Mensuração da Capacidade Absortiva: até que ponto a literatura avançou? Autoria: Ângela França Versiani, Marina de Almeida Cruz, José Márcio de Castro, Marta Araújo Tavares Ferreira, Liliane de Oliveira Guimarães Resumo: O presente trabalho tem por objetivo apreciar a evolução da literatura sobre capacidade absortiva. Para tanto, realizou-se pesquisa bibliográfica compreendendo o período de 1990-2009, selecionando, de um lado, os textos que tiveram como foco específico a discussão sobre capacidade absortiva, e de outro, a sua mensuração. Em tal análise buscou-se identificar o progresso da literatura e como a mensuração vinha sendo realizada. Dois principais pontos se destacaram nessa análise. O primeiro diz respeito ao discurso dominante, que promulga a necessidade das empresas em desenvolver capacidade absortiva. E contrariamente, o segundo destaca a controvérsia do que significa a capacidade absortiva, de como identificá-la, e a partir desse diagnóstico propor intervenções para alcançá-la. Esse segundo ponto enfatiza a dispersão conceitual e a carência de indicadores relacionados diretamente à mensuração da capacidade absortiva. A despeito de tal fragilidade, demonstrase que os poucos trabalhos, que focam exclusivamente a capacidade absortiva, têm sido capazes de desenvolver um quadro teórico integrado. Assim elucida-se esse quadro, mostrando as interfaces do ambiente, da empresa e da inovação. Nesse sentido, ao pontuar a integração teórica sobre capacidade absortiva, segue-se a discussão de como medi-la. Nessa análise, os resultados são frustrantes. Confirmou-se que os trabalhos sobre mensuração ainda são muito incipientes, havendo a falta de diálogo entre eles. Não foram identificados instrumentos de diagnóstico para pronta utilização, o que de certa forma, coloca a necessidade de elaborá-los. Mas por onde começar? Essa pergunta realmente constitui-se um dilema que não pode ser desprezado, uma vez que as intervenções organizacionais dependem de diagnóstico. A solução proposta, neste trabalho, foi a de verificar o estágio em que se encontra a validação do modelo teórico sobre capacidade absortiva e a convergência das hipóteses testadas. Justifica-se essa opção, uma vez que para se desenvolver um instrumento de diagnóstico confiável é condição que paire o mínimo de dúvidas quanto à validade interna dos conteúdos ou dos indicadores que propiciam a mensuração. Nesse sentido, se a validação empírica de hipóteses teóricas em diversos contextos for levada em consideração, tende-se a apresentar o menor viés a esse respeito. Visando contribuir para o desenvolvimento de instrumentos de mensuração da capacidade absortiva, procedeu-se, então, à classificação das hipóteses e proposições identificadas na literatura que tivessem sido validadas empiricamente. Com esse procedimento, verificou-se a convergência de 25 construtos, os quais demonstram ser úteis para compor as perguntas ou indicadores de diagnósticos sobre capacidade absortiva. Assim sendo, neste trabalho especificam-se tais construtos. 1 1 Introdução A discussão sobre capacidade absortiva tem crescido desde a década de 90 (COHEN; LEVINTHAL, 1990; ZAHRA; GEORGE, 2002; VAN DEN BOSCH; WIJK; VOLBERDA, 2003; JANSEN; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA, 2005; LANE; KOKA; PATHAK, 2006; CAMISÓN; FORÉS, 2009), com vários pesquisadores chamando atenção para sua importância nos resultados da inovação (FOSFURI; TRIBÓ, 2008; PÉREZ-NORDTVEDT et al., 2008; WIJK; JANSEN; LYLES, 2008). Os processos de aprendizado internos à firma constituem os elementos básicos da capacidade absortiva, que, relaciona-se à contínua aquisição, distribuição e utilização de conhecimento externo relevante dentro da empresa. Definida, inicialmente, como “a habilidade da firma de reconhecer o valor de novas informações externas, assimilá-las e aplicá-las aos fins comerciais” (COHEN; LEVINTHAL, 1990, p.128), a noção de capacidade absortiva vem se disseminando nas mais diversas áreas de pesquisa, o que na concepção de Lane, Koka e Pathak (2006), tem levado a sua reificação. Isto significa que campos de conhecimentos diversos valeram-se da idéia de capacidade absortiva, e incorporaram-na ao jargão técnico específico, sem se importar com os pressupostos que lhe definem. Nesse sentido, os autores Van Den Bosch, Wijk e Volberda (2003) e Lane, Koka e Pathak (2006) sugerem a carência de estudos que privilegiem a reflexão sobre o desenvolvimento conceitual propriamente dito da capacidade absortiva, bem como de pesquisas empíricas que busquem a validação empírica das dimensões teóricas. Tais autores são enfáticos ao sublinharem a dispersão conceitual e a carência de indicadores relacionados diretamente à sua mensuração. Em recente pesquisa bibliográfica feita pelos autores deste artigo, em julho de 2009, nas bases de dados do “Portal Capes” e nas do “Google acadêmico”, essas assertivas foram confirmadas. Utilizando-se as palavras chaves “capacidade absortiva” e cruzando com “mensuração”, compreendendo o período entre 1990 a 2009, procedeu-se a identificação de trabalhos que tratassem da medição da capacidade absortiva, não sendo identificados, para pronta utilização, instrumentos de diagnóstico que fossem capazes de mensurar ou avaliar a capacidade absortiva das empresas. Tal constatação naturalmente conduz a um dilema que não pode ser desprezado, principalmente quando se trata de avaliar o potencial e a realização das inovações das empresas: Se não há um instrumento de diagnóstico sobre a capacidade absortiva, não há como propor intervenções organizacionais no sentido de alavancá-la, o que de certa forma coloca a necessidade de elaborar tais instrumentos. Ao assim constatar indaga-se neste trabalho, como a literatura sobre capacidade absortiva tem evoluído no sentido de desenvolver coerência e consistência teórica capazes de prover instrumentos gerenciais para sua mensuração? Com o objetivo de responder essa pergunta, este trabalho analisa os textos que tiveram como foco o construto da capacidade absortiva. Em tal análise, busca-se delinear a integração teórica, destacando a evolução da literatura até o ano de 2009. Ao assim proceder, foram identificados construtos validados empiricamente e que pudessem ser utilizados em instrumentos de diagnóstico para a mensuração da capacidade absortiva. Nesse sentido, a principal contribuição deste trabalho está em avançar as discussões sobre capacidade absortiva relacionadas à sua mensuração. Visando essa contribuição, o artigo foi organizado em quatro seções, incluindo esta introdução. Na segunda seção, abordam-se as convergências teóricas que desenham um modelo conceitual integrado e coerente capaz de guiar pesquisas empíricas. A partir desse modelo, na terceira seção, contemplam-se quais dimensões são confirmadas e necessárias para a elaboração de um instrumento de mensuração da capacidade absortiva. Por fim, conclui-se, na quarta seção, onde são apresentadas as considerações finais sobre o progresso da literatura. 