centro de mídia independente Bairro 1º de Maio Mais uma história de luta Coletivo Pró-CMI/Caxias - n° 01 - [email protected] - www.midiaindependente.org O bairro 1º de Maio completou no dia do trabalhador, 26 anos de luta e resistência. Pela terceira vez, a festa foi comemorada com balões e com um bolo de 150kg, com ingredientes doados pelos moradores do próprio bairro, na sede nova da Associação. Segundo Ilves Maria Teixeira, presidente da associação de moradores, a data já foi comemorada debaixo de uma lona, no mesmo local. “O importante é que as pessoas sintam-se valorizadas, compareçam na sede e participem ativamente das questões da comunidade”, diz. O início da luta A ocupação começou em 1977 e cresceu rapidamente, apesar da repressão dos fiscais da prefeitura da época. O terreno pertencia à família Magnabosco, mas havia sido doado à prefeitura para a construção da Universidade de Caxias do Sul. Mas como o prazo de início das obras havia terminado, o terreno estava passando de novo para o nome da família. Tudo foi construído com muita luta, pois no início naquela área, havia apenas mato e banhado. Foram os primeiros moradores que começaram abrindo ruas, puxando água e luz, tudo clandestino, pois a prefeitura não queria legalizar nada. A própria sede do bairro foi construída em cima de um banhado aterrado com entulhos. Com mutirão, foram abrindo valos para o esgoto, erguendo casas, e até mesmo tirando as casas do lugar para abrir ruas. A luta continua Quem mora no 1º de Maio ainda enfrenta muitas dificuldades, principalmente porque a área ainda não está regularizada. Este fato implica que a comunidade só pode participar do Orçamento Participativo (OP) para demandas que são estruturais, como água e calçamento. Outras necessidades, como um posto de saúde, creche e o próprio centro comunitário, não podem ser solicitadas através do OP. Apesar do problema das drogas, a violência diminuiu bastante nos últimos tempos, embora não contem com a ajuda da polícia. Como uma moradora falou, “a polícia só chega depois que estão tirando o morto”. Orema Freitas dos Santos, moradora do bairro há 24 anos, diz que, uma das questões mais urgentes é o término do centro do comunitário. “Assim haverá um espaço onde se possa desenvolver atividades com as crianças, tirando-as da rua enquanto as mães trabalham”, falou. Existem cerca de 1200 famílias no bairro, que continuam se reunindo nos mutirões, nas doações e nos eventos beneficentes para avançar um pouco mais nas obras da sede, que fica melhor cada ano que passa. Para o próximo aniversário, os moradores querem terminar o piso, que ainda é de cascalho. Hoje a comunidade já tem grupos de dança, escola de samba, de futebol, clube de mães que fazem acolchoados para vender. Um texto lido nas comemorações afirmava “somos a prova concreta de que o esforço de cada um faz muito”. A família Magnabosco continua recorrendo na Justiça a reintegração de posse, apesar da comunidade ter transformando um mato num bairro. Os Magnabosco concordam em vender a área para as famílias, mas o valor ainda não foi decidido pela justiça, pois é necessária uma perícia. Os moradores não se negam a pagar por seus terrenos, porém a um preço justo e em parcelas compatíveis com seus salários. Apesar disto, ainda continuam chegando novas famílias, embora a antiga favela Magnabosco já esteja lotada. i Os abusos da liberdade de expressão deveriam ser reprimidos, mas a quem iriamos confirmar o poder para isso? Benjamim Franklin