< < O Fim das Possibilidades ? Teatro Nacional São João 25 novembro 2014 Conferência O Fim das Possibilidades? coorganização Teatro da Rainha, TNSJ Conferência integrada no projeto Fórum do Futuro 2014, comissariado pelo Pelouro da Cultura da Câmara Municipal do Porto. ter 10:00-13:00 | 15:00-18:00 O TNSJ é membro da 2 Programa J.B.: Eu não estou a brincar. Tenho a doença da antecipação. Na minha cabeça, eu vejo coisas hoje que vão acontecer amanhã, compreendes? A minha vida futura, eu vivo-a no presente. E a minha vida futura é uma catástrofe. Repara que não sou o único. Uma verdadeira epidemia. O futuro das pessoas como tu e eu já não existe. Sabes como é que ele chamou a isto, o tipo que me pagou um copo, quando tudo se fecha à tua frente e já não há horizonte? “O fim das possibilidades”, disse ele. Jean-Pierre Sarrazac – O Fim das Possibilidades 10:00 Leitura de excerto de O Fim das Possibilidades 10:30-13:00 Mesa 1 Jean-Pierre Sarrazac Alexandra Moreira da Silva João Barrento moderação Nuno Carinhas 15:00-17:30 Mesa 2 Alexandra Lucas Coelho Fernando Mora Ramos Jacinto Lucas Pires José Vítor Malheiros moderação Pedro Sobrado 17:30-18:00 Sessão de encerramento com Nuno Carinhas e Fernando Mora Ramos 3 Fazer e falar para além da indignação do dia-a-dia Temos por hábito a prática de diálogos à volta dos espectáculos produzidos pela Casa, convidando personalidades das mais variadas áreas de conhecimento. Recordamos O que resta de Deus (Breve Sumário da História de Deus, 2009); Análises ao Fado e ao Sangue (Antígona, 2010); Estados d’Alma (Alma, 2012); Falemos de casas (Casas Pardas, 2012); Coisas de que se pode falar (Ah, os dias felizes, 2013). Desta vez, antecipamo-nos a uma estreia. O objecto disponível e comum a todos os conferencistas é o texto dramático que se irá constituir em espectáculo, em Março de 2015, no palco do TNSJ. O título interrogado é pretexto para especulação mais alargada sobre as inquietações do Presente. O Futuro é substantivo sobejamente nomeado para acomodar temáticas culturais, artísticas e científicas, em prospecção de novas realidades anunciadas. Como ambicionar por futuro quando o presente é possibilidade de exercício mitigado de cidadania ferida de necessidades primárias? Em boa hora podemos inserir este painel numa conferência da Cidade, já que não nos apetece procrastinar possibilidades, podendo assim alargar razões e argumentos ao espaço público: porquê agora, para quando, por quanto tempo mais. Fazer e falar para além da indignação do dia-a-dia, que se verte em fragmentos de revolta imediatista entre amigos de redes sociais (esses outros novos amigos), discorrendo sobre a desigualdade e a exclusão, sobre o poder e o confronto. As personagens de O Fim das Possibilidades de Jean-Pierre Sarrazac são maiores que as circunstâncias históricas reconhecíveis em que se inscrevem – os nossos dias, as nossas síndromes, os nossos desesperos e ambições. Falam em nome próprio, expressam a identidade esbatida duma experiencia de vida que já era, reclamam passagem para outra condição. São as grandes personagens d’O Teatro do Mundo Global. É de instintiva inquietação a condição da divina fragilidade humana, a pequenez de quem não pode ou pode pouco; ou já não quer ser (porque esgotadas as possibilidades) senão um mártir exemplar. Mas já nem Satã permite o livre-arbítrio às criaturas, subscrevendo a famosa convicção: ai, aguentam, aguentam. Nuno Carinhas Director Artístico do TNSJ Texto escrito de acordo com a antiga ortografia. 