2 2 Do Conceito ao Construto – a evolução da capacidade absortiva Quando se trata de compreender o que significa a capacidade absortiva e de suas conseqüências para a competição entre empresas, dois principais pontos se destacam na análise da literatura. O primeiro diz respeito ao discurso dominante, que promulga a necessidade das empresas em desenvolver capacidade absortiva, uma vez que na atual competição baseada em conhecimento, é a capacidade absortiva, o requisito necessário para alimentar os processos de inovação (FOSFURI; TRIBÓ, 2008; PÉREZ-NORDTVEDT et al., 2008; WIJK; JANSEN; LYLES, 2008). Se por um lado, esse consenso cresce e solidifica-se, por outro, também há aquele que aponta a controvérsia do que significa a capacidade absortiva, de como identificá-la e a partir desse diagnóstico propor intervenções para alcançála. Nesse sentido, o segundo ponto que se destaca na literatura relaciona-se à dispersão conceitual e carência de indicadores relacionados diretamente à mensuração da capacidade absortiva (VEGA-JURADO; GUTIÉRREZ-GRACIA; FERNÁNDES-de-LUCIO, 2008). Em revisão de literatura, Van den Bosch, Wijk e Volberda (2003) são contundentes quanto a esse segundo ponto. Esses autores afirmam que há uma lacuna entre a velocidade de proliferação de contribuições empíricas e teóricas e a efetiva acumulação do conhecimento científico sobre a capacidade absortiva. Essa assertiva também é assumida por Lane, Koka e Pathak (2006). Tais autores concluem que esse conceito vem sendo reificado, o que significa que é utilizado mais como retórica do que como dimensão investigativa de pesquisas científicas. Assim constatam que poucos foram os estudos que examinaram a capacidade absortiva propriamente dita. De fato, ao se estender a análise de Lane, Koka e Pathak (2006) ao ano de 2009, parece prevalecer uma quantidade restrita de trabalhos que focam exclusivamente a capacidade absortiva, sendo menor ainda, aqueles que se dedicam a discorrer sobre os instrumentos para seu diagnóstico. No período que compreende os anos de 1990 a 2009, identificam-se poucos autores que se destacam nas discussões que avançam um quadro teórico integrado capaz de subsidiar pesquisas empíricas sobre o tema. No sentido de elucidar esse quadro apresenta-se como o construto capacidade absortiva evoluiu a partir da descrição desses trabalhos. 2.1 A elaboração de um quadro teórico integrado sobre capacidade absortiva O conceito capacidade absortiva foi originalmente engendrado pelas ciências econômicas (MUROVEC; PRODAN, 2009) e transposto ao campo da gestão por Cohen e Levinthal (1990), os quais o relacionaram à influência das atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) nos resultados da inovação (VAN DEN BOSCH; WIJK; VOLBERDA, 2003). A definição inicial assumida por Cohen e Levinthal (1990), concebe a capacidade absortiva como sendo “a habilidade coletiva da firma em reconhecer o valor de um novo conhecimento externo, assimilá-lo e aplicá-lo a fins comerciais”. Dois antecedentes organizacionais são vistos como diretamente constituintes dessa habilidade, quais sejam, o conhecimento prévio da empresa e a condução de suas atividades de P&D. O conhecimento prévio é descrito por Cohen e Levinthal (1990) como campos diversificados que se acumulam ao longo da história da empresa, tais como habilidades dos membros individuais, utilização de métodos de resolução de problemas, e linguagem compartilhada. Assim o conhecimento prévio se torna uma miríade de aspectos que envolvem a história da empresa, as características de sua força de trabalho e as práticas organizacionais exercidas nas atividades de inovação. Essa abrangência, a princípio, tende a sugerir panacéia no tratamento da capacidade absortiva, tornando difícil a identificação dos elementos de relevância que propiciam o seu desenvolvimento. Se por um lado, essa dificuldade se acentua à medida em que Cohen e Levinthal (1990) tratam a capacidade absortiva apresentando-a vis3 à-vis ao aprendizado individual, por outro, essa comparação, traz elementos que, contrariamente a esclarecem. Dentre esses elementos estão o caráter cumulativo do desenvolvimento da capacidade absortiva, a importância da qualificação e expertise dos empregados e a experiência em processos de aprendizagem anteriores. Cohen e Levinthal (1990) ao apresentarem a capacidade absortiva relacionada ao aprendizado individual, partem do entendimento de que este ocorre à medida que a pessoa faz associações entre conhecimento anterior e novo conhecimento. Desse modo, afirma que, quanto maior for o “estoque” de conhecimento anterior mais facilmente se dará o processo de aprendizagem. O estoque de conhecimento ao ser amplo e diversificado, aumenta a chance do indivíduo fazer novas associações e conexões de modo a aumentar sua criatividade. Portanto, o aprendizado é cumulativo e facilitado quando se relaciona ao conhecimento detido anteriormente. O tipo de conhecimento detido pelos indivíduos é apresentado por Cohen e Levinthal (1990) como sendo não somente o conhecimento técnico sobre determinado campo, mas também sobre onde é possível encontrar pessoas e fontes de conhecimento relevantes, tanto dentro quanto fora da organização. Este tipo de conhecimento pode ser sobre “quem sabe o quê, quem sabe ajudar em determinado problema ou quem sabe explorar informações novas” (COHEN; LEVINTHAL, 1990, p. 133). Daí a proposição, quanto maior o nível de educação, treinamento técnico e experiência adquirida ao longo do tempo pelos empregados em determinado campo do conhecimento, mais aptos estarão para assimilar e transformar novo conhecimento. Ao lado do reconhecimento das habilidades dos indivíduos como fatores explicativos do desenvolvimento da capacidade absortiva, destaca-se também a estrutura de comunicação da empresa, em que advoga ser necessário ter canais de comunicação externos que forneçam a informação relevante assim como canais internos que garantam sua distribuição. Linguagem e símbolos compartilhados são então necessários para garantir que o conhecimento obtido externamente seja distribuído pela organização de forma clara e eficiente. Outro fator importante é a ligação entre os indivíduos, pois em função de possuírem diferentes estruturas de conhecimento, a interação entre eles pode aumentar a capacidade da organização de fazer novas associações, o que pode conduzir à inovação além das capacidades individuais. Nesse sentido, Cohen e Levinthal (1990) sugerem a existência de mecanismos que propiciem a transformação da informação relevante em conhecimento, sem, contudo, se deter sobre esses mecanismos. No raciocínio daqueles autores, para a transformação da informação externa e sua aplicação aos fins comerciais, o antecedente organizacional referente à condução de atividades de P&D torna-se fundamental. Em outras palavras, para Cohen e Levinthal (1990) a condução de projetos de P&D contribui para intensificar as experiências dos indivíduos relacionadas ao desenvolvimento de tecnologia no campo de atuação da firma. Sendo assim, a capacidade absortiva seria decorrência dessas atividades, as quais materializam o processo de inovação mediante o lançamento de novos produtos, registro de patentes, ou novos processos. Assim pode-se afirmar que embora Cohen e Levinthal (1990) tendam a restringir o conceito de capacidade absortiva às