Relatos de Experiência
dos projetos de extensão
do IFTM 2013
Patrícia Campos Pereira
Adriano Elias
Estelamar Maria Borges Teixeira
José Antônio Bessa
Rosemar Rosa
(Organizadores)
Patrícia Campos Pereira
Adriano Elias
Estelamar Maria Borges teixeira
José Antonio Bessa
Rosemar Rosa
(Organizadores)
RELATOS DE EXPERIÊNCIA DOS
PROJETOS DE EXTENSÃO DO IFTM 2013
1º Edição
Uberaba-MG
IFTM
2014
Reitor
Roberto Gil Rodrigues Almeida
Pró-Reitor de Extensão
Eurípedes Ronaldo Ananias Ferreira
Diretor de Extensão
José Antônio Bessa
Coordenadora Geral de Extensão e Assistencia Esudantil
Estelamar Maria B. Teixeira
Coordenador de Extensão e Assistencia Estudantil
Adriano Elias
Coordenadora de Estágio e Acompanhamento de Egressos
Gianna Andréia F. Gobbi
Secretária da Pró-Reitoria de Extensão
Patrícia Campos Pereira
Apoio Administrativo
Cláudia Helena Rezende Lemes
Liciane Mateus da Silva
Revisão Textual
Tamara Aparecida Lourenço
Capa e Diagramação
Traço Leal Publicidade e Assessoria
Impresso no Brasil
Edição:2014
ISBN: 978-85-64139-07-7
Tiragem:700 exemplares
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Instituto Federal do Triângulo Mineiro
R 586 Relatos de Experiências dos Projetos de Extensão do IFTM 2013/Organizadores: Patrícia Campos Pereira , Adriano Elias, Estelamar Maria Borges Teixeira, José Antonio Bessa, Rosemar Rosa [Orgs].--Uberaba- 114p.:il
Publicação realizada pela Pró-Reitoria de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - IFTM
ISBN: 978-85-64139-07-7
1. Extensão universitária. 2. Pesquisa. 3. Educação profissional. 4. Livros de leitura. I. Pereira, Patrícia Campos. II. Elias, Adriano. III. Teixeira, Estelamar Maria Borges. IV. Bessa, José Antonio. V. Rosemar Rosa. II. Título
CDD 378.103
Apresentação
No ano de 2013, o Fórum de Pró-Reitores de Extensão - ForPROEXT
da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica - EPCT
definiu o conceito de extensão como prática acadêmica que interliga a Rede
de EPCT nas suas atividades de ensino e de pesquisa com as demandas da
maioria da população consolida a formação de um profissional cidadão e se
credencia junto à sociedade como espaço privilegiado de produção e difusão
do conhecimento na busca da superação das desigualdades sociais. Nesse
sentido, é imperativo conceber a Extensão na Rede Federal de EPCT como
uma práxis que possibilita o acesso aos saberes produzidos e experiências
acadêmicas, oportunizando, dessa forma, o usufruto direto e indireto, por
parte de diversos segmentos sociais, a qual se revela numa prática que vai
além da visão tradicional de formas de acesso como também de participação.
Assim, a Pró-Reitoria de Extensão – PROEXT com seu Programa de Apoio
a Projetos de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - IFTM têm buscado cumprir sua missão de ofertar
a Educação Profissional e Tecnológica por meio do Ensino, Pesquisa e Extensão promovendo o desenvolvimento na perspectiva de uma sociedade
inclusiva e democrática, além de incentivar e valorizar as ações de extensão
nos câmpus, contribuindo para uma formação integral e efetiva dos estudantes que têm a oportunidade de demonstrar e estender o conhecimento
adquirido durante os cursos.
Em 2014, a PROEXT lançou sua primeira publicação intitulada “Livro de
Relatos de Experiência dos Projetos de Extensão do IFTM 2012”, com o
objetivo de divulgar nossas ações de extensão. Dando continuidade a este
trabalho, esta pró-reitoria lança agora o “Livro de Relatos de Experiência dos
Projetos de Extensão do IFTM 2013”, cujo conteúdo se trata das ações de
extensão desenvolvidas em todos os câmpus no ano de 2013. Estas ações,
descritas nos projetos selecionados através de edital institucional pelos professores coordenadores, abrangeram diversas áreas como: esportes, educação inclusiva, sustentabilidade, artes, agropecuária, alimentação, informática, etc. Pela leitura dos relatos, é possível compreender a importância e o
impacto das ações extensionistas em nossa instituição. E é por esse motivo
que consideramos a divulgação dessas ações de extrema relevância para o
IFTM e as demais instituições da Rede de EPCT. Por isso apresentamos a
todos mais esta obra e desejamos uma boa leitura!
Sumário
05
Oficinas de Informática: O IFTM em interação com as escolas
07
Assistência técnica aos pequenos produtores da região do
sobradinho, município de Uberlânda - MG
15
IFTM Inclui
23
Núcleo de extensão universitária: núcleo de estudos para
produção de alimentos seguros – NEPAS
33
Nitrato em hortaliças folhosas produzidas por diferentes
sistemas de cultivo em Uberaba-MG
47
Microbiologia e controle de qualidade aplicados às agroindústrias de pequeno e médio porte e ao banco de alimentos do município de Uberaba
57
Incluir Brincando
65
Interação nas escolas públicas
71
Qualificação de pequenos produtores rurais para obtenção
higiênico-sanitário de alimentos de origem animal
79
A Semana da Família Rural – diálogo entre o ensino, a pesquisa e a comunidade rural
87
Espaço virtual de interlocução com a cultura negra em
Uberlândia - MG
97
Panis et circencis: o processo das oficinas do futuro (recriando o Tropicalismo)
105
Robótica Educacional - o universo das ferramentas de lógica
computacional e da manipulação de robôs autônomos
móveis
111
Popularização de programas de controle biológico de pragas
no município de Uberaba-MG.
Oficinas de Informática: O IFTM em interação com as escolas
Oficinas de Informática: O IFTM em interação
com as escolas
Rodrigo Grassi Martins 2 André Luiz França Batista Ailton 2 Luiz Dias Siqueira Jr 2 Franciele de Carvalho Ferreira 2 Ilma Aparecida Martins Silva 2 Luciney Florentina Gomes Belchior 2 Marco Antônio
Maciel Pereira 2 Reane Franco Goulart 3 Carlos Henrique da Silveira Campos 3 Gabriel Resende
Miranda 3 Pedro Henrique Chagas Alves 3 Thais Carolyne de Almeida 3 Erick Henrique Silva Nunes
3
Giselle Corrêa de Souza 3 Marc Sué Pires Moraes Júnior 3 Ronivon Albino Mendes Junior
1
Resumo
Este trabalho proporcionou o envolvimento da equipe do projeto
ao desenvolvimento da área de informática/computação dentro do
Câmpus Ituiutaba. Proporcionou a confecção de material de cunho
teórico e prático dos conteúdos estudados nos cursos técnico e
superior da área de informática/computação do Campus Iutiutaba,
que serve de aparato para a divulgação junto às escolas públicas
municipais de Ituiutaba
1
Coordenador 2 Equipe executora, Servidores
3
Palavras-chave:
Oficinas
Divulgação
Escolas
Alunos Bolsistas
7
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Introdução
O projeto permitiu o envolvimento dos alunos bolsistas e voluntários com
temáticas em voga no mercado de trabalho da informática. Os alunos do
curso superior em Tecnologia de Análise e Desenvolvimento de Sistemas
juntamente com os servidores envolvidos, orientaram os alunos do curso
técnico de nível médio em Informática com o intuito de estudar a teoria e
desenvolver algum conceito prático dentre as seguintes temáticas: jogos
digitais, programação para dispositivos móveis, robótica, eletrônica e realidade virtual e aumentada. Assim, aliou-se o estudo teórico e sua aplicação
na prática.
Os objetivos principais de cada grupo eram a elaboração de apostilas e
boletins técnicos com toda a teoria envolvida e o desenvolvimento de protótipos práticos que explorassem a teoria estudada e chamassem a atenção
dos jovens em geral buscando que os mesmo viessem a ingressar em um
curso na Instituição.
Com o desenvolvimento destas atividades, o Câmpus Ituiutaba conseguiu atender o propósito de realizar uma ampla divulgação de algumas
das temáticas estudadas nos cursos da área de Informática do Câmpus
Ituiutaba.
Desenvolvimento
Os alunos envolvidos foram divididos em grupo. Cada grupo ficou encarregado de abordar um dos seguintes temas: Jogos Digitais, Programação
para dispositivos móveis, Robótica, Eletrônica e Realidade Virtual e Aumentada.
Jogos Digitais
Para motivar os alunos jovens a aprenderem programação, propomos a
construção de algoritmos de jogos digitais durante as atividades das disciplinas de programação. Os primeiros jogos propostos são jogos simples,
tais como: o clássico “Par ou ímpar”, o jogo “Jo-ken-po” (pedra-papeltesoura), jogo de “Cobranças de pênaltis”, e o “Jogo da velha”. Os jogos
iniciais, são desenvolvidos em linguagem C somente, são jogos com interface com o usuário em modo texto. Para desenvolver jogos com gráficos
além de texto, usamos a biblioteca Allegro, que é escrita em C/C++, e é
8
Oficinas de Informática: O IFTM em interação com as escolas
utilizada para desenvolvimento de jogos. O Allegro possui funções para
manipulação de imagens, sons, teclado, mouse e joystick. Foram desenvolvidos jogos utilizando conceitos de interdisciplinaridade, tais como jogos de perguntas e respostas, onde as perguntas eram de assuntos vistos
em disciplinas como Português, Inglês, Matemática, História, Geografia,
Química, Física, e várias outras. Com esses jogos, os alunos praticam e
estudam os ensinos de várias unidades curriculares ao mesmo tempo e de
forma muito agradável.
Figura 1: Telas de jogos desenvolvidos em Allegro por alunos do IFTM
Programação para Dispositivos Móveis
Um dispositivo móvel como o próprio nome diz é um dispositivo o qual o
usuário consegue locomover facilmente. No caso específico da informática
estamos falando de computadores que podemos movimentar facilmente tais
como: notebooks, netbooks, tablets e celulares (smartphones). Android é um
sistema operacional para dispositivos móveis, como celulares, smartphones e
tablets. Talvez a maneira mais fácil de explicar, seja dizer que o Android é o
“Windows” de alguns celulares. Esse trabalho propõe uma maneira nova de
desenvolvimento de softwares para dispositivos móveis. O presente projeto
propõe a utilização do ambiente de programação AppInventor que se utiliza
de programação visual como principal ferramenta de desenvolvimento. O
objetivo principal do projeto é mostrar que o desenvolvimento de softwares
para dispositivos móveis é possível até mesmo por alunos com pouca bagagem em programação.
9
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Figura 2 – Exemplo de aplicação desenvolvida pelos alunos.
Robótica
Para o desenvolvimento das práticas em robótica foi utilizado o kit da Lego
em conjunto com o Kinect. A biblioteca de funções para o kit da Lego
possui funções para diversas ações do comando NXT do kit, como por
exemplo, definir o estado de um motor do robô. Esse estado do motor é
definido por vários parâmetros como velocidade, angulação, rotação do
motor. A angulação do motor é definida em graus. O Kinect é um kit de
desenvolvimento que provê uma série de classes e métodos para auxiliar o
processo de interação com o usuário. Como o Kinect retorna as posições
das juntas do corpo humano em coordenadas cartesianas, foi necessário
converter as coordenadas cartesianas (x, y, z) para coordenadas esféricas
(raio r, ângulo θ , ângulo φ ).
Os alunos desenvolveram um braço mecânico que repete os movimentos
que o usuário realiza. O uso de gestos para controle de robôs é uma linha de
pesquisa que tem crescido recentemente diante das tecnologias disponíveis.
No Japão tem se dado especial atenção ao uso de robôs nas atividades diárias
e o uso de uma interface natural para comunicação com esses robôs é algo
que mudará a forma como interagimos com as máquinas.
10
Oficinas de Informática: O IFTM em interação com as escolas
Figura 3 – Demonstração Matemática do Movimento do Braço.
Eletrônica
No projeto, um conjunto de módulos microprocessados detecta a presença
de uma pessoa em frente ao portão de uma casa. Esses módulos são responsáveis por manter ou detectar uma presença, capturar uma imagem e enviar
um e-mail para o proprietário da casa.
O atuador é construído usando-se um microcontrolador, um computador
bastante simples que inclui uma série de elementos de entrada e saída. O
microcontrolador irá se comunicar com um módulo de transmissão e recepção que irá formar uma rede com os outros módulos e o servidor da casa.
Para o projeto foi escolhido o microcontrolador Arduíno que é um dispositivo
barato e facilmente encontrado no mercado com um custo médio de cerca
de oitenta e cinco reais.
O microcontrolador comunica-se com o servidor através de uma interface de rede simulando o acesso a uma porta serial. No Servidor Web temos
um servidor de aplicação responsável por fornecer páginas em HTML que
irá ser utilizadas pelo usuário na interação com o sistema. As páginas serão
adaptadas para dois tipos de navegadores Web: navegadores para desktop
e celulares.
11
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
No projeto será utilizado o Apache com o plug-in do Phiton como servidor de aplicação, rodando sobre o sistema operacional Windows. Todas as
ferramentas utilizadas no servidor Web são gratuitas.
O cliente é um navegador da internet instalado em um computador de
mesa ou disponível em um celular, videogame ou outro dispositivo qualquer
com acesso à internet. Através do navegador o usuário poderá controlar
todo o sistema enviando requisições para o servidor Web e recebendo páginas com os resultados como retorno.
Figura 4 – Estrutura teórica do sistema de irrigação.
Realidade Virtual e Aumentada aplica a inclusão
O software foi criado usando a linguagem Java de programação através do
IDE Eclipse. O aplicativo recebe dados orais e converte para a linguagem em
libras que será exibido através de imagens no monitor. Como está representado na figura 5.
Futuramente o software auxiliará também no ensino de Libras a quem
não tem nenhum conhecimento. Será incluído um mecanismo robótico cuja
função será exibir corretamente a representação de uma letra em Libras.
12
Oficinas de Informática: O IFTM em interação com as escolas
Figura 5 – Software SADA em execução
Conclusão
A realização do projeto Oficinas de Informática: IFTM em interação com as
escolas se mostrou de grande valia para todos os envolvidos. Possibilitou
aos alunos uma aproximação maior com a parte profissionalizante do curso
técnico em informática.
Essa grande participação, tanto dos alunos bolsistas quanto dos voluntários, resultou em um maior envolvimento dos mesmos com o curso melhorando o seu desempenho acadêmico e diminuindo a evasão dos cursos.
Além disso, para o público externo o projeto se mostrou como excelente
forma de divulgação da Instituição. Para o próximo ano a ideia é que o projeto continue e que mais escolas e alunos tenham contato com o projeto.
Participação em eventos
Os bolsistas e voluntários participaram do III SIN (Seminário de Iniciação
Científica) do IFTM, com os seguintes trabalhos:
•Monitoramento de visitas em residências
•SuperMarket
Os bolsistas e voluntários participaram da III Mostra de Ciência e Tecnologia de Ituiutaba, com os seguintes trabalhos:
13
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Monitoramento de visitas em residências
•Desenvolvimento de um sistema de irrigação automático
•SADA- Sistema de Inclusão Digital
•Sistema de Controle Automático de Aparelhos Eletrônicos.
É importante ressaltar que os alunos do projeto obtiveram o primeiro e
terceiro lugar, na categoria Ciências Exatas; e primeiro e segundo lugar, na
categoria Engenharia.
Referências
CRUZ-MARTÍN, A. A LEGO Mindstorms NXT approach for teaching at
Data Acquisition, Control Systems Engineering and Real-Time. Computers
and education, New York, p. 974-988, nov, 2012,
KIRNER, C. ; TORI, R.. Fundamentos de Realidade Aumentada. In: TORI,
Romero; KIRNER, Claudio; SISCOUTO , Robson. (Orgs.). Fundamentos
e Tecnologia de Realidade Virtual e Aumentada. Porto Alegre: Sociedade
Brasileira de Computação - SBC, 2006. v. 1, p. 23-37.
NISE, N.S. Engenharia de Sistemas de Controle. 3. ed. Rio de Janeiro, RJ:
LTC, 2002.
OLIVEIRA, I. A.. Interface de Usuário: A interação Homem-Computador
através dos tempos – Olhar Científico, v.1, n. 2., 2010.
QUEIROZ, T.M.D. et al. Avaliação de sistema alternativo de automação da
irrigação do feijoeiro em casa de vegetação Revista Engenharia Agrícola, v.
25, n. 3 p. 632-641, 2005
SOUSA, M.c.B.A.d. et al. Manejo da irrigação na cafeicultura irrigada por pivô
central nas regiões norte do Espírito Santo e extremo sul da Bahia. Bioscience
Journal, v. 27,n.4, p. 581-590, 2011.
TYLER, J. Google App Inventor for Android. Editora Willey, 2011.
14
Assistência técnica aos pequenos produtores da região do sobradinho, município de Uberlânda - MG
Assistência técnica aos pequenos produtores da
região do sobradinho, município de Uberlânda - MG
1
Angélica Araújo Queiroz
2
Ravisa Magalhães
3
Vinícius Cruvinel
4
Wederson Gutemberg
Resumo
O acesso de pequenos produtores a uma assistência técnica de
qualidade não é uma realidade hoje em dia devido aos custos,
portanto o presente trabalho realizado em propriedades rurais da
região do Sobradinho objetivou oferecer aos produtores assistência técnica sem custos com intuito de melhorar sua produtividade.
Foram realizadas amostragens de solo em quatro propriedades já
atendidas anteriormente por outro projeto de extensão do Instituto
e após sua interpretação, os dados foram repassados aos produtores em uma discussão para se obter as melhores alternativas de
acordo com as condições de cada um. Como todos os produtores
tinham o cultivo de pastagens em sua propriedade e não realizavam nenhum tipo de manejo, era esperado altos índices de acidez
como foi observado, e baixa fertilidade do solo, o que levou a indicação de adubações em especial o uso de P, e também o uso de
calcário para correção do pH.
Palavras-chave:
Propriedades rurais
Amostragem de solo
Produtividade
Recomendações
Professora do curso de Engenharia Agronômica. [email protected] 2 Técnica em Agropecuária. Bolsista de
extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo
Mineiro – Edital 01/2013. [email protected] 3 Graduando do curso Engenharia Agronômica. Bolsista de
extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo
Mineiro – Edital 01/2013. [email protected] 4 Graduando do curso Engenharia Agronômica. Bolsista de
extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo
Mineiro – Edital 01/2013. [email protected]
1
25
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Introdução
Atualmente em um país dito como futuro celeiro do mundo devido a sua
extensa produção agrícola e pecuária é difícil pensar em qualquer tipo de
produção que não envolva modernas tecnologias e inevitavelmente, uma mão
de obra qualificada de acordo com as exigências do mercado no âmbito nacional. No entanto, grande parte do consumo interno hoje é fruto de pequenos
produtores em sistemas de agricultura familiar que nem sempre tem condições
de acesso a estes serviços. A maioria dos pequenos produtores no Brasil contam com mão de obra familiar e técnicas de cultivo advindas de conhecimento
popular adquirido com vizinhos, família, etc.
Desta maneira, alcançar altos níveis de produção torna-se difícil, ainda
mais levando em consideração as condições dos solos do Cerrado onde estão
as propriedades atendidas pelo projeto. Sempre ácidos e pobres em nutrientes devido a sua elevada intemperização (característica que pode ser atribuída as condições climáticas desta região do Brasil) estes solos apresentam uma
necessidade maior de investimento, que nem sempre é possível por parte dos
agricultores como neutralização do pH (correção de acordo com a cultura),
investimentos em adubação e maquinários para estas atividades, além de
assistência técnica para indicar a necessidade de cada um dos procedimentos
acima listados. Recorrer a estes tipos de tecnologias além de reverter as características indesejáveis do solo, torna a produção mais lucrativa ao produtor
e o aproveitamento da área utilizada de uma maneira mais conservacionista.
Conhecer as características físicas (textura e estrutura) e químicas (fertilidade e acidez) do solo permitem ao agricultor produzir em quantidade e
qualidade sem a necessidade de expansões que irão requerer desmatamento,
ainda mais se tratando do bioma do Cerrado, tão devastado ao longo do
tempo devido a atividades agropecuárias.
Solos pobres como estes não dificultam somente a agricultura mais também na manutenção de pastagens, como é o caso da maioria dos produtores
atendidos pelo projeto. A baixa disponibilidade de P afeta a produção até
mesmo de culturas mais resistentes as condições de clima e nutrientes da
região e a falta de manejo e renovação destas culturas afeta ainda mais sua
produção. Com o tempo de consumo e pisoteio por parte dos animais, a rebrota é dificultada e os nutrientes presentes no pasto já não são em tamanha
quantidade como no início, deste modo, a produção de alimentação para os
26
Assistência técnica aos pequenos produtores da região do sobradinho, município de Uberlânda - MG
animais cai, e junto com isso o ganho de peso também decresce, o que leva
a mais tempo de pasto por cabeça, consequentemente maior pisoteio e assim a degradação mais intensa. Para auxiliar no manejo adequado de suas
propriedades é que se justifica o desenvolvimento deste projeto.
Como objetivo, o projeto se dedicou a conscientização dos produtores
quanto a necessidade de conhecimento das características físicas e químicas
dos solos para um adequado manejo deste, com intuito de conservá-lo e obter
boa produtividade, além disso, como outros objetivos podemos citar:
•A correta recomendação de adubos de acordo com a cultura produzida;
•A correta recomendação de calcário de acordo com a cultura produzida;
•A conscientização dos produtores quanto aos cuidados que devem ter com
suas terras, ainda que seja realizada uma atividade pecuária;
•Elaborar um plano de ação e repassá-lo a cada produtor para que possa ser
realizada uma renovação das áreas que apresentam necessidades.
O relato de experiência
No decorrer do projeto, os alunos orientados pela professora eram enviados semanalmente às propriedades atendidas no projeto “Mapeamento Das
Características Físicas e Químicas de Solos das Propriedades Rurais da Região
do Sobradinho, Município de Uberlandia-MG” para que estas pudesse novamente ser atendidas pelos alunos. A escolha das propriedades se deu devido
ao acompanhamento destas durante o outro projeto já citado acima, que
permitiu um conhecimento de cada área.
Com os resultados obtidos e após uma aferição dos dados realizados pela
orientadora, os alunos se dirigiam as fazendas e novamente eram coletadas
amostras, porém, desta vez apenas das áreas a serem cultivadas. As amostras
eram enviadas ao laboratório para que fossem realizadas análises químicas,
uma vez que as físicas já haviam sido realizadas no projeto anterior.
De posse dos resultados os alunos realizavam a interpretação dos dados de
acordo com as recomendações da CFSEMG (1999). Com os resultados e as recomendações em mãos, os próprios alunos conversavam com os produtores e
discutiam as melhores alternativas a serem seguidas, sempre levando em consideração as condições de cada produtor, uma vez que a maioria dependia de
algum tipo de ajuda da prefeitura, que fosse calcário ou o próprio maquinário,
portanto, era necessário se adequar as condições impostas por cada um.
27
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Cada orientado possuía atribuições no projeto definidas na primeira reunião e de acordo com o andamento todos puderam participar de todas as
etapas até a conclusão, relatar uns com os outros suas experiências através
das reuniões semanais e terminar o projeto com o atendimento a quatro
propriedades da região.
Material e Métodos
Em um primeiro momento, os produtores determinaram em quais áreas seriam feitas as amostras, dependendo do tamanho da propriedade assim como
o tipo de utilização da área.
Após realizada a escolha, ficou sob responsabilidade dos bolsistas a retirada das amostras afim de se efetuar as análises. As amostras foram retiradas
numa profundidade de 0 – 20 cm com o auxílio de um trado tipo Holandês.
Foram recolhidas amostras do tipo composta, uma vez que, ao se identificar
as respectivas glebas, o bolsista se movia em sentido de zigue-zague recolhendo pontos e depositando-os em um balde. Posteriormente, todo o material do
balde era homogeneizado a fim de se formar uma única amostra para a gleba.
Todas as amostras recolhidas foram encaminhadas para obtenção da
análise química. Também foi de responsabilidade dos bolsistas a interpretação das análises e elaboração das recomendações da CFSEMG (1999).
Resultados e Discussão
De acordo com os resultados apresentados na tabela 1, de quantidade
necessária de calcário, percebe-se que de maneira geral, as áreas amostradas
apresentaram uma acidez, Ca/Mg, m% e V% fora dos padrões para as culturas previstas no local.
Estes resultados demonstram que a maioria dos produtores não realiza
manejo adequado do solo, pois um solo bem corrigido é a base para uma
melhor produção.
O sucesso da prática da calagem depende fundamentalmente de três fatores: da dosagem adequada, do produto - ou melhor, das características do
corretivo utilizado – e da aplicação correta.
