1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE FISIOTERAPIA LÍLIAN ATALAIA DA SILVA ANÁLISE DA VELOCIDADE DE MARCHA, QUEDAS E SUA AUTO-EFICÁCIA EM IDOSOS FRÁGEIS E NÃO FRÁGEIS DE JUIZ DE FORA Juiz de Fora 2010 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE FISIOTERAPIA LÍLIAN ATALAIA DA SILVA ANÁLISE DA VELOCIDADE DE MARCHA, QUEDAS E SUA AUTO-EFICÁCIA EM IDOSOS FRÁGEIS E NÃO FRÁGEIS DE JUIZ DE FORA Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora como requisito parcial para obtenção de título de bacharel em Fisioterapia pela Universidade Federal de Juiz de Fora Orientadora: Profª. Dra. Cláudia Helena Cerqueira Mármora Co-orientadora: Profª Ms Kelly Cristina Atalaia da Silva Juiz de Fora 2010 3 Silva, Lílian Atalaia da. Análise da velocidade de marcha, quedas e sua auto-eficácia em idosos frágeis e não frágeis de Juiz de Fora / Lílian Atalaia da Silva. – 2010. 53 f. : il. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)— Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010. 1. Envelhecimento. 2. Idoso - Acidentes. I. Título. CDU 577.24 4 LÍLIAN ATALAIA DA SILVA ANÁLISE DA VELOCIDADE DE MARCHA, QUEDAS E SUA AUTO-EFICÁCIA EM IDOSOS FRÁGEIS E NÃO FRÁGEIS DE JUIZ DE FORA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal de Juiz de Fora como requisito parcial para obtenção de título de bacharel em Fisioterapia. Aprovado em: 10/12/2010 BANCA EXAMINADORA Profª. Dra. Cláudia Helena Cerqueira Mármora (Orientadora) Universidade Federal de Juiz de Fora Profª Ms Renata Alvarenga Vieira Universidade Federal de Juiz de Fora Profª Esp Eliane Baião Guilhermino Alves Universidade Federal de Juiz de Fora 5 “A esperança que não cruza os braços na expectativa estéril é sempre um sonho que se realiza.” 6 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Mário e Maria Helena, pelo incondicional amor e honradez que sempre devotaram em suas vidas. O que há de melhor em mim certamente é mérito de vocês. À minha irmã, Kelly, pelo carinho, incentivo e por sempre acreditar em mim. Ao meu noivo, Fábio, por ser meu companheiro, “embarcando” em todas as minhas ideias, por entender e incentivar minha dedicação e amor à Fisioterapia e por sempre me fazer sorrir até nos momentos mais improváveis. Essas quatro pessoas são a forma mais sublime de amor que me conecta com Deus, ao qual eu agradeço imensamente pelo presente da vida! Aos meus queridos amigos, por dividirem alegrias, angústias, sempre tornando mais prazerosa essa jornada. À minha orientadora, Cláudia, primeiro por me mostrar a beleza da Fisioterapia Neurológica, segundo por acreditar e investir na capacidade de seus alunos, sempre nos motivando a ser melhores. Obrigada pelo exemplo de fisioterapeuta que eu desejo ser: humana e competente. Este trabalho se concretizou porque pessoas como você acreditaram nele. À Danielle e Eliane, por apostarem em mim, me dando a oportunidade de participar de um projeto que mudaria minha vida. Certamente a competência de vocês foi um grande ensino para mim. À minha co-orientadora, Kelly, cuja inteligência, paciência e brilhantismo foram peças fundamentais neste trabalho. Às professoras integrantes da banca, Eliane e Renata, pelas valiosas contribuições e sugestões a fim de melhorar cada vez mais o presente estudo. Por fim, aos 424 idosos da pesquisa, por nos receberem tão generosamente em seus lares, compartilhando suas histórias alegres e tristes (algumas jamais esquecerei), nos ensinando o real sentido da humanidade, tópico que nenhum livro poderia exemplificar melhor. Este trabalho também é de vocês! 7 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Faixa etária ...............................................................................................27 Tabela 2:Raça ou cor ................................................................................................27 Tabela 3: Estado civil ................................................................................................28 Tabela 4: Escolaridade..............................................................................................28 Tabela 5: Atividade ...................................................................................................28 Tabela 6: Quedas .....................................................................................................29 Tabela 7: Fenótipo de fragilidade .............................................................................29 Tabela 8: Frequência de fragilidade .........................................................................30 8 RESUMO Introdução: O envelhecimento é um processo dinâmico inerente ao ser humano. Dentre as síndromes geriátricas mais comuns se encontram as quedas e o medo de cair. Objetivo: Avaliar a associação entre auto-eficácia para quedas, velocidade de marcha e quedas em idosos frágeis e não frágeis. Métodos: A amostra foi composta por 424 idosos da comunidade com idade igual ou superior a 65 anos. Aplicou-se o mini exame do estado mental, a escala de auto-eficácia para quedas, Falls Eficacy Scale International (FES-I), questionários sobre perda de peso não intencional, sensação de exaustão, histórico de quedas e de atividade físicas de lazer, Minnesota Leisure Time Activities Questionnaire. Foram medidas a força de preensão palmar e a velocidade percorrida. A partir dos dados supracitados, a amostra foi dividida em idosos frágeis e não frágeis. Resultados: Houve diferença estatisticamente significativa entre as médias dos dois grupos nos itens velocidade de marcha (t=-9,28; p<0,0001); FES-I (t=6,93; p<0,0001) e número de quedas (t=3,67, p<0,0001). A correlação de Pearson mostrou correlação estatisticamente significativa entre todas as variáveis: número de quedas e FES-I (r=0,143, p<0,01), número de quedas e velocidade (r=-0,114, p<0,05) e entre velocidade e FES-I (r=0,335, p<0,01). Ao se estratificar em não frágeis, houve correlação estatisticamente significativa entre número de quedas e FES-I (r=0,122, p<0,05); entre FES-I e velocidade de marcha (r=-0,276, p<0,0001). O modelo de regressão logística incluiu quedas, FES-I e velocidade, em que todas as variáveis foram estatisticamente significativas (β= 2,259, p<0,0001). O R de Nagelkerke foi de 0,478, indicando que o modelo explica 48% da fragilidade. Conclusão: Conclui-se que a associação entre as variáveis FES-I, quedas e velocidade de marcha parecem ser de grande relevância no estudo da síndrome de fragilidade em idosos. Futuros estudos devem avaliar a correlação dessas variáveis em uma amostra maior de indivíduos frágeis, assim como também pesquisar em indivíduos institucionalizados, comparando o desempenho deste grupo com os idosos da comunidade e traçar estratégias de intervenção. Palavras-chave: Idoso fragilizado.Acidente por quedas.Envelhecimento.Marcha. 