empresas que desenvolvam atividades de P&D, esse limite não confinou a importância de seu trabalho. Ao contrário, o trabalho desses autores alcançou grande visibilidade. Isto porque não só explicitou a definição de capacidade absortiva como, elencou, ainda que teoricamente, os fatores explicativos ao seu desenvolvimento (LANE; KOKA; PATHAK, 2006). Conforme relatado anteriormente, dentre esses fatores estão os antecedentes organizacionais (o conhecimento prévio da empresa e a condução de atividades internas de P&D) e a importância da estrutura de comunicação da empresa. Contudo, é importante registrar que o trabalho de Cohen e Levinthal (1990) longe esteve em especificar instrumentos para a avaliação da capacidade absortiva. Esse 4 empreendimento só veio a ser realizado, após uma década da elaboração do artigo seminal desses autores. Melhor esclarecendo, a preocupação com a validação empírica da capacidade absortiva, só ocorreu quando a discussão teórica tornou-se mais minuciosa. Nesse aprofundamento, as idéias veiculadas por Zahra e George (2002) exerceram inestimável contribuição. Portanto, o aprofundamento da discussão sobre capacidade absortiva tem por marco o artigo de Zahra e George (2002), o qual, sem renegar o trabalho de Cohen e Levinthal (1990), desmembrou o conceito de capacidade absortiva em capacidade absortiva potencial e realizada, ampliando, desse modo, as dimensões conceituais. Partindo da idéia de Cohen e Levinthal (1990) sobre o reconhecimento da importância da informação externa e sua aquisição, Zahra e George (2002) enfatizam que depois de reconhecida, a informação relevante precisa ser incorporada e transformada. Em suma, assume-se ser necessário a transformação do conhecimento antes de explorá-lo. A transformação é apresentada como o refinamento das rotinas que facilitam combinar conhecimento existente e o novo conhecimento adquirido, de modo a ser capaz de reconhecer dois grupos de informação aparentemente incongruentes (as informações novas em relação às antigas) e então combinálas de forma a criar um corpo de conhecimento que seja útil ao contexto daquela organização, o que criará a base para a posterior utilização em atividades inovadoras. Assim, a aquisição e assimilação formam a base da capacidade potencial, e a transformação e exploração compõem a capacidade realizada. Essa distinção demonstra-se útil em função do argumento que firmas podem compreender bem problemas técnicos complexos, mas podem não ser capazes de utilizar esse conhecimento para inovar (ZAHRA; GEORGE, 2002). Cabe ressaltar que para além da distinção entre capacidade absortiva potencial e realizada, Zahra e George (2002) desenvolveram a noção de mecanismos de integração social e dos desencadeadores de ativação como componentes que desenvolvem a capacidade absortiva. Os mecanismos de integração social são supostos a reduzir a lacuna entre capacidade potencial e realizada, aumentando assim a eficiência do processo à medida que facilitam a troca de informação dentro de uma organização. Práticas como rotação de cargos, círculos de qualidade e metodologia de resolução de problemas são considerados mecanismos formais ou sistemáticos (JANSEN; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA, 2005; VEGAJURADO; GUTIÉRREZ-GRACIA; FERNÁNDES-de-LUCIO, 2008). Mecanismos sistemáticos facilitam a distribuição de informação pela empresa, assim como o “recolhimento de interpretações e identificação de tendências” (ZAHRA; GEORGE, 2002, p. 194). Os “desencadeadores de ativação”, por seu turno, são eventos que encorajam ou forçam a firma a reagir a estímulos internos ou externos, tais como crises organizacionais como falhas de desempenho, ou mesmo mudanças tecnológicas radicais que obrigam a firma a investir recursos em aquisição de informações relacionadas (ZAHRA; GEORGE, 2002). Com os aportes teóricos de Zahra e George (2002) a literatura avançou no sentido de compreender a capacidade absortiva como sendo capacidade dinâmica e ao mesmo tempo fosse representada em uma perspectiva processual (LANE; KOKA; PATHAK, 2006). Com esse reconhecimento, reforçou-se a idéia ainda pouco desenvolvida em Cohen e Levinthal (1990), de que esse processo exige esforços para que aconteça de forma efetiva em todas as suas etapas, pois a simples interface da empresa com o ambiente externo não garante que novo conhecimento seja incorporado às atividades da firma e transformado em inovação. Neste ponto da discussão, é mister sublinhar que a divisão do construto capacidade em duas dimensões (capacidade absortiva potencial e capacidade absortiva realizada), não significou, no trabalho de Zahra e George (2002), a realização de testes estatísticos que as validassem. Foram os trabalhos subseqüentes como por exemplo, de Jansen, Van den Bosch e Volberda (2005) e o de Camisón e Forés (2009) que se envidaram nessa validação. 5 Jansen, Van den Bosch e Volberda (2005) validaram a distinção conceitual entre as dimensões da capacidade absortiva propostas por Zahra e George (2002), bem como distinguiram mecanismos organizacionais que se relacionam diretamente com cada uma das duas dimensões. Este foi o primeiro estudo que especificou os mecanismos organizacionais e os testou empiricamente, fornecendo a validação das variáveis capazes de mensurar a capacidade absortiva. Esses mecanismos foram classificados em três grupos, quais sejam, mecanismos de coordenação, mecanismos associados a sistemas e mecanismos de socialização. O primeiro grupo, mecanismos de coordenação, é formado por interfaces entre funções, participação em processos de decisão e rotação de cargos. Estes mecanismos foram considerados úteis pois agrupam diferentes fontes de expertise e aumentam a interação lateral entre conhecimento relevante ou funcional (JANSEN; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA, 2005). O segundo grupo, mecanismos associados a sistemas, é formado por formalização e rotinização, os quais programam comportamentos antes da sua execução e fornecem métodos adequados para lidar com situações rotineiras, estabelecendo assim padrões para as ações dos membros da organização. O terceiro grupo, os mecanismos de socialização, é formado por conectividade, que se refere à densidade de ligações entre os indivíduos, e táticas de socialização, que dizem respeito à experiências de interação social. Tais mecanismos ampliam o entendimento de regras e técnicas indicadas para cada tipo de situação e contribuem para o estabelecimento de códigos comuns e estabelecimento de valores dominantes, o que facilita a troca de conhecimento à medida que se desenvolve confiança e cooperação (JANSEN; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA, 2005). Uma vez distinguidos os mecanismos que se relacionam com as duas dimensões da capacidade absortiva potencial e a da realizada, a preocupação se concentrou na natureza processual da capacidade absortiva, em especial, nos desencadeadores de ativação. Jones (2006) é um exemplo de estudioso que dedicou esforços no sentido de contemplar a importância do papel dos agentes de mudança no desenvolvimento da capacidade absortiva. Cabe assinalar que apesar de não ter validado empiricamente