5 O Fim das Possibilidades: apresentação O mundo está em crise, a máquina bloqueada, o desemprego e a miséria não param de crescer, populações inteiras são expulsas do círculo virtuoso do crescimento. É o “fim das possibilidades”, que dá lugar a um grande desespero e desencadeia uma vaga de suicídios. Deus envia então aos humanos um singular emissário, de seu nome Satã. O enviado das mais altas esferas decide organizar uma espécie de transumância ou de migração, que consiste em deslocar os mais pobres, os mais desfavorecidos, os não-rentáveis – desempregados, sem-abrigo, sem-papéis, imigrantes – para as profundezas da terra. O objetivo é purgar a sociedade de todos estes seres marginalizados, impedindo-os de cometer esse ato fatal – culpabilizado pelos endinheirados – que consiste em atentar contra a sua própria vida. Mas Satã, ou seja, O Adversário, vai procurar um interlocutor na pessoa de um pequeno assalariado, J.B. – Jean-Baptiste, apelidado de J.B. por causa da sua marca favorita de whisky e talvez, também, por nos lembrar o Job da Bíblia. O Adversário surpreende J.B. no momento em que este jovem pai de família está a ponto de se enforcar. O Adversário corta a corda e salva in extremis o candidato a suicida. Ele pelo menos assim o pretende. J.B., por seu lado, garante que está bem morto. E para que não restem dúvidas, passeia-se por todo o lado com uma corda ao pescoço e a cabeça à banda. A controvérsia instala-se e uma verdadeira rede de resistência é criada à volta de J.B., formada pela sua mulher Gladys, caixa de um supermercado, do seu amigo Mamadou, segurança nessa mesma loja, e a ladrazita por quem Mamadou se apaixona… O Senhor J.B., esse Job moderno, campeão não só da sobrevivência como da “sobremorrência”, desafia Satã, ou seja, O Adversário, até mesmo nas entranhas da terra, lá para onde são deportados os danados da sociedade, esses Sem-Rosto que o poder de Cima gostaria de ver desaparecer sem alvoroço e banir com o seu próprio consentimento da superfície da terra. Uma parábola da crise económica, social, política que atravessamos hoje na Europa. Uma fábula “satânica” onde o cómico cria raízes numa tragédia social. Uma peça para lá de todo o realismo, para melhor questionar a realidade. Jean-Pierre Sarrazac 6 O fim, as possibilidades, o futuro, das possibilidades, o fim João Baptista, Job, J.B., três vidas num só corpo: o sujeito de uma convicção, “profeta” alegre de possibilidades previsíveis de futuro do seu microcosmos familiar, aquele outro que passa todas as provações e resiste, sempre-em-pé (por ironia, Job é job, e é perdendo o emprego que se inicia o drama), e o que se metamorfoseia pelo álcool, caminhando no seu monodrama, mesmo post mortem: nesse lugar, a vida é uma paisagem observável, iluminada, clarificado o aquém num além metodológico e ficcional. Na variação se encerra uma vida espartilhada, em estilhaços, um percurso de luta pelo eu, se esta aspira, impulso vital no tempo e no espaço, a uma unidade em busca de identidade no confronto com um fora que é poder, coação e ideologia. Já Pirandello falava da criatura fora de tom, da máscara, do ser ao lado, dano colateral assumido de si mesmo, e Pessoa praticava a despersonalização, disponibilidade mental de acolher outros e de multiplicar-se em eus descobertos a descobrir. Entre o eu e o mundo, o sujeito dobra-se, bifurca-se, estilhaça, triplica, multiplica-se, agacha-se e o drama explode (intrasubjectivo e intersubjectivo), sensação de incompletude e ansiedade – doença da antecipação, assim a nomeia Sarrazac. João Baptista é bom pai de família. É um profissional competente que a idade – vista como prejuízo nos tempos que correm e como peso improdutivo pelo superior hierárquico (doberman, chama-lhe J.B.) – põe na prateleira. Perdido no mar da vida com o desemprego à vista, naufraga: o futuro é agora uma parede em que encalha. J.B. é