Estudo sócio-econômico das duas
áreas de garimpo de ouro:
São Chico e Creporizinho
ARMIN MATHIS
(NAEA / UFPA)
São Chico
A história do garimpo
1963. Descoberta de São Chico. As primeiras áreas de
exploração ficam perto da vila que surge ao redor de uma pista
de pouso.
1986. Chegada da Transgarimpeira. O acesso ao garimpo
deixa de ser exclusivamente via aéreo, baixando assim os
custos de produção e ampliando a viabilidade econômica da
exploração.
Final dos anos 90’s. Alguns garimpeiros começam com a
extração de ouro primário.
1999/2000/2001. Auge da produção, a população do garimpo
chega a 5.000 pessoas.
São Chico
São Chico – visão geral do garimpo no fundo área da montanha
São Chico
Situação geral do garimpo
Pouca atividade em 2003.
Sete frentes de trabalho ligadas a vila (seis em atividade).
69 pessoas diretamente trabalhando na garimpagem (59
garimpeiros / 10 cozinheiras).
Produção aurífera 1 kg / mês.
Repassagem de material já lavrado.
Equipes de três trabalhadores, remuneração: 30% da
produção.
Tentativa de aproveitar rejeitos de moinhos (curimã) através de
cianetação.
São Chico
São Chico – visão geral da vila
São Chico
A vila
63 casas ao redor de uma antiga pista de pouso (4 deles são
de uso público, 3 de uso exclusivamente comercial / 8
abandonadas).
44 casas foram amostradas (90% das casas habitadas).
População: 134 pessoas.
Posto do FNS para análise de malária.
Escola sem professor desde Jan/2003.
Três vendas de óleo diesel e quatro compradores de ouro.
São Chico
São Chico – Posto de análise de malária
São Chico
Perfil das casas
A maioria das casas é de uso múltiplo (comercial e residencial).
Em geral os habitantes são proprietários das casas.
Feitas de madeira, chão cimentado, cobertas com chapas de
alumínio, quatro cômodos e banheiro externo.
Energia elétrica fornecida por geradores (diesel).
Água para beber é oriundo de poços e fica armazenado sem
tratamento.
Lixo doméstico é depositado em áreas baldias.
São Chico
Photo 4: São Chico – vista geral da vila.
São Chico
Perfil da população
Maioria de sexo masculino, em média 28 anos de idade.
Residem há 8 anos na vila.
A maioria é Maranhense.
A maioria das crianças e adolescentes (< 18 anos) nasceu no
Pará (tendência de migração permanente).
Baixo nível de educação formal
São Chico
Perfil da população
Not informed
2
more than 60
10
Undergrate incomplete
51 to 60
1
Senior Highschool complete
9
41 to 50
Junior Highschool (5th - 8th)
complete
25
29
31 to 40
6
10
Junior Highschool (5th - 8th)
incomplete
20
Elementary School (1th - 4th)
complete
21 to 30
15
22
Elementary School (1th - 4th)
incomplete
18 to 20
20
9
Only 1th grade
4
15 to 17
Only literante
6 to 14
9
10
15
20
25
11
0
25
5
4
Never went to school
less than 6
0
3
2
4
6
8
10
12
14
16
18
30
Distribuição da população conforme
idade
Nível de educação (% da
população com mais de 14 anos)
20
São Chico
População
26% da população não possui documentos de identificação
pessoal.
A maior parte da população (81%) (> 15 anos) é
economicamente ativo.
Alimentação diária: arroz (100%), carne (80%), farinha de
mandioca (84%) e feijão(61%).
Bens de consumo: fogão à gás (77%), freezer (52%),
ventilador (52%).
São Chico
São Chico – Frente de trabalho Montanha
São Chico
Organização social
Estágio inicial de transição de uma corrutela (suporte para o
garimpo) para uma vila com perspectiva de vida mais
douradura e com uma base econômica mais diversificada.
Status social é baseado em propriedade de terra (em geral
antigas áreas de garimpo com legalização fundiária) e no
comércio.
Não há organizações da sociedade civil na vila (somente uma
igreja protestante).
São Chico
São Chico – Frente de trabalho Montanha –
Caixa concentradora com uma segunda caixa acoplada cujo produto fica para
os trabalhadores
São Chico
Perfil do garimpeiro trabalhador
Tamanho da amostragem: 54%
40 anos de idade, solteiro ou separado.
75% tem filhos (3,3 filhos em média).
Baixo nível de educação formal (55% nunca estudaram).
18% não possui documentos de identificação pessoal.
70% nasceram em Maranhão.
São Chico
São Chico – Frente de trabalho São Conrado
São Chico
Perfil do garimpeiro trabalhador
Começou a trabalhar no garimpo com 17 anos de idade.
Média de permanência em São Chico: 9,3 anos.
80% já trabalharam em outros garimpos.
Agricultura de subsistência (50%) ou emprego foram as
atividades principais antes de entrar no garimpo (ganhos em
média de USD 100).
Em média a última visita na cidade foi há quatro ano.