as características proativas da gerência, apresentou fortes indícios que seja uma atitude necessária ao desenvolvimento da capacidade absortiva, o que não só tem impregnado as discussões sobre a questão, como tem chamado a atenção para o papel da gerência. Ademais, esse trabalho, diferentemente dos demais, realça, sobremaneira, o aspecto processual da capacidade absortiva, clamando por um recorte metodológico adequado a esse entendimento. Defendendo esta perspectiva processual, também encontra-se o trabalho de Easterby-Smith et al.l (2008) , o qual analisa as fronteiras entre o ambiente externo e a organização, destacando principalmente a influência do poder em processos de aquisição e exploração do conhecimento externo. Embora os trabalhos de Jones (2006) e Easterby-Smith et al. (2008) caminhem em direção oposta ao que se define como validação empírica dos construtos da capacidade absortiva, a qual exige testes estatísticos robustos, eles dão mostras que compartilham dos principais pressupostos assumidos até então, como por exemplo, as fronteiras da organização com o ambiente, os desencadeadores de ativação e a noção de conectividade presente nos mecanismos de integração. Assim, em que pesem as opções metodológicas na vertente representada por esses autores, é lícito afirmar que eles não simbolizam rupturas em relação às explicações até então desenvolvidas sobre o desenvolvimento da capacidade absortiva. Na realidade, tais autores lançam novas luzes para o avanço conceitual, sem querer ofuscar as conquistas teóricas já alcançadas. Dentre as mais recentes conquistas estão aquelas que distinguem entre capacidade absortiva industrial e científica (VEGA-JURADO; GUTIÉRREZ-GRACIA; FERNÁNDESde-LUCIO, 2008), sendo a primeira relacionada com a aquisição de conhecimento proveniente de parceiros industriais, como clientes, concorrentes e fornecedores e, a segunda, relacionada a conhecimento proveniente de universidades, institutos de tecnologia e centros 6 de pesquisa privados e públicos. Assim sugere-se que a cada tipo de conhecimento estaria associado um tipo de capacidade absortiva. Isso significa que o desenvolvimento da capacidade absortiva pode se dar de formas diferentes, pois se relaciona com habilidades específicas necessárias para a aquisição de cada tipo de conhecimento. Nesse sentido, tem-se alcançado o seguinte consenso, a capacidade absortiva pode ser “empurrada pela ciência” ou “puxada pela demanda” (MUROVEC; PRODAN, 2009), o que implica reconhecer que a informação relevante externa ou o conhecimento presente no ambiente é de natureza industrial ou científica. Com esse reconhecimento, fecham-se as bases conceituais que integram um quadro teórico coerente e sistematizado, o qual se abre no sentido de guiar pesquisas empíricas futuras. No que diz respeito exclusivamente à capacidade absortiva, observa-se que é um construto multidimensional, distinto em duas categorias (capacidade absortiva potencial e realizada), as quais compreendem antecedentes e mecanismos. Assim sendo, o quadro representado na Figura 1 expressa as discussões feitas até aqui, e concomitantemente aponta para uma outra discussão: como medir a capacidade absortiva? Figura 1: Modelo teórico integrado para guiar pesquisas empíricas. Fonte: Elaborado pelos autores deste trabalho. 3- A mensuração da Capacidade Absortiva Na seção anterior, demonstrou-se que a literatura sobre capacidade absortiva vem alcançando certo grau de integração, pelo menos no que se refere às bases conceituais que delimitam um quadro teórico passível de investigação. Contudo, no que tange aos instrumentos de mensuração da capacidade absortiva, observa-se que o debate está longe de ser conclusivo. Isto é, mensurar a capacidade absortiva é um procedimento permeado de dúvidas, o que faz com que tais medições sejam, no limite, bastante delicadas, para não dizer frágeis. Cabe reiterar que poucos são os trabalhos que vem se dedicando aos testes que validam empiricamente as dimensões teóricas da capacidade absortiva (VEGA-JURADO; GUTIÉRREZ-GRACIA; FERNÁNDES-de-LUCIO, 2008). Desenvolver instrumentos de mensuração constitui-se, portanto, um imperativo aos pesquisadores que se justifica em função de dois motivos. Primeiro, é por meio da mensuração que se podem propor práticas de intervenção organizacional mediante 7 diagnóstico. E segundo, somente pela mensuração, em específico, a quantitativa, é possível comparar populações de organizações, compreendendo realidades coletivas. Apesar dessa realidade, o desafio da mensuração só tem sido enfrentado recentemente, quando pesquisadores tais como, Jansen, Van den Bosch e Volberda (2005), Tu et al., (2006), VegaJurado, Gutiérrez-Gracia, Fernándes-de-Lucio (2008), Fosfuri e Tribó (2008), Murovec e Prodan (2009) e Camisón e Fóres (2009) procuraram identificar indicadores que consigam capturar os aspectos explicativos da capacidade absortiva. O escrutínio de tais trabalhos nos leva a visualizar hipóteses testadas, a discussão metodológica que envolve esses testes, e referências para a elaboração dos instrumentos de coleta de dados que possam servir aos propósitos de diagnósticos organizacionais. Tendo em vista esses trabalhos, e o foco aqui perseguido, qual seja, de investigar a coerência e consistência teórica capazes de prover instrumentos de mensuração válidos para prática gerencial, contempla-se nesta seção, o estágio em que se encontra a validação dos construtos e do modelo teórico integrado sobre capacidade absortiva. Em última instância, busca-se verificar se há convergência nas hipóteses testadas no que se refere aos antecedentes e mecanismos da capacidade absortiva. Justifica-se essa opção, uma vez que para se desenvolver um instrumento de mensuração confiável é necessário que paire o mínimo de dúvidas quanto à validade dos instrumentos que propiciam essa mensuração. Nesse sentido, a validação empírica de hipóteses teóricas em diversos contextos tende a apresentar o menor viés a esse respeito. Assim sendo, apresenta-se como se analisou a literatura, no sentido de identificar as convergências no que tange a mensuração da capacidade absortiva. 