resistente, amigo do seu amigo e torna-se um desesperado (um desperado), ansioso sob a tortura que o pressiona agora dia-a-dia: logo vive a amada como divórcio irremediável, alucina de ter observado a casa despejada e os filhos no meio da mobília ao ar livre, vê-se sem-abrigo, está sem rumo. Reage. Anarquista suicidário, alcoólatra, estratego de uma só arma, faz do seu corpo o refém a negociar. Viverá mesmo que morto, de pescoço à banda, num enforcamento que é perpétuo gesto de acusação: mais que politizado, J.B. é um explosivo, a implosão é a vertente 7 inevitável do seu reactivismo sentimental, um instrumento de se dar a ver. De facto, basta accionar a lucrativa mina narrativa que é a própria vida (em drama exposta) no espectáculo do nosso real virtualizado, sangrando a sua acusação. A biopolítica trouxe consigo esse politicamente correcto de uma consciência do Estado que determina um bem-estar dos corpos dos cidadãos, destinando-lhes a dieta e gerindo constantemente o estatístico como verdade circunstancial a mentir. Esse Estado tutela a vida em nome da própria boa administração dos corpos, mas morrer no Mediterrâneo em busca de uma Europa que deixou de o ser é acontecimento diário; o desemprego é só uma variável numérica; a saúde, um equilíbrio ingovernável de cortes que aumentam a despesa; a escola, uma loja de cadeiras-mercadoria e uma suposta fábrica de adequação ao emprego que não existe; a política, um negócio entre público e privado; as periferias, chagas policiadas; o interior, o-fim-de-um-mundo; as assimetrias, a fractura exposta de opções estruturantes afirmadas como soluções. A democracia é um nome para o seu contrário. J.B. perdeu-se no centro instável de si mesmo, forçado a isso. O que seria um percurso possível de vida do seu núcleo familiar esbarra com a economia, com a rendibilidade, com a velocidade. A luta pelo caminho de uma estabilidade continuada não tem futuro, a estrada terminou de surpresa num abismo. A possibilidade é agora a de ser um sem-rosto. Tem diante de si O Fim das Possibilidades. É a chegada de uma opressão de novo tipo: a organização das sociedades como um extenso campo de formas de administração dos cidadãos que praticam a austeridade como via única, a não-vida como vida, o purgatório como paraíso. A propaganda pinta como necessário e único o que na realidade é cru e cinzento, violência: o Estado que administra os corpos assassina pela correcção estatística. Estamos certamente a viver abaixo das possibilidades, enquanto ELES lucram acima de todas as metas exponenciadas. Na peça, o ministro principal de Deus (Satã, dito O Adversário) propõe uma transumância dos humanos-despesa-improdutiva (pela idade, pela diferença, pela deficiência, pela loucura, pela raça, pelo que for) para um desterro altamente organizado em que podem viver arregimentados – fala-se do Sheol, país do esquecimento na Bíblia, um nome para terras do Hades. Aí, a possibilidade é sobreviver: mínimos existenciais como pura administração diária. Para Deus, a economia é um assunto fora da omnipotência: o projecto é aprovado com um gesto de “não me metas nesses assuntos que a minha sensibilidade é divina, não suporta as arestas da realidade, nem o sangue” – “não matarás”. “Tudo o mais, poderás fazer em defesa dos interesses superiores do mundo como ele é, sem mudança, eternidade fluindo sem catástrofe que aqui chegue, onde permaneço na minha invisibilidade omnipresente, no silêncio absoluto como convém à sesta de Deus, sem hora.” Nesse gigantesco falanstério à escala global que o financismo está a construir como distopia, respirar será objecto de contrato. J.B. suicida-se por estratégia: a sua ideia é atirar o seu drama para o espaço