Corretivos da acidez dos solos são produtos capazes de neutralizar (diminuir ou eliminar) a acidez dos solos e ainda carrear nutrientes vegetais ao
solo, principalmente cálcio e magnésio (Alcarde, 1992).
28
Assistência técnica aos pequenos produtores da região do sobradinho, município de Uberlânda - MG
Tabela 1 - Necessidade de calcário, nas propriedades visitadas da região da Faz. Sobradinho, Uberlândia-MG, 2012.
Propriedade/Proprietário
Necessidade de calagem
1. Avenir
0,98
2. Rubens
1,9
3. Robson
2,3
3.b Robson
2,9
4.a Helio
1,6
t/ha
Com relação às características químicas analisadas nos solos das propriedades visitadas foram analisadas os valores de pH em H2O, Ca, Mg, K, SB,
V% e m%.
Analisando o pH em CaCl2, pode-se observar que este variou de 4,3 a
4,9, ou seja, apresenta acidez considerada elevada.
Com relação à saturação por bases (V%), notou-se que em média esta
variou de 13 a 42 %. Assim, foi recomandado aos produtores que fosse
realizada calagem para elevar a saturação por bases para 30-35% nos casos
em que a pastagem era de espécies pouco exigentes como a Brachiaria decumbens, B. ruziziensis e B. humidicola; e para 45-50% para as gramíneas
mais exigentes como a B. brizantha; Panicum maximum; e para as áreas que
forem cultivar milho.
Para tanto, foi utilizada a fórmula de necessidade de calagem expressa
abaixo, sendo T a CTC efetiva a pH 7,00; V, a saturação por bases; SB a soma
de bases e f a relação 100/PRNT do calcário.
N.C (t/ha)= [(Tx V%)] – SB x f
O teor de P, encontrado em todas as áreas analisadas foi considerado
baixo ou muito baixo para o teor de argila dos solos. Os teores variaram de
1,1 a 4,0 mg dm-3, considerado muito baixo, ou baixo para as especies pouco
exigentes.
Com relação a recomendação de adubação, como a recomendação foi para
a manutenção das pastagens e para evitar a degradação, foi recomendado
aplicar em cobertura o nitrogênio (N) e o fosforo (P) na dose de 40kg/ha/ano
de N e 20 kg ha-1 de P2O5 a cada dois anos, na forma de fosfato solúvel, como
o adubo superfosfato simples (SSP), monoamonio fosfato (MAP) ou superfosfatotriplo (TSP). Quanto ao potássio (K) foi recomendado aplicar 50 kg/ha
29
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
de K2O, quando o teor de K no solo cair para menos de 30 mg dm-3 de uma
fonte potássica como o cloreto de potássio (KCl), que a o adubo potássio mais
disponível no mercado . E a reposição de 20kg/ha de enxofre, como gesso, ou
em conjunto com uma das fontes de N e P, também é importante.
A fonte de N recomendada para as áreas de textura argilosa e para a estação chuvosa foi a Uréia, o pois evita-se assim a perda do N por volatilização.
A recomendação de calagem para manutenção é importante quando os
teores de V% cair para 20 a 30% para as espécies pouco exigentes como a
Brachiaria decumbens, B. ruziziensis e B. humidicola; e para 45% para as
espécies moderadamente exigentes como B. brizantha; Panicum maximum.
A adubação fosfatada e os demais nutrientes foi recomendada para ser
feita logo no início da estação chuvosa, exceto o nitrogênio que deve ser
aplicado no final da estação chuvosa, em função das perdas que podem
acontecer. O calcário pode ser feito ainda no periodo seco, para favorecer
sua reação no solo, quando do início das chuvas, preparando o mesmo para
receber as adubações recomendadas.
O fosforo é o nutriente mais importante para a formação de pastagens
na região do Cerrado. As fontes de fósforo, como o superfosfato simples ou
triplo e os termofosfato, apresentam a mesma eficiência no solo. Já os fosfatos
naturais, como os Fosfato Natural de Araxá e de Patos de Minas, apresetam
baixa reatividade, no entanto, apresentam a vantagem de reagirem com o solo
ao longo do tempo, sendo importante serem incorporados ao solo e aplicados
a lanço. Com relação as fontes de P solúvel, foi recomendada a aplicação incorporada no solo, quando do estabelecimento de novas áreas de pastagem.
O potássio (K) foi recomendado ser aplicado junto com a adubação fosfatada, ou então ser aplicado de 30 a 40 dias após a semeadura das forrageiras.
Com este manejo recomendado, busca-se a reversão da degradação dos
solos e das pastagens já estabelecidas na região da Faz. Sobradinho o que irá
permitir a obtenção de melhor rendimento da atividade, agropecuária.
Para os produtores que plantaram milho para silagem, recomendamos
diferentes doses de NPK, variando com as características químicas de cada
solo e com a produtividade esperada por cada produtor (40-60 t ha-1). As
doses variaram de 280 a 330 kg ha-1 do adubo formulado 8-28-16 na cobertura, e de 380 a 500 kg ha-1 do formulado 36-00-16, divididos em 2 doses,
uma aplicada no estagio V3 e a outra em V6.
30
Assistência técnica aos pequenos produtores da região do sobradinho, município de Uberlânda - MG
O incremento em produtividade de uma área é uma condição que desfavorece a ocupação de novas áreas, através do desmatamento, reduzindo
também a perda de solos por processos erosivos. Com uma melhor produtividade o produtor terá uma maior rentabilidade o que favorecerá a sua
permanência no meio rural.
Conclusão
Auxiliou-se os produtores no manejo adequado a ser tomado de acordo com
as características da sua área. Sobretudo, foi possível conscientizá-los quanto
à importância dos cuidados a serem tomados e com isso pode ser proveitoso
na obtenção dos resultados. Também puderam ter a oportunidade de corrigir
o solo para assim, alcançarem níveis mais promissores de produção (mesmo
no caso das pastagens). Com todos estes avanços, eles podem enfim desenvolver um plano de manejo adequado, de acordo com suas condições.
Referências
ALCARDE, J.C.; PAULINO, V.T. & DENARDIN, J.S. Avaliação da reatividade
de corretivos da acidez dos solos. R. bras. Ci. Solo, Campinas, v.13, n.3,
p.387-392, 1989-b.
CFSEMG-COMISSÃO, DE FERTILIDADE DO SOLO; DO ESTADO, DE MINAS
GERAIS. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas
Gerais: 5ª aproximação. Viçosa-MG: Universidade Federal de Viçosa, 1999.
31
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
32
IFTM Inclui
IFTM Inclui
1
Bianca Soares Oliveira Gonçalves
Junqueira Freitas
5
2
Junia Magalhães Rocha
Rogério Rodrigues Lacerda Costa
6
3
Juliana de Fátima Franciscani
Ademir da Guia de Oliveira
7
4
Pâmela
Flamarion Assis
Jerônimo Inácio 8 Natanael Theodoro dos Santos 9 Monalisa Fidelis Ferreira 10 Marcos Vinícius Brito de
Lima 11 Joaquim Onofre dos Reis Júnior 12 Arthur Otávio Prates 13 Douglas Diniz Carvalho 14 Rafael
de Oliveira Carvalho Soares
Resumo
Este programa teve como objetivo a inclusão digital de parcelas
da sociedade que sofrem às consequências sociais, econômicas e
culturais da distribuição desigual do acesso a computadores e Internet. Em 2012 o programa IFTM Inclui teve como público: idosos, jovens em situação de risco, professores da rede municipal e
duas comunidades rurais. No ano de 2013 o público participante
do programa foi: idosos, comunidade rural e jovens em situação de
risco. Como resultado foram capacitados oito bolsistas que desenvolveram algumas habilidades pedagógicas para ministrar os cursos de informática além da ampliação do conhecimento técnico.
O projeto teve ao todo 127 alunos nestes dois anos ilustrando o
sucesso do programa.
Palavras-chave:
Infoinclusão
Tecnologias de informação e
comunicação
Computadores
Doutora em Engenharia de Produção, Professora EBTT, [email protected]. 2 Mestre em Ciência da Computação, Professora EBTT, [email protected]. 3 Especialista em banco de dados, Professora EBTT, [email protected].
br. 4 Especialista em psicopedagogia institucional, assistente de alunos, [email protected]. 5 Especialista em
banco de dados, Professor EBTT, [email protected]. 6 Especialista em tecnologias integradas à educação, Professor
EBTT, [email protected] 7 Especialista em gestão de telecomunicações, Diretor do Campus Patrocínio, flamarion@iftm.
edu.br. 8 Graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de
extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012. [email protected]. 9 Graduanda em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, bolsista de extensão do programa de
apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012,
[email protected]. 10 Graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, bolsista de extensão do programa
de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital
03/[email protected]. 11 Graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, bolsista de extensão do
programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro
– Edital 03/2012. [email protected]. 12 Graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo
Mineiro – Edital 03/[email protected]. 13 Graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas,
bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012, [email protected]. 14 Graduando em Análise e Desenvolvimento
de Sistemas, bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012, [email protected].
1
23
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Introdução
É em meio ao processo de globalização, caracterizado pela anulação das fronteiras físicas e pela alteração da noção espaço-temporal que o espaço cibernético da informática propicia a rapidez dos fluxos. Paralelo a esse cenário
existem milhares de pessoas totalmente excluídas do acesso aos principais
meios de comunicação da pós-modernidade: o computador e a internet. Essas pessoas estão, cada vez mais, distantes do polo de riqueza que domina
o mundo e, caso não sejam preparadas para dominar o ambiente digital, a
tendência é que seu estado de exclusão aumente cada vez mais (BARROS
et al., 2008).
O programa IFTM Inclui tem por justificativa a necessidade de reduzir os
índices de exclusão digital, buscando oferecer novas alternativas de acesso
à informação aos excluídos digitalmente e propiciar uma formação e qualificação. O programa visa garantir também a universalização do acesso às
tecnologias de informação e comunicação (TIC’s), e a qualificação permanente do trabalho humano no processo de formação de uma nova geração,
valorizando e fortalecendo as relações econômicas e sociais, e ampliando
seus horizontes de atuação através do acesso ao conhecimento.
Cabe ressaltar a vocação do IFTM Campus Patrocínio que conta com os
cursos Técnico em Informática e o superior de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Sendo assim, o programa atende em nível de
extensão as atividades de prática na especificidade dos cursos de Informática,
no que tange às atividades, serviços, estágios etc, que complementem a formação dos alunos dentro dos seus respectivos cursos. Serve desta forma como
alavancador de atividades de interação dos estudantes com o meio onde futuramente poderão desenvolver suas atividades. Desta forma, esta experiência passa a ser ação prática de conhecer/relacionar/transformar incluindo os
sujeitos imersos no projeto em outras dimensões não naturais a eles.
Os professores e estudantes que se envolvem em ambientes cooperativos de aprendizagem e tecem em rede com outros sujeitos, o saber e o
conhecimento, passam a olhar o aluno e o seu fazer de um outro modo,
pois se colocam em um novo lugar, de quem provoca e potencializa os
processos de produção conhecimento. Desta forma os estudantes passam
a vivenciar uma experiência construtiva do fazer, ou seja, em ação nos ambientes onde aprende.
24
IFTM Inclui
Desenvolvimento
Uma das dimensões da inclusão digital pode ser apreciada pela disponibilização do acesso às informações e serviços prestados via internet à maioria
de uma população. Neste sentido, trata-se de uma democratização da informática que pressupõe diferentes níveis de ação por parte do governo,
de instituições de ensino, empresas privadas e terceiro setor (SILVINO e
ABRAHÃO, 2003). Inclusão digital ou infoinclusão é a democratização do
acesso às tecnologias da informação. Dentre as estratégias inclusivas, estão
os projetos e as ações que facilitam o acesso de pessoas de baixa renda às
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s).
A infoinclusão não pode se preocupar apenas com um primeiro acesso,
precisa encontrar os meios para que a inclusão digital favoreça a apropriação
da tecnologia de forma consciente, tornando o indivíduo capaz de decidir
quando, como e para que utilizá-la. Para que isso aconteça, as iniciativas
de promoção à inclusão digital precisam estar diretamente relacionadas à
motivação e à capacidade para a utilização das TIC’s, de uma forma não só
empreendedora, mas também crítica, objetivando o desenvolvimento pessoal e comunitário (BUZATO, 2008). A principal meta é fazer com que os indivíduos apropriem-se desses novos conhecimentos e ferramentas, de modo
que possa desenvolver a consciência ética, histórica e política, associada a
uma ação cidadã e de transformação social, ao mesmo tempo em que se
qualificam profissionalmente.
Para que haja realmente uma inclusão digital, não basta apenas que se
disponibilizem computadores, mas também que haja a capacitação das pessoas para o uso efetivo dos recursos tecnológicos. Para que alguém seja
considerado preparado para usar o ambiente digital, precisa estar preparado
para usar essas máquinas, com uma preparação educacional que permita usufruir plenamente de seus recursos. O acesso ao mundo digital vai
proporcionar ao indivíduo o direito básico à informação e à liberdade de
opinião e expressão, garantido pela Constituição Federal, além de contribuir
para o seu desenvolvimento intelectual, social, econômico e político (SORJ
e GUEDES, 2005).
Sugere-se que o aumento do uso de novas tecnologias e suas possibilidades interativas ou irão ampliar a participação social ou aumentarão a já
existente divisão entre os que podem ter acesso e fazer bom uso delas e
25
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
os excluídos por diversas barreiras (GUEDES, 1998). O que exacerba a distância já existente é a questão econômica. Assim, o que se vê é como aumentar o acesso à sociedade da informação. Diferentes autarquias oferecem
ao cidadão serviços virtuais que representam ganhos significativos em níveis
distintos. Dois exemplos de sucesso são o Receita Net da Receita Federal, e
a Concessão de Benefícios da Previdência Social. Organizações como estas
atendem uma clientela heterogênea no que se refere à idade, grau de instrução, nível econômico e familiaridade com sistemas informatizados (SI).
De fato, quais são as camadas da população capazes de operar tais aplicativos? Malgrada a divulgação da alta frequência de uso destes serviços e da
sua função social, o que se verifica é que os cidadãos com baixa escolaridade
solicitam a terceiros a mediação para o acesso ao serviço. Assim, por exemplo, são as patroas que solicitam o auxilio maternidade de suas empregadas
domésticas. O princípio subjacente ao processo de informatização que deveria, por esta via, minimizar a exclusão digital encontra seus limites (SILVINO
e ABRAHÃO, 2003).
Questiona-se, portanto, se a democracia cibernética chegará. Segundo
Serpa (2000), a revolução tecnológica das últimas décadas que provocou o
aumento dos excluídos, viabilizou a ética da inclusão, mas para que se torne
efetiva, será preciso transformar a prática das relações entre grupos sociais
e indivíduos.
O IFTM Inclui, projeto de extensão desenvolvido no IFTM – Campus Patrocínio teve como objetivo gerar para públicos diversos a inclusão digital e
oportunidades de acesso a informação e conhecimento através do uso de
computadores ligados à Internet, além de outras ferramentas de tecnologia
da informação, ampliando as alternativas de atuação no mercado de trabalho, gerando renda e qualidade de vida. Na primeira versão iniciada em
2012 o programa atendeu os seguintes públicos: idosos, professores da rede
pública de ensino do município de Patrocínio, jovens em situação de risco,
comunidades rurais e comunidade acadêmica, envolvendo seis professores,
uma técnica em assuntos educacionais e cinco alunos, qualificados sessenta
e cinco alunos. Cada professor do IFTM – Campus Patrocínio orientou um
projeto e cada projeto dentro do Programa IFTM Inclui tratou de um público.
O projeto Professores Digitais contou com doze professores da rede
pública matriculados. O foco do curso foi o sistema operacional Linux uma
26
IFTM Inclui
vez que as escolas públicas utilizam este sistema operacional e os professores encontravam muitas dificuldades em utilizá-lo. Além disso foi enfatizado
softwares para auxiliar na preparação de aulas, como por exemplo software
para produção de texto e apresentação de slides.
O projeto Campo Digital atendeu quatorze pessoas com idades variadas
da Comunidade Rural do Tejuco. Para viabilizar este projeto o IFTM - Campus Patrocínio fez uma parceria com a Associação de Moradores do local
que emprestou o galpão para a realização do curso e o IFTM emprestou dez
computadores que foram instalados no local. A multinacional Vale S.A. doou
para a associação de moradores as antenas e todos os equipamentos necessários para a instalação da Internet. A comunidade utilizou o laboratório
de informática montado para o projeto nas suas atividades cotidianas, como
por exemplo para viabilizar o acesso as aulas online de autoescola, para os
moradores que estavam no processo de retirada da habilitação. Moradores
da região nos relatou a importância do laboratórios de informática na comunidade e das aulas no projeto de inclusão. O foco do curso para a Comunidade do Tejuco foi os serviços públicos que poderiam ser realizados pela
internet como pagamento de contas, segundas vias de agua e luz.
O projeto Jovens Digitais atendeu a dez jovens que encontravam em situação de risco uma vez que o projeto foi realizado na região do Chapadão de
Ferro, uma comunidade rural que sofre com o problema das drogas. Para a
realização do projeto foi feita uma parceria com a escola municipal que funciona neste local, Escola Municipal João Batista Romão, que cedeu uma sala
e o IFTM – Campus Patrocínio emprestou os computadores para o desenvolvimento das aulas. O foco deste curso foi principalmente jogos e sites que
contribuíssem para o aprendizado do aluno fora da sala de aula.
O projeto foi ofertado para a comunidade interna do campus, que realizou o treinamento de cinco alunos, que apresentavam dificuldades em
informática dentro das salas de aulas. O foco do curso foram as dúvidas dos
alunos que compareciam nos plantões.
O projeto Melhor Idade atendeu vinte e quatro alunos, possuindo apenas um requisito, o aluno deveria ter idade igual ou superior a 60 anos.
O curso foi realizado nos laboratórios do IFTM – Campus Patrocínio, com
carga horária flexível, pois as dúvidas foram mais frequentes e o curso
acompanhou o ritmo dos alunos; normalmente os cursos de informática
27
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
aconteciam de dois a três meses, para este público aos aulas aconteciam
de cinco a seis meses. O foco no curso foi o uso das redes sociais, celular e
câmeras digitais etc.
Em 2012 foram sessenta e cinco alunos que participaram do programa
do IFTM Inclui. Ao final do ano foi realizada uma reunião com cada comunidade participante dos projetos supracitados e o projeto no Tejuco não
teve prosseguimento uma vez que o acesso do bolsista a comunidade estava
esbarrando em várias dificuldades e o projeto relativo a comunidade interna
foi encerrado por falta de bolsista.
Em 2013 o Programa IFTM Inclui teve continuidade com os seguintes
projetos: Campo Digital (na comunidade do Chapadão de Ferro) que capacitou vinte alunos; Jovens Digitais (na ONG Lar da Criança) que qualificou
trinte e um adolescente que estavam em situação de risco e o Melhor Idade
que atendeu onze idosos. No ano de 2013 o projeto envolveu duas professoras, uma técnica em assuntos educacionais e quatro alunos, qualificados
sessenta e dois alunos.
Resumos dos participantes e assistidos do Projeto IFTM
Inclui nos anos de 2012 e 2013
Ano de 2012
Servidores do Campus Patrocínio
Atividade Desempenhada
Bianca Soares Oliveira Gonçalves e
Juliana de Fátima Franciscani
Coordenação do Projeto IFTM Inclui
Pâmela Junqueira Freitas
Acompanhamentos dos Bolsistas
Rogério Rodrigues Lacerda Costa
Responsável pelo Projeto IFTM Inclui –
Professores Digitais
Bianca Soares Oliveira Gonçalves e
Junia Magalhães Rocha
Responsável pelo Projeto IFTM Inclui – Campo
Digital
Flamarion Assis Jerônimo Inácio
Responsável pelo Projeto IFTM Inclui – Jovens
Digitais
Servidores do Campus Patrocínio
Atividade Desempenhada
Ademir da Guia de Oliveira
Responsável pelo Projeto IFTM Inclui –
Comunidades Digitais
Juliana de Fátima Franciscani
Responsável pelo Projeto IFTM Inclui – Melhor
Idade
Continua...
28
IFTM Inclui
...Continuação
Ano de 2012
Alunos do Campus Patrocínio
Atividade Desempenhada
Natanael Theodoro dos Santos
Monalisa Fidelis Ferreira
Marcos Vinícius Brito de Lima
Joaquim Onofre dos Reis Júnior
Ministrar aulas para os alunos do Projeto IFTM
Inclui
Gilber Júnior de Barros
Arthur Otávio Prates
Ano de 2013
Servidores do Campus Patrocínio
Atividade Desempenhada
Bianca Soares Oliveira Gonçalves e Junia
Magalhães Rocha
Coordenação do Projeto IFTM Inclui
Pâmela Junqueira Freitas
Acompanhamentos dos Bolsistas
Bianca Soares Oliveira Gonçalves e Junia
Magalhães Rocha
Responsável pelo Projeto IFTM Inclui – Campo
Digital
Bianca Soares Oliveira Gonçalves e Junia
Magalhães Rocha
Responsável pelo Projeto IFTM Inclui – Jovens
Digitais
Bianca Soares Oliveira Gonçalves e Junia
Magalhães Rocha
Responsável pelo Projeto IFTM Inclui – Melhor
Idade
Alunos do Campus Patrocínio
Atividade Desempenhada
Douglas Diniz Carvalho
Marcos Vinícius Brito de Lima
Monalisa Fidelis Ferreira
Ministrar aulas para os alunos do Projeto IFTM
Inclui
Rafael de Oliveira Carvalho Soares
Alunos Assistidos com o Projeto IFTM Inclui
Ano de 2012
Ano de 2013
Total
65
62
127
Os bolsistas são os mediadores na relação entre os usuários e os computadores. São eles que ministram cursos, oficinas e estão capacitados para
resolver dúvidas básicas dos alunos, preparando o aluno para um aprendizado permanente, autônomo e dinâmico. Sendo assim, foi desenvolvido
nos bolsistas habilidades básicas para a elaboração de planos de aula, melhores práticas, desenvolvimento de novos programas de capacitação em
29
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
informática básica e avaliação contínua, além de desenvolverem projetos/
oficina /cursos que atendam as demandas da comunidade de acordo com o
objetivo do programa. Os bolsistas foram capacitados para o uso da solução
Ubuntu Linux, BrOffice e para promover o uso inteligente dos recursos das
Tecnologias de Informação e Comunicação; além de oferecer uma formação
humanística por meio da participação neste projeto de extensão.
Considerações Finais
Como resultado da Programa IFTM – Inclui conseguiu-se a redução da
desigualdade no acesso a ferramentas de tecnologia da informação, um exemplo é o caso da Escola Municipal João Batista Romão que não possuía
computador, telefone, internet e por meio do IFTM Inclui a escola passou
a ter acesso a internet, telefone e dez computadores, portanto seus alunos,
professores e funcionários que não tinham acesso a tecnologia passaram a ter.
Minimizar o analfabetismo e a exclusão digital, promovendo a inclusão
social foi alcançado, um exemplo foram quatro idosos que após participaram
do Programa IFTM Inclui continuaram seus estudos fazendo cursos à distância, isto é, o programa possibilitou o acesso das pessoas menos favorecidas à
rede mundial de computadores e a busca por qualificação.
Outra conquista alcançada tanto no Tejuco quanto no Chapadão de Ferro
foi a melhoria da qualidade de vida, aumentando a atratividade do meio
rural como local de permanência das pessoas, principalmente dos jovens. Por
fim, oportunizando maior agregação de valor por meio do uso da tecnologia
e de acesso ao conhecimento e à informação, o Programa IFTM Inclui garantiu a universalização da educação e o acesso à informação nos locais em
que se fez presente.
30
IFTM Inclui
Referências
BARROS,C. et al. O computador chega à zona rural: Escolas de Inclusão Digital e Cidadania. CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 21, 2008, Natal, RN. Anais... Natal, RN, 2008.
BUZATO, M. Inclusão digital como invenção do quotidiano: um estudo de
caso. Revista Brasileira de Educação, v. 13, n. 38, maio/ago. 2008.
FELICIANO, Antônio Marcos; BROETTO, Renato. Programa de inclusão digital beija-flor. Florianópolis: Instituto Cepa/SC/SAR, 2007. 130p.
_______. et. al. Impacto da tecnologia da informação (TI) sobre o processo
decisório do agricultor familiar. Florianópolis: Instituto Cepa/SC, 2004. 107p.
GASPARETTO, Neiva Aparecida. Modelo de inclusão digital para organizações, como prática de responsabilidade social. 2006. 126f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção), Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC). Florianópolis, 2006.
GUEDES, Olga. As novas tecnologias de comunicação e informação: novos
mecanismos de Informação & informática/organização. Salvador: EDUFBA,
2000. p. 181-206
SERPA, Luis Felipe Perret. Realidade virtual: novo modo de produção de paradigmas. In: SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Software livre e inclusão digital.