3.1 - Convergências necessárias para a elaboração de instrumentos de diagnóstico sobre Capacidade Absortiva Aqueles que buscam instrumentos de diagnóstico sobre capacidade absortiva se deparam com um impasse de difícil solução. Esses instrumentos ainda não foram desenvolvidos, salvo maior engano. Em outras palavras, não estão prontamente disponíveis para aplicação. Frente a tal realidade, a saída que se coloca é a elaboração de um instrumento de próprio punho. Mas por onde começar? O recente trabalho de Camisón e Fores (2009) é referência obrigatória. Isto porque tais autores validaram empiricamente as dimensões da capacidade absortiva propostas por Zahra e George (2002), demonstrando não só a integração da literatura, mas principalmente fornecendo subsídios para a elaboração de indicadores. O estudo apresentou as dimensões da capacidade absortiva, desmembrando-a em componentes, bem como ofereceu a definição de cada uma delas, conforme pode ser observado na Figura 2. Dimensão Capacidade absortiva potencial Componentes Aquisição Definição É a habilidade da firma de localizar, identificar, valorizar e adquirir conhecimento externo. São os processos e rotinas que permitem que a nova informação ou conhecimento adquirido seja analisado, processado, interpretado, entendido, internalizado e classificado. Refere-se ao refinamento do conhecimento externamente adquirido para Capacidade adequá-lo às rotinas internas, de modo a facilitar a transferência e Transformação absortiva realizada combinação de conhecimento prévio com o novo conhecimento adquirido ou assimilado. Rotinas e processos que criam novas operações, competências, bens e Aplicação produtos. Figura 2 - Definição das quatro dimensões da capacidade absortiva. Fonte: Adaptado de CAMISÓN, César; FÓRES, Beatriz. Knowledge absorptive capacity: New insights for its conceptualization and measurement. Journal of Business Research (in press), 2009, doi:10.1016/j.jbusres.2009.04.022, p. 3, tradução nossa. Assimilação 8 Seguindo o trabalho de Camisón e Forés (2009) no que diz respeito aos construtos validados, os autores deste artigo procederam à leitura e análise dos artigos científicos que Camisón e Forés (2009) utilizaram como referência, além de dois outros textos recentes, quais sejam, Vega-Jurado, Gutiérrez-Gracia e Fernándes-de-Lucio (2008) e Murovec e Prodan (2009), de modo que se pudesse visualizar as hipóteses ou proposições, e os modelos utilizados em cada um deles, uma vez que Camisón e Forés (2009) não especificaram esses elementos. Em etapa subseqüente, listaram-se as hipóteses ou proposições, e as respectivas variáveis utilizadas na operacionalização de cada estudo. Finalizada essa etapa, cotejou-se cada hipótese ou proposição presentes nesses estudos com os construtos validados por Camisón e Forés (2009), de modo que se pôde verificar o quanto as hipóteses ou proposições daqueles estudos se enquadravam no esquema de Camisón e Forés (2009). Ou seja, analisouse a convergência das hipóteses dos diversos textos, selecionando aquelas que tiveram confirmação em cada estudo, e assim verificou-se se os construtos validados empiricamente estavam presentes no texto de Camisón e Forés (2009). Cabe destacar que os autores deste trabalho optaram por utilizar construtos propostos apenas em artigos que usaram a metodologia quantitativa, ou seja, os construtos estatisticamente testados. Nessa análise também se classificaram os construtos relativos às hipóteses e ou proposições como antecedentes ou mecanismos relacionados à capacidade absortiva. Isto porque embora as dimensões teóricas da capacidade absortiva tivessem sido validadas, não se havia uma classificação dos construtos quanto ao seu enquadramento como antecedente ou mecanismo da capacidade absortiva. Melhor esclarecendo, embora Camisón e Forés (2009) tivessem validado os construtos da capacidade absortiva potencial e realizada, não tiveram como preocupação a especificação dos construtos relacionados aos antecedentes e dos construtos relacionados aos mecanismos da capacidade absortiva. Assim, os autores deste trabalho decidiram por classificar os construtos em antecedentes e mecanismos. Conforme modelo teórico apresentado na seção anterior, consideraram-se antecedentes os atributos da empresa, ou seja, aquilo que a empresa é, em um dado momento, decorrente de sua história. Quanto aos mecanismos, consideraram-se aqueles construtos relacionados a atividades e práticas implementadas pela empresa. Como conseqüência dessa classificação chegou-se à seguinte quantidade de construtos comprovados e testados (vide especificação de cada construto nas Figuras 3, 4, 5 e 6): ♦ Capacidade absortiva potencial – aquisição: quatro construtos para antecedentes e dois construtos para mecanismos. ♦ Capacidade absortiva potencial – assimilação: dois construtos para antecedentes e quatro para mecanismos. ♦ Capacidade absortiva realizada – transformação: um construto para antecedente e seis para mecanismos. ♦ Capacidade absortiva realizada – aplicação: quatro construtos para antecedentes e dois para mecanismos. 9 Antecedentes Capacidade Absortiva Potencial Antecedentes e mecanismos para o componente Aquisição Autores que utilizaram Mecanismos Autores que utilizaram Atitudes positivas com relação à mudança Cooperação em inovação MUROVEC; PRODAN, Monitoramento de TU et al., 2006 2009 conhecimento. Formalização (normas e JANSEN; VAN DEN MUROVEC; PRODAN, procedimentos explícitos BOSCH; VOLBERDA, 2009 quanto à busca 2005; VEGA-JURADO; Nível de educação da VEGA-JURADO; tecnológica)** GUTIÉRREZ-GRACIA; força de trabalho* GUTIÉRREZ-GRACIA; FERNÁNDES-deFERNÁNDES-deLUCIO, 2008 LUCIO, 2008 Volume de gastos em VEGA-JURADO; P&D* GUTIÉRREZ-GRACIA; FERNÁNDES-deLUCIO, 2008, MUROVEC; PRODAN, 2009 Figura 3 – Construtos testados e validados empiricamente quanto à capacidade absortiva potencial - aquisição Fonte: Elaborado pelos autores deste trabalho * Os antecedentes “Nível de educação da força de trabalho” e “Volume de gastos em P&D” foram validados por Vega-Jurado, Gutiérrez-Gracia e Fernándes-de-Lucio (2008) para os componentes aquisição e aplicação. ** O mecanismo “Formalização” foi validado por Vega-Jurado, Gutiérrez-Gracia e Fernándes-de-Lucio (2008) e por Jansen, Van den Bosch e Volberda (2005) para os componentes aquisição e aplicação. Quanto ao primeiro antecedente relativo ao componente aquisição da capacidade absortiva, as organizações que valorizam as atitudes positivas com relação à mudança tendem a ser mais inovadoras, uma vez que, se mudanças são bem vindas, indivíduos tendem a ficar motivados a buscar novas informações que possam acarretar em melhorias para a organização, ao invés de evitá-las. Se mudanças não são bem vistas, a percepção dos empregados em relação ao conhecimento relevante disponível no ambiente pode ficar distorcida, uma vez que não conseguem reconhecer seu valor (MUROVEC; PRODAN, 2009). O segundo antedecente, cooperação em inovação, se refere a atividades relacionadas à inovação desenvolvidas com diferentes tipos de parceiros, tais como fornecedores, clientes, competidores, consultores e universidades, que podem aumentar a capacidade da organização de transferir informações relevantes e conhecimento tácito. O desenvolvimento de uma rede ativa e diversificada de relacionamentos pode aumentar a consciência dos indivíduos sobre a existência e localização de informações úteis, que poderão ser acessadas e incorporadas à organização quando necessário (COHEN; LEVINTHAL, 1990 apud MUROVEC; PRODAN, 2009). O nível de educação da força de trabalho foi utilizado como indicador de capacidade absortiva por Vega-Jurado, Gutiérrez-Gracia e Fernándes-de-Lucio (2008), que consideram ser amplamente aceito que equipes com alto nível de educação e qualificação técnica têm maior capacidade de identificar e assimilar conhecimento externo (VINDING, 2000 apud VEGA-JURADO; GUTIÉRREZ-GRACIA; FERNÁNDES-de-LUCIO, 2008). O construto foi validado pelos autores para dois componentes da capacidade absortiva, quais sejam, aquisição e aplicação. Influenciados pela proposição de Cohen e Levinthal (1990) relacionada à importância da condução de P&D interno para o desenvolvimento da capacidade