1
Nota Geral:
A leitura da Svetasvatara Upanishad, como de qualquer outra, não deve se restringir aos tópicos adotados nesta síntesereprodução, os quais foram subsumidos da estrutura do livro “As Upanishads”, de Carlos Alberto Tinôco, conforme está
ratificado na nota de roda pé n° 21, após o primeiro registro na nota de roda pé n° 1. Portanto, eu próprio deverei estar aberto
à sua leitura integral, não só uma, mas diversas vezes, quando novas interpretações deverão surgir, conforme sugestão e
sinalização do meu instrutor de Raja Yoga, Aristides Júnior. A propósito, o que se afirma na nota de roda pé n° 21, de que o
verso escolhido para caracterizar o ensinamento dos tópicos estruturados pelo professor Tinoco foi um quase-algo “amor à
primeira vista”, reflete o pouco ou até mesmo nenhum entendimento mais aprofundado de minha parte. Inclusive, a dupla
vertente dos tópicos 1, 3, 4, 5, 9, 10, 11 e 12 do item o que ensina a Svetasvatara sobre exigiria identificar versos
diferenciados para a pertinente caracterização, o que só foi possível identificar no tópico 11 por motivos óbvios. Portanto,
todos deverão dispensar uma boa dose de humildade para ler e reler escrituras de difíceis interpretações que oferecem facetas
ampliadas na medida em que se avança com a própria prática espiritual. A estrutura proposta pelo professor Tinoco quanto
aos ensinamentos das Upanishads expostos no Capítulo 11 do seu livro, destarte, é fruto do seu próprio esforço de um longo
tempo de estudo e prática espirituais, segundo consta no sobre o autor à página 344 do livro em tela.
Svetasvatara Upanishad1
Introdução de Shankaracharya2
Atman3 é essencialmente Consciência, Existência e Bem-Aventurança. Atman é único e sem segundo. Ainda
assim, ele torna-se vítima de avidya4, que repousa no Atman e é dependente dele. A existência de avidya é
oriunda da experiência universal expressa por afirmações tais como: “Eu sou ignorante”; “Eu não conheço a
mim mesmo”; etc. Caindo sob o encantamento de avidya, Atman fica perdido, como se fosse desligado da
infinita majestade e conhecimento que Lhes são inatos. Ele, portanto, cai prisioneiro de tribulações
intermináveis. Sob o poder de avidya, o Atman considera o que não é o Bem Mais Elevado como o Bem Mais
Elevado, desejado por todos. Portanto, o Atman individual, sendo incapaz de experimentar a Liberação5, que é
realmente o Bem Mais Elevado, cai no oceano do samsara6 e nele vagueia – assumindo os corpos dos deuses7,
homens, animais ou pássaros – perseguido pelas feras da malícia, ódio e paixão. No curso de sua peregrinação,
por acaso Ele pode realizar algumas ações meritórias e nascer como um brahmin ou algum ser humano similar,
versado no conhecimento de Brahman8. Então, quando Ele realiza ações, Ele oferece o resultado a Deus e tornase livre do apego, do ódio e de outras manchas similares. Portanto, tornando-Se puro de coração, Ele percebe a
natureza transitória do mundo9 e cultiva um espírito de desapaixonamento para com os objetos do mundo, aqui e
em outras vidas. (Buscando o Conhecimento de Brahman), Ele se aproxima de um preceptor espiritual e dele
ouve os ensinamentos e neles medita. Finalmente Ele percebe a unicidade de Brahman e do Ser Interno10, como
está resumido na afirmação védica: “Eu sou Brahman”; livra-se de avidya e de seu efeito (experiência de prazer
e dor), e torna-se liberto da dor. Isto é chamado de Liberação11, caracterizado pela cessação da ignorância e
obtida através do conhecimento.
Por isso, é da natureza das coisas que a Upanishad deva se encarregar de ensinar o Conhecimento de Brahman,
cujo objetivo é a destruição da ignorância. Que o conhecimento de Brahman concede imortalidade, é sabido das
seguintes passagens do Sruti12 e do Smriti13.
1
Síntese-reprodução do Capítulo 10, Svetasvatara Upanishad, combinada com a parte pertinente contida no Capítulo 11, do
livro As Upanishad, de Carlos Alberto Tinôco, publicado em São Paulo, pela IBRASA, em 1996.
2
Transcrito por Tinôco do livro The Upanishad, de Swami Nikhilananda, publicado em New York por RamakrishnaVivekananda, em 1990.
3
Ou Jiva, ou Purusha.
4
Ignorância.
5
Moksha.
6
Ciclos de nascimento e morte; ciclos de dor.
7
Devas.
8
Alma universal de onde tudo se original e para onde tudo converge ou retorna. É o EU superior idêntico ao Atman ou
Purusha. Brahman está dentro do coração dos homens e dentro de todas as coisas, vivas e inanimadas. É imanente e
transcendente ao universo. A identificação do Atman com Brahman é a fórmula das Upanishads. (Tinôco, p. 334)
9
Princípio da impernanência das coisas.
