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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
FACULDADE DE FISIOTERAPIA
LÍLIAN ATALAIA DA SILVA
ANÁLISE DA VELOCIDADE DE MARCHA, QUEDAS E SUA AUTO-EFICÁCIA EM
IDOSOS FRÁGEIS E NÃO FRÁGEIS DE JUIZ DE FORA
Juiz de Fora
2010
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
FACULDADE DE FISIOTERAPIA
LÍLIAN ATALAIA DA SILVA
ANÁLISE DA VELOCIDADE DE MARCHA, QUEDAS E SUA AUTO-EFICÁCIA EM
IDOSOS FRÁGEIS E NÃO FRÁGEIS DE JUIZ DE FORA
Trabalho de conclusão de curso
apresentado à Faculdade de Fisioterapia
da Universidade Federal de Juiz de Fora
como requisito parcial para obtenção de
título de bacharel em Fisioterapia pela
Universidade Federal de Juiz de Fora
Orientadora: Profª. Dra. Cláudia Helena Cerqueira Mármora
Co-orientadora: Profª Ms Kelly Cristina Atalaia da Silva
Juiz de Fora
2010
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Silva, Lílian Atalaia da.
Análise da velocidade de marcha, quedas e sua auto-eficácia
em idosos frágeis e não frágeis de Juiz de Fora / Lílian Atalaia da
Silva. – 2010.
53 f. : il.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)—
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010.
1. Envelhecimento. 2. Idoso - Acidentes. I. Título.
CDU 577.24
4
LÍLIAN ATALAIA DA SILVA
ANÁLISE DA VELOCIDADE DE MARCHA, QUEDAS E SUA AUTO-EFICÁCIA EM
IDOSOS FRÁGEIS E NÃO FRÁGEIS DE JUIZ DE FORA
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Faculdade de Fisioterapia
da Universidade Federal de Juiz de Fora
como requisito parcial para obtenção de
título de bacharel em Fisioterapia.
Aprovado em: 10/12/2010
BANCA EXAMINADORA
Profª. Dra. Cláudia Helena Cerqueira Mármora (Orientadora)
Universidade Federal de Juiz de Fora
Profª Ms Renata Alvarenga Vieira
Universidade Federal de Juiz de Fora
Profª Esp Eliane Baião Guilhermino Alves
Universidade Federal de Juiz de Fora
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“A esperança que não cruza os braços na expectativa estéril é sempre um
sonho que se realiza.”
6
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Mário e Maria Helena, pelo incondicional amor e honradez que
sempre devotaram em suas vidas. O que há de melhor em mim certamente é mérito
de vocês.
À minha irmã, Kelly, pelo carinho, incentivo e por sempre acreditar em mim.
Ao meu noivo, Fábio, por ser meu companheiro, “embarcando” em todas as minhas
ideias, por entender e incentivar minha dedicação e amor à Fisioterapia e por
sempre me fazer sorrir até nos momentos mais improváveis.
Essas quatro pessoas são a forma mais sublime de amor que me conecta com
Deus, ao qual eu agradeço imensamente pelo presente da vida!
Aos meus queridos amigos, por dividirem alegrias, angústias, sempre tornando mais
prazerosa essa jornada.
À minha orientadora, Cláudia, primeiro por me mostrar a beleza da Fisioterapia
Neurológica, segundo por acreditar e investir na capacidade de seus alunos, sempre
nos motivando a ser melhores. Obrigada pelo exemplo de fisioterapeuta que eu
desejo ser: humana e competente. Este trabalho se concretizou porque pessoas
como você acreditaram nele.
À Danielle e Eliane, por apostarem em mim, me dando a oportunidade de participar
de um projeto que mudaria minha vida. Certamente a competência de vocês foi um
grande ensino para mim.
À minha co-orientadora, Kelly, cuja inteligência, paciência e brilhantismo foram
peças fundamentais neste trabalho.
Às professoras integrantes da banca, Eliane e Renata, pelas valiosas contribuições
e sugestões a fim de melhorar cada vez mais o presente estudo.
Por fim, aos 424 idosos da pesquisa, por nos receberem tão generosamente em
seus lares, compartilhando suas histórias alegres e tristes (algumas jamais
esquecerei), nos ensinando o real sentido da humanidade, tópico que nenhum livro
poderia exemplificar melhor. Este trabalho também é de vocês!
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Faixa etária ...............................................................................................27
Tabela 2:Raça ou cor ................................................................................................27
Tabela 3: Estado civil ................................................................................................28
Tabela 4: Escolaridade..............................................................................................28
Tabela 5: Atividade ...................................................................................................28
Tabela 6: Quedas .....................................................................................................29
Tabela 7: Fenótipo de fragilidade .............................................................................29
Tabela 8: Frequência de fragilidade .........................................................................30
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RESUMO
Introdução: O envelhecimento é um processo dinâmico inerente ao ser humano.
Dentre as síndromes geriátricas mais comuns se encontram as quedas e o medo de
cair. Objetivo: Avaliar a associação entre auto-eficácia para quedas, velocidade de
marcha e quedas em idosos frágeis e não frágeis. Métodos: A amostra foi composta
por 424 idosos da comunidade com idade igual ou superior a 65 anos. Aplicou-se o
mini exame do estado mental, a escala de auto-eficácia para quedas, Falls Eficacy
Scale International (FES-I), questionários sobre perda de peso não intencional,
sensação de exaustão, histórico de quedas e de atividade físicas de lazer,
Minnesota Leisure Time Activities Questionnaire. Foram medidas a força de
preensão palmar e a velocidade percorrida. A partir dos dados supracitados, a
amostra foi dividida em idosos frágeis e não frágeis. Resultados: Houve diferença
estatisticamente significativa entre as médias dos dois grupos nos itens velocidade
de marcha (t=-9,28; p<0,0001); FES-I (t=6,93; p<0,0001) e número de quedas
(t=3,67, p<0,0001). A correlação de Pearson mostrou correlação estatisticamente
significativa entre todas as variáveis: número de quedas e FES-I (r=0,143, p<0,01),
número de quedas e velocidade (r=-0,114, p<0,05) e entre velocidade e FES-I (r=0,335, p<0,01). Ao se estratificar em não frágeis, houve correlação estatisticamente
significativa entre número de quedas e FES-I (r=0,122, p<0,05); entre FES-I e
velocidade de marcha (r=-0,276, p<0,0001). O modelo de regressão logística incluiu
quedas, FES-I e velocidade, em que todas as variáveis foram estatisticamente
significativas (β= 2,259, p<0,0001). O R de Nagelkerke foi de 0,478, indicando que o
modelo explica 48% da fragilidade. Conclusão: Conclui-se que a associação entre as
variáveis FES-I, quedas e velocidade de marcha parecem ser de grande relevância
no estudo da síndrome de fragilidade em idosos. Futuros estudos devem avaliar a
correlação dessas variáveis em uma amostra maior de indivíduos frágeis, assim
como também pesquisar em indivíduos
institucionalizados,
comparando
o
desempenho deste grupo com os idosos da comunidade e traçar estratégias de
intervenção.
Palavras-chave: Idoso fragilizado.Acidente por quedas.Envelhecimento.Marcha.