absortiva, Vega-Jurado, Gutiérrez-Gracia e Fernándes-de-Lucio (2008) e Murovec e Prodan (2009) utilizaram como indicador o volume de gastos em P&D. Considera-se que para uma organização compreender os resultados de atividades de P&D desenvolvidas externamente é necessário o desenvolvimento de atividades internas de P&D, de modo que a o desenvolvimento das habilidades de aprendizado dos empregados seria um subproduto das atividades conduzidas pela firma (COHEN; LEVINTHAL, 1990 apud VEGA-JURADO; GUTIÉRREZ-GRACIA; 10 FERNÁNDES-de-LUCIO, 2008). O construto foi validado por Vega-Jurado, GutiérrezGracia e Fernándes-de-Lucio (2008) para dois componentes da capacidade absortiva, quais sejam, aquisição e aplicação. O monitoramento de conhecimento é considerado um mecanismo organizacional que promove a identificação e aquisição de conhecimento e tecnologias de fontes externas. A implementação de rotinas e procedimentos sistemáticos para captura de conhecimento, tais como pesquisa de tendências de mercado, benchmarking de melhores práticas de competidores e pesquisas com fornecedores e clientes, conduzem ao desenvolvimento da capacidade absortiva potencial organizacional (TU et al., 2006). O mecanismo formalização se refere às regras, procedimentos e instruções formais que conduzem os processos organizacionais, ou seja, o quanto as atividades diárias e comportamentos são guiados por normas explícitas. Procedimentos sistemáticos de captura de conhecimento podem auxiliar o desenvolvimento da capacidade absortiva à medida que são estabelecidas rotinas que guiam a conduta de funcionários para a identificação de informações externas relevantes (VEGA-JURADO; GUTIÉRREZ-GRACIA; FERNÁNDES-de-LUCIO, 2008). O construto foi validado por Vega-Jurado, Gutiérrez-Gracia e Fernándes-de-Lucio (2008) e por Jansen, Van den Bosch e Volberda (2005) para os componentes aquisição e aplicação. Os antecedentes e mecanismos validados para o componente assimilação da dimensão potencial da capacidade absortiva estão especificados na Figura 4: Capacidade Absortiva Potencial Antecedentes e mecanismos para o componente Assimilação Antecedentes Autores que utilizaram Mecanismos Autores que utilizaram Conhecimento prévio TU et al., 2006 Interfaces entre funções JANSEN; VAN DEN relevante dos empregados (times, força tarefa, BOSCH; VOLBERDA, projetos)* 2005 Conhecimento prévio TU et al., 2006 Rotação de JANSEN; VAN DEN relevante dos gerentes funções/tarefas* BOSCH; VOLBERDA, 2005 Não rotinização (não JANSEN; VAN DEN utilização de tarefas BOSCH; VOLBERDA, repetitivas) 2005 Mecanismos de VEGA-JURADO; integração social. GUTIÉRREZ-GRACIA; FERNÁNDES-deLUCIO, 2008 Figura 4 – Construtos testados e validados empiricamente quanto a capacidade absortiva potencial - assimilação Fonte: Elaborado pelos autores deste trabalho * Os mecanismos “Interface entre funções” e “Rotação de funções/tarefas” foram validados por Jansen, Van Den Bosch e Volberda (2005) para os componentes assimilação e transformação. Quanto aos antecedentes relacionados ao componente assimilação da capacidade absortiva, o conhecimento prévio relevante dos empregados diz respeito ao desenvolvimento de habilidades relacionadas às rotinas do cargo, entre elas, o entendimento de tecnologias utilizadas pela firma, formando assim a base de conhecimento necessária para a investigação e entendimento de novas tecnologias. O conhecimento prévio dos gerentes, por sua vez, é relacionado ao domínio de técnicas de gestão e conhecimentos técnicos específicos para situações de tomada de decisão, solução de problemas e para lidar com novas tecnologias, ou seja, conhecimento necessário para realizar a busca eficaz de informações relevantes e para desenvolver internamente inovações em produtos e processos de forma pró-ativa (TU et al., 2006). 11 No que se refere aos mecanismos do componente assimilação, interface entre funções significa o envolvimento de empregados de diferentes áreas e/ou filiais em times, força tarefa e projetos para desempenhar tarefas temporárias. Tais práticas promovem o intercâmbio de conhecimentos tácitos e explícitos, promovem a integração de conhecimentos diversos e fomentam o compartilhamento de valores e interpretações, o que favorece a compreensão de novo conhecimento externo (JANSEN; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA, 2005). O construto foi validado por Jansen, Van Den Bosch e Volberda (2005) para os componentes assimilação e transformação da capacidade absortiva. O mecanismo rotação de funções/tarefas diz respeito à transferência temporária de tarefas e funções entre empregados, o que visa fomentar a diversidade de background individual e estimular contatos entre os membros. A troca de conhecimentos e desenvolvimento de novas habilidades visa aumentar a capacidade individual de associação e ligação de novas idéias adquiridas externamente a conhecimento prévio existente (JANSEN; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA, 2005). O construto foi validado por Jansen, Van Den Bosch e Volberda (2005) para os componentes assimilação e transformação da capacidade absortiva. A não rotinização é um mecanismo relacionado à não utilização de tarefas repetitivas, de modo que o trabalho não possua uma seqüência tão rígida a ponto de requerer pouco nível de atenção por parte daquele que o desempenha. “Empregados que executam tarefas rotineiras tendem a lidar com poucas situações de exceção e com pouca variedade de problemas, o que diminui a necessidade de busca de novos conhecimentos e conduz a um estreito escopo de processamento de informações” (JANSEN; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA, 2005, p. 11, tradução nossa). Consideram-se como mecanismos de integração social as práticas que visam à redução de barreiras para a troca de informação dentro da organização (ZAHRA; GEORGE, 2002 apud VEGA-JURADO; GUTIÉRREZ-GRACIA; FERNÁNDES-de-LUCIO, 2008). Tais práticas visam à distribuição de conhecimento relevante na organização e ao mesmo tempo à combinação de conhecimento prévio com o novo conhecimento adquirido. Tais mecanismos podem ser formais ou informais, sendo alguns exemplos a utilização de círculos de qualidade e metodologia de solução de problemas (VEGA-JURADO; GUTIÉRREZ-GRACIA; FERNÁNDES-de-LUCIO, 2008). Os antecedentes e mecanismos validados para o componente transformação da dimensão realizada da capacidade absortiva estão especificados na Figura 5: 12 Capacidade Absortiva Realizada Antecedentes e mecanismos para o componente Transformação Antecedentes Autores que utilizaram Mecanismos Autores que utilizaram Conectividade JANSEN; VAN DEN Treinamento de pessoal MUROVEC; PRODAN, (confiança, cooperação e BOSCH; VOLBERDA, relacionado com projetos 2009 interação)* 2005 de inovação Táticas de socialização JANSEN; VAN DEN (compartilhamento de BOSCH; VOLBERDA, experiências práticas, 2005 formais e informais)* Fontes internas de FOSFURI; TRIBÓ, 2008 informação para inovação. Redes de comunicação. TU et al., 2006 Interfaces entre funções (times, força tarefa, projetos)** Rotação de funções/tarefas** JANSEN; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA, 2005 