São Paulo: Conrad Livros, 2003.
SILVINO, A.; ABRAHÃO, J. Navegabilidade e inclusão digital: usabilidade e
competência. RAE-eletrônica, v. 2, n. 2, jul-dez/2003.
SORJ, Bernardo; GUEDES, L. Exclusão Digital: Problemas conceituais, evidências empíricas e políticas públicas. Novos estudos, n. 72, 2005.
31
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
32
Núcleo de extensão universitária: núcleo de estudos para produção de alimentos seguros – NEPAS
Núcleo de extensão universitária: núcleo de estudos para produção de alimentos seguros – NEPAS
1
Deborah Santesso Bonnas 2 Elaine Alves dos Santos 3 Letícia Vieira Castejon 3 Pedro Alves 3 Thiago
4
Adriana Fernandes Carrijo 4 Suellen Maciel Monteiro 4 Andressa Santos Vieira
Taham 4 Caroline Silva
Resumo
Todos os indivíduos carecem de uma alimentação saudável. Para
tal, é de suma importância o treinamento dos manipuladores que
entrarão em contato com os alimentos oferecidos à população.
O presente relato tem como objetivo apresentar as atividades do
NEPAS projeto de extensão universitária, com objetivo de propiciar
aos alunos do curso superior de tecnologia em alimentos atuarem
na qualificação de manipuladores de alimentos do IFTM e do Município de Uberlândia, por meio da oferta de cursos de capacitação
profissional.
Palavras-chave:
Alimento seguro
Formação Inicial e Continuada
Boas Práticas de Fabricação
Doutora em Ciência dos Alimentos.Professora do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos . Coordenadora. Email:
[email protected] 2 Tecnóloga em Alimentos. Técnica em laboratório de agroindústria. 3 Professores do curso superior
de tecnologia em alimentos 4 Bolsistas de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012.
1
33
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Introdução
Buscando o atendimento a um dos setores de maior desenvolvimento em
Uberlândia-MG, o setor de serviços, foi constituído, junto ao Curso Superior
de Tecnologia em Alimentos do IFTM - Campus Uberlândia, o Núcleo de
Extensão em Produção de Alimentos Seguros (NEPAS), projeto de extensão
que objetiva a qualificação profissional por meio da oferta de cursos de Segurança Alimentar na Manipulação de Alimentos. Tal projeto propicia aos
alunos, atuarem junto a pequenas empresas e ambulantes informais.
Observa-se que atualmente o conceito de segurança alimentar abrange
diferentes aspectos que superam a acessibilidade e disponibilidade dos alimentos e que na percepção dos consumidores está cada vez mais relacionada à sua qualidade, a higiene, ao método de produção desses alimentos
a fim de torná-los seguros para o consumo. Assim qualificar pessoal para o
trabalho no setor é essencial.
No Brasil os serviços de alimentação tiveram um crescimento acumulado
de 203,5% no período de 1996 a 2006, gerando grande quantidade de
empregos. Em Uberlândia, não há dados estatísticos oficiais que comprovem o crescimento do setor, mas a evolução é perceptível. Existem hoje
na cidade, entre os estabelecimentos cadastrados como ativos — segundo
dados do Imposto Sobre Serviços (ISS) — 297 restaurantes, pizzarias e
churrascarias; 326 pastelarias, lanchonetes e similares e 742 bares e choperias (SERVIÇOS, 2008).
Os alimentos podem ser causadores de doenças, dependendo da quantidade e dos tipos de micro-organismos neles presentes. Sendo assim, é
preciso orientar os manipuladores sobre os cuidados na aquisição, acondicionamento, manipulação, conservação e exposição à venda dos alimentos,
bem como a estrutura física do local de manipulação para que a qualidade
sanitária do alimento não esteja em risco pelos perigos químicos, físicos e
biológicos. Desta forma, as Boas Práticas de Manipulação são regras que,
quando praticadas, ajudam a evitar ou reduzir os perigos ou contaminação
de alimentos (FORSYTHE, 2002).
Para a garantia da qualidade dos alimentos deve-se adotar as Boas Práticas para a manipulação dos alimentos (BPF) que são regulamentadas pela
Lei Federal a RDC nº 216/2004 (BRASIL, 2004). Essas normas estabelecem
exigências desde a higiene pessoal daqueles que preparam as refeições, pas-
34
Núcleo de extensão universitária: núcleo de estudos para produção de alimentos seguros – NEPAS
sando pela limpeza do ambiente de trabalho e dos equipamentos, até cuidados com os próprios alimentos e controle de doenças transmitidas por eles
(BRASIL, 2004).
A importância do treinamento é dar aos manipuladores conhecimentos
teórico- práticos (Boas Práticas de Fabricação) necessários para capacitá-los e
levá-los ao desenvolvimento de habilidades e atitudes de trabalho específico
na área de alimentos (GÓES et al., 2001).
Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo proporcionar a
capacitação de manipuladores de alimentos, com foco especial nos ambulantes, que não tem acesso a cursos de formação, melhorando a qualidade dos
alimentos produzidos, assim como integrar os alunos do curso de tecnologia
em alimentos participantes do projeto a empresas do setor.
Desenvolvimento
Para a participação no projeto foi estabelecido como pré requisito alunos que
tivessem cursado as disciplinas: principios de conservação dos alimentos, segurança alimentar, microbiología de alimentos, higiene dos alimentos. Foram
selecionadas quatro(4) alunas, três (3) bolsistas e uma voluntária
Foram realizados quatro cursos ao longo do ano de 2013:
a) Dois cursos de 08 horas cada para Manipuladores de Alimentos de acordo com a RDC 216, para capacitação dos funcionários do abatedouro do
IFTM- Campus Uberlândia. No total de 16 manipuladores capacitados.
Os docentes do Curso de Tecnologia em Alimentos acompanharam e
supervisionaram os bolsistas no preparo e condução dos treinamentos.
Esses cursos foram ministrados de 18 a 27 de junho de 2013.
b) Um curso de 40 horas cada de acordo com a RDC 216, capacitando o
total de 25 manipuladores de alimentos desenvolvido em parceria com o
SEBRAE/ACIUB/VIGILANCIA SANITÁRIA PMU realizado na ACIUB no
período de 19 de setembro a 04 de outubro de 2013.
c) Dois mini-cursos para manipuladores de alimentos destinados aos manipuladores que atuam no refeitório da Instituição e ainda não haviam sido
capacitados por cursos anteriores. Estes se realizaram em dois períodos
de duas horas totalizando 4 horas de treinamento cada. Os mini- cursos
foram realizados no IFTM Campus Uberlândia em 12 e 14 novembro de
2013 e o segundo nos dias 19 e 21 do mesmo mês.
35
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Durante o curso ofertado para a ACIUB procedeu-se as ações de diagnóstico e avaliação descritas a seguir:
Foram inscritos 25 membros participantes que foram inscritos pelo programa Empreender, parceria entre a ACIUB e o SEBRAE, que é um programa
de mobilização, onde empresários de micro, pequenas e medias empresas
se reúnem, trocam experiências, auxiliam-se e conquistam mercados, atuando como agentes estratégicos no processo de desenvolvimento da cidade
e região.
Dos 25 membros inscritos foram identificados 12 (doze) ambulantes, 9
(nove) microempresários e 4 (quatro) funcionários de empresas, todos atuantes na área de manipulação de alimentos.
Esse grupo foi submetido a estudos realizado em 3 (três) etapas, sendo elas:
Etapa 1- Diagnóstico inicial dos manipuladores quanto ao conhecimento
sobre Boas Práticas de Fabricação (BPF), por meio da aplicação de um questionário previamente formulado, baseado na RDC n° 275, da Secretaria de
Vigilância Sanitária do Ministério de Saúde, de 21 de outubro de 2002 (BRASIL, 2002), com o intuito de realizar uma avaliação global dos conhecimentos
anteriores à aplicação do curso de qualificação, bem como traçar o perfil
destes manipuladores, questionando a rotina destes quanto as Boas Práticas
de Fabricação (BPF).
Etapa 2- Capacitação dos manipuladores, através da realização do curso
para Responsável Técnico na Manipulação de Alimentos conforme exigências da RDC n° 216/2004 da ANVISA (BRASIL, 2004).
Etapa 3- Diagnóstico final dos conhecimentos agregados sobre Boas
Práticas de Fabricação (BPF) e elaboração do POP (Procedimento Operacional Padrão), através da aplicação do questionário final, elaborado com base
na RDC nº 275 de 21 de Outubro de 2002 (BRASIL, 2002) e da elaboração
do POP 4, com o objetivo de avaliar o conhecimento adquirido pelos manipuladores quanto à identificação e redução de fatores que comprometam
a inocuidade dos alimentos, conhecimento quanto aos aspectos de saúde,
higiene pessoal e conduta higiênico-sanitária e a capacidade de modificar
condições inadequadas, bem como a capacidade para elaborar o Procedimento Operacional Padrão 4.
O conteúdo programático do curso foi elaborado de acordo com as
Resoluções RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002 e RDC n° 216 de 15
36
Núcleo de extensão universitária: núcleo de estudos para produção de alimentos seguros – NEPAS
de setembro de 2004, organizado em consonância com as exigências da
Vigilância Sanitária do Município de Uberlândia.
Resultados
Variação Percentual: Antes e
Depois do Treinamento
Nos treinamentos realizados ���������������������������������������������
procedeu-se a avaliação dos conhecimentos sobre Boas Práticas de Fabricação antes e após os treinamentos, para se identificar os conhecimentos agregados pelos cursos. A melhoria dos conhecimentos sobre as Boas Práticas de Manipulação estão apresentados na Figura 1.
1
Microbiologia; 2Doenças Transmitidas por Alimentos; 3Boas Práticas de Manipulação
Figura 1 - Variação de acertos de acordo com cada conteúdo ministrado, antes de depois do treinamento.
Os treinamentos tiveram impacto na melhoria do conhecimento dos participantes envolvidos. Dessa forma se espera que tenham reflexos positivos
nas atividades dos profissionais. O objetivo principal do curso foi conscientizar e reeducar os manipuladores quanto às boas práticas bem como todos os
itens vinculados ao assunto.
Considerações Finais
O curso oferecido pelo NEPAS é uma ação social que busca suprir a necessidade de qualificação de uma parcela de manipuladores. Ofertar um curso de
37
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
qualificação totalmente gratuito propicia que indivíduos carentes tenham a
possibilidade de aprender e modificar hábitos errados e, principalmente, conscientizar os mesmos quanto aos riscos oferecidos por alimentos contaminados, à importância da higiene e mostrar que todo manipulador é responsável
pela saúde dos consumidores.
Para os alunos o projeto oportunizou a ampliação de seus conhecimentos
práticos, por meio da realização das atividades envolvendo o Ensino, a Pesquisa e a Extensão. Eles tiveram contato com a realidade profissional, aplicaram conhecimentos adquiridos na academia, desenvolveram habilidades
de treinamento entre outras.
Como ganho indireto tem-se a divulgação do IFTM como referencia em
formação profissional e instituição que tem a inclusão, a educação e a melhoria da sociedade como elementos norteadores de sua atuação.
Referências
BRASIL. Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o
Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados e aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e
a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos
Produtores/Industrializadores de Alimentos. D.O.U. de 06/11/2002.
_______. Resolução RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre
Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Diário
Oficial da União, Poder Executivo, de 16 de setembro de 2004.
FORSYTHE, S. J. Microbiologia da Segurança Alimentar. Porto Alegre: Artmed, 2002. 76p.
GÓES, J. A. W.; SANTOS, J. M.; VELOSO, I. S. Capacitação dos Manipuladores de Alimentos e a Qualidade da Alimentação Servida. Higiene Alimentar. São Paulo, v. 15, n. 82, p.20-22, mar. 2001.
SERVIÇOS. Investe São Paulo - Alimentos. Disponível em: <http://www.
investe.sp.gov.br/uploads/midias/documentos/alimentos_saopaulo.pdf>.
Acesso em 29 Ago. 2013.
38
Nitrato em hortaliças folhosas produzidas por diferentes sistemas de cultivo em Uberaba-MG
Nitrato em hortaliças folhosas produzidas por
diferentes sistemas de cultivo em Uberaba-MG
1
Dione Chaves Macedo
1
Estelamar Maria Borges Teixeira 2 Luciene Lacerda Costa
2
Mariana Camilo
Resumo
Estima-se que mais de 70% do nitrato ingerido diariamente pelo
homem são fornecidos pelos vegetais. Daí a preocupação de realizar um trabalho com os fornecedores das feiras e varejões da
região de Uberaba MG. Neste sentido, o objetivo do presente estudo foi avaliar o teor de nitrato em hortaliças folhosas (alface
americana, crespa, lisa e roxa, e rúcula) produzidas por diferentes
sistemas de cultivo (convencional e hidropônico) e comparando o
teor de nitrato das hortaliças de cada produtor, incluindo também
as hortaliças folhosas couve e repolho. A amostragem foi realizada
no período de maio a outubro/2013, sendo que as hortaliças foram
adquiridas junto aos produtores, em suas propriedades. Dentre as
hortaliças incluídas neste estudo, as cultivadas convencionalmente
são as responsáveis pela maior contribuição na ingestão de nitrato.
Os resultados apontam a necessidade de um controle do teor de
nitrato na adubação no sistema convencional e da solução nutritiva
Palavras-chave:
Antinutrientes
Nitrato
Sistema de produção
no sistema de hidroponia. Conclui-se que em geral, vegetais folhosos cultivados por sistema convencional apresentam teor de nitrato
superior àqueles produzidos por cultivo hidropônico.
Professora do I Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro. Email : [email protected];
[email protected]; [email protected] 2 Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2013. Email. [email protected];
[email protected]
1
39
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Introdução
Na sociedade moderna, a qualidade do alimento passou a ser considerado
fator de segurança nutricional, sendo relacionado não apenas à produção
em quantidade suficiente e acesso garantido, mas também à promoção da
saúde daqueles que o consomem. Não há segurança alimentar, se o consumidor não dispuser de produtos sem agentes que possam oferecer risco à
sua saúde, sob a forma de contaminação química ou biológica.
O mercado hortícola encontra-se em ampla tendência de crescimento.
Com isso, os produtores têm adotado novos sistemas de cultivo, como os
protegidos (túneis e estufas) e o hidropônico, em alternativa ao sistema tradicional – a campo (BERNARDI et al, 2005). Nos últimos dez anos, a produção
de hortaliças no Brasil aumentou 33 % e a produtividade incrementou 38 %,
mesmo com a área de cultivo reduzida em 5 %.
No entanto, alerta-se que o teor de nitrato é um importante índice da qualidade dos alimentos folhosos, pois quando ingerido se transforma quimicamente
em nitrito, o qual pode gerar compostos prejudiciais ao organismo humano. O
nitrato em excesso é prejudicial à saúde humana, importante lembrar que os
vegetais são a principal fonte de nitrato e nitrito na dieta da humanidade.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o consumo
diário de nitrato tolerável para o organismo humano é de 5mg/kg. Em outras palavras, uma pessoa adulta com peso até 50 Kg não pode ultrapassar a
ingestão de nitrato em 300mg/dia. Por isso, no uso alimentar dos folhosos
deve-se atentar para os teores nitrato.
Nesse contexto, o sistema de produção dos alimentos pode interferir no
teor de substâncias prejudiciais à saúde. Dessa forma, o cultivo denominado, atualmente, de convencional baseia-se na utilização intensiva de insumos químicos (agrotóxicos), mecanização pesada e melhoramento genético
voltado para a produtividade física. No entanto, esse padrão de produção
visando exclusivamente à produtividade, tem sido questionado, em função
de aspectos negativos, tais como esgotamento dos recursos naturais, degradação ambiental, exclusão social, elevação dos custos de produção, contaminação dos alimentos por agrotóxicos e principalmente redução de sua
qualidade (STAUB, 2003; CAMPOS, 2004; ARBOS, 2010).
Feitas essas considerações preliminares, a realização do presente estudo
justifica-se pela necessidade de assegurar aos consumidores de Uberaba-MG
40
Nitrato em hortaliças folhosas produzidas por diferentes sistemas de cultivo em Uberaba-MG
produtos de qualidade, que além de nutricionalmente preservados, sejam isentos de substâncias tóxicas ou compostos que quando ingeridos continuamente possam trazer algum malefício a saúde do ser humano. Uberaba
destaca-se por ser uma região produtora de alimentos tanto para consumo
próprio como para venda aos municípios vizinhos. Por isso, muitas pessoas
podem estar sendo expostas a substâncias como o nitrato/nitrito ao ingerirem
verduras folhosas sem o devido processamento. O nitrato/nitrito são substâncias que possuem alto potencial carcinogênico e, portanto deve-se diminuir
ao máximo o consumo de alimentos que possuam este antinutriente.
Hortaliças e frutos podem ser cultivados no sistema de produção convencional, no qual esses alimentos são cultivados diretamente no solo, com o uso
de fertilizantes químicos diversos e agrotóxicos, os quais impedem a proliferação dos agentes que parasitam essas plantas (ORMOND et al, 2002; STAUB,
2003; CAMPOS, 2004). Embora esse sistema de produção satisfaça o quesito
produtividade, a sociedade começa a cobrar os custos ambientais e sociais
de suas atividades mediante maior controle por parte do governo, ou pela
mudança nos hábitos do consumidor que privilegia as empresas responsáveis
social e ecologicamente. O sistema hidropônico caracteriza-se pelo uso de
uma solução nutritiva fornecendo os nutrientes para o desenvolvimento das
plantas, Os dois sistemas requerem a incorporação de fertilizantes, só que um
é no solo e outro na solução hidropônica.
Entre as folhosas, a alface está entre as hortaliças mais plantadas no Brasil,
sendo também a mais consumida. Entretanto, a partir de 1990, a rúcula tem
ganhado espaço no mercado consumidor, com aumento de 78% na comercialização entre 1997 e 2003. Sendo assim, Purquerio et al (2007) realizaram
experimentos com doses de nitrogênio na rúcula em campo e constataram
que há um aumento na produtividade, porém eleva os níveis de nitrato, razão
pela qual o sistema de produção deve ser bem manejado, para que a colheita
seja realizada no momento certo de modo a evitar o acumulo dessa substância.
Considerando-se o exposto, este estudo determinou o teor de nitrato
em hortaliças folhosas produzidas nos dois tipos de cultivo, avaliando junto
aos produtores qual dos sistemas de cultivo produz alimentos com menor
teor de nitrato. Além disso, busca comparar diferenças e particularidades
dos sistemas de cultivo convencional, com o sistema hidropônico que pode
influenciar no teor de nitrato das hortaliças folhosas.
41
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Desenvolvimento
Para realização deste projeto participaram 2 bolsistas sendo uma do curso
de mestrado profissional em alimentos e outra do curso de Licenciatura em
química, orientadas pelas professoras dos cursos Técnico em Nutrição e Dietética e Tecnologia em Alimentos. Foi escolhido aleatoriamente quatro
produtores de hortaliças folhosas através de contato com a secretaria municipal de Uberaba-MG, sendo um do sistema de produção hidropônica e 3
do sistema de produção convencional que abastecem os varejões da cidade.
Entramos em contato com esses produtores e convidamos para uma reunião
e na mesma foi feita a apresentação do projeto e sensibilização dos produtores, mostrando os objetivos e a importância de verificar a quantidade de
nitrato nos folhosos, reforçando na nossa exposição que “o nitrato e nitrito
são substâncias tóxicas ao homem. O nitrato ingerido através dos alimentos
pela população humana sofre na boca ação microbiana, reduzindo-se a nitrito. Este, na corrente sanguínea, oxida o ferro (Fe2+ Fe3+) da hemoglobina,
produzindo a metahemoglobina. Essa forma de hemoglobina é incapaz de
transportar o oxigênio, causando a chamada metahemoglobinemia. Enquanto esse processo é reversível em pessoas adultas, mas podem levar bebes à
morte, principalmente até os três meses de idade (Maynard et al., 1976).
Desse modo, o controle desses compostos nos alimentos, mais especificamente nos folhosos, é primordial a fim de assegurar a qualidade das hortaliças consumidas pelo ser humano. E a partir dessas análises poderemos
verificar e comparar o teor encontrado em cada sistema de produção. Ponto
de partida para uma reflexão sobre o tipo de adubação e tratamento dessas
hortaliças para minimizar essa substância.
Para as análises foi solicitado amostra dos folhosos produzido nas propriedades dos produtores participantes do estudo e foram coletados pelos
bolsistas sem prévio aviso. Os folhosos analisados foram: Alface, couve, repolho e rúcula.
As colheitas de folhosos foram feitas sem mexer na rotina dos agricultores, exatamente da forma que sai das suas propriedades e são colocadas
no mercado para consumo. A colheita dos folhosos do produtor 1 do sistema
de produção convencional foi feita no período da tarde de acordo com a sua
rotina, que entrega seus produtos nos varejões no início da noite. Os produtores 2, 3 e 4 fazem suas colheitas no início da manhã e entrega logo a seguir.
42
Nitrato em hortaliças folhosas produzidas por diferentes sistemas de cultivo em Uberaba-MG
Os folhosos colhidos foram levadas pelas bolsistas do projeto ao Laboratório de Bromatologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triangulo Mineiro- IFTM (Campus Uberaba) onde as bolsistas fizeram
as análises.
Houve dificuldade em conseguir o mesmo tipo de folhosos entre os sistemas de produção onde coincidiu somente rúcula, alface Americana, crespa e
roxa nos dois sistemas (convencional e hidroponia).
As demais somente analisamos o teor de nitrato, não tendo parâmetro
para comparação.
Podemos observar que tanto a rúcula e os três tipos de alface (americana, crespa e a roxa) tem um teor maior de nitrato no sistema convencional (figura 1) , sendo que a alface crespa possui teor menor de nitrato
que a roxa.
Rúcula
Alface Americana
Hidroponia
Sistema convencional
Alface Roxa
Alface Crespa
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Figura 1: Teor de nitrato de rúcula, alface americana, crespa e roxa nos sistemas de
produção convencional e hidroponia.
A rúcula tanto no sistema convencional como na hidroponia apresentam altos valores de nitrato cinco vezes mais que o tolerável. Nesse caso,
o excesso de nitrato pode causar manifestações tóxicas agudas e crônicas,
além de ocorrer a metahemoglobinemia em crianças. Assim sendo, é importante monitorar os níveis limítrofes de nitrato na alface e rúcula consumida pelo ser humano.
43
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Podemos observar que as alfaces crespas, roxa de hidroponia e do sistema
convencional apresentaram teores de nitrato diferentes entre si, sendo que
o sistema convencional apresenta-se acima do teor preconizado em 1000
mg/ kg de MF (Matéria fresca), possuindo um teor de nitrato 2 vezes e meia
maior que o sistema hidropônico. A alface roxa nos dois sistemas (hidroponia
e convencional) encontra acima dos valores toleráveis.
De acordo com gráfico (1) acima e tabela (1) abaixo o sistema de cultivo não
pode ser considerado como um fator de acúmulo de nitrato nos folhosos.
Tabela 1 - Produtores, sistema de produção, quantidade de nitrato por mg NO3-/Kg
MF Média
Produtores
Sistema de produção convencional
1
Alface Americana
mg NO3- / Kg MF Média
948,60
2
Alface Americana
1534,60
3
Alface Americana
3069,00
1
Alface roxa
1450,8
2
Alface roxa
1060,2
2
Alface Crespa
2622,6
3
Alface Crespa
334,80
1
Repolho Branco
279,00
2
Couve
2511,00
3
Couve
2678,40
2
Rúcula
5189,40
Sistema de produção Hidropônico
4
Alface Americana
4
Alface crespa
1004,40
725,40
4
Alface roxa
1339,20
4
Alface lisa
502,20
4
Rúcula
5580,00
Portanto, deve-se observar a forma de cultivo, a quantidade de nitrogênio
,horário de colheita, espécie e variedade destes vegetais. Convém lembrar
que nitrato em quantidades suportadas pelo organismo humano é benéfico
na prevenção de patologias gastrointestinais, principalmente a úlcera e até
mesmo o câncer de estômago (LIMA et al 2008).
Dentre as hortaliças avaliadas, o repolho foi a hortaliça que apresentou
menor teor de nitrato, o fato relaciona-se ao suprimento apropriado de ni-
44
Nitrato em hortaliças folhosas produzidas por diferentes sistemas de cultivo em Uberaba-MG
trogênio, diretamente ligado à elevada atividade de fotossíntese e ao desenvolvimento vigoroso das plantas.
Nessa perspectiva, segundo Purquerio et al (2007), o uso do nitrogênio
em hortaliças pode elevar a produtividade, mas, por outro lado, aumenta o
teor de nitrato, motivo pelo qual o sistema de produção precisa ser controlado e analisado, para que a colheita seja feita no momento adequado de
maneira a evitar o aumento do nível de nitrato.Observou se também que a
rúcula é a hortaliça que possui o maior teor de nitrato chegando a 5 vezes
mais que o tolerável pelo organismo.