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ABSTRACT
Introduction: The aging is a dynamic process inherent to human being. Among the
most common geriatrics syndromes are falls and fear of falling. Objective: Evaluate
the association between self efficacy and falls, gait speed and falls in frailty elderly
population and not frailty. Methodos: The sample was made by 424 elderly from
community witch were 65 years old or more. The mini mental exam state, the self
efficacy from falls, Falls Eficacy Scale International, were used, as also the
questionnaire about non intentional loss of weight, self-report exhaustion, history of
falls and physical activities, Minnesota Leisure Time Activities Questionnaire. The
grip strength and gait speed were calculated. The sample was separated between
frailty elderly and not frailty. Results: There were significant statistical differences
among the mean of two groups: gait speed (t=-9,28; p<0,0001); FES-I (t=6,93;
p<0,0001) and number of falls (t=3,67, p<0,0001). The Pearson´s correlation showed
significant statistical correlation between all the variables: number of falls and FES-I
(r=0,143, p<0,01), number of falls and gait speed (r=-0,114, p<0,05) and between
gait speed and FES-I (r=-0,335, p<0,01). There were significant statistical
correlations between number of falls and FES-I (r=0,122, p<0,05); between FES-I
and gait speed (r=-0,276, p<0,0001) when the not frails were stratified. The logistic
regression model included falls, FES-I and gait, which all the variables had statistic
significance (β= 2,259, p<0,0001). The Nagelkerk´s R was 0,478, indicating that the
model can explain 48% about frailty. Conclusion: The association between the
variables FES-I, falls and gait speed seems to have a great relevancy on study of
elder´s frailty syndrome. Futures works must evaluate the correlation among those
variables on a bigger sample of frail elders, and investigate that on institutionalized
elders as well, comparing this result with the elders from community and create
intervention´s strategies.
Key words: Frail elderly.Accidental falls. Aging. Gait.
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SUMÁRIO
1. O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO SOB A ÓTICA BIOLÓGICA ................12
1.1 PERDAS NEURONAIS E FUNÇÕES SENSORIAIS ...................................................12
1.2 SISTEMAS CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIO .................................................12
1.3 TECIDO CONJUNTIVO E SISTEMA MUSCULAR ......................................................13
1.4 ALTERAÇÕES POSTURAIS .......................................................................................14
2. O ENVELHECIMENTO SÓCIODEMOGRÁFICO .................................................15
3. QUEDAS ...............................................................................................................16
4. O MEDO DE CAIR E AUTO-EFICÁCIA PARA QUEDAS.....................................17
5. ALTERAÇÕES NA MARCHA DO IDOSO E VELOCIDADE DE MARCHA ........18
6. O CONCEITO DE FRAGILIDADE PROPOSTO POR LINDA FRIED...................19
7 OBJETIVO..............................................................................................................21
7.1 OBJETIVO GERAL..............................................................................................21
7.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................21
8. MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................22
8.1 REDE FIBRA ....................................................................................................22
8.2 AMOSTRA ........................................................................................................23
8.3 PARTICIPANTES .............................................................................................23
8.4 INSTRUMENTOS .............................................................................................24
9. RESULTADOS.......................................................................................................27
10.DISCUSSÃO.........................................................................................................32
11.CONCLUSÃO.......................................................................................................35
REFERÊNCIAS..........................................................................................................36
APÊNDICES...........................................................................................................................41
APÊNDICE A Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa ......................................................41
APÊNDICE B Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)....................................42
ANEXOS.................................................................................................................................44
ANEXO A Características Sócio demográficas .....................................................................44
ANEXO B Estado mental …………………………………………….........................................45
ANEXO C Auto-eficácia para quedas .............………………………………………………….46
ANEXO D Quedas .................................................................................................................47
ANEXO E Alterações no peso ...............................................................................................48
ANEXO F Avaliação da força muscular .................................................................................49
ANEXO G Fadiga ..................................................................................................................50
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ANEXO H Medidas de atividades físicas e antropométricas .................................................51
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1. O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO SOB A ÓTICA BIOLÓGICA
O envelhecimento biológico está intimamente ligado à diminuição de
reservas funcionais. Tal efeito pode ser notado em todos os aparelhos e sistemas:
muscular, ósseo, nervoso, pulmonar, endócrino, circulatório e imunológico.
(VANDERVOOT, 1998). Porém, a magnitude do acometimento e a velocidade desse
declínio variam tanto entre os diversos sistemas quanto para cada indivíduo.
1.1 PERDAS NEURONAIS E FUNÇÕES SENSORIAIS
As células do sistema nervoso do idoso apresentam redução das
conexões dendríticas e sinápticas, assim como acúmulo de lipofuscina e de
neurofibrilas (DAMASCENO, 1999). Os nervos apresentam uma diminuição (cerca
de 10%) da velocidade máxima de condução nervosa, o estímulo nervoso se torna
então mais lento, refletindo em uma resposta de reação mais vagarosa, o que pode
interferir na qualidade do movimento voluntário (UMPHRED, 2009). Outra alteração
importante que também interfere substancialmente na movimentação é a diminuição
da acuidade visual, comumente expressa pelo uso de lentes corretivas
precocemente
no
indivíduo
de
meia
idade
(BORGES,
2010).
Porém,
concomitantemente à diminuição da acuidade visual ocorrem também a diminuição
da discriminação espacial, a limitação de olhar para cima e a redução da capacidade
de seguir objetos com o olhar. Outro sinal relevante é a diminuição da audição.
Todos esses fatores podem contribuir para uma instabilidade postural e durante a
marcha, prejudicando a qualidade de suas atividades cotidianas (UMPHRED, 2009).
1.2 SISTEMAS CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIO
Com o avanço da idade há uma diminuição da capacidade de reserva
funcional e do metabolismo do sistema cardiovascular. As paredes arteriais se
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tornam mais rígidas havendo um aumento na resistência do leito vascular periférico
ao fluxo do sangue. Tal fato é comumente refletido na elevação da pressão arterial.
Estima-se que a prevalência de hipertensão seja de 50 a 70% na população idosa
(ZAITUNE
et
al.,
2006).
A
hipertensão
arterial
encontra-se
associada
frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração,
encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente
aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais (WILLIAMS, 2010).
Assim como no sistema cardiovascular ocorrem alterações no sistema
respiratório tais modificações se apresentam na parede torácica, tecido e
vasculatura pulmonar e músculos respiratórios. Há um aumento da rigidez uma vez
que as cartilagens esternais se calcificam contrapondo-se com a descalcificação das
costelas e vértebras, e consequentemente o gradil costal perde sua mobilidade
(PETERS, 2010).
Da mesma maneira que ocorre um enrijecimento da parede dos vasos
sanguíneos, ocorre também no tecido elástico dos pulmões e nas paredes torácicas;
há um estreitamento dos bronquíolos e uma redução da superfície alveolar. O ventre
muscular sofre redução assim como o número de fibras musculares, o que leva ao
aumento na solicitação de músculos acessórios (PETERS, 2010). Tais fatos
somados com a modificação para uma forma mais plana do diafragma conduzem a
uma diminuição na capacidade para expulsar o ar dos pulmões, ou seja, tanto a
capacidade vital quanto o volume expiratório apresentam redução linear com a
idade.
1.3 TECIDO CONJUNTIVO E SISTEMA MUSCULAR
O tecido conjuntivo desempenha um importante papel ao manter a
integridade estrutural dos elementos contráteis no interior dos músculos, ao mesmo
tempo que transmite aos ossos a tensão produzida pela musculatura e tendões
(HALL e BRODY, 2007). Entretanto, essa integridade pode ser comprometida com o
passar dos anos, seja por longos períodos de imobilização ou de falta de uso, devido
ao fato de a cartilagem perder a espessura e passar a ser menos lubrificada,
caracterizando uma maior rigidez articular, o que por sua vez, prejudica os
14
movimentos e conseqüentemente o desempenho do idoso nas atividades de vida
diária.
