O Bebé dos 0 ao 2 anos
TELMA BATISTA
INDICE
I - Introdução ……………………………………………………………………………………………………………. 1
II – Da estimulação à aprendizagem ………………………………………………………………………..3
II. I – O desenvolvimento do bebé …………………………………………………………………3
II. II – A estimulação do bebé mês a mês (dos 0 mês aos 11 meses) ………23
III – A importância do brincar ………………………………………………………………………………….29
III. I – A evolução do brincar ……………………………………………………………………….30
III. II – As primeiras experiências lúdicas (dos 0 mês aos 3 anos) ………….32
III. III – Que brinquedos e em que momento ……………………………………………..36
IV – A linguagem …………………………………………………………………………………………………….. 39
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I – INTRODUÇÃO
Sem dúvida, os primeiros estimuladores do bebé são os pais, e consequentemente,
também os seus primeiros educadores. Eles criarão para ele as melhores
oportunidades para favorecer e dar amplitude às possibilidades que essa criança
traz consigo. À bagagem que todo o ser humano traz por via genética (hereditária),
e congénita (adquirida durante a gravidez e o parto), agrega-se ao que adquire do
ambiente. A qualidade desse ambiente dependerá da harmonia que os pais sejam
capazes de transmitir para o seu filho, mediante a palavra que explique, a carícia
que acompanhe, o limite claro e afectuoso, o olhar atento, e a confiança
estavelmente presente nos vínculos.
Desde que nasce, o bebé necessita de aprender, e para isso, a ajuda dos adultos é
fundamental. No entanto, e embora possamos contar com a valiosa "intuição de
pais", nós adultos também devemos aprender sobre as necessidades dos bebés e
como satisfazê-las.
O bebé como pessoa
O bebé necessita ser considerado como uma pessoa que sente, deseja, goza, sofre,
e quer comunicar-se e adaptar-se à realidade. Assim como o adulto, mas com as
suas particularidades. De modo que como qualquer pessoa o bebé também é capaz
de entender. Se a mamã ou o papá estão convencidos de que o bebé entende, não
o tratarão como um objecto. Embora ainda não fale, observam-no tentando
descobrir o que quer dizer-lhes, falam-lhe e exprimem com carícias e gestos os
seus
sentimentos,
explicam-lhe
sucessos
e
mudanças,
e
despedem-se
ao
ausentarem-se dizendo que também a eles lhes custa a separação, e quando irão
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regressar, e que se preocuparam em deixá-lo num ambiente conhecido e em boas
mãos.
O primeiro encontro
Este momento configura uma "marca" inesquecível na vida de ambos. Para a mãe,
porque o vê pela primeira vez, já é uma realidade com uma carinha, uma
expressão, e uma forma concreta. Será o destinatário do nome pensado para ele,
por ela. Para o bebé, porque começará ali um registo sensorial que, embora
primitivo ainda, lhe permitirá, um pouco mais tarde, saber que ele é importante
para a sua mamã e o seu papá, e que o amam como é, sem condições.
Aos pais levar-lhes-á um tempo a conseguir descobrir o estilo peculiar e diferente
do seu bebé, os seus ritmos, os seus gostos, as suas formas. Mas este tempo
diminuirá se durante o período gestacional a comunicação dos pais com o filho foi
intensa. Cada bebé, desde que nasce, tem uma maneira especial de reagir, de se
mover, de se inquietar e serenar, de expressar o que se passa, de registar os
estímulos que lhe chegam, de escolher.
Os códigos de um filho diferem dos de outro. Devido a essa diferença individual, a
experiência anterior que os pais tenham, se bem que seja muito útil, tem um valor
relativo. A mãe deverá actuar com paciência, começar de novo com cada filho, com
o interesse posto em descobrir os matizes próprios dessa criança, para entendê-la.
Desde o princípio, o bebé aprenderá atitudes, sentimentos, maneiras de ser e de
enfrentar
a
realidade,
confiança
e
receios,
transmitidos
pelos
seus
pais,
inclusivamente para além da sua conveniência e vontade. Porque não nos
dedicarmos então a analisar quais são os estímulos que recebe durante algumas
horas ou durante um dia?
Porque não seleccionar aqueles que consideramos os melhores para tentar
oferecer-lhos, tendo em atenção que o futuro das pessoas depende da qualidade e
quantidade de amor recebido nos primeiros anos de vida muito mais que nos
posteriores? Além disso, a qualidade dos estímulos recebidos desde o início da vida
pode fazer retroceder, total ou parcialmente, alguns déficit de maturação que o
bebé pudesse ter ao nascer.
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II - DA ESTIMULAÇÃO À APRENDIZAGEM
A estimulação não tem segredos nem é uma tarefa complicada. Assim como uma
criança feliz é filho de pais felizes, para quem a criança é algo desejado e
prazenteiro, as crianças estimuladas e curiosas são filhos de pais interessados
também em saber, em fazer, em criar... E isto não implica necessariamente títulos
ou carreiras.
Para estimular o bebé é preciso desejar comunicar realmente com ele e aproveitar
todas as situações para demonstrar-lho, criando novas e variadas experiências que
lhe permitam descobrir o seu corpo e o mundo com alegria. Para conseguir essas
aprendizagens, a criança deverá concretizar ela própria repetidos exercícios. Mas
quanto mais numerosos e diversos sejam os estímulos que se lhe proporcionem,
maior será a sua capacidade de aprender no futuro e de adaptar-se às novidades. A
convicção de que cada criança é diferente, e de que estas diferenças incluem
interesses e habilidades, permitirá descobrir e respeitar os seus interesses, aceitar
que aprenderá mais depressa umas coisas do que outras, e ajudará a compreender
que é mau compará-las.
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II. I – O DESENVOLVIMENTO DO BEBÉ
Primeiro mês
Amamentar é o primeiro acto compartilhado entre mãe e filho (depois do parto),
que estabelece a marca de uma condição de relação. O bebé deve ser alimentado
num lugar tranquilo, afastado de ruídos, com uma temperatura agradável e num
clima de intimidade feliz entre a mãe e o seu bebé. A mamã deve procurar uma
posição cómoda, preferencialmente sentada num confortável cadeirão, onde possa
apoiar o braço que sustém a cabecinha do seu bebé, deixando que o resto do
corpinho descanse sobre o seu colo. Com a outra mão agarrará o peito para que o
bebé possa mamar confortavelmente.
É conveniente que ambos estejam sozinhos para se poderem dar um ao outro. Isto
facilita o encontro da mãe com o seu bebé, para conhecê-lo nas suas necessidades
e qualidades especiais e únicas. Uma mamã "permanentemente assistida" por avós
e outras mães "com experiência", geralmente sente que elas trazem ruído e
interferem ainda que com as melhores intenções na relação com o seu filho,
dificultando o processo de conhecimento precoce entre ambos.
O recém-nascido, e até ao seu primeiro mês, necessita de muitas horas de
descanso, pelo que dormirá muito tempo. Embora seja possível que a mamã receba
mais visitas neste período já que todos quererão conhecê-lo deve preservar este
tempo de descanso. Durante o primeiro mês de vida, o limiar de registo dos
estímulos sensoriais é mais alto, pelo que o bebé pode dormir no seu carrinho ou
berço, sem necessidade de estar demasiado isolado do ambiente familiar (se tem
irmãos mais velhos, estará mais habituado aos ruídos naturais e às suas
vozes). Para o descanso, os papás cuidarão de um lugar para o bebé, que não
necessita de ser muito grande. Pode ser no seu quarto, onde instalarão o seu
berço.
O bebé necessita de estar ao colo, não só para satisfazer alguma necessidade
básica, como também emocional. Mudá-lo, passeá-lo e dar-lhe banho, com todos
os seus estímulos motores, produzem um efeito de continência afectiva e de calma.
Ao mudá-lo e ao lavá-lo, a mamã e o papá podem fazer-lhe massagens, desde os
ombros descendo até aos braços e das pernas até chegar aos pezinhos. Estas
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massagens suaves, aquáticas ou não, produzem o benefício da carícia e do estímulo
táctil.
Outra prática de estimulação que não exige nenhuma coordenação por parte do
bebé, consiste em flectir e estender suavemente os braços e perninhas, uma de
cada vez. Para que o pequenito possa mover-se livremente, é conveniente não lhe
vestir roupa justa e preferentemente roupa de duas peças. Recorde que ao levantar
o bebé da sua caminha, lhe está a oferecer outra posição corporal, em sentido
vertical. Por isso, é necessário que, com a outra mão, o ajude a suster a cabeçinha.
Assim, tenha em consideração que o bebé deve ser mudado de posição na sua
caminha e não pode fazê-lo por si mesmo, pelo que os papás devem realizar estas
mudanças.
Os sentidos do recém-nascido:
Olfacto: Prefere o odor do leite materno que, além disso, o acalma.
Gosto: Se a mamã aproxima da boca do bebé o seu próprio dedo coberto com água
e açúcar, desencadeia os reflexos de sucção e deglutição. Se o cobrisse com sal, o
bebé recusá-lo-ia.
Ouvido: Desfruta das vozes humanas e em especial da da mãe. Também gosta de
escutar música, canções, e sobretudo música clássica.
Tacto: Agradam-lhe as superfícies moles, fofas e suaves. Gosta mais de estar
envolto em lençóis que do roçar da lã, mas o contacto preferido é com a pele da
sua mamã.
Vista: Ao nascer, é o sentido menos desenvolvido, já que é o que menos
oportunidades de estimulação teve durante a vida intra-uterina. De todas as
formas, a sua resposta é melhor perante um desenho organizado que a outro sem
forma.
A estimulação dos reflexos:
Sucção: Pode estimulá-lo fazendo com que o pequenito prove açúcar, sempre em
pouca quantidade, aproximando-lhe a chupeta da parte superior dos lábios (para
que realize o reflexo dos quatro pontos cardeais).
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Deglutição: O pequenino engole o açúcar e o leite porque gosta.
Busca: Aproximá-lo do peito para que o procure.
Reflexo de Moro: Levantar o bebé agarrando-o com ambas as mãos. Ao soltá-lo,
realizará um movimento de abraço.
Reflexo de Marcha: Suster o bebé pelo tronco, dando-lhe um plano fixo para que
apoie o pé, e ele levará o outro para a frente.
Reflexo de Preensão: Aproximar um dedo da palma da sua mãozinha para que ele
o agarre com força.
Segundo mês
Durante o segundo mês de vida a necessidade de alimento aumenta em
quantidade, e o bebé pode aceitar um ritmo horário mais regular. Paralelamente,
diminuem um pouco as suas horas de sono. O acto de amamentar continua a ser o
momento de encontro, por excelência, com a sua mãe. O bebé começa a visualizar,
pelo que fixa o olhar no rosto materno, enquanto a mamã lhe oferece o peito ou o
biberão. A mamã pode demorar um pouquinho o tempo de alimentá-lo sem que
isto provoque uma reacção de choro desesperado, já que a função de sucção da
chupeta o ajuda a acalmar-se por breves momentos.
As estimulações da zona periférica da boca continuam a ser benéficas para o bebé,
que está a viver em pleno a etapa oral. O uso da chupeta é conveniente, porque lhe
permite exercitar a sucção e a deglutição da saliva, e além disso acalma-o e ajudao a descarregar tensões. Nesta etapa, o bebé transita da posição de flexão
permanente do primeiro mês, ao de flexão e extensão, pelo que exercitá-lo com
estas novas possibilidades motoras permitem um melhor desenvolvimento.
Os exercícios podem realizar-se nos momentos em que se muda o bebé e quando
se lhe dá banho. Tenha em atenção que estas actividades não só têm um sentido
higiénico, como também prolongam o contacto social e emocional com a mãe,
transformando-se num jogo e num exercício.
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Ao progredir o seu desenvolvimento visual e permanecer mais tempo desperto, o
bebé liga-se mais com o seu ambiente. Isto amplia as oportunidades de contacto e
relação de todo o ambiente familiar com o bebé. A família expressa-lhe o seu afecto
através de carícias, palavras, canções, sorrisos, movimentos, e oferece-lhe um
mundo sonoro, colorido, musical, rítmico, táctil e cinético. A toda esta fonte
estimuladora junta-se a afectiva, já que o bebé recebe através do cuidado
adequado a segurança de um mundo protegido.
