PLURALISMO E DIVERSIDADE NOS SERVIÇOS DE PROGRAMAS TELEVISIVOS ANÁLISE Evolutiva da Informação Diária – RTP1, RTP2, SIC e TVI em 2008, 2009, 2010 e 2011 No que respeita à visibilidade dada a acidentes e catástrofes, em domínio internacional, destacam-se na cobertura jornalística de 2011 acontecimentos relacionados com o sismo ocorrido em março na província de Fukushima (Japão) e consequente desastre nuclear. No mês antecedente, teve também cobertura mediática o sismo ocorrido na Nova Zelândia, e as enxurradas em janeiro no Brasil com enfoque nos vários mortos e desaparecidos. Também foram cobertos o sismo na cidade de Lorca, em Espanha, em maio, e as cheias em Itália em novembro. No contexto nacional, acidentes contextualizados pontuais foram identificados na amostra de 2011, como por exemplo acidentes rodoviários, uma explosão por fuga de gás, o desaparecimento de duas pessoas na sequência de um arrastamento provocado por uma vaga numa praia do concelho de Porto Moniz, na Madeira, a queda de uma ponte na cidade de Águeda e danos provocados por chuvas e mau tempo. Entre outros casos de justiça também marcantes da agenda mediá tica de 2011, estiveram o acompanhamento do julgamento do diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, que na sequência das queixas renunciou a esse cargo; o julgamento do autarca de Oeiras, Isaltino Morais; o processo Face Oculta que envolve uma rede por alegada corrupção implicando a sucateira de Manuel Godinho e negócios com o sector empresarial do Estado; o caso do ex-presidente do Sport Lisboa e Benfica, Vale e Azevedo; o processo judicial sobre ilegalidades no licenciamento do Freeport; a leitura da sentença de condenação de Henrique Sotero, denominado pelos média como violador de Telheiras; a ilibação da estudante americana Amanda Knox do homicídio de uma jovem britânica, sua colega de universidade em Itália onde estava em intercâmbio; o caso Cegos de Santa Maria em que um farmacêutico e uma técnica de farmácia foram acusados de um tratamento incorreto de seis pacientes que ficaram cegos. A cobertura jornalística de acontecimentos envolvendo crianças como Rui Pedro, Mari Luz e Maddie McCann foi realizada com base em contextos judiciais e policiais. Como aconteceu na cobertura de acontecimentos e problemáticas com enfoque político, também quando o enfoque temático foi economia, finanças e negócios deu destaque ao tema crise financeira e medidas de austeridade tomadas no âmbito do denominado acordo com a troica. Obtiveram destaque acontecimentos envolvendo organizações económicas e financeiras, como o FMI, o Banco Central Alemão, Banco de Portugal, a banca portuguesa e de outros países afetados pela crise (como a Grécia), as agências de rating norte-americanas, em particular a Moody’s, a Standard & Poor’s e a Fitch, nomeadamente a propósito da avaliação às economias dos vários estados-membros e a aquisição do BPN pelo BIC Angola. A cobertura mediática da crise financeira foi abordada a partir de diferentes assuntos, nomeadamente a crise na zona euro, o défice público português (crise da dívida pública), e a ajuda financeira externa do FMI, as relações de poder entre os vários estados-membros, designadamente envolvendo o acordo entre a chanceler alemã Angela Merkel e o Presidente francês Nicolas Sarkozy, as linhas de comparação estabelecidas entre a crise financeira na Irlanda e na Grécia, a crise financeira nos E.U.A., o debate em torno da questão da desvalorização do euro e os riscos de contágio. Com efeito, a crise financeira marcou a agenda mediática em ângulos temáticos que privilegiaram as esféras políticas e económicas, mas também com menções no plano social, por exemplo no reportar de acontecimentos relacionados com a avaliação da qualidade de vida dos portugueses. Neste contexto, os blocos informativos analisados socorreram-se também de histórias de vida de portugueses que perderam os seus empregos e viram a sua situação económica deteriorar-se de forma significativa. Os alinhamentos, nas peças de enfoque geográfico internacional, foram marcados pela cobertura de acontecimentos relacionados com as denominadas revoluções do mundo árabe, ou Primavera Árabe. Nesse âmbito, foram reportadas manifestações contra os líderes de países como a Líbia, Tunísia, Egito, Iémen, Bahrein e Síria, sendo o caso mais destacado o da Líbia, designadamente pela captura e morte de Muammar al-Gaddafi. A morte, em maio, de Osama Bin Laden, líder da al-Qaeda procurado pelos norte-americanos, desde o atentado de 11 de setembro de 2001, mereceu também a atenção dos serviços de programas analisados. Também no plano nacional se destacaram as manifestações e reivindicações não laborais contra os governos da XVIII e XIX legislaturas. Numa primeira fase, essas manifestações associaram-se às medidas de austeridade que marcaram o fim do governo socialista, e, perante a legislatura de Passos Coelho, contra novas medidas de austeridade (como o corte nos subsídios de férias e de Natal de funcionários ligados ao Estado), e o aumento do desemprego. A cobertura mediática deste ano foi assim marcada pela ação de movimentos sociais, alguns dos quais novos, emergentes a partir do descontentamento com um contexto de crise a vários níveis e exigindo a responsabilização dos governos dos respetivos países. Este é o caso da chamada “geração ‘à rasca’”, cujas manifestações, em março, ganharam visibilidade nos alinhamentos da informação diária. Também foram reportadas ações internacionais semelhantes, como a do movimento 15-M, em Madrid, que montou um acampamento nas Portas do Sol. Tal como em anos anteriores, também em 2011 o futebol é um assunto que se destaca na agenda dos média analisados. A par da cobertura das várias competições de âmbito nacional, foram acompanhadas as principais competições desportivas a nível europeu (Liga dos Campeões e Liga Europa), competições de outros países europeus (como a 65 ERC • VOLUME 2 como exemplos, o caso que envolveu os portugueses Carlos Castro e Renato Seabra e a herança do milionário português Tomé Feteira, envolvendo como principal suspeito, o advogado da vítima Duarte Lima.