BARCHETTA 00 DE COMPETIÇÃO DEPOIS DO ISEP Paulo Calçada EUROCLOUD PORTUGAL DE FORA CÁ DENTRO CRITICAL SOFTWARE Pedro Braga À CONVERSA COM... José Alberto Rodrigues 02 ÍNDICE 01 EDITORIAL 02 A RETER » Por um Novo Norte Inovador » Novos Cursos: Mestrados em Engenharia Civil e Engenharia Mecânica » Empreendedores ISEP » ISEP|GO: 10º Aniversário 04 EVENTOS » Fórum do Mar » Inovação, Empreendorismo e Qualidade - As práticas que nos inspiram » XIV EEG: Geotecnia e Sociedade » Palestras Thin Film 2011 » Building New Entrepreneurial Leaders And Coaches For Portugal » 20 Anos IQI » CISTER juntou especialistas internacionais no ISEP » Dias Abertos: Balanço 2010/2011 04 EVENTOS 08 À CONVERSA COM... » José Alberto Rodrigues - Diretor do Departamento de Organização e Gestão 12 DE FORA CÁ DENTRO » Pedro Braga, CRITICAL SOFTWARE 14 DESTAQUE » BARCHETTA 00 16 INVESTIGAÇÃO À LUPA » Tecnologia mudar o Mundo, Nuno Silva 08 À CONVERSA COM 18 DEPOIS DO ISEP » Paulo Calçada - EUROCLOUD PORTUGAL 20 A NOSSA TECNOLOGIA » Remodelação da Estrutura de um Autocarro 22 BREVES » Escolinhas Criativas: Formar Gerações Multimédia e Digitais » EUROPOSGRADOS Argentina 2011 » X OUTOKUMPU: Aço Inoxidável - Um Mundo de Soluções » MEE-SEE: Novo Plano de Estudos 14 DESTAQUE » Formandos Academiacisco.ISEP conquistam Netriders Nacional » Martins de Carvalho na Federação Europeia de Geólogos » Business Sustainability 2011 » 14 RTCM » EPS@ISEP: Apresentação de Resultados » ISEP no Circuito da Boavista » GILT apresenta TIME MESH na Madeira » Projecto Europeu Encourage lançado no ISEP » Robótica ISEP: Show de bola em CONSTANTINOPLA » DEE em Projecto Energético Revolucionário de SILICON VALLEY 26 PROVAS DE DOUTORAMENTO 16 INVESTIGAÇÃO À LUPA EDITORIAL EDITORIAL Numa era marcada por uma economia globalizada e altamente competitiva, o sucesso das organizações passa em, grande parte, pela sua capacidade de inovar, trabalhar em equipa, criar redes, partilhar boas práticas. Este espírito de abertura e inclusão impõe-se igualmente às instituições académicas. Através dos seus nove grupos de investigação e cinco centros de prestação de serviços, o Instituto Superior de Engenharia do Porto tem vindo a desenvolver inúmeros protocolos de colaboração com várias empresas nacionais e multinacionais, nomeadamente em áreas de tecnologias emergentes. O ISEP.BI 14 traz-nos o exemplo de uma dessas parecerias: a colaboração entre o Centro de Investigação em Sistemas Confiáveis e de Tempo Real (CISTER) e a Critical Software. As recorrentes provas dadas por este centro de investigação foram o trampolim para que a Critical procurasse o CISTER para desenvolver uma das partes mais importantes do projeto EMMON. Na secção “De Fora Cá Dentro”, Pedro Braga, o engenheiro de software da Critical que recebeu o ISEP.BI, explica-nos todos os contornos deste projeto inovador. Mas o contato com o mundo empresarial é apenas um passo no processo de abertura de uma instituição de Ensino Superior à comunidade envolvente. Se o diálogo próximo com as empresas for complementado com tecnologias e serviços que produzam impactos sociais positivos, então temos a combinação perfeita. Nuno Silva, investigador do Grupo de Investigação em Engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão (GECAD), traz-nos, neste BI, dois exemplos de projetos que estão a ser desenvolvidos e cujos resultados finais poderão ter reflexos positivos no dia-a-dia de muitos cidadãos. Apesar de terem públicos-alvo e finalidades bem diferentes, os projetos World Search e Ambient Assisted Living for All (AAL4ALL) pretendem colocar a tecnologia ao serviço das pessoas. No “Investigação à Lupa” desvendamos todos os seus segredos. Reforçamos a ideia que o ISEP, além de formar profissionais de Engenharia, preocupa-se em contribuir para a formação de cidadãos. Os estudantes e diplomados do ISEP distinguem-se pelo espírito pragmático, empreendedor e aberto ao mundo. Além das competências técnicas e transversais, existe uma aposta continuada na área da liderança de equipas e gestão de projetos. Como tem sido a aceitação das disciplinas de gestão ou quais as maiores dificuldades por parte de estudantes e docentes foram algumas das dúvidas que colocamos ao diretor do Departamento de Organização e Gestão (DOG), José Alberto Rodrigues, na rubrica “À Conversa Com...”. Há ainda mais para descobrir neste ISEP.BI. Novas tecnologias, projetos inovadores... siga as próximas páginas e entre connosco em mais uma viagem pelo mundo da tecnologia e inovação. ISEP.BI 14 _ FICHA TÉCNICA PROPRIEDADE ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto DIRECÇÃO João Manuel Simões Rocha EDIÇÃO ISEP|DCC – Divisão de Cooperação e Comunicação REDACÇÃO Alexandra Trincão, Flávio Ramos & Mediana DESIGN ISEP – DCC – GDM.2011 IMPRESSÃO Ancestra, Indústria Gráfica, Lda. TIRAGEM 1.500 exemplares DEPÓSITO LEGAL 258405/07 CONTACTOS ISEP|DCC – Divisão de Cooperação e Comunicação » Rua Dr. António Bernardino de Almeida, nº 431 | 4200-072 Porto – Tel.: 228 340 500 » Fax.: 228 321 159 » e-mail [email protected] 01 02 A RETER NOVOS CURSOS MESTRADOS EM ENGENHARIA CIVIL E ENGENHARIA MECÂNICA POR UM NOVO NORTE INOVADOR No dia em que o Instituto Nacional de Estatística divulgou a informação de que a região do grande Porto exporta metade da alta tecnologia portuguesa, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte anunciava os finalistas dos Prémios Novo Norte 2011. O ISEP foi nomeado na categoria Norte Inovador, com o projeto E2I – Excelência e Internacionalização na Investigação. O ISEP tem investido, sustentadamente, na investigação e na internacionalização – aposta que contempla mais de cem parcerias internacionais. O Instituto estabeleceu, recentemente, programas de dupla titulação com universidades espanholas; promove linhas de I&D conjuntas, como é exemplo a atuação no âmbito do Programa Carnegie Mellon Portugal e da rede europeia de excelência CONET; trabalha com o MIT e outros parceiros da iniciativa CDIO; desenvolve tecnologias inovadoras com congéneres latino-americanos. O incremento da mobilidade internacional tem sido também uma das prioridades recentes, com o reforço da participação em iniciativas do Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida, acordos específicos com o universo lusófono, ou na captação de um maior número de estudantes e docentes estrangeiros. A título de exemplo, o Centro de Investigação em Sistemas Confiáveis e de Tempo-Real (CISTER) – um dos nove grupos de I&D da instituição e entre os dois de Engenharia Eletrotécnica e Informativa avaliados com “Excelente”, a nível nacional, pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia – conta com 22 colaboradores estrangeiros na sua equipa de 39 elementos – uma equipa multicultural com 56% de investigadores, cujas nacionalidades se estendem da América do Sul à Ásia. A afirmação da investigação produzida no ISEP tem sido um dos aspetos que mais tem contribuído para o crescente reconhecimento internacional. Por seu turno, a abertura ao mundo tem favorecido uma transmissão de boas práticas, que ajuda a sustentar a excelência da investigação realizada. Esta procura de sinergias, geração e partilha de conhecimento orientado para o mundo-real, cumpre com os eixos estratégicos e ajuda a apoiar a competitividade das empresas nacionais. O ISEP foi um digno finalista, congratulando-se com a entrega do Prémio Norte Inovador ao INESC Porto LA, com quem firmou, recentemente, um memorando de entendimento. Os Prémios Novo Norte nomearam ainda a Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo do Politécnico do Porto (ESMAE.IPP), na categoria Norte Criativo. A Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) aprovou dois novos cursos de mestrado do ISEP: o mestrado em Engenharia Civil e o mestrado em Engenharia Mecânica. Os novos cursos arrancaram já neste ano letivo. Com a aprovação dos dois novos mestrados, o ISEP reformulou a sua oferta pós-graduada. Atualmente conta com 10 cursos de mestrado, com opção por horários pós-laborais, que oferecem uma especialização a jovens licenciados ou profissionais de Engenharia. Os cursos foram desenhados de modo a permitirem a aplicação dos conhecimentos em ambiente de trabalho, testando as capacidades de resposta a novas situações, de liderança de equipas multidisciplinares e de inovação e aprendizagem contínua. O novo mestrado em Engenharia Mecânica abrange quatro áreas chave do setor: Construções Mecânicas (CM), incidindo no cálculo estrutural e tecnologias de construção e fabrico mecânico; Energia (EN), incluindo a produção energética baseada em fontes renováveis – eólica, solar – e a climatização e térmica de edifícios no setor da Energia; Gestão Industrial (GI), com destaque para a conceção e melhoria de produtos, sistemas produtivos, distribuição e informação; Materiais e Tecnologias de Fabrico (MT), designadamente ao nível do comportamento e caracterização de materiais, desenvolvimento e otimização de processos produtivos e técnicas de seleção de materiais. Por seu turno, o novo mestrado em Engenharia Civil fornece uma especialização de elevada competência técnica e científica em quatro opções– Construções, Estruturas, Gestão da Construção, Infraestruturas