10
Atman; Purusha; Jiva.
11
Ou libertação. Mokska.
12
Shruti (“revelação”). A revelação védica, que compreende os quatro Vedas, os Brâhmanas, os Aranyakas [acréscimo de
Aristides Júnior] e os Upanishads. (Feuerstein, George. A Tradição do Yoga. São Paulo: Pensamento, 2006. p. 546).
13
Smriti (“memória, sabedoria lembrada”). A tradição enquanto distinta da revelação (shruti). (Feuerstein, Obra citada. p.
546).
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2
As revelações védicas na Svetasvatara – um Sruti:
1.
2.
3.
4.
Ao conhecê-Lo (Brahman) como aquele que sozinho permeia o universo, o homem torna-se imortal
(III, 7)14;
Aquele que verdadeiramente consegue realiza-Lo como o Senhor Supremo ... alcança a suprema paz
(IV, 11);
Aquele que O conhece, verdadeiramente perde o medo da morte (IV, 15);
Os deuses e os videntes dos tempos remotos foram capazes de conhecê-Lo, tornando-se unos com
Brahman, alcançando a imortalidade
As memórias ou sabedoria lembrada no Bhagavad Gita – um Smriti:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Investido com a quietude da mente, abandonam-se neste mesma vida, tanto as boas ações como as más
ações (II, 50);
Os sábios de mente quieta renunciam ao fruto da ação. Libertos dos grilhões do nascimento, eles
atingem o que está além de todo o mal (II, 51);
Pela balsa do Conhecimento, somente, será você conduzido sobre todo pecado (IV, 36);
O fogo do conhecimento reduz todos os trabalhos a cinzas (IV, 37);
Conhecendo isto (o ensinamento sobre Brahman) um homem torna-se sábio, ó Bharata, e cumpre todos
os seus deveres (XV, 55);
Então, tendo Me conhecido verdadeiramente, ele imediatamente entra dentro de Mim (XVIII, 55).
Assim, os Srutis, exemplificados com versos do Svetasvatara Upanishad, o os Smritis, exemplificado com versos
do Bhagavad Gita, além dos Vedas e dos Itiharas, falam somente do Conhecimento como meio para a Liberação.
Portanto, é justo que o ensinamento da Upanishad, cujo propósito é mostrar o caminho do Conhecimento, deva
começar.
Além do mais, o próprio significado etimológico da palavra Upanishad denota que o Conhecimento15, somente, é
a disciplina para se alcançar a Liberação, que é o Mais Elevado Bem do homem. A Upanishad, quando aprendida
de um professor qualificado, destrói completamente a ignorância ... A raiz verbal SHAD significa “desatar”,
“alcançar” e “destruir”. Pela palavra Upanishad é demonstrado o Conhecimento de Brahman, que se busca
estabelecer na Svetasvatara Upanishad, a qual pretendemos explicar. Já que o livro visa estabelecer este mesmo
conhecimento, é também chamado, portanto, de Upanishad.
Em resumo: o Conhecimento de Brahman, que outorga o Mais Elevado Bem, é designado como Upanishad
porque despedaça e destrói avidya, ou a ignorância, a semente do samsara, naqueles buscadores da Liberação
que, tendo perdido toda a sede por objetos vistos na terra, ou que, por ouvir falar, existam no céu, perseguem este
Conhecimento com total firmeza e devoção. O Conhecimento de Brahman é também denominado Upanishad
pelo motivo adicional de permitir aos buscadores acima mencionados alcançarem o Supremo Brahman; ou
desatar para eles o nó da miséria caracterizada pela possibilidade de morar num útero e experimentar o
nascimento, a velhice e a morte.
Das objeções
Uma primeira objeção pode ser levantada: se o Conhecimento de Brahman é o único meio de alcançar a
Liberação, então, poder-se-ia justificar os ensinamentos da Upanishad que estabelecem aquele Conhecimento;
mas isso não é assim, pois a prática de rituais também é citada como outorgante da Liberação. Por exemplo,
pode ser dita a seguinte passagem do Vedas: “Aqueles que executam o sacrifício conhecido como
Chaturmasyam adquirem mérito imorredouro”. Essa objeção, contudo, não pode ser aceita como válida, porque
contradiz os Smritis. Por exemplo, a seguinte passagem do Bhagavad Gita pode ser citada para refutá-la: “Assim
observando as injunções dos três Vedas e alimentando desejos, eles estão sujeitos à morte e ao renascimento”
(IX, 21).
Assim, a ação não pode ser meio para a Liberação, pois tal visão conflita com as injunções, tantos do Vedas16
quanto dos Smritis.
14
O primeiro número representa o capítulo; o segundo, o verso (sloka).
Vidya.
16
Tinôco cita, dentre outras, a Mundaka Upanishad, (I, 2, 12), para refutar igualmente a partir das revelações: “Nada que é
eterno pode ser produzido pelo que não é eterno”.