mediatizado, para o espaço cénico; e do lado de lá, da morte 8 acusadora, refazer a razão cínica do que o levou ao abismo chamando os bois pelos nomes, acusando o adversário como organizador homicida de um tipo de campo da morte na sociedade como todo – uma “morte lenta”, nome do campo do Tarrafal de trágica memória. A expressão pode parecer excessiva, mas uso-a para que, pelo excesso, a verdadeira gravidade do que se faz se torne presente – esse é o desígnio da futura representação teatral. O facto é que somos dois milhões de pobres, um infinito número de gente sem-abrigo e de emprego precário, e centenas de milhares os que partiram. Como me dizia um amigo: a possibilidade, de um dia para o outro, de quem está na tal classe média cair na miséria tornou-se real, é “normal” – é apenas cair para fora da tal zona de conforto. O Fim das Possibilidades põe isto a nu, mas fá-lo na linguagem da parábola, o que significa na escrita um voo poético e na estrutura uma construção de caminhos paralelos que se vão referindo um ao outro, sucessivamente, num avançar da fábula que possibilita o pensamento através do juízo comparativo. É a possibilidade que a peça propõe como um começo novo, o do pensamento que emerge no exterior da receita propagandeada de pensar e dos rituais ideológicos mediatizados. É aí o teatro, é esse o teatro que ainda tenta a cidade, outra possibilidade comunitária na sua assembleia. E fazendo esse percurso regressamos ao que Sarrazac, no seu ensaio sobre a parábola, diz ser a infância do teatro. A parábola é popular, um tipo de pensamento que surge aforístico, fragmentário e associativo, anónimo, fruto do filtro tempo. É compreensível para a maior parte e não simplifica, não basifica, sendo que é uma estrutura livre de convocar os mundos que entender: o Livro de Job, a Eneida, o Kafka da Metamorfose, Woyzeck, o Sheol como a face da globalização que aí está, citando Aragon e mesmo o espírito demonstrativo das moralidades medievais. Job é a multitude, a multidão. Em boa verdade – e as boas são raras –, J.B. ou Job, um sem-rosto, somos todos nós. Fernando Mora Ramos Director Artístico do Teatro da Rainha Texto escrito de acordo com a antiga ortografia. 9 Jean-Pierre Sarrazac Nasceu em 1946. Dramaturgo, encenador, ensaísta. Professor emérito de Dramaturgia na Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris 3. Professor convidado na Universidade de Louvain-la-Neuve. Escreveu uma vintena de peças, entre as quais Lazare lui aussi rêvait d’eldorado (enc. Thierry Bosc, Le Palace – Paris, 1976); La Silhouette et l’effigie (enc. Jean-Pierre Sarrazac, Comédie de Caen, 1982); L’Enfant-roi (leitura encenada por Jean-Louis Hourdin, Théâtre Ouvert – Paris, 1984); Le Mariage des morts (enc. Jacques Lassalle, Théâtre de la Ville – Paris e Théâtre National de Strasbourg, 1986‑87); La Passion du jardinier (enc. Pierre-Etienne Heymann, Maison des Arts de Créteil, 1989, entre numerosas outras encenações, a última das quais por Olivier Perrier e Les Fédérés, em 2002-03); Est-ce déjà le soir, esquisse pour un chœur européen (enc. Christian Schiaretti, Festival d’Avignon, 1990); Harriet (enc. Claude Yersin, Nouveau Théâtre d’Angers e Théâtre Paris-Villette, 1993); Les Inséparables (enc. Guy Touraille, La Rose des Vents – Villeneuve d’Ascq, 1995); La Fugitive (enc. Jean-Yves Lazennec, Théâtre Maxime‑Gorki – Le Petit-Quevilly, Théâtre 13 – Paris, 1996); Envelhecer Diverte‑me (enc. Fernando Mora Ramos, CENDREV – Évora, 1998); Néo, trois panneaux d’apocalypse (enc. Gilles Chavassieux, Théâtre les Ateliers – Lyon, 1999); Mort d’un D.J. (radiodifundida pela France- -Culture em 2000); Cantiga para JÁ, Place de la Révolution (em colaboração com Christina