Além do quadro de rigidez mencionado acima, outro fator que interfere na
movimentação do idoso é a redução da força muscular. Os músculos da coxa
apresentam diminuição significativa (25% a 35%) do seu tamanho em comparação
aos indivíduos jovens. Já os músculos dos membros superiores se atrofiam em grau
menor. Uma possível explicação para isto é o fato de a vida sedentária acarretar
maior perda de força nos membros inferiores, em comparação com os superiores
(VANDERVOOT, 1998).
Essa redução da força muscular encontrada no indivíduo idoso pode ser
devida à diminuição da massa muscular (atrofia), assim como à redução da
excitação das fibras nervosas motoras no músculo. É conhecido que nos idosos os
músculos se contraem e relaxam mais lentamente do que no indivíduo jovem, devido
à uma diminuição no número de fibras musculares de contração rápida (tipo II)
(ZHONG, 2007).
A soma desses déficits aumenta o risco de uma resposta incorreta ou não
satisfatória, resultando em perda de coordenação, sobretudo em atividades
funcionais complexas como subir e descer escadas, ou ainda, deslocar-se
rapidamente para evitar uma colisão ou queda (RODRIGUES, 2009).
1.4 ALTERAÇÕES POSTURAIS
Entende-se por postura estática a disposição entre segmentos que
compõem o corpo. A manutenção dessa disposição com o mínimo de esforço e com
um mínimo de tensão no nível das articulações forma o alinhamento postural ideal
(VANDEVOOT, 1998).
A modificação da postura ereta é uma das mudanças que ocorrem no
sistema osteomuscular em decorrência da idade. Tais alterações incluem o aumento
da curvatura cifótica da coluna torácica, a diminuição da lordose lombar, o aumento
do ângulo de flexão de joelho, o deslocamento da articulação coxofemoral para trás
e a inclinação do tronco para diante, posição essa que desloca o centro de
gravidade para frente (ABREU, 2008).
15
A causa mais freqüente da hipercifose que se instala em idosos é a
osteoporose da coluna que pode levar à fratura de corpos vertebrais. Geralmente
envolvem as seis últimas vértebras torácicas e todas as vértebras lombares (HALL e
BRODY, 2007). Esse quadro de osteoporose e o possível risco de fratura deixa o
indivíduo idoso mais vulnerável às quedas (RODRIGUES, 2009).
2. O ENVELHECIMENTO SÓCIODEMOGRÁFICO
O cenário demográfico mundial vem sendo caracterizado não só pelo
aumento da expectativa de vida, mas também pela queda do crescimento vegetativo
(CAMARGOS, 2007). Nesse contexto o Brasil está se tornando um país com um
número de idosos cada vez maior. Em 2050 será um país considerado “velho”,
quando a população terá 63 milhões de idosos. Se em 1980 a relação era de 10
idosos para cada 100 jovens, em 2050 serão 172 idosos para cada 100 jovens. Isso
porque a esperança de vida ao nascer era de 43,3 anos, na década de 1950,
modificando-se para 72,5 anos em 2007 (IBGE, 2010).
Com o aumento da expectativa de vida surge uma maior preocupação
com as doenças e acometimentos característicos dessa faixa etária, tais como as
doenças degenerativas, as quedas, fraturas, imobilização, perda de convívio social e
óbito. Neste sentido, a qualidade de vida nos gerontes adquire um papel cada vez
mais relevante na sociedade contemporânea, exigindo que o governo brasileiro se
prepare para enfrentar as mudanças advindas com o envelhecimento populacional e
esteja apto a promover medidas que favoreçam o envelhecimento ativo (entendido
como o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e
segurança), tendo como primordial objetivo melhorar a qualidade de vida à medida
que as pessoas envelhecem, impedindo e/ou tentando minimizar as síndromes
geriátricas mais comuns tais como instabilidade e quedas.
16
3. QUEDAS
A queda é um evento acidental cujo resultado é a mudança de posição do
indivíduo para um nível mais baixo, em relação a sua posição inicial, com
incapacidade de correção em tempo hábil (CAMARGOS, 2007). Tal evento não é
considerado queda quando a pessoa somente cai de costas em um assento por
exemplo.
A etiologia da queda é multifatorial, pode estar associada a fatores
intrínsecos como alterações fisiológicas inerentes do envelhecimento, doenças,
efeitos de medicamentos e a fatores extrínsecos exemplificados pelas circunstâncias
sociais e ambientais que oferecem desafio ao geronte (RAMOS, 2003). As quedas
recorrentes estão mais relacionadas aos fatores intrínsecos, em contrapartida, as
quedas esporádicas refletem maior associação com fatores ambientais e diminuição
da atenção (MORRIS et al., 2004).
A queda em idosos pode gerar sérios prejuízos à qualidade de vida dessa
população,
tais como imobilidade, dependência
dos familiares, perda de
funcionalidade, depressão, internação e complicações advindas de cirurgia
(RIBEIRO et al., 2008) Aproximadamente 30% das pessoas com 65 anos ou mais
caem a cada ano, e esta taxa tende a aumentar com o passar dos anos
(PERRACINI, 2002). Cerca de 13% são “caidores” (fallers) recorrentes, o que
favorece a institucionalização de idosos que previamente eram independentes
(RODRIGUES, 2009). Nos casos mais graves a queda pode levar a morte. Segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) somente em 2005
foram 1.304 óbitos por fratura de fêmur no Brasil e em 2009 esse número subiu para
1.478.
Aproximadamente 10% das quedas resultam em fraturas, lesões de
tecidos moles ou articulares. A cada ano o Sistema Único de Saúde (SUS) tem
gastos crescentes com tratamentos de fraturas em pessoas idosas. Em 2009, foram
gastos R$ 57,61 milhões com internações. Porém, as consequências físicas nem
sempre são os fatores mais devastadores para o idoso.
O trauma psicológico é bastante comum em episódios de quedas e é
geralmente expresso pelo medo de cair, independente do trauma físico e/ou
limitação funcional (TINETTI, 1994). Esse medo pode levar a comportamentos
17
cautelosos que ajudam a prevenir a queda, porém podem também reduzir a
confiança do idoso e comprometer suas atividades de vida diária, favorecendo o
declínio funcional e consequentemente elevar o risco de quedas futuras (LACHMAM,
1998).
4. O MEDO DE CAIR E AUTO-EFICÁCIA PARA QUEDAS
O medo de cair é definido como baixa auto-eficácia ou confiança em
evitar quedas ou ainda uma preocupação que estas limitem a performance das
atividades cotidianas (TINETTI et al., 1994). Entre os idosos o medo de cair é a
principal classificação de medo encontrada (DELBAERE, 2004), sendo mais
prevalente nas mulheres do que em homens (YARDLEY, 2005). Tal fato é
possivelmente explicado pelo estigma masculino em revelar ou relatar seu próprio
medo (VELLAS, 1997).
Estudos tem sugerido que o medo de cair está associado com quedas
prévias (HOWLAND, 1998) e com déficits de equilíbrio, anormalidades da marcha,
humor deprimido, polifarmácia, comorbidades, fragilidade e pobre auto-avaliação do
nível de saúde. No entanto estudos recentes relataram que idosos sem histórico de
quedas prévias também apresentaram medo de cair (FRIEDMAN et al., 2002). O
medo de cair pode ser conseqüência, como também causa das quedas, e
provavelmente irá se caracterizar como integrante de um ciclo vicioso (CAMARGOS,
2007).