São Chico
São Chico – Frente de trabalho Baixão Novo –
Bateio com mercúrio para concentração final do ouro.
São Chico
Perfil do garimpeiro trabalhador
Há um regime de trabalho muito homogêneo.
O ganho mensal é de cerca USD 125 (comida é fornecida
pelo dono do serviço, a cozinheira tem que ser paga
pela equipe).
43% dos trabalhadores já trabalhou por conta própria (ou
com maquinário ou manual).
São Chico
São Chico – Frente de trabalho Site Montanha – Pilhas usadas para cianetação
São Chico
Perfil do garimpeiro trabalhador
40% afirmaram de estado doente durante os últimos dois
meses (70% pararam de trabalhar e 60% procuraram
assistência)
Um terço já reportou um acidente de trabalho e 38% já
presenciou um acidente com vitimas fatais.
80% queimam ou já queimaram ouro.
Radio e TV são as fontes principais de informação.
Participação muito tímida em eleições políticas
A violência é muito presente no dia-dia dos trabalhadores.
São Chico
São Chico – Abandonado ‘laboratório’ (cyanetização)
Crepurizonho
História do garimpo
1962. Descoberta
1974. Construção da pista de pouso por Lourival Rodrigues de
Lemos, quem monopolizou o acesso aéreo e o comércio.
1986. Transgarimpeira
1983 – 1990. Auge da produção (350kg-400kg Au/mês), 10.000
habitantes.
1990th descoberta de novos depósitos esquenta novamente a
economia local, embora em um nível inferior aos dos anos
80.
Crepurizinho
Crepurizinho – Visão geral
Crepurizinho
Descrição geral
A vila é usada como base logística para frentes de trabalho
dentro de um raio de 10 km.
Em julho de 2003 cerca de 60 pares de maquinas e 15 poços
estavam em atividade, com uma população de 350 pessoas
diretamente envolvidas no garimpo (300 garimpeiros
trabalhadores e 50 cozinheiras)
Produção: 50kg Au / mês.
Crepurizinho
Crepurizinho – Segunda rua
Crepurizinho
Descrição geral
Tendências no processo de extração de ouro:
• Aumento da capacidade de processamento sem
modificação do processo de apuração
• Cianetização
• Repassagem de áreas já exploradas
• Redução de números de integrantes das equipes de
trabalho
• Redução da disponibilidade de mão-de-obra
Crepurizinho
Crepurizinho – Segunda rua
Crepurizinho
A vila
264 casas (56/264 vazias, 4/264 público sem uso, 8/264 só
uso comercial, 12/264 depósito comercial, 22/264 sem
presença de habitantes, 01/264 recusaram a entrevista).
Amostra: 87,5% das casas ocupadas
553 habitantes (população indicada 600 indivíduos).
Escola pública (1a. a 6a série) com 146 alunos matriculados.
Posto de FNS para análise de malária.
Agente de saúde pago pelo município.
Crepurizinho
Crepurizinho - Travessa D'Gold
Crepurizinho
A vila
Posto policial (3 funcionários).
Três igrejas (1 católica e 2 protestantes).
Quatro compradores de ouro
Cinco de revendedores de óleo diesel (cerca de 100.000 l
mês), a maior parte para o uso na mineração (90%).
Crepurizinho
Crepurizinho
Perfil das casas
A maioria das casas (62.1%) é própria.
A maior parte (75%) é de uso exclusivamente residencial.
Feitas de madeira cobertas com telas de brasilit ou chapas de
alumínio, chão cimentado, na média cinco compartimentos e
banheiro fora de casa.
Um terço das casas não possui energia elétrica.
Água de beber vem de poços abertos, há um preocupação
grande com o tratamento da água, somente 15% bebe água
sem tratamento.
Lixo é queimado ou depositado em terrenos abandonados
Crepurizinho
Crepurizinho – Uma das igrejas
Crepurizinho
Perfil da população
Média 25,5 anos, maior parte feminina.
Vive há 8 anos na vila.
Metade da população nasceu no Pará, 34% em Maranhão
(tendência de migração permanente).
65,7% da população (>14 anos) é economicamente ativa,
73% da forca de trabalho é masculino.
Renda: USD 167 (masculino: USD179, feminino: USD123).
Crepurizinho
Perfil da população
more than 61
Undergraduate complete
2,4%
1,5
Undergraduate incomplete
51 to 60
1,8
5,3%
Senior Highschool complete
41 to 50
3,0
15,7%
Senior Highschool incomplete
31 to 40
Junior Highschool (5th - 8th.)
complete
20,9%
21 to 30
9,6
Junior Highschool (5th - 8th)
incomplete
9,8%
18 to 20
0,3
14,2
Elementary school (1th. to
4th.) complete
3,5%
6,6
Elementary school (1th. to
4th.) incomplete
15 to 17
26,2
3,5%
only 1th Grade
6 to14
23,5%
less than 6
15,5%
0%
5%
10%
15%
Distribuição conforme idade
(em % do total)
13,0
only literante
4,2
never went to school
20%
25%
19,6
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
Nível de educação formal
(% da população com mais de 14
anos)
30,0
Crepurizinho
Perfil da população
Dieta diversificada: arroz, leite, feijão e farinha de mandioca
quase diário, consumo de carne mais baixo.