Mirjol, enc. Jean-Pierre Sarrazac, Teatro Académico de Gil Vicente, Companhia de Teatro de Braga, Centro Dramático Galego, 2003); Ajax/retour(s) (2005); La Boule d’or (2007; leitura encenada por Jacques Lassalle, radiodifundida pela France-Culture em 2012). Autor de inúmeros livros de reflexão sobre o teatro, entre os quais L’Avenir du drame (livro que o TNSJ publicou em 2002) e Poétique du drame moderne: De Henrik Ibsen à Bernard-Marie Koltès (Seuil, 2010), Jean-Pierre Sarrazac foi distinguido com o Prix Thalie 2008 da Associação Internacional de Críticos de Teatro, prémio “destinado a distinguir uma personalidade que aportou uma contribuição maior ao teatro no mundo, contribuição suscetível de transformar o pensamento crítico sobre o teatro”. Alexandra Lucas Coelho Nasceu em Lisboa, em dezembro de 1967. Publicou cinco livros de reportagem-crónica-viagem: Oriente Próximo (2007), Caderno Afegão (2009), Viva México (2010), Tahrir (2011), Vai, Brasil (2013); e dois romances: E a Noite Roda (Grande Prémio de Romance e Novela da APE, 2012) e O Meu Amante de Domingo (2014). Tem carteira de jornalista desde janeiro de 1987. Viveu em Jerusalém e no Rio de Janeiro. É cronista no jornal Público. 11 Alexandra Moreira da Silva Professora no Instituto de Estudos de Teatro da Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris 3, investigadora do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa (FLUP) e do Groupe de recherche sur la Poétique du drame moderne et contemporain (Sorbonne Nouvelle – Paris 3). Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian entre 2000 e 2003, doutorou-se em 2007 com a tese La Question du poème dramatique dans le théâtre contemporain. Traduziu para português peças de autores clássicos e contemporâneos (Adel Hakim, Jean-Luc Lagarce, Molière, Dominique Pitoiset, Jean-Pierre Sarrazac, Karin Serres, Marguerite Yourcenar, Marguerite Duras, Samuel Beckett, Rafael Spregelburd) e os ensaios L’Avenir du drame e Critique du théâtre de Jean-Pierre Sarrazac. Para francês, traduziu peças do brasileiro Camilo Pellegrini e dos portugueses Miguel Castro Caldas, Pedro Eiras e Abel Neves. É membro dos comités de leitura da Maison Antoine Vitez e do festival de dramaturgias contemporâneas La Mousson d’été, e da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro (APCT). Entre 2009 e 2013, integrou o Júri do Prémio da Crítica atribuído anualmente pela APCT. Tem vários artigos publicados sobre tradução de textos de teatro, sobre práticas 12 cénicas e dramaturgia moderna e contemporânea. Em 2012, foi distinguida com o título de Chevalier dans l’Ordre des Palmes Académiques pelo Ministério da Educação Nacional francês, por serviços prestados à Cultura Francesa. Fernando Mora Ramos Ator e encenador, é de 1955 e faz teatro desde 1972-73. Inicia a sua experiência no TEUM – Teatro dos Estudantes Universitários de Moçambique. Faz Alberti, Brecht e Priestley. Com Mário Barradas como diretor do Conservatório Nacional, frequenta o curso de Dramaturgia no seu primeiro ano de existência. É aluno de Eduardo Prado Coelho, João Bénard da Costa, Rui Mário Gonçalves e Teresa Motta. É fundador do CCE-CENDREV com Mário Barradas e Luís Varela, dando início à primeira estrutura de criação e formação teatral fora de Lisboa após o 25 de Abril. Como bolseiro da Gulbenkian, estagia no Picollo Teatro de Milão com Giorgio Strehler e faz, na Sorbonne Nouvelle, uma Maîtrise em Estudos Teatrais, sob a orientação de Joseph Danan e Jean-Pierre Sarrazac. Realiza a sua primeira encenação em 1979 e de lá para cá já concretizou, entre trabalhos de encenação e de ator, mais de 120 criações. A destacar: Ella, de Herbert Achternbusch, Eu, Feuerbach, de