Nesta altura aparece a oportunidade de estimular o bebé com um brinquedo, dado
que já pode visualizá-lo. O brinquedo deve ser mole, para que a criança possa roçálo, de cores vivas, e preferivelmente sonoro. A escolha recairia sobre uma roca de
pano, que a mamã pode preparar para o seu filho. O passeio no seu carrinho
permite à criança outras experiências. É importante dedicar um tempo diário a
estes passeios, já que são estimulantes para as diversas áreas. No entanto, o
espaço físico próprio conti-nua a ser importante. Voltar ao "seu lugar" traz ao bebé
segurança, já que o reconhece sensorialmente.
No segundo mês, o bebé é mais sensível à palpação. Acariciar e massajar a sua
pele, desde a parte superior até à parte inferior do tronco, percorrendo as diversas
partes do corpo, não só lhe proporciona grande prazer, como também lhe permite
recuperar o contacto íntimo intra-uterino. Esta actividade é ideal para diversas
áreas do bebé, e no aspecto emocional da relação mãe-filho. Um exercício
adequado para esta etapa é flectir e estender os braços e as pernas, as mãos e os
pés, para dentro e para fora, para cima e para baixo, para os lados e ao centro,
rodar e juntar, sempre com movimentos muito suaves.
Também, desde a posição deitados, a mamã ou o papá podem deitar o bebé sobre
o seu peito ou ventre. O bebé já pode erguer a sua cabecinha se estiver de barriga
para baixo, adoptando a posição de "tartaruguinha", embora ainda não possa
mantê-la mais do que um curto espaço de tempo. Este exercício fortalece o tónus
cervical. Ao estar deitado sobre o peito materno, o bebé procurará olhar a sua mãe,
tentando manter-se e repetindo esta postura. Este exercício, tal como o anterior,
permitir-lhe-á fortalecer o tónus cervical.
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Terceiro mês
O crescimento físico é mais notório durante o decurso deste mês. A mãe, pela sua
parte, conseguiu neste tempo conhecer o seu filho, compreender o que necessita, e
seguramente já não tem a insegurança e os temores iniciais. A alimentação já se
pode realizar com certo ritmo, com um espaço mais fixo entre uma toma e outra.
Vale a pena recordar que a alimentação apropriada para um bebé saudável é o leite
materno, que providencia todos os nutrientes que o pequenito necessita, e também
o protege com as defesas transmitidas pela mãe. Pela repetição da experiência de
ser alimentado, o bebé reconhece com antecipação quando a mamã se prepara
para lhe dar de comer, o que acentua a sua estimulação. Ele continua a olhá-la
fixamente enquanto ela o amamenta. Este encontro permite que gradualmente
comece a perceber a sua mamã como diferente de si mesmo. A sua noção de
mamã é um conjunto de registos sensoriais e motores: odor da mamã, o sabor do
leite, a textura da pele da mamã, a temperatura do seu corpo, o seu ritmo
respiratório e cardíaco, a cadência dos seus movimentos ao embalá-lo ou passeálo, a visão do seu rosto, o seu tom de voz e como o utiliza. O bebé separa as
satisfações que a sua mamã lhe produz das frustrações, como se uma mamã boa
fosse distinta da outra má. Quanto à assistência que requer o bebé, à medida que
decorre mais tempo desperto, toda a sua conduta é mais vivaz, e reclamará
claramente a presença da sua mãe.
No segundo mês, o bebé inicia um pequeno balbucio, emite algum ruidinho e chora.
A mamã, nesta altura, geralmente pode distinguir mais claramente os matizes do
choro, e compreender o que acontece e como ajudá-lo. Esta compreensão afina a
comunicação entre ambos. A mamã deverá falar-lhe com calma, com ternura, e
explicar-lhe tanto o que se passa com ele mesmo, como sobre o que ela sente. A
palavra da mamã tem diversos benefícios: sonoriza-o, traduz e acompanha a
palavra ao gesto corporal, agudiza a percepção do sentido da palavra, do registo
distintivo dos tons de cada voz, e contribui para o desenvolvimento da área
cognitiva do bebé.
Enquanto amamenta o seu filho, a mamã pode exercitar: O movimento de busca
do mamilo, que é uma actividade reflexa própria do bebé. Este exercício conseguese aproximando a boca do bebé da zona do mamilo, para que ele se oriente
sensorialmente, pelo cheiro e o contacto pele com pele, procurando a sua fonte de
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alimento, carícias e cuidado. Se o bebé não suga bem o peito, pode-se estimular a
função mediante uma leve pressão com o indicador e o polegar materno sobre as
bochechas do pequenito. Também é útil estimular a zona em volta da boquinha,
roçando-a com o mamilo em movimentos circulares. Também, utilizar o dedo da
mamã (bem lavado) ou a chupeta, ajuda a que o bebé registe as sensações
provenientes dessa zona de contacto. É importante que ao amamentar, a posição
permita o olhar entre o bebé e a sua mamã. Além de facilitar o reconhecimento
entre ambos, também permite ao bebé associar o rosto da sua mamã com a função
de cuidado e alimentação. Enquanto lhe dá de mamar, a mamã pode aproximar a
mãozinha do bebé do seu peito, que também ajuda ao reconhecimento sensorial
por contacto. Se por alguma razão a mamã não pode amamentar o seu filhito, é
conveniente que enquanto lhe dá o biberão conserve o rostinho do bebé junto ao
seu peito. A mamã é fundamental para o bebé. O pequenino só conta com a
capacidade da sua mãe para entender o que necessita: abrigo, alimento, acalmar
alguma dor ou tensão, atenção e afecto.
O bebé conserva ainda muitos dos reflexos com que nasceu: o de busca, o de
sucção (durará até ao ano), de deglutição (que durará toda a vida), o reflexo de
Moro que persiste até aos 3 ou 4 meses, o reflexo de extensão em cruz do pé, que
perdura até ao fim do terceiro mês. Também, o reflexo de preensão, que a mamã
poderá estimular enquanto o bebé está deitado de barriga para cima, colocando os
seus dedos nas mãozinhas do pequenito para que ele se agarre com força a eles.
Depois, levantá-lo-á até à posição de semi-sentado, e acompanhá-lo-á novamente
até à posição anterior. O pescoço e o tronco do bebé já têm um maior tónus
muscular, o que lhe permite suster a cabecita por si mesmo. Este pode estimularse na posição de semi-sentado, apoiando-o em almofadões que sustenham o seu
corpo, já que ainda não pode sentar-se sobre o seu próprio eixo. Dessa posição
também se amplia o seu panorama visual e participação social. Nesta etapa, o
pequenino já pode girar a sua cabeça em direcção aos estímulos auditivos e visuais,
pelo que pode estimular-se tanto o tónus do tronco e da cabeça, como a agudez
sensorial, aproximando-lhe objectos brilhantes, de cores vivas, e preferencialmente
aqueles que emitam algum som ao agarrá-los. Este exercício estimula o reflexo de
preensão e a coordenação olho-mão. Devido ao facto de nesta etapa os bebés
gostarem de movimentos rítmicos, pode-se agarrá-lo ao colo e dançar com ele.
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Durante o primeiro trimestre, os brinquedos devem ser adequados para chupar,
cheirar, tocar, fazer soar, e estimular com cores vivas e brilhantes. Os mais
adequados são as rocas de tecido, já que são laváveis, moles, podem ser levadas à
boca, são leves e portanto o bebé pode agarrá-las e sustê-las. A mamã poderá
desenhar este primeiro brinquedo para o seu filho, com tecidos de cores vivas e
combinadas, e colocar-lhe uma roca dentro para que faça barulho ao agitá-la. Os
mordedores com figuras de animais também são úteis, já que o bebé pode levá-los
à boca e exercer pressão. O bebé pode tocar com as mãozinhas ou com os pés e
fazer girar os móbiles que se colocam sobre o seu berço ou carrinho. Estes
brinquedos estimulam os seus sentidos através das cores, formas, movimentos e
sons. Para uma maior estimulação, é interessante variar os móbiles com alguma
frequência.
Quarto mês
O bebé já olha com atenção a quem o observa, assim como aos seus brinquedos, e
pode seguir os seus movimentos com a vista. Procura com o olhar a sua mãe, com
quem desenvolve mais claramente a sua conduta de apego, e chora quando ela se
afasta da sua vista. Adora que o coloquem em frente a um espelho e sorri com a
sua imagem, apesar de que ainda não se reconhece. Os jogos com as imagens em
frente ao espelho começam a interessar-lhe e sobretudo os de movimento, já que o
seu amadurecimento lhe permite mais conquistas.
Aparece nesta fase o riso franco. Ainda assim, como já pode permanecer sentado
(com a sua coluna em arco), amplia-se o seu campo visual e o acesso às coisas. É
conveniente colocar-lhe almofadões nas costas e também à frente para se poder
apoiar neles, e ter a precaução de permanecer perto para atender às suas
necessidades. Como ele ainda não se pode aproximar dos brinquedos, estes devem
estar ao seu alcance. É útil colocar um colchão ou uma manta fofa sobre uma
superfície plana e baixa (como o chão) para evitar quedas, e aproximar os seus
brinquedos: animaizinhos de material mole, rocas, móbiles pendentes.
Devido ao facto da sua preensão ser mais firme, pode dispor de uma bola pequena,
do tamanho da sua mão, para segurá-la, e fazê-la rodar. A linha média do corpo é
a que domina, já que leva os objectos à boca, que é o seu meio mais exercitado de
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conhecimento. Por isso, há que cuidar que não fiquem ao seu alcance elementos
pequenos (botões, bolinhas, moedas, peças pequenas de brinquedos, alfinetes), já
que poderia engoli-los.
Nesta etapa o bebé gosta de brincar com o peito da sua mamã, aproximar a sua
mãozinha do seio, brincar com o mamilo na sua boca, uma vez que está saciado.
Este tempo de brincadeira prolonga a relação mãe-filho mais além do estrito acto
de amamentação. Nesse momento, a necessidade que os mantém juntos é a
afectiva, junto com o calor do colo e do abraço. É essencial que a mamã continue a
manter a sua privacidade na hora de alimentar o seu bebé. Para que os estímulos
que o bebé receba nesse momento se concentrem na relação com a sua mamã, o
ambiente deve ser calmo. A mamã pode falar-lhe e cantar-lhe, e é provável que o
bebé uma vez satisfeito possa responder-lhe com os seus balbucios e gorjeios. Este
deve ser um momento de desfrute compartilhado por ambos, que assenta o registo
do prazer, em plenitude e sem sobressaltos. Os tempos de assistência, quanto as
necessidades do bebé, ir-se-ão gradualmente espaçando mas a qualidade de
atenção aumenta, já que o bebé permanece cada vez mais tempo desperto e exige
maior atenção.
A partir da possibilidade de permanecer sentado com a coluna em arco, o
pequenino começa a desenvolver as reacções de equilíbrio. Devido a estes avanços
é possível estimular o exercício dos seus sucessos mediante jogos de equilíbrio,
levantá-lo e sustê-lo a uma pequena altura maior do que a habitual, aproximá-lo e
afastá-lo enquanto se sustém nos braços, balanceá-lo em algum baloiço. O bebé
pode seguir com os seus olhos o afastamento de um objecto sem girar a cabeça em
atitude de busca. Estes movimentos podem estimular-se mostrando-lhe um
brinquedo e movendo-o para que o siga com a vista. Mas se se o esconde, ainda
não poderá encontrá-lo. Quanto à preensão primitiva, os dedos estão mais
flectidos, mas com as mãozinhas abertas. Leva as suas mãos à boca. Pode agarrar,
suster e soltar objectos, que geralmente explora levando-os à boca.