A auto-eficácia define-se como auto-confiança ao lidar em determinadas
situações ou até mesmo as habilidades percebidas pelo indivíduo (CAMARGOS,
2007). A auto-eficácia relacionada às quedas representa o nível de confiança que o
idoso possui ao realizar suas atividades rotineiras sem cair (TINETTI, 1990).
Tinetti et al. (1994) e Myers et al. (1998) em seus respectivos estudos,
afirmam que a eficácia para quedas possivelmente avalia melhor o desempenho
funcional do que o medo de cair, uma vez que a primeira teve forte correlação com a
função física e o desempenho nas atividades de vida diária, diferentemente do
medo. Esses autores concluíram que o medo é um pobre preditor de comportamento
atual. Tal fato pode ser explicado pela diferença das escalas aplicadas, uma vez que
18
o medo de cair usualmente é expresso apenas de forma dicotômica (sim/ não),
diferentemente da eficácia que possui natureza tarefa-específica (CAMARGOS,
2007).
5. ALTERAÇÕES NA MARCHA DO IDOSO E VELOCIDADE DE
MARCHA
A marcha é um pré-requisito para a manutenção da independência nas
atividades básicas de vida diária. (FERRUCCI et al. 1996), estando o processo de
envelhecimento associado as suas modificações, bem como as alterações do
equilíbrio (ABREU, 2008). É compreendida como uma complexa habilidade motora,
composta por uma sequência de movimentos cíclicos dos membros inferiores que
geram o deslocamento corporal (PERRY, 2005).
O equilíbrio corporal é compreendido como a habilidade em manter o
centro de gravidade do corpo projetado sobre os limites da base de sustentação nas
posições estáticas e dinâmicas (CHANDLER, 2002). Encontra-se intimamente
relacionado à marcha, uma vez que os neurônios aferentes do processamento do
equilíbrio e sobre o posicionamento do corpo enviam para o sistema nervoso central
informações e este por sua vez seleciona respostas e as envia para o sistema
efetor, composto pelo sistema musculoesquelético (CHANDLER, 2002).
A ineficiência na recepção dos elementos sensoriais já descritos, contribui
para a instabilidade e alteração na qualidade da marcha, além de aumentar o risco
para quedas (RODRIGUES, 2009).
Outro grande fator que interfere no desempenho da marcha é a
velocidade. De acordo com Friedman e cols (1998), ela é o parâmetro isolado que
melhor representa o desempenho da marcha.
Geralmente a velocidade de marcha é determinada pela média de vários
passos, calculada através da divisão da amplitude média dos passos pela duração
média dos mesmos, sendo o número de passos dados por minuto (incluindo o pé
direito e esquerdo) denominado de cadência. Portanto, a diminuição da amplitude
dos passos ou da cadência resulta em uma velocidade diminuída (VANDERVOOOT,
1998).
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A velocidade tende a diminuir com o passar dos anos, cerca de 1 a 2%
por década até os 60 anos de idade, depois passa para aproximadamente 7% por
década (VANDERVOOT, 1998). Cabe ressaltar que esta redução está relacionada
mais à diminuição da amplitude dos passos do que da cadência dos mesmos. Tal
fato justifica-se pelos idosos utilizarem passos mais curtos do que indivíduos jovens.
Dentre as alterações cinemáticas da marcha mais comuns no
envelhecimento pode-se destacar o momento de força dos flexores plantares ser
menor em idosos, o que resulta em menor produção de força na fase de
descolamento. Outra alteração é a diminuição de absorção de força pelos músculos
flexores do joelho durante a fase de locomoção, imediatamente antes do contato
inicial, o que pode resultar em desaceleração da perna e em maior velocidade de
contato do calcanhar ao solo. No individuo idoso 86% das variações de velocidade
podem ser explicadas pela perda da potência muscular de membros inferiores
(Bassey et al., 1988).
A velocidade de marcha varia em torno de 0,81 a 1,88 metros por
segundo (RODRIGUES, 2009), e quando é inferior a 0,42 metros por segundo pode
ser preditora de declínio funcional e também de incapacidade grave durante a
marcha (SPIRDUSO, 2005).
Há estudos que apontam o tempo como indicador
indireto de velocidade, a saber: baixa velocidade 5,69s ou mais; média velocidade
3,92 a 5,69s; alta velocidade 3,92s ou menos, para os homens, já para as mulheres
os valores são: baixa velocidade 6,58s ou mais; média velocidade 4,33s a 6,58s; alta
velocidade 4,33s ou menos (RODRIGUES, 2009). Portanto, a identificação precoce
desse déficit pode ser útil para que intervenções sejam iniciadas a fim de se evitar
seu agravo, bem como suas possíveis consequências como a instabilidade postural
e as quedas.
6. O CONCEITO DE FRAGILIDADE PROPOSTO POR LINDA FRIED
Nas últimas duas décadas a comunidade científica composta por
gerontólogos e geriatras utilizam o termo fragilidade para caracterizar idosos mais
debilitados e vulneráveis, embora não haja ainda um consenso geral sobre o termo.
20
Na década de 1980 os primeiros estudos sobre fragilidade baseavam-se
no conceito de funcionalidade, o indivíduo frágil era aquele que possuía perda da
autonomia e habilidades para o desempenho nas atividades de vida diária
(MORLEY, 2002). Entretanto essa denominação não contemplava um quadro clínico
mais amplo.
Nesse sentido, alguns anos depois, já na década de 1990, estudiosos
passaram a sugerir que a fragilidade pertencia a um quadro sindrômico, multifatorial,
em que o indivíduo frágil possui uma diminuição da capacidade de se adaptar a
fatores estressores, tornando-o mais vulnerável (ROCKWOOD, 1994). Tal
progressão levaria ao declínio das funções fisiológicas e até óbito (FRIED, 2003).
Portanto o estado de “ser frágil” foi sendo substituído por “tornar-se frágil”.
O conceito de fragilidade mais aceito na atualidade é o proposto por Linda
Fried, que definiu como uma síndrome clínica, multifatorial, caracterizada pela
redução das reservas de energia e pela resistência diminuída aos estressores,
resultando em declínio acumulativo dos sistemas fisiológicos (FRIED, 2001). A
autora define fragilidade embasada por um tripé composto por sarcopenia,
desregulação neuroendócrina e disfunção imunológica (FRIED, 2003).
No intuito de melhor caracterizar tal síndrome, Fried e colaboradores
desenvolvem o fenótipo de fragilidade composto por cinco componentes: 1) perda de
peso não intencional; 2) exaustão avaliada por auto relato de fadiga; 3) diminuição
da força de preensão na mão dominante; 4) baixo nível de atividade física e 5)
lentidão da velocidade de marcha. Indivíduos com três ou mais características
seriam classificados como frágeis e os com uma ou duas seriam pré frágeis.
O presente estudo adotou o modelo de fragilidade desenvolvido por Linda
Fried e colaboradores.
Neste contexto, a fragilidade é considerada altamente prevalente no
processo de envelhecimento (ROCKWOOD, 2004), incluindo declínio associado à
idade, perda de massa corporal, endurance, equilíbrio, performance na marcha e
baixa atividade, compondo o ciclo da fragilidade (FRIED, 2003).