Consumo de peixe: 1,5 vezes por semana.
Bens de consumo: fogão à gás (96.2%) e TV (60.2%).
63,4% sem propriedades.
23% possuem casas fora da vila (em geral em Itaituba).
Uma pequena parcela da população (~ 7%) tem condições
econômicas distintas do resto da população.
Crepurizinho
Creporizinho – igreja católica
Crepurizinho
Perfil da população
Demandas identificadas
• Assistência médica (posto de saúde ou hospital).
• Escola pública com primeiro grau completo.
• Melhoria e manutenção do acesso via estrada.
• Sistema público de abastecimento de água e energia.
Existem relações estreitas com Itaituba.
Crepurizinho
Crepurizinho – Frente de trabalho Zé Baiano – Rampa desativada
Crepurizinho
Organização social
Status de vila dentro da estrutura administrativa do município.
1991 movimento para a emancipação do município, embora
sem sucesso.
Final de 2002 houve uma oposição contra a liderança da
comunidade (movimento espontâneo)
Clube das Mãe’s como única organização formal da
comunidade (82 mulheres).
Todas as atividades futuras tem que envolver todas as
lideranças formais e informais.
Crepurizinho
Crepurizinho – Frente de trabalho Torrentino – Rampa
Crepurizinho
Perfil dos garimpeiros trabalhadores
Na área de intervenção do projeto estão trabalhando 38
garimpeiros e 7 cozinheiras
Amostra: 81% dos trabalhadores e 2/7 das cozinheira
O trabalhador tem em média uma idade de 40 anos e é
solteiro, a metade dele tem filhos (2,8 por pai).
Menos que 20% da força de trabalho nasceu no Pará.
O nível da educação formal é baixo (20% nunca estudou).
Crepurizinho
Crepurizinho – Frente de trabalhoTorrentino – centrifugas
Crepurizinho
Perfil dos garimpeiros trabalhadores
Trabalham desde 6,5 anos em Crepurizinho.
A maioria deles vive no próprio local de trabalho (baixão).
Na média eles ficam uns três anos no local de trabalho sem ir
para uma cidade (em geral Itaituba).
Um terço mandou em 2003 dinheiro para alguém fora do
garimpo.
Crepurizinho
Crepurizinho – Frente Torrentino
Extração de material para a rampa.
Crepurizinho – Frente Zé Baiano
Open Pit (abandonado)
Crepurizinho
Perfil dos garimpeiros trabalhadores
Tempo médio de trabalho no garimpo 18,5 anos.
Todos conhecem outros garimpos.
Ganho antes de entrar no garimpo foi de USD114 / mês.
No garimpo o ganho individual depende da produção (10%
par de máquina, 2,25% poço/ shaft – equipe de 8).
Ganho individual é difícil de ser calculado (estimativa 5g
Au/semana).
Crepurizinho
Crepurizinho – Frente de trabalho Torrentino – Casas de garimpeiros
Crepurizinho
Perfil dos garimpeiros trabalhadores
39% estavam doentes durante os últimos dois meses, a maior
parte interrompeu o trabalho e 75% procuraram tratamento.
20% já tiveram um acidente de trabalho e 35% presenciaram
um acidente com vitima fatal.
Somente um trabalhador declarou nunca ter queimado ouro.
Crepurizinho
Crepurizinho – Frente de trabalho Luis Preto / Sta. Terezinha – visão geral.
Crepurizinho
Perfil dos garimpeiros trabalhadores
61,3% tem documentos de identificação pessoal
58,1% nunca tiveram contato com um representante do
governo.
Participação baixo em eleições políticas (somente 25,8%
votaram nas últimas eleições).
Crepurizinho
Crepurizinho - Mining Site Luis Preto / Sta. Terezinha - Housing of mining workers
Crepurizinho
Percepção de vida dos garimpeiros trabalhadores
Good
elation with collegues
0,0%
67,7%
Income
35,5%
Health
Housing
Bad
100,0%
Respect
Food
Regular
29,0%
35,5%
41,9%
19,4%
29,0%
45,2%
77,4%
35,5%
3,2%
12,9%
3,2%
61,3%
3,2%
Crepurizinho
Crepurizinho –Frente de trabalho Site Luis Preto / Zé do Baixão
“Cozinha” dos trabalhadores
Crepurizinho
Percepção dos garimpeiros trabalhadores
Três quarto dos trabalhadores afirmou que mercúrio é
prejudicial. No entanto ninguém soube explicar com detalhes
o processo toxicológico (fumaça liberada na queima). Fontes
de informação são a TV ou rádio.
Um pouco mais do que a metade (51.6%) considera a
mineração prejudicial para o meio ambiente. O dano principal
mencionado foi o desmatamento.
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Crepurizinho - iConcentrator.com.br