GERAL JP n 5 n Quarta-feira, 2 de janeiro de 2008 ATERRO SANITÁRIO Faltou energia elétrica para ECO+ Problema foi sanado no final da tarde de ontem pela AES Sul, mas as atividades foram adiadas > LUIS BACEDONI SEPARAÇÃO - Ao invés de contratar 22 trabalhadores, a empresa de Santa Maria acabou recrutando 24 empregados. “Nós decidimos colocar vigilância durante 24 horas, inclusive de dia, por isso necessitamos de mais dois vigias, além dos dois que já estavam previstos”, detalhou Ziani. Desde a meia-noite de ontem o acesso de pessoas ao aterro sanitário é restrito. Um portal com cancelas está sendo construído na entrada do lixão. Ontem de manhã a ECO+ já impediu que uma camionete com animais mortos despejasse a carga no aterro. “A partir de agora, esse tipo de carga não poderá ser mais destinada para cá”, alertou o diretor. Com o problema da energia solucionado, os operadores de prensa já começaram a trabalhar. Todos os funcionários receberam uniformes, luvas, máscaras, toucas, botas e o equipamento necessário para manusear os resíduos. Na próxima sexta-feira, quando o sistema de esteiras estiver instalado, o lixo começará a ser separado. A ECO+ está operando no aterro por meio de contrato emergencial firmado com a Prefeitura, que vai durar até o próximo mês de junho. FOTOS LUIS BACEDONI Iniciaram com atraso ontem as atividades da nova empresa responsável pela destinação do lixo urbano em Cachoeira do Sul. As primeiras toneladas de resíduos só começaram a ser processadas pela ECO+ no meio da tarde, depois que a concessionária de energia ampliou a capacidade da rede elétrica que abastece a área do aterro sanitário de Ferreira. De acordo com o diretor da empresa, Adalberto Ziani, os 360 volts disponíveis no poste não foram suficientes para acionar as duas prensas enfardadeiras instaladas no local, que só operam a 380 volts. As máquinas chegaram a ser ligadas no final da manhã, para serem utilizadas no treinamento dos trabalhadores contratados, mas por falta de energia só operavam no máximo por 30 segundos. Por volta das 14h30min, a ECO+ pediu ajuda ao eletricista da indústria Granol, Édson Marcelo da Silva Pohlmann, que foi até o local para tentar colocar o equipamento em funcionamento. O problema só foi solucionado definitivamente depois que a AES Sul ampliou a capacidade do gerador de energia da área do lixão. Já era quase fim da tarde quando as primeiras toneladas de lixo começaram a ser levadas às prensas, sob lonões improvisados, já que a obra do pavilhão principal atrasou devido aos feriados de final de ano e às chuvas, explicou Ziani. O equipamento desidrata os resíduos, que são enfardados para após serem aterrados. O chorume que é re- tirado do lixo corre por canaletas até um sistema de reservatórios, onde será tratado. A água resultante do processo poderia muito bem ser jogada no meio ambiente, mas o diretor da ECO+ garantiu que toda ela será utilizada nos banheiros que serão instalados no local. Equipe da Eco+: primeiras toneladas de lixo serão processadas hoje à tarde Pastoriza pr omete entrar na Justiça promete O advogado do ex-controlador do lixo de Ferreira, Jorge Pastoriza, pretende ingressar ainda hoje na Justiça com uma medida cautelar pedindo a suspensão do contrato emergencial da ECO+. De acordo com Bahij Saleh, a contratação da empresa é irregular porque não se trata de uma situação emergencial. Além disso, o advogado alegou que o prefeito Marlon Santos tomou decisão unilateral, sem ouvir Pastoriza, que há mais de 20 anos vem atuando no lixão. O advogado alertou também que a ECO+ está investindo em construções no local e que o poder público, mesmo em situação financeira difícil, pagará mensalmente R$ 53.820,00 para a empresa de Santa Maria destinar os resíduos. Saleh aproveitou ainda para criticar o prefeito, afirmando que ele é “criminoso, radical e ditador”. Para o advogado, Marlon inventou o contrato emergencial do lixo para driblar a lei, já que o correto seria abrir licitação para o serviço. Saleh prometeu interpelar judicialmente o prefeito para que ele explique as declarações que deu ao Jornal do Povo Povo, afirmando que Pastoriza controlava uma “verdadeira