A mesma autora junto a seus colaboradores em 2001 realizaram um
estudo com 5.201 idosos com o objetivo de identificar os possíveis indivíduos frágeis
de acordo com o fenótipo desenvolvido por eles. Verificaram que a prevalência de
fragilidade aumenta a cada 5 anos nos grupos divididos por faixa etária, é mais alta
nas mulheres e os intermediários tinham duas vezes mais chance de se tornar frágil
21
em três anos. Constataram também que o idoso frágil está mais susceptível a
quedas, ao declínio funcional, hospitalização recorrente e a morte em três anos.
No Brasil há uma carência de estudos que investiguem o processo de
fragilidade no envelhecimento, bem como cada elemento do fenótipo interfere no
desempenho das atividades de vida diária e na qualidade de vida do indivíduo idoso.
Diante disso, surge a necessidade de se estudar tais características a fim
de não só retratar o idoso frágil, mas também e principalmente de rastrear idosos
que
podem
se
tornar
frágeis,
promovendo
medidas
de
intervenção
e
acompanhamento desses indivíduos.
7. OBJETIVOS
7.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a associação entre auto-eficácia para quedas, velocidade de
marcha e o evento quedas em uma mostra de idosos considerados frágeis e não
frágeis de acordo com o fenótipo de fragilidade.
7.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Analisar a correlação entre os escores da Falls Eficacy Scale
International
(FES-I) e a velocidade de marcha
2. Verificar se a ocorrência de quedas está relacionada à alteração na
velocidade de marcha
3. Avaliar a correlação entre quedas anteriores e a escala FES-I
4. Comparar os escores da FES-I entre homens e mulheres e verificar
se há diferenças de gênero quanto à auto-eficácia
5. Avaliar quais variáveis estudadas melhor predizem o desfecho
fragilidade
22
8. MATERIAIS E MÉTODO
Trata-se de um estudo do tipo transversal, no qual foi utilizado o banco de
dados pertencente ao projeto da Rede FIBRA.
8.1 REDE FIBRA
A Rede de Pesquisa sobre Fragilidade em Idosos Brasileiros – Rede
FIBRA possui o objetivo de analisar a prevalência, as características e os fatores
associados de natureza biológica e ambiental, atuais e de curso de vida, em relação
à fragilidade entre idosos brasileiros. É composta por quatro grupos de pesquisa,
respectivamente liderados pelos pesquisadores Eduardo Ferrioli (USP-Ribeirão
Preto), Anita Liberalesso Neri (UNICAMP), Rosângela Correa Dias (UFMG) e
Roberto Alves Lourenço (UERJ). Os idosos selecionados são residentes de: Belém,
PA; Fortaleza, CE; Santa Cruz, RN; Recife, PE, João Pessoa, PB; Aracaju, SE; Rio
de Janeiro, RJ; Juiz de Fora, MG; Belo Horizonte, MG; São Paulo, SP; Amparo, SP;
Ribeirão Preto, SP; São José do Rio Preto, SP; Concórdia, SC; Ivoti, RS e Cuiabá,
MT.
O projeto FIBRA-Brasil pólo UERJ obteve financiamento do CNPq
(processo nº 555087/2006-9) e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do
Hospital Universitário da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CEP/HUPE
1850-2007).
A cidade de Juiz de Fora pertence ao pólo UERJ e foi escolhida por
apresentar um elevado percentual de idosos, 16% da população, cerca de 71 mil
habitantes acima de 65 anos, segundo dados da prefeitura de Juiz de Fora de 2009.
O projeto local, do qual se origina este estudo, foi aprovado pelo Comitê de Ética e
Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora em 19/02/2009, parecer CAAE:
0182.1.180.000-08 (ANEXO A).
23
8.2 AMOSTRA
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o
município de Juiz de Fora está dividido em 16 unidades territoriais. No intuito de
ser uma amostra representativa da população de idosos do município, foram
selecionadas aleatoriamente 5 unidades territoriais, sendo que em cada bairro,
contido na unidade territorial, deveria possuir 10% de idosos entrevistados.
Quadro 1. Distribuição de idosos por Unidade Territorial
Unidade 1
Unidade 4
Santa Terezinha
TOTAL
TOTAL
Santa Helena
Bom Pastor
São Mateus
33
Morro da Glória
Fábrica
idosos
Botanágua
196
Mariano Procópio
idosos
Santa Catarina
Costa Carvalho
Centenário
Unidade 11
TOTAL
Retiro
8.3 PARTICIPANTES
Unidade 10
Grama
Cesário Alvim
São Benedito
São Bernardo
Santa Rita
Bandeirantes
Unidade 13
TOTAL
38
idosos Santa Luzia
42
idosos
TOTAL
121
idosos
24
Fizeram parte deste estudo 436 idosos. Os critérios de inclusão foram ter
idade igual ou superior a 65 anos, residir nos bairros pré definidos pelo IBGE na
cidade de Juiz de Fora, obtenção do escore igual ou superior a 13 pontos no mini
exame do estado mental (MEEM) e deambular utilizando ou não dispositivos de
auxílio à marcha. Já os critérios de exclusão foram idosos temporariamente
acamados, presença de doença terminal, seqüelas graves de acidente vascular
encefálico, doença de Parkinson, doença de Alzheimer e outros déficits neurológicos
de mobilidade e/ou vestibulares e também déficits cognitivos. Cabe ressaltar que 12
indivíduos foram excluídos do estudo por terem tido desempenho inferior a 13
pontos no MEEM, portanto 424 sujeitos foram membros da pesquisa em sua
totalidade.
A coleta de dados foi feita na residência dos idosos por acadêmicos dos
cursos de Fisioterapia, Medicina e Psicologia da Universidade Federal de Juiz de
Fora, dentre os quais se inclui a autora do presente trabalho. Os recrutadores e
entrevistadores de campo foram previamente treinados pela equipe do pólo UERJ.
8.4 INSTRUMENTOS 1
Através de um questionário estruturado foi realizada a caracterização da
amostra, como idade, cor da pele (auto declarada), estado civil, escolaridade e nível
socioeconômico (ANEXO B).
O mini exame do estado mental (MEEM) foi aplicado, uma vez que avalia a
orientação tempo-espaço, memória, cálculo e linguagem. O escore varia de 0 a 30
pontos, com ordem crescente em relação ao desempenho. O ponto de corte do
estudo foi de 13 pontos, valor apenas utilizado como critério de inclusão/exclusão e
não para classificar o estado de demência dos indivíduos (ANEXO C).
A Escala de auto-eficácia para quedas, Falls Eficacy Scale International (FESI), avalia a preocupação com a possibilidade de cair ao realizar 16 atividades de vida
diária, com respectivos escores de um a quatro. O escore total varia de 16 (ausência
de preocupação) a 64 (preocupação extrema), (ANEXO D).
1
Todos os instrumentos utilizados na coleta de dados fazem parte do protocolo geral utilizado
pela Rede FIBRA em todos os pólos.
25
Para o cálculo da velocidade foi utilizado uma fita para delimitar o espaço no
solo de 4,6 metros. O tempo que o idoso percorreu foi mensurado por um
cronômetro. Esse procedimento foi realizado por 3 vezes, calculando o tempo médio
percorrido. Dessa maneira calculou-se a velocidade através da fórmula:
Velocidade de marcha = ∆S/ ∆t, sendo ∆S o espaço percorrido e ∆t o tempo gasto.