Quando compara – se o sistema de produção (convencional e hidroponia)
os valores de nitrato são menores nos folhosos cultivados no sistema hidropônico.
Não pode afirmar que o horário de colheita interferiu no teor de nitrato,
uma vez, que as hortaliças foram coletadas nos períodos de comercialização
dos produtos.
Houve diferença na concentração de nitrato quando compara os produtores do cultivo convencional. O que reforça que a adubação poderá ter
influenciando nos resultados, mas merece um monitoramento e investigação
sistematizada.
Conclusão
Diante desses resultados, os agricultores foram contatados pela equipe e informados quanto as variáveis que podem interferir no teor de nitrato, para
que prossigam seu plantio de forma que o nível de nitrato recomendados
pela Organização Mundial para a Agricultura e Alimentação (FAO) , pois
necessita-se buscar orientação quanto ao plantio, adubação, tipo de irrigação necessitando um monitoramento do teor de nitrato nos alimentos e,
uma vez que poderão ser formados compostos prejudiciais à saúde humana
e animal após sua ingestão.
45
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Referências
ARBOS, K. A. et al. Atividade antioxidante e teor de fenólicos totais em hortaliças orgânicas e convencionais. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v.30,
n.2, p.501-506, abr.-jun. 2010.
BERNARDI, A. C. C. et al. Produção, aparência e teores de nitrogênio,fósforo
e potássio em alface cultivada em substrato com zeólita. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 23, n. 4, p. 920-924, out-dez, 2005.
CAMPOS, M.C. Territorialização da agricultura orgânica no Paraná: preservando o meio ambiente e produzindo alimentos sadios. Disponível em:
<http://www.igeo.uerj.br/VICBG 2004/Eixo1/e1%20279.htm>. Acesso em:
18 de abril de 2005.
FOOD AND AGRICULTURAL ORGANIZATION. Food safety and quality
as affected by organic farming. REGIONAL CONFERENCE FOR EUROPE,
22,2000, Portugal. Anais…Portugal, 2000.
_______. Codex Alimentarius – alimentos producidos orgánicamente. Roma;
2002. 77 p.
LIMA, J.D. et al. Acúmulo de Compostos Nitrogenados e Atividade da
Redutase do Nitrato em Alface Produzida sob Diferentes Sistemas de Cultivo.
Pesquisa Agropecuária Tropical. v. 38, n. 3, p. 180-187, jul./set. 2008.
MAYNARD D. N. et al. Nitrate accumulation in vegetables. Advances in
Agronomy v. 28, 71–118. 1976
ORMOND, J.G.P. et al.. Agricultura orgânica: quando o passado é futuro. Rio
de Janeiro: BNDES Setorial, 2002. 34 p.
PURQUERIO, Luis F. V. et al. Efeito de adubação nitrogenada de cobertura e
do espaçamento sobre a produção de rúcula. Horticultura Brasileira, v. 25,
n. 3, 2007.
STAUB, G .A. O financiamento do Banco do Brasil à agricultura orgânica e
preservação ambiental do Estado do Paraná. 2003. 139 f. Dissertação (Mestrado em Gestão da Qualidade e Produtividade), Florianópolis: UFSC, 2003.
46
Microbiologia e controle de qualidade aplicados às agroindústrias de pequeno e médio porte e ao
banco de alimentos do município de Uberaba
Microbiologia e controle de qualidade aplicados
às agroindústrias de pequeno e médio porte e ao
banco de alimentos do município de Uberaba
Elaine Donata Ciabotti 2 Cíntia Cristina de Oliveira 3 Simone Cristina de Oliveira 4 Hannah Moachar
Elias 5 Leila Carolina Freitas Camargos Dias 6 Karina Aparecida Damasceno 7 Giovane Tonelli 8 Luiz
Otávio de Queiroz Vieira
1
Resumo
Produtores e comerciantes de produtos cárneos e lácteos das
pequenas e médias agroindústrias de Uberaba necessitam de suporte no controle higiênico e sanitário de seus produtos. O Serviço
de Inspeção Municipal realizou o contato entre esse segmento e o
IFTM – Câmpus Uberaba a fim de compartilhar experiências com
pequenos industriais e comerciantes que trabalham com produção
alimentar na comunidade Uberabense. Foram realizadas 184
análises de 56 produtos de origem animal, incluindo as águas utilizadas pelas indústrias. As indústrias visitadas tinham como o principal problema a qualidade da água e a educação para a higiene,
o que levou a equipe do projeto a ministrar cursos de higiene para
manipuladores de alimentos, voltado para três grupos específicos
(feirantes, indústrias e supermercados). O contato realizado com
produtores e a verificação de sua realidade e dificuldades, assim
como ter levado a microbiologia ao alcance das pequenas indús-
Palavras-chave:
Agroindústria familiar
Segurança alimentar
Inspeção Municipal
Treinamento de Manipuladores
trias e comerciantes foi uma experiência enriquecedora para alunos, professores, profissionais do Serviço de Inspeção Municipal
e do segmento produtivo e comercial. Além disso, o consumidor
uberabense ganhou em qualidade e segurança alimentar.
Doutora em Agronomia. Professora de Educação Básica, Técnica e Tecnológica. [email protected] 2 Graduanda em
Tecnologia de Alimentos. Bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2013. [email protected] 3 Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista
do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro
– Edital 02/2013. [email protected] 4 Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a
projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2013. [email protected] 5 Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 02/2013. [email protected]
6
Graduanda em Tecnologia de Alimentos, bolsista do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 05/2012. [email protected] 7 Mestre em Ciência
e Tecnologia de Alimentos, Diretor do Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba. [email protected]. 8 Médico Veterinário, Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba. [email protected]
1
47
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Introdução
Apesar de ser uma das principais cidades produtoras de carne e leite, Uberaba tem uma carência de mão de obra especializada e de orientações técnicas,
principalmente no que se refere à higiene na manipulação de alimentos nas
suas pequenas e médias agroindústrias. Famosos são os queijos e churrasquinhos dessa região, fortemente presentes no cardápio Mineiro e grande
contribuição ao turismo local. O Serviço de Inspeção Municipal de Uberaba
assim como outros órgãos nacionais, estaduais e municipais de fiscalização
da segurança alimentar, têm dificuldade em comprovar a qualidade dos
produtos, devido à carência de laboratórios especializados. Com a tradição
de vinte e três anos de atuação na área da Tecnologia de Alimentos, o IFTM
– Câmpus Uberaba muito pode auxiliar esses produtores a melhorarem a
qualidade dos seus produtos e serviços. Da carência citada e dessa experiência do câmpus nasceu o acordo de mútua cooperação entre o IFTM- Câmpus
Uberaba e a Prefeitura Municipal de Uberaba, que desde agosto de 2012
vêm trabalhando juntos nesse projeto. Ou seja, em 2014 o Projeto faz aniversário de 2 anos. O planejamento das ações sempre foi realizado em conjunto: Coordenadora, Veterinários do Serviço de Inspeção Municipal, Técnica
do Laboratório de Microbiologia e alunos bolsistas. Entre alunos bolsistas e
voluntários, já passaram pelo projeto 20 alunos.
Além disso, promover o contato com a comunidade produtora é uma experiência de valor inestimável para alunos e professores. Permite a vivência e
aplicação dos conhecimentos adquiridos no curso de Tecnologia de alimentos
e no Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos, mais especificamente
da Microbiologia e da Higiene Alimentar. Essa assessoria abrange o processo
produtivo desde a aquisição de matéria-prima, passando pela produção, armazenamento e chegando à comercialização de alimentos. Todas as ações desse
projeto foram alinhadas com o Projeto Político Pedagógico Institucional, sem
separar o ensino, a pesquisa e a extensão. O objetivo geral desse projeto foi
compartilhar experiências com pequenos e médios produtores agroindustriais,
assentamentos, fornecedores e comerciantes de produtos cárneos e lácteos,
detectando problemas e discutindo soluções para a melhoria da qualidade dos
seus produtos e serviços. Os objetivos específicos foram:
1. Emitir resultados de análises microbiológicas preventivas em pelo menos
3 amostras (matéria-prima, amostras de equipamentos, ambientes e ma-
48
Microbiologia e controle de qualidade aplicados às agroindústrias de pequeno e médio porte e ao
banco de alimentos do município de Uberaba
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
nipuladores) por semana provenientes da agricultura familiar, da produção
alimentar local de assentados e pequenos produtores agroindustriais;
Orientar o público alvo para a melhoria da qualidade microbiológica
da matéria-prima e dos produtos finais baseando-se nos resultados das
análises, atendendo cada produtor separadamente de acordo com a
condição específica, em seu local de trabalho, facilitando o acesso às informações necessárias ao fornecimento de um alimento seguro para a
população.
Treinar grupos de alunos em análises microbiológicas, intensificando suas
práticas de laboratório, promovendo maior segurança na realização e na
interpretação das mesmas;
Aplicar os resultados das análises microbiológicas na detecção de problemas higiênicos e sanitários dos alimentos analisados, conversando com
o produtor sobre as possíveis causas e soluções para a sua correção.
Estimular os produtores que prezam pela qualidade de seus produtos a
continuar fornecer produtos seguros ao consumidor, levando a eles a resposta da microbiologia às boas práticas de fabricação.
Divulgar o Curso de Tecnologia de Alimentos e situar o profissional Tecnólogo em Alimentos no contexto produtivo.
Visitar diferentes instalações agroindustriais, verificando as diversas possibilidades de implantação e ao mesmo tempo visualizando as vantagens
e dificuldades do seu funcionamento.
Treinar manipuladores, iniciando pelos conceitos de microbiologia e chegando aos cuidados essenciais da manipulação de alimentos.
Desenvolvimento
Os bolsistas foram selecionados seguindo rigorosamente os critérios estabelecidos no edital, sem discriminação de pessoas e sem privilégios a estudantes. No primeiro dia de trabalho foi feita uma reunião para deixar claro o
compromisso ético com os produtores e com o Serviço de Inspeção Municipal. Uma das regras mais importantes do trabalho é manter sigilo absoluto
sobre os resultados obtidos no laboratório. O principal apelo para isso é que
se as informações saírem do laboratório, o laboratório perderia a credibilidade junto aos produtores e à Prefeitura, fechando-se as portas para a nossa
Instituição e consequentemente para os estudantes.
49
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
As análises microbiológicas eram realizadas semanalmente e seguiam
sempre o mesmo ritual:
•Coleta das amostras através do Serviço de Inspeção Municipal (SIM);
•Recepção das amostras;
•Preparação e esterilização de materiais, meios de cultura e vidrarias para
as analises;
•Realização das análises e verificação dos resultados (SILVA et al., 2007);
•Elaboração dos laudos (BRASIL, 2001);
•Reunião técnica para discussão e comparação com padrão estabelecido
pela legislação: BRASIL (1997); (BRASIL, 201a) e (BRASIL, 2011b);
•Descarte e esterilização de materiais contaminados;
•Reuniões e visitas semanais aos produtores e banco de alimentos;
•Oferta de Mini-curso, sempre organizado em conjunto.
Foram realizadas 184 análises de 56 produtos de origem animal, incluindo também água utilizada pelas indústrias, obtendo os resultados constantes
nas Tabelas 1 e 2.
Em 60% dos casos, o resultado estava dentro dos padres microbiológicos
aceitáveis para a comercialização dos produtos. De acordo com os resultados e
com a visita para verificação in loco das condições da indústria e ainda das entrevistas realizadas, os produtores que não conseguiam atingir o padrão microbiológico mínimo tinham três problemas básicos: higiene do manipulador, qualidade da matéria-prima quando leite fornecido por outros e qualidade da água.
Assim, foi montado pela equipe um curso de Higiene na manipulação de
alimentos que foi executado por três vezes no ano de 2013, atingindo um
total de 60 participantes. Antes de ser ministrado, foi apresentado ao SIM
para aprovação. Três adaptações foram feitas nesse curso, atingindo as especificidades comerciais ou industriais:
1. Manipuladores de produtos cárneos da feira livre de Uberaba – maio de
2013;
2. Pequenas e médias agroindústrias e comércio de processamento da carne
de Uberaba – julho de 2013;
3. Manipuladores de carne e derivados da rede de supermercados Bretas –
dezembro de 2013.
Os cursos foram divulgados para produtores e comerciantes que fazem
parte da abrangência do Serviço de Inspeção Municipal (SIM), seguindo
50
Microbiologia e controle de qualidade aplicados às agroindústrias de pequeno e médio porte e ao
banco de alimentos do município de Uberaba
a sugestão de datas e horários fornecidos pelos mesmos, ao longo das
visitas. Porém, a participação não atingiu o universo pretendido. A melhor
participação foi no curso ministrado para a rede Bretas de Supermercados,
cuja gerência mobilizou os seus colaboradores, demostrando conscientização sobre a importância do curso. Em relação às indústrias e feirantes,
acredita-se que o baixo comparecimento seja devido à pequena equipe
de colaboradores, que se for deslocada para fazer o curso, deixa de produzir. Além disso, essas pequenas equipes na maioria das vezes têm sobrecarga de trabalho. Ainda assim, os estudantes mostraram um pouco do
que aprendem no IFTM, levando honrosamente o nome da Instituição aos
três segmentos. Exercitaram a comunicação com o público e a pesquisa, e
ainda aprenderam a fazer adaptações a diferentes públicos, pois, o curso
tinha que ser modificado, conforme a realidade de cada segmento. Os
palestrantes eram os alunos, sempre supervisionados pela coordenadora,
que estava presente em todos os momentos do curso, suprindo possíveis
dúvidas.
No mês de novembro as análises pararam por falta de material. Por problemas da burocracia de aquisição de produtos, os produtos não puderam ser
adquiridos. Os recursos destinados à compra de materiais não foram gastos
até o presente momento. O tempo foi aproveitado para confecção do curso
para a rede de supermercados.
Os estudantes bolsistas participaram de todas as atividades descritas,
sempre em conjunto. Nada foi feito na ausência dos mesmos e nenhuma
ação foi isolada. A equipe trabalhou feliz no laboratório e as visitas técnicas
eram o ponto alto do trabalho, que mais satisfez os estudantes. Algumas
visitas foram feitas por toda equipe, utilizando seus carros particulares,
mas quando havia apenas o transporte da prefeitura, que é um carro de
passeio para 5 passageiros, apenas 3 estudantes participavam. Um dos
fatos interessantes é que sempre que acontecia a ausência de um, por motivos justificados, nos cursos ministrados, outro membro assumia a parte
do outro, sempre com a mesma competência e sem perda de qualidade.
Dentro do laboratório outra regra básica é que o trabalho é responsabilidade de todos. Se um membro da equipe ou do IFTM tem que fazer uma
análise fora do projeto, todos colaboram e aquele que foi ajudado sempre
colabora com o projeto.
51
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Tabela 1 - Produtores e produtos analisados nas pequenas e médias agroindústrias de
Uberaba.
Produtor e data da visita
Produto
Art Queijos Indústria e Comércio LTDA SIM: 208 - 18/09/2013
Leite Pasteurizado, Queijo Minas Frescal
temperado, água.
"Queijos Delmi - SIM: 215 - 15/10/2013;
Laticínios Eduarda SIM 204; Queijaria Santos
Reis SIM: 218
08/07/2013"
Leite Pasteurizado, Queijo Minas Padrão,
água.
Dandara Milk 14/08/2013
Leite de Búfala Pasteurizado, Mussarela de
leite de búfala, água.
"Queijaria Trança Trança SIM: 201
08/08/2013"
Leite cru, queijo Nozinho, água.
"Beira Rio Indústria de Alimentos
SIM 114 30/10/2013; Valfrios Alimentos"
Água, Linguíça de frango, linguíça suína,
Linguíça de pernil
Churrasquinho Uberaba - Murilo Nascimento
M. E - SIM 107 17/06/2013
Kafta carne, Kafta de frango, Linguíça, Churrasquinho de frango com bacon, espeto de
carne, água.
"Feira Livre da Abadia
Barraca do Silvano - 28/06/2013 e
28/09/2013
Pernil com osso, Lombo suíno, Pernil sem
Barraca do Pincel - 14/06/2013 e 14/09/2013 osso, Costela suína, Pé suíno
Barraca do Pedro - 21/06/2013 e
21/09/2013"
"Banco de Alimentos de Uberaba
Fevereiro de março de 2013"
Cenoura desidratada, Sopa desidratada,
Mandioca desidratada e Mel (3 marcas)
Tabela 2 - Análises realizadas nos diferentes tipos de produtos.
Produto
Análises realizadas
Leite Pasteurizado, Leite de Búfala pasteurizado, leite cru
Coliformes totais e termotolerantes; Aeróbios
Mesófilos e Samonella
Queijo Minas Frescal temperado e sem
tempero, Queijo Minas Padrão, Mussarela de
leite de búfala, Mussarela Nozinho,
Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva e Samonella
Continua...
52
Microbiologia e controle de qualidade aplicados às agroindústrias de pequeno e médio porte e ao
banco de alimentos do município de Uberaba
...Continuação
Produto
Análises realizadas
Água
Coliformes totais e termotolerantes
Linguíça de pernil
Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva e Samonella
Linguíça de frango, Linguíça suína, Kafta
carne, Kafta de frango, Churrasquinho de
frango com bacon, Espeto de carne
Coliformes totais e termotolerantes e Samonella
Pernil com osso, Lombo suíno, Pernil sem
osso, Costela suína, Pé suíno
Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva, contagem de
aeróbios mesófilos e Samonella
Mel
Presença de sacarose; contagem de aeróbios
mesófilos, bolores e leveduras; Coliformes
totais e termotolerantes; Staphilococcus
coagulase positiva, contagem de aeróbios
mesófilos e Samonella
Cenoura desidratada, Sopa desidratada,
Mandioca desidratada
Contagem de aeróbios mesófilos e bolores
e leveduras; Coliformes totais e termotolerantes; Staphilococcus coagulase positiva e
Samonella
Em relação ao Banco de Alimentos de Uberaba, três visitas com reuniões
com a Coordenadora foram realizadas, onde foram levantadas as demandas
da Instituição. Foi verificado que o principal problema está na recepção dos
produtos na Central de Abastecimento – CEASA – MG de Uberaba. Como
as atividades nesse local são matutinas, esse horário coincidiu com o horário
do curso de Tecnologia de Alimentos e inviabilizou nossa atuação. Inclusive
a CEASA está procurando estagiários para esse horário. Mesmo assim, foi
verificado as atividades que poderiam ser desenvolvidas no Banco. Após
essas reuniões e resultados do levantamento, por solicitação da Coordenadora, foi passado um comunicado à Secretaria de Desenvolvimento Social
solicitando autorização para iniciar os trabalhos. A Secretaria não respondeu à solicitação do projeto e então o trabalho não pôde ser executado.
Por fazermos parte do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional de
Uberaba, fomos informados da futura transformação do Banco de Alimentos de Uberaba em Cozinha Social, que pretende distribuir refeições prontas
para restaurantes populares em outros bairros da cidade. Ainda assim, 6
53
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
amostras de alimentos foram coletadas no Banco de Alimentos, a pedido da
Coordenadora do mesmo.
Considerações finais
A equipe visitou 12 estabelecimentos de produção de derivados da carne
e produtores de queijos de Uberaba. As instalações para produtos cárneos
foram consideradas muito boas, carecendo apenas de educação do manipulador. As instalações para produtos lácteos, no entanto, são mais desprovidas
de boas instalações e também carecem de educação para o manipulador. O
produtor de queijos que tem vários fornecedores sofre com a má qualidade
da matéria prima. O manipulador não tem preparo técnico suficiente para
exercer a função e a inconstância de funcionários não permite um treinamento eficaz desses trabalhadores. A água do meio rural está muito contaminada e os produtores desconhecem seus riscos, sua qualidade e ainda os
mecanismos de tratamento dessa água. O trabalho do Serviço de Inspeção
Municipal (SIM) com a comunidade produtora da região é essencial para a
conscientização dos mesmos sobre a importância dos cuidados higiênicos
na produção e aceitação das Tecnologias a serem adotadas e consequentemente para o sucesso do trabalho de extensão. Ao mesmo tempo, o trabalho
do Laboratório de Microbiologia do IFTM deu apoio e respaldo ao trabalho
do SIM, comprovando através das análises a qualidade dos produtos, e em
alguns casos as falhas dos mesmos.
Para o próximo ano, além de continuar com as análises e treinamento de
manipuladores, pretende-se avançar para o controle de qualidade do leite,
alcançando os pequenos fornecedores e inserindo novos treinamentos que
abranjam o controle da matéria-prima na recepção do leite.
A atividade proporcionou novas experiências e consequente crescimento
a toda equipe.
54
Microbiologia e controle de qualidade aplicados às agroindústrias de pequeno e médio porte e ao
banco de alimentos do município de Uberaba
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SVS/MS nº 326, de 30 de julho de
1997: aprova o Regulamento Técnico sobre “Condições Higiênico-Sanitárias
e de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos”. 1997. Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.
br/leisref/public/search.php>. Acesso em 15 out. 2012
______.Ministério da Agricultura. Resolução da Diretoria Colegiada Nº12,
de 02 de janeiro de 2001: aprova o Regulamento Técnico sobre “Padrões
microbiológicos para alimentos”. 2001. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/a 47bab804 7458b9 0 9541d53fbc4c6735/
RDC_12_2001.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 10 jul 2013
______. Portaria n° 2.914 de 12 de Dezembro de 2011. 2011a Disponível em:
<http://e-legis.anvisa.gov.br>. Acesso: 15 out. 2012
______. Instrução Normativa Nº 62, de 29 de dezembro de 2011. 2011b.
Disponível em: <http://e-legis.anvisa.gov.br>. Acesso: 15 out. 2012
SILVA, Neuseli; JUNQUEIRA, Valéria; SILVEIRA, Neliane. Manual de métodos
de análise microbiológica de alimentos e água. São Paulo,SP: Livraria Varela,
2007.
55
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
56
Incluir Brincando
Incluir Brincando
1
Eliane Teresa Borela
Silva
5
2
Jeniffer Rocha Gomes
3
Luciana Araujo Valle de Resende
4
Phelipe Carvalho
Gustavo de Almeida Andrade
Resumo
Este trabalho apresenta o relato de experiência do projeto de extensão intitulado Incluir Brincando, sob o apoio do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital
01/2012. Os bolsistas participantes, no período de abril a dezembro de 2013, desenvolveram atividades do projeto no laboratório
de informática da Escola Estadual Bom Jesus, em Uberlândia-MG,
atendendo alunos dos primeiros aos quintos anos do ensino fundamental. Objetivou-se, por meio da inclusão digital, contribuir com
o aprendizado desses alunos nas diversas áreas do conhecimento
contempladas pela escola, representando, assim, um suporte para
o trabalho dos professores regentes. Trata-se de um projeto de
relevância visto que, cada vez mais, a aquisição do conhecimento passa pelo domínio das novas tecnologias, ficando excluídos
aqueles que não se integram ao processo.
Palavras-chave:
Inclusão digital
Ferramentas computacionais
Aquisição de conhecimentos
Mestre em Engenharia Elétrica/Rede de Computadores. Profa. do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico. elianeteresa@
iftm.edu.br 2 Graduanda em Tecnologia em Logística. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected]
3
Mestre em Educação. Profa. do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico. [email protected] 4 Graduando em Tecnologia em Logística. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected] 5 Graduando em Tecnologia em
Logística. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 01/2012. [email protected]
1
57
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Introdução
O projeto Incluir Brincando teve como objetivo geral proporcionar, de forma
lúdica, aos alunos do ensino fundamental da Escola Estadual Bom Jesus a
possibilidade de ampliar seus conhecimentos nas áreas de informática e demais conhecimentos ofertados pela escola, bem como possibilitar aos alunos bolsistas do IFTM Câmpus Uberlândia Centro o contato com o universo
infantil e suas especificidades. Dentro deste objetivo maior, almejamos: a)
ensinar informática e os conteúdos do currículo escolar de forma lúdica; b)
estimular a aprendizagem de disciplinas de difícil compreensão através de
jogos e outros aplicativos; c) desenvolver a criatividade e a agilidade de raciocínio; d) propiciar aos bolsistas do IFTM a oportunidade de vivenciar o
cotidiano escolar e as práticas de ensino e, finalmente, elaborar o material a
ser utilizado nas aulas.
Este projeto justificou-se sob dois pontos de vista: quanto à sua metodologia e quanto à necessidade premente de colaborar com escolas estaduais
na oferta de aulas de informática. Com relação ao primeiro aspecto, vários
estudiosos, dentre eles Piaget e Vygotsky, buscando compreender como a
criança aprende e se desenvolve, defendem a importância do brincar para a
formação integral da criança. Dessa forma, a informática, através de jogos e
outros aplicativos, pode se tornar um excelente aliado dessa aprendizagem.