JANSEN; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA, 2005 Figura 5 – Construtos testados e validados empiricamente quanto a capacidade absortiva realizada transformação Fonte: Elaborado pelos autores deste trabalho * O antecedente “Conectividade” e o mecanismo “Táticas de socialização” foram validados por Jansen, Van Den Bosch e Volberda (2005) para os componentes transformação e aplicação. ** Os mecanismos “Interface entre funções” e “Rotação de funções/tarefas” foram validados por Jansen, Van Den Bosch e Volberda (2005) para os componentes assimilação e transformação. No que se refere aos antecedentes do componente transformação da capacidade absortiva, identificou-se apenas um, a conectividade entre os indivíduos, ou seja, o grau de confiança, cooperação e interação entre empregados. Tais conexões promovem a eficiência de fluxos de informações entre diferentes áreas e filiais, facilitando assim a troca de idéias e interpretações, conduzindo então à adaptação e utilização de novo conhecimento externo no contexto organizacional (JANSEN; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA, 2005). O construto foi validado por Jansen, Van Den Bosch e Volberda (2005) para os componentes transformação e aplicação. Quanto aos mecanismos testados para o componente transformação da capacidade absortiva, o construto treinamento de pessoal relacionado com projetos de inovação está envolvido com “a participação dos empregados em treinamento interno ou externo focado em desenvolvimento e/ou introdução de inovações” (MUROVEC; PRODAN, 2009, p. 6, tradução nossa). Tal tipo de treinamento tem por foco as necessidades específicas da organização, contribuindo assim para a formação técnica desejada aos funcionários. O mecanismo táticas de socialização se refere à promoção de socialização de empregados, especialmente de empregados recém-contratados, de modo a ensiná-los a linguagem específica da organização, conduzindo à congruência de valores, necessidades e crenças entre indivíduos (JANSEN; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA, 2005). O construto foi validado por Jansen, Van Den Bosch e Volberda (2005) para os componentes transformação e aplicação. Fontes internas de informação para inovação se relacionam com a importância que determinada organização dá a diferentes tipos de fluxos internos de informações relacionadas à inovação, tais como o fluxo de informações existente entre empregados de diferentes departamentos e entre empregados de diferentes subsidiárias, e se a organização promove ações de fomento destes fluxos (FOSFURI; TRIBÓ, 2008). 13 O mecanismo redes de comunicação se relaciona à qualidade dos fluxos internos de informação entre diferentes níveis hierárquicos e departamentos, ou seja, se informações transitam livremente e se novas idéias são compartilhadas entre gestores e subordinados e entre diferentes áreas funcionais (TU et al., 2006, p. 701, tradução nossa). Os antecedentes e mecanismos validados para o componente aplicação da dimensão realizada da capacidade absortiva estão especificados na Figura 6: Capacidade Absortiva Realizada Antecedentes e mecanismos para o componente Aplicação Antecedentes Autores que utilizaram Mecanismos Autores que utilizaram Existência de P&D VEGA-JURADO; Formalização (normas e JANSEN; VAN DEN interno. GUTIÉRREZ-GRACIA; procedimentos explícitos BOSCH; VOLBERDA, FERNÁNDES-dequanto à busca 2005; VEGA-JURADO; LUCIO, 2008 tecnológica)** GUTIÉRREZ-GRACIA; FERNÁNDES-deLUCIO, 2008 JANSEN; VAN DEN Táticas de socialização Nível de educação da VEGA-JURADO; BOSCH; VOLBERDA, (compartilhamento de força de trabalho* GUTIÉRREZ-GRACIA; 2005 experiências práticas, FERNÁNDES-deformais e informais)*** LUCIO, 2008 Volume de gastos em VEGA-JURADO; P&D* GUTIÉRREZ-GRACIA; FERNÁNDES-deLUCIO, 2008, MUROVEC; PRODAN, 2009 Conectividade JANSEN; VAN DEN (confiança, cooperação e BOSCH; VOLBERDA, interação)*** 2005 Figura 6 – Construtos testados e validados empiricamente quanto à capacidade absortiva realizada - aplicação Fonte: Elaborado pelos autores deste trabalho * Os antecedentes “Nível de educação da força de trabalho” e “Volume de gastos em P&D” foram validados por Vega-Jurado, Gutiérrez-Gracia e Fernándes-de-Lucio (2008) para os componentes aquisição e aplicação. ** O mecanismo “Formalização” foi validado por Vega-Jurado, Gutiérrez-Gracia e Fernándes-de-Lucio (2008) e por Jansen, Van den Bosch e Volberda (2005) para os componentes aquisição e aplicação *** O antecedente “Conectividade” e o mecanismo “Táticas de socialização” foram validados por Jansen, Van den Bosch e Volberda (2005) para os componentes transformação e aplicação. Dos construtos validados para o componente aplicação da capacidade absortiva, apenas o antecedente existência de P&D interno foi validado apenas para este componente. Desta forma, os outros construtos que constam na figura 6 já foram apresentados nas Figuras 3, 4 e 5 e descritos nas seções anteriores. A existência de P&D interno foi apontada por Vega-Jurado, Gutiérrez-Gracia e Fernándes-de-Lucio (2008) como importante antecedente da capacidade absortiva, seguindo a linha de pensamento de Cohen e Levinthal (1990). A habilidade da firma de explorar conhecimento externo é entendida como um subproduto das atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) desempenhadas pela organização, como explicitado anteriormente, pois estas atividades fortalecem e ampliam o conhecimento tecnológico possuído pela firma em determinado campo de conhecimento, tornando-a mais receptiva a conhecimento externo relevante (VEGA-JURADO; GUTIÉRREZ-GRACIA; FERNÁNDES-de-LUCIO, 2008). Cabe registrar que alguns construtos encontrados nos textos não tinham relação com os construtos utilizados no modelo de Camisón e Forés (2009), ou foram validados para dimensões da capacidade absortiva diferentes das quais Camisón e Forés (2009) utilizaram. Por exemplo, o construto interface entre funções foi comprovado por Jansen, Van den Bosch e Volberda (2005) nas dimensões aquisição, assimilação e transformação. Contudo, na 14 dimensão aquisição, não foi encontrado algum construto utilizado por Camisón e Forés (2009) que tivesse relação com o construto interface entre funções. Ademais, como pode ser notado nos quadros acima, alguns construtos se repetem em algumas dimensões da capacidade absortiva, como exemplo o construto formalização, que aparece na dimensão aquisição e na dimensão aplicação. Isso acontece em função de dois fatores: (i) pesquisadores diferentes testaram os mesmos construtos em relação a diferentes dimensões da capacidade absortiva; (ii) por exemplo, os autores Jansen, Van den Bosch e Volberda (2005) testaram o efeito dos construtos em relação a cada uma das quatro dimensões da capacidade absortiva. A constatação acima conduz a duas dúvidas que merecem atenção especial. A primeira diz respeito sobre o que significa um construto testado e validado se aplicar a diferentes dimensões teóricas da capacidade absortiva. E a outra, se esses construtos se replicam nas diversas dimensões da capacidade absortiva qual a utilidade dessas dimensões teóricas para o desenvolvimento dos instrumentos de mensuração? A despeito dessas dúvidas ainda não solucionadas, pode-se concluir que os antecedentes e mecanismos classificados acima expressam convergência suficiente e necessária para que possam ser utilizados como guias no sentido de compor instrumentos de diagnóstico sobre capacidade absortiva. Ou seja, na elaboração de um instrumento de diagnóstico sobre capacidade absortiva aconselha-se utilizar os construtos ora listados para compor as perguntas do diagnóstico. Isto porque tais construtos não só foram validados empiricamente, como se enquadram nas dimensões da capacidade absortiva. A despeito dessa conclusão reconhece-se que este é apenas um ponto de partida, longe está do ponto de chegada. Muito ainda há de ser feito, principalmente no que se refere às perguntas que devam conter tais instrumentos, além da validação do próprio instrumento de diagnóstico. 