9 ABSTRACT Introduction: The aging is a dynamic process inherent to human being. Among the most common geriatrics syndromes are falls and fear of falling. Objective: Evaluate the association between self efficacy and falls, gait speed and falls in frailty elderly population and not frailty. Methodos: The sample was made by 424 elderly from community witch were 65 years old or more. The mini mental exam state, the self efficacy from falls, Falls Eficacy Scale International, were used, as also the questionnaire about non intentional loss of weight, self-report exhaustion, history of falls and physical activities, Minnesota Leisure Time Activities Questionnaire. The grip strength and gait speed were calculated. The sample was separated between frailty elderly and not frailty. Results: There were significant statistical differences among the mean of two groups: gait speed (t=-9,28; p<0,0001); FES-I (t=6,93; p<0,0001) and number of falls (t=3,67, p<0,0001). The Pearson´s correlation showed significant statistical correlation between all the variables: number of falls and FES-I (r=0,143, p<0,01), number of falls and gait speed (r=-0,114, p<0,05) and between gait speed and FES-I (r=-0,335, p<0,01). There were significant statistical correlations between number of falls and FES-I (r=0,122, p<0,05); between FES-I and gait speed (r=-0,276, p<0,0001) when the not frails were stratified. The logistic regression model included falls, FES-I and gait, which all the variables had statistic significance (β= 2,259, p<0,0001). The Nagelkerk´s R was 0,478, indicating that the model can explain 48% about frailty. Conclusion: The association between the variables FES-I, falls and gait speed seems to have a great relevancy on study of elder´s frailty syndrome. Futures works must evaluate the correlation among those variables on a bigger sample of frail elders, and investigate that on institutionalized elders as well, comparing this result with the elders from community and create intervention´s strategies. Key words: Frail elderly.Accidental falls. Aging. Gait. 10 SUMÁRIO 1. O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO SOB A ÓTICA BIOLÓGICA ................12 1.1 PERDAS NEURONAIS E FUNÇÕES SENSORIAIS ...................................................12 1.2 SISTEMAS CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIO .................................................12 1.3 TECIDO CONJUNTIVO E SISTEMA MUSCULAR ......................................................13 1.4 ALTERAÇÕES POSTURAIS .......................................................................................14 2. O ENVELHECIMENTO SÓCIODEMOGRÁFICO .................................................15 3. QUEDAS ...............................................................................................................16 4. O MEDO DE CAIR E AUTO-EFICÁCIA PARA QUEDAS.....................................17 5. ALTERAÇÕES NA MARCHA DO IDOSO E VELOCIDADE DE MARCHA ........18 6. O CONCEITO DE FRAGILIDADE PROPOSTO POR LINDA FRIED...................19 7 OBJETIVO..............................................................................................................21 7.1 OBJETIVO GERAL..............................................................................................21 7.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................21 8. MATERIAIS E MÉTODOS.....................................................................................22 8.1 REDE FIBRA ....................................................................................................22 8.2 AMOSTRA ........................................................................................................23 8.3 PARTICIPANTES .............................................................................................23 8.4 INSTRUMENTOS .............................................................................................24 9. RESULTADOS.......................................................................................................27 10.DISCUSSÃO.........................................................................................................32 11.CONCLUSÃO.......................................................................................................35 REFERÊNCIAS..........................................................................................................36 APÊNDICES...........................................................................................................................41 APÊNDICE A Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa ......................................................41 APÊNDICE B Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)....................................42 ANEXOS.................................................................................................................................44 ANEXO A Características Sócio demográficas .....................................................................44 ANEXO B Estado mental …………………………………………….........................................45 ANEXO C Auto-eficácia para quedas .............………………………………………………….46 ANEXO D Quedas .................................................................................................................47 ANEXO E Alterações no peso ...............................................................................................48 ANEXO F Avaliação da força muscular .................................................................................49 ANEXO G Fadiga ..................................................................................................................50 11 ANEXO H Medidas de atividades físicas e antropométricas .................................................51 12 1. O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO SOB A ÓTICA BIOLÓGICA O envelhecimento biológico está intimamente ligado à diminuição de reservas funcionais. Tal efeito pode ser notado em todos os aparelhos e sistemas: muscular, ósseo, nervoso, pulmonar, endócrino, circulatório e imunológico. (VANDERVOOT, 1998). Porém, a magnitude do acometimento e a velocidade desse declínio variam tanto entre os diversos sistemas quanto para cada indivíduo. 1.1 PERDAS NEURONAIS E FUNÇÕES SENSORIAIS As células do sistema nervoso do idoso apresentam redução das conexões dendríticas e sinápticas, assim como acúmulo de lipofuscina e de neurofibrilas (DAMASCENO, 1999). Os nervos apresentam uma diminuição (cerca de 10%) da velocidade máxima de condução nervosa, o estímulo nervoso se torna então mais lento, refletindo em uma resposta de reação mais vagarosa, o que pode interferir na qualidade do movimento voluntário (UMPHRED, 2009). Outra alteração importante que também interfere substancialmente na movimentação é a diminuição da acuidade visual, comumente expressa pelo uso de lentes corretivas precocemente no indivíduo de meia idade (BORGES, 2010). Porém, concomitantemente à diminuição da acuidade visual ocorrem também a diminuição da discriminação espacial, a limitação de olhar para cima e a redução da capacidade de seguir objetos com o olhar. Outro sinal relevante é a diminuição da audição. Todos esses fatores podem contribuir para uma instabilidade postural e durante a marcha, prejudicando a qualidade de suas atividades cotidianas (UMPHRED, 2009). 