O outro aspecto diz respeito à falta de pessoas habilitadas para aplicar essa
metodologia nas escolas estaduais. Hoje, a maioria dessas escolas já possui laboratório de informática e os mesmos são subutilizados devido à essa
carência de profissionais. Esse projeto se propôs a minimizar essa necessidade com a inserção dos alunos dos cursos de graduação do IFTM-Câmpus
Uberlândia Centro na aplicação dessa metodologia de incluir as crianças das
primeiras séries do ensino fundamental, tanto no mundo digital quanto no
das várias áreas do conhecimento, brincando.
Desenvolvimento do projeto
A carga horária dedicada por cada um dos dois bolsistas ao projeto foi
de doze horas semanais, sendo estas distribuídas, aproximadamente, da
seguinte forma: onze horas no laboratório de informática da escola, em
atividades com alunos do ensino fundamental ou de planejamento conjunto com a supervisora da escola, e uma hora de encontro com as profes-
58
Incluir Brincando
soras orientadoras para esclarecimentos, socialização do desenvolvimento
do projeto e planejamento. Essa dinâmica perdurou nos oito meses de execução do projeto, que constou de três etapas, a saber: 1ª) atendimento
aos alunos dos quartos e quintos anos nos meses de abril, maio, junho e
julho, sendo o primeiro e o último incompletos, em função da data de início
do projeto e das férias escolares; 2ª) atendimento aos alunos dos segundos
e terceiros anos nos meses de agosto, setembro e outubro; 3ª) atendimento
aos alunos dos primeiros anos nos meses de novembro e dezembro, também incompleto, devido ao término do ano letivo. É importante salientar
que, embora o período destinado aos alunos dos primeiros anos tenha sido
menor, não houve prejuízo de carga horária de trabalho, comparativamente com os demais anos, em razão de ser apenas uma série atendida e,
consequentemente, a frequência em que esses alunos foram ao laboratório
foi maior que os das etapas anteriores.
Em cada uma das etapas, o trabalho foi iniciado com uma avaliação diagnóstica dimensionada para o nível de escolaridade em que os alunos se encontravam para uma sondagem dos conhecimentos computacionais prévios,
visto que, em hipótese, pensávamos que alguns deles, em ambientes familiares, escolares e sociais, já teriam contato com desktops, notebooks, tablets,
celulares e games.
Para exemplificar a adequação dessas avaliações às séries em curso,
podemos citar o fato de que, para os primeiros anos, em função de alguns
não possuírem uma leitura fluente, a avaliação foi oral e as respostas registradas pelos bolsistas. Cabe aqui também mencionar que, a hipótese supramencionada foi verificada.
Após a aplicação da avaliação diagnóstica seguiu-se com a realização das
atividades planejadas, que serão objeto de apresentação dos próximos parágrafos, e, para conclusão da etapa, nova avaliação foi aplicada visando a
identificação do desenvolvimento obtido por cada aluno. Buscou-se, dessa
forma, identificar os pontos de partida e de chegada de cada aluno com o
projeto e, assim, verificar a sua eficácia quanto aos objetivos apresentados
anteriormente.
Após a aplicação da avaliação diagnóstica da primeira etapa, os bolsistas
deram sequência ao projeto utilizando a internet para trabalhar com jogos
educativos. Após algumas semanas, devido à dificuldade de acesso à rede
59
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
por parte de alguns computadores, os bolsistas optaram pela aplicação de
recursos disponíveis nos programas já instalados nos equipamentos, como
KoulorPaint, que é o editor de imagens do Linux semelhante ao Paint do
Windows, editor de texto e vídeos.
Abrimos, aqui, um parêntese para mencionar algumas dificuldades encontradas no desenvolvimento do projeto, salientando que não se tratam
de questões específicas da escola parceira, mas atinentes à grande parte
dos estabelecimentos escolares da rede de ensino a que a escola pertence.
O laboratório de informática possui quinze computadores em funcionamento. Entretanto, em determinados períodos, alguns deles não possibilitavam o acesso à internet e, mesmo que bem organizado, o laboratório
está instalado em um espaço físico bastante reduzido, o que dificulta a
circulação dos bolsistas/professores para atender aos alunos. Em função do
número reduzido de máquinas em relação à quantidade de estudantes, o
tempo de utilização dos recursos computacionais por cada aluno não foi o
que consideraríamos o ideal.
A título de esclarecimento, em cada turma havia, aproximadamente,
trinta alunos e três turmas em cada ano, ou seja, trinta alunos em cada turma, três turmas em cada ano, totalizando, aproximadamente, 450 alunos
nos cinco anos iniciais do ensino fundamental. Considerando que foram
desenvolvidas, por semana, onze horas de atividade com os alunos (450
divididos em turmas de quinze), que cada mês possui, em média, quatro
semanas e meia e que a duração do projeto foi de oito meses, temos a
seguinte operação: (11 x 4,5 x 8) : (450:15) = 13,2 horas de trabalho para
cada aluno. Isto se considerássemos 100% de aproveitamento das horas
destinadas para o projeto e desprezássemos as ausências dos alunos na escola e os dias em que as atividades não foram desenvolvidas em função de
outras atividades do calendário escolar, como visitas, avaliações e projetos.
Outra dificuldade encontrada foi um sistema instalado nas máquinas que,
automaticamente, deletava todos os arquivos salvos no computador após o
seu desligamento. Isto ocasionou a perda de algumas atividades realizadas
pelas crianças que seriam salvos em dispositivos particulares dos bolsistas
para posterior avaliação.
A escassa quantidade de recursos financeiros para o desenvolvimento
do projeto, o curto período de tempo para a sua execução e a inadequação
60
Incluir Brincando
de equipamentos representaram um limitador para a obtenção dos resultados desejados.
Encerrando nosso parêntese, passamos à abordagem da interação entre
os bolsistas e alunos da E. E. Bom Jesus. Alguns destes, por serem mais acanhados e introvertidos, tiveram um pouco de receio de estabelecerem um relacionamento com os bolsistas. Este fato os motivou a participar dos recreios
para terem maior contato com os alunos, jogando carimbada e dançando
com eles. Com o passar dos dias e dos encontros, eles foram se acostumando
e participando mais das aulas.
Os bolsistas conversaram com os professores da escola e com os profissionais do núcleo pedagógico sobre o que estava sendo trabalhado em
sala de aula para que o material utilizado fosse coerente com a proposta
pedagógica. Fizeram reunião com a supervisora para definir os horários a
serem trabalhados com cada turma de forma a não prejudicar o rendimento
escolar dos alunos.
Por meio desses contatos e da observação do cotidiano escolar, foi constatado que a maioria dos professores não tem um conhecimento adequado
em informática que os subsidie na elaboração de material didático e na utilização do laboratório. Com isso, os bolsistas passaram a amparar os professores sanando suas dúvidas e auxiliando-os em atividades alheias ao projeto,
como impressão de material pedagógico, figuras, pesquisa de recursos didáticos, acesso a e-mails e download de arquivos, montagens de Datashow para
auxilio nas atividades em sala de aula, dentre outras.
Devido ao tamanho do laboratório, as turmas foram divididas em dois
subgrupos, A e B, que se revezavam na realização das atividades propostas
em sala de aula com a professora regente e no laboratório com os bolsistas.
As atividades desenvolvidas abarcaram diversos temas nas várias áreas
do conhecimento e tiveram objetivos diversificados. Como o presente texto não nos permitir uma exposição mais ampla e detalhada dessas atividades, mencionaremos, no quadro a seguir, apenas algumas delas a título
de exemplificação.
Para registro e acompanhamento das ações do projeto, foi criado um
formulário no google drive, que gera e alimenta uma planilha quando novos
dados são introduzidos por esse formulário. O uso desse dispositivo auxiliou
no trabalho em equipe e na coordenação das ações.
61
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Quadro 1 - Atividades desenvolvidas e respectivos objetivos
Atividade desenvolvida
Objetivo
Atividade no site de Jogos Iguinho www.
iguinho.com.br.
Aprender a acessar um site da internet e a
utilizar o seu conteúdo.
Atividade da Magali.
Conhecer algumas peças do computador, encontrar seus nomes no caça-palavras e colorir.
Atividade de geografia, matemática e colorir.
Conhecer o mapa do Brasil e trabalhar a
multiplicação.
Atividade de vídeos educativos sobre sustentabilidade.
Conscientizar os alunos sobre a sustentabilidade no planeta, a sua importância e seu
impacto no meio ambiente. Entender a forma
correta de descartar o lixo e não desperdiçar
os recursos hídricos.
Atividade sobre alimentação utilizando recursos do KolourPaint.
Entender a importância de se alimentar bem
e desenvolver habilidades para lidar com os
recursos do KolourPaint.
Atividade de Ciências e Português.
Fixar o conteúdo estudado em sala de aula e
familiarizar-se com as ferramentas computacionais.
Atividade de geografia (Brasil e América do
Sul).
Fixar o conteúdo estudado em sala de aula;
aprimorar a leitura e a interpretação de
textos e familiarizar-se com as ferramentas
computacionais.
Atividade do bombeiro.
Ampliar os conhecimentos acerca das atividades desenvolvidas pelos bombeiros e sua
importância para a sociedade.
Atividade do antônimo.
Fixar o conteúdo estudado em sala de aula e
familiarizar-se com as ferramentas computacionais.
Livre escolha de um site da internet.
Aprender a selecionar sites adequados na
internet.
Jogo educativo de matemática
Reforçar o aprendizado em matemática, trabalhando a coordenação motora, concentração, usando o Jogo "TuxMath".
Desenho no Kolourpaint
Trabalhar a coordenação motora com o uso
do mouse, a criação de desenhos geométricos reforçando os conceitos dos mesmos e
criatividade.
62
Incluir Brincando
Conclusão
Ao término dos oito meses de execução do projeto de extensão Incluir Brincando, apesar das dificuldades mencionadas, podemos fazer uma avaliação
bem positiva dos resultados obtidos. Primeiramente, em relação aos alunos
dos primeiros aos quintos anos do ensino fundamental da E. E. Bom Jesus,
verificamos que o desenvolvimento foi perceptível, tanto no que se refere
à desenvoltura ao lidar com os recursos computacionais contemplados nas
atividades, quanto à postura desses alunos frente a essa ferramenta como
fonte de conhecimento.
Os encontros foram sempre lúdicos, com jogos interativos, vídeos, manipulação de imagens, sem perder de vista o objetivo pedagógico, buscando
a ampliação dos conhecimentos trabalhados nas disciplinas curriculares. Esta
dinâmica facultou uma grande aceitação do projeto por parte dos alunos,
conquistando o interesse e o envolvimento até dos considerados mais indisciplinados em sala de aula, bem como dos profissionais da escola, como
um todo.
Em segundo lugar, em relação ao trabalho como bolsistas, que, segundo
relato dos mesmos, a participação no projeto foi de grande importância,
uma vez que proporcionou uma melhor compreensão do contexto das escolas estaduais, assim como uma vivência do universo infantil e de como
lidar com ele.
E, finalmente, para as coordenadoras do projeto que, além do enriquecimento profissional, foi aberta mais uma via de aproximação com a realidade
da educação básica, onde são lançadas as bases da formação acadêmica
dos indivíduos que sustentarão o trabalho realizado nas instituições de ensino superior.
63
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
64
Interação nas escolas públicas
Interação nas escolas públicas
1
Emerson Andrade Câmara 2 Ana Carolina Pinton
Ribeiro
5
3
João Marcos Rodrigues Maciel
4
Mirelle Mendes
Rutânia Rodrigues Maciel
Resumo
O presente trabalho trata do programa de intervenção estratégica
de agentes de desenvolvimento local na Escola Estadual Dom Serafim Gomes Jardim, em prol do fomento da melhoria da qualidade de ensino e fortalecimento de um ambiente agradável para
a comunidade estudantil e acadêmica da referida instituição.O
projeto busca desenvolver a extensão através da interação com
a comunidade estudantil das escolas públicas de Paracatu, estabelecendo uma ação de marketing socialmente responsável, dando
a contrapartida as escolas que prepararam o corpo discentes do
IFTM – Câmpus Paracatu. Fortalecendo o laço e a marca IFTM na
comunidade paracatuense com ações proativas em prol dos ensejos existentes. Bem como possibilitar ao aluno do IF uma experiência de crescimento e desenvolvimento social integrado. O presente
relato de experiência do projeto Interação nas Escolas Públicas para
o programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal
Palavras-chave:
Interação
Comunidade
Responsabilidade Sociale
Extensão
de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Câmpus
Paracatu – edital 03/2013.
Mestre em Administração. Professor EBTT Câmpus Paracatu. [email protected]; 2 Técnico em Comércio. Bolsista de
extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo
Mineiro – Edital 03/2013. [email protected]; 3 Técnico em Comércio. Bolsista de extensão do programa de apoio
a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2013;
4
Técnico em Comércio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2013;[email protected]; 5 Técnico em Comércio.
Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Triângulo Mineiro – Edital 03/2013.
1
65
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Introdução
O Projeto Interação com a Comunidade embasa-se no tripé da educação:
Ensino, Extensão e Pesquisa, Este projeto articula-se com a extensão através
da interação com a comunidade estudantil das escolas públicas de Paracatu.
Dessa forma, os discentes do IFTM Câmpus Paracatu colocaram em prática
os conhecimentos adquiridos.
Articulando parcerias estratégicas para atendimento das necessidades das
escolas públicas no âmbito social, ambiental, cultural, saúde e qualidade de
vida. Os laços entre o Instituto Federal com a comunidade foram fortalecidos, cumprindo seu papel social de dar contrapartida do investimento aplicado no instituto à comunidade a qual pertence, fazendo assim seu marketing
socialmente responsável.
Neste trabalho foi selecionada a Escola Estadual Dom Serafim Gomes
Jardim, devido a experiência e relacionamento adquirido na Mostra dos Saberes no ano de 2.013, quando se iniciou o projeto efetivamente através de
um diagnóstico das demandas e solicitações da escola para planejamento e
desenvolvimento do projeto.
Desenvolvimento
Inicialmente foi feito o contato com a diretora da escola, Sra. Rosa Helena
Luís de Araújo, que prontamente abraçou o projeto. Para alavancar os trabalhos organizou uma reunião com todos os professores, realizando assim
o diagnóstico inicial das demandas e ensejos da comunidade acadêmica da
Escola Estadual Dom Serafim Gomes Jardim. No qual foi detectado a necessidade das seguintes ações:
•Construção de uma horta escolar;
•Realização de atividades culturais relacionadas com o meio ambiente;
•Desenvolver ações de prevenção e conscientização referente ao uso de
drogas e defesa da mulher;
•Interação com a comunidade circunvizinha (bairro arraial d´angola);
•Realização de atividades recreativase de sociabilização dos discentes;
Com as demandas levantadas realizou-se dois momentos de interação com a escola, o primeiro para atender a Mostra dos Saberes 2013 que
tinha em seu regulamento, como prova a ser cumprida, a realização de um
momento de conscientização contra a Dengue,na comunidade do Arraial
66
Interação nas escolas públicas
D´Angola, e em segundo momento a realização de uma confraternização de
final de ano para a comunidade acadêmica.
Para a realização desses dois momentos foram feitos trabalhos de
prospecção de parceiras com entidades públicas e privadas, no qual os alunos
do IFTM tiveram a oportunidade de realizar diversas reuniões, desenvolvendo o marketing de relacionamento da Instituição e engrandecerem sua “networking”, ganhando um “Know-how” em realização de parcerias e eventos.
Os parceiros forma divididos em quatro grupos:
•Meio Ambiente: Secretária Municipal de Meio Ambiente, Furnas, IMA,
Emater, Secretária Municipal de Agricultura;
•Saúde Pública: Funasa, Secretaria Municipal de Saúde, Delegacia da Mulher, Posto de Saúde do Arraial D´Angola, Curso de Medicina da Faculdade
Atenas;
•Cultura: Secretaria Municipal de Cultura, Casa de Cultura, Grupo Cenikas,
Sesc;
•Recreação e Esporte: Secretaria Municipal de Esporte;
As ações desenvolvidas ocorreram na Mostra dos Saberes e no Dia de
Descontração no Final do Ano Acadêmico no dia 04 de Dezembro de 2.013,
foram realizadas as seguintes ações:
•Construção de uma horta vertical com o plantio realizado pelos próprios
alunos da escola, sendo orientados e supervisionados por um engenheiro
agrícola, tendo plantado cenoura, alface, couve, beterraba, salsinha, cebola de cabeça e de folha, rabanete e acelga.
•Ensino de uso de recicláveis para confecção de brinquedos e ornamentos
para casa, com oficinas práticas desenvolvidas por profissionais especializados;
•Oficinas de teatro e dança com apresentações realizadas pelos próprios
alunos ao final do evento;
•Um curso de defesa da mulher e como cobrar seus direitos na prevenção
de atos de violência e exploração sexual;
•Aferição de pressão e glicemia dos moradores da comunidade, bem como
a conscientização de ações de melhoria da qualidade de vida através de
hábitos mais saudáveis.
•Ação com a comunidade contra a Dengue, ensinando desde a conscientização até a confecção de armadilhas para o mosquito e ações locais que
67
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
podem ser realizadas pelos mesmos em suas moradias, finalizando com
uma caminhada de conscientização no bairro;
•Jogos esportivos que contemplam desde jogos antigos como queimada,
futebol de casal, circuito de atividades, amarelinha, pique-bandeira e twister até jogos eletrônicos de interação com Kinect;
Considerações Finais
A experiência significou, principalmente, a possibilidade de qualificação dos
discentes envolvidos no projeto, desenvolvendo suas inteligências múltiplas
em prol do próximo, desenvolvendo a visão holística da responsabilidade
social dentro da comunidade a qual estão envolvidos, enfatizando suas raízes
e origens.
Entendendo a relevância de estratégias de interação social eficazes e eficientes para atingir as pessoas que querem ou precisam de ações efetivas de
fomento e incentivo a melhoria da qualidade de ensino nas escolas públicas,
sem perder a relevância social local, mas que, por razões diversas, podem
se afastar do contexto de vida e comunidade local ao qual estão inseridos,
salienta-se a efetividade deste projeto na minimização da possibilidade de
engajar os alunos de forma dinâmica ao processo de ensino aprendizagem,
respeitando a independência e autonomia, estabelecendo elos entre a aprendizagem e a experiência de vida e o convívio social.
O Projeto de Interação com a Comunidade na Escola Estadual Dom Serafim Gomes Jardim conseguiu atingir todas as demandas solicitadas pela
comunidade acadêmica, porem no caso da horta acadêmica, deve-se fazer
ações de automação e irrigação inteligente, pois constatou-se que a manutenção da mesma, para obtenção de eficiência,não foi realizada de forma
sistemática pelas pessoas da comunidade acadêmica. Nessa premissa, constatou-se a necessidade de implementação, com métodos de automação e
irrigação inteligente, visando economia de mão de obra, de água e melhoria
naeficácia do projeto da horta. Essas ações já foram prospectadas para o ano
de 2.014.
Conclui-se que este projeto deve ser ampliado e ofertado as outras escolas públicas da cidade de Paracatu nos anos seguintes, pois dessa forma
o IFTM -Câmpus Paracatu estará cumprindo sua missão, uma vez que ao
aplica-lo promove a uniãoda sua capacidade científica e tecnológica com as
68
Interação nas escolas públicas
necessidades da sociedade, fomentando a pesquisa, o crescimento, o empreendedorismo e o desenvolvimento da responsabilidade social dos alunos ao
disseminar o conhecimento adquirido no Instituto.
Referências
BROWN, T. Design Thinking: Harvard Business Review, 2008.
MARTELETO, R.M, SILVA, A.B.O. Redes e capital social: o enfoque da informação para o desenvolvimento local.Ciência da Informação, Brasília, v. 33,
n. 3, p.41-49, set./dez. 2004 Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ci/
v33n3/a06v33n3.pdf Acesso em 15 out 2012
RICO, E.M., A responsabilidade social empresarial e o Estado: uma aliança
para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Em Perspectiva, 2004.
69
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
70
Qualificação de pequenos produtores rurais para obtenção higiênico-sanitário de alimentos de
origem animal
Qualificação de pequenos produtores rurais para
obtenção higiênico-sanitário de alimentos de origem animal
Isaura Maria Ferreira 2 Jessie Divina Silva Rezende 2 Suzana Cintra Alves 3 João Vitor P. Ferreira.
Fontoura 3 Júlio Henrique O. Silva 3 Matheus da S. Belezário 3 Pedro Henrique P. Franco. Martins
3
Vinícius de Carvalho
1
Resumo
Os pequenos produtores possuem dificuldades de acesso às informações sobre legislação e adoção de Boas Práticas de Fabricação (BPFs). Os alimentos de origem animal oferecem condições
intrínsecas favoráveis à contaminação e proliferação microbiana.
Devido a essa condição é necessária uma atenção maior a orientação para o manejo adequado no momento da obtenção dos
mesmos. Objetivou-se com este trabalho desenvolver materiais e
utensílios que permitam os pequenos produtores para uma obtenção higiênica e sanitária de alimentos provindos de animais, melhorando a qualidade desses produtos. Serão oferecidos treinamentos
e capacitação referentes às BPF’s e outras práticas comuns em propriedade rural; utilizando-se de palestras, minicursos, cartilhas em
linguagem simples e confecção de utensílios com materiais reutilizados para os produtores rurais de Ituiutaba e cidades vizinhas. O
trabalho foi baseado em referências bibliográficas de órgãos gover-
Palavras-chave:
Capacitação
Produtor Rural
Alimentos
Saúde Pública
namentais diretamente ligados ao setor de produção e publicações
na área. Espera-se assim que estes diminuam custos na produção,
agreguem valor aos seus produtos aumentando a renda familiar;
com intuito de produzir alimentos seguros e saudáveis, visando
à saúde da população.A participação dos discentes neste projeto
trouxe um aprendizado significativo para toda equipe.
Mestre em Ciências Veterrinárias -PEBTT- Câmpus Ituiutaba- [email protected] 2 Técnico em Agroindústria Concomitante- Formação. Bolsista de extensão do programa de apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Triângulo Mineiro – Edital 03/12. 3 Técnico em Agroindústria Integrado Formação. Bolsista de extensão do programa de
apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/12. 3 Técnicos em Agroindústria Bolsistas -Voluntários
1
71
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Introdução
A agroindústria familiar merece atenção especial pela dificuldade de acesso às
informações. Por outro lado, a adoção de Boas Práticas de Fabricação (BPFs)
exige largas doses de comprometimento de todo o pessoal envolvido no processamento. Tão importante quanto identificar os pontos críticos de contaminação e implementar as soluções adequadas é a mudança de comportamento
e de hábitos arraigados, muitas das vezes difíceis de serem controlados.
Segundo Deves e Filippi (2008) o produtor rural tem buscado várias formas de sobrevivência, ora através da diversificação, ora com a intensificação
de atividades tecnificadas, ou exigentes em capital, ora em mão de obra,
como nos policultivos, ou na produção de leite, suínos, bem como, em experiências de agregação de valor (agroindústrias) aos produtos que anteriormente eram fornecidos in natura, entre outras atividades.
Do plantio ou criação, até a mesa do consumidor, os alimentos passam
pelas etapas de manipulação, tecnologia de fabricação, limpeza dos equipamentos um longo trajeto, pontuado por riscos de contaminação e, com isso,
a qualidade dos produtos poderá estar em risco. A falta de cuidados com a
segurança e a qualidade dos alimentos pode ter um alto custo para toda a
sociedade (SENAI; SEBRAE, 2003).
Portocarrero e Kososki (2006) relata a visão atual do consumidor, o conceito de qualidade de um alimento engloba não só as características de sabor,
aroma, aparência e padronização, mas também a preocupação em adquirir
alimentos que não causem danos à saúde. Amparado pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078, de 11/09/1990), que estabelece direitos
básicos como proteção à vida, saúde e à segurança contra riscos provocados
por produtos e serviços, o consumidor tem o direito à garantia de qualidade,
a aquisição de alimento seguro e a informação clara e precisa a respeito dos
alimentos adquiridos.
De acordo com Chesca et al. (2001) e Jay (2005), os produtos de origem
animal são os que mais oferecem condições para o desenvolvimento microbiano devido suas características intrínsecas e a maneira como são expostos á
venda. Conforme Palú e colaboradores (2002) a condição de armazenamento
do alimento durante sua distribuição também apresenta riscos, pois a manutenção das amostras em temperaturas inadequadas por longo período, associada á possibilidade da contaminação cruzada, representam um potencial
72
Qualificação de pequenos produtores rurais para obtenção higiênico-sanitário de alimentos de
origem animal
risco quando da ingestão de alimentos. Neste contexto a Segurança alimentar, torna-se importante para a saúde pública ao se considerar os dados atuais
referentes ao aparecimento ou re-emergência de diversas doenças veiculadas
por alimentos (NASCIMENTO, 2002).