A medida antropométrica do peso corporal foi feita através de uma balança
digital. Já o questionário sobre o histórico de quedas foi empregado contendo duas
perguntas: “No último ano o senhor sofreu alguma queda? Se sim, quantas?”
(ANEXO E).
Foram empregados o Questionário sobre perda de peso não intencional
(ANEXO F), medida de força de preensão manual com o dinamômetro JAMAR
(ANEXO G), questionário sobre sensação de exaustão (ANEXO H) e o de atividade
físicas de lazer, Minnesota Leisure Time Activities Questionnaire (ANEXO I).
A partir dos dados supracitados, a amostra foi dividida em idosos frágeis e
não frágeis, através do fenótipo de fragilidade desenvolvido por Fried e
colaboradores (2001), composto pelas seguintes características:
1- Perda de peso não intencional (maior ou igual a 5% da massa corporal);
2- Exaustão: auto-relato
3- Diminuição de força: os 20% com menor força, ajustado a gênero e massa
corporal, de acordo com os valores a seguir:
Homens
Mulheres
IMC≤ 24
≤ 29
IMC≤ 23
≤ 17
IMC 24.1 – 26
≤ 30
IMC 23.1 – 26
≤ 17.3
IMC 26.1 – 28
≤ 30
IMC 26.1 – 29
≤ 18
IMC > 28
≤ 32
IMC > 29
≤ 21
4- Lentidão: os 20% mais lentos da amostra, ajustados a gênero e estatura,
de acordo com as referências a seguir:
Homens
Mulheres
Altura ≤ 173 cm
≥ 7 segundos
Altura ≤ 159 cm
≥ 7 segundos
Altura > 173 cm
≥ 6 segundos
IMC > 159 cm
≥ 6 segundos
26
5- Baixo nível de atividade física: os 20% com menor nível, tendo em vista os
seguintes valores:
Homens
Mulheres
Quilocalorias <383
Quilocalorias < 270
Cabe ressaltar que para o indivíduo ser considerado frágil era necessário
possuir pelo menos três critérios propostos por Fried, os idosos que possuíssem 1
ou 2 critérios não eram frágeis, porém podem ser considerados pré-frágeis. A
denominação deste último indica que a chance de se tornarem frágeis era maior em
relação aos que não possuíam nenhum critério.
As análises estatísticas foram feitas no programa estatístico Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS) 15.0. Em um primeiro momento realizou-se
a análise descritiva das variáveis de interesse anteriormente citadas, analisando-se
a média, desvio padrão e mediana. Em seguida foi feito o teste t de student para
amostras independentes com o intuito de comparar as diferenças de média da
velocidade da marcha entre frágeis e não frágeis e também entre homens e
mulheres. Posteriormente realizou-se a correlação de Pearson entre as variáveis
velocidade de marcha, auto-eficácia para quedas e evento de quedas. A última
etapa compreendeu a realização de uma regressão logística para calcular a variável
dependente (VD= sujeitos frágeis x não frágeis), investigando quais variáveis
estudadas (velocidade de marcha, quedas e auto-eficácia para quedas) poderiam
ser melhores preditores do desfecho fragilidade.
27
9. RESULTADOS
Os resultados mostram que a amostra foi composta por 70% mulheres e
30% homens, a idade variou de 65 a 97 anos (74,6±7), 72% se autodeclararam
brancos, 10% negros e 18% mulatos, caboclos ou pardos. Quanto ao estado civil,
48% são casados ou vivem com companheiro (a), 10% são solteiros, 7% são
divorciados ou separados e 36% são viúvos. A média de escolaridade foi de 5,8
anos (DP=7,6). Cerca de 76% são aposentados, 36% são pensionistas e 12%
desempenham algum trabalho de modo informal. A média da renda mensal do idoso
obtida foi de R$1.206,92.
Tabela 1: Faixa etárea
Frequência
Porcentagem
65 anos a 75
250
59%
76 anos a 85
140
33%
86 anos a 97
34
8%
Tabela 2: Raça ou cor
Frequência
Porcentagem
Branca
304
71,7%
Negra
41
9,7%
Mulata, cabocla,
75
17,7%
Indígena
2
0,5%
Amarela, oriental
1
0,2%
Não sabe
1
0,2%
parda
28
Tabela 3: Estado civil
Frequência
Porcentagem
202
47,6%
Solteiro
41
9,7%
Divorciado ou
28
6,6%
153
36,1%
Casado ou vive
com companheira
separado
Viúvo
Tabela 4: Escolaridade
Frequência
Porcentagem
Não estudou
37
8,7%
1 a 5 anos
252
59,5%
6 a 10 anos
57
13,4%
11 a 15 anos
66
15,6%
16 a 20 anos
12
2,8%
Tabela 5: Atividade
Frequência
Porcentagem
Aposentado
324
76,4%
Pensionista
154
36%
Trabalho informal
52
12,3%
*Na amostra foram encontrados idosos que preenchem as três categorias
A análise dos dados sobre freqüência de quedas nos últimos 12 meses
mostrou que 33% caíram no período relatado, desses 58% caíram uma vez, 26%
duas vezes e 7% caíram três vezes. O número médio de quedas foi de 1,82 (DP=
1,41, número mínimo =1 e máximo =10 e mediana =1), 74% eram compostos por
mulheres. Entre os indivíduos caidores 41% precisaram procurar um serviço de
29
saúde, 15% sofreram fratura e dentre os sujeitos que fraturaram 30% necessitaram
ser hospitalizados.
Tabela 6: Quedas
“O senhor sofreu
Frequência
Porcentagem
138
32,5%
alguma queda?”
Sim
Quantas vezes?
1 vez : 79
57,7%
2 vezes: 35
25,5%
3 vezes: 9
6,6%
4 vezes: 5
3,6%
5 vezes: 5
3,6%
6 vezes: 2
1,5%
7 vezes: 1
0,7%
10vezes: 1
0,7%
Em relação a preocupação com a possibilidade de cair a média da FES-I
foi de 27 e a mediana 25 (DP=8,32). Já a média de velocidade foi de 1,82 m/s2 (DP=
0,63), sendo que nos homens a média foi de 1,96 m/s2 (DP= 0,59) e nas mulheres
1,75 m/s2 (DP=0,63).
De acordo com os critérios do fenótipo de fragilidade explicitados na
metodologia, observou-se que 12 indivíduos eram frágeis no quesito fadiga, o que
corresponde a 3%; já o critério perda de peso não intencional foi composto por 57
idosos, o que corresponde a 13% da amostra. Em relação a velocidade de marcha
85 (20%) idosos se enquadraram no quesito; já na força de preensão palmar 86
indivíduos (20%) foram considerados frágeis e por fim, no item gasto energético 209
sujeitos (49%) foram caracterizados como frágeis.
Tabela 7: Fenótipo de fragilidade
30
Frequência
Porcentagem
86
20,3%
209
49,3%
85
20%
Fadiga
12
2,8%
Perda de peso não
57
13,4%
Força de preensão
palmar
Gasto energético
em quilocalorias
Velocidade de
marcha
intencional
Tendo em vista que para ser considerado frágil o indivíduo precisava
possuir 3 ou mais dos critérios mencionados, observou-se que 9% da amostra era
frágil, ou seja, 40 sujeitos, já os indivíduos pré-frágeis correspondem a 241 idosos,
compondo 57% da amostra. Por fim, 143 pessoas não eram frágeis, correspondendo
a 34% do total da amostra.