1.2 SISTEMAS CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIO Com o avanço da idade há uma diminuição da capacidade de reserva funcional e do metabolismo do sistema cardiovascular. As paredes arteriais se 13 tornam mais rígidas havendo um aumento na resistência do leito vascular periférico ao fluxo do sangue. Tal fato é comumente refletido na elevação da pressão arterial. Estima-se que a prevalência de hipertensão seja de 50 a 70% na população idosa (ZAITUNE et al., 2006). A hipertensão arterial encontra-se associada frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e a alterações metabólicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais (WILLIAMS, 2010). Assim como no sistema cardiovascular ocorrem alterações no sistema respiratório tais modificações se apresentam na parede torácica, tecido e vasculatura pulmonar e músculos respiratórios. Há um aumento da rigidez uma vez que as cartilagens esternais se calcificam contrapondo-se com a descalcificação das costelas e vértebras, e consequentemente o gradil costal perde sua mobilidade (PETERS, 2010). Da mesma maneira que ocorre um enrijecimento da parede dos vasos sanguíneos, ocorre também no tecido elástico dos pulmões e nas paredes torácicas; há um estreitamento dos bronquíolos e uma redução da superfície alveolar. O ventre muscular sofre redução assim como o número de fibras musculares, o que leva ao aumento na solicitação de músculos acessórios (PETERS, 2010). Tais fatos somados com a modificação para uma forma mais plana do diafragma conduzem a uma diminuição na capacidade para expulsar o ar dos pulmões, ou seja, tanto a capacidade vital quanto o volume expiratório apresentam redução linear com a idade. 1.3 TECIDO CONJUNTIVO E SISTEMA MUSCULAR O tecido conjuntivo desempenha um importante papel ao manter a integridade estrutural dos elementos contráteis no interior dos músculos, ao mesmo tempo que transmite aos ossos a tensão produzida pela musculatura e tendões (HALL e BRODY, 2007). Entretanto, essa integridade pode ser comprometida com o passar dos anos, seja por longos períodos de imobilização ou de falta de uso, devido ao fato de a cartilagem perder a espessura e passar a ser menos lubrificada, caracterizando uma maior rigidez articular, o que por sua vez, prejudica os 14 movimentos e conseqüentemente o desempenho do idoso nas atividades de vida diária. Além do quadro de rigidez mencionado acima, outro fator que interfere na movimentação do idoso é a redução da força muscular. Os músculos da coxa apresentam diminuição significativa (25% a 35%) do seu tamanho em comparação aos indivíduos jovens. Já os músculos dos membros superiores se atrofiam em grau menor. Uma possível explicação para isto é o fato de a vida sedentária acarretar maior perda de força nos membros inferiores, em comparação com os superiores (VANDERVOOT, 1998). Essa redução da força muscular encontrada no indivíduo idoso pode ser devida à diminuição da massa muscular (atrofia), assim como à redução da excitação das fibras nervosas motoras no músculo. É conhecido que nos idosos os músculos se contraem e relaxam mais lentamente do que no indivíduo jovem, devido à uma diminuição no número de fibras musculares de contração rápida (tipo II) (ZHONG, 2007). A soma desses déficits aumenta o risco de uma resposta incorreta ou não satisfatória, resultando em perda de coordenação, sobretudo em atividades funcionais complexas como subir e descer escadas, ou ainda, deslocar-se rapidamente para evitar uma colisão ou queda (RODRIGUES, 2009). 1.4 ALTERAÇÕES POSTURAIS Entende-se por postura estática a disposição entre segmentos que compõem o corpo. A manutenção dessa disposição com o mínimo de esforço e com um mínimo de tensão no nível das articulações forma o alinhamento postural ideal (VANDEVOOT, 1998). A modificação da postura ereta é uma das mudanças que ocorrem no sistema osteomuscular em decorrência da idade. Tais alterações incluem o aumento da curvatura cifótica da coluna torácica, a diminuição da lordose lombar, o aumento do ângulo de flexão de joelho, o deslocamento da articulação coxofemoral para trás e a inclinação do tronco para diante, posição essa que desloca o centro de gravidade para frente (ABREU, 2008). 15 A causa mais freqüente da hipercifose que se instala em idosos é a osteoporose da coluna que pode levar à fratura de corpos vertebrais. Geralmente envolvem as seis últimas vértebras torácicas e todas as vértebras lombares (HALL e BRODY, 2007). Esse quadro de osteoporose e o possível risco de fratura deixa o indivíduo idoso mais vulnerável às quedas (RODRIGUES, 2009). 2. O ENVELHECIMENTO SÓCIODEMOGRÁFICO O cenário demográfico mundial vem sendo caracterizado não só pelo aumento da expectativa de vida, mas também pela queda do crescimento vegetativo (CAMARGOS, 2007). Nesse contexto o Brasil está se tornando um país com um número de idosos cada vez maior. Em 2050 será um país considerado “velho”, quando a população terá 63 milhões de idosos. Se em 1980 a relação era de 10 idosos para cada 100 jovens, em 2050 serão 172 idosos para cada 100 jovens. Isso porque a esperança de vida ao nascer era de 43,3 anos, na década de 1950, modificando-se para 72,5 anos em 2007 (IBGE, 2010). Com o aumento da expectativa de vida surge uma maior preocupação com as doenças e acometimentos característicos dessa faixa etária, tais como as doenças degenerativas, as quedas, fraturas, imobilização, perda de convívio social e óbito. Neste sentido, a qualidade de vida nos gerontes adquire um papel cada vez mais relevante na sociedade contemporânea, exigindo que o governo brasileiro se prepare para enfrentar as mudanças advindas com o envelhecimento populacional e esteja apto a promover medidas que favoreçam o envelhecimento ativo (entendido como o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança), tendo como primordial objetivo melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem, impedindo e/ou tentando minimizar as síndromes geriátricas mais comuns tais como instabilidade e quedas. 16 3. QUEDAS A queda é um evento acidental cujo resultado é a mudança de posição do indivíduo para um nível mais baixo, em relação a sua posição inicial, com incapacidade de correção em tempo hábil (CAMARGOS, 2007). Tal evento não é considerado queda quando a pessoa somente cai de costas em um assento por exemplo. A etiologia da queda é multifatorial, pode estar associada a fatores intrínsecos como alterações fisiológicas inerentes do envelhecimento, doenças, efeitos de medicamentos e a fatores extrínsecos exemplificados pelas circunstâncias sociais e ambientais que oferecem desafio ao geronte (RAMOS, 2003). As quedas recorrentes estão mais relacionadas aos fatores intrínsecos, em contrapartida, as quedas esporádicas refletem maior associação com fatores ambientais e diminuição da atenção (MORRIS et al., 2004). A queda em idosos pode gerar sérios prejuízos à qualidade de vida dessa população, tais como imobilidade, dependência dos familiares, perda de funcionalidade, depressão, internação e complicações advindas de cirurgia (RIBEIRO et al., 2008) Aproximadamente 30% das pessoas com 65 anos ou mais caem a cada ano, e esta taxa tende a aumentar com o passar dos anos (PERRACINI, 2002). Cerca de 13% são “caidores” (fallers) recorrentes, o que favorece a institucionalização de idosos que previamente eram independentes (RODRIGUES, 2009). Nos casos mais graves a queda pode levar a morte. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) somente em 2005 foram 1.304 óbitos por fratura de fêmur no Brasil e em 2009 esse número subiu para 1.478. Aproximadamente 10% das quedas resultam em fraturas, lesões de tecidos moles ou articulares. A cada ano o Sistema Único de Saúde (SUS) tem gastos crescentes com tratamentos de fraturas em pessoas idosas. Em 2009, foram gastos R$ 57,61 milhões com internações. Porém, as consequências físicas nem sempre são os fatores mais devastadores para o idoso. O trauma psicológico é bastante comum em episódios de quedas e é geralmente expresso pelo medo de cair, independente do trauma físico e/ou limitação funcional (TINETTI, 1994). Esse medo pode levar a comportamentos 17 cautelosos que ajudam a prevenir a queda, porém podem também reduzir a confiança do idoso e comprometer suas atividades de vida diária, favorecendo o declínio funcional e consequentemente elevar o risco de quedas futuras (LACHMAM, 1998). 4. O MEDO DE CAIR E AUTO-EFICÁCIA PARA QUEDAS O medo de cair é definido como baixa auto-eficácia ou confiança em evitar quedas ou ainda uma preocupação que estas limitem a performance das atividades cotidianas (TINETTI et al., 1994). Entre os idosos o medo de cair é a principal classificação de medo encontrada (DELBAERE, 2004), sendo mais prevalente nas mulheres do que em homens (YARDLEY, 2005). Tal fato é possivelmente explicado pelo estigma masculino em revelar ou relatar seu próprio medo (VELLAS, 1997). Estudos tem sugerido que o medo de cair está associado com quedas prévias (HOWLAND, 1998) e com déficits de equilíbrio, anormalidades da marcha, humor deprimido, polifarmácia, comorbidades, fragilidade e pobre auto-avaliação do nível de saúde. No entanto estudos recentes relataram que idosos sem histórico de quedas prévias também apresentaram medo de cair (FRIEDMAN et al., 2002). O medo de cair pode ser conseqüência, como também causa das quedas, e provavelmente irá se caracterizar como integrante de um ciclo vicioso (CAMARGOS, 2007). A auto-eficácia define-se como auto-confiança ao lidar em determinadas situações ou até mesmo as habilidades percebidas pelo indivíduo (CAMARGOS, 2007). A auto-eficácia relacionada às quedas representa o nível de confiança que o idoso possui ao realizar suas atividades rotineiras sem cair (TINETTI, 1990). Tinetti et al. (1994) e Myers et al. (1998) em seus respectivos estudos, afirmam que a eficácia para quedas possivelmente avalia melhor o desempenho funcional do que o medo de cair, uma vez que a primeira teve forte correlação com a função física e o desempenho nas atividades de vida diária, diferentemente do medo. Esses autores concluíram que o medo é um pobre preditor de comportamento atual. Tal fato pode ser explicado pela diferença das escalas aplicadas, uma vez que 18 o medo de cair usualmente é expresso apenas de forma dicotômica (sim/ não), diferentemente da eficácia que possui natureza tarefa-específica (CAMARGOS, 2007). 5. ALTERAÇÕES NA MARCHA DO IDOSO E VELOCIDADE DE MARCHA A marcha é um pré-requisito para a manutenção da independência nas atividades básicas de vida diária. (FERRUCCI et al. 1996), estando o processo de envelhecimento associado as suas modificações, bem como as alterações do equilíbrio (ABREU, 2008). É compreendida como uma complexa habilidade motora, composta por uma sequência de movimentos cíclicos dos membros inferiores que geram o deslocamento corporal (PERRY, 2005). O equilíbrio corporal é compreendido como a habilidade em manter o centro de gravidade do corpo projetado sobre os limites da base de sustentação nas posições estáticas e dinâmicas (CHANDLER, 2002). Encontra-se intimamente relacionado à marcha, uma vez que os neurônios aferentes do processamento do equilíbrio e sobre o posicionamento do corpo enviam para o sistema nervoso central informações e este por sua vez seleciona respostas e as envia para o sistema efetor, composto pelo sistema musculoesquelético (CHANDLER, 2002). A ineficiência na recepção dos elementos sensoriais já descritos, contribui para a instabilidade e alteração na qualidade da marcha, além de aumentar o risco para quedas (RODRIGUES, 2009). Outro grande fator que interfere no desempenho da marcha é a velocidade. De acordo com Friedman e cols (1998), ela é o parâmetro isolado que melhor representa o desempenho da marcha. Geralmente a velocidade de marcha é determinada pela média de vários passos, calculada através da divisão da amplitude média dos passos pela duração média dos mesmos, sendo o número de passos dados por minuto (incluindo o pé direito e esquerdo) denominado de cadência. Portanto, a diminuição da amplitude dos passos ou da cadência resulta em uma velocidade diminuída (VANDERVOOOT, 1998). 19 A velocidade tende a diminuir com o passar dos anos, cerca de 1 a 2% por década até os 60 anos de idade, depois passa para aproximadamente 7% por década (VANDERVOOT, 1998). Cabe ressaltar que esta redução está relacionada mais à diminuição da amplitude dos passos do que da cadência dos mesmos. Tal fato justifica-se pelos idosos utilizarem passos mais curtos do que indivíduos jovens. Dentre as alterações cinemáticas da marcha mais comuns no envelhecimento pode-se destacar o momento de força dos flexores plantares ser menor em idosos, o que resulta em menor produção de força na fase de descolamento. Outra alteração é a diminuição de absorção de força pelos músculos flexores do joelho durante a fase de locomoção, imediatamente antes do contato inicial, o que pode resultar em desaceleração da perna e em maior velocidade de contato do calcanhar ao solo. No individuo idoso 86% das variações de velocidade podem ser explicadas pela perda da potência muscular de membros inferiores (Bassey et al., 1988). A velocidade de marcha varia em torno de 0,81 a 1,88 metros por segundo (RODRIGUES, 2009), e quando é inferior a 0,42 metros por segundo pode ser preditora de declínio funcional e também de incapacidade grave durante a marcha (SPIRDUSO, 2005). Há estudos que apontam o tempo como indicador indireto de velocidade, a saber: baixa velocidade 5,69s ou mais; média velocidade 3,92 a 5,69s; alta velocidade 3,92s ou menos, para os homens, já para as mulheres os valores são: baixa velocidade 6,58s ou mais; média velocidade 4,33s a 6,58s; alta velocidade 4,33s ou menos (RODRIGUES, 2009). Portanto, a identificação precoce desse déficit pode ser útil para que intervenções sejam iniciadas a fim de se evitar seu agravo, bem como suas possíveis consequências como a instabilidade postural e as quedas. 6. O CONCEITO DE FRAGILIDADE PROPOSTO POR LINDA FRIED Nas últimas duas décadas a comunidade científica composta por gerontólogos e geriatras utilizam o termo fragilidade para caracterizar idosos mais debilitados e vulneráveis, embora não haja ainda um consenso geral sobre o termo. 