O objetivo deste trabalho foi conscientizar os alunos da importância da
higiene na obtenção de produtos de origem animal e com isto sensibilizar os
pequenos produtores desta importância. Mostrando que é possível diminuir
custos na produção, agregar valor aos produtos comercializados, aumentar
a renda familiar, produzir alimentos seguros e saudáveis visando à saúde
pública.Para isto foi confeccionado cartilhas e palestras para treinamento.
Desenvolvimento
As boas práticas são importantes para todos os produtores rurais, independente do tamanho do seu negócio, pois visam assegurar a qualidade
dos produtos produzidos na propriedade e contribuir para o aumento da
produção. No caso especial do pequeno produtor, as boas práticas são mais
fáceis de serem assimiladas, uma vez que nesses estabelecimentos normalmente não existe rotatividade de mão de obra, pois as atividades geralmente
são feitas pelo produtor e sua família. Então, desde que o produtor tenha
comprometimento e compreensão dessas atividades, as boas práticas são
rapidamente assimiladas. (Guaraldo, 2004).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, a agropecuária familiar reúne 13,78% milhões de pessoas, 77% do total de agricultores e detém 85,2% dos estabelecimentos agrícolas do país. Os Agricultores
familiares são responsáveis por 38% do Valor Bruto da Produção Agropecuária Nacional, recebendo apenas 25,3% do financiamento destinado a
agricultura (MADAETS, 2006). Quanto à produção para fins alimentares, a
Agricultura Familiar responde por 60%, ou seja, a maior parte, dos alimentos
que são consumidos pela população do país (MDA, 2006). Dentre alguns
dos principais alimentos da cesta básica nacional, a Agricultura Familiar responde pela produção interna de 85% da mandioca, 75% da cebola, 74%
dos suínos, 70% do feijão, 70% do frango e 69% das hortaliças. No caso do
leite, principal produto do setor, 82% dos estabelecimentos rurais produtores
são de Agricultura Familiar, de um total de 1,8 milhões de estabelecimentos
(INCRA/FAO, 2000).
73
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
A proposta do plano do bolsista é desenvolver material didático, desenvolver aula práticas sobre obtenção higiênica de alimentos e com isto realizar
capacitação de pequenos produtores rurais no que tange a higiene e segurança alimentarem de produtos de origem animal, que são comercializados na
cidade de Ituiutaba. Por meio deste trabalho o mesmo aprenderá a realizar
levantamentos bibliográficos; conhecer e aplicar as boas práticas de fabricação;
ministrar treinamentos, visando uma melhor obtenção de matéria-prima, realizar relatórios referentes às atividades, manuscritos para publicação. O discente
exercerá papel fundamental na educação do pequeno produtor provocando
mudanças de comportamento, objetivando desenvolvimento social, econômico-financeiro, melhoria na qualidade de vida, com a produção de alimentos
respeitando o meio ambiente. Também visa a estimular a participação do discente na extensão como prática acadêmica, contribuindo com as atividades de
ensino, pesquisa e extensão do IFTM.
Materiais
Material didático como cartilhas em papel A4, com ilustração manual; e
apresentação em multimeios (slides); confecção de utensílios de material reciclável para demonstração de higienização de tetos antes da ordenha manual; folders para apresentação em eventos.
Métodos
•Realizou-se a primeira reunião do grupo, discutiram-se propostas, de como
seria feito a preparação de materiais didáticos para, serem apresentados
aos produtores; bem como seria o procedimento.
•Dividiu-se a turma em dois grupos para o levantamento teórico e a construção de duas cartilhas com os seguintes temas “Boas práticas na ordenha
manual” e “Boas práticas de vacinação”. Além das cartilhas foi proposta
a preparação de minicursos e palestra sobre estes temas por cada grupo e
a busca de materiais de fácil preparação, obtenção e de baixo custo para
o produtor. Ao treiná-los levaríamos uma proposta de confecção dos seus
próprios utensílios sem gastos, estimulando a sustentabilidade, praticidade
e acesso a estes materiais.
•Estipulou-se inicialmente que nossas reuniões seriam realizadas, todas as
quintas com a orientadora e todo o grupo para, troca de ideias e supervisão
74
Qualificação de pequenos produtores rurais para obtenção higiênico-sanitário de alimentos de
origem animal
da orientadora. A orientadora pediu a leitura do projeto e que os integrantes buscassem informações de sites de órgão que dão apoio ao pequeno
produtor.
•Levantou-se o material teórico e pesquisas bibliográficas sobre boas práticas de ordenha e Boas práticas de vacinação, como proceder corretamente
e quais os problemas causados quando não se procede corretamente, gastos com o tratamento de tetos com mastite, entre outras informações relevantes.
•Assistiu-se a um vídeo do programa Dia do Campo na TV. Nesse vídeo
apresentou-se a importância dos procedimentos operacionais padronizados (POP’s), procedimento padrão de higiene operacional (PPHO), a importância da higienização das instalações, móveis, equipamentos e utensílios; o uso de água potável; higiene e saúde dos manipuladores; descarte
correto do leite contaminado e manipulação correta de alimentos de origem animal.
•Pesquisou-se no manual de Recomendações Básicas para a Aplicação das
Boas Práticas Agropecuárias e de Fabricação na Agricultura Familiar; organizado Fénelon do Nascimento Neto, material da Embrapa.
•Pesquisaram-se materiais bibliográficos e levantamento de ideias para
construção de materiais práticos e de fácil confecção para os pequenos
produtores.
•Selecionaram-se os materiais encontrados e organização do conteúdo para
construção de cartilha ilustrada dos procedimentos na ordenha manual,
assim como dicas pra o produtor.
•Construiu-se um utensílio similar ao usado no pré-dipping, com uma garrafa pet de 600 mL e uma embalagem de detergente.
•Construiu-se também um utensílio para colocar no cinto do produtor com
duas garrafas pet. De um lado coloca-se o papel toalha e o outro joga o
papel já usado para enxugar os tetos da vaca. Porém só segundo equipamento foi aprovado, os primeiros por ser frágeis continua em teste para
encontrar outro material.
•Iniciou-se a construção das cartilhas com a orientação das orientadoras
bolsistas.
•Reuniu-se para trocas de ideias para a cartilha e revisão ortográfica.
•Reuniu-se para continuação da cartilha com as alunas bolsistas; e estudou-
75
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
se a possibilidade de um novo utensílio similar ao pré-dipping, elaborou-se
uma apresentação em slides sobre as cartilhas.
•Participaram-se como ouvintes na “Palestra ao pé da vaca – Qualidade e
Manejo do leite”; ministrada pelo professor doutor Manoel Dantas, durante a Feciagro 2013.
•Procurou-se o ilustrador (desenhista) para os desenhos da cartilha, escolheu-se quais os desenhos seriam colocados e corrigiu-se ortografia, complementou-se o conteúdo da cartilha.
•Construiu-se um novo utensílio com uma garra pet de 600 mL e um borrifador de água.
Considerações finais
Os projetos extensão oferecidos pelo IFTM oportuniza a “prática acadêmica” interligando a Instituição nas suas atividades de ensino e pesquisa com
as demandas da população. Os resultados alcançados pelos discentes foram
à participação no 3° Seminário de Iniciação Científica e Inovação Tecnológica
do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (SIN). Os dois temas das cartilhas
foram inscritos na Mostra de (MOCT) sendo que o trabalho referente às boas
práticas na ordenha obteve o primeiro lugar na área de ciências agrárias e
de boas práticas de vacinação o terceiro lugar. O projeto despertou interesse
não só pela bolsa oferecida, pois número de discentes voluntários foi grande,
mostrando assim interesse em participar da divulgação de conhecimentos.
Referências
CARVALHO FILHO, O. M.; et al.. Sistema de ordenha higiênica para pequenos produtores de leite no semi-árido. In: ENCONTRO DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE PRODUÇÃO DO SEMI-ÁRIDO, 6, 2004. Sergipe. Aracaju.
Anais...Sergipe Aracaju, 2004.
CHESCA, A. C. et al. Levantamento das temperaturas de armazenamento de
carnes em açougues e supermercados de Uberaba, MG. Higiene Alimentar,
São Paulo, v.15, n.84, p51-55, maio, 2001
76
Qualificação de pequenos produtores rurais para obtenção higiênico-sanitário de alimentos de
origem animal
DEVES, O. D. ; FILIPPI, E. E. A Segurança alimentar e as experiências das
políticas agro-alimentares locais no fortalecimento da agricultura familiar. In:
CONGRESSO INTERNACIONAL DE LA RED SIAL ,MAR DEL PLATA ARGENTINA, 4, 2006. Argentina. Anais... Argentina, 2006
GUARALDO, M. C. Boas práticas na ordenha para sistema de produção de
leite, 2012. disponível em: http://hotsites.sct.embrapa.br/prosarural/programacao /2012/boaspraticas-na-ordenha-em-sistemas-de-producao-deleite/RELEASE%2034%20ne.mp3/view Acesso 08 de 2012
INCRA/FAO. Novo Retrato da Agricultura: o Brasil redescoberto. Brasília:
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JAY, J. M. Microbiologia de Alimentos. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
MEDAETES, J. P et al., Agricultura familiar e uso sustentável da agrobiodiversidade nativa. Programa Biodiversidade Brasil- Itália, Brasília-DF, 2006. 172p.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Desenvolvimento Agrário
como estratégia: balanço MDA, 2003-2006. Porto Alegre: Nead, 2006, p. 25.
NASCIMENTO, S. P. Rastreabilidade assegura qualidade da carne bovina. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v.16, n.68-74, mar.2002
PALÚ. A.P. Avaliação microbiológica de frutas e hortaliças frescas, servidas em
restaurantes self-service privados, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Revista Higiene Alimentar, v.16, p. 67-74, 2002
PORTOCARRERO, M.A.; KOSOSKI, A.R. Segurança Alimentar – Política de
Estado, Revista AgroAnalysis. Jul., 2006
SENAI, SEBRAE. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Alimentos Seguros do
Campo à Mesa. 2. ed. Brasília: Senai, 2003. 13p.
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Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
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A Semana da Família Rural – diálogo entre o ensino, a pesquisa e a comunidade rural
A Semana da Família Rural – diálogo entre o ensino, a pesquisa e a comunidade rural
Leila Márcia Costa Dias 2 Maria Aparecida de Lima 2 Adriana Silva de Souza Vieira 2 Márcio Henrique
Ferreira Junior 2 Mariana Rodrigues Silva 3 Tamires Ferreira de Freitas 4 Adriele Lima Alves 4 Bethânia
Ferreira e Silva 4 Bianca Naves Silva 4 Carlos Henrique Pereira 4 Diogo César Pasiani Dias 4 Gabriel
Moreira Ramos 4 Gabriel Vitório Soares Pereira 4 Gabriel Moreira Ramos 4 Gabriel Vitório Soares
Pereira 4 Guilherme Gondim de Morais 4 Gustavo Alves Marques 4 Helen Catrine Gonçalves Borges
4
Humberto Machado Borges Neto 4 Hygor Luís Gonçalves de Fátima 4 Lindomar Pereira da Silva Filho
4
Maria Vitória Prado Monteiro 4 Mateus Minaré Tizzo 4 Mateus Vidal Magalhães 4 Maxwel Claudomiro 4 Mônica Aparecida Ribeiro 4 Paulo Naves Júnior 4 Paulo Henrique da Silva Ferreira 4 Steffany
Cristiny Silva 4 Victor Velasco Cunha 4 Vinícius dos Santos Peres 4 Weverton de Oliveira Fernandes
5
Janna Nayad de Souza Castro 5 João Paulo de Oliveira 5 Kathleen Siqueira Silva 6 Athos Gabriel
Gonçalves Nascimento 6 Enock Borges Júnior 6 Gabriel Moreira Ramos 6 Igor Gabriel de Paulo 6 Leopoldo Faria Santana 6 Lorrayne Lucinda Silva 6 Luana Rodrigues da Cruz 6 Mariane Pereira Riceto
6
Pablo José Fernandes de Almeida 6 Siro Paulo Moreira 6 Talles Narval Brandão 6 Thales Marques
Ribeiro 6 Willian Rodrigues Valadares
1
Resumo
O presente relato apresenta ações e experiências desenvolvidas
durante a organização e realização da 25ª Semana da Família Rural, realizada no IFTM Câmpus Uberlândia, no período de 10 a 13
de julho de 2013. Este evento de extensão é realizado em parceria
com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado
de Minas Gerais –EMATER/MG, Prefeitura de Uberlândia, por
meio da Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento,
e Cooperativa Escola dos Alunos do Instituto Federal de Triângulo
Mineiro Câmpus Uberlândia. É dirigido a agricultores e seus familiares, oriundos de diversos municípios do Triângulo Mineiro,
Alto Paranaíba e Sul de Goiás. Tem como objetivo proporcionar
qualificação e aperfeiçoamento do conhecimento técnico e administrativo, por meio de cursos nas áreas de agropecuária, agroindústria, artesanato, meio ambiente, administração rural e informática.
Proporciona também o acompanhamento das tendências de mercado, além de propiciar oportunidades de integração e trocas de
experiências entre os participantes.
Palavras-chave:
Semana da Família Rural
Qualificação
Aperfeiçoamento
Mestre em Geografia, Técnica em Assuntos Educacionais, [email protected]. 2 Especialista em Gestão de Políticas Públicas, responsável pela Coordenação de Integração Escola –Comunidade – CIEC do IFTM Câmpus Uberlândia, ciec.udi@
iftm.edu.br. 3 Graduandos do curso de Tecnologia em Alimentos do IFTM Câmpus Uberlândia, Bolsistas de extensão do
Programa de Apoio a Projetos de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro –
Edital 3/2012. [email protected]. 4 Estudantes do curso Técnico em Agropecuária do IFTM Câmpus
Uberlândia, Bolsistas de extensão do Programa de Apoio a Projetos de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 3/2012. [email protected]. 5 Estudantes curso Técnico
de Manutenção e Suporte em Informática do IFTM Câmpus Uberlândia, Bolsistas de extensão do Programa de Apoio a
Projetos de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 3/2012. [email protected]. 6 Graduandos do curso de Engenharia Agronômica do IFTM Câmpus Uberlândia,
Bolsistas de extensão do Programa de Apoio a Projetos de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
do Triângulo Mineiro – Edital 3/2012. [email protected].
1
79
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Introdução
A articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão é fundamental no processo de produção do conhecimento, pois permite estabelecer um diálogo
entre o saber científico e a realidade econômico-social. Buscando promover
esse diálogo é que o IFTM Câmpus Uberlândia realiza a Semana da Família
Rural, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais – EMATER/MG, Prefeitura de Uberlândia,
por meio da Secretaria Municipal de Agropecuária e Abastecimento, e a
Cooperativa Escola dos Alunos do Instituto Federal de Triângulo Mineiro
Câmpus Uberlândia.
A Semana da Família Rural tem periodicidade anual e foi realizada pela
primeira vez em 1980 tendo recebido, àquela época, o nome de “Semana
do Produtor Rural”. O objetivo é promover a qualificação e aperfeiçoamento
do conhecimento técnico e administrativo do trabalhador do campo e seus
familiares, em sintonia com os arranjos produtivos e com vistas a promover o
desenvolvimento social e econômico local e regional. Proporciona, também,
o acompanhamento das tendências de mercado e oportunidades de integração, lazer e troca de experiências entre os participantes.
Primeiramente os cursos ofertados compreendiam as áreas de agricultura e pecuária. Com o passar do tempo e o surgimento de novas necessidades de capacitação, foram sendo organizados novos cursos e, atualmente, abrangem também a agroindústria, o artesanato, o meio ambiente
e a administração rural.
Esse movimento evolutivo foi, ao longo do tempo, conferindo ao evento
um caráter de união familiar e fortalecimento da propriedade rural pois,
se no início contava-se quase que exclusivamente com a participação do
principal responsável pela núcleo familiar rural (geralmente o pai), a oferta
de novos cursos ampliou as oportunidades de capacitação e atraiu outros
membros da família (esposas, filhos e filhas). Diante dessa realidade, foi
criado “Encontro da Mulher Rural”, paralelamente à “Semana do Produtor
Rural” e finalmente, após alguns anos, adotou-se o atual nome: Semana da
Família Rural.
O planejamento que antecede a realização da Semana foi conduzido por
uma equipe constituída por docentes, técnicos administrativos e estudantes
dos cursos técnicos e de graduação do IFTM Câmpus Uberlândia e equipes
80
A Semana da Família Rural – diálogo entre o ensino, a pesquisa e a comunidade rural
das instituições parceiras. As providências foram divididas entre os envolvidos e contou-se, também, com o apoio: da Diretoria de Pesquisa, Ensino e
Extensão (e suas respectivas coordenações-gerais) e dos setores de Apoio
ao Estudante, Audiovisual, Mecanografia, Serviços de Apoio e Refeitório.
Apresenta-se a seguir as atividades desenvolvidas, culminando com a realização da 25ª Semana da Família Rural.
Desenvolvimento
A etapa preparatória é realizada no primeiro semestre do ano, em que são
pensados os cursos a serem ofertados, definidos os coordenadores7 bem
como as demais atividades (técnicas e/ou culturais) e o pessoal necessário
para o evento, com base na avaliação da Semana do ano anterior.
Na sequência, são elaborados os conteúdos programáticos dos cursos,
definidos os palestrantes8, planejadas as providências quantos aos materiais,
equipamentos e transporte necessários, indicados os locais de realização de
experimentos prévios e os de realização de cada curso, levando-se em conta
a natureza dos mesmos (por exemplo, cursos de processamento artesanal
de alimentos são ministrados nas plantas agroindustriais). Nesse momento
são pensadas também as ações de divulgação e os meios a serem utilizados
(folder, panfleto, cartaz, banner e internet), bem como o mecanismo de recepção das inscrições.
Primeiramente, definiu-se que a divulgação seria realizada por meio de
meio de um sítio eletrônico, folders e cartazes. No sítio eletrônico constaram
a lista dos cursos, as respectivas vagas e orientações sobre procedimentos de
inscrição. Esse mecanismo facilitou o acesso dos(as) interessados(as) e a escolha do curso adequado à sua necessidade. Nessa etapa os alunos do curso
Técnico em Manutenção e Suporte em Informática do IFTM Câmpus Uberlândia tiveram a oportunidade de colocar em prática os seus conhecimentos
pois, ficaram sob a responsabilidade deles a elaboração do sítio eletrônico e
a arte do material a ser impresso em gráfica.
Para cada curso da Semana da Família Rural é escolhido um coordenador, de acordo com a afinidade entre a sua área de
atuação e do curso coordenado, que fica responsável, por organizar o conteúdo programático, os respectivos ministrantes
e solicitar os materiais e equipamentos necessários à sua realização.
8
São chamados palestrantes, profissionais de áreas específicas, convidados pelos organizadores do curso, para ensinar
sobre determinada parte do conteúdo programático. Atuam como palestrantes professores, estudantes, profissionais das
instituições parceiras e de empresas e/ou órgãos públicos.
7
81
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
A equipe da Emater/MG, por meio de seus escritórios regionais em Uberlândia e região, responsabilizou-se pela recepção das inscrições e acompanhamento do preenchimento das vagas. Auxiliou também a providenciar os
materiais e equipamentos necessários aos cursos, sobretudo os das áreas de
artesanato e processamento artesanal de alimentos.
Com relação aos materiais necessários à realização dos cursos, cada coordenador encaminhou uma lista à equipe responsável pelo evento. Os tipos de materiais e/ou serviços variam de acordo com os cursos e incluem:
transporte para palestrantes e visitas técnicas; equipamentos de multimídia
(projetor e computadores); apostilas; gêneros e embalagens para os cursos
de processamento de alimentos; insumos para os da área de agricultura e
pecuária; materiais específicos para cursos de artesanato e os de consumo
geral (papéis, canetas, lápis e pasta).
A organização de cada curso ficou sob a responsabilidade de um docente
ou técnico administrativo (do Câmpus Uberlândia e do Câmpus Uberlândia
Centro) ou extensionista da Emater-MG, de acordo com a área de trabalho/
saberes de cada um, com a participação de um(a) bolsista, selecionado(a)
por meio de edital.
A culminância foi a realização da 25ª Semana da Família Rural, no período
de 10 a 13 de julho de 2013 e que contou com 629 pessoas inscritas, dentre
produtores rurais, seus familiares e demais interessados, alcançando o município de Uberlândia e outros, situados principalmente nas regiões do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Sul de Goiás. Foram ofertados os seguintes
cursos, de acordo com as áreas:
1. Agropecuária: Apicultura, Avicultura Caipira, Bovinocultura de Leite, Cafeicultura, Cana-de-Açúcar: Processamento de Cachaça, Cultivo de Florestas Plantadas e Tratamento de Madeira, Cultivo de Hortaliças, Fruticultura
– Pomar Doméstico, Integração, Lavoura, Pecuária, Floresta, Jardinagem e
Paisagismo, Manutenção de Máquinas e Implementos Agrícolas, Piscicultura – Convencional, Piscicultura Tanque-Rede.
2. Administração Rural: Como Gerir uma Propriedade Rural.
3. Agroindústria: Processamento Artesanal de Carnes – Defumação, Processamento Artesanal de Derivados do Leite, Processamento Artesanal
de Farinhas e Farináceos, Processamento Artesanal de Frutas, Processamento Artesanal de Pimentas e Vegetais.
82
A Semana da Família Rural – diálogo entre o ensino, a pesquisa e a comunidade rural
4. Artesanato: Artesanato em Couro, Flores com Folhas do Cerrado, Boneca de Pano e Eco-Bag, Bordado a Mão, Macramê, Sabonetes Artesanais
e Medicinais.
5. Meio Ambiente: Produção de Mudas Nativas, Manejo, Conservação e
Recuperação de Nascentes e Áreas Degradadas, Recuperação de Pastagens Degradadas.
Os cursos mais procurados foram o de Produção de Mudas Nativas,
Manejo, Conservação, Recuperação de Nascentes e Áreas Degradadas, Piscicultura Tanque-rede, Piscicultura Convencional, Manutenção de Máquinas
e Implementos Agrícolas, Bovinocultura, Cultivo Orgânico de Hortaliças e
Processamento Artesanal de Derivados do Leite.
Paralelamente aos cursos, nos horários de intervalo (almoço e final da
tarde), foram ofertadas aos cursistas as atividades:
1. Roda de Conversa “Gestão de Recursos Hídricos”;
2. Palestra “Combate ao Agrotóxico”;
3. Orientações sobre Inspeção Municipal;
4. Câmara Itinerante;
5. Atendimento jurídico - família, criminal, cível e previdenciário;
6. Campanha de vacinação anti-rábica;
7. Plantões Técnicos:
•Atendimento aos programas: Aquisição de Alimentos, Leite, Horta, Mandala, Piscicultura, Feira Urbana, Feira de Produtos Rurais, Pró-pão, Segurança Alimentar e Nutricional;
•Informações em: Crédito Rural, PRONAF, DAP, Piscicultura, PAA, PNAE,
Associativismo, Cooperativismo, Agroindústria, Artesanato e Habitação
Rural;
•Regularização ambiental da propriedade rural e assessoria jurídica na área
rural;
•Agroindústria de Pequeno Porte.
Tais atividades foram realizadas com a participação dos parceiros do evento e, além dos benefícios trazidos à organização do trabalho na propriedade
rural, proporcionaram integração entre os participantes e oportunidades de
trocas de experiências.
Os(as) bolsistas, juntamente com o coordenador de cada curso, desenvolveram as seguintes atividades:
83
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
•organização de arquivos eletrônicos compartilhados pelos envolvidos no
evento, que possibilitaram as inscrições, o acompanhamento destas pelos
envolvidos e registro de atividades;
•elaboração de arte para impressão de material gráfico de divulgação do
evento (cartazes e folders);
•organização dos cursos (definição dos temas, palestrantes e convites);
•organização de palestra ou tópico específico, sob orientação do coordenador do curso (orientador);
•implantação e acompanhamento de experimentos para demonstração durante a Semana;
•Apresentação de resultados do projeto de extensão: Perdas na colheita
mecanizada no curso de manutenção de máquinas e implementos agrícolas.
Também auxiliaram durante o evento na organização do credenciamento,
das apostilas e dos espaços físicos em que foram realizados os cursos. Contribuíram com os coordenadores de curso nos registros de frequência dos
cursistas; nas visitas técnicas; na realização de aulas práticas nos setores de
bovinocultura, olericultura, piscicultura, suinocultura, avicultura, apicultura,
fruticultura, bem como nas plantas agroindustriais de carnes, vegetais e leite.
Responsabilizaram-se, ainda, pela aplicação da avaliação aos cursistas e impressão dos certificados, colaborando na entrega dos mesmos.
Entendemos que para o estudante esse trabalho oportuniza o contato
com o produtor para que conheça a realidade do mesmo, aprenda e possa
agregar conhecimentos no sentido completo da extensão acadêmica.