Tabela 8: Frequência da Fragilidade
Frequência
Porcentagem
Nenhum critério
1 critério
2 critérios
3 critérios
4 critérios
143
165
76
29
10
33,7%
38,9%
17,9%
6,8%
2,4%
5 critérios
1
0,2%
Não Frágeis
= 143 (34%)
Pré Frágeis
= 241 (57%)
Frágeis
= 40 (9%)
A análise de comparação de médias através do teste t de student mostrou
associação estatisticamente significativa nos itens velocidade de marcha (t=-9,28;
p<0,0001); FES-I (t=6,93; p<0,0001) e número de quedas (t=3,67, p<0,0001).
A fim de correlacionar velocidade de marcha, número de quedas e autoeficácia para quedas na amostra, foi feita a correlação de Pearson em que se
constatou correlação estatisticamente significativa entre todas as variáveis, a saber:
31
número de quedas e FES-I (r=0,143, p<0,01), número de quedas e velocidade (r=0,114, p<0,05) e entre velocidade e FES-I (r=-0,335, p<0,01).
A média da FES-I nos homens foi de 24,14 (DP=7,8), nas mulheres foi
de 28,04 (DP=8,3). Ao comparar as médias da FES-I entre homens e mulheres
através do teste t de student houve uma diferença estatisticamente significativa (t= 4,53, p<0,000).
A amostra foi dividida então entre frágeis e não frágeis e foi feita a
correlação de Pearson. No primeiro grupo não houve correlação estatisticamente
significativa entre tais variáveis. No entanto, entre os indivíduos não frágeis, houve
correlação estatisticamente significativa entre número de quedas e FES-I (r=0,122,
p<0,05); entre FES-I e velocidade de marcha (r=-276, p<0,0001), não houve
correlação estatisticamente significativa entre número de quedas e velocidade de
marcha.
Realizou-se a regressão logística método enter com o intuito de investigar
se as variáveis mencionadas poderiam explicar o desfecho fragilidade. O beta
encontrado foi de 2,259 e todas as variáveis foram estatisticamente significativas
(p<0,0001). O R de Nagelkerke foi de 0,478, indicando que o modelo, composto por
velocidade de marcha, FES-I e número de quedas, explica 48% da variável
dependente: fragilidade.
32
10
DISCUSSÃO
A fragilidade é considerada um alto fator preditivo de risco para saúde
(FRIED, 2001). Fried e colaboradores em 2001 ao realizarem um estudo com 5.201
indivíduos idosos a fim de desenvolver o fenótipo de fragilidade, concluíram que 7%
da amostra era composta por sujeitos considerados frágeis. O presente trabalho
encontrou 9%. Uma possível explicação para essa diferença possa ser o fato de que
a pesquisa liderada por Fried tenha sido em um país de características diferentes
como os Estados Unidos, onde, de uma forma geral, os sujeitos possuem uma
qualidade de vida melhor do que em países em desenvolvimento como o Brasil.
Nos quesitos força de preensão palmar e velocidade de marcha ambos
estudos encontraram 20% considerados frágeis. Essa semelhança de valores pode
ser justificada por se tratar de medidas mais objetivas, que não são tão
comparativas no aspecto cultural entre os dois países. Em contrapartida, o item
fadiga teve uma diferença considerável: 17% frágeis no primeiro estudo e 3% no
presente. Talvez isso possa ser explicado quando se analisa conjuntamente o item
gasto energético em que 22% são frágeis no trabalho de Fried, contrastando com
49% do presente estudo. Os idosos deste estudo cansam menos pois talvez não
gastem tanta energia, já os sujeitos do trabalho anterior podem auto relatar fadiga
baseado no fato de gastarem mais energia. Cabe ressaltar que o questionário
Minessota, por não ser voltado à realidade brasileira, pode ter comprometido o
resultado do desempenho do gasto energético dos idosos de Juiz de Fora. Outro
fator que pode explicar essa diferença é o próprio questionário de fadiga utilizado: os
dois itens dele foram extraídos de um questionário de depressão e talvez os
mesmos não estejam considerando o aspecto fadiga em sua totalidade. Futuros
trabalhos podem avaliar os sintomas depressivos, uma vez que os mesmos podem
interferir na auto percepção de fadiga e estão ligados com uma maior inatividade.
No critério perda de peso não intencional, 13% eram frágeis no presente
estudo, diferentemente dos 6% encontrados no trabalho de Fried. Esse fato talvez
seja justificado pela baixa atividade física encontrada no primeiro grupo, o que pode
contribuir para um quadro de sarcopenia, que refere como uma de suas
características, a perda de peso não intencional. Cabe ressaltar que a dinamometria
de preensão manual também é um indicador indireto para se estudar a sarcopenia
33
(REBELATTO, 2007), e neste quesito não houve diferença entre os valores
encontrados no presente estudo e no de Fried, neste sentido futuros trabalhos
devem avaliar a possível presença de comorbidades que podem ter interferido nesta
perda de peso não intencional.
Neste estudo 33% dos indivíduos relataram ter sofrido pelo menos uma
queda no último ano, resultado semelhante ao encontrado por Perracini e Ramos
(2002) e Rodrigues (2009). Dentre os indivíduos “caidores”, 74% são compostos por
mulheres, dado que condiz com os trabalhos de Boyd e Stevens (2009). Já a
preocupação com a possibilidade de cair, mensurada através da FES-I, mostrou
uma média superior nas mulheres assim como Yardley (2005), sendo que houve
uma diferença estatisticamente significativa entre os gêneros (p<0,000), esses
dados podem ser explicados pelo fato de as mulheres caírem mais, portanto podem
acabar tendo um maior preocupação e até medo com uma possível queda e também
pelo fato de que culturalmente os homens não expressarem tanto seus sentimentos,
principalmente em relação ao medo (VELLAS, 1997).
No teste de velocidade de marcha, o gênero feminino apresentou um
desempenho inferior, caracterizado por velocidade média igual a 1,75 m/s2,
enquanto os homens alcançaram média de 1,96 m/s2. Tais dados estão em
concordância com os achados de Melo (2009). No trabalho de Abreu e Caldas
(2008) constatou-se que o grupo de menor velocidade de marcha apresentou uma
incidência maior de quedas, situação também encontrada no presente estudo, em
que as mulheres possuem velocidade mais lenta e caem mais do que os homens.
Houve associação estatisticamente significativa ao comparar as médias
através do teste t de student entre velocidade de marcha, FES-I e número de
quedas. Esses dados estão em concordância com estudo de Camargos (2007) que,
apesar de a velocidade não ter sido seu objeto de pesquisa, encontrou associação
estatiscamente significativa entre FES-I e quedas, diferentemente do estudo de
Rodrigues (2009) que não encontrou associação estatisticamente significativa entre
quedas, medo de cair e velocidade de marcha. No presente estudo foi feita ainda
uma correlação de Pearson entre as três variáveis, o qual constatou-se correlação
estatisticamente significativa entre todas elas.