20 Na década de 1980 os primeiros estudos sobre fragilidade baseavam-se no conceito de funcionalidade, o indivíduo frágil era aquele que possuía perda da autonomia e habilidades para o desempenho nas atividades de vida diária (MORLEY, 2002). Entretanto essa denominação não contemplava um quadro clínico mais amplo. Nesse sentido, alguns anos depois, já na década de 1990, estudiosos passaram a sugerir que a fragilidade pertencia a um quadro sindrômico, multifatorial, em que o indivíduo frágil possui uma diminuição da capacidade de se adaptar a fatores estressores, tornando-o mais vulnerável (ROCKWOOD, 1994). Tal progressão levaria ao declínio das funções fisiológicas e até óbito (FRIED, 2003). Portanto o estado de “ser frágil” foi sendo substituído por “tornar-se frágil”. O conceito de fragilidade mais aceito na atualidade é o proposto por Linda Fried, que definiu como uma síndrome clínica, multifatorial, caracterizada pela redução das reservas de energia e pela resistência diminuída aos estressores, resultando em declínio acumulativo dos sistemas fisiológicos (FRIED, 2001). A autora define fragilidade embasada por um tripé composto por sarcopenia, desregulação neuroendócrina e disfunção imunológica (FRIED, 2003). No intuito de melhor caracterizar tal síndrome, Fried e colaboradores desenvolvem o fenótipo de fragilidade composto por cinco componentes: 1) perda de peso não intencional; 2) exaustão avaliada por auto relato de fadiga; 3) diminuição da força de preensão na mão dominante; 4) baixo nível de atividade física e 5) lentidão da velocidade de marcha. Indivíduos com três ou mais características seriam classificados como frágeis e os com uma ou duas seriam pré frágeis. O presente estudo adotou o modelo de fragilidade desenvolvido por Linda Fried e colaboradores. Neste contexto, a fragilidade é considerada altamente prevalente no processo de envelhecimento (ROCKWOOD, 2004), incluindo declínio associado à idade, perda de massa corporal, endurance, equilíbrio, performance na marcha e baixa atividade, compondo o ciclo da fragilidade (FRIED, 2003). A mesma autora junto a seus colaboradores em 2001 realizaram um estudo com 5.201 idosos com o objetivo de identificar os possíveis indivíduos frágeis de acordo com o fenótipo desenvolvido por eles. Verificaram que a prevalência de fragilidade aumenta a cada 5 anos nos grupos divididos por faixa etária, é mais alta nas mulheres e os intermediários tinham duas vezes mais chance de se tornar frágil 21 em três anos. Constataram também que o idoso frágil está mais susceptível a quedas, ao declínio funcional, hospitalização recorrente e a morte em três anos. No Brasil há uma carência de estudos que investiguem o processo de fragilidade no envelhecimento, bem como cada elemento do fenótipo interfere no desempenho das atividades de vida diária e na qualidade de vida do indivíduo idoso. Diante disso, surge a necessidade de se estudar tais características a fim de não só retratar o idoso frágil, mas também e principalmente de rastrear idosos que podem se tornar frágeis, promovendo medidas de intervenção e acompanhamento desses indivíduos. 7. OBJETIVOS 7.1 OBJETIVO GERAL Avaliar a associação entre auto-eficácia para quedas, velocidade de marcha e o evento quedas em uma mostra de idosos considerados frágeis e não frágeis de acordo com o fenótipo de fragilidade. 7.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 1. Analisar a correlação entre os escores da Falls Eficacy Scale International (FES-I) e a velocidade de marcha 2. Verificar se a ocorrência de quedas está relacionada à alteração na velocidade de marcha 3. Avaliar a correlação entre quedas anteriores e a escala FES-I 4. Comparar os escores da FES-I entre homens e mulheres e verificar se há diferenças de gênero quanto à auto-eficácia 5. Avaliar quais variáveis estudadas melhor predizem o desfecho fragilidade 22 8. MATERIAIS E MÉTODO Trata-se de um estudo do tipo transversal, no qual foi utilizado o banco de dados pertencente ao projeto da Rede FIBRA. 8.1 REDE FIBRA A Rede de Pesquisa sobre Fragilidade em Idosos Brasileiros – Rede FIBRA possui o objetivo de analisar a prevalência, as características e os fatores associados de natureza biológica e ambiental, atuais e de curso de vida, em relação à fragilidade entre idosos brasileiros. É composta por quatro grupos de pesquisa, respectivamente liderados pelos pesquisadores Eduardo Ferrioli (USP-Ribeirão Preto), Anita Liberalesso Neri (UNICAMP), Rosângela Correa Dias (UFMG) e Roberto Alves Lourenço (UERJ). Os idosos selecionados são residentes de: Belém, PA; Fortaleza, CE; Santa Cruz, RN; Recife, PE, João Pessoa, PB; Aracaju, SE; Rio de Janeiro, RJ; Juiz de Fora, MG; Belo Horizonte, MG; São Paulo, SP; Amparo, SP; Ribeirão Preto, SP; São José do Rio Preto, SP; Concórdia, SC; Ivoti, RS e Cuiabá, MT. O projeto FIBRA-Brasil pólo UERJ obteve financiamento do CNPq (processo nº 555087/2006-9) e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CEP/HUPE 1850-2007). A cidade de Juiz de Fora pertence ao pólo UERJ e foi escolhida por apresentar um elevado percentual de idosos, 16% da população, cerca de 71 mil habitantes acima de 65 anos, segundo dados da prefeitura de Juiz de Fora de 2009. O projeto local, do qual se origina este estudo, foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora em 19/02/2009, parecer CAAE: 0182.1.180.000-08 (ANEXO A). 23 8.2 AMOSTRA De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o município de Juiz de Fora está dividido em 16 unidades territoriais. No intuito de ser uma amostra representativa da população de idosos do município, foram selecionadas aleatoriamente 5 unidades territoriais, sendo que em cada bairro, contido na unidade territorial, deveria possuir 10% de idosos entrevistados. Quadro 1. Distribuição de idosos por Unidade Territorial Unidade 1 Unidade 4 Santa Terezinha TOTAL TOTAL Santa Helena Bom Pastor São Mateus 33 Morro da Glória Fábrica idosos Botanágua 196 Mariano Procópio idosos Santa Catarina Costa Carvalho Centenário Unidade 11 TOTAL Retiro 8.3 PARTICIPANTES Unidade 10 Grama Cesário Alvim São Benedito São Bernardo Santa Rita Bandeirantes Unidade 13 TOTAL 38 idosos Santa Luzia 42 idosos TOTAL 121 idosos 24 Fizeram parte deste estudo 436 idosos. Os critérios de inclusão foram ter idade igual ou superior a 65 anos, residir nos bairros pré definidos pelo IBGE na cidade de Juiz de Fora, obtenção do escore igual ou superior a 13 pontos no mini exame do estado mental (MEEM) e deambular utilizando ou não dispositivos de auxílio à marcha. Já os critérios de exclusão foram idosos temporariamente acamados, presença de doença terminal, seqüelas graves de acidente vascular encefálico, doença de Parkinson, doença de Alzheimer e outros déficits neurológicos de mobilidade e/ou vestibulares e também déficits cognitivos. Cabe ressaltar que 12 indivíduos foram excluídos do estudo por terem tido desempenho inferior a 13 pontos no MEEM, portanto 424 sujeitos foram membros da pesquisa em sua totalidade. A coleta de dados foi feita na residência dos idosos por acadêmicos dos cursos de Fisioterapia, Medicina e Psicologia da Universidade Federal de Juiz de Fora, dentre os quais se inclui a autora do presente trabalho. Os recrutadores e entrevistadores de campo foram previamente treinados pela equipe do pólo UERJ. 8.4 INSTRUMENTOS 1 Através de um questionário estruturado foi realizada a caracterização da amostra, como idade, cor da pele (auto declarada), estado civil, escolaridade e nível socioeconômico (ANEXO B). O mini exame do estado mental (MEEM) foi aplicado, uma vez que avalia a orientação tempo-espaço, memória, cálculo e linguagem. O escore varia de 0 a 30 pontos, com ordem crescente em relação ao desempenho. O ponto de corte do estudo foi de 13 pontos, valor apenas utilizado como critério de inclusão/exclusão e não para classificar o estado de demência dos indivíduos (ANEXO C). A Escala de auto-eficácia para quedas, Falls Eficacy Scale International (FESI), avalia a preocupação com a possibilidade de cair ao realizar 16 atividades de vida diária, com respectivos escores de um a quatro. O escore total varia de 16 (ausência de preocupação) a 64 (preocupação extrema), (ANEXO D). 