Conclusão
Por meio de depoimentos colhidos na avaliação feita pelos cursistas e com
base nas experiências vivenciadas pela equipe responsável pela organização
e realização do evento, podem ser considerados pontos fortes da 25ª Semana da Família Rural:
•A sua abrangência, que possibilita alcançar uma quantidade significativa
e pessoas;
•A qualidade e a diversidade dos cursos, em consonância com os arranjos
produtivos locais e regionais;
•As atividades técnico-científicas desenvolvidas;
84
A Semana da Família Rural – diálogo entre o ensino, a pesquisa e a comunidade rural
•A participação dos docentes, técnicos-administrativos e estudantes do
IFTM Câmpus Uberlândia e das instituições parceiras;
•As parcerias, fundamentais para a organização, divulgação e realização do
evento e que contribuem para a consolidação do IFTM, no cenário local e
regional, como instituição geradora de conhecimentos técnicos-científicos
que contribuem para melhorar a qualidade do trabalho (e da vida) da comunidade.
•As atividade complementares desenvolvidas paralelamente aos cursos,
que contribuíram significativamente para enriquecer o evento e incrementar as possibilidades de aprendizagem e de interação entre os cursistas.
A promoção do encontro entre estudantes, docentes e agricultores possibilitou aos discentes vivenciarem a prática do ensino comprometido com
demandas reais, levando conhecimento aos produtores, mas também aprendendo e gerando conhecimento.
Algumas dificuldades como atrasos na aquisição de materiais e serviços
e a necessidade de melhorar a logística das visitas técnicas apontam que o
planejamento com maior antecedência é fundamental para garantir o atendimento satisfatório a essas ações.
Identificou-se também a necessidade de intensificar orientações prévias
e acompanhamento dos alunos bolsistas, com vistas a auxiliá-los no desenvolvimento de estratégias na ação extensionista.
Em sentido amplo, além de capacitar os produtores rurais nas áreas dos
cursos ofertados e possibilitar a aplicação de conhecimentos constituídos no
âmbito do espaço escolar, a Semana da Família Rural também proporcionou
a integração da Instituição com a sociedade, no cumprimento de seu papel
de criar soluções que agreguem melhorias na qualidade de vida da comunidade. Assim, considerando a extensão como uma troca de saberes, a 25ª
Semana da Família Rural possibilitou a interação do Instituto (por meio dos
estudantes, docentes e técnicos-administrativos) com as necessidades da capacitação profissional de pessoas que desenvolvem ou desejam desenvolver
atividades produtivas do setor rural.
Propiciar a profissionalização do(a) agricultor(a) familiar faz com este
possa, a partir do que aprendeu, melhorar a qualidade da sua produção e
agregar-lhe valor. Na medida em que se profissionaliza, constrói e solidifica
85
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
os seus próprios meios de sobrevivência, inserindo-se e permanecendo no
mundo do trabalho. Essa capacitação e aperfeiçoamento profissional contribui para elevar a qualidade de vida no meio rural, na medida em que possibilita melhorar as condições de produção e do próprio trabalho, por meio do
emprego de conhecimentos/técnicas que possibilitam melhorar o produto ou
serviço, aumentar a produção e, consequentemente a renda. Essa é uma maneira eficaz de inclusão social, na medida em que o trabalho no meio rural é
valorizado e é capaz de criar e manter condições dignas de subsistência para
o(a) agricultor(a), evidenciando relevante o papel social da extensão, na medida em que leva para a sociedade o conhecimento que pode ser aplicado,
que auxilia na melhora das condições de trabalho e de vida das pessoas.
Referências
INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO – IFTM. 24ª Semana da
Família Rural - projeto. Uberlândia: Coordenação de Integração Escola Comunidade do Câmpus Uberlândia - CIEC, 2013.
_______. Resolução nº 27/2012. Aprova o Regulamento das Atividades de
Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo
Mineiro. Uberaba: CONSUP, 2012.
_______. Resolução nº 139/2011. Dispõe sobre a aprovação da Regulamentação das Atividades de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Triângulo Mineiro. Uberaba: CONSUP, 2011.
86
Espaço virtual de interlocução com a cultura negra em Uberlândia - MG
Espaço virtual de interlocução com a cultura negra
em Uberlândia - MG
Carlos Humberto
Fernanda Ruggiero
1
2
6
Flávio Borges 3 Luís Felipe Barroso 4 Maria de Lourdes Ribeiro Gaspar
Polyana Aparecida Roberta Silva 7 Sírley Cristina Oliveira
5
Maria
Resumo
A segunda etapa do Projeto de Extensão Espaço Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em Uberlândia, continuou circunscrito no Patrimônio, um bairro historicamente constituído por
negros, a maioria descendentes de escravos. A problemática da
pesquisa convergiu para as seguintes questões: Como os jovens
que habitam e frequentam o bairro Patrimônio enxergam a sua
história? - Esses jovens, essas crianças entre 08 e 15 anos conhecem as práticas culturais e artísticas dos negros? - Eles percebem
as transformações, os valores da modernidade, do progresso que
vem suplantando a cultura e a história da comunidade afrodescendente da cidade de Uberlândia? Como a informática e as
diferentes tecnologias computacionais podem ser utilizadas para
divulgar a cultura e a história dos negros do Patrimônio?Para
responder a essas questões optamos por trabalhar com as crianças, os jovens que frequentam o Centro de Formação do bairro
Patrimônio. Alguns são moradores, outros são frequentadores assíduos do Patrimônio, pois estudam no Centro de Formação e tem
contato direto com a cultura negra do bairro. Com esta perspectiva
de trabalho, aliamos a educação computacional aos temas da cul-
Palavras-chave:
Bairro
Patrimônio
Afrodescendentes
Educação Computacional
tura dos afrodescendentes do bairro Patrimônio, ou seja, a fim de
responder a problemática da pesquisa oferecemos aulas de informática que tratasse tanto das linguagens formais do computador
quanto do embasamento teórico que fundamenta a história dos
negros do Patrimônio.
Aluno e bolsista do Curso de Licenciatura em Computação do IFTM Campus Uberlândia Centro/ [email protected]
Aluno e bolsista do Curso de Licenciatura em Computação do IFTM Campus Uberlândia Centro/ flaviobg1985@gmail.
com 3 Aluno e bolsista do Curso de Licenciatura em Computação do IFTM Campus Uberlândia Centro/ [email protected] 4 Profa. MS da Área de Educação do Curso de Licenciatura em Computação. Campus IFTM Uberlândia Centro/
[email protected] 5 Técnica em Assuntos Educacionais do Campus IFTM Uberlândia Centro/mariaruggiero@iftm.
edu.br 6 Profa MS. da Área de Educação do Curso de Licenciatura em Computação. Campus IFTM Uberlândia Centro/
[email protected] 7 Profa. Dra.de História da Educação do Curso de Licenciatura em Computação. Campus IFTM
Uberlândia Centro/ [email protected]
1
2
87
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Introdução
Nesta segunda etapa o objeto de estudo do Projeto de Extensão Espaço
Virtual de Interlocução com a Cultura Negra em Uberlândia, continuou circunscrito no Patrimônio, um bairro historicamente constituído por negros, a
maioria descendentes de escravos. São homens, mulheres e crianças, todos
trabalhadores, que com sua força de trabalho e experiência de vida ajudaram
não só a construir a cidade de Uberlândia, mas a escrever a sua História.
Embora, o Patrimônio seja uma referência histórica para a cidade e região
no que diz respeito à cultura e a identidade negra, muitas transformações
vêm ocorrendo no bairro: moradores antigos estão partindo para outros
setores da cidade, manifestações culturais e rituais da cultura negra apresentam fortes sinais de esgotamento e mais, os novos moradores não se identificam com as práticas culturais e artísticas desenvolvidas pela população
tradicional do bairro.
Em um passado longínquo, o Patrimônio foi à representação social do
bairro pobre de Uberlândia, reconhecido simplesmente por habitar negros
que trabalhavam na Charqueada Omega, no Frigorifico e em serviços informais nos diversos setores da cidade. Era o local onde residiam os homens
de “pé vermelho”, ou seja, aqueles que tinham os pés sujos, empoeirados,
marcados e sofridos pela labuta do dia a dia. Enfim, eram os trabalhadores
pobres e negros de Uberlândia.
Mas as dificuldades sociais e econômicas não fizeram do bairro Patrimônio
apenas um local de gente sofrida! Ao contrário, o bairro agregou de forma
inventiva e com bastante originalidade as manifestações artísticas e culturais
que deram identidade a população negra de Uberlândia. Foram os moradores do Patrimônio que protagonizaram a realização da Festa da Congada
(festa religiosa em homenagem a nossa Senhora do Rosário e São Benedito),
a capoeira, os grupos de folia de reis e as rodas de samba.
Atualmente, o bairro patrimônio não carrega - como no passado - a vitalidade cultural e identitária da população negra de Uberlândia. As transformações urbanísticas e as agressivas reformas nos espaços públicos da cidade,
fez com que paulatinamente o Bairro Patrimônio abandonasse a sua caracterização de bairro pobre e de negros. Sua localização privilegiada acabou se
transformando em um dos lugares mais valorizados da cidade. Os lotes, os
quintais das casas antigas e as ruas largas tornaram-se “produtos atrativos”
88
Espaço virtual de interlocução com a cultura negra em Uberlândia - MG
para o mercado imobiliário. Logo, o bairro começou a ser “povoado” por
uma população branca e de posses, bem diferente da tradicional comunidade de negros.
Na primeira etapa do Projeto de Extensão Espaço Virtual de Interlocução
com a Cultura Negra, entrevistamos tanto moradores que ainda permanecem no bairro, quanto os que já haviam se mudado. Ambos reconhecem o
“embranquecimento do bairro” e as dificuldades em preservar a cultura e a
identidade da comunidade negra que o habitava no passado. Mesmo assim,
avaliam que as transformações urbanísticas, o progresso e a modernidade
avassaladora que entrou no bairro, não foram capazes de destruir a cultura,
a identidade, a arte e a historia dos negros. Para eles, existe resistência,
existe luta da comunidade negra. A Congada permanece, os ternos sobrevivem, a música negra ainda embala as atividades culturais do bairro, enfim
o negro ainda tem voz e divulga a sua experiência. São, portanto, sujeitos
de uma história.
Em suas narrativas, em seus depoimentos, em seus olhares a comunidade do Patrimônio considera o bairro como um “lugar de memória”, onde
ainda se encontram os ternos de congada, a música negra, o carnaval popular, a culinária antiga dos escravos, enfim a cultura e experiência histórica
do negro.
Mas, se em meio às transformações urbanísticas e sociais pelas quais vem
passando o Patrimônio, os antigos moradores ainda apresentam sentimentos
de pertencimento ao bairro, ainda enxergam suas práticas culturais como
manifestações de resistência e luta dos negros numa cidade de valores eminentemente brancos, a problemática que fundamenta a segunda fase desse
projeto é a seguinte: - Como os jovens que habitam e frequentam o bairro
Patrimônio enxergam a sua história? - Esses jovens, essas crianças entre
08 e 15 anos conhecem as práticas culturais e artísticas dos negros? - Eles
percebem as transformações, os valores da modernidade, do progresso que
vem suplantando a cultura e a história da comunidade afrodescendente da
cidade de Uberlândia? Como a informática e as diferentes tecnologias computacionais podem ser utilizadas para divulgar a cultura e a história dos
negros do Patrimônio?
Para responder a essas questões optamos por trabalhar com as crianças, os jovens que frequentam o Centro de Formação do bairro Patrimônio.
89
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Alguns são moradores, outros são frequentadores assíduos do Patrimônio,
pois estudam no Centro de Formação e tem contato direto com a cultura
negra do bairro. Com esta perspectiva de trabalho, aliamos a educação
computacional aos temas da cultura dos afrodescendentes do bairro Patrimônio, ou seja, a fim de responder a problemática da pesquisa oferecemos
aulas de informática que tratasse tanto das linguagens formais do computador quanto do embasamento teórico que fundamenta a história dos negros
do Patrimônio.
O relato de experiência
Educação Computacional, a História e a Cultura dos Afrodescentes do Bairro Patrimônio
A realização das oficinas ficou sob a responsabilidade dos bolsistas envolvidos no Projeto. O trabalho de pesquisa e a prática docente possibilitaram
à produção de vários materiais didáticos relacionando o tema da educação
computacional a questão dos afrodescendentes do Patrimônio. Entre as oficinas realizadas pelos bolsistas do Curso de Licenciatura em Computação, a
linguagem Word foi de fundamental importância, pois possibilitou aos estudantes contato com uma ferramenta imprescindível para a produção do
conhecimento. A escrita digital possibilitou a construção de textos, poesias,
depoimentos que apresentaram os olhares e as percepções que as crianças
têm sobre o bairro Patrimônio. Assim, fez a poesia de Letícia Marcelly Silva
Melo, aluna do Centro de Formação do Patrimônio e frequentadora das oficinas de Informática do IFTM Campus Uberlândia Centro:
O bairro patrimônio
Com muito harmônio
Cheio de emoção
Traz muitas tradições.
Qual é o bairro?
Qual é o bairro?
Que tem belezas
Que tem riquezas
E deixa para trás
As suas tristezas.
Que tem culturas
Que tem cultura
Que tem doçura
90
Espaço virtual de interlocução com a cultura negra em Uberlândia - MG
É o bairro patrimônio
Que é cheio de harmônico.
Moradores, moradores
Dá valores, dá valores
Nesse bair
ro tão lindo
Porque nele tem um povo unido.
Outra manifestação de respeito aos negros e ao bairro pode ser visualizada na pequena, mas instigante poesia da estudante Amanda Agda Dias
de Souza:
O Patrimônio é muito espacial
Pois tem muita cultura
E só coisa original
Os negros fez nossa cidade
Fez o bairro Patrimônio
Agradeça todos eles
Por sua lealdade.
Através da escrita digital exercitada nas Oficinas de Word, foi possível
perceber que muitos estudantes enxergam o Patrimônio como um lugar da
tradição africana. O olhar de Pedro Henrique Campos é significativo nesse
sentido: “O bairro patrimônio é um local onde as tradições de origem africana são mantidas. Há uma irmandade de Nossa Senhora dos Rosários dos
homens de cor. são eles que organizam o basto do Rosário que se realiza no
dia 13 de novembro”.
Já a poesia de Tália Gonçalves de Jesus, identifica o patrimônio como um
lugar de negros que não admitem o racismo:
Do Patrimônio veio à escravidão
Da escravidão veio os negros
Dos negros veio os mulatos que
Agora tomam contam do Patrimônio.
Patrimônio é um bairro
Onde todos são aceitos
Sejam brancos, sejam negros
Sejam pardos ou mulatos
Um bairro para unir o povo brasileiro
Um bairro de gente não vive o racismo desordeiro.
O olhar de Saymor é salutar, pois identifica com clareza a relação passado presente na história do bairro patrimônio. Observe sua fala: “No bairro
patrimônio nos anos 60 não existia quase anda, nada como ruas de asfalto
91
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
praças e calçadas. Aqui somente uma fazenda com muitas discriminações.
Na questão cultural até hoje existe o Congado, a Folia de Reis e o Carnaval”. A percepção de Amanda Agda também converge para a relação passado presente: “eu penso que podia deixar a cultura e as casas antigas, pois
se uma pessoa “renovada” que não conhece casa antiga, pode vir ao bairro
e saber como era antigamente”.
Quando perguntados sobre as manifestações culturais do bairro Patrimônio, as respostas indicaram respeito e valorização pela cultura do negro.
O olhar de Geovana Ramos dos Santos exprime esses sentimentos: “Eu acho
muito legal a cultura dos negros. eu me pergunto: como eles criarão tudo
isso? A congada, a folia de Reis, o carnaval? Foi muito bom saber um pouco
mais sobre os negros!”.
Outra oficina que apresentou uma importante ferramenta digital aos estudantes foi a Oficina de Praint, cuja aplicabilidade permite a criação de desenhos, imagens e pinturas. A partir dessa oficina os alunos responderam as
seguintes questões: o que é o bairro Patrimônio? Como a cultura do negro
está presente no bairro?
O desenho de Douglas de Oliveira Campos privilegiou a capoeira,
tradição cultural antiga dos negros. No passado era uma das manifestações
muito presente no cotidiano da comunidade negra do Patrimônio.
Já Ana Carolina interpretou o Patrimônio a partir de um dos ternos de
Congada tradicionais do bairro, o Princesa Isabel.
92
Espaço virtual de interlocução com a cultura negra em Uberlândia - MG
O desenho de Letícia Marcely traduz a poesia, a vivacidade da comunidade negra presente no Patrimônio: “um bairro repleto de amor, alegria,
riquezas, paz, bem, organizado e cheio de conquistas”.
Amanda Agda relaciona a definição do bairro Patrimônio a participação
do negro na Festa da Congada: “a congada é uma das festas dos negros
para a celebração de nossa senhora do rosário; nas festas usam muitas cores
e alegria. O bairro Patrimônio é um bairro onde os negros levou cultura e
suas tradições ao passar dos tempos”.
93
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Conclusão
A segunda etapa do Projeto de Extensão Espaço Virtual de Interlocução com
a Cultura Negra em Uberlândia, nos possibilitou refletir acerca do papel das
novas tecnologias informacionais na produção e divulgação da história e da
cultura dos afrodescendentes que habitam a cidade de Uberlândia. As oficinas de informática aliaram tanto o aspecto técnico da informática quanto as
reflexões políticas e sociais que fundamental a questão do negro no Brasil.
O bairro Patrimônio (constituído tradicionalmente por negros) dispõe de
um Centro de Formação para jovens e crianças negras e brancas que habitam o bairro. Esses jovens que acompanham as transformações urbanas e o
progresso que paulatinamente vêm entrando no bairro se reconhecem não
só como sujeitos da história do Patrimônio como também fomentadores de
uma cultura, de uma história que vem se prendendo em meio à modernidade
que se instala na cidade. Essas crianças reconhecem nas diferentes manifestações artísticas e culturais símbolos da resistência negra.
94
Espaço virtual de interlocução com a cultura negra em Uberlândia - MG
Referências
CARMO, Luís Carlos do. Função de Preto: trabalho e cultura de trabalhadores
negros em Uberlândia. 2000. Dissertação (Mestrado). São Paulo: PUC/SP,
2000.
_____. Os caminhos e o direto às escolhas de um grupo: a experiência de trabalho nas funções de preto na cidade de Uberlândia. História & Perspectiva,
Uberlândia, n. 36 e 37, p. 133-173, 2007.
HERNANDEZ, Leila Maria Gonçalves Leite. A África na Sala de Aula: visita a
História contemporânea. São Paulo: Selo Negro, 2005.
LANDES, Ruth. As Religiões Africanas no Brasil: Contribuição para uma Sociologia das Interpenetrações de Civilizações. São Paulo: Livraria Pioneira,
1989.
95
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
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Panis et circencis: o processo das oficinas do futuro (recriando o Tropicalismo)
Panis et circencis: o processo das oficinas do futuro (recriando o Tropicalismo)
Eduardo Borges 2 Michele Soares 3 Aline Aparecida 3 Luana Júlia
Cintra 3 Natália Fernandes 3 Nayara Gabriela 3 Paulo Gustavo
1
3
Lunamaris Goulart
3
Mariana
Ele é vivo agora e é perigoso. Como diz o Guimarães Rosa: ‘viver é perigoso’. Mas é
preciso estar num estado a perigo, num estado de jagunço, para compreender e recriar o
Tropicalismo, para não cair no tropicapitalismo. José Celso Correa Martinez
La subversión poética es subversión corporal. Octavio Paz
Resumo
O projeto de extensão “Panis et Circensis: o processo das oficinas do futuro” aprovado no edital 03/2012, foi desenvolvido no
Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) / campus Ituiutaba,
de maio à novembro, elaborando uma montagem cênico-musical
com posterior debate com os estudantes na platéia, a respeito da
temática principal Tropicalismo que aborda, a partir dos contextos
políticos, culturais e sociais, tantos outros temas, como liberdade,
ditadura militar, conflito de gerações, contracultura, mentalidades
e valores, subversões, tabus, juventudes, entre outros. O projeto
ao tratar do movimento tropicália (1967 – 1968) que rompeu com
os padrões artístico-culturais estabelecidos no final da década de
1950 e início dos anos 1960, visou retomar esse movimento como
forma de recordar o cenário político, histórico e cultural da época,
embasado na produção artística. Porém, com o interesse maior de
estabelecer um diálogo com a juventude estudantil da contemporaneidade. Recordar era retomar o passado com os olhos do
Palavras-chave:
Sociedade
Processos Criativos em Arte
Juventude e
contemporaneidade
presente, vivê-lo ao modo de hoje, sugar desse contato o que nos
alimenta agora e fecunda novas ações, de um novo corpo em novo
tempo e espaço. O método que conduz o projeto é inspirado nas
Oficinas do Futuro, elaboradas por Jungk e Muellert no final dos
anos 1960, processo em que os atores envolvidos não são apenas
ouvintes e sim co-participantes no processo de construção e integração, o que desperta o sentido de coletividade, criatividade e o
senso crítico. Além da utilização de códigos e linguagens inerentes
a música, a literatura, as artes cênicas e as artes visuais.
Especialista em Programas e Projetos Sociais pelo Instituto Federal do Triângulo Mineiro e graduado em Alimentos pelo
Instituto Federal de Minas Gerais. Docente no IFTM/campus Ituiutaba. [email protected] 2 Doutoranda em
Artes Cênicas / UNIRIO, mestre em História Cultural / UFU e licenciada em Artes Cênicas e História. Docente no IFTM/
campus Ituiutaba. [email protected] 3 Discentes de cursos técnicos integrados (Agroindústria e Informática). Bolsistas
de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Triângulo Mineiro – Edital 03/2012.
1
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Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Introdução
O projeto de extensão “Panis et Circensis: Recriando o Tropicalismo” aprovado no edital 03/2012, foi desenvolvido no Instituto Federal do Triângulo
Mineiro (IFTM) / campus Ituiutaba, de maio à novembro, elaborando uma
montagem cênico-musical apresentada aos alunos do referido campus, com
posterior debate com os estudantes na platéia, a respeito da temática principal - Tropicalismo que aborda, a partir dos contextos políticos, culturais e
sociais, tantos outros temas, como liberdade, ditadura militar, conflito de gerações, contracultura, mentalidades e valores, subversões, tabus, juventudes,
entre outros. Ao retomar o movimento tropicalista (1967 – 1968) que rompeu
com os padrões artístico-culturais estabelecidos no final da década de 1950 e
início dos anos 1960, nos interessava estabelecer um diálogo com a juventude
estudantil da contemporaneidade. Recordar era retomar o passado com os
olhos do presente, vivê-lo ao modo de hoje, sugar desse contato o que nos
alimenta agora e fecunda novas ações, de um novo corpo em novo tempo
e espaço. Contrariando a idéia de uma juventude alienada e desinteressada
das questões político-sociais de seu tempo, as jornadas de junho (2013), mostravam esses mesmos jovens inquietos, provocados e provocativos, construindo vozes, dissonâncias e empoderamentos. Coincidente a esse período, ou
mesmo sendo gerado por ele, o grupo envolvido na oficina de teatro do IFTM
- incluindo os bolsistas do presente projeto, recebeu entusiasticamente a proposta de estudar a Tropicália, no momento comemorativo aos seus 40 anos,
pois se reconheciam naquela rebeldia, alegria e subversões.
Para o processo de criação, iniciamos a pesquisa não só do movimento
Tropicalista, mas a investigação de linguagem de um novo espetáculo cênico, onde queríamos levar os desejos e ideais individuais de seus integrantes
para a sala de ensaio. Esses interesses que partiam de cada um, se relacionavam com a esfera coletiva, social e pública, quando percebíamos que eram
questões que tocavam a todos. Nesse movimento, a elaboração artística se
dava em conjunto, por múltiplas vozes e direções. Eu, como professora e
coordenadora do projeto, não me colocava no lugar de direção artística do
trabalho, mas como orientadora e provocadora ao mesmo tempo em que me
percebia instigada pelos alunos-atores quando expunham suas inquietações
ora nas rodas de conversa de nossos encontros ou mesmo nos laboratórios
de criação.
98
Panis et circencis: o processo das oficinas do futuro (recriando o Tropicalismo)
Desenvolvimento
“(...) Morreu como um afogado, agonizando, torturado
Morreu como seu pai, desaparecido
Mas ninguém esperava que ele fosse re-viver
(...) Que não adianta represar os rios se não se pode parar a chuva
Ninguém esperava que seus amigos, irmãos, todos
Todos soubessem de tudo
(...) Mas o que eu quero dizer
É que ninguém esperava que eu - justamente eu - filha da mesma
noite
contasse essa história”. Bailei na Curva, Júlio Conte
Estávamos compostos por muitas histórias. Histórias pessoais, autorais,
mas também por aquelas que se pareciam com as nossas e por isso lhes
tomávamos lugar, pedaços, sonoridades, cores ou então, outras que tão distantes de nós queríamos lhes afagar, abrir-lhes portas e deixar que tomassem assento entre nós. Assim, fomos compondo e descompondo o estudo
e a criação cênico-musical de Panis et Circensis e a Tropicália. Compondo,
porque durante o período de desenvolvimento do projeto que envolveu muitas etapas, íamos sendo provocados e alimentados, gestando novas idéias,
discursos, movimentos, cenas.