15
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3
O alcance da Liberação através da ação está em conflito, também, com a razão. Se a Liberação é fruto do Karma,
então deve ser um dos quatro tipos de frutos17. Todavia, tudo aquilo que é realizado por meio da ação é visto
como não-eterno. Ao passo em que todos concordam que a Liberação é eterna. Além disso, ao discutir rituais, os
Vedas falam dos frutos imortais dos sacrifícios. Mas como já foi sentenciado, o trabalho origina escravidão e não
pode conceder eterna Liberação.
Uma segunda objeção ao fato de que somente através do Conhecimento se alcança a Liberação, seria que por
meio da ação, de acordo com sua própria afirmação, alcança-se o estágio das deidades. Isto é escravidão? Sim, é
a réplica. O argumento está na concepção de que todos os trabalhos, por sua natureza, criam escravidão.
Para ratificar o argumento mais uma vez encontra-se amparo no Bhagavad Gita18:
1.
2.
3.
Assim observando as injunções dos três Vedas e alimentando desejos ardentes, eles estão sujeitos à
morte e ao renascimento (IX, 21);
Ele que trabalha sem apego, submetendo suas ações a Brahman, é incorruptível pelo pecado, com uma
folha de lótus não é molhada pela água. Somente com o corpo, a mente, a compreensão dos sentidos, os
Yoguins agem sem apego, aspirando à purificação do coração (V, 10-11);
O que quer que você faça, o que quer que você coma, o que quer que você ofereça em sacrifício, o que
quer que você desista e o que quer que você pratique sob a forma de austeridades, faça isso como uma
oferenda a mim. Assim, você estará livre do cativeiro das ações, o qual produz bons e maus resultados.
Com sua mente firmemente estabelecida no Yoga da renúncia, você tornar-se-á livre e virá a Mim (IX,
27-28).
Portanto, se o trabalho é realizado apenas para a gratificação do Senhor, sem nenhum desejo pelos seus frutos,
então, isto causa a purificação do coração, a qual, sem troca, produz conhecimento relacionado ao alcance da
libertação. Assim, a ação desmotivada origina a Liberação, por estágios graduais.
Neste sentido, a Liberação é impossível sem a purificação do coração. O coração é purificado pelo trabalho. Este
é o processo para alcançar a Liberação.
Uma terceira objeção referente ao fato de que somente através do Conhecimento se alcança a Liberação surge da
passagem escritural contido num Smriti, que afirma que também o trabalho é um meio de obtenção da
Imortalidade: “Tanto as austeridades como o Conhecimento são os meios supremos para alcançar o Mais
Elevado Bem”. 19
A réplica está baseada no entendimento de que é verdade que o trabalho é um meio para a Liberação, mas este
não é um meio direto. Como já visto, na medida em que a conquista da Liberação depende da purificação do
coração, o que só pode ser adquirido através do trabalho. Assim, se diz que a ação conduz à Liberação somente
num sentido indireto.
Os trechos confrontados, indubitavelmente, falam do Conhecimento e da ação como meios para a Liberação.
Alguém pode perguntar: “Então, como isso é possível?”. Devemos observar a sentença conclusiva de cada
citação, pois lá está a resposta. A questão da observância correta quanto ao trabalho – ou austeridades ou ação –
pode ser esclarecida com a seguinte conclusão: “O pecado é destruído através da austeridade e a Liberação é
conseguida através do Conhecimento”.
Uma quarta objeção, referente ao fato de que somente através do Conhecimento se alcança a Liberação advém
de uma outra passagem escritural, sugerindo que o homem que deseja longevidade ampla deve se engajar na
17
Tinôco esclarece: “Existem quarto tipos de ações. 1. Ação pela qual um objeto previamente não-existente é produzido; 2.
Ação pela qual um objeto é produzido pela transformação de outro; 3. Ação purificatória; 4. Ação pela qual se alcança um
objeto inatingido. Mas a Liberação ou Autoconhecimento, não pertence a nenhuma dessas quatro categorias. Ela é sempre
existente, imutável, sempre pura e é o Ser Interno de todos.
18
Tinôco cita, dentre outras, a Mundaka Upanishad, (I, 2, 10), para refutar igualmente a partir das revelações: “Tolos e
ignorantes, considerando os sacrifícios e os trabalhos humanitários como os mais elevados, não conhecem nenhum bem mais
alto. Tendo desfrutado suas recompensas ganhas pelos bons trabalhos, nos elevados céus, eles entram de novo neste mundo
ou em outro mais baixo”.
19
Aqui, julgo, adota-se a austeridade como equivalente ao trabalho, que se iguala também a ação. Portanto, pode-se entender
a segunda objeção como uma outra forma de assegurar o mesmo ensinamento.
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4
prática de rituais. Dessa condição decorre o questionamento: Se isto é assim, como é possível a alguém alcançar
a Liberação através do Conhecimento desacompanhado da ação?
A réplica está na afirmação de que o pertinente trecho das escrituras, se aplica somente àqueles que estão
autorizados à ação, e não àqueles conhecedores de Brahman que transcendem as necessidades da ação. Portanto,
os homens de Conhecimento não devem ser convocados a executar ações.