1 Todos os instrumentos utilizados na coleta de dados fazem parte do protocolo geral utilizado pela Rede FIBRA em todos os pólos. 25 Para o cálculo da velocidade foi utilizado uma fita para delimitar o espaço no solo de 4,6 metros. O tempo que o idoso percorreu foi mensurado por um cronômetro. Esse procedimento foi realizado por 3 vezes, calculando o tempo médio percorrido. Dessa maneira calculou-se a velocidade através da fórmula: Velocidade de marcha = ∆S/ ∆t, sendo ∆S o espaço percorrido e ∆t o tempo gasto. A medida antropométrica do peso corporal foi feita através de uma balança digital. Já o questionário sobre o histórico de quedas foi empregado contendo duas perguntas: “No último ano o senhor sofreu alguma queda? Se sim, quantas?” (ANEXO E). Foram empregados o Questionário sobre perda de peso não intencional (ANEXO F), medida de força de preensão manual com o dinamômetro JAMAR (ANEXO G), questionário sobre sensação de exaustão (ANEXO H) e o de atividade físicas de lazer, Minnesota Leisure Time Activities Questionnaire (ANEXO I). A partir dos dados supracitados, a amostra foi dividida em idosos frágeis e não frágeis, através do fenótipo de fragilidade desenvolvido por Fried e colaboradores (2001), composto pelas seguintes características: 1- Perda de peso não intencional (maior ou igual a 5% da massa corporal); 2- Exaustão: auto-relato 3- Diminuição de força: os 20% com menor força, ajustado a gênero e massa corporal, de acordo com os valores a seguir: Homens Mulheres IMC≤ 24 ≤ 29 IMC≤ 23 ≤ 17 IMC 24.1 – 26 ≤ 30 IMC 23.1 – 26 ≤ 17.3 IMC 26.1 – 28 ≤ 30 IMC 26.1 – 29 ≤ 18 IMC > 28 ≤ 32 IMC > 29 ≤ 21 4- Lentidão: os 20% mais lentos da amostra, ajustados a gênero e estatura, de acordo com as referências a seguir: Homens Mulheres Altura ≤ 173 cm ≥ 7 segundos Altura ≤ 159 cm ≥ 7 segundos Altura > 173 cm ≥ 6 segundos IMC > 159 cm ≥ 6 segundos 26 5- Baixo nível de atividade física: os 20% com menor nível, tendo em vista os seguintes valores: Homens Mulheres Quilocalorias <383 Quilocalorias < 270 Cabe ressaltar que para o indivíduo ser considerado frágil era necessário possuir pelo menos três critérios propostos por Fried, os idosos que possuíssem 1 ou 2 critérios não eram frágeis, porém podem ser considerados pré-frágeis. A denominação deste último indica que a chance de se tornarem frágeis era maior em relação aos que não possuíam nenhum critério. As análises estatísticas foram feitas no programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 15.0. Em um primeiro momento realizou-se a análise descritiva das variáveis de interesse anteriormente citadas, analisando-se a média, desvio padrão e mediana. Em seguida foi feito o teste t de student para amostras independentes com o intuito de comparar as diferenças de média da velocidade da marcha entre frágeis e não frágeis e também entre homens e mulheres. Posteriormente realizou-se a correlação de Pearson entre as variáveis velocidade de marcha, auto-eficácia para quedas e evento de quedas. A última etapa compreendeu a realização de uma regressão logística para calcular a variável dependente (VD= sujeitos frágeis x não frágeis), investigando quais variáveis estudadas (velocidade de marcha, quedas e auto-eficácia para quedas) poderiam ser melhores preditores do desfecho fragilidade. 27 9. RESULTADOS Os resultados mostram que a amostra foi composta por 70% mulheres e 30% homens, a idade variou de 65 a 97 anos (74,6±7), 72% se autodeclararam brancos, 10% negros e 18% mulatos, caboclos ou pardos. Quanto ao estado civil, 48% são casados ou vivem com companheiro (a), 10% são solteiros, 7% são divorciados ou separados e 36% são viúvos. A média de escolaridade foi de 5,8 anos (DP=7,6). Cerca de 76% são aposentados, 36% são pensionistas e 12% desempenham algum trabalho de modo informal. A média da renda mensal do idoso obtida foi de R$1.206,92. Tabela 1: Faixa etárea Frequência Porcentagem 65 anos a 75 250 59% 76 anos a 85 140 33% 86 anos a 97 34 8% Tabela 2: Raça ou cor Frequência Porcentagem Branca 304 71,7% Negra 41 9,7% Mulata, cabocla, 75 17,7% Indígena 2 0,5% Amarela, oriental 1 0,2% Não sabe 1 0,2% parda 28 Tabela 3: Estado civil Frequência Porcentagem 202 47,6% Solteiro 41 9,7% Divorciado ou 28 6,6% 153 36,1% Casado ou vive com companheira separado Viúvo Tabela 4: Escolaridade Frequência Porcentagem Não estudou 37 8,7% 1 a 5 anos 252 59,5% 6 a 10 anos 57 13,4% 11 a 15 anos 66 15,6% 16 a 20 anos 12 2,8% Tabela 5: Atividade Frequência Porcentagem Aposentado 324 76,4% Pensionista 154 36% Trabalho informal 52 12,3% *Na amostra foram encontrados idosos que preenchem as três categorias A análise dos dados sobre freqüência de quedas nos últimos 12 meses mostrou que 33% caíram no período relatado, desses 58% caíram uma vez, 26% duas vezes e 7% caíram três vezes. O número médio de quedas foi de 1,82 (DP= 1,41, número mínimo =1 e máximo =10 e mediana =1), 74% eram compostos por mulheres. Entre os indivíduos caidores 41% precisaram procurar um serviço de 29 saúde, 15% sofreram fratura e dentre os sujeitos que fraturaram 30% necessitaram ser hospitalizados. Tabela 6: Quedas “O senhor sofreu Frequência Porcentagem 138 32,5% alguma queda?” Sim Quantas vezes? 1 vez : 79 57,7% 2 vezes: 35 25,5% 3 vezes: 9 6,6% 4 vezes: 5 3,6% 5 vezes: 5 3,6% 6 vezes: 2 1,5% 7 vezes: 1 0,7% 10vezes: 1 0,7% Em relação a preocupação com a possibilidade de cair a média da FES-I foi de 27 e a mediana 25 (DP=8,32). Já a média de velocidade foi de 1,82 m/s2 (DP= 0,63), sendo que nos homens a média foi de 1,96 m/s2 (DP= 0,59) e nas mulheres 1,75 m/s2 (DP=0,63). De acordo com os critérios do fenótipo de fragilidade explicitados na metodologia, observou-se que 12 indivíduos eram frágeis no quesito fadiga, o que corresponde a 3%; já o critério perda de peso não intencional foi composto por 57 idosos, o que corresponde a 13% da amostra. Em relação a velocidade de marcha 85 (20%) idosos se enquadraram no quesito; já na força de preensão palmar 86 indivíduos (20%) foram considerados frágeis e por fim, no item gasto energético 209 sujeitos (49%) foram caracterizados como frágeis. Tabela 7: Fenótipo de fragilidade 30 Frequência Porcentagem 86 20,3% 209 49,3% 85 20% Fadiga 12 2,8% Perda de peso não 57 13,4% Força de preensão palmar Gasto energético em quilocalorias Velocidade de marcha intencional Tendo em vista que para ser considerado frágil o indivíduo precisava possuir 3 ou mais dos critérios mencionados, observou-se que 9% da amostra era frágil, ou seja, 40 sujeitos, já os indivíduos pré-frágeis correspondem a 241 idosos, compondo 57% da amostra. Por fim, 143 pessoas não eram frágeis, correspondendo a 34% do total da amostra. Tabela 8: Frequência da Fragilidade Frequência Porcentagem Nenhum critério 1 critério 2 critérios 3 critérios 4 critérios 143 165 76 29 10 33,7% 38,9% 17,9% 6,8% 2,4% 5 critérios 1 0,2% Não Frágeis = 143 (34%) Pré Frágeis = 241 (57%) Frágeis = 40 (9%) A análise de comparação de médias através do teste t de student mostrou associação estatisticamente significativa nos itens velocidade de marcha (t=-9,28; p<0,0001); FES-I (t=6,93; p<0,0001) e número de quedas (t=3,67, p<0,0001). A fim de correlacionar velocidade de marcha, número