e Ambiente. O mestrado permite aos seus diplomados exercerem, a todos os níveis, atos de Engenharia Civil nas áreas das construções, estruturas, hidráulica e recursos hídricos, urbanismo, vias de comunicação e transporte e gestão. As capacidades e competências profissionais transmitidas habilitam os futuros mestres para assumirem responsabilidades ao nível da direção de obra; gestão e fiscalização de obras; administração pública e privada/gestão de empreendimentos; gestão de empresas; projeto. O Instituto está comprometido com uma cultura de inovação tecnológica e desenvolvimento sustentável. É neste sentido que tem vindo a promover um diálogo com parceiros empresariais e sociais, que permite avaliar as reais necessidades do mercado e moldar soluções para os desafios da Engenharia do séc. XXI. A RETER EMPREENDEDORES ISEP ANIVERSÁRIO O Gabinete de Orientação (ISEP|GO) celebrou o seu 10º aniversário. Este espaço tem aproveitado o lema “não pares, orienta-te” para sustentar a consagração de uma mentalidade mais O ISEP sempre assumiu como sua missão contribuir para o desenvolvi- dinâmica, desde setembro de 2001. mento de soluções que criem valor-acrescentado. Esta cultura pragmática de inovação ajuda a fomentar uma mentalidade empreendedora Dedicado à integração, bem-estar e sucesso académico dos es- entre estudantes e diplomados. Ao promover o empreendedorismo, o tudantes, o ISEP|GO procura, igualmente, apoiar a construção de Instituto incentiva o desenvolvimento de competências críticas para os perfis pessoais competentes e autónomos, orientação vocacio- desafios do mundo do trabalho. nal, integração profissional e consolidação de projetos de vida. Hélder Fernandes é um dos exemplos dos empreendedores formados A história do ISEP|GO começou com a criação do Gabinete de no ISEP. O engenheiro eletrotécnico criou a ViGIE Solutions – empresa Apoio ao Estudante e do Gabinete de Apoio Pedagógico, tendo premiada que se dedica à criação de soluções integradas de monito- iniciado, desde logo, o Programa de Aperfeiçoamento Pedagó- rização contínua de ambientes hospitalares. Na sua origem, esteve a gico para docentes e as consultas psicológicas para estudantes. constatação de que «havia uma necessidade e, consequentemente, uma oportunidade de negócio». O jovem engenheiro guarda na me- Os anos seguintes assistiram a um rápido aumento do leque mória a aula em que ouviu que, «a principal função de um engenheiro de iniciativas, com o lançamento de cursos de formação para é tornar a vida dos outros mais simples» e recorda o ISEP como «um estudantes – sobressaindo a aposta no desenvolvimento de local de aprendizagem de excelência, onde os alunos são “espicaça- competências transversais – e a participação em ações de aco- dos” a desenvolver competências de estudo, espírito crítico, decisão lhimento de novos alunos. Já integrado na Rede de Serviços e inovação». de Apoio Psicológico no Ensino Superior (RESAPES), o Gabinete investiu nas valências de apoio à transição para o mundo José Pedro Airosa é outro exemplo de empreendedor ISEP, licenciado profissional, com o lançamento de uma UNIVA - Unidade de em Engenharia Informática e cofundador da Bluekora. Considerando Inserção na Vida Activa em 2004 e o arranque da Bolsa de Em- que o trabalho de um engenheiro incide no desenvolvimento de so- prego do ISEP no ano seguinte. luções fiáveis e inovadoras, Airosa associa facilmente a Engenharia ao empreendedorismo. Da passagem pelo ISEP ficou a ideia da «excelente O crescente envolvimento com a integração profissional de metodologia de ensino e de docentes que são verdadeiras inspirações». diplomados levou à organização de eventos como a Feira de Emprego do ISEP (2006) e o Fórum Inovação & Empreende- Também Paulo Ramalho considera indelével a ligação entre a Enge- dorismo (2007). Estas iniciativas contaram com a participação nharia e o empreendedorismo. O engenheiro mecânico e fundador da de várias empresas de renome, entre as quais a EDP, Lactogal, Quimauto, confia na responsabilidade das instituições académicas para Vicaima, Hilti, FASE, entre outras. «formar as novas gerações de empreendedores» e destaca o exemplo da forte componente prática e ligação ao mundo empresarial do Instituto. Em paralelo, o ISEP|GO foi reforçando as medidas de apoio à integração e sucesso académico, com a dinamização do ciclo de A abordagem prática reflete-se, igualmente, em João Vieira Pinto. O conferências Porto de Transições, a participação no Ano Zero engenheiro informático decidiu criar a Jocopi quando estava à procura – curso em métodos de estudo destinado a candidatos ao En- de emprego e vê o empreendedorismo como um processo contínuo sino Superior – e o lançamento do Programa Aluno-Tutor. O de perseverança e evolução. «O ISEP foi, sem dúvida, um dos principais ISEP|GO colaborou ainda no seminário (UN)REST – de reinte- pilares da minha formação», comenta. Destaca, entre outras, a expe- gração de alunos Erasmus – e tem promovido, desde 2009, o riência de mobilidade internacional ao abrigo do programa Erasmus seminário de acolhimento de novos alunos INTEGRA’ISEP. – que lhe abriu novos horizontes – e a disponibilidade de docentes e de funcionários não docentes. Para João Vieira Pinto, «todos somos Em 2010, o atendimento do ISEP|GO atinge uma marca próxima empreendedores à espera da motivação para nos impulsionar». dos 20% do universo estudantil ISEP (composto por mais seis mil e quinhentos alunos). Outro facto digno de destaque é a Conforme destacou recentemente o Presidente da República, a feroz marca de mil empresas registadas na Bolsa de Emprego do ISEP, competição globalizada requer que os jovens respondam com «uma já em 2011. forte preparação técnica, aliada a uma inteligência criativa, motivação para a ação e gosto pela iniciativa». O ISEP vê no empreendedorismo O Gabinete de Orientação é um dos serviços que espelha o uma chave para a construção de uma sociedade mais dinâmica, com- investimento do ISEP no bem-estar e sucesso dos estudantes. petitiva e geradora de oportunidades. 03 04 EVENTOS FÓRUM DO MAR Reconhecendo o Mar como um espaço onde Portugal se pode afirmar Em linha com a ambição de usar a Engenharia para redescobrir potencia- científica e tecnologicamente, o ISEP participou no Fórum do Mar em lidades do Mar e criar soluções, o ISEP divulgou alguns dos vários projetos estreita colaboração com a Universidade do Porto. Além de um stand de investigação aplicada que desenvolve neste eixo estratégico de ação. informativo, a presença na Exponor contou com uma apresentação por Ana Pires e Helder Chaminé, no âmbito do painel “Viver o Cluster”. A título de exemplo, o ISEP tem em desenvolvimento projetos na área da robótica para salvamento de náufragos ou inspeção submarina; em A Economia do Mar compreende uma diversidade de atividades asso- Engenharia Química, para aproveitamento de algas na produção de ciadas a setores como a construção e reparação naval, pesca, aquicul- biodiesel ou na avaliação da qualidade alimentar (pesca); de estudo tura, conservação e transformação de pescado, turismo e náutica de da conservação costeira rochosa e preservação dos sistemas aquíferos recreio, energia e ambiente, novos produtos e materiais, transportes e costeiros, no campo da Engenharia Geotécnica e Geoambiente; além infraestruturas portuárias. de valências da Engenharia Mecânica e da Engenharia Eletrotécnica, que podem ser colocadas ao serviço das indústrias naval e conserveira Considerando este potencial económico, o primeiro Fórum do Mar ou da produção de energias limpas. visou incentivar sinergias, apresentar tecnologias e oportunidades de negócio e internacionalização, sendo organizado por dois parceiros do A presença na Exponor serviu ainda para impulsionar a assinatura de ISEP – a Oceano XXI – Cluster do Conhecimento e Economia do Mar e um protocolo de colaboração do Pólo do Mar, entre o Politécnico do a Associação Empresarial de Portugal (AEP). Porto e a Universidade do Porto. EVENTOS XIV EEG GEOTECNIA E SOCIEDADE O Departamento de Engenharia Geotécnica (DEG) promoveu o XIV En- promoveu o debate de uma variedade de temas que concorrem para contro de Engenheiros Geotécnicos (XIV EEG). Subordinado ao tema os atuais desafios que se colocam a todas as equipas de geoprofissio- “Geotecnia e Sociedade”, este evento decorreu em Maio. nais, no sentido de favorecer uma sociedade mais equilibrada. Entre os temas em discussão no XIV EEG estiveram a atualização de co- Realizado desde os primórdios da existência do curso de Engenharia nhecimentos, a troca de experiências, o contato com o mundo real da Geotécnica (atualmente Engenharia Geotécnica e Geoambiente), o moderna Geotecnia nas suas diferentes vertentes – desde a caracteri- EEG é um evento bienal que serve, igualmente, para aproximar antigos zação e obras de geoengenharia de maciços, em complexos contextos alunos – engenheiros geotécnicos espalhados um pouco por todo o geotécnicos, até à valorização dos georrecursos e geoenergia de uma mundo – e reuni-los com atuais estudantes e docentes para um mo- forma ambiental e sustentável. mento de convívio e troca de experiências profissionais. Aberto a profissionais e estudantes de geoengenharias, o