4- Considerações finais O presente trabalho teve por objetivo apreciar a evolução da literatura sobre capacidade absortiva, no sentido de verificar quais os instrumentos de diagnóstico disponíveis para sua mensuração. Com esse objetivo procedeu-se uma análise bibliográfica compreendendo o período de 1990-2009, daqueles textos que tiveram como foco específico a discussão sobre capacidade absortiva, de um lado, e de outro, a sua mensuração. Desse modo, pôde-se verificar até que ponto a literatura vinha avançando. Observouse, a princípio, uma relativa fragmentação (VAN DEN BOSCH; WIJK; VOLBERDA, 2003; LANE; KOKA, PATHAK, 2006), que tende a obstruir o avanço teórico e a gerar paralisia. Essa tendência se expressa em dois aspectos. Primeiro, os excessos de generalização em relação ao conceito capacidade absortiva, vem dificultando sua clara compreensão. Em outras palavras, há uma ampla difusão do conceito em diversas áreas do conhecimento, sem que seja posto à prova dos cientistas. Nas palavras de Lane, Koka e Pathak (2006) esses excessos geram reificação, o que implica a incorporação de uma idéia a um jargão técnico específico, sem se ter a consciência dos seus pressupostos. Segundo, se utiliza bastante o conceito, mas as pesquisas focam pouco a capacidade absortiva propriamente dita (LANE; KOKA; PATHAK, 2006, EASTERBY-SMITH et al., 2008), ao mesmo tempo em que se utilizam de diversos aportes conceituais para operacionalizar o construto. Como conseqüência da heterogeneidade, torna-se prontamente difícil observar um modelo teórico dominante. Assim aqueles que buscam instrumentos para intervenção organizacional encontram-se perdidos em qual caminho seguir. Ao se analisar, neste trabalho, os estudos que tratam exclusivamente sobre capacidade absortiva, descortina-se esse caminho, pois constata-se um acúmulo gradativo de conhecimento que vem avançando um quadro teórico consistente e integrado. Esse quadro 15 tem como âncoras principais a noção de que a capacidade absortiva é mais do que um conceito, mas refere-se a um construto multidimensional (ZAHRA, GEORGE, 2002; VAN DEN BOSCH; WIJK; VOLBERDA, 2003; JANSEN; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA, 2005; LANE; KOKA; PATHAK, 2006; CAMISÓN; FORÉS, 2009), composto de duas dimensões (capacidade absortiva potencial e capacidade realizada), que subdividem-se em quatro componentes, a saber: Capacidade absortiva potencial (componentes – aquisição e assimilação), Capacidade absortiva realizada (componentes – transformação e aplicação). A cada componente alinham-se antecedentes e mecanismos, sendo esses considerados os fatores explicativos da capacidade absortiva (VEGA-JURADO; GUTIÉRREZ-GRACIA; FERNÁNDES-de-LUCIO, 2008; FOSFURI; TRIBÓ, 2008; MUROVEC; PRODAN, 2009; CAMISÓN; FÓRES, 2009). Em que pese a consistência dessa sofisticação teórica ela nos remete a problemas não resolvidos. Dentre eles, está a classificação do que sejam os antecedentes e mecanismos. Ainda que despropositadamente, não há uma delimitação precisa quanto a esses elementos. De fato, a validação empírica do modelo teórico sobre capacidade absortiva só veio a ser realizada recentemente, sendo o trabalho de Camisón e Forés (2009) um dos mais completos a esse respeito. Ao se ter validado o modelo teórico, novas vias são abertas no que tange à elaboração de instrumentos de diagnóstico sobre capacidade absortiva, uma vez que para tal é necessário um arcabouço teórico bem desenvolvido e testado. Nesse sentido, hoje, essa condição se satisfaz, embora alguns possam vir a considerá-la, ainda, como parcial. Ao constatar essa condição, pôde-se por meio deste trabalho, mesmo que de forma preliminar, verificar na literatura, as hipóteses e construtos que foram testados e validados. Com essa constatação, identificaram-se aqueles que apresentavam convergência. Logo, quando pesquisadores ou gestores buscarem elaborar um questionário a ser utilizado em pesquisas com grandes populações ou mesmo formular um instrumento mais qualitativo válido no contexto de uma específica empresa no tocante à capacidade absortiva, deverá levar em consideração os construtos aqui identificados, referentes aos antecedentes e mecanismos da capacidade absortiva. Nesse sentido, este trabalho, ao sistematizar a literatura sobre a capacidade absortiva e sua mensuração, apresenta como principal contribuição teórica a classificação e identificação dos construtos que foram testados e validados até então. Em termos práticos acredita-se que esse resultado possa ser útil aos programas gerenciais, que visam avaliar a capacidade de suas empresas no que tange à inovação. Isto porque condensa os elementos necessários para o desenvolvimento dos instrumentos de diagnóstico sobre capacidade absortiva. Em que pese essa contribuição, não há como negligenciar as limitações deste trabalho. Primeiro, os construtos referentes às hipóteses não comprovadas sobre capacidade absortiva identificadas na literatura não foram aqui contempladas e classificadas, o que impossibilita uma comparação mais precisa da natureza dessas hipóteses e sua influência quando da elaboração de instrumentos de mensuração. Portanto, pesquisas futuras deveriam abordá-las, discutindo suas implicações na composição dos instrumentos para diagnóstico da capacidade absortiva. Segundo, os construtos ora apresentados foram selecionados em textos que utilizaram metodologia quantitativa, contudo outros pesquisadores podem optar por utilizá-los em pesquisas de metodologia qualitativa. REFERÊNCIAS CAMISÓN, César; FÓRES, Beatriz. Knowledge absorptive capacity: New insights for its conceptualization and measurement. Journal of Business Research (in press), 2009, doi:10.1016/j.jbusres.2009.04.022. 16 COHEN, Wesley M.; LEVINTHAL, Daniel A. Absorptive Capacity: A New Perspective on Learning and Innovation. Administrative Science Quarterly. V.35, n.1, p.128-152, mar. 1990. EASTERBY-SMITH, Mark; GRAÇA, Manuel; ANTONACOPOULOU, Elena; FERDINAND, Jason. Absorptive Capacity: A process perspective. Management Learning, v.39, n.5. 2008, p.483-501. FOSFURI, Andrea; TRIBÓ, Josep A. Exploring the antecedents of potential absorptive capacity and its impact on innovation performance. Omega, v. 36, p.173-187, 2008. JANSEN, Justin J.P.; VAN DEN BOSCH, Frans A.J.; VOLBERDA, Henk W. 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