Quinto mês
O mundo do bebé amplia-se com o reconhecimento de outros membros da família
que vê continuamente. A esta altura, já estende os braços para que o levantem,
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porque desfruta de outras posições, da integração com os outros e dos mimos que
recebe, e as suas reacções emocionais como o riso, o choro, o medo, são claras. O
bebé já pode mudar os objectos de mão e acompanha-os com um movimento da
cabeça e com a expressão de algumas sílabas linguísticas (da, da, pa, pa). A sua
maior riqueza expressiva produz na mãe a ilusão da comunicação com o seu filho, e
este estímulo provoca que ela continue a falar-lhe com novas expressões, criando
um circuito de comunicação. A mamã é a figura de apego mais segura para o bebé,
procura-a com o seu olhar e estende-lhe os braços quando a vê perto. Se se
integra e compartilha actividades com o pequenito, o papá também terá o seu
lugar.
O bebé tenta sentar-se sozinho, utilizando os seus bracinhos e mãos como tripé
para se apoiar. Desfruta na posição de barriga para baixo (decúbito ventral), e
quando o colocam na postura inversa pode girar meio corpo para um lado,
ajudando-se com as pernas, como se iniciasse um rolinho. Coordena diversos
espaços como o visual, o táctil, o oral e o auditivo. Por exemplo, se a mamã o
chama pelo seu nome, o bebé gira a cabeça na direcção dela (orientação auditiva);
quando a vê (visual), estica a sua mão para tocá-la e aponta a sua mão (direcção
para os objectos, coordenação olho-mão), e depois leva-a à sua própria boca (a
boca como meio de reconhecimento). Este seria um exemplo que pode repetir-se
para exercitar a coordenação espacial.
Neste momento do crescimento, muitos pediatras indicam o início da introdução
dos alimentos semi-sólidos. Mas estes alimentos devem ser considerados como
complementos do leite materno e não como substitutos, pelo que se administram
após ter amamentado o bebé. Assim, o apetite básico será satisfeito primariamente
com o leite materno, e evitar-se-á que este diminua. Com as novas introduções, o
momento de comer modifica-se, já que a mamã o sentará comodamente numa
cadeirinha que o segure ou no seu colo. O bebé associa a comida com a mamã.
A atitude da mãe ao dar-lhe de comer é importante, porque assenta um modelo de
conduta alimentar e um modo de relacionar-se com a comida. Se o bebé não aceita
os novos alimentos, não insista. Não significa que não aceita o que a sua mamã
preparou com carinho para ele, mas sim que desconhece esse sabor e necessita de
aceitá-lo pouco a pouco. A atitude calma e afectuosa da mamã, que lhe explique
com palavras o que é que lhe está a oferecer, facilitará a predisposição do bebé e a
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sua futura atitude perante a novidade. A insistência só criará rebeldia e maus
hábitos, e fará da hora das refeições um campo de batalha.
Sexto mês
Nesta época, o bebé necessita de receber outros alimentos como complemento do
leite materno, e como tal deverá introduzir o uso da colher. A mamã comprovará
que o pequenino a imita comendo algo ela mesma. É possível que o bebé escolha
comer com a sua própria mão, e ainda que se suje e caia o alimento ao chão, é
bom que possa usar a sua mão, já que é o primeiro instrumento de que dispõe,
antes da colher. Depois, aceitá-la-á. A hora das refeições constitui uma parte
essencial na educação e formação dos bons hábitos, tanto alimentares como na
relação do bebé com a comida, que em parte reflecte a relação do bebé com a sua
mamã.
Quando um bebé sente a ausência da sua mamã, estranha-a, e a sua necessidade
de tempo e afecto é sempre maior do que recebe (isto é qualitativamente diferente
de um bebé para outro). É possível que o pequenito substitua a sua mamã pela
comida e apareça assim a figura do bebé insaciável, com ritmo ansioso, cuja
necessidade é constante, e apesar de obter o que solicita, não se vê satisfeito. Uma
situação diferente é a do bebé que tem "choques" com a sua mamã na hora de
comer. Estes conflitos podem dever-se ao facto da mamã impor o seu critério sem
calcular a modalidade, quantidade de alimento e gostos do bebé. Assim, pode
aparecer um pequenito aparentemente inapetente, cuja mãe apela a certos
"subornos" para conseguir que coma, com o qual implanta na conduta do bebé um
modelo que logo se transferirá para outras situações. A melhor estimulação que os
pais podem oferecer ao seu filho é criar um clima tranquilo, onde a mamã explique
cada novo gosto que adiciona, e aceite que o bebé os vá incorporando aos poucos
sem imposições bruscas.
O bebé consegue a posição erecta, permanece sentado, estende os seus bracinhos
para que o levantem, olha a sua mão, leva-a à boca. A sua mãozinha já está
plenamente esticada e pode indicar com o seu dedo indicador o que deseja. Pode
manter a posição de "observação": com a cabeça erecta, em posição vertical, olha
o que o rodeia. Apoia-se sobre os seus antebraços e assim parece encostado a um
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balcão. Pode realizar também o movimento de "elevação", para apoiar-se sobre os
seus braços numa tentativa de se levantar. Este exercício prepara-o para se suster
sobre as suas duas pernitas. Pode executar o movimento de "saltitão", que consiste
na extensão e flexão sucessiva das pernas, que se firmam e logo afrouxam, e o
bebé senta-se sobre o rabinho. Para estimular esta prática que diverte o bebé,
deve-se oferecer-lhe um plano de apoio bem firme, para que a força que realiza
seja efectiva e obtenha o resultado procurado. Convém segurar o bebé pelas
mãozinhas ou dar-lhe um apoio eficaz, como a grade da sua própria cama. Um
estímulo que pode acompanhar e fomentar o exercício é a música rítmica. Os bebés
gostam de música, porque o ritmo é natural a todos os seres humanos. Nascemos
com alguns ritmos biológicos, cuja maioria nos acompanha toda a vida (ritmo
respiratório, ritmo cardíaco), e há outros que se experimentam como circuitos (por
exemplo, o ciclo circadiano), e como sequências (por exemplo, o humor). Por isso,
é importante que a música seja um estímulo presente, que o ajudará a mover-se
para cima e para baixo, e um pouco mais tarde, em movimentos laterais. As
caixinhas de música são um bom complemento para estimular o pequenino. Nesta
altura, o bebé também apresenta uma resposta reflexa chamada de "aterragem".
Assim, quando o bebé é agarrado em posição de decúbito dorsal sob o tórax e
projectado sobre a mesa (como se fosse um aviãozinho), ameaçando deixá-lo cair,
a resposta natural é que estenda os bracinhos com as mãos plenamente abertas,
para "aterrar". Esta brincadeira é muito estimulante, mas há que ter cuidado para
que o bebé não caia nem se assuste. É conveniente que quem o realize seja alguém
por quem o bebé sinta confiança.
Ao sexto mês, o bebé consegue manter-se erecto sobre o seu eixo, pelo que já
pode permanecer sentado sem necessitar de apoios auxiliares, e contar com as
suas mãos livres, que já não necessitam de funcionar como tripé. Esta posição
permite-lhe um enorme avanço quanto à sua relação social, porque pode estar
sentado numa cadeira alta de comer, para brincar, para compartilhar com o resto
da família. O seu desenvolvimento possibilita-lhe um reconhecimento mais
adequado de caras e vozes, pelo que as suas respostas com sorrisos e gorjeios,
choros e balbucios, são compreendidos como claras demonstrações de comunicação
por parte de toda a família. A mamã já é uma figura completa de afecto, que segue
e reclama quando a vê. E o pai, cuja presença na casa e com o bebé é frequente,
também é reconhecido como tal.
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Na esfera emocional, o pequenito é mais expressivo. Brinca com partes do seu
corpo, explora-as com curiosidade, e ao juntar a isto as reacções de equilíbrio
(procura manter-se o mais erecto possível), inicia o caminho da descoberta do seu
próprio esquema corporal. Olha para tudo o que pode, e estica a mão com
intencionalidade para agarrar o que deseja. A sua capacidade de memória aumenta
e pode reviver impressões na ausência do estímulo que as gerou. Começa com a
aprendizagem activa mediante a imitação de gestos dos seus familiares próximos, e
os seus balbucios silábicos também se ampliam.Para estimular estes aspectos, é
interessante que a mamã responda imitando os gestos e balbucios do bebé. Este
jogo serve para ver no outro o que ele mesmo faz, é "fazer de espelho".
Os jogos e exercícios de movimentos também são adequados para praticar os seus
novos sucessos maturativos. Pode-se elevar o bebé bem alto, com os braços
estendidos, e baixá-lo até ao nível do peito do adulto e depois até ao chão. Isto
deve ser realizado sem brusquidão, para que o bebé não se assuste. Há crianças
que se assustam com a altura, pelo que o papá deverá ir experimentando pouco a
pouco. Os pais podem subir a um carrossel com o pequenito ao colo, e segurá-lo
firmemente e observar se desfruta o movimento tanto o circular como o sobe-edesce dos cavalinhos. Nesta época, o bebé prepara o seu movimento de rodar de
costas, que consegue medianamente. Para estimulá-lo nesta prática, é conveniente
pôr um colchãozinho no chão e colocar os seus brinquedos preferidos mais
afastados que o alcance directo da sua mão, para que experimente se com meiavolta consegue agarrá-los. Rolar é o passo anterior ao gatinhar. Nesta etapa,
quando o bebé começa a rolar, são necessários novos cuidados e há que vigiar para
que o bebé não caia.
Sétimo mês
Chegado ao sétimo mês, o bebé já alcançou uma evolução psicomotora que lhe
permite preparar-se para o gatinhar. Quando está de barriga para baixo sobre um
colchãozinho tenta deslocar-se sobre o seu ventre com a ajuda dos bracinhos e das
perninhas (reptar), procurando chegar até um brinquedo atractivo que está fora do
seu alcance. Este exercício e a prática do rebolar (girar de lado) são movimentos
que desfruta muito durante esta etapa. Assim, o bebé já pode sentar-se sem
necessidade de apoios. Para estimular este equilíbrio pode-se oferecer-lhe uma
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roca leve, colorida e sonora, com uma pega adequada, e deixar outro brinquedo
perto para que procure agarrá-lo com a mão livre: estes são elementos que ele
pode segurar. Pode agitá-los, fazê-los soar, levá-los à boca, atirar com eles, fazêlos rolar.
Nesta etapa, a pinça entre o polegar e o dedinho indicador torna-se mais notória e,
com a palma da sua mão, o bebé pode arrastar os objectos que estão sobre uma
mesa, fazendo um movimento de varrimento.
O bebé começa a comunicar-se mais claramente através das suas possibilidades
lúdicas: pode brincar às escondidas, e se oculta o seu rosto atrás de um lenço
desfruta aparecendo e desaparecendo. Os seus brinquedos predilectos são macios,
leves para segurar, moles e suaves ao tacto, e o bebé leva-os à boca, aperta-os e
atira com eles. As rocas ainda têm importância, e também os moinhos que giram,
as caixinhas de música, os objectos que rolam, como as bolas macias, pequenas e
de cores vivas, os bonecos pequenos em peluche. Muitos destes brinquedos podem
fabricar-se em casa e, apesar de poderem comprar-se, os feitos em casa têm um
valor inesquecível para pais e filhos.
Nesta etapa, o bebé brinca emitindo sons, gritinhos ou balbucios com os quais se
acompanha e entretém. Também, aparece o primeiro silabar, claro e repetitivo. Se
a mamã o imita e repete associando-o a um conteúdo ou objecto, provoca a
imitação silábica. Esta, associada à expressão gestual, adquire gradualmente um
conteúdo simbólico que representa um antecedente da linguagem, em que o gesto
e o som devem relacionar-se. Se o bebé não emite balbucios, a mamã pode
experimentar e fazer soar algum objecto perto dos seus ouvidos, e depois
rapidamente alterar a sua posição por detrás do bebé para que não possa segui-la
com a vista, e fazê-lo soar novamente perto do outro ouvido. Se o bebé ouve bem,
virará a cabeça na direcção da fonte do som. Assim, o bebé inicia nesta etapa a
imitação, uma actividade recreativa mas que requer a fixação da atenção no
estímulo, o
seu
registo
e posterior
reprodução.
Este
é um
processo de
conhecimento que tem consequências importantes, já que imitar é fazer de espelho
de outra pessoa.