XIV EEG con- O XIV EEG contou com a participação da Universidade do Porto, Uni- tou com a presença de vários oradores convidados, de elevada repu- versidade Fernando Pessoa, Universidade de Santiago de Compostela, tação e créditos firmados nos meios académico e empresarial, garan- Associação Nacional de Engenheiros Técnicos (ANET) e da empresa tindo a manutenção da excelência das anteriores edições. O evento MonteAdriano. INOVAÇÃO, EMPREENDORISMO E QUALIDADE AS PRÁTICAS QUE NOS INSPIRAM No sentido de continuar a sustentar a partilha de conhecimentos Seguidamente, Isabel Caetano aflorou a importância da inovação e boas práticas que contribuam para a modernização e competiti- como elemento chave da competitividade num mercado globali- vidade do setor público, o ISEP promoveu o seminário “Inovação, zado, seguida de uma análise de empresas líderes em inovação. A Empreendedorismo e Qualidade – As práticas que nos inspiram”. apresentação permitiu destacar, a título de exemplo, a importância das capacidades de associação, observação, trabalho em rede, ex- O evento começou com o painel “O Empreendedorismo e a Ino- perimentação e sentido crítico. vação”, moderado por Luís Fonseca (ISEP e APCER) e que incluiu as palestras “Innovation in Stimulating Entrepreneurship Through the No painel da tarde, “Boas Práticas na Qualidade e Comunicação”, Public Sector”, de Dane Redford (Universidade Católica) e “Práticas Miguel Rangel (Sport Zone) apresentou “A Mudança na de Gestão de Inovação”, por Isabel Caetano (COTEC Portugal). Comunicação”, onde abordou o processo de criação da nova marca Sonae. O orador norte-americano abordou a importância do setor público como catalisador do empreendedorismo e destacou que aproxi- O seminário terminou com a apresentação “Prémio Boas Práticas no madamente dois terços dos portugueses com estudos superiores Sector Público – A Experiência do ISEP”. A exposição de Berta Bap- gostariam de criar o seu próprio emprego. Ao abordar a importân- tista (ISEP) serviu para divulgar o processo de criação da plataforma cia da formação no processo de construção de uma mentalidade SIMPLEXmente Académico, que permitiu ao ISEP vencer o Prémio mais empreendedora, Dan Redford apontou ainda a premência da Boas Práticas no Setor Público: Serviço ao Cidadão – Ensino, mas aposta na cooperação e partilha de boas práticas internacionais. que se espera representar apenas o início de um caso de sucesso. 05 06 EVENTOS CISTER JUNTOU ESPECIALISTAS INTERNACIONAIS NO ISEP O CISTER organizou a 23ª Conferência Euromicro em Sistemas de Tempo-Real (ECRTS 2011). Este evento reuniu, no ISEP, cerca de 200 especialistas em sistemas embebidos e de tempo-real, das mais reputadas instituições científicas e empresas europeias, americanas e asiáticas. Antecedendo a conferência, o dia 5 de julho foi dedicado a cinco workshops paralelos, cujo ambiente colaborativo visou o intercâmbio de ideias sobre vários tópicos especializados. Seguidamente, o programa da conferência estendeu-se entre 6 e 8 de julho, sendo composto por oito sessões principais e duas palestras convidadas dos professores Hermann Kopetz e David Atienza, referências mundiais nas suas áreas de trabalho. Hermann Kopetz, professor da Vienna University of Technology, abordou os resultados do seu trabalho na área de “Time Triggered Architectures”, enquanto David Atienza, docente da École Polytechnique Fédérale de Lausanne e da Universidad Complutense de Madrid, incidiu na temática de “Thermal-aware design of multiprocessor system-on-achip architectures”. embebidas; escalonamento de tarefas computacionais e partilha de re- O programa científico da ECRTS 2011 pautou-se pela relevância dos A ECRTS 2011 terminou com um painel de discussão sobre o tema participantes e apresentações, contando com um total de 25 comuni- Networked Monitoring and Control/Cyber-Physical Systems, moderado por Jorge Pereira (Comissão Europeia) e com a participação de Ted Baker (National Science Foundation, EUA), Chenyang Lu (Washington University), Al Mok (University of Texas at Austin), Sérgio Penna (EMBRAER), Eduardo Tovar (CISTER) e Karl-Erik Årzén (Lund University). cações (entre um total de 119 artigos de alta qualidade submetidos). Ao longo da semana, observaram-se ainda apresentações em tópicos, como a análise de tempos de execução de programas embebidos; gestão de energia e dissipação térmica de plataformas computacionais cursos em plataformas multiprocessador; redes e sistemas distribuídos de tempo-real. DIAS ABERTOS: BALANÇO 2010/2011 O Instituto Superior de Engenharia do Porto é uma das principais No presente ano letivo, o ISEP acolheu visitas da Escola Secun- escolas de Engenharia em Portugal. Fundado em 1852, sempre dária dos Carvalhos (V. N. Gaia), Colégio das Escravas do Sagrado primou por uma postura de abertura e proximidade aos parceiros Coração de Jesus (Porto), Escola Secundária da Boa Nova (Leça da académicos, empresariais e sociais. Palmeira), LIAAD - INESC Porto (Porto), Escola Secundária de Marco de Canaveses, Escola Secundária de Águas Santas (Maia), Agrupa- Nos Dias Abertos, as escolas têm a possibilidade de visitar o ISEP, co- mento Vertical Canelas (V. N. Gaia), Centro de Apoio Tecnológico nhecer o campus, laboratórios, cursos e filosofia de ensino/aprendiza- à Indústria Metalomecânica (Porto), GTI - Gestão, Tecnologia e Ino- gem. Ao promover um contacto próximo com estudantes e colabora- vação S.A., Escola Secundária da Maia, Agrupamento de Escolas da dores da Instituição, constituem uma enriquecedora apresentação do Senhora da Hora nº 2 e do Programa Ciência Viva, contemplando Ensino Superior, da Ciência e, particularmente, da Engenharia. um total de 362 alunos visitantes. Em linha com esta orientação, o ISEP promove, mensalmente, um Mantendo a aposta num espírito inclusivo e colaborativo, o calen- Dia Aberto, em que recebe a visita de escolas secundárias e profis- dário dos Dias Abertos 2011/2012 será divulgado em breve, man- sionais para desvendar um pouco do mundo da inovação tecnoló- tendo-se o contacto [email protected] para a marcação de visitas e gica a candidatos ao Ensino Superior. pedidos de informação. EVENTOS PALESTRAS THIN FILM 2011 O Departamento de Física (DFI) promoveu um ciclo de palestras, organizado pelo professor Lijian Meng, sobre as aplicações de filmes finos -Thin Film 2011. Este ciclo, que decorreu entre 16 de maio e 13 de junho, compreendeu cinco sessões que abordaram as potencialidades deste tipo de produto. Os filmes finos variam entre frações de uns nanómetros a vários mi- BUILDING NEW ENTREPRENEURIAL LEADERS AND COACHES FOR PORTUGAL crómetros de espessura, sendo usados em aplicações como semicondutores eletrónicos, revestimentos óticos ou para uso em memórias de computadores. A primeira ronda deste ciclo de palestras realizou-se no dia 16 de maio, com a apresentação de Paulo Fernandes, “Células Solares em Filmes Finos de Cu2ZnSnS4 Crescido por Sulfurização de Multicamadas Metálicas”. Seguiram-se “Filmes Finos Ultraduros e Nano-estruturados para Aplicações Tribológicas”, por Cristiano Abreu; “A Industrialização em Massa da Tecnologia CIGS”, de Manuel Azevedo; “Preparação e Caracterização de Filmes Finos de Óxido de Índio-Estanho (ITO)”, por Lijian Meng; “Physical Characterization of Plasma Deposited Polymeric Proton Exchange Membrane used in Fuel Cells”, de Rui Silva. No seguimento do seminário “Inovação, Empreendedorismo e Qualidade – As Práticas que nos inspiram”, o ISEP convi- 20 ANOS IQI O Departamento de Física (DFI) celebrou, no dia 4 de junho, os 20 anos do bacharelato em Instrumentação e Qualidade Industrial (IQI), precursor da atual licenciatura em Engenharia de Instrumentação e Metrologia. O bacharelato em Instrumentação e Qualidade Industrial foi aprovado a 1 de julho de 1991 e iniciou o seu funcionamento no ano letivo 1991/92. Seguiu-se a aprovação da licenciatura bietápica em Engenharia de Instrumentação e Qualidade Industrial (EIQI), em outubro de 2000. dou o norte-americano Ron Hustedde, diretor do programa de liderança e empreendedorismo Kentucky Entrepreneurial Coaches Institute, para um seminário sobre boas práticas de empreendedorismo. «Os países e regiões precisam, cada vez mais, de se perspetivarem como empreendedores, com espaço para empresários que desafiam o status quo. É esta capacidade de encontrar soluções, onde outros apenas veem problemas, que serve a comunidade e a melhoria da qualidade de vida local. O sucesso das regiões passa, crucialmente, pela capacidade de fomentar uma cultura empreendedora de inovação». Posteriormente, no âmbito do Processo de Bolonha, o curso sofreu nova reestruturação, tendo surgido a licenciatura em Engenharia de Instrumentação e Metrologia no ano letivo de 2006/2007. Três anos depois, em 2009/2010, surge o mestrado em Instrumentação e Metrologia. Direcionado para as áreas de metrologia, controlo de qualidade, gestão de equipamento industrial e hospitalar, entre outros, este curso, inovador em Portugal, forma profissionais aptos a desempenhar funções ao nível de direção técnica de laboratórios de metrologia e execução técnica de calibrações de equipamentos. Para a celebração dos 20 anos do IQI, o DFI contou com a presença especial de vários diplomados, ex-docentes e empresas, que têm ajudado a edificar a sua reputação. Mecwide, Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica (CATIM), Randstad e Nicola foram alguns dos nomes representados. Até 2011, o ISEP já formou centenas de diplomados nesta área, sendo a licenciatura frequentada atualmente por cerca de 70 futuros diplomados. De acordo com Natércia Lima, diretora do Departamento, o curso destaca-se por promover um saber aplicado que responde às exigências de uma sociedade do conhecimento e criativa. O seminário aproveitou a experiência do premiado programa Kentucky Entrepreneurial Coaches Institute para refletir sobre formas de apoiar o desenvolvimento de um programa personalizado de formação de líderes empreendores portugueses. O programa explorou, ao longo dos dois dias, temas associados à pesquisa de ativos; aproveitamento das artes locais como fonte de empreendedorismo; a cultura empreendedora; networking; reconhecimento; recolha de informação; aplicação de planos de negócio, entre outros. 