potencializar a participação coletiva na escola ou nos demais espaços de participação social do cidadão, como vocês verão no subtema que trata das Redes Virtuais. ___________________________________________________________________ Escola do Legislativo – Av. Olegário Maciel, 2161 – Lourdes – Belo Horizonte/MG 30.180-112 – telefax: 31. 2108.3400 www.almg.gov.br/escolalegis – [email protected]