máfia” no lixão. PARA ENTENDER MELHOR O novo sistema RECEBIMENTO Depois de ultrapassarem as cancelas do aterro sanitário, explica Adalberto Ziani Ziani, os caminhões coletores lançarão o lixo em um sistema de esteira suspenso a dois metros do chão, onde 12 pessoas vão separar os resíduos. Diariamente, a ECO+ receberá 42 toneladas de lixo. A previsão é que 30% dos resíduos possam ser reaproveitados, o que resultará em 12 toneladas de sólidos por semana e uma estimativa de duas por dia. PRENSA O lixo orgânico (70% do total) será encaminhado por meio de esteiras às prensas, que serão movimentadas por quatro trabalhadores, onde será desidratado e em seguida enfardado. Inicialmente, a ECO+ terá a capacidade de prensar 6 toneladas de resíduos por hora, o que vai resultar 700 litros de chorume por dia. Quando o sistema estiver plenamente implantado, a capacidade de processamento subirá para 10 toneladas diárias. Estima-se que semanalmente um caminhão trucado com material reciclável deixe a cidade. CHORUME O líquido que sairá do lixo escorrerá por canaletas até um sistema de reservatórios, onde será tratado. A água ficará em condições de ser devolvida ao meio ambiente, mas a ECO+ a utilizará para abastecer o contêiner com 10 sanitários, que deve chegar ainda hoje de Porto Alegre. Só os banheiros necessitarão de cerca de 2 mil litros de água por dia. ATERRAMENTO O lixo orgânico já seco será enfardado e aterrado. Com o novo sistema o lixão de Ferreira, que tinha no máximo apenas mais um ano de vida útil, passa a ter mais quatro, segundo prognóstico da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Na área do atual aterro ainda é possível colocar lixo até uma altura de 2,80 metros. No entorno do atual depósito, que tem dois hectares de área, a ECO+ estima que dê para aterrar lixo a uma altura de 10 metros. Os dejetos receberão uma geomembrana, que impedirá que a água da chuva reidrate o lixo e gere chorume. PASSIVO A ECO+ afirmou que fez proposta à Prefeitura para resolver o problema do passivo ambiental, ou seja, dos estragos que a destinação incorreta do lixo acarretou até hoje ao meio ambiente. A limpeza custaria cerca de R$ 300 mil ao poder público, mas a Justiça exige que isso seja feito por meio de licitação. DEFICIÊNCIAS 1. Falta água na área do Aterro de Ferreira. A empresa ECO+ vai propor parceria à Corsan para estender a rede de abastecimento até o aterro sanitário. A empresa cederá a mão-deobra e a Corsan o material necessário para levar a água da Estrada de Ferreira até a central de resíduos, numa distância de quase 1 quilômetro. Além de atender aos 24 funcionários contratados, a ECO+ precisa de água para manter a higienização do local. 2. O Departamento de Vigilância Ambiental (DVA) e o Grupamento Ambiental da Brigada Militar precisam agir para evitar as sucessivas queimadas de casca de arroz que ocorrem nos arredores do aterro sanitário. A direção da empresa ECO+ revelou que desde que chegou ao local o material está pegando fogo, num imóvel vizinho ao depósito. A qualidade do ar fica ainda mais comprometida com as queimadas irregulares. 3. O acesso de pessoas ao aterro será vedado. A ECO+ planeja criar um sistema de visitação, especialmente às escolas, depois que a central de resíduos estiver plenamente implantada. A idéia é estimular nos estudantes a consciência da reciclagem. 4. Seletiva O processo de separação do lixo na central seria bem mais ágil caso a Prefeitura concordasse em implantar a coleta seletiva na cidade. A atual empresa de coleta diz que tem condições de colocar o sistema em funcionamento em menos de 24 horas. Isso aumentaria em 15% o custo do serviço à Prefeitura. TELEFONIA O sinal de telefonia móvel em Ferreira é um problema. Para ECO+ falar da área do lixão só com reza. Para que internet opere no local, a empresa terá que implantar um sistema de desk modem. ÔNIBUS Para suprir a falta de transporte, a ECO+ colocará a partir de hoje um ônibus circulando pela cidade, especialmente para conduzir seus trabalhadores à futura central de resíduos. MUL TIMÍDIA MULTIMÍDIA Acesse o site do JP e veja um vídeo da entrevista com o diretor da Eco +, Adalberto Ziani