07 08 À CONVERSA COM... JOSÉ ALBERTO RODRIGUES DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO Numa escola em que o espírito pragmático e inovador é o mote, aprender a gerir é fundamental para um aluno se tornar um engenheiro de topo. Nascido há cerca de 20 anos, o Departamento de Organização e Gestão do ISEP tem uma missão aliciante: ajudar os pragmáticos engenheiros a desenvolver as competências chave para serem bons gestores, coordenadores e empreendedores. O diretor do Departamento explicou ao ISEP|BI como se trava a batalha contra o ceticismo em relação às chamadas “disciplinas teóricas”. ISEP.BI Qual a importância do Departamento de Organização e Gestão numa escola de engenharia como o ISEP? J.A.R. Atualmente, não chega a um engenheiro ter apenas competências técnicas. Tem de ter conhecimentos e competências transversais, das quais a Gestão é uma das mais importantes. Há outras, como as línguas, ou os conhecimentos básicos de informática, que são também indispensáveis. Mas a Gestão é muito, muito importante e tem várias áreas que são fundamentais. Desde logo, o conhecimento de como funcionam as empresas, como se estruturam as organizações. Conhecimentos que são úteis para que alguém que entre numa organização perceba o que se passa à sua volta. Perceber que há vários departa- ISEP.BI Quando nasceu o Departamento de Organização e Gestão? mentos, que há interdependências, que há relações de chefia e de José Alberto Rodrigues (J.A.R.) O Departamento de Gestão nasceu subordinação, que é preciso coordenar processos... Depois, há compe- por iniciativa do Conselho Científico há cerca de vinte anos, quando tências mais específicas, desde competências de trabalho em equipa, se começou a evidenciar a necessidade de incluir disciplinas de gestão por exemplo, uma das mais valorizadas pelas empresas, competências nos vários cursos de Engenharia. O primeiro associado foi o Departa- de gestão de projetos, capacidade de empreender, competências para mento de Informática. De uma forma gradual, as disciplinas de gestão lidar com a mudança... Já ouvi gestores de topo afirmarem aos seus foram passando para a responsabilidade do novo departamento e foi- subordinados: ‘quem não é capaz de lidar com a mudança vai ter que -se estruturando o ensino da gestão nos vários cursos da escola. mudar de empresa’. À CONVERSA COM... ISEP.BI Pode afirmar-se que um bom engenheiro deve ser também profissional. A nível de competências mais concretas, diria que serão um bom gestor? básicas algumas competências de organização de trabalho, por um J.A.R. Diria até que, na maior parte dos casos, essa afirmação é corre- lado, e algumas competências que têm muito a ver com atitude e ca- ta. Temos feito contactos regulares com antigos alunos, no sentido de pacidade de lidar com pessoas. Neste grupo, inclui-se a comunicação, perceber qual é a atividade deles, quais são as competências da gestão a motivação e a coordenação de pessoas e equipas. A capacidade de de que mais precisam. E são muito raros os casos dos engenheiros que planear, organizar e controlar é extremamente importante. Ser capaz nos referem que gastam menos de 20% do seu tempo em tarefas de de gerir reuniões, estabelecer calendários, conseguir organizar o seu gestão e de coordenação, sendo que há muitos deles que gastam 50% trabalho e, consequentemente, o dos outros. Outra das coisas que hoje do seu tempo, ou mais, nesse tipo de tarefas. se fala muito é de empreendedorismo. Não só o empreendedorismo de quem lança a sua empresa, mais também o empreendedorismo ISEP.BI Existiu algum ponto de viragem que permitiu a existência de dentro das empresas. Esta é uma competência muito importante. disciplinas de Gestão no ISEP? J.A.R. Do meu ponto de vista, não houve um momento – houve uma ISEP.BI Provavelmente, o contributo começa pelas escolas. sensibilidade crescente. Em geral, há uns 20 ou 30 anos, os cursos de J.A.R. Acho que é a nossa obrigação. Sentimos que podemos dar um Engenharia tinham apenas disciplinas técnicas das suas áreas. Aos pou- contributo importante e o departamento está firmemente empenhado cos, as várias entidades envolvidas, desde as próprias escolas, a Ordem em ajudar a esta transformação, que, antes de mais, é uma transformação dos Engenheiros e as próprias estruturas empresariais foram solicitan- ao nível da atitude. Se quisermos ser mais produtivos, é fácil encontrar do, cada vez mais, as competências de gestão. Foi um processo gra- instrumentos e métodos de trabalho simples e eficazes. O difícil é querer dual. Aqui, na escola, acho que a viragem se deu, realmente, aquando utilizá-los, o difícil é ver que se tem de mudar de atitude, que se tem de do Processo de Bolonha. Quando se deu a reformulação dos cursos, mudar de processo de trabalho. Isso é que é realmente complicado. houve um grande movimento no sentido de se organizar os cursos de acordo com padrões internacionais. Portanto, mais do que nunca, ISEP.BI Quais as principais dificuldades dos alunos? os responsáveis pelas decisões curriculares foram ver o que se fazia lá J.A.R. A grande questão é convencer os alunos de que a Gestão é im- fora. Sondaram-se as associações patronais, recolheu-se a opinião dos portante, porque, obviamente, a expetativa da generalidade dos alu- empregadores em vários pontos do mundo (até porque não formamos nos, quando vem para um curso de engenharia, é tratar de “coisas téc- engenheiros apenas para Portugal, mas para o mundo) e as orienta- nicas”. Todos os anos temos alunos que nos dizem que se inscreveram ções eram muito claras – a Gestão é fundamental. num curso de Engenharia, não de Gestão. “TEMOS OBRIGATORIAMENTE QUE FAZER COISAS DIFERENTES, OU SEJA, INOVAR” ISEP.BI E como é que contornam essa situação? J.A.R. A princípio, os alunos desconfiam. Acham que são conteúdos pouco importantes, mas, a partir do meio do semestre, percebem realmente a importância da Gestão. E a grande maioria adora. Quanto ISEP.BI Quais são as competências chave que destacaria? mais adiantados estão os alunos nos cursos, mais valorizam estas disci- J.A.R. Em primeiro lugar, é necessário que um engenheiro tenha a plinas. Para alunos do primeiro ano, às vezes, é um pouco complicado, sensibilidade de perceber o que se passa à sua volta. Se estamos, por porque eles não perspetivam a sua atividade profissional, não pensam exemplo, a falar dos trabalhadores-estudantes, eles sabem o que é uma que vão ter um emprego um dia. À medida que se aproximam do fim empresa, sabem o que é a coordenação, sabem o que são os departa- do seu ciclo de estudos, a consciência da importância da Gestão au- mentos. Mas estas competências de Gestão são especialmente impor- menta muito. tantes para alunos que nunca trabalharam, que não fazem ideia do que é uma empresa. Portanto, tentamos transmitir esta primeira noção do ISEP.BI Quais as vantagens para os engenheiros de terem uma forma- que é uma empresa, de como é que trabalha, como é que se deve re- ção multifacetada, que, neste caso, inclua também a Gestão? lacionar com o mercado, o papel dos clientes numa organização... São J.A.R. Podia perguntar aos alunos como iam arranjar emprego sem conceitos estruturantes e básicos. E nota-se que proporcionam uma estas competências. Se eles têm alguma dúvida, que falem com em- grande evolução do modo como os alunos encaram a sua atividade presas, que falem com empregadores, com responsáveis de recursos 09 10 À CONVERSA COM... humanos e lhes perguntem o que esperam dos engenheiros que contratam. E a resposta vai ser muito clara. A esmagadora maioria dos alunos não vai conseguir ter um bom emprego, ou ter bons resultados no mundo profissional, sem competências de Gestão. Há estudos que mostram claramente que a maior parte dos engenheiros, ao fim de alguns anos, tem tarefas ou cargos de gestão. ISEP.BI Nota diferença entre os alunos de Ciências Sociais, ou de áreas mais “teóricas” em relação aos de Engenharia? J.A.R. Diria que a maior parte dos engenheiros tem uma sensibilidade natural para a Gestão. E não é por acaso que há muitos engenheiros em cargos de gestão, como o engenheiro Belmiro de Azevedo e muitos outros. Há uma certa predisposição