Tankred Dorst, Weisman e Cara Vermelha, de George Tabori, Combate de Negro e de Cães, de Bernard-Marie Koltès, Definitivamente as Bahamas, de Martin Crimp, tendo feito muito Vicente, Molière, Marivaux e Goldoni. Foi coordenador do Dramat – Centro de Dramaturgias Contemporâneas do TNSJ, é professor especialista em Encenação e foi diretor de programação de Coimbra 2003 – Capital Nacional da Cultura. Dirige o Teatro da Rainha desde 1985. Jacinto Lucas Pires Publicou vários livros pela editora Cotovia, entre os quais Livro Usado (viagem ao Japão, 2001), Perfeitos Milagres (romance, 2007), Assobiar em Público (contos, 2008) e O Verdadeiro Ator (romance, 2011). Escreve peças de teatro para diferentes grupos e encenadores, das quais podemos destacar: Figurantes (2004, TNSJ, enc. Ricardo Pais), Silenciador (2008, Oficina, enc. Marcos Barbosa), Sagrada Família (2010, Culturgest/ Viriato, enc. Catarina Requeijo), Exactamente Antunes (2011, TNSJ, enc. Cristina Carvalhal e Nuno Carinhas), Adalberto Silva Silva (2012, para Ivo Alexandre) ou Interpretação (2014, Culturgest/Mundo Perfeito, para Tiago Rodrigues). Em Libretto (2014, Maria Matos Teatro Municipal/Centro Cultural Vila Flor/Ninguém, coautoria Alma Palacios), fez de escritor em palco. Realizou três curtas-metragens, Cinemaamor (1999), B.D. (2004) e Levantamento (2014). Foi-lhe atribuído em 2008, pela Universidade de Bari/Instituto Camões, o Prémio Europa – David Mourão-Ferreira. Faz parte, com Tomás Cunha Ferreira, da banda Os Quais, que, em 2012, lançou Pop é o contrário de pop. Canta ideias todas as semanas na TSF, no programa Canções Crónicas. O seu último romance, O Verdadeiro Ator, ganhou o Grande Prémio de Literatura DST 2013. Escreve no blogue O que eu gosto de bombas de gasolina. João Barrento Ensaísta e tradutor. Professor (aposentado) de Literatura Alemã e Comparada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Publicou cerca de vinte livros de ensaio, crítica literária e crónica, e traduziu literatura de língua alemã do século XVII à atualidade. Colaborador do jornal Público (1990-2006) e da maior parte das revistas literárias portuguesas. Vice-presidente do PEN Clube Português (1990-2006). Atualmente, é presidente da direção do Espaço Llansol – Associação de Estudos Llansolianos, responsável pelo espólio da escritora Maria Gabriela Llansol. Recebeu os mais importantes prémios portugueses para ensaio, crónica e tradução, e ainda o Prémio D. Dinis, a Cruz de Mérito Alemã (1991) e a Medalha Goethe (1998). 13 José Vítor Malheiros Consultor de Comunicação de Ciência e colunista da imprensa. É atualmente professor convidado do mestrado de Comunicação de Ciência da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e consultor da Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica. Foi jornalista durante a maior parte da sua vida profissional, tendo-se dedicado às áreas da Ciência, Tecnologia, Educação, Saúde e Ambiente. Criou e coordenou a primeira secção semanal de Ciência no semanário Expresso (1983), a primeira secção diária de Ciência no diário Público (1989) e fundou o site web do jornal Público (1995). Mantém há vários anos uma coluna semanal de opinião no Público, jornal do qual foi um dos fundadores e onde ocupou diferentes cargos ao nível da edição e direção. Além da sua atividade como jornalista, tem-se dedicado à formação de jornalistas e ao ensino do jornalismo a nível graduado e pós-graduado, assim como à divulgação da ciência e da tecnologia e à formação de investigadores no domínio da comunicação. Foi durante vários anos membro da direção da EUSJA – European Union of Science Journalists’ Associations. É coautor dos livros Como falar com jornalistas sem ficar