Com respeito à alimentação, o leite materno continua a ser a melhor maneira de
cuidar do seu bebé quanto a nutrientes, defesas e afecto. Mas as suas exigências
alimentares aumentam mês a mês. Aos sete meses, a criança efectua duas
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refeições distintas: o almoço e o jantar. Dar de comer ao bebé permite à mamã
educar o gosto do seu filho, provando novos alimentos, necessários pelos seus
nutrientes, um a um e de forma gradual para evitar a recusa. O bebé assimila tanto
ao ingerir como ao aprender. A atitude dos papás, tranquila, sem ansiedade, com
as palavras que acompanham e dão segurança, faz da hora da refeição um bom
momento para partilhar, em lugar de um campo de batalha. Podemos estimular o
bebé enquanto se alimenta permitindo-lhe que segure ele mesmo o biberão quando
tiver pouco líquido. Assim, treinará a pinça dos seus dedos, intensificará a pressão
ao agarrar, e prolongá-la-á brincando com a tetina: sugará para descarregar
tensões e como fonte de prazer, e apertá-la-á com as suas gengivas ou dentinhos,
se já tiver aparecido algum. Também pode agarrar numa caneca leve e
inquebrável, e brincar com um copo vazio, de plástico colorido, que irá
reconhecendo como próprio. Pouco a pouco, irá aprendendo uma nova forma de
beber que não é por sucção, ainda que certamente quando o fizer derramará parte
do conteúdo, e tocará com a sua mãozinha aberta o líquido entornado sobre a sua
mesa. Da mesma forma, quererá agarrar os alimentos sólidos com a mão, embora
aceite a colher e experimente recolher a comida com ela, ou agarrá-la-á e usá-la-á
para golpear a mesa enquanto que com a mão livre levará os alimentos à boca. Os
papás, que não lhe exigem ainda demasiado asseio, favorecerão uma maior riqueza
sensorial e motora e ensinar-lhe-ão a associar a comida que lhe dão com o carinho
e o prazer.
Oitavo mês
A mamã continuará a proporcionar os novos alimentos com o acompanhamento do
pediatra. As crianças que ainda mamam, geralmente vão espaçando os pedidos. A
amamentação materna geralmente termina durante o decurso do primeiro ano,
embora isso dependa de situações particulares. Nesta idade, o bebé já pode beber
por um copo.
Aos 8 meses inicia-se a etapa do gatinhar e o contacto com o solo. Quando se
cansa, o bebé senta-se sobre o rabinho, com uma perninha dobrada, e tenta
também voltar-se. Ao aumentar a sua possibilidade de deslocação inicia-se o
primeiro desprendimento da mamã, que às vezes coincide e outras é posterior ao
desmame. Quando o bebé tem alguma dificuldade em deslocar-se sobre os seus
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braços e pernas, pode estimular-se passando uma mantinha dobrada como se fosse
um guardanapo grosso por debaixo do seu abdómen para que, uma vez na posição
de gatinhar, o ajude a deslocar-se, enquanto o papá o segura na parte superior da
mantinha. Assim, também se pode brincar ao aviãozinho, mas junto ao chão, para
que não se assuste e adquira confiança.
O olhar do bebé investiga tudo o que alcança e toca, e agarra com as suas
mãozinhas tudo o que encontra no chão. Atraem-no os orifícios e tende a explorálos com os seus dedinhos. É a altura de intensificar a vigilância, uma vez que as
tomadas eléctricas podem ser uma tentação irresistível.
O bebé explora também com a sua boca: chupa e morde. Aponta para os objectos
com a mão aberta e depois, por volta dos nove meses, com o dedo indicador, e
esfrega-os, agita e atira com eles.
Nesta etapa, o bebé é muito expressivo através de gestos e sílabas repetidas, como
ma-ma-ma, pa-pa-pa, ba-ba-ba, que ao associar-se com a presença da mamã, do
papá e dos avós adquirem um sentido de comunicação.Imita os gestos que faz a
sua família: aplausos com as mãozinhas, girar uma mão num sentido e no outro
("que linda mãozinha"), dizer adeus agitando as mãos quando as visitas se vão
embora. E geralmente associa cada gesto ou palavra com uma canção ou palavra
que os papás lhe repetem. Pode-se sentá-lo numa superfície macia, no chão, com
brinquedos tipo cubos grandes, pois diverte-se a bater e a agitar rocas. Segue com
interesse a trajectória de um brinquedo ao cair, por isso atira-os e olha-os com
atenção ao cair da sua cadeirinha alta.
Nono mês
O bebé progride mês a mês nos seus conhecimentos sobre as coisas. Já sabe o que
pode fazer com alguns dos seus brinquedos e repete as acções que já aprendeu:
faz rolar a bola, atira com ela, agita os que fazem ruído, aperta os brinquedos de
borracha que chiam. Se se trata de cubos em madeira, bate uns nos outros ou
sobre uma superfície. Também reconhece o seu nome e olha para quem o chama.
Relaciona os nomes de algumas figuras conhecidas, quer sejam de familiares ou de
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um animal de estimação, brinquedos ou de algum utensílio de uso quotidiano para
o bebé.
Progride na imitação e na quantidade de sílabas. Se se lhe esconde um brinquedo
debaixo de uma mantinha, pode tentar levantá-la para encontrá-lo, e se se lhe
muda o esconderijo na sua presença, entende essa alteração e procura o brinquedo
no novo lugar. Essas conquistas indicam os seus progressos quanto à atenção,
fixação, memória e acção de busca.
Às posições de deitado, sentado, ajoelhado e de gatas, junta a intenção de parar,
segurando-se a algum móvel ou gradeamento. A este grande progresso, alguns
bebés juntam o facto de começarem a deslocar-se de lado, apoiados num
gradeamento e bem firmes nos seus pezinhos. Dura pouco tempo porque se
cansam e tendem a sentar-se caindo sobre o rabinho. Alguns bebés não tentam
equilibrar-se senão mais tarde. Outros não gatinham e passam directamente de
sentados sem apoio ou a apoiar-se em pé em algum móvel. Outros pequeninos, no
entanto, gatinham de diversas maneiras: reptando com o ventre no chão, e não
sobre os joelhos, gatinhando para a frente e para trás, deslocando-se de rabinho, e
todas são formas possíveis e aptas para o objectivo de mover-se pelos seus
próprios meios. Um exercício divertido para o bebé que serve para estimular o
gatinhar e a procura de objectos, é colocá-lo no chão em frente a um rolo grande
em tecido, cheio mas que seja macio e tenha grossura. O exercício consiste em
convidá-lo a passar por cima do rolo para apanhar um brinquedo colocado em
frente. Também podem utilizar-se bolas grandes em plástico, como as que se usam
nas piscinas, para ajudar o bebé a rodar com elas. Enquanto está deitado, o bebé
continua a levar os dedos dos pés à boca e a rir-se em francas gargalhadas.
Nesta idade, o bebé é muito participativo, e é bom para ele dispor de algum tempo
partilhado com os seus irmãozinhos, realizar alguma actividade com o papá, que
seja ele a dar-lhe banho ou o mude, enquanto brincam e desfrutam por estar
juntos. Esses momentos servir-lhes-ão para se conhecerem melhor.
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Décimo mês
Alguns bebés põem-se em pé durante este mês. Os papás podem ajudá-los
segurando-os pelas axilas e bracinhos para que o bebé se sinta seguro. Nestas
condições, animar-se-á a deslocar-se dando passinhos. A firmeza provém do
equilíbrio adequado entre o tónus dos músculos flexores e extensores das costas e
dos membros inferiores. Alguns bebés que começam a andar nesta etapa, fazemno por si mesmos mas apoiados em algum objecto firme.
As novas conquistas podem combinar-se, e podem surgir aparentes "retrocessos",
referentes a progressos que o bebé deixa de realizar como se os tivesse esquecido.
Na realidade, esses "retrocessos" não são reais, uma vez que o crescimento
apresenta diferenças individuais e dentro delas existe uma assincronia normal entre
as diversas linhas do desenvolvimento: motor, cognitivo, afectivo, social, e hábitos
de independência.
O bebé continua com a sua imitação das palavras, gestos e acções de quem está à
sua volta. Amplia o seu repertório de "gracinhas" constituído por saudações,
palminhas e movimentos ritmados, faz gestos e caretas com o rosto e repete-os a
pedido dos mais crescidos, porque já sabe que isso dá origem a que o mimem e
isso agrada-lhe muito. Estas possibilidades comunicativas, que incluem gorjeios, e
um ou outro esboço de palavra com que denomina diversas coisas e fazer-se
entender de maneira mais clara, já que assinala o que deseja, produz uma maior
integração familiar. Assim, por exemplo, o bebé já pode começar a partilhar a mesa
com os seus pais e irmãozinhos. No entanto, é conveniente que o bebé disponha
ainda da atenção exclusiva da sua mãe no momento de comer, já que assim ela
pode continuar com a gradual introdução de alimentos e sabores novos, utilizando
a colher para comer, e com o tempo que necessita para que o pequenito o possa
fazer sem ajuda, embora muita comida caia ao chão, suje a roupa e a cadeirinha.
O hábito mais interessante para o bebé é fazer por si mesmo aquilo que já está em
condições de realizar. À medida que aumentam as possibilidades e o bebé as
descobre pela prática, tentará ampliar os esquemas de acção aprendidos aplicandoos em situações novas. Isto exige a presença e o olhar atento dos pais, para
preveni-lo a tempo de situações perigosas ou impróprias. Estas advertências
tomam a forma do "não". As primeiras proibições surpreendê-lo-ão, mas depois
repetirá as situações proibidas como procura do “não” e com sentido de jogo.
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Quando o "não" dos pais o impede de realizar algo que deseja, embora entenda o
“não”, insiste para obtê-lo. Nesta etapa, ainda não é difícil que o bebé desista. O
mais aconselhável é distraí-lo oferecendo-lhe algo que ele possa obter, mudando a
contrariedade do "isto não" pela alegria do "isto sim".
Décimo primeiro mês
O desenvolvimento da actividade motora do bebé não se detém: senta-se sozinho
sem ajuda, ajoelha-se e gatinha em várias direcções, ergue-se com ajuda e
desloca-se apoiando-se numa cadeira a quem arrasta. Ao avançar pela casa, o
bebé, devido à sua natural curiosidade, tentará agarrar todos os objectos que
atraiam a sua atenção, pelo que é conveniente adaptar aquelas zonas da casa por
onde circula: afastar os obstáculos em que possa tropeçar, tapar as tomadas
eléctricas, retirar as plantas com espinhos ou perigosas, cuidar que as janelas
tenham protecção, e colocar fora do seu alcance aqueles objectos que possam
quebrar-se. É a altura de adaptar a casa ao bebé, já que ele está a aprender e a
reforçar através da prática estas aprendizagens. Os progressos mais destacáveis
durante este período registam-se na área da motricidade (pernas e pés) dado que o
pequenino já anda apoiado nos seus pezinhos, e na área da motricidade fina
(braços e mãos), porque domina perfeitamente a pinça dos seus dedinhos.
O bebé aponta para tudo o que lhe chama a atenção, inclusivamente para partes do
seu próprio corpo. O momento do banho é uma boa oportunidade para brincar com
o seu corpo, patinhar na água ou fazer bolas de sabão. Alguns bebés também se
divertem metendo o rosto dentro de água e retirando-o rapidamente, mas outros
ainda não estão tão desenvolvidos. É conveniente não o forçar, e se o bebé
escorregou e ficou coberto pela água, retira-se e aproveita-se para considerar o
sucedido como uma vitória e não como um risco. Se o pequenino não notar alarme,
e se a mamã o festejar, ele tentará repeti-lo.
Nesta idade o bebé começa a empilhar cubos e pode fazer jogos de encaixe,
introduzir cubos mais pequenos dentro de outros maiores, brincar com elementos
simples como tampinhas ou rolhas (mas que não sejam muito pequenos já que
tratará de levá-los à boca) e colocá-los dentro de uma caixa. Irá descobri-los,
retirá-los e fazê-los cair, rolar e tocar. Também gostará que a mamã lhe peça
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algum brinquedo, para agarrá-lo e lho dar. Neste jogo, além de distinguir o
brinquedo, aprende e fixa novas palavras.