A correlação entre FES-I, velocidade de marcha e quedas da amostra
dividida em frágeis não foi estatisticamente significativa. Tal fato talvez se justifique
pelo pequeno número de indivíduos frágeis (n=40). No entanto, em sujeitos não
34
frágeis, cujo número é expressivamente maior (n= 384), houve correlação
estatisticamente significativa entre número de quedas e FES-I (r=0,122, p<0,05);
entre FES-I e velocidade de marcha (r=-276, p<0,0001), mas não houve correlação
estatisticamente significativa entre número de quedas e velocidade de marcha. Em
relação a estes aspectos é possível constatar que a preocupação com a
possibilidade de cair interfere muito mais na velocidade de marcha do que
propriamente no número de quedas. Scheffer (2008) realizou uma revisão
sistemática a respeito da prevalência do medo de cair e constatou que 50% das
pessoas que possuíam medo de cair não haviam tido a experiência de uma queda
anteriormente. Vellas (1997) afirma que o equilíbrio e problemas na marcha estão
fortemente associados ao medo de cair, assim como constatou-se no presente
trabalho.
Uma limitação deste estudo foi possivelmente a utilização de um
questionário de auto relato sobre quedas e também de um auto-relato sobre a
preocupação em cair, apesar de a FES-I ser validada no Brasil, pode ter havido
algum viés de memória nos dados. Outro aspecto a ser considerado é o cálculo da
velocidade de marcha, que apesar de ter obedecido um protocolo padrão, não
considerou os tempos de aceleração e desaceleração, necessitando de um ∆S
maior que 4,6 metros. Porém, como as entrevistas foram realizadas no domicílio dos
idosos e não em um laboratório de marcha, seria inviável tal medida. Futuros
estudos podem avaliar a correlação dessas variáveis em uma amostra maior de
indivíduos frágeis de modo que o número pequeno de indivíduos não seja um fator
que interfira nos resultados, assim como também pesquisar em indivíduos
institucionalizados e comparar o desempenho deste grupo com os idosos da
comunidade.
35
11
CONCLUSÃO
O estudo mostrou que as variáveis auto-eficácia para quedas, quedas e
velocidade de marcha possuem associação estatisticamente significativa entre si
nos indivíduos idosos de Juiz de Fora e que as mesmas em conjunto explicam 48%
da fragilidade, mostrando serem boas preditoras do desfecho mencionado. Com
base nesses dados, poderão ser desenvolvidos modelos de diagnóstico e cuidado
para o idoso frágil (detecção precoce e tratamento) e para o idoso não-frágil
(prevenção primária) na população de Juiz de Fora com a utilização de instrumentos
validados para o país, considerando que ainda não existem trabalhos dessa
natureza e com essa abrangência na realidade brasileira.
36
REFERÊNCIAS
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correlacional entre idosas praticantes e idosas não praticantes de um programa de
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41
Apêndice A
42
Apêndice B
Departamento de Fisioterapia – Faculdade de Medicina
Pesquisador responsável: Profª Drª Cláudia Helena Cerqueira Mármora
Endereço: Rua Professor Clóvis Jaguaribe 240/201 Bairro Bom Pastor
CEP: 36021-700 – Juiz de Fora – MG
Fone: (32) 3235-6540
E-mail: [email protected]
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O Sr. (a) está sendo convidado (a) como voluntário a participar da pesquisa “Fragilidade em idosos
brasileiros: avaliação de idosos da comunidade de Juiz de Fora”. Neste estudo pretendemos avaliar o
que leva uma pessoa idosa a se tornar frágil e propensa a diversas complicações em seu
envelhecimento.
O motivo que nos leva a estudar o que se denomina “fragilidade em idosos”, entendida como uma
síndrome clínica provocada por muitos fatores e caracterizada pela diminuição das reservas de
energia e pela resistência reduzida aos fatores que levam ao stress físico e mental, é caracterizar tal
síndrome na população idosa brasileira, incluindo a cidade de Juiz de Fora, de forma que se possam
estabelecer critérios de diagnóstico que facilitem os trabalho das equipes de saúde nos diversos
níveis de atenção informando a população sobre as possíveis consequências e perdas para os idosos
acometidos.
Para este estudo adotaremos os seguintes procedimentos: na primeira fase, os participantes serão
recrutados entre idosos de bairros mediante amostra da pesquisa de censo populacional feita pelo
IBGE na cidade de Juiz de Fora.
Na segunda fase, os participantes serão entrevistados pela equipe do projeto que utilizará
instrumentos de avaliações e questionários. Nestas avaliações, os pesquisadores farão perguntas
sobre o estado de saúde física e mental; bem-estar subjetivo; risco de quedas; medidas corporais
(peso, altura e massa corporal); medida de pressão arterial, força muscular e velocidade da marcha.
A primeira sessão poderá ser em domicilio ou em outro local que venha a ser combinado com os
idosos de cada localidade. Os formulários, as instruções e os equipamentos serão padronizados para
todos os locais..
A coleta de dados será feita por acadêmicos dos cursos de Fisioterapia e Psicologia da Universidade
Federal de Juiz de Fora. Os recrutadores e entrevistadores de campo serão devidamente treinados e
se apresentarão com crachá a documentação do Comitê de Ética da UFJF para serem identificados
com segurança.
A pesquisa da forma que será realizada é classificada como de risco mínimo aos idosos participantes. Espera-se somente
benefícios aos mesmos no que diz respeito às ações que possam prevenir e diminuir os riscos de fragilidade.
Para participar deste estudo o sr(a) não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem
financeira. O sr(a) será esclarecido(a) sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará livre
para participar ou recusar-se a participar. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a
participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não
acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido pelos pesquisadores.
Os pesquisadores irão tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo.
43
Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material que
indique sua participação não será liberado sem a sua permissão.
O (A) Sr (a) não será identificado em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.
Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será
arquivada pelo pesquisador responsável e a outra lhe será fornecida.
Eu, _____________________________________________________, portador do documento de
identidade ___________________________ fui informado (a) dos objetivos do estudo pesquisa
“Fragilidade em idosos brasileiros: avaliação de idosos da comunidade de Juiz de Fora”, de maneira
clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas
informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar.
Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento
livre e esclarecido e me foi dada à oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas.
Juiz de Fora, __________ de __________________de 2008 .
_______________________________________________________________________
Nome
Assinatura do participante
Data
_______________________________________________________________________
Nome
Assinatura do pesquisador
Data
_______________________________________________________________________
Nome
Assinatura de testemunha
Data
Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o
CEP – Comitê de Ética em Pesquisa/UFJF
Campus Universitário da UFJF
Pró-Reitoria de Pesquisa
CEP 36036-900
Fone: (32) 2102-3788
44
ANEXO A
ANEXO B
ANEXO B
45
ANEXO B
46
ANEXO C
Auto‐eficácia para quedas Eu vou fazer algumas perguntas sobre qual é sua preocupação a respeito da possibilidade de cair, enquanto realiza algumas atividades. Se o(a) Sr/Sra atualmente não faz a atividade citada (por ex. alguém vai às compras para o(a) Sr/Sra, responda de maneira a mostrar como se sentiria em relação a quedas caso fizesse tal atividade). Atenção: marcar a alternativa que mais se aproxima da opinião do idoso sobre o quão preocupado fica com a possibilidade de cair fazendo cada uma das seguintes atividades: 47
ANEXO D
48
ANEXO E
49
ANEXO F
50
ANEXO G
51
ANEXO H
Medidas de Atividades Físicas e Antropométricas
Questionário Minessota
Solicitarei ao(à) Sr(a) que responda quais das atividades abaixo foi realizada nas últimas duas
semanas (Para cada uma destas atividades perguntar em quais dias as realiza, o número de vezes
por semana e o tempo que gastou com a atividade cada vez que a realizou).
52
53
Download

Alana Quirtes Araujo Lima