à beira de um ataque de nervos (Gradiva, 2000), com António Granado, e Portugal 2020 (Fenda, 1998), com 14 Adelino Gomes e Teresa de Sousa. É membro ativo de vários movimentos cidadãos. É casado e tem três filhos. Vive em Lisboa. Nuno Carinhas Pintor, cenógrafo, figurinista e encenador. Como cenógrafo e figurinista, trabalhou com os encenadores Ricardo Pais, Fernanda Lapa, João Lourenço, Fernanda Alves e Jorge Listopad, os coreógrafos Paula Massano, Vasco Wellenkamp, Olga Roriz e Paulo Ribeiro, e o realizador Joaquim Leitão, entre outros. Em 2000, realizou a curta-metragem Retrato em Fuga (Menção Especial do Júri do Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente, 2001). Escreveu Uma Casa Contra o Mundo, texto encenado por João Paulo Costa (Ensemble, 2001). Dos espetáculos encenados para o TNSJ, refiram-se os seguintes: O Grande Teatro do Mundo, de Calderón de la Barca (1996); A Ilusão Cómica, de Corneille (1999); O Tio Vânia, de Tchékhov (2005); Todos os que Falam, quatro dramatículos de Samuel Beckett (2006); Beiras, três autos de Gil Vicente (2007); Tambores na Noite, de Bertolt Brecht (2009); Breve Sumário da História de Deus, de Gil Vicente (2009); Antígona, de Sófocles (2010); (com Cristina Carvalhal) Exactamente Antunes, de Jacinto Lucas Pires, a partir de Almada Negreiros (2011); Alma, de Gil Vicente; e Casas Pardas, de Maria Velho da Costa, com adaptação de Luísa Costa Gomes (2012). Em 2013, ano em que estreou no TNSJ Ah, os dias felizes, encenou na Casa da Música Quartett, ópera de Luca Francesconi, adaptação do texto de Heiner Müller. Encenou ainda textos de dramaturgos como Federico García Lorca, Brian Friel, Tom Murphy, Frank McGuinness, Wallace Shawn, Jean Cocteau, António José da Silva, Luísa Costa Gomes, entre muitos outros. É, desde março de 2009, diretor artístico do TNSJ. de Leitura e livros da coleção TNSJ/Húmus. Também no TNSJ, tem coordenado e participado em conferências e debates. Pedro Sobrado Porto, 1976. Licenciado em Ciências da Comunicação e pós-graduado em Cultura Contemporânea e Novas Tecnologias, concluiu recentemente uma dissertação de mestrado sobre Eugene O’Neill. É doutorando em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde prepara uma tese sobre Gil Vicente e o Breve Sumário da História de Deus. Dispersivamente, tem escrito sobre autores como Vicente, Almada Negreiros, Bertolt Brecht, Walter Benjamin e Robert Walser, bem como sobre temas bíblicos e teológicos. Participou como dramaturgista em espetáculos de Nuno Carinhas e, mais recentemente, de Ricardo Pais. Trabalha no departamento de Edições do TNSJ, onde assegura a coordenação editorial de programas de sala, Manuais 15 Ficha técnica TNSJ coordenação de produção Maria João Teixeira assistência de produção Maria do Céu Soares, Mónica Rocha direção de palco Rui Simão direção de cena Pedro Guimarães luz Filipe Pinheiro (coordenação), Abílio Vinhas, Adão Gonçalves, José Rodrigues, Nuno Gonçalves maquinaria Filipe Silva (coordenação), Adélio Pêra, António Quaresma, Carlos Barbosa, Lídio Pontes, Joel Santos, Joaquim Marques, Jorge Silva, Paulo Ferreira som Joel Azevedo vídeo Fernando Costa Apoios TNSJ Teatro Nacional São João Praça da Batalha 4000-102 Porto T 22 340 19 00 Teatro Carlos Alberto Rua das Oliveiras, 43 4050-449 Porto T 22 340 19 00 Mosteiro de São Bento da Vitória Rua de São Bento da Vitória 4050-543 Porto T 22 340 19 00 www.tnsj.pt [email protected] Edição Departamento de Edições do TNSJ coordenação João Luís Pereira design gráfico Joana Monteiro, Paul Hardman impressão Multitema Apoios à divulgação Agradecimentos TNSJ Câmara Municipal do Porto Polícia de Segurança Pública Mr. Piano/Pianos Rui Macedo 16 17 < < < 18