Neste sentido, o Bhagavad Gita sentencia: “Mas, certamente, o homem que se regozija no Eu, está satisfeito com
o Eu e está contente no Eu, apenas – ele não tem nada por que deva trabalhar com afinco. Ele não tem nenhuma
objeto a ganhar pelo que faz neste mundo, nem nada a perder pelo que deixa de fazer; nem existe ninguém dentre
todos os seres de quem ele possa depender por qualquer razão material” (III, 17-18).
Do que foi dito, não deve ser entendido que a ação ritual é de todo inútil para a aquisição do Conhecimento. Por
outro lado, uma vez adquirido, o Conhecimento de nada dependerá para causar a Liberação, ainda que haja a
necessidade da ação ritual como um pré-requisito para o Conhecimento. Assim, a utilidade da ação ritual é
afirmada, ainda que se afirme que não se aplica ao homem de Conhecimento.
Através do raciocínio e dos textos das escrituras indicadas acima, está estabelecido que somente o Conhecimento
seja o meio para a Liberação. Portanto, é justo que a Svetasvatara Upanishad deva ter o seu texto dirigido aos
aspirantes que desejem adquirir Conhecimento de Brahman.
...20
Pelos trechos das escrituras acima citados, do Sruti e do Smriti, pode-se observar que, por causa da ignorância,
as características do Eu são comparadas ao não-Eu, e vice-versa. O Svetasvatara Upanishad expõe seus
ensinamentos de forma a remover essa falsa comparação, para que o aspirante possa alcançar o Conhecimento
não-dual do Atman.
O que ensina o Svetasvatara sobre21
1.
A identidade entre Atman (alma individual) e Brahman (Alma Universal – Deus) [equação fundamental
das Upanishads ⇒ Brahman = Atman]:
O Supremo Senhor aparece como Ishvara, onisciente e onipresente, e como Jiva, com limitado
conhecimento e poder; ambos não tiveram nascimento; além deles, existe Prakriti, a matéria não-nascida,
aquela que cria o prazer, aquela que percebe o prazer e o objeto do prazer. O Atman é infinito e tudo
penetra. Quando o buscador da verdade percebe esses três aspectos como sendo Brahman, está livre de todos
os grilhões (I; 9) 22.
2.
As qualidades de Atman:
Quando o homem observa o Ser Interno, o qual permeia todas as coisas do mesmo modo que a manteiga
está contida no leite, então ele percebe que as raízes do Ser Interno são o auto-conhecimento e as
austeridades. Este é o Brahman ensinado pelas Upanishads; sim, este é o Brahman ensinado pelas
Upanishads (I; 16).23
3.
A possibilidade de se poder conhecer Brahman, Atman, através do Yoga e sobre a possibilidade de se
conhecer Brahman, Atman, através dos sentidos corpóreos, da racionalidade, do estudo dos textos
védicos, da prática de rituais e sacrifícios:
20
Tinôco transcreve ainda uma quinta objeção - se o cativeiro de Atman é irreal, então pode ser destruído apenas pelo
Conhecimento – para a qual está estabelecido uma réplica – percebem-se tanto os objetos reais quanto os irreais – que não
sintetizarei-reproduzirei, por ser de entendimento ainda mais complexo, ficando, pois, para uma outra oportunidade.
21
Ao invés de sintetizar-reproduzir o texto integral da Svetasvatara Upanishad, optou-se pela citação de trechos vinculados
aos tópicos do Capítulo 11 do livro de Tinôco. Vide nota de roda pé n.°1. Para cada tópico citar-se-á apenas um verso ou o
conjunto de versos seqüenciados, apesar da indicação ampla de Tinôco com vários versos e/ou conjunto de versos
seqüenciados. A escolha recaiu exatamente naqueles que este sintetizador-reprodutor entende ser neste momento o mais
representativo por facilidade de entendimento.
22
Tinôco também aponta este verso como ilustrativo para o ensinamento do tópico 12.
23
Tinôco também aponta este verso como ilustrativo para o ensinamento do tópico 1.
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5
a)
b)
c)
d)
e)
f)
g)
h)
i)
4.