natural, talvez porque os alunos de engenharia aprendem, desde o início, que há relações de custo-benefício nas suas decisões. Os engenheiros têm uma particularidade: são muito pragmáticos. Querem é saber de resultados, querem é saber como resolver um problema. Não lhes interessa muito as teorias, não lhes interessam muito os conceitos abstratos, coisa que os estudantes das Ciências Sociais, normalmente, têm muito mais facilidade em aprender e gostar. Os nossos alunos querem basicamente respostas, soluções. E, portanto, procuramos estabelecer, nas nossas disciplinas,uma relação com a prática que os ajude a interessar-se pela Gestão. ISEP.BI A autonomia dos alunos é também uma competência que tentam incutir? J.A.R. O paradigma de Bolonha é mais ajudar a aprender do que ensinar. Procuramos, desde o início, entrar bem neste espírito. Os alunos devem ser estimulados a desenvolver competências, preferencialmente, através da realização de trabalhos e projetos. A experiência demonstra que assim é mais fácil motivá-los e que eles acabam por aprender mais. ISEP.BI Isso aproxima-os do mundo do trabalho... J.A.R. Procuramos que as nossas disciplinas não sejam apenas concetuais. Têm de ser disciplinas em que os alunos desenvolvam competências de aplicação prática na sua vida académica e profissional. Porque o ISEP não é uma escola de gestão, é uma escola de engenharia. Procuramos continuamente adequar as disciplinas às necessidades da escola e dos alunos. Pensamos ser esse o nosso papel. ISEP.BI De que forma o Departamento de Organização e Gestão e os professores tentam ensinar os conceitos de gestão e empreendedorismo na formação dos alunos? J.A.R. Nas nossas disciplinas, procuramos passar uma imagem muito forte de que, cada vez mais, temos de construir as nossas carreiras e temos de construir o nosso emprego, quer o façamos de forma individual, quer o façamos numa empresa. Porque, mesmo numa empresa, os profissionais têm de criar os seus resultados, têm de criar os seus projetos, encontrar oportunidades de negócio. O ter um emprego, em que nos limitamos a executar o nosso trabalho, está cada vez mais ultrapassado. E tentamos, de maneira muito forte, passar isso aos alunos. Para alguns, isto é um choque, porque ainda têm muito a perspetiva de ‘tenho um curso, tenho um canudo, por isso, tenho um emprego’. ISEP.BI Qual é o contributo das disciplinas oferecidas pelo departamento para que um engenheiro seja empreendedor e inovador? J.A.R. Contribuímos de duas maneiras. Primeiro, ajudamos os alunos a terem a atitude correta e, depois, damos algumas ferramentas essenciais para eles começarem. Não somos uma escola de Gestão, mas tentamos que os alunos saiam daqui com as competências necessárias para arrancar e para saber, depois, onde podem procurar o que necessitam. À CONVERSA COM... ISEP.BI A inovação é uma das poucas formas de contornar o cenário ISEP.BI Quais considera terem sido as principais conquistas do Depar- que se vive atualmente? tamento de Organização e Gestão? J.A.R. Acho que não há assim muitas outras formas, porque o grande J.A.R. A primeira, e principal conquista, foi termos reunido um corpo problema da nossa economia é o baixo valor acrescentado das empre- docente muito competente e com muita experiência profissional. Mui- sas. Ou seja, na generalidade das empresas, fazem-se produtos em que tos dos docentes continuam a ter ligações ao exterior, até para pode- a margem de lucro é muito pequena. Portanto, aquilo que vendemos rem ir transmitindo aquilo que, em termos de gestão de empresas, é é o preço-hora de trabalho e temos de competir com salários baixos. mais atual e mais adequado. Outra conquista foi termos vindo a provar Produtores como a China, Índia e outros têm custos muito inferiores que as competências de Gestão são importantes e trazem grandes be- aos nossos em termos de mão-de-obra. Temos, obrigatoriamente, de nefícios aos alunos dos vários cursos. fazer coisas diferentes, ou seja, inovar. ISEP.BI Estas conquistas servem também para garantir a abertura das ”EMPREENDEDORISMO É A CAPACIDADE DE FAZER UMA BOA IDEIA FUNCIONAR” instituições de Ensino Superior à sociedade e às empresas? J.A.R. Fazemos questão que uma percentagem significativa dos docentes mantenha uma ligação ao exterior. Aliás, somos dos departamentos que tem menos docentes em regime de exclusividade. A maioria, que leciona em tempo parcial ou a tempo inteiro, mantém a ligação ao exterior. ISEP.BI Temos de nos impor pela qualidade do nosso trabalho. J.A.R. Pela qualidade e pela diferenciação. Muito mais isso do que qual- ISEP.BI A ligação ao exterior é importante para a aquisição de conhe- quer outra coisa. É fundamental buscar novas áreas de negócio. Procu- cimentos... ramos transmitir aos alunos essa perspetiva. Isso requer, além de com- J.A.R. Costumo dizer que, em termos de ensino, somos muito um de- petências técnicas, criatividade, livre iniciativa e propensão ao risco. partamento de “preparação profissional” de engenheiros e, por isso, São atitudes que estão um pouco submersas na sociedade portuguesa. temos de estar muito ligados à atividade prática da Gestão, para nos mantermos atualizados. ISEP.BI Como é que descreve o empreendedorismo? J.A.R. Empreendedorismo é a capacidade de fazer uma boa ideia funcionar. ISEP.BI Para o futuro, quais as principais metas já traçadas pelo departamento? ISEP.BI Porque as pessoas não sabem pô-las a funcionar? J.A.R. Em primeiro lugar, desenvolver continuamente a formação dos J.A.R. - Por um lado, é isso e, por outro, nem todas as boas ideias funcio- nossos docentes, porque é fundamental para prestar um bom serviço nam. Cerca de 80% das ideias que surgem no mercado não resultam. aos alunos, a escola e ao departamento. Depois, intensificar a oferta for- Mas faz parte do processo empreendedor não desistir. Se não dá uma mativa, incluindo a pós-graduada e extracurricular em várias áreas da coisa, tenta-se outra. Temos de aprender a valorizar o erro. Alguém que Gestão, para alunos e antigos alunos. Para evoluírem nas suas carreiras, já falhou tem menos probabilidade de voltar a falhar. Nós temos muito têm necessidade de formação que lhes permita a melhoria e a atualiza- medo de falhar e, por isso, acabamos também por nem sequer tentar ção de conhecimentos e o desenvolvimento de competências em di- arriscar. Qualquer nova ideia é um risco. Se tivermos uma atitude posi- versas áreas ligadas à Gestão. Por último, incrementar as atividades de tiva, as hipóteses de sucesso aumentam. Mas estamos a mudar e estou investigação e de colaboração em projetos nacionais e internacionais, otimista. Acredito que vamos dar a volta. em especial com outros departamentos e grupos do ISEP. 11 12 DE FORA CÁ DENTRO PEDRO BRAGA CRITICAL SOFTWARE OS ENGENHEIROS DEVEM PROCURAR A APRENDIZAGEM CONTÍNUA Pedro Braga é um dos responsáveis pelas áreas de projetos da Critical Software e o interlocutor privilegiado entre a empresa e o ISEP, no âmbito do projeto EMbedded MONitoring (EMMON). Ele está consciente de que a ligação entre as instituições de Ensino Superior e o mundo empresarial é essencial para o sucesso dos negócios no setor tecnológico. Senão, veja-se: as empresas estão focadas na execução dos projetos que têm em mãos e os seus objetivos são servir os clientes com o máximo de qualidade. Isto implica, por um lado, profissionalismo, organização e método e, por outro, um enorme conhecimento da «A inovação tecnológica passa por colaborações estreitas, entre empresas que atuam no mercado e grupos de investigação que avançam as fronteiras do conhecimento em áreas-chave desse mercado». É a partir deste pressuposto que Pedro Braga, engenheiro da Critical Software, analisa a importância da ligação entre o meio académico e empresarial. Um exemplo bem sucedido é a ligação entre o “gigante” tecnológico português e o ISEP, através da colaboração com o Centro de Investigação em Sistemas Confiáveis e de Tempo-Real (CISTER), num projeto europeu que planeia as cidades do futuro. O resultado é uma parceria inovadora, com frutos colhidos e uma promissora perspetiva de futuro. área tecnológica em causa para poder desenhar e fornecer a melhor solução, otimizando a relação qualidade/custo da mesma. É aqui que a competência de um grupo de investigação como o CISTER surge como um apoio relevante. A Critical Software é uma organização que reconhece a importância da JUNTOS POR UM MUNDO MAIS “ INTELIGENTE” investigação e desenvolvimento tecnológico (I&DT) como um investimento indispensável à sua competitividade e capacidade de inovação. O projeto EMMON, atualmente em curso, está a ser desenvolvido em Esta vontade de se manter na vanguarda do conhecimento, alimenta parceria entre a Critical e o CISTER. E porquê o CISTER? Pedro Braga res- o interesse da parceria com o ISEP, para desenvolvimento e partilha de ponde: «É um dos centros de investigação que tem contribuído mais conhecimento de ponta. ativamente com desenvolvimentos importantes, a nível mundial. Tem uma excelente equipa de investigadores, com grande competência Aprofundando sobre as mais-valias da ligação ao centro de investiga- científica, excelente abertura e disponibilidade pessoal e profissional ção do