Primeiro ano
Ao chegar aos doze meses, o bebé começa a andar sozinho e sem ajuda, mas se
ainda não o fez, depressa o fará. Lembre-se que os bebés não são iguais: alguns
conseguem-no mais cedo e outros mais tarde. Isto não significa que uns sejam
mais inteligentes e desenvolvidos do que outros, mas que cada pessoa tem os seus
tempos internos e externos para crescer, e há lapsos nos progressos, outros em
que param (provavelmente para fixar), e até por vezes parece que se esqueceu do
que aprendeu, porque regressa a uma prática anterior.
O bebé já come sozinho, tanto à mão como com a colher. Se não quer agarrar nela,
pode recolher-se o alimento com ela e depois deixá-la sobre o prato, para que o
bebé acabe por levá-la à boca por si mesmo. Bebe líquidos por uma caneca, que
agarra com as mãos, e é bom que tenha o seu próprio copo, que deve ser
inquebrável para que possa conservá-lo apesar das quedas. Tem as suas próprias
preferências alimentares e para adaptá-lo aos novos sabores podem combinar-se
com os conhecidos em pequenas porções. Se a hora da refeição é agradável,
tranquila, e um momento participativo entre a mãe e o seu filho, provavelmente o
bebé adquirirá bons hábitos alimentares e educativos. É importante que a hora de
comer não se acompanhe de uma excessiva estimulação que desvie a atenção para
outra coisa, por exemplo, um programa de televisão, receber visitas, ou
interromper para atender o telefone. É possível que perante estas situações, o bebé
para chamar a atenção dos pais recorra a estratégias pouco apropriadas e aprenda
a interromper tanto como é interrompido.
Entrar no sono acompanhado pelos pais, com uma música calma, com o cansaço de
um dia activo e ocupado, e junto do seu brinquedo preferido, ajuda o bebé a dormir
sem sobressaltos. Não obstante, se acorda durante a noite e chora, é importante
que um dos pais o atenda, o acalme e lhe explique que está cuidado.
Se o sono for muito leve e acorda muitas vezes e assustado, é provável que
qualquer coisa que aconteceu durante o dia o esteja a incomodar, e nesse caso os
papás deveriam verificar o que é que pode estar a acontecer. Ao ano, o pequenino
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já tem horários mais parecidos com o resto da família e dorme tranquilamente toda
a noite, porque já não necessita de comer a intervalos curtos.
Como o bebé agora é mais independente, é provável que comece a tentar tratar de
si próprio e assim colabore para se mudar, queira tomar banho sozinho e comer
sem ajuda. Estes inícios são importantes e ainda que demore mais tempo e se suje
um pouco, é preferível estar junto dele para o ajudar estimulando as suas
tentativas. Uma maneira de estar juntos é que o bebé acompanhe a sua mamã nas
suas actividades colaborando em algumas tarefas simples, como alcançar o que se
lhe pede. Enquanto a mamã realiza o seu trabalho, pode falar-lhe ou explicar-lhe o
que está a fazer, porquê e para quem, o que fomenta o diálogo com o seu filho. É
muito importante falar-lhe, porque isso o introduz no mundo da palavra, do
significado, de ser tido em atenção, da confiança para dizer, perguntar e escutar.
Esta etapa é ideal para iniciar a educação de certos hábitos, aqueles que devem ser
ensinados mediante o exemplo dos pais, como ajudar a guardar os brinquedos que
retirou para brincar.
Nesta etapa aparece o brinquedo preferido que leva quando vai passear e quando
vai para a cama. Este brinquedo vai adquirir para o bebé uma importância
fundamental, porque o acompanhará provavelmente durante alguns anos nos
momentos em que se sente só, oferecendo-lhe a sua permanente companhia. É
importante que os papás aceitem incluir o brinquedo em passeios e férias, já que
para o bebé, estar com ele, equivale a estar com os seus papás quando os não vê.
A mamã cuidará para que este brinquedo esteja sempre disponível, não o lavará
mesmo estando sujo porque o bebé necessita de reconhecê-lo não somente dessa
forma mas também pelo odor, e é pelos seus atributos especiais que o bebé lhe
atribui características de ser vivo. Este brinquedo (chamado "objecto de transição")
pode proporcionar uma ajuda inestimável para o bebé em situações de stress ou
traumáticas, como um internamento. Com este brinquedo especial o bebé
atravessa a etapa do apego à sua mamã, até ao gradual desprendimento natural do
processo de crescimento.
À medida que o bebé cresce e amplia as oportunidades que a estimulação
adequada possibilita, aprende a reconhecer os riscos, perigos, inconvenientes e
limites próprios do ambiente familiar. Nesse momento, será o bebé quem se irá
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adaptando ao ambiente. Mas este processo não se dará durante o primeiro ano de
vida.
O pequenino aprenderá o "não" verbal e gestual dos pais, e entenderá o que é que
não se lhe permite. No entanto, tentará mudar essa resposta, já que deseja sempre
obter tudo o que quer. Se os "nãos" dos pais não forem excessivos porque, com
cuidado, adaptam a casa ao bebé, quando aparecer um "não", este será respeitado
e permitirá ao pequenino compreender que se trata de uma proibição. Toda a
negativa se relaciona com o seu oposto, a afirmação, e por isso, o bebé deve
entender que se existe alguma coisa que não poderá ter nesse momento, talvez
possa obter outra. Esta atitude dos pais é positiva e ajuda a anular a teimosia do
filho, o que se torna benéfico para a formação dos seus traços de personalidade, e
da sua tendência para uma disposição mais alegre, num clima de real moderação.
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II. II – A ESTIMULAÇÃO DO BEBÉ MÊS A MÊS (DOS 0 MÊS AOS 11 MESES)
De 0 a 1 mês
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Fale-lhe e dê uma massagem ao bebé enquanto o limpa;
Quando o bebé estiver despido, permita-lhe mover livremente as pernas e
os braços;
Coloque um dedo na mãozinha do bebé para que o aperte, e se o fizer, erga
a mão para que faça força;
Segure-lhe nos braços com suavidade e movimente-lhos para cima e para
baixo;
Com o bebé deitado de costas, agarre nas suas mãozinhas e puxe até sentálo;
Coloque o bebé de barriga para baixo, e empurre com a mão um pézinho
para a frente;
Enquanto o não alimenta, coloque o mamilo ou a chupeta na boca do bebé
para que aprenda a chuchar;
Aproveite o momento da alimentação para fazer-lhe carinhos: tocar-lhe nos
bracinhos, nas mãozinhas e nos dedinhos um por um, cantar-lhe, repetir-lhe
sons;
Deite-o em posições diferentes;
Cuide do seu sono, mas procurando que se habitue a dormir com os ruídos
habituais, assim como a estar com outras pessoas;
Movimente a chupeta na sua boca para que exercite o movimento de
chuchar;
Mostre-lhe um objecto de cores vivas e mova-o lentamente para que o siga
com o olhar;
Coloque um mobile na alcofa ou no berço;
Embale-o suavemente e pegue-o ao colo do lado esquerdo e do direito.
1 mês
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Repita-lhe alguns sons: "aaa", "ggg", "bbb";
Segure-lhe nas mãozinhas, junte-lhas e separe-lhas;
Estique e dobre suavemente as pernas do bebé, movendo-as para cima e
para baixo;
Deixe-o de barriga para baixo durante alguns breves momentos;
Permita-lhe brincar com a água durante algum tempo, agarrando-o para que
se sinta seguro;
Ofereça-lhe algum objecto que ao tocá-lo emita som;
Mostre-lhe um objecto, e quando tiver fixado o olhar nele, mova-o
lentamente.;
Mostre-lhe dois objectos e faça-os soar de maneira alternada, esperando
que fixe o olhar;
Pendure novos móbiles no berço.
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2 meses
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Enquanto o bebé estiver deitado de barriga para cima, sem roupa ou com
roupa leve, mova-lhe as pernas como se pedalasse, flectindo-as até ao
abdómen;
Ajude-o a passar da posição de costas para a posição de barriga para baixo;
Segure num dos seus bracinhos, estique-o para cima e rode o bebé,
lentamente, para o mesmo lado (segurando-lhe na cabeça se for
necessário);
Passe um dedo pela barriguinha do bebé, desenhando linhas em redor do
seu umbigo, e espere a sua reacção;
Ao passeá-lo, mostre-lhe objectos, fale-lhe e sorria-lhe;
Pendure num fio brinquedos ou elementos de cores e texturas diferentes;
Mova objectos e espere que os siga com a vista;
Chame-o pelo seu nome e diga também os nomes das outras pessoas;
Deixe-o escutar os ruídos que faz enquanto trabalha;
Coloque o bebé debaixo de uma árvore para que observe o movimento das
folhas.
3 meses
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Ponha-lhe a chupeta na mão para que ele próprio a leve à boca;
Jogue às escondidas tapando o seu rosto ou o do bebé com a fralda, e
mostre contentamento quando os destapa;
Ofereça-se para explorar algum objecto do quotidiano que lhe chame a
atenção;
Permita-lhe tocar na roupa ou no biberão enquanto se alimenta, e em
diferentes objectos que lhe atraiam a atenção durante o passeio (se não
forem perigosos);
Repita os sons que o bebé emite, cante-lhe, e se ele cantar, imitar o seu
canto;
Levante-lhe os pezinhos até que os possa ver e brincar com eles;
Coloque-o de barriga para baixo para que se exercite a levantar a cabeça e
o peito.
4 meses
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Com o bebé deitado de costas, segure-lhe nas pernas para que fiquem
esticadas;
Coloque a outra mão debaixo da cabeça e levante-lha para que faça força e
se sente;
Enquanto estiver de costas, estimule-o para que movimente com as pernas
algum objecto que provoque som;
Coloque o bebé de barriga para baixo, brinque e anime-o para que endureça
o corpo, fazendo força com os seus bracinhos;
Coloque entre os brinquedos atados no fio um brinquedo que o bebé possa
morder;
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Não deixe o bebé permanentemente no mesmo lugar;
Sempre que seja seguro e cómodo, coloque-o em frente a um espelho,
numa manta no chão, ao lado da janela, etc;
Coloque uma fralda sobre o seu rosto para que a retire;
Deixe cair um objecto em frente dos seus olhos para que veja onde caiu;
Enquanto se alimenta, sorria-lhe e fale-lhe tentando ser expressiva, cantelhe, limpe-lhe o rosto com suavidade e expresse a sua alegria se comeu
bem;
Durante o banho, permita-lhe brincar, mover-se, fazer ruído com a água,
mover as perninhas e os braços.
5 meses
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Ofereça-lhe a possibilidade de descobrir novos objectos: recipientes, uma
garrafa plástica bem fechada com um objecto dentro, uma colher de
madeira, brinquedos com música, etc;
Repita os sons que o bebé faça;
Fale-lhe e pronuncie os nomes das pessoas e coisas: "papá", "bebé", "água",
etc;
Esconda objectos da sua vista, tapando-os com algo que o bebé possa
levantar. Cubra parcialmente algum objecto e mostre alegria quando o
destapa;
Antes do banho e ao despi-lo, permita-lhe brincar com o seu corpo sem
roupa e estimule-o para que faça exercícios;
Tente que se agarre nos seus dedos para sentar-se;
Enquanto estiver de barriga para baixo, coloque algum objecto vistoso
diante dele e veja se ele levanta os bracinhos e a cabeça para agarrá-lo.
6 meses
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Ate chaves e outros objectos num fio e mova-os. Nesta altura a criança já
pode seguir com o olhar os objectos que se movimentam rapidamente;
Ponha-lhe a chupeta na sua mão ao contrário, de tal maneira que tenha de
dar-lhe a volta para colocá-la na boca;
Em pé e em frente de uma mesa, segure o bebé pelos braços e apoiando as
suas costinhas no seu ventre. Segure-o firmemente à altura das nádegas e
incline-o suavemente para a frente, até que toque na mesa com as mãos;
Repita todos os sons e gestos que o bebé faça;
Deixe-o segurar o biberão com as suas próprias mãos enquanto se alimenta;
Comece a ensiná-lo a segurar numa colher;
Deixe-o agarrar pedacinhos de comida do prato e levá-los à boca;
Durante o banho ou a muda da fralda, acaricie-o e deixe que ele a acaricie
com as mãos e os pezinhos.