de quedas e autoeficácia para quedas na amostra, foi feita a correlação de Pearson em que se constatou correlação estatisticamente significativa entre todas as variáveis, a saber: 31 número de quedas e FES-I (r=0,143, p<0,01), número de quedas e velocidade (r=0,114, p<0,05) e entre velocidade e FES-I (r=-0,335, p<0,01). A média da FES-I nos homens foi de 24,14 (DP=7,8), nas mulheres foi de 28,04 (DP=8,3). Ao comparar as médias da FES-I entre homens e mulheres através do teste t de student houve uma diferença estatisticamente significativa (t= 4,53, p<0,000). A amostra foi dividida então entre frágeis e não frágeis e foi feita a correlação de Pearson. No primeiro grupo não houve correlação estatisticamente significativa entre tais variáveis. No entanto, entre os indivíduos não frágeis, houve correlação estatisticamente significativa entre número de quedas e FES-I (r=0,122, p<0,05); entre FES-I e velocidade de marcha (r=-276, p<0,0001), não houve correlação estatisticamente significativa entre número de quedas e velocidade de marcha. Realizou-se a regressão logística método enter com o intuito de investigar se as variáveis mencionadas poderiam explicar o desfecho fragilidade. O beta encontrado foi de 2,259 e todas as variáveis foram estatisticamente significativas (p<0,0001). O R de Nagelkerke foi de 0,478, indicando que o modelo, composto por velocidade de marcha, FES-I e número de quedas, explica 48% da variável dependente: fragilidade. 32 10 DISCUSSÃO A fragilidade é considerada um alto fator preditivo de risco para saúde (FRIED, 2001). Fried e colaboradores em 2001 ao realizarem um estudo com 5.201 indivíduos idosos a fim de desenvolver o fenótipo de fragilidade, concluíram que 7% da amostra era composta por sujeitos considerados frágeis. O presente trabalho encontrou 9%. Uma possível explicação para essa diferença possa ser o fato de que a pesquisa liderada por Fried tenha sido em um país de características diferentes como os Estados Unidos, onde, de uma forma geral, os sujeitos possuem uma qualidade de vida melhor do que em países em desenvolvimento como o Brasil. Nos quesitos força de preensão palmar e velocidade de marcha ambos estudos encontraram 20% considerados frágeis. Essa semelhança de valores pode ser justificada por se tratar de medidas mais objetivas, que não são tão comparativas no aspecto cultural entre os dois países. Em contrapartida, o item fadiga teve uma diferença considerável: 17% frágeis no primeiro estudo e 3% no presente. Talvez isso possa ser explicado quando se analisa conjuntamente o item gasto energético em que 22% são frágeis no trabalho de Fried, contrastando com 49% do presente estudo. Os idosos deste estudo cansam menos pois talvez não gastem tanta energia, já os sujeitos do trabalho anterior podem auto relatar fadiga baseado no fato de gastarem mais energia. Cabe ressaltar que o questionário Minessota, por não ser voltado à realidade brasileira, pode ter comprometido o resultado do desempenho do gasto energético dos idosos de Juiz de Fora. Outro fator que pode explicar essa diferença é o próprio questionário de fadiga utilizado: os dois itens dele foram extraídos de um questionário de depressão e talvez os mesmos não estejam considerando o aspecto fadiga em sua totalidade. Futuros trabalhos podem avaliar os sintomas depressivos, uma vez que os mesmos podem interferir na auto percepção de fadiga e estão ligados com uma maior inatividade. No critério perda de peso não intencional, 13% eram frágeis no presente estudo, diferentemente dos 6% encontrados no trabalho de Fried. Esse fato talvez seja justificado pela baixa atividade física encontrada no primeiro grupo, o que pode contribuir para um quadro de sarcopenia, que refere como uma de suas características, a perda de peso não intencional. Cabe ressaltar que a dinamometria de preensão manual também é um indicador indireto para se estudar a sarcopenia 33 (REBELATTO, 2007), e neste quesito não houve diferença entre os valores encontrados no presente estudo e no de Fried, neste sentido futuros trabalhos devem avaliar a possível presença de comorbidades que podem ter interferido nesta perda de peso não intencional. Neste estudo 33% dos indivíduos relataram ter sofrido pelo menos uma queda no último ano, resultado semelhante ao encontrado por Perracini e Ramos (2002) e Rodrigues (2009). Dentre os indivíduos “caidores”, 74% são compostos por mulheres, dado que condiz com os trabalhos de Boyd e Stevens (2009). Já a preocupação com a possibilidade de cair, mensurada através da FES-I, mostrou uma média superior nas mulheres assim como Yardley (2005), sendo que houve uma diferença estatisticamente significativa entre os gêneros (p<0,000), esses dados podem ser explicados pelo fato de as mulheres caírem mais, portanto podem acabar tendo um maior preocupação e até medo com uma possível queda e também pelo fato de que culturalmente os homens não expressarem tanto seus sentimentos, principalmente em relação ao medo (VELLAS, 1997). No teste de velocidade de marcha, o gênero feminino apresentou um desempenho inferior, caracterizado por velocidade média igual a 1,75 m/s2, enquanto os homens alcançaram média de 1,96 m/s2. Tais dados estão em concordância com os achados de Melo (2009). No trabalho de Abreu e Caldas (2008) constatou-se que o grupo de menor velocidade de marcha apresentou uma incidência maior de quedas, situação também encontrada no presente estudo, em que as mulheres possuem velocidade mais lenta e caem mais do que os homens. Houve associação estatisticamente significativa ao comparar as médias através do teste t de student entre velocidade de marcha, FES-I e número de quedas. Esses dados estão em concordância com estudo de Camargos (2007) que, apesar de a velocidade não ter sido seu objeto de pesquisa, encontrou associação estatiscamente significativa entre FES-I e quedas, diferentemente do estudo de Rodrigues (2009) que não encontrou associação estatisticamente significativa entre quedas, medo de cair e velocidade de marcha. No presente estudo foi feita ainda uma correlação de Pearson entre as três variáveis, o qual constatou-se correlação estatisticamente significativa entre todas elas. A correlação entre FES-I, velocidade de marcha e quedas da amostra dividida em frágeis não foi estatisticamente significativa. Tal fato talvez se justifique pelo pequeno número de indivíduos frágeis (n=40). No entanto, em sujeitos não 34 frágeis, cujo número é expressivamente maior (n= 384), houve correlação estatisticamente significativa entre número de quedas e FES-I (r=0,122, p<0,05); entre FES-I e velocidade de marcha (r=-276, p<0,0001), mas não houve correlação estatisticamente significativa entre número de quedas e velocidade de marcha. Em relação a estes aspectos é possível constatar que a preocupação com a possibilidade de cair interfere muito mais na velocidade de marcha do que propriamente no número de quedas. Scheffer (2008) realizou uma revisão sistemática a respeito da prevalência do medo de cair e constatou que 50% das pessoas que possuíam medo de cair não haviam tido a experiência de uma queda anteriormente. Vellas (1997) afirma que o equilíbrio e problemas na marcha estão fortemente associados ao medo de cair, assim como constatou-se no presente trabalho. Uma limitação deste estudo foi possivelmente a utilização de um questionário de auto relato sobre quedas e também de um auto-relato sobre a preocupação em cair, apesar de a FES-I ser validada no Brasil, pode ter havido algum viés de memória nos dados. Outro aspecto a ser considerado é o cálculo da velocidade de marcha, que apesar de ter obedecido um protocolo padrão, não considerou os tempos de aceleração e desaceleração, necessitando de um ∆S maior que 4,6 metros. Porém, como as entrevistas foram realizadas no domicílio dos idosos e não em um laboratório de marcha, seria inviável tal medida. Futuros estudos podem avaliar a correlação dessas variáveis em uma amostra maior de indivíduos frágeis de modo que o número pequeno de indivíduos não seja um fator que interfira nos resultados, assim como também pesquisar em indivíduos institucionalizados e comparar o desempenho deste grupo com os idosos da comunidade. 