ISEP, Pedro Braga reconhece que «a atividade de investigação para abordar novos caminhos. Aliás, o mérito e reconhecimento inter- científica no meio académico, além de nobre, beneficia de um âmbito nacional do centro ficaram bem patentes no decurso da 23rd Euromicro mais aberto, já que os investigadores podem dedicar-se a temas de Conference on Real-Time Systems», que o ISEP organizou este ano. pesquisa emergentes e dificilmente comportáveis para o meio empresarial». Ao trabalhar em equipa, esta ligação traz benefícios comple- A tecnologia em causa, que se pode apelidar de “Redes de Sensores mentares, já que ajuda a alimentar a inovação na empresa cedendo, Sem Fios”, começa por juntar, num único componente de baixo custo, igualmente, espaço para uma operacionalização dos conceitos. Por um e com dimensões muito reduzidas, capacidades sensoriais, de compu- lado, a Critical pode trabalhar com investigadores de reconhecido mé- tação e de comunicação. Esta solução permite criar uma rede alarga- rito e evoluir em especificidades tecnológicas e científicas. Por outro, da de sensores, capazes de comunicar entre si e fazer um “relatório” os próprios investigadores do ISEP podem ver as suas pesquisas ganhar abrangente de vários parâmetros de medição, como a temperatura ou corpo em potenciais produtos e ganham um acesso privilegiado aos o nível de concentração de dióxido de carbono, entre outros. Partindo processos da indústria. E, quando esta ligação é bem efetuada, e com disto, pode-se trabalhar em aplicações de gestão de edifícios, mobili- objetivos bem delineados, é opinião do engenheiro que «se obtêm re- dade urbana, ou contribuir para o desenvolvimento de um modelo de sultados excelentes» e que motivam ambas as partes. cidade inteligente. DE FORA CÁ DENTRO O engenheiro da Critical Software explica que «um dos maiores desa- tras entidades estrangeiras», acrescenta. fios para efetivar as potencialidades desta tecnologia é a escalabilidade. À medida que a área a cobrir aumenta, a quantidade de informação Para o futuro, já há novas colaborações em carteira. Isto porque, segun- a recolher pela rede aumenta também». Ou seja, a rede de sensores do o engenheiro da Critical, «o trabalho em conjunto serviu para ter- tem que ser inteligente, de forma a não comunicar todas as medidas mos uma consciência das capacidades mútuas. Existe já uma interação recolhidas por qualquer sensor em qualquer momento, mas ter inteli- para colaborar em projetos da mesma área despoletados pelo CISTER». gência própria embebida na rede para processar os dados e produzir a informação crucial, otimizando, inclusive, o consumo energético usado Por outro lado, há igualmente «um projeto da Critical com a Agência nas comunicações. Espacial Europeia que poderá contar com o contributo do CISTER para uma melhor sustentação científica do próprio projeto». Ainda segundo Pedro Braga, este projeto tem um enorme potencial de aplicação no dia-a-dia. Para tal, o grupo de trabalho já identificou necessidades de potenciais utilizadores piloto para a tecnologia. Um exemplo de potenciais clientes são as empresas ou instituições com ESPÍRITO DE INICIATIVA É A CHAVE responsabilidades de monitorização ambiental, já que estas, atualmente, só têm acesso a informação sobre um número reduzido de pontos A Critical Software gosta de contar com pessoas criativas, que demons- de monitorização. Por exemplo, a monitorização do ozono no Gran- trem capacidade de aprendizagem contínua. Pedro Braga confessa de Porto é efetuada em cerca de meia dúzia de pontos. As entidades que, quando participa em processos de recrutamento para a sua equi- responsáveis, têm estações de medição de custo elevado para captar pa, valoriza a motivação e o entusiasmo que os candidatos demons- dados, com elevada precisão, em alguns pontos específicos, mas não tram. «Quando um candidato já desenvolveu pequenas aplicações têm dados fiáveis sobre a área envolvente, impedindo uma leitura de por “carolice” ou participou, por exemplo, em comunidades de código grandeza em torno das estações. aberto, demonstra que gosta mesmo do que faz». O engenheiro acredita que, «mesmo que um candidato não tenha experiência profissio- A possibilidade de integrar estas estações com uma rede de sensores nal específica na área, se demonstrar motivação e vontade de apren- sem fios distribuída – como a proposta pela Critical e pelo CISTER – já der, vai ser um bom profissional». seria capaz de fornecer uma imagem integrada de toda a área desejada. «Desta forma, o nível de informação obtido sofreria uma melhoria «Um engenheiro não pode ser só um armazenador de manuais do uti- considerável», refere Pedro Braga. lizador, ferramentas, linguagens de programação ou modelação de sistemas. Um engenheiro tem que conseguir “ler” e aplicar os resultados O engenheiro defende ainda que «as perspetivas de futuro passam por da investigação científica», explica, convicto. uma consciência ambiental cada vez maior. Edifícios inteligentes são já uma realidade e cidades inteligentes são, de acordo com as perspetivas, Para Pedro Braga, a Matemática e a Física são fundamentais para o pro- o futuro. A otimização dos consumos energéticos é, sem dúvida, uma fissional da Engenharia. «Se um engenheiro não dominar estas disci- meta e as Redes de Sensores Sem Fios terão aqui um papel importante». plinas base, se não souber “ler” e “escrever” Matemática tão bem ou melhor do que o Português e o Inglês, fica limitado a ser utilizador de “CISTER FOI UMA MAIS-VALIA PARA O PROJECTO” ferramentas e nunca vai desenvolver e modelar sistemas, mesmo na área de software», defende. Em relação ao ISEP, o engenheiro sublinha que são muitas as mais-valias que o Instituto tem para os estudantes, nomeadamente ao nível da Para Pedro Braga, a ciência muda o mundo e a engenharia e a gestão aposta num ensino prático. «Quanto mais orientada para o mercado e efetivam-na em produtos. «Resumidamente, vivemos numa economia quanto mais suportada pela prática for a informação dada aos estudan- global e quem manda é o mercado», atira o engenheiro. «Podemos ter tes, melhor preparados ficam os diplomados para abordar o mercado o melhor dos inventos científicos, mas precisamos de desenhar a má- de trabalho», sustenta. No entanto, Pedro Braga acredita que a vontade quina que implementa esse invento e a estratégia do produto», explica. de evolução e aprendizagem contínua são os elementos essenciais na carreira de um engenheiro. «Uma boa formação de base é uma ga- Por norma, a Critical Software identifica áreas de investigação com rantia de maior autonomia na absorção e compreensão de novas in- potencial de mercado. Essas áreas de negócio são, depois, analisadas formações, mas é fundamental que as instituições de Ensino Superior e, as que são definidas como tendo interesse estratégico, entram em ensinem sobretudo “a pescar” e a aprender a aprender». desenvolvimento. Então, procede-se a todo um trabalho de pesquisa aprofundada, no sentido de encontrar eventuais parceiros dentro da Aos jovens estudantes que agora entram no Ensino Superior, Pedro comunidade científica. Braga aconselha: «Brinquem! Se gostam da área que abraçaram, com certeza que aprender será um gosto, resolver problemas será um jogo E com o CISTER foi precisamente assim que aconteceu. Pedro Braga e praticar será uma brincadeira. Por isso, brinquem muito. Testem, ex- considera que o grupo de investigação estava já na fase de simulação perimentem, desenvolvam a vossa criatividade». e teste da tecnologia em laboratório. «O CISTER foi, sem dúvida, uma mais-valia para o projeto. Principalmente por ser uma entidade locali- E aos que completaram? O engenheiro aconselha «humildade acima zada no Porto e que, além de acessível, sempre demonstrou imensa de tudo. Assumam que ainda não sabem nada. Não tenham vergonha qualidade, interesse e disponibilidade, o que fez toda a diferença para de dizer numa entrevista que a única experiência que têm foi ao nível o projeto», admite. de aplicações desenvolvidas em casa ou na escola, ou que não têm nenhuma. Desde que demonstrem na entrevista que têm realmente Sendo o EMMON o resultado de um consórcio europeu, «estarmos tão vontade e entusiasmo». De resto, é essencial que os engenheiros pro- perto permitiu uma interação que seria impossível de atingir com ou- curem a aprendizagem contínua. 