7 meses
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Cante-lhe, ria-lhe, faça-lhe coceguinhas, pegue-o ao colo e dance com ele;
Em frente a um espelho, olhem-se e apontem um para o outro;
29
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Fale-lhe com expressões diferentes (alegria, pena), e a imitar gestos com o
rosto e mãos;
Repita-lhe sílabas ("ma", "ta", "pa", etc.). Pronuncie as palavras "mamã",
"papá". Mostre-lhe nas páginas de um livro objectos conhecidos e diga-lhe
os nomes, de forma correcta e pausada;
Leve-o a passear;
À sua vista, esconda um objecto de que ele gosta perto de onde possa
descobri-lo e espere a sua reacção. Se não o descobre, faça-o por ele;
Coloque-lhe um objecto em cada mão e ofereça-lhe depois um terceiro para
ver como soluciona o problema;
Jogue às escondidas tapando o rosto e voltando a aparecer (também se
pode fazer com objectos);
Tire-lhe o objecto com que ele brinca e deixe-o cair perto para que o
apanhe;
Ofereça-lhe objectos de diferentes texturas, formas e sons, para que bata
com eles;
Coloque pedacinhos de miolo de pão ou bolacha sobre a mesa e incentive-o
para que os agarre com as mãos;
Ajude-o a amparar-se apoiado nos móveis;
Sente-o sem apoio durante alguns minutos. Faça o mesmo com as pernas
abertas e dê-lhe um objecto para que o agarre, tentando que mantenha o
equilíbrio;
Coloque o bebé de barriga para baixo e mostre-lhe objectos que estejam a
certa distância, incentivando-o para que os alcance, gatinhando;
Deixe-o brincar sozinho durante alguns momentos.
8 meses
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Incentive os restantes membros da família para que brinquem com o bebé,
lhe cantem canções com gestos que possa imitar (agitar as mãos, aplaudir,
dizer adeus), o levem a passear e lhe mostrem coisas e lugares novos;
Ensine-o a fazer carinhos com as suas mãozinhas às pessoas e aos bonecos
de peluche;
Enquanto o alimenta, mostre-lhe e diga o nome dos alimentos e utensílios,
sem pretender que os repita;
Premeie-o com mimos se comer bem, e tente que coma com a colher e beba
de um copo;
Repita os seus balbucios: "ma-mã", "da-da", "pa-pá", e esperar a sua
resposta;
Pergunte-lhe: onde está o papá? Onde está a colher? E responda-lhe: cá
está!;
Dê-lhe ordens simples como: "dá-me a colher", "dá-me a bola", embora não
faça o que lhe pede;
Coloque os seus brinquedos dentro de uma caixa para que possa retirá-los;
Ofereça-lhe um brinquedo que se possa encaixar dentro de outro, e uma
caixa com vários orifícios para que tente introduzir neles algum objecto;
Ofereça-lhe objectos com que ele possa bater com uns nos outros, e
elementos de diversos tamanhos e texturas (rolhas, esponjas, algodão,
cubos, carrinhos), para que ele os manipule e comece a utilizar o polegar;
Coloque objectos fora do seu alcance para que tente agarrá-los;
Partilhe jogos, como tocar num tambor ou rolar com uma bola;
30
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Toque num tambor, pare, e espere que através dos seus gestos o bebé lhe
peça que continue (assim como quando lhe faz coceguinhas ou lhe põe
música a tocar);
Ponha-o perto de um móvel para que tente pôr-se em pé sozinho;
Segure-o por debaixo dos braços e ajude-o a dar alguns passinhos;
Quando comece a gatinhar, ajude-o a coordenar o movimento dos braços e
das pernas dobrando-lhe alternadamente uma e outra perna, ou
simultaneamente as pernas e os braços opostos;
Sente-o sobre uma almofada e empurre-o suavemente para um lado e para
outro para que tente manter o equilíbrio;
Durante o banho e a muda da fralda, deixe-o brincar; indique-lhe e dê os
nomes às diferentes partes do seu corpo;
Comece a ensinar-lhe que coisas são perigosas ou causam dano, e também
a cuidar e a respeitar as decorações e as plantas da casa.
9 meses
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Pegue-o ao colo, passeie-o e converse acerca das coisas que vê;
Faça diferentes expressões faciais para que tente imitá-las;
Brinque a dar beijos e carícias a pessoas e brinquedos;
Faça-o escutar diversos sons e músicas;
Durante os passeios, deixe-o tocar nas árvores, nas folhas e nas flores;
Invente juntamente com o bebé alguns jogos simples, para que ele sinta
que compartilham uma actividade (brinquem no chão, na alcatifa ou na
relva);
Apresente-lhe objectos que se abram de diferentes maneiras, para que ele
as tente abrir;
Dê-lhe a oportunidade de discar num telefone. Esconda objectos para que os
procure;
Coloque um brinquedo sobre um pano ou mantinha a uma certa distância
para que o bebé tente aproximá-las puxando pelo tecido. Faça o mesmo
com um objecto atado a um fio;
Dê-lhe pedaços de massa, esponjas molhadas, etc. para que os aperte;
Aproxime-lhe objectos pequenos (sempre com cuidado para que não os leve
à boca) para que exercite o uso do polegar;
Ofereça-lhe um brinquedo para enfiar num cordão. Dê-lhe brinquedos no
momento do banho;
Incentive o uso do copo durante as refeições, de maneira que com o tempo
possa ir deixando o biberão;
Coloque o bebé em frente a um apoio para que possa agarrar-se e manterse em pé sozinho;
Apoie-o com as suas mãos e incite-o a andar (mas cuidado, não fique muito
ansiosa para que ele o consiga). Leve-o pela mão e mostre-lhe objectos no
chão para que ele os apanhe;
Sente o bebé, e uma vez sentado, agarre-o pelos pés e devagar empurre-o
para trás até fazê-lo cair de costas. Ele tentará permanecer sentado, e ao
não consegui-lo, divertir-se-á muito. Também com o bebé sentado,
proponha-lhe que imite os seus gestos (aplaudir, levantar as mãos, etc.);
Dê-lhe explicações simples; Diga-lhe explicitamente "não" face a situações
de perigo.
31
10 meses
Por volta dos dez meses, o bebé fica muito curioso e mexe em tudo o que se
encontra ao seu alcance. Por se tratar de uma época com muitos perigos, é
importante estar com muita atenção.
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Propicie-lhe brincadeiras com outras crianças, saindo com ele para o jardim
e participando com ajuda das brincadeiras , e dos passeios a lugares onde
haja diversos animais;
Compartilhe actividades novas como brincar com água ou com areia;
Ofereça-lhe objectos para que os coloque dentro de uma caixa que tenha
uma abertura pequena;
Brinque com as suas mãos e dedinhos e faça-lhe coceguinhas nas palmas;
Mostre-lhe e dê os nomes a outras partes do corpo (cabelo, olhos, unhas,
pestanas, etc.);
Repita-lhe novas sílabas, faça-lhe gestos novos com as mãos tentando que
os imite (fechar e abrir os olhos e a boca, encher as bochechas de ar, etc.);
Sente-o numa cadeira para comer ou fazer outras actividades;
Leve-o a andar com as duas mãozinhas apoiadas numa vara, e também pela
sua mão. Tente que repita;
Ponha-o em pé sem apoio durante alguns minutos, e incite-o a dar um
passo;
Ponha-o de barriga para baixo com as mãos apoiadas no chão e incite-o a
gatinhar;
Coloque no chão objectos de variado tamanho para que escondam ou o
impeçam de alcançar o objecto em que está interessado. (uma mantinha
enrolada, uma caixa de cartão, um almofadão, etc.);
Faça movimentos afirmativos de cabeça e dizer "sim", e negativos dizendo
"não";
Ensine-o a respeitar as proibições explicando o porquê (tomadas, cozinha,
fogão, vídeo, etc.).
11 meses
Nesta idade, o bebé já pode pôr em prática com maior perfeição as conquistas
alcançadas. Gosta dos jogos de imitação e pode imitar gestos mais complexos.
Pode deslocar-se com menos apoios e converte-se num explorador incansável.
Quando fala, repete as sílabas de forma interminável, até conseguir dizer as
primeiras palavras, e percebe muitas mais do que as que consegue exprimir.
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Tente que coma somente com a colher, ou em pedacinhos pequenos com as
mãos;
Convide-o a desfrutar dos movimentos e da exploração do seu corpo quando
estiver despido;
Estimule-o a deslocar-se apoiando-se nos móveis ou seguro pela mão;
Coloque-o de costas na cama, levante-lhe as perninhas, flexione-lhas e faça
movimentos de bicicleta;
Coloque-o de barriga para baixo e levante-lhe as perninhas para que trate
de manter o peso com os bracinhos e o tronco;
Faça ginástica com ele;
Deixe-o gatafunhar em folhas grandes de papel, e pintar com tinta para
mãos, utilizando as mãos e os dedos;
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Ofereça-lhe algodão para desfazer, botões grandes para introduzir numa
garrafa de plástico, um objecto para que ele também retire de dentro dela,
um brinquedo embrulhado para que ele o desembrulhe e um livro com capas
resistentes para que ele o folheie;
Mostre-lhe um objecto e esconda-o primeiro num lado e depois em outro;
Ate um brinquedo com rodas num fio comprido e diga-lhe para puxar pela
corda para aproximá-lo;
Brinque como se se despedisse, repita todas as palavras que o bebé disser,
colocando ênfase ao enumerar as acções que realiza;
Dê-lhe ordens simples com palavras e gestos. Responda às suas intenções
de comunicação;
Deixe-o desfrutar com a música e dance com ele;
Não importa se não consegue, mas já o pode ensinar a soprar as velas.
Depressa o bebé cumprirá um ano!
33
III - A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR
Brincar é a actividade principal da criança. Uma criança que não brinca chama tanto
a atenção como uma que não come. É muito importante que os pais compreendam
que brincar não é uma perda de tempo, antes pelo contrário: é indispensável para
desenvolvimento intelectual, motor, afectivo e social dos seus filhos.
Nas crianças, brincar é uma via natural de expressão. Permite-lhes explorar e
entender o mundo que as rodeia através de todos os seus sentidos, e proporcionalhes os meios para transformar sentimentos e ideias em acções. Através do jogo, o
bebé aprende a conhecer e a dominar as diferentes partes do seu corpo e as suas
funções, a orientar-se no espaço e no tempo, e a entender o mundo que está à sua
volta.
As brincadeiras de criança são as que surgem espontaneamente nos cuidados
quotidianos. Não necessitam de nenhuma explicação, e estão relacionadas com as
que os nossos pais também fizeram connosco. Como exemplo, podemos citar
algumas brincadeiras de criança que todos conhecemos: enquanto lhe damos de
comer, fazemos de conta que a colher é um aviãozinho; ou o embalamos, quase
inconscientemente, quando o temos ao colo; ou brincamos com as suas pernitas
enquanto lhe mudamos a fralda. Este tipo de jogos favorece o vínculo, em primeiro
lugar com a mãe, o pai, e depois com outras crianças e adultos.
Uma das funções do brincar consiste em facilitar o processo de transição da
dependência para a independência. Por princípio, a mamã e o bebé constituem uma
unidade. Para a mãe, o bebé é quase um prolongamento do seu corpo, e o bebé,
34
por sua parte, não pode delimitar onde termina o seu e começa o da sua mamã.
Esta diferenciação poderá consegui-la um pouco mais tarde, quando dirija o seu
olhar para os objectos do mundo exterior; quando tome contacto com os
brinquedos como algo diferente dele.
O valor do jogo como actividade espontânea do bebé consiste em lhe permitir obter
um conhecimento cada vez mais amplo do mundo que o rodeia (das outras
crianças, adultos, brinquedos) e do seu próprio corpo. Quando observamos uma
criança que está a brincar podemos conhecer os aspectos emocionais, e em que
etapa de desenvolvimento psicomotor se encontra. Se falamos da possibilidade de
brincar que uma criança tem, falamos da sua saúde. Se uma criança brinca é
porque se encontra bem, porque está com saúde. Geralmente, quando as crianças
têm algum problema, quer seja físico (de saúde) ou emocional (estão tristes,
recusam algum membro da família, ou acontecem mudanças à sua volta como a
morte de um ser querido ou alterações imprevistas) manifestam-no brincando
menos, ou não brincando. E é comum que o pediatra, face a um acesso de febre,
pergunte: brinca? Pega nos seus brinquedos? Os factos traumáticos também podem
ser produzidos durante a brincadeira. Assim como os adultos, quando atravessam
situações de conflito, tendem a descarregar a sua tensão falando sobre o ocorrido,
também os bebés a descarregam brincando.
III. I - A EVOLUÇÃO DO BRINCAR
Desde as primeiras brincadeiras, como esconder-se atrás da mantinha, ou o
conhecido "está cá – ou já não está", vemos a importância da participação da
família. A brincadeira começa quando a mamã ou o papá tapam o rosto e depois o
destapam para que o bebé possa reencontrá-los, despertando a alegria e o riso que
isso provoca. Mais tarde, essa brincadeira transforma-se e o protagonista será o
bebé, que de uma maneira mais activa tapará o rosto ou atirará com os brinquedos
ao chão para pedir que lhos devolvam. Estas brincadeiras, que parecem simples,
possibilitam, no entanto, que o pequenito possa ir tomando consciência de que,
tanto os brinquedos como as pessoas podem desaparecer momentaneamente, mas
que logo reaparecem, o que quer dizer que o vínculo com eles não se perde. Esta
situação é a que mais preocupa os bebés: experimentar e compreender as
35
situações de separação e de reencontro. A mamã vai-se embora mas não
desaparece, regressa.
As brincadeiras corporais que o bebé realiza especialmente com o papá: mover-se
como um barco, girar como um aviãozinho, cair de um apoio, subir e descer, o
cavalinho, são os percursores dos jogos do parque infantil – a rede, o escorrega, o
carrossel, o sobe e desce – quando o bebé for mais crescido. Os jogos
transformam-se em outros jogos segundo o desenvolvimento e a maturação.
Assim, por exemplo, o jogo do lençol onde se oculta o rosto, passará a ser para a
criança – de um modo mais activo – o esconder dos brinquedos e o jogo das
"escondidas" ou da "cabra-cega", ou os "truques de magia" quando for mais
crescida.
Quando o bebé nasce necessita de se adaptar a um mundo novo, que deverá
conhecer e compreender. Mas sozinho não pode. Necessita dos cuidados do papá e
da mamã; eles ocupam-se das suas necessidades físicas e emocionais (alimentá-lo,
dar-lhe banho, mudá-lo de posição, acalmá-lo, deitá-lo), e também de lhe ir
apresentando o mundo de todos os dias, introduzindo-o nele através do brincar.
Poucos dias depois de ter nascido, o bebé já é capaz de reconhecer a sua mamã
através do odor, da voz, e do ritmo do seu coração. Pode fixar os olhos num
objecto e distinguir as sombras. Nesta etapa, é suficiente para o bebé um lugar
seguro (o berço, a alcofa, o chão), onde possa mover-se livremente, esticar as suas
pernitas, mover os seus bracitos, realizar experiências com o seu corpo. Também é
muito importante para o recém-nascido o contacto corporal com a sua mãe, e
aproveita o corpo dela para tocá-lo, apoiar-se e sustentar-se. Isto permite-lhe ir-se
adaptando a um mundo novo sem estranhar o ventre materno.
Ao princípio o brincar tem carácter solitário. Isto não quer dizer que o bebé vá estar
sozinho, mas que, por enquanto, mesmo que tenha irmãozinhos ou seja visitado
por outras crianças, não vai estabelecer com elas um intercâmbio. Os outros bebés
serão tratados como brinquedos, coisas que o bebé inspecciona, toca e aprende a
conhecer. Cada um faz a sua brincadeira, mas não brincam em conjunto. Durante
um período bastante prolongado, e até que comecem a partilhar verdadeiramente
as suas actividades lúdicas, o bebé continuará a apoiar-se na brincadeira solitária
para reparar as emoções expostas. É ali onde introduz todos os aspectos do seu eu
que ficaram feridos.
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O intercâmbio começa a produzir-se perto da etapa escolar. Aqui, a criança
descobrirá que conteúdos do brincar pode compartilhar com os outros e quais não
pode. De acordo com a maneira como brinque com os seus pares, assim irá
formando a sua personalidade: se se impõe aos outros ou se submete à vontade do
mais forte; se é flexível para alternar entre o que ele quer e o que querem os
outros. O brincar partilhado ajudará a criança a manejar as suas frustrações e a
adaptar-se. Porque à medida que vai crescendo deixará de ser "sua majestade o
bebé" (aquele que em redor do qual gira o mundo) para começar a colaborar; há
coisas que pode fazer e outras não.
III. II - AS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS LÚDICAS (DOS 0 MESES AOS 3
ANOS)
Entre os 0 e os 3 meses
Quando o bebé é recém-nascido, um modo de brincar com ele é mimando-o,
tocando-o, fazendo-lhe massagens suaves, aproveitando os momentos do banho,
da mudança da fralda e da alimentação. Também podemos pôr música. Se
colocamos uma melodia que a mamã escutava durante a gravidez, o bebé
reconhecê-la-á, acalmar-se-á e desfrutará com ela. Se colocamos mobiles de cores
primárias (vermelho, azul, amarelo) o bebé observá-los-á e depois seguí-los-á com
o olhar.
Entre os 3 e os 4 meses
Nesta época produzem-se alterações fundamentais no corpo e na mente do bebé.
Começa a interessar-se pelo mundo que o rodeia, e o olhar já não está
constantemente dirigido para a sua mamã, mas começa a observar à sua volta. É
normal que um bebé que durante os momentos de se alimentar não fez outra coisa
além de comer, agora coma e pare por momentos para olhar à sua volta ou para
escutar
uma
conversa.
À
medida
que
as
suas
capacidades
motoras
se
desenvolvem, permitem-lhe começar a explorar por si próprio os brinquedos, tocá-
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los, chupá-los, manipulá-los. Nesta idade já conhece muito bem a sua mãe. É capaz
de coordenar os movimentos com o olhar, o que lhe permite aproximar a mão do
objecto desejado. Pode passar os objectos de uma mão para a outra, levá-los à
boca e depois largá-los. Nesta etapa, os bebés descobrem as suas mãos e brincam
muito com elas, agarram uma com a outra e levam-nas à boca. Isto, que parece
simples,
é
muito
importante,
porque
o
bebé
começa
a
aperceber-se
da
possibilidade de agarrar os objectos. Se colocamos alguns brinquedos coloridos de
tamanho médio próximo do seu corpo, tentará agarrá-los e levá-los à boca.
Também nesta fase a música é importante, assim como falar-lhe.
Entre os 5 e os 6 meses
Nesta etapa o bebé já é capaz de sentar-se, e a sua relação com os objectos que o
rodeiam altera-se. Agora pode rolar (virar-se de barriga para cima para ficar de
barriga para baixo, e vice-versa). Primeiro pode sentar-se com um apoio nas
costas, e depois fá-lo-á sozinho, sem ajuda. Isto significa uma enorme alegria para
o bebé: que bom é ver o mundo de frente, sentado e sem estar sempre deitado! O
pequenito brinca com o seu corpo e com os objectos. Desaparece debaixo de uma
mantinha e volta a aparecer. Também brinca com os olhos: fecha-os, pensando que
o mundo desaparece, e abre-os com alegria e tranquilidade ao ver que tudo
continua no mesmo lugar.
Do seu corpo saem sons e agora é capaz de repeti-los, uma e outra vez; aparecem
os balbucios, que são o início da verdadeira imitação de sons. Começa a imitar os
actos de outra pessoa, mesmo quando ele mesmo não os praticou previamente.
Para a sua mentalidade, a palavra começa a ser um objecto concreto, um conjunto
de sons com que pode brincar. É um "jogo verbal".
No entanto, só reproduz regras de conduta familiares, e os movimentos imitados
devem tornar-se visíveis sobre o seu corpo. Começa a tentar dizer adeus com a sua
mãozinha, e a fazer "que linda mãozinha...". Ao brincar, o bebé desloca para o
exterior os seus medos, angústias e problemas internos, dominando-os mediante a
acção.
Com o aparecimento dos dentes, o bebé tem possibilidades de morder. Brincar a
morder objectos adequados, sem magoar os seus entes queridos. Não devemos
38
permitir-lhe que magoe, mas também não devemos irritar-nos com ele, já que
morder é uma necessidade para experimentar a nova aquisição: os dentes.
Quando o bebé tem cinco ou seis meses, o chão é nosso aliado. A cama torna-se
perigosa porque o bebé poderia cair. A cama com traves é útil, mas somente
durante algum tempo, já que o bebé quererá experimentar espaços maiores. Não
devemos recear o chão, mas precisamos de prepará-lo da forma mais segura
possível, longe de tomadas eléctricas ou de móveis com esquinas. Se o bebé se
magoa não devemos assustar-nos, pois nada acontecerá além de um susto, para
ele e para quem trata dele. Podemos oferecer-lhe bolas e brinquedos coloridos, já
que nesta etapa os agarra com facilidade, passa-os de uma mão para a outra, e se
os colocarmos um pouco mais distantes tentará alcançá-los arrastando-se. A
música também continua a ser importante. Nesta época, o pequenito também
encontra os seus pés, toca-os com facilidade e leva-os à boca. Atira os brinquedos
ao chão, e espera e exige que lhos devolvam. Esta brincadeira é necessária para
que o bebé experimente que pode perder e recuperar o que ama.
Entre os 8 e os 12 meses
Já se desloca pelo chão. Nesta etapa, até os bebés mais sociáveis se tornam
desconfiados com os estranhos. Escondem-se por detrás da mãe, ou nos seus
braços. É um processo emocional, já que agora reconhecem os rostos familiares e
distinguem os que não o são. Começa a etapa do desprendimento da sua mãe, e
neste momento a presença paterna é muito importante. Utiliza o indicador e o
polegar como uma pinça. Investiga com os dedinhos e com pequenos objectos, e os
lugares preferidos para tocar ou meter coisas são os ouvidos, a boca e os olhos.
Explora tudo o que for possível; mais tarde interessar-se-á pelos buracos da casa:
banheira, canos, fechaduras...
Aos 12 meses
Ao final do ano a maioria dos bebés põe-se em pé e é capaz de andar, o que lhe
permitirá afastar-se e aproximar-se voluntariamente dos objectos. Mas necessita de
estar perto da sua mamã, já que o facto de poder deslocar-se, embora lhe
provoque alegria, também lhe produz ansiedade de separar-se do adulto. Nesta
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idade, o bebé necessita de mudar de brinquedos constantemente. Os preferidos são
os jogos de encaixe, o da chave com as fechaduras, e fazer torres com cubos.
Como já começou a querer erguer-se, gosta que o apoiem para o ajudar a estar em
pé. Já faz tentativas ou inicia o gatinhar (cuidado com as tomadas, objectos e
móveis com esquinas e coisas de valor). Gosta de fazer ruído com tambores,
colheres e bater com os objectos uns nos outros. Também adora que lhe cantem, e
começa a desfrutar da leitura de histórias curtas e de livros com figuras sem muito
texto.
18 meses
Assim, das brincadeiras de exploração passa o bebé, às de imitação, copiando as
acções que os adultos realizam. As panelas, colheres, binóculos, chaves, chamam a
sua atenção e tenta utilizá-los como fazem os adultos que estão à sua volta. O
bebé está orientado para a acção, mas este espaço encontra-se limitado pelas
acções dos outros. Deslocar-se e andar revestem-se de vital importância: nesta
etapa, a mamã e o papá passam os dias a correr atrás do pequenito. Ele quer
explorar tudo, subindo se necessário. Não mede o perigo. Por isso, os adultos
devem estar bem atentos e não o deixar um minuto sozinho. A curiosidade está em
pleno esplendor. Tudo lhe interessa, em tudo quer tocar, escutar. Também desfruta
do jogo no chão, ver figuras, fazer quebra-cabeças simples (de quatro peças),
empilhar blocos.
Entre os 2 e 3 anos
Aparecem os jogos de transvase: o bebé brinca com recipientes e passa o conteúdo
de um para o outro (este jogo é um dos primeiros indícios de aprendizagem, e de
que está pronto para o controlo dos esfíncteres). O corpo é um objecto de
interesse. Entre os dois e os três anos aparece a vontade de desenhar: primeiro
serão gatafu-nhos, que se irão modificando para dar lugar aos primeiros esboços da
figura humana.Tanto os meninos como as meninas gostam de brincar imitando os
cuidados e a alimentação. É importante que os pais não tenham preconceitos sobre
se o seu menino está a brincar e a dar de comer a uma boneca. A que brincam? A
40
dar de comer aos bonecos, a cozinhar, a fazer chá. Começa o jogo da mamã e do
papá. Mas é um jogo em paralelo, ou seja, quando se encontram duas ou três
crianças desta idade, o mais provável é que não interajam entre si, mas que cada
uma brinque no seu mundo (se existem duas crianças a brincar não é que uma faça
de mamã e a outra de papá ou de bebé, mas cada uma faz o que lhe apetece).
Depois dos dois ou três anos a criança já incorpora outras crianças no seu jogo.
Nesta idade também gostam de brincar com barro ou plasticina, com água, com
areia. Adoram disfarçar-se e imitar os personagens quotidianos, como a mamã, o
papá e os avós. É importante que o adulto intervenha sempre que a criança lho
solicite.
III. III - QUE BRINQUEDOS E EM QUE MOMENTO?
O brinquedo reúne muitas das características dos objectos reais, mas, devido ao
seu tamanho, pela sua condição de brinquedo e pelo facto de que a criança exerce
domínio sobre ele (porque o adulto lho outorga como algo próprio e permitido),
transforma-se num instrumento para o domínio de situações penosas, difíceis e
traumáticas que se lhe apresentam na relação com os objectos reais. Por outro
lado, o brinquedo é substituível e permite-lhe repetir à vontade situações
agradáveis ou dolorosas que não pode reproduzir por si próprio na vida real. Por
exemplo, no primeiro ano de vida, os interesses de um bebé concentram-se na
zona da boca: chupar, morder, beber, beijar, explorar. Os brinquedos permitem-lhe esta experiência: conhecer o mole e o duro, as diferenças de textura, sabor e
tamanho, através do seu corpo, lugar onde ficam registadas estas experiências.
Não é bom para a criança oferecer-lhe brinquedos que não estejam aptos para o
seu nível de desenvolvimento motor. Por exemplo, uma roca pode ser complicada
para um recém-nascido se se pretende que a agarre e a olhe, uma vez que este
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recém-nascido somente poderá fazê-lo a partir do terceiro mês. Do mesmo modo,
um brinquedo de encaixe (como aqueles em que se introduzem figuras de
determinada forma num cubo que tem orifícios também com as mesmas formas),
pode ser muito complicado para um bebé de quatro meses, mas adequado para um
de oito. Ou seja, a escolha não deve passar pelo gosto do papá ou da mamã, ou
porque o brinquedo é vistoso, mas sim pelo que o bebé necessita em cada etapa;
porque se não puder manejá-los produzir-lhe-ão frustrações. Os brinquedos devem
ser simples, para que permitam desenvolver a imaginação e explorar o ambiente e
as suas próprias possibilidades motoras. Primeiro, há que saber o que pode o bebé
fazer, e depois, escolher os brinquedos apropriados para cada etapa. Porque jogar
é acompanhar o desenvolvimento psicomotor do bebé.
Muitas vezes, as mamãs e os papás acham que não têm tempo para brincar, mas
há sempre situações como o banho, a muda da fralda ou as refeições, em que é
possível fazê-lo. Estas brincadeiras estimulam o desenvolvimento e a sua
capacidade de comunicar e de divertir, tornando felizes todos os momentos. Ao
mesmo tempo, permitem aos pais conhecer cada vez mais as expressões do
pequenito e compreender melhor o que deseja. Assim, o bebé vai crescendo. Mais
tarde, ao participar nas brincadeiras com as crianças, os pais têm oportunidade de
interagir com elas de forma alegre e descontraída.
0 a 2 meses
Desde o momento em que nasce, o bebé começa a desenvolver a sua percepção
visual, de maneira que até aos dois meses os brinquedos mais apropriados têm
cores brilhantes, os pósteres, e também os mobiles, dado que a música e o
movimento lento lhe parecem extremamente atraentes.
Entre os 2 e os 4 meses
Nesta etapa, o bebé trata de levar tudo à boca. Os animaizinhos de turco ou de
borracha muita macia, que facilitam o manejo precoce dos objectos e o interesse
pelas texturas, são ideais.
Também são adequados para esta idade os guizos, as bolas e os brinquedos que
emitem sons, porque lhes dão a oportunidade de observar um objecto em
movimento e de procurar a origem do som.
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Dos 6 aos 9 meses
O bebé já pode puxar os objectos, segui-los com a vista, e depois agarrá-los. Os
cubos pequenos e os aros de plástico ajudam a coordenar o movimento das mãos e
dos olhos.
A partir dos 12 meses
O bebé encontra-se em condições de brincar com objectos empilháveis e construir
torres, porque já consegue coordenar os seus movimentos. Assim, os brinquedos
ao ano de idade devem ser: balões; bolas coloridas e em vários tamanhos; bonecos
macios, pequenos animais em peluche; carrinhos para carregar e brinquedos para
arrastar; moinhos e outros brinquedos que girem; caixas musicais; jogos de
encaixe e de empilhar; cubos de diversos tamanhos; elementos como rolos em
espuma para rolar; cilindros; redes; pequenas escadas para subir; apoios para
segurar-se em pé; tubos largos em plástico para passar por dentro; brinquedos
com combinações de cores, sons, botões para pressionar e movimento.
Até aos 18 meses, os brinquedos com portas para abrir, telefones para discar e
bolas para dar pontapés estimulam a actividade motora.
Até aos 24 meses aproximadamente, são ideais os brinquedos de arraste e os
triciclos, que permitem ao bebé descobrir uma nova dimensão de deslocação.
A partir dos 2 anos
Controlar os esfíncteres, aprender a comer com talheres sem espalhar a comida
nem se sujar, são condutas que o bebé vai aprendendo, muitas vezes contrariado,
mas por amor aos pais. Por isso, a partir dos dois anos, o reencontro com aquilo
que em determinada altura lhe provocou tanto prazer pode recriar-se através das
brincadeiras com água, barro, plasticina e tintas, com os quais a criança pode dar
largas à sua imaginação e sujar-se à vontade.
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IV – A LINGUAGEM
Durante os cuidados que lhe proporciona, a mamã também brinca e fala com a
criança, do seu corpo, do que poderá agora fazer e do que poderá vir a fazer mais
tarde. Faz variações de tom e inflexões com a voz, e de uma forma lúdica chama o
seu filho e ele responde-lhe. O pequenito repete os seus próprios sons e imita os
que escuta de outras pessoas. As produções vocais evoluem e transformam-se em
palavras. Estes sons são o início da linguagem, que permite criar paulatinamente
outro espaço de brincadeira com a mãe. Se o pequenito chora ou chama pelo
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adulto, pode acalmar-se ao escutar a voz da mamã ou do papá falando-lhe ou
cantando-lhe ainda que à distância. Estes jogos verbais adquirem um sentido de
comunicação.
Chegados os dois anos, é com aflição e angústia que alguns pais verificam que os
seus filhos ainda não pronunciam bem as palavras, não formam frases e preferem
comunicar através de sinais. Nesta idade é comum que as crianças não falem
correctamente e algumas demoram mais a começar a falar do que outras. Antes de
articular as primeiras palavras a criança já comunica, através de gestos, olhares e
mímica. Mas para falar, ela também precisa de ser estimulada. A ausência de
estimulação é, grande parte das vezes, a razão do atraso na fala.
Não existem idades fixas para as aquisições das crianças, mas existe uma
sequência
e
uma
faixa
etária
aproximada
para
as
diferentes
etapas
do
desenvolvimento. Relativamente à fala, primeiro a criança balbucia, ouve o próprio
som e os sons de quem a rodeia. Depois, relaciona a articulação da boca de quem
fala com os sons que dela saem, para seguidamente começar a dizer as primeiras
palavras. A partir de um ano de idade, a criança começa a utilizar palavras
isoladas, que depois vão sendo cada vez mais articuladas e conjugadas, até cerca
dos seis anos, quando já fala praticamente como um adulto. Se forem observadas
dificuldades noutras áreas do desenvolvimento ou se a criança não responder de
outra forma à comunicação que é estabelecida com ela, os pais devem procurar a
opinião de um especialista. No entanto, muitas vezes a criança ainda não fala mas
a linguagem está a ser organizada aos poucos. Isso é visível, nomeadamente, na
forma como brinca, em que estabelece uma narrativa através das suas acções. Por
exemplo, coloca a boneca para dormir, tira-a da cama, alimenta-a, dá-lhe banho,
etc... Ou seja, consegue estruturar uma brincadeira.
O que podem os pais fazer?
Não basta apenas fingir que não entende o que a criança deseja quando ela aponta
para algo, para forçá-la a comunicar por palavras. Apesar de poder ajudar, não é
suficiente dificultar-lhe a vida, fingindo não entender o que ela quer. É importante
dialogar com a criança, cantar, desenhar e falar sobre os seus desenhos.
Demonstrar-lhe que as opiniões dela são importantes e que a quer conhecer e
perceber
melhor.
É
preciso
criar
situações
lúdicas
que
favoreçam
o
desenvolvimento do seu pensamento, pois é necessário pensar para responder.
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• Leia-lhe livros e, a partir das histórias, faça-lhe perguntas sobre as personagens
ou peça-lhe para identificar os animais ou objectos que vão surgindo.
• Deixe-a explorar o ambiente e os objectos que a rodeiam e faça-lhe perguntas
sobre o que são e para que servem.
• Converse muito com ela, vá explicando o que está a fazer, fale sobre as coisas
que utiliza, identificando os objectos e as acções, quer em casa, quer noutros
locais. Procure formular algumas perguntas cuja resposta não seja apenas sim ou
não.
• Preocupe-se em falar de modo simples e claro, mas sempre de forma correcta. As
crianças têm o adulto como modelo e aprendem imitando as suas atitudes e
palavras. Olhe-a nos olhos quando fala com ela, fazendo com que estas
experiências de falar e escutar sejam agradáveis, divertidas e importantes para
ambas.
• Elogie sempre a comunicação da criança, bem como os seus progressos.
• Ao corrigir a fala da criança, não a repreenda. Articule a maneira correcta de
pronunciar a palavra ou frase, pois ela tende a repetir o que ouve.
• Sobretudo, permita que o seu filho viva num ambiente rico em estímulos e
desenvolva jogos criativos. Tenha paciência para ouvir a sua criança, mesmo que
ela esteja muito ansiosa e as palavras se atropelem. Não termine as suas palavras
ou frases. Transmita-lhe que quer muito ouvi-la e que está disposta a esperar para
perceber o que ela tem para dizer.
O desenvolvimento da linguagem é muito importante para o ser humano, pois é,
antes de tudo, o meio de comunicação, expressão e compreensão humanas por
excelência. A fala permite à criança uma maior liberdade, contribuindo para a
diminuição da impulsividade e para o aumento do planeamento das suas acções, ou
seja, é auto-reguladora e permite que a criança oriente de melhor forma as suas
actividades sobre o meio. Assim, a aquisição da linguagem é uma etapa de grande
importância, quer para a criança, quer para os pais.
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O Bebé dos 0 ao 2 anos