35 11 CONCLUSÃO O estudo mostrou que as variáveis auto-eficácia para quedas, quedas e velocidade de marcha possuem associação estatisticamente significativa entre si nos indivíduos idosos de Juiz de Fora e que as mesmas em conjunto explicam 48% da fragilidade, mostrando serem boas preditoras do desfecho mencionado. Com base nesses dados, poderão ser desenvolvidos modelos de diagnóstico e cuidado para o idoso frágil (detecção precoce e tratamento) e para o idoso não-frágil (prevenção primária) na população de Juiz de Fora com a utilização de instrumentos validados para o país, considerando que ainda não existem trabalhos dessa natureza e com essa abrangência na realidade brasileira. 36 REFERÊNCIAS ABREU S.S.E., CALDAS C.P. Velocidade de marcha, equilíbrio e idade: um estudo correlacional entre idosas praticantes e idosas não praticantes de um programa de exercícios terapêuticos. Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 12, n. 4, p. 324-30, jul./ago. 2008. BASSEY, E., BENDAL, M., & PERSON, M. (1988). Muscle strength in the triceps surae and objectively measured customary walking activity in men and women over 65 years of age. Clinical Science, 74: 85-89. BORGES, S.M.; CINTRA, F.A., Relação entre acuidade visual e atividades de vida diária em idosos em seguimento ambulatorial, Ver. Bras. 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Neste estudo pretendemos avaliar o que leva uma pessoa idosa a se tornar frágil e propensa a diversas complicações em seu envelhecimento. O motivo que nos leva a estudar o que se denomina “fragilidade em idosos”, entendida como uma síndrome clínica provocada por muitos fatores e caracterizada pela diminuição das reservas de energia e pela resistência reduzida aos fatores que levam ao stress físico e mental, é caracterizar tal síndrome na população idosa brasileira, incluindo a cidade de Juiz de Fora, de forma que se possam estabelecer critérios de diagnóstico que facilitem os trabalho das equipes de saúde nos diversos níveis de atenção informando a população sobre as possíveis consequências e perdas para os idosos acometidos. Para este estudo adotaremos os seguintes procedimentos: na primeira fase, os participantes serão recrutados entre idosos de bairros mediante amostra da pesquisa de censo populacional feita pelo IBGE na cidade de Juiz de Fora. Na segunda fase, os participantes serão entrevistados pela equipe do projeto que utilizará instrumentos de avaliações e questionários. Nestas avaliações, os pesquisadores farão perguntas sobre o estado de saúde física e mental; bem-estar subjetivo; risco de quedas; medidas corporais (peso, altura e massa corporal); medida de pressão arterial, força muscular e velocidade da marcha. A primeira sessão poderá ser em domicilio ou em outro local que venha a ser combinado com os idosos de cada localidade. Os formulários, as instruções e os equipamentos serão padronizados para todos os locais.. A coleta de dados será feita por acadêmicos dos cursos de Fisioterapia e Psicologia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Os recrutadores e entrevistadores de campo serão devidamente treinados e se apresentarão com crachá a documentação do Comitê de Ética da UFJF para serem identificados com segurança. A pesquisa da forma que será realizada é classificada como de risco mínimo aos idosos participantes. Espera-se somente benefícios aos mesmos no que diz respeito às ações que possam prevenir e diminuir os riscos de fragilidade. Para participar deste estudo o sr(a) não terá nenhum custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. O sr(a) será esclarecido(a) sobre o estudo em qualquer aspecto que desejar e estará livre para participar ou recusar-se a participar. Poderá retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é atendido pelos pesquisadores. Os pesquisadores irão tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. 43 Os resultados da pesquisa estarão à sua disposição quando finalizada. Seu nome ou o material que indique sua participação não será liberado sem a sua permissão. O (A) Sr (a) não será identificado em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo. Este termo de consentimento encontra-se impresso em duas vias, sendo que uma cópia será arquivada pelo pesquisador responsável e a outra lhe será fornecida. Eu, _____________________________________________________, portador do documento de identidade ___________________________ fui informado (a) dos objetivos do estudo pesquisa “Fragilidade em idosos brasileiros: avaliação de idosos da comunidade de Juiz de Fora”, de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que a qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar minha decisão de participar se assim o desejar. Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada à oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas. Juiz de Fora, __________ de __________________de 2008 . _______________________________________________________________________ Nome Assinatura do participante Data _______________________________________________________________________ Nome Assinatura do pesquisador Data _______________________________________________________________________ Nome Assinatura de testemunha Data Em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo, você poderá consultar o CEP – Comitê de Ética em Pesquisa/UFJF Campus Universitário da UFJF Pró-Reitoria de Pesquisa CEP 36036-900 Fone: (32) 2102-3788 44 ANEXO A ANEXO B ANEXO B 45 ANEXO B 46 ANEXO C Auto‐eficácia para quedas Eu vou fazer algumas perguntas sobre qual é sua preocupação a respeito da possibilidade de cair, enquanto realiza algumas atividades. Se o(a) Sr/Sra atualmente não faz a atividade citada (por ex. alguém vai às compras para o(a) Sr/Sra, responda de maneira a mostrar como se sentiria em relação a quedas caso fizesse tal atividade). Atenção: marcar a alternativa que mais se aproxima da opinião do idoso sobre o quão preocupado fica com a possibilidade de cair fazendo cada uma das seguintes atividades: 47 ANEXO D 48 ANEXO E 49 ANEXO F 50 ANEXO G 51 ANEXO H Medidas de Atividades Físicas e Antropométricas Questionário Minessota Solicitarei ao(à) Sr(a) que responda quais das atividades abaixo foi realizada nas últimas duas semanas (Para cada uma destas atividades perguntar em quais dias as realiza, o número de vezes por semana e o tempo que gastou com a atividade cada vez que a realizou). 52 53