O projeto Panis et Circencis é um trabalho artístico elaborado a partir da
proposta estética e conceitual do movimento Tropicália (1967 e 1968), idealizado por um grupo de artistas, cujos destaques foram os cantores-compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil, além da participação da cantora Gal Costa
e do cantor-compositor Tom Zé, da banda Mutantes e do Maestro Rogério
Duprat. A cantora Nara Leão, os letristas José Carlos Capinam e Torquato Neto
e o artista gráfico, compositor e poeta Rogério Duarte também integraram o
movimento. O método que conduziu o projeto foi inspirado nas Oficinas do
Futuro, elaboradas por Jungk e Muellert no final dos anos 1960, processo em
que os atores envolvidos não são apenas ouvintes e sim coparticipantes no
processo de construção e integração, o que desperta o sentido de coletividade.
A criação das Oficinas do Futuro é precedida, a priori, por uma fase de preparação. Posteriormente, seguem outras três fases: a crítica, a utópica e a de
realização. Na fase de preparação, os aspectos organizacionais relacionados
99
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
ao ambiente e aos materiais utilizados são decisivos e de extrema importância. A preparação de um ambiente agradável é fundamental para a realização das oficinas, bem como o fornecimento de explicações claras sobre a
dinâmica do projeto. A fase crítica visa: a) Expressar e documentar (cada
um do seu ponto de vista e da sua percepção) problemas e críticas; b) Descarregar eventuais agressões (ligadas ao tema ou a relações interpessoais)
através de debates e discussões. Na fase utópica deve-se criar um ambiente
capaz de despertar, sobretudo, a criatividade. O objetivo foi coletar ideias,
criar soluções e despertar o universo lúdico dos participantes. Por fim, a fase
de realização é descrita como a “volta para a realidade”. Nessa etapa, é preciso definir as ações de melhoria, baseado nos resultados obtidos nas duas
fases anteriores para, assim, chegar à concretização de um plano de ação. O
moderador - e aqui, se incluem os bolsistas, durante a oficina, tem o papel de
conduzir o processo de elaboração para um resultado realista, com metas e
prazos, que ajudem na realização das propostas e documentem os processos
criativos. A avaliação é baseada na frequência aos encontros presenciais e
participação nas discussões, na realização satisfatória das atividades previstas
e na auto avaliação, considerando o percurso, as contribuições das oficinas e
debates. Todos os aprendizes devem ser avaliados em momentos individuais
e coletivos, bem como as próprias ações em si, estimulando o dialogo entre
os participantes, atividades cognitivas e técnicas.
A pesquisa teórica contou com diversas modalidades discursivas como
documentários, filmes, textos literários, dramatúrgicos, jornalísticos, narrativas historiográficas, cartas e poesias. Assim, a dramaturgia foi sendo construída como roteiro do espetáculo, como teatralização de nossas fontes de
pesquisa. Não houve uma etapa primeira da investigação teórica para depois
começarmos a criação artística, tudo se deu paralelamente como uma maneira de um momento alimentar o outro.
Mas em meio a esse movimento, havia o desejo de não simplesmente
repetirmos aquilo que estávamos conhecendo através da pesquisa teórica
e prática, mas de nos apropriarmos de tais saberes antropofagicamente,
usando um termo dos modernistas da Semana de Arte Moderna de 1922,
que tanto influenciaram os tropicalistas. Ou seja, o desejo era de que tais
saberes fossem lentamente, individual e coletivamente, deglutidos, regurgitados e transformados em palavras e imagens conectadas a nós e a platéia,
100
Panis et circencis: o processo das oficinas do futuro (recriando o Tropicalismo)
homens e mulheres do século XXI. Para vivenciar tal subversão, era preciso
que abríssemos para a subversão da cena. Daí, a importância de descompor
esteticamente o espaço, a roteirização do espetáculo, o ator, as relações diretor-ator e ator-platéia. Algo que já estava presente em outras práticas e projetos artísticos desenvolvidos no IFTM, como em “A Comédia do Trabalho:
exercícios cênicos sobre a ordem social a partir da atividade do trabalho” e
nos estudos sobre a linguagem da performance e da instalação.
O texto e o espetáculo se constituíram em composições marcadamente
fragmentárias, com abordagens temáticas múltiplas a partir do contexto
central do Tropicalismo, assim como eram as significações e leituras que o
espectador podia fazer. Dessa forma, queríamos tocar os contempladores,
rompendo com o seu papel passivo, sensibilizando-os para lançar um olhar
novo para a vida lá fora ou para vida que se passa por dentro. Essa sensibilização e despertar podia se estabelecer não só pelo discurso verbal da montagem cênica, mas através de todos os seus elementos - a música, os deslocamentos dos atores pelo espaço e por entre os espectadores, a proximidade
física dos atores com a platéia pela alteração do espaço, o figurino, os objetos
cênicos e até mesmo alimento (bananas) oferecido, lançado e dividido com
o espectador. Tudo gerava um ambiente para melhor proporcionar reflexões
sensíveis, em que o sentido daquilo que o público vivencia se desprende da
força unificadora e dominante de uma só voz, uma só interpretação, para
lançar múltiplos significados.
Na escolha dos processos criativos e dos modos de produção de sentidos,
está uma nova visão de teatro que determina uma nova pedagogia. A partir
do teatro performativo, busca-se a autonomia, liberdade e felicidade do indivíduo participante, seja ele o ator ou o espectador. Tais condições de desenvolvimento do aluno, aliada a proposição de sua emancipação das condições
opressivas do sistema. E não, ao contrário, a problemática de se ter na Arte o
viés de aprimoramento de qualidades e habilidades do indivíduo que estará
melhor preparado para o mundo do mercado. Aliás, reportando ao ensino da
arte, essa questão problema pode ser
“verificado nas justificativas e nos objetivos da valorização da arte
na legislação do ensino básico brasileiro. A ênfase que a concepção de educação da atual Lei de Diretrizes e Bases coloca sobre a
101
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
tecnociência, como princípio e requisito básico no saber, na sociedade e na cultura, é contrabalançada pelo ‘conhecimento da arte’
(...) Aquilo que aí se denomina ‘estética da sensibilidade’ tem uma
clara intenção de matizar os efeitos, na formação, no indivíduo e na
cultura, dos excessos da racionalidade instrumental”4.
Tais considerações lançam a necessidade de se pensar o papel da arte
na escola, especialmente em se tratando de uma escola técnica e profissionalizante, bem como o papel do educador e do discente em sociedade.
A Arte não está nos Institutos Federais apenas como atenuante de cargas
horárias tecnicistas extensivas e nem mesmo para complementar o trabalho desenvolvido pelas disciplinas das Humanas, nos quesitos criticidade,
comunicação, sociabilidade, entre outros. Mas, antes de tudo, para problematizar a nossa relação com os outros, com o presente, com nossos atos
e valores.
Conclusão
O projeto para além do estudo da temática central, o Tropicalismo, teve a
grande importância em fomentar a criação e apreciação artística no espaço
escolar formal, como viés de provocação ao estabelecido, ao regrado, ao
senso comum, despertando novos olhares sobre as realidades e que essas
bem como a criação artística, estão em constante construção.
Ao final do espetáculo, quando se distribui bananas para a platéia, numa
alusão ao “yes, nós temos bananas” de Caetano Veloso, quer se despertar
para além da mente, o corpo com suas habilidades de percepção, seus canais
de sensibilização.
E cada vez mais, pensar e promover o Instituo Federal como campo para
a experiência artística e pedagógica do aluno-ator-espectador.
FAVARETTO, Celso F. Arte Contemporânea e Educação. In: Revista Iberoamericana de Educación. n.º 53, 2010, pp.
225-235.
4
102
Panis et circencis: o processo das oficinas do futuro (recriando o Tropicalismo)
Referências
BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.
p.187. (Orientações curriculares para o ensino médio; v.1).
COSTA FILHO, José da. Teatro Contemporâneo no Brasil: criações partilhadas e presença diferida. Rio de Janeiro: Letras, 2009. 248p.
DESGRANGES, Flávio. A pedagogia do espectador. São Paulo: Hucitec, 2003.
________. Pedagogia do Teatro: provocação e dialogismo. São Paulo: Hucitec, 2006.
FAVARETTO, Celso F. Arte Contemporânea e Educação. Revista Iberoamericana de Educación., n.53, 2010, pp. 225-235.
JAPIASSU, Ricardo Ottoni Vaz. Metodologia do ensino do teatro. Campinas,
SP: Papirus, 2001.
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Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
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Robótica Educacional - o universo das ferramentas de lógica computacional e da manipulação de
robôs autônomos móveis
Robótica Educacional - o universo das ferramentas de lógica computacional e da manipulação de
robôs autônomos móveis
Adrian Ribeiro Ferreira 2 Gabriel Azevedo Braz
Duarte 5 Ronaldo Eduardo Diláscio
1
3
Iago Oliveira Melo Borges
4
Isaias Maicon Silva
Resumo
O princípio da indissociabilidade entre o ensino, pesquisa e extensão é assegurado nos Projetos Pedagógicos dos cursos do IFTM.
Através de um ambiente de aprendizagem na área de robótica e a
produção de atividades interdisciplinares, o projeto proporcionou
aos bolsistas a oportunidade de desenvolver outras habilidades
que se estabelece com a tecnologia no cotidiano, além de atrair a
comunidade de Paracatu para as novas tecnologias. Desenvolvido
em grande parte do tempo dentro dos laboratórios de eletrônica,
o projeto teve como objetivos o desenvolvimento de um robô
autônomo, despertando o interesse dos alunos envolvidos pela
robótica, a interação do ambiente educacional com alunos de escolas públicas de Paracatu e a participação na OBR (Olimpíada
Brasileira de Robótica), objetivos esses alcançados com sucesso.
Palavras-chave:
Robótica Educacional
Inclusão Tecnológica
Kit-Lego
Aluno do Curso Técnico em Eletrônica Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012. [email protected] 2 Aluno do Curso Técnico em Eletrônica Integrado ao Ensino Médio. Bolsista de extensão do
programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro
– Edital 03/2012. [email protected] 3 Aluno do Curso Técnico em Eletrônica Integrado ao Ensino Médio. Bolsista
de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Triângulo Mineiro – Edital 03/2012. [email protected] 4 Aluno do Curso Técnico em Eletrônica Integrado ao
Ensino Médio. Bolsista de extensão do programa de apoio a projetos de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Edital 03/2012. [email protected] 5 Doutorando em Ciência da Computação.
Professor de Educação Básica, Técnica e Tecnológica do IFTM - Câmpus Paracatu. [email protected]
1
105
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Introdução
O projeto de extensão Robótica Educacional - o universo das ferramentas
de lógica computacional e da manipulação de robôs autônomos móveis foi
desenvolvido com o intuito de fornecer aos alunos experiências de robótica,
para que os mesmos adquirissem conhecimentos nessa área, muito importante para a automação industrial, onde utiliza-se robôs autônomos, tecnologia projetada com o intuito de ajudar o homem no seu trabalho.
O projeto teve como inspiração o prazer que os alunos de eletrônica
têm quando o assunto é robótica, seja por causa dos filmes futuristas que
apresentam robôs que agem como humanos ou seja pelos dias de hoje nas
fábricas em que os robôs montam carros e eletrodomésticos, dentre outros
produtos, sem a ajuda dos humanos. Isso é um fato que irá se tornar cada
vez mais frequente.
Durante a elaboração do projeto adquirimos conhecimentos tanto de eletrônica e programação, quanto de mecânica, pois o KIT-Lego nos facilita a
aprendizagem na construção dos robôs para quem ainda é iniciante na área.
Promover um ambiente de aprendizagem na área da robótica através da
montagem de um sistema robotizado, aprimorar o raciocínio lógico, colocar
o bolsista como responsável pelo processo da sua aprendizagem, desenvolver o conhecimento interdisciplinar envolvendo a robótica e suas aplicações,
participar da Olimpíada Brasileira de Robótica, foram os objetivos do projeto
e de aprendizagem. Também tínhamos como objetivo a extensão à comunidade, através do convite a estudantes das escolas públicas para conhecer
o projeto em nossos laboratórios e a participação do robô desenvolvido
no desfile comemorativo da cidade. As atividades foram desenvolvidas no
período de abril a novembro de 2013, por meio do coordenador do projeto,
quatro bolsistas e um servidor colaborador.
Desenvolvimento
Inicialmente o projeto tinha a intenção de utilizar peças avulsas para montar e testar o robô, pondo em prática os ensinamentos obtidos no curso de
eletrônica. Mas como não foi possível, devido às especifidades das peças
e o pouco tempo para licitar e comprar, decidimos obter o Kit-LEGO que
é internacionalmente conhecido e é, para a área de robótica, um dos mais
conhecidos e considerado ideal para projetos na área.
106
Robótica Educacional - o universo das ferramentas de lógica computacional e da manipulação de
robôs autônomos móveis
Como primeiro passo, fizemos um estudo da programação em LEGOs
tanto lendo o manual na internet quanto vendo vídeos, muitas vezes em
espanhol e inglês, das pessoas ensinando a programar e mostrando o funcionamento. Isso permitiu que o nosso grupo imaginasse um modelo para o
nosso robô, que chamaria então AGI², representando os nomes dos componentes do grupo (Adrian, Gabriel, Iago e Isaías).
Numa das etapas do projeto, fomos até Uberlândia participar da OBR
(Olimpíada Brasileira de Robótica) parte prática, em que vimos realmente
o funcionamento do Lego. Lá se encontravam outros Institutos Federais,
mas éramos os únicos que representávamos o IFTM e com isso levamos o
nome de Paracatu regionalmente para ser representado. Lá obtivemos conhecimento sobre as limitações do LEGO, sobre as provas práticas que são
realizadas na OBR, os erros que podem ser reparados, dentre outras coisas
que foram de extrema importância para o grupo.
Assim que as peças do Kit chegaram, a primeira coisa a fazer foi conferir
se estava tudo correto. Após a conferência inicial, começamos a montar o
modelo que vem no manual e também a instalar os softwares para iniciar
também a programação do LEGO. Logo após todo esse processo começamos a montar modelos desenvolvidos pela equipe até que chegamos ao
modelo final, que é o AGI².
Construímos uma pista para simular a que existe na OBR e assim fazer
testes com o robô. Isso permitiu um ajuste correto da programação para que
na hora da competição possa se obter um melhor resultado. No dia 20 de
outubro de 2013, como constava no cronograma do projeto, levamos o robô
para o desfile da cidade e isso permitiu à sociedade paracatuense ter o conhecimento do nosso trabalho e ainda gerar repercussão e comentários por todos
que estavam admirados, pois até então nunca tinham visto um robô de perto.
No final construímos um manual para os próximos que prosseguirem
com o projeto terem uma base e uma maior facilidade no desenvolvimento
e permitir a eles a utilização do conhecimento construído para a criação de
um próximo robô.
O projeto instigou outros alunos a participarem da OBR, parte teórica,
tendo o IFTM - Câmpus Paracatu conseguido uma medalha de prata nível
nacional, o que eleva o nome de nosso Instituto e faz com que mais alunos
se interessem pela robótica.
107
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
O resultado mais esperado para o projeto, no âmbito social, foi a possibilidade de realizar a inclusão tecnológica digital/robótica para alunos das
escolas públicas de Paracatu quando das visitas aos nossos laboratórios. É
despertar nesses jovens o espírito da inovação e da tecnologia. Outro resultado esperado foi divulgar ainda mais o IFTM - Câmpus Paracatu como
instituição voltada para a educação, ciência e tecnologia. Nas visitas realizadas aos nossos laboratórios, os alunos se encantaram com a eletrônica e
com a robótica, sendo essa atividade de grande importância no âmbito da
extensão, possibilitando abrir as mentes dos jovens para novas tecnologias.
Cosiderações finais
O projeto Robótica Educacional - o universo das ferramentas de lógica computacional e da manipulação de robôs autônomos móveis foi concluído com
sucesso e com todas as etapas estipuladas cumpridas. Permitiu um aprofundamento maior no mundo da robótica e também um maior aprendizado
que será repassado para as próximas equipes de eletrônica que assumirem
essa extensão. Deixamos um manual para ser seguido, caso encontrem alguma dificuldade, e também fotos de como montar o AGI², o que permitirá
uma maior facilidade para os próximos bolsistas. A participação na OBR foi
extremamente importante para tirarmos a ideia para construir o robô e também para vermos como é interessante a participação numa Olimpíada desse
nível. Os alunos das escolas públicas que visitaram o ambiente educacional
ficaram encantados, estimulando o interesse na comunidade pelas novas
tecnologias. O último evento foi a participação no desfile comemorativo do
município de Paracatu-MG, que foi onde a população da cidade viu o nosso
trabalho e a resposta foi a surpresa e satisfação de todos em verem de perto
um robô Lego, o que foi gratificante para nós que realizamos o trabalho.
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Robótica Educacional - o universo das ferramentas de lógica computacional e da manipulação de
robôs autônomos móveis
Referências
HALMA, A. Robomind.net – Welcome to Robomind.net, the new way to
learn programming. 2009. Disponível em: <http://www.robomind.net>.
Acesso em: jun. 2013.
LEGO GROUPS. MINDSTORMS NXT Home. 2009. Disponível em:
<http://mindstorms.lego.com>. Acesso em: jun. 2013.
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Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
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Popularização de programas de controle biológico de pragas no município de Uberaba-MG
Popularização de programas de controle biológico
de pragas no município de Uberaba-MG
Américo Iorio Ciociola Jr
de Assis
1
2
Robson Thomaz Thuler
3
Débora Luiza de Sousa
3
Jaqueline Grazziellii
Resumo
O presente trabalho de extensão teve como principal objetivo
divulgar por meio de oficinas em escolas públicas do município
de Uberaba e participações no projeto Integração no bairro, a
armadilha de captura de larvas do pernilongo da dengue. Foram
realizadas oficinas nos colégios Tiradentes, Uberaba, Corina de
Oliveira e nas 4 integrações no bairro realizadas em Uberaba durante 2013. Outras atividades também foram realizadas como a
criação da vespinha Trichogramma pretiosum e o besouro Digitonthophagus gazella, ambos agentes de controle biológico de pragas.
Com a realização as oficinas, o resultado foi bastante gratificante
onde várias pessoas aprovaram a iniciativa do IFTM em divulgar a
armadilha que foi desenvolvida por um professor da UFRJ. Em Abril
Palavras-chave:
Relato de experiência
Mosquitérica
Aedes aegypti
Dengue
Saúde pública
de 2013, a armadilha foi apresentada no programa “Bem Estar” da
Rede Globo e teva ampla repercussão nacional.
Eng. Agrônomo, Prof. do IFTM câmpus Uberaba. (Coord. do projeto). Email: [email protected] 2 Eng. Agrônomo,
Prof. do IFTM câmpus Uberaba. (Membro) Email: [email protected] 3 Bolsista de extensão do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro câmpus Uberaba – Edital 02/2013. Email: [email protected]
4
Bolsista de extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro câmpus Uberaba – Edital
02/2013.E-mail: [email protected]
1
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Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Introdução
A dengue é uma doença causada por um vírus que é transmitido pela picada
do pernilongo Aedes aegypti. Esta doença está em todas as regiões do Brasil,
causando sérios problemas de saúde pública, e pode até matar na sua forma
mais agressiva que é a dengue hemorrágica. Em Uberaba, a dengue foi um
problema sério de 2012 a 2013. Para que a doença seja controlada cuidados
simples podem ser tomados como a não permanência de água parada em
vasos de plantas em pneus vazios, caixas d’água sem tampa, lotes sujos,
etc. A luta é de todas as camadas da sociedade ou seja de todos nós. Só assim poderemos viver sem problemas da dengue em Uberaba e em todas as
cidades do nosso país.
Desenvolvimento
Iniciou-se a criação de Trichogramma pretiosum no laboratório de entomologia do IFTM campus Uberaba. Cartelas com ovos de Anagasta kuehniella
foram enviadas semanalmente para o IFTM para viabilizar a multiplicação das
vespinhas. As vespinhas foram liberadas no IFTM campus Uberaba. Criou-se
por uma geração o besouro Digitonthophagus gazella em laboratório. Devido
a condições adversas de clima e local de criação, não foi possível dar continuidade na criação deste inimigo natural. Como naquele momento, a cidade de
Uberaba passava por uma epidemia de dengue, decidiu-se dar maior ênfase
as oficinas, proporcionando informação de grande importância para a sociedade. O realização das oficinas foi bem interessante e produtiva, pois é uma
área de grande interesse por se tratar de problema de saúde pública onde a
presença do pernilongo da dengue no município de Uberaba, causou sérios
problemas em 2012/2013. As oficinas foram realizadas em escolas públicas e
participações em todos os eventos de “Integração no Bairro” no ano de 2013,
onde houve ampla divulgação do projeto de combate ao pernilongo da dengue que foi realizado pelo IFTM campus Uberaba, utilizando a armadilha de
captura de larvas deste inseto. Esta divulgação foi feita da seguinte maneira:
4 participações do “Integração no Bairro”(Praça Jorge Frange, Praça Carlos
Gomes, Praça Santa Teresinha e CRAC Morumbi) e a divulgação em três escolas (Tiradentes, Corina de Oliveira e Uberaba), onde aproximadamente 720
alunos (as) aprenderam como se faz a armadilha de captura de larvas do
pernilongo da dengue a baixo custo. Na atividade de “Integração no Bairro”,
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Popularização de programas de controle biológico de pragas no município de Uberaba-MG
distribuiu-se cartilhas do IFTM sobre como fazer a armadilha de captura de
larvas do pernilongo da dengue (passo a passo).
Em abril de 2013, foi feita uma reportagem com a Rede Globo de
televisão no programa matinal “Bem Estar” sobre o uso da armadilha e a
repercussão foi ótima, onde na reportagem, mostrou-se uma das oficinas
de confecção da armadilha de captura de larvas do pernilongo da dengue
em sala de aula do IFTM campus Uberaba. Posteriormente na mesma
reportagem, a armadilha foi colocada à prova pelos apresentadores do programa “Bem Estar” quando perguntaram a um especialista da área sobre a
armadilha, que aprovou o seu uso e sua eficiência.
Considerações finais
Diante do trabalho de extensão realizado, as principais considerações finais
foram:
•Divulgação na mídia local, regional e nacional do nome do IFTM e do projeto de extensão realizado;
•Conscientização de estudantes e da comunidade Uberabense com relação
à importância e o uso da armadilha de captura de larvas do pernilongo da
dengue;
•Dever cumprido de levar a sociedade, uma atividade desenvolvida por professores, e alunos do IFTM câmpus Uberaba,
•Ampla aceitação do uso da armadilha de captura de larvas do pernilongo
da dengue no município de Uberaba.
Referências
DENGUE: decifra-me ou devoro-te. Disponível em: http://portal.saude.gov.
br/portal/arquivos/kitdengue2/epidemiologia/imagens.html Acesso em
20/09/2011.
MOSQUITO da dengue. Disponível em: http://www.dengue.org.br/mosquito_aedes.html Acesso em 20/09/2011.
SANTOS, L.L.G.; COSTA, J. de O.; CIOCIOLA JR. A.I. IFTM CONTRA A
DENGUE. Acabe com este perigo na sua cidade, Reciclando, aprendendo e
ensinando. S/D. 8p.
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Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Popularização de programas de controle biológico de pragas no município de Uberaba-MG
Relatos de Experiências dos projetos de Extensão do IFTM 2013
Em 2014, a Pró-Reitoria de Extensão – PROEXT lançou sua primeira publicação intitulada “Livro de Relatos de Experiência dos
Projetos de Extensão do IFTM 2012”, com o objetivo de divulgar
nossas ações de extensão. Dando continuidade a este trabalho,
esta pró-reitoria lança agora o “Livro de Relatos de Experiência dos
Projetos de Extensão do IFTM 2013”, cujo conteúdo se trata das
ações de extensão desenvolvidas em todos os câmpus no ano de
2013. Estas ações, descritas nos projetos selecionados através de
edital institucional pelos professores coordenadores, abrangeram
diversas áreas como: esportes, educação inclusiva, sustentabilidade, artes, agropecuária, alimentação, informática, etc. Pela leitura
dos relatos, é possível compreender a importância e o impacto das
ações extensionistas em nossa instituição. E é por esse motivo que
consideramos a divulgação dessas ações de extrema relevância
para o IFTM e as demais instituições da Rede de EPCT.
Download

relatos de experiência dos projetos de extensão do iftm 2013