13 14 DESTAQUE CARRO DESENVOLVIDO NO ISEP PODE CHEGAR À COMPETIÇÃO O ISEP tem-se destacado ao longo dos anos pela forte aposta na inovação, garantindo sempre o cunho de qualidade que lhe é associado. A Barchetta 00 é mais uma prova do espírito empreendedor que se vive na Instituição. Em conjunto, professores, alunos e empresas desenvolveram um projeto inovador de competição de baixo custo a nível nacional. Mais um desafio, mais uma história de sucesso. A ideia surgiu em setembro de 2007, durante os treinos para o Chal- sibilidade de colocar em prática os conceitos que foram assimilados lenge Fiat Unico, quando o engenheiro José Leite desafiou Luís Miranda Torres, docente do Departamento de Engenharia Mecânica do ISEP, para construírem um veículo de corrida de baixo custo. A missão era bastante ambiciosa: desenvolver um carro para um “troféu” acessível no panorama da competição automóvel nacional. Apesar da grande responsabilidade, o repto foi aceite de imediato. nas aulas, interligando-os com a parte prática. “Com este tipo de projeto, os alunos conseguem ter um maior contacto com outras realidades, como a pista, as corridas, sem estarem sempre fechados dentro de uma sala de aula ou de um laboratório”, afirmou, por seu lado, o vice-presidente do ISEP, José Oliveira. Os alunos também sentiram as vantagens de fazer parte desta iniciati- Segundo Luís Miranda Torres, era essencial preencher “um espaço no va, que, para além de os formar como profissionais, os molda enquanto panorama nacional de velocidade”. Desde aí, foi assumido o “compro- pessoas, dando-lhes as ferramentas necessárias para que possam estar misso de desenvolver um carro competitivo face ao preço”. à altura de qualquer desafio com que se deparem ao longo da vida. Estas oportunidades que o ISEP proporciona vão ao encontro do seu Para levar a cabo este projeto, foi fundamental a colaboração de alu- objetivo enquanto instituição. No ISEP, é essencial preparar os alunos nos, professores e de algumas empresas privadas, tais como a Alto-Per- para uma profissão, mas também dar-lhes bases que os ajudem a evo- fis Pultrudidos, BP Portugal, DBE Suspension Engineering, Interescape, luir enquanto pessoas. KIMSO, Mundauto (na fase inicial) e a QF. Como assegurou Luís Miranda Torres, esta foi uma parceria benéfica para todos os envolvidos: “Eles São projetos como a Barchetta que enriquecem o percurso académico participam na construção do carro, têm o exclusivo da produção da dos estudantes. Cláudio Dias, um dos alunos envolvidos, sublinhou que sua parte do kit e nós asseguramos a vertente do desenvolvimento”. “é importante para os alunos e para o ISEP”, acrescentando ainda que “é um orgulho” fazer parte deste desafio. O envolvimento dos alunos nos projetos é de grande importância para o ISEP, que pretende formar profissionais de grande qualidade e exce- Em quatro anos, docentes, alunos e empresas juntaram forças e ideias lência, habituados a aceitar desafios e a trabalhar afincadamente para para construir este carro promissor, mostrando a vertente empreende- conseguir alcançar resultados positivos. É deste esforço que nasce o dora e inovadora associada à instituição. espírito de equipa e o espírito criativo, fundamentais para os alunos enfrentarem o mercado de trabalho. Este contributo representa a pos- E assim, a Barchetta começou a tomar forma no Laboratório Automóvel do ISEP. DESTAQUE ASPETOS TÉCNICOS FIBRA DE VIDRO: O QUE É? Em termos técnicos, esta Barchetta é um carro de corrida aberto, A fibra de vidro é utilizada normalmente como reforço em mate- bi-lugar, com um chassis tubular que se insere na categoria II (au- riais compósitos. A carroçaria da Barchetta é fabricada em plástico tomóveis de competição), grupo E (fórmula livre) e classe 5 (até reforçado com fibra de vidro (PRFV), o que permite obter compo- 1000 c.c.). Tem o motor montado em posição central, tração trasei- nentes a um custo reduzido com um excelente compromisso en- ra, com travões de disco e suspensões com triângulos sobrepostos tre o peso e as propriedades mecânicas necessárias para este tipo nas quatro rodas. Integra dois tipos de elementos: um kit, com- de aplicação. posto por um chassis tubular e uma carroçaria em fibra de vidro, acessórios de competição e componentes mecânicos existentes no mercado. O chassis tubular em aço, de acordo com especificações da FIA O piloto Pedro Matos não tem dúvidas sobre o sucesso deste pro- (Federation Internationale de l’Automobile), inclui braços de sus- tótipo: “Tem uma condução muito pura e um comportamento pensão na configuração de triângulos sobrepostos nas quatro ro- muito semelhante a um Fórmula Ford. Para pessoas que queiram das. “É um chassis que está pensado para permitir a montagem de sair dos karts, este carro é o ideal”. diferentes mecânicas. Nesta primeira fase, utilizou uma mecânica comum, tal como os Fiat Uno, mas pode utilizar outras mecânicas No que respeita às questões técnicas, Pedro Matos salientou que e, portanto, é um carro de corrida que tem uma base flexível”, ex- o baixo centro de gravidade é uma clara vantagem à condução, plicou o responsável pelo projeto. acrescentando ainda que ficou surpreendido pelo “comportamento em curva do carro, porque curva muito rapidamente para o tipo A carroçaria é constituída por quatro peças em fibra de vidro. Os de carro que é”. Para além dos detalhes mecânicos, o piloto afirmou componentes mecânicos a montar nesta base são provenientes que a Barchetta proporciona um “grande prazer de condução”. de automóveis usados, com baixo valor comercial. Nesta versão inicial, foram reaproveitadas peças do Fiat Uno 45, tais como o mo- O êxito destas provas leva a equipa a traçar mais metas: “É nosso tor, a caixa de velocidades, a caixa de direção, os dois conjuntos de objetivo ter o projeto terminado para podermos ter um troféu já mangas de eixo da frente e os dois conjuntos de travões de discos. no próximo ano”, afirmou ainda Luís Miranda Torres. O docente acredita que “este projeto pode ser o espaço ideal” para os jovens “É um carro que está equipado com o motor de um Fiat Uno e que pilotos de kart, que, quando terminam as suas carreiras, são força- acaba por ser uma reciclagem desse tipo de motorizações”, expli- dos a ir para troféus mais caros, uma vez que não existem alterna- cou Luís Miranda Torres. No entanto, também foram produzidos tivas de baixo custo. alguns componentes específicos para a Barchetta. Em setembro, o público pôde ver mais uma vez a Barchetta na ram- “RESULTADOS TÊM SUPERADO EXPECTATIVAS” O carro foi apresentado em julho no paddock do Circuito da Boavista, no Porto, durante o fim de semana em que se realizaram as provas de WTCC. Para o grupo envolvido na construção, este foi pa do Caramulo. Desta vez, foi Nuno Batista, Campeão Nacional em 2010 da Categoria II do PTCC que esteve ao volante e pode mostrar a quem esteve presente, todas as potencialidades do veículo. Mais, uma vez, foram conseguidos bons resultados nas sete voltas que o carro efetuou. “Esta foi uma oportunidade única para que o público pudesse ver o carro a evoluir, num circuito, numa prova oficial”, declarou o responsável. o primeiro passo na concretização dos seus objetivos. Em agosto, com o apoio do Kartódromo Internacional de Braga e do Club Automóvel do Minho, foram realizados testes no circuito Vasco Sameiro. Para conduzir esta fase, a equipa do ISEP convidou o piloto Pedro Matos, que, apesar de ser um jovem piloto, apresenta já um palmarés muito preenchido, destacando-se a conquista do Circuito de Spa-Francorchamps, na Bélgica, em Fórmula Ford. Durante a fase de provas, os resultados foram além do que se esperava. “Conseguimos reduzir os tempos em cerca de cinco segundos por volta entre a primeira e a segunda sessão de testes”, congratulou-se Luís Miranda Torres. Além disso, os treinos mostraram que o carro apresentava condições fiáveis de segurança, como ressalvou o docente: “Na segunda ida à pista, realizou mais de 100 voltas ao circuito sem apresentar qualquer problema mecânico”. Foram ainda testados alguns setups, que permitiram ao carro evoluir no seu comportamento em pista, existindo ainda uma “boa margem de progressão”. CHEGAR À COMPETIÇÃO Conseguir a homologação junto da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK) para poder organizar um troféu de competição é a próxima etapa desta equipa. Nesse sentido, os responsáveis já reuniram com a FPAK, que “manifestou o seu apoio”, segundo Luís Miranda Torres. A intenção é criar uma prova de velocidade disputada entre carros iguais, cuja base de mecânica seja a da Barchetta. As provas decorrerão principalmente em circuitos. O regulamento da prova obrigará a ações de formação das equipas, dadas pelos responsáveis pelo projeto. 15 16 INVESTIGAÇÃO À LUPA NUNO SILVA TECNOLOGIA PARA MUDAR O MUNDO Segundo o matemático Edward Lorenz, o bater de asas de uma O que acontece, atualmente, é que as empresas fornecedoras têm sof- simples borboleta pode influenciar o curso natural do mundo. É o tware próprio, e adaptado unicamente aos seus produtos, o que significa chamado Efeito Borboleta, que determina que pequenas ações têm que, todo o ecossistema de monitorização à distância tem de ser forne- capacidade de suscitar grandes acontecimentos. E é sob este princí- cido apenas por essa empresa. E quando é necessária a implementação pio que trabalham os investigadores do ISEP: passo a passo, desen- de um segundo equipamento de monitorização à distância, ele terá de volvem projetos capazes de mudar o mundo tecnológico. E não só. ser, forçosamente, do mesmo fornecedor que os restantes, de forma a AA4All e World Search são dois dos mais recentes projetos do ISEP, funcionarem em ecossistema. Cria-se, assim, um monopólio dentro do coordenados no ISEP por Nuno Silva, investigador do GECAD - Grupo Home Assisted Living. E é aqui que entra em cena o projeto AA4All. de Engenharia do Conhecimento e Apoio à Decisão, do ISEP, os quais, apesar de terem objetivos distintos, se pautam pelo mesmo princípio: melhorar o dia a dia da sociedade. O Home Assisted Living é um mercado em crescimento a nível nacio- NORMALIZAÇÃO: UM PASSO GIGANTE PARA UMA MAIOR QUALIDADE nal e internacional. Refere-se à monitorização, à distância, de pessoas que, por força da idade ou de problemas de saúde, têm necessidade O projeto AA4All vem, precisamente, tentar responder à necessidade de vigilância permanente, mas que continuam a viver em suas casas, de criar uma normalização, no que diz respeito a equipamentos de ou seja, não estão institucionalizadas. Perante uma população cada Home Assisted Living. Ou seja, uniformizar a definição de padrões es- vez mais envelhecida, há um crescente número de empresas que de- pecíficos de produtos e serviços, para que os produtos e serviços, dos cide entrar no mercado da produção de equipamentos para a área do vários fornecedores desta área, possam ser compatíveis. Desta forma, Home Assisted Living. Dentro destes equipamentos encontram-se, por exemplo, coletes vestíveis de monitorização cardíaca, sensores biométricos de medição de tensão arterial, sensores de movimento, entre muitos outros. No entanto, os aparelhos de monitorização à distância funcionam em ecossistema: ou seja, para além do equipamento de medição, tem de haver a comunicação entre equipamentos e serviços (de profissionais responsáveis pela monitorização dos utilizadores), bem como um software de integração dos dados obtidos que permita a sua utilização correta e partilhada. se um consumidor puder adotar um de dois equipamentos diferentes de monitorização, poderá escolher o fornecedor que lhe oferecer a melhor qualidade ao melhor preço, não estando limitado apenas à solução de uma empresa. Através do projeto AA4All, o papel do ISEP é compreender o tipo de informação necessária para integrar os diversos tipos de equipamentos, para que a informação recolhida dos vários equipamentos seja contextualizada, consistente e compreendida por todas as partes interessa- INVESTIGAÇÃO À LUPA das. Ou seja, dotar os equipamentos de autonomia suficiente para, por pretende fazer é dotar os computadores de software que possibilite o exemplo, alertarem o profissional que está a proceder à monitorização processamento de vários documentos para criar, por combinação da do idoso, quando os valores de pressão arterial atingirem um limite informação constante desses mesmos documentos, a resposta que o máximo numa medição. Ou então, numa situação em que um colete utilizador deseja. vestível caiu ao chão, ter a capacidade de transmitir a informação de que não foi o utilizador que caiu, mas apenas o colete. Quando queremos comprar uma viagem de avião pela internet, não utilizamos um motor de busca como o Google, porque o máximo que O ISEP tem, assim, a missão de criar software capaz de recolher, analisar ele pode fazer é dar-nos resultados de sites de companhias e agências e juntar a informação obtida por estes equipamentos, e disponibilizá-la de viagens. Aí, o utilizador terá de percorrer os vários sites em busca das a todos as partes envolvidas, duma forma semanticamente equivalente melhores ofertas. Mas, atualmente, existem diversos portais de viagens para todas. direcionados para esse fim, nos quais o utilizador indica os dados básicos do voo que procura: data de partida, data de regresso, origem e destino. A resposta será concreta e direcionada aos objetivos do utilizador. PARA UM GRANDE PROJETO, GRANDES PARCEIROS O que o projeto World Search pretende fazer é criar um software capaz Nuno Silva adiantou ao ISEP.BI que já está feito um levantamento de para isso, seja necessário criar uma estrutura tecnológica para cada necessidades e identificação de potenciais destinatários do ecossiste- uma das áreas. de adaptar este tipo de motores de busca a várias áreas de atuação, como o setor imobiliário, médico, financeiro ou justiça, mas sem que, ma, nomeadamente instituições de solidariedade social e consumidores finais. Os próximos passos são “a efetiva normalização destes sis- O objetivo é capacitar os computadores de competências que lhes temas, avançar com propostas de legislação e normalização e definir permitam processar os documentos da web para encontrar, através da interfaces em termos de equipamentos e sistemas”. combinação de informação de vários documentos/sites processados, a resposta que o utilizador deseja. Este é, tal como explica Nuno Silva, “um projeto de grandes dimensões, com 32 parceiros e mais de 7,5 milhões de euros de orçamento glo- O processamento da linguagem dos documentos presentes na web bal”. A equipa do ISEP que trabalha no projeto AA4All é constituída por (numa primeira fase só em língua portuguesa), com vista à análise e quatro docentes – Fátima Rodrigues, Nuno Malheiro e Nuno Silva do ao processamento dos documentos de texto, é da responsabilidade GECAD e ainda Ângelo Martins. No decorrer do projeto, está prevista a da Universidade de Aveiro e da Microsoft. O desenvolvimento de outra contratação de mais três ou quatro bolseiros, dependendo das neces- das componentes fundamentais do projeto, os interfaces gráficos que sidades decorrentes do trabalho. o utilizador terá para definir a pesquisa, e que têm de ser diferentes das usadas em motores de busca como o Google, está nas mãos da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. DAR SENTIDO ÀS PALAVRAS NA WEB O projeto está em fase de desenvolvimento e Nuno Silva adianta que os primeiros resultados deverão ser publicados dentro de, aproxima- E se, num futuro muito próximo, pudesse “fazer uma pergunta” a um motor de busca, como por exemplo, ao Google, e a resposta recebida fosse exatamente o que pediu, pela combinação de informação de várias fontes? O projeto World Search, no qual participam os investigadores do GECAD, em conjunto com parceiros como a Microsoft, caminha, a passos largos, para essa realidade. Quando fazemos uma pesquisa num motor de busca como o Google, recebemos uma imensidão de informação que nada tem a ver com o nosso pedido, e temos de fazer várias consultas, a vários dos resultados obtidos, para encontrar a resposta certa. Um grupo de investigadores do ISEP, liderado por Nuno Silva e com a colaboração da Microsoft, entre outros parceiros, está a desenvolver uma solução para este problema. O projeto - World Search - tem por objetivo tornar os motores de busca capazes de relacionar os parâmetros pedidos pelo utilizador e fornecer respostas mais concretas, relacionando a informação como um raciocínio lógico. Nuno Silva explicou ao ISEP.BI que, atualmente, os motores de busca recolhem a informação relacionada com os termos indicados pelo utilizador e dispõe-na numa lista de documentos e sites em que os termos constam, mas que não são, obrigatoriamente, a resposta que o utilizador pretende. Cabe-nos depois, como utilizadores, analisar os documentos e sites e escolher aquele que melhor se adequa ao que pretendemos. O que o grupo de investigadores que trabalham no World Search damente, seis meses. 17 18 DEPOIS DO ISEP “QUEREMOS QUE VEJAM A EUROCLOUD COMO UM CATALISADOR DE INOVAÇÃO DAS EMPRESAS PAULO CALÇADA Fez parte do primeiro grupo de alunos da licenciatura em Engenharia ainda faltavam alguns recursos essenciais, como a Internet. No entanto, Eletrotécnica e Computadores do ISEP, numa altura em que os recur- não baixou os braços: “Comprávamos revistas relacionadas com infor- sos informáticos estavam em constante evolução. Com um percurso mática, tentávamos fazer páginas de Internet em html – sem estarmos académico marcado pela determinação e profissionalismo, Paulo Cal- ligados à Internet, tentávamos arranjar, fora de casa, computadores çada não tardou a receber um convite por parte da instituição para com ligação à Internet, dado que não era recorrente ligações em casa”. ficar a trabalhar no Laboratório de Eletrotecnia, passando depois para o mesmo departamento no Instituto Politécnico do Porto (IPP). Ao longo Das memórias que guarda do seu percurso académico lembrou o “ex- do seu trajeto profissional, implementou mudanças significativas nas traordinário espírito académico”, que o ajudou a fazer a transição entre redes de telecomunicações e cimentou as bases necessárias para o de- o Ensino Secundário e o Ensino Superior. Para Paulo Calçada, a entrada safio que hoje enfrenta ao comando da Eurocloud Portugal. Para Paulo neste novo mundo tem de ser encarada como o acesso a uma profis- Calçada, o sucesso e o empreendedorismo não têm segredos. São ape- são, tendo os alunos de assumir ainda mais responsabilidades. nas uma questão de atitude. A existência de várias gerações de professores é, para Paulo Calçada, Esteve indeciso entre um curso de Cinema e um curso de Engenharia, uma mais valia da instituição, pois permite ao ISEP estar sempre na van- mas a paixão por “curto-circuitar” falou mais alto. Paulo Calçada entrou guarda, existindo uma permanente permuta de conhecimentos entre para o ISEP em 1995, “numa altura de mudança radical”, quando ainda os docentes. Além disso, destacou o “espírito competitivo muito sau- se davam os primeiros passos no curso de Engenharia Eletrotécnica e dável”, que é “essencial” para que os alunos se superem, trabalhando, Computadores. Os primeiros tempos não foram fáceis, uma vez que cada vez mais, para atingir os seus