Serve ao Brahman eterno através da bem-aventurança do Sol, a causa do universo. Sejas absorvido no
Brahman eterno, através do Samadhi. Assim, não se permanece ligado aos frutos do próprio trabalho
(II; 7);
O Homem sábio mantém seu corpo firme, com as três partes eretas (cabeça, pescoço e tronco) e com a
ajuda da mente volta seus sentidos para o coração e com a ajuda da balsa de Brahman, atravessa a
corrente assustadora do mundo (II; 8);
O yogue que possui esforço espiritual bem controlado, consegue regular os Pranas; quando eles estão
sob controle, o yogue respira pelas narinas. Então, ele, concentrado, mantém fixa sua mente, como o
guia da carruagem controla os cavalos furiosos (II; 9);
O Yoga deve ser praticado dentro de uma caverna, protegendo-se dos ventos fortes, ou em local puro,
plano, sem seixos e fogo, sem perturbações de barulho, seco, não agressivo e prazeroso aos olhos (II;
10);
Quando o Yoga é praticado, as primeiras formas que aparecem e que gradualmente manifestam
Brahman, são as de flocos de neve, luzes radiantes, sol, vento, fogo, fogo esvoaçante, luminosidade,
cristal e a lua (II; 11);
Quando a terra, a água, o fogo, o ar, e o éter aparecem, ou seja, quando os cinco atributos dos elementos
referidos nos livros de Yoga, tornam-se manifestos (cheiro, sabor, formas, tato e som), então o corpo do
yogue torna-se purificado pela chama do Yoga, ficando livre das doenças, da velhice e da morte (II;
12);
Os precursores da perfeição através do Yoga, disseram sobre eles mesmo que são luminosos e plenos de
saúde corporal, sem desejos atormentadores, aparência saudável, dotados de voz meiga e suave, com
odores corporais agradáveis e excreções leves (II; 13);
Como o ouro coberto pela terra brilha depois de limpo e polido, assim também o yogue, realizando a
verdade do Atman, torna-se uno com Ele, alcançando seu objetivo nesta vida, libertando-se para sempre
dos grilhões (II; 14);
Quando o yogue observa a real natureza de Brahman, através do conhecimento do Ser Interno, radiante
como uma lâmpada, então, conhecendo o não-nascido e imutável Senhor, que é intocado pela
ignorância, liberta-se de todos os medos (II; 15).
A mente (origem, estrutura, relação com o Atman) e sobre os estados de consciência:
a)
Ele, certamente, é o grande Purusha, o Senhor da criação, da preservação e da destruição; Ele inspira a
mente à procura do estado imaculado. Ele é o Condutor Supremo e a Luz imperecível (III; 12);
b) O Purusha, que não é maior que um polegar, está no Ser interno, residindo no coração do homem. Ele é
conhecido pela mente controlada e também pelo coração. Aqueles que O conhecem, tornam-se imortais
(III; 13).
5.
O Prana (energia vital) e suas variações (Apana, Vyana, Samana, Udana):
O yogue que possui esforço espiritual bem controlado, consegue regular os Pranas; quando eles estão sob
controle, o yogue respira pelas narinas. Então, ele, concentrado, mantém fixa sua mente, como o guia da
carruagem controla os cavalos furiosos (II; 9).24
6.
A sílaba sagrada OM, que representa Brahman:
a)
A forma invisível do fogo, enquanto repousa latente na sua própria fonte (as gravetos de madeira dos
quais se obtém fogo), não é percebida claramente; a sua forma sutil não é destruída. Sua fonte é o
persistente e contínuo atrito dos pedaços de madeira, de onde brota. Assim, o fogo existe de dois
modos; latentes na madeira e livre nas suas chamas. De igual modo, o Atman existe sob duas formas e,
como o fogo, pode ser alcançado neste corpo através da sílaba Om (I; 13);
b) Acomodando o corpo em postura adequada sobre uma peça baixa de madeira, usando a sílaba Om, e
através do calor produzido pela prática da meditação, pode o praticante perceber o seu próprio Ser
luminoso, oculto em si como o fogo na madeira (I; 14).
24
7.
A Importância do papel do Guru (Mestre espiritual) na Libertação dos discípulos (Moksha, Kaivalya):
a)
O mistério profundo do pensamento Vedanta foi elaborado nos ciclos anteriores da existência. Esse
conhecimento não poderia ter sido transmitido a pessoas cujas paixões não forma subjugados, nem
Tinôco também inclui este verso no conjunto de versos ilustrativos para o ensinamento do tópico 3.
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6
àqueles que não sejam um filho ou discípulo (VI; 22);Se estas verdades forem ditas a pessoas de mentes
elevadas, capazes de sentir grande devoção pelo Senhor Supremo ou pelo seu guru, então, elas
verdadeiramente brilharão; então, elas brilharão (VI; 23).
8.
Os Gunas:
Ele que é o apoio da imanifesta Prakriti e do Jiva. Ele que é o Senhor dos três gunas, a causa da vida
encarnada, da existência e da Liberação do Samsara, verdadeiramente é o Criador do universo, o Sábio
Maior, o Ser interno de todas as coisas, a Fonte de tudo. Ele é o onisciente Senhor, o Autor do tempo, o
Dono das virtudes. O que conhece todas as coisas (VI; 16).
9.
Os diversos corpos que “revestem” o Atman (upadhis) e a fisiologia mística (chakras, nadis, e relação
entre os Pranas e os órgãos sensoriais):
No período da criação, o Ser Supremo retirou para fora de Si mesmo, corpos vivos individuais, capazes de
aprisionar partículas divinas (Purushas) de diferentes modos. Então, no período da dissolução cósmica (no
início de um novo ciclo), criou e espalhou esses corpos novamente dentro da grande Prakriti. Outra vez, a
permanente Divindade criou os agregados de corpos e órgãos sensoriais, individual e coletivamente, e os
seus centros de consciência. Brahman colocou dentro da existência, vários deuses, cada um deles presidindo
um mundo e exercitou seus poderes sobre todos eles (V; 3).
10. O Karma e o Samsara (ciclo de morte-renascimento):
O yogue que executa ações e delas se retira, praticando uma, duas, três ou oito disciplinas25, unindo uns
princípios aos outros, ajudado pelas virtudes de sutis tendências (cultivadas em vidas passadas), alcança
a Liberação no curso da sua existência (VI; 3);
b) Aquele que alcança a pureza de coração pela prática de oferendas dedicadas ao Senhor, percebendo que
todas as coisas e seus efeitos estão mergulhados em Brahman, realiza o seu Ser verdadeiro,
transcendendo o mundo fenomênico. Libertando-se da ação de maya, coletiva ou individualmente, todas
as ações passadas (exceto o Prarabdha Karma) são destruídas, mesmo que ainda se esteja ocupando um
corpo físico. Ao ser destruído o seu Prarabdha Karma, o homem alcança a Liberação final (VI; 4). 26
a)
11. Avidya (ignorância) e Maya (ilusão que o mundo produz através dos sentidos)27:
a)
Deve-se estar atento para perceber que a matéria (Prakriti) é maya e que o Supremo Ser é o Senhor de
maya. A totalidade do universo é percebida através dos objetos, e estes são parte do Supremo (IV; 10);
b) No imutável, infinito e Supremo Brahman, permanecem ocultas a ignorância e o conhecimento. A
ignorância leva-nos ao mundo material, e o conhecimento leva-nos à Imortalidade. Brahman, quem
controla o conhecimento e a ignorância, é diferente de ambos (V; 1).
12. A gênese do universo, do mundo e do ser humano:
a)
Aquele que inicia a criação é o Grande Senhor, a causa da união do Ser com o corpo material. O Grande
Senhor está acima dos três tempos, pode ser percebido como destituído de partes. Após haver
reverenciado o adorável Senhor habitante do coração, possuidor de muitas formas e fonte verdadeira de
tudo, o homem que assim procede alcança a Liberação final (VI; 5);
b) Aquele de quem este universo emerge é grandioso, formando a Árvore do Mundo e o tempo. Quando
alguém O conhece por ser aquele que não possui morada, por ser cheio de bondade, por ser o destruidor
do mal, o Senhor cheio de poderes, o apoio imortal de todas as coisas, essa pessoa alcança a Liberação
(VI; 6).
Comentários Finais28
25
Seria o prenúncio dos oito membros de Patanjali?
Tinôco também inclui este verso no conjunto de versos ilustrativos para o ensinamento do tópico 11.
27
Excepcionalmente neste tópico, o sintetizador-reprodutor selecionou dois versos de dois conjuntos diferentes.
28
Retornamos ao Capítulo 10, agora com palavras do próprio Tinôco (vide notas de roda pé n.°s 1, 2 e 20). No contexto dos
comentários que Tinôco faz dos capítulos [da Svetasvatara], este sintetizador-reprodutor optou por registrar o início e o fim
dos mesmos, lançando em notas de roda pé os versos citados.
26
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7
Esta Upanishad é o 14° do Taittitiya ou Yajur Veda Negro. É considerado um texto de grande importância,
sendo-lhe atribuída muita autoridade. Tratados vendantas fazem-lhe amplas referências. Vários pensadores
vendantas, como Shankaracharya, Ramanuja e outros, fundamentam boa parte de suas argumentações nesta
Upanishad. Alguns dos seus versos podem ser relacionados à escola ortodoxa Samkhya, de Kapila.
A Svetasvatara Upanishad designa o Ser Supremo por vários nomes, tais como: Hara (I; 10); Rudra (III; 2), (III;
4), (IV; 12), (IV; 21) e (IV; 22); Bhagavan (III; 11); Agni (Fogo), Aditya (Sol), Vayu (Vento), Chandrama (Lua)
(IV; 2). Segundo os teólogos do hinduísmo, estes são termos usados para designar uma forma pessoal do Ser
supremo.
A Svetasvatara é formada por seis capítulos, sendo considerada uma Upanishad que enfatiza a existência de um
Ser Supremo distinto do mundo material.
O capítulo I traz slokas29 obscuros, como o (I; 4)30. A expressão “Roda do Poder de Brahman” refere-se ao
mundo material fenomênico, mutável. A palavra cruel pode ser interpretada como uma referência ao poder de
maya no seu aspecto causal. O triplo ornamento se refere aos três gunas: rajas, tamas e o sattva. Os dezesseis
raios são: os cincos elementos (terra, ar, fogo, água e éter), os cinco órgãos dos sentidos (olhos, ouvidos, narinas,
língua e pele), os cinco órgãos da ação (fala, ato de segurar, locomoção, evacuação e reprodução) e a mente. ... .
Os cinqüenta raios podem ser interpretados como: os cinco tipos de ignorância descritos por Patânjali (Y.S.; II;
3)31; as vinte e oito inabilidades ou ashaktis, que são: as causas das concepções errôneas (SAM. Su.; III; 38); as
nove inversões da satisfação (tutis) (Sam. Su.; III; 39); os oito siddhis (Sam. Su.; III; 40). Os vinte contra-raios
referem-se aos dez órgãos da percepção e da ação e os seus correspondentes objetos; as oito faces são os oito
aspectos de Prakriti (nome, éter, ar, fogo, água, terra, mente, buddhi e ahamkara ou ego). ... . A palavra corda se
refere à “corda do amor” que manifesta a si mesma como amor pelas crianças, pelo mundo celestial, etc. As três
estradas seriam: o caminho da virtude, o caminho do erro e o caminho do conhecimento. As duas causas da
ilusão seriam a ações virtuosa e a maldade. 32 ... . Os slokas (I; 15-16)33 [encerramento do capítulo] são de rara
beleza, enfatizando a importância da sinceridade e firmeza com que devemos buscar a Verdade.
O capítulo II inicia, destacando a prática do Yoga [sloka (II; 1-2)34], da meditação, como instrumento para
atingir Brahman. ... . O capítulo II se encerra com uma reverência ao “Senhor que deve ser adorado” ou Brahman
[sloka (II; 17)35].
O capítulo III inicia comparando as leis de Brahman que governam o mundo com laços ou redes que prendem o
homem. Brahman dirige, com seus poderes, todo o universo, fazendo o mundo retroceder ao lugar de origem no
final dos tempos, através do seu poder [sloka (III; 1)36]. ... . Quem assim conhece [clara equivalência entre o ser
individual chamado Purusha e o Supremo Ser – slokas (III;12-20)], torna-se livre da roda do nascimento e da
morte (III; 20-21)37 [encerrando o capítulo].
29
Versos.
“Os rishis viram a Roda do Poder de Brahman de aspecto cruel, como triplo ornamento, dezesseis partes finais, cinqüenta
raios, vinte contra-raios e oito faces; sua corda é múltipla; ela caminha sobre três estradas e sua ilusão surge de duas causas”.
31
“As perturbações [Klesa] são cinco: ignorância [Avidya], individualismo [Asmita], paixão [Raga], aversão [Dvesa] apego
[Abhinivesa]”. (Martins, Roberto. Significado e Bases do Raja-Yoga. Rio de Janeiro: Corifeu, 2007. pg. 89).
32
Ao longo do parágrafo Tinôco discute outras interpretações para as passagens do verso em referência.
33
“Como o óleo existente em algumas sementes, como a manteiga extraída do leite, como a água dos riachos ou o fogo
oculto na madeira, assim, o Ser Interno é realizado no interior do homem quando este O procura com a Verdade e a
austeridade”.
Quanto ao verso (I; 16), revê-lo no tópico 2 [o que ensina a Svetasvatara sobre as qualidades de Atman].
34
“Que o sol possa, no início da prática do Yoga, unir as nossas mentes e os outros órgãos ao Supremo Ser e assim,
possamos atingir o Conhecimento da Realidade. Que possa Ele, suportar os nossos corpos, essas elevadas entidades
materiais, através do poder das deidades que controlam nossos sentidos”.
“Após receber as beatitudes do divino sol e com nossas mentes unidas ao Ser Supremo, excederemos a nós mesmos e
alcançaremos nossos maiores poderes em busca da meditação; através da meditação, atingiremos Brahman”.
35
“O auto-luminoso Senhor, que está no fogo, que está na água, que está na totalidade do mundo, que está nas plantas, nas
árvores, Ele é o Senhor que deve ser adorado, sim, Ele é o Senhor que deve ser adorado!”.
36
“Suas leis que governam o mundo são como laços ou redes (Jala) que aprisionam o homem. Permanecendo sempre o
mesmo, Ele dirige, pelos Seus poderes, todos os mundos durante suas manifestações e contínuas existências. Aqueles que”.
37
“O Ser Interno, menor que o menor, maior do que o maior, está oculto no coração das escrituras. O sábio, pela
tranqüilidade da sua mente e equilíbrio dos seus sentidos, observa o Senhor Supremo, majestoso e sem máculas, tornando-se
livre dos grilhões e das amarras que prendem o homem ao mundo”.
“Eu conheço este Senhor primordial e puro, o Ser de todas as coisas, que está em todos os lugares e que tudo penetra. Ao
percebê-lo, o sábio se torna livre dos nascimentos. O sábio que conhece Brahman fala sobre Ele como sendo um Ser eterno”.
30
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8
O capítulo IV inicia com uma sugestão dualista, onde, com “as manifestações que seus poderes produzem”, Ele
gera o universo, retirando-se de Si [sloka (IV; 1)38]. ... . Os slokas (IV; 21-22)39 [encerrando o capítulo] são
pedidos de Rudra40 para ajudar o devoto na Libertação, na manutenção da saúde, dos filhos, do gado, dos
cavalos, do patrimônio material e até dos servos.
No capítulo V há um gênese (V; 2-3)41. ... . O sloka (V; 12)42 [quase ao final do capítulo constituído de 14
versos] explica o ciclo de nascimento e morte.
O capítulo VI inicia dizendo ser Brahman a verdadeira causa de tudo, e não o tempo ou outra razão qualquer (VI;
1)43. O praticante do Yoga, pela sua persistência e pelos seus méritos conseguidos em vidas anteriores, atinge
Brahman, libertando-se do samsara (VI; 3-4)44. ... . A Upanishad se encerra, fazendo referências ao sábio
Svetasvatara (VI; 21)45, cujo nome foi dado à Upanishad. O conhecimento das Upanishad foi elaborado em
tempos imemoriais, “nos ciclos anteriores da existência” (VI; 22)46, devendo ser ensinada apenas a um filho, a
um discípulo ou a alguém cujas paixões foram controladas.
Do grupo das 11 Upanishad mais importantes47, a Svetasvatara foi elaborada dentro de uma concepção
profundamente teísta. Sinais de forte devoção (bhakti) podem ser assinalados no texto, como meio de se realizar
o Supremo. A palavra Deva é usada frequentemente. ... . A Svetasvatara é considerada uma Upanishad nãodualista por muitos estudiosos do Vedanta, ainda que destaque os aspectos pessoas de Brahman.
Há vários comentários à Svetasvatara e os principais foram redigidos por Shankarananda, Narayana, Vijnana,
Madhava e outros filósofos. Há comentários escritos dentro das escolas do Vedanta, sobretudo a dualista e nãodualista...
38
“Ele é único e indiferenciado. Mediante as múltiplas manifestações que seus poderes produzem. Ele inicialmente, gera
diferentes objetos para propósitos ocultos e, ao final, retira de Si mesmo o universo. Ele é o auto-luminoso e Supremo Ser.
Possa Ele dotar-nos de intelecto claro”.
39
“Porque Tu, Ó Supremo Senhor, és não nascido, somente aquelas raras pessoas libertas do nascimento e da morte
encontram refúgio em teu Ser. Ó Rudra, possa a Tua face resplandecente proteger-me para sempre”.
“Ó Rudra, que a Tua ira não destrua nossos filhos; não destrua nossas vidas; não destrua nossas vacas ou cavalos; não destrua
nossos fortes servos. Eu o invocarei sempre com oblações, para a nosssa proteção”.
40
Um dos vários nomes com a Svetasvatara denomina o Supremo Ser.
41
“Ele, o Brahman não–dual, que governa tudo sob diversas posições e modos; Ele que controla todas as formas e fontes;
Ele, no início da criação, sentia através do onisciente Hiranyagarbha, Sua própria criação observada por Ele ao ser criada; Ele
é, ao mesmo tempo, conhecimento e ignorância”.
Quanto ao verso (V; 3), revê-lo no tópico 9 [o que ensina a Svetasvatara sobre as diversos corpos que “revestem” o Atman e
a fisiologia mística].
42
“O Ser encarnado, por meio das boas ou más ações cometidas por si mesmo, assume diversas formas, grosseiras e finas.
Em virtude das suas ações e também pelas características da sua mente, tais como conhecimento e desejos, o Ser assume
outros corpos para poder desfrutar os objetos materiais”.
43
“Alguns homens cultos falam da natureza inerente das coisas, outros falam do tempo (como causa das coisas). Todos eles
estão iludidos. A grandeza do Senhor é a verdadeira causa de tudo, dessa Roda de Brahman que faz o mundo caminhar”.
44
Quanto aos versos (V; 3-4), revê-lo no tópico 10 [o que ensina a Svetasvatara sobre o Karana e o Samsara].
45
“Através da austeridade e da graça do Senhor, o sábio Svetasvatara realizou Brahman e proclamou este sagrado
conhecimento desejado pelos videntes, aos samnyasins mais avançados”. [Samnyâsin = o que renuncia; a pessoa que pratica
samnyâsa = a prática de voltar a atenção para longe das coisas mundanas e direciona-la para Deus, geralmente acompanhada
pelo ato exterior de abandonar a vida convencional; também é possível, porém, uma renúncia puramente interior (Feuerstein,
Obra citada. p. 545)].
46
Quanto ao verso (VI; 22), revê-lo no tópico 7 [o que ensina a Svetasvatara sobre a importância do papel do Guru na
Libertação dos discípulos]. O último verso (VI; 23) também está reproduzido nesse tópico 7.
47
Tinôco esclarece na página 85 do livro objeto desta síntese-reprodução: “... Shankara, místico indiano do século IX d.C., a
quem se atribui grande responsabilidade no trabalho de contra-reforma do hinduísmo, considera apenas dezesseis, como as
mais importantes e fiéis ao pensamento védico. Ele escreveu comentários sobre onze delas, onde inclui citações das outras.
Essas onze Upanishads, consideradas como as mais importantes, seriam: 1. Isha; 2. Kena; 3. Katha; 4. Prasna; 5. Mundaka; 6.
Mandukya; 7. Taittiryia; 8. Aitareya; 9. Chandogya; 10. Brhadaranyaka; e 11. Svetasvatara. Esses textos constituem e
certamente constituirão, o principal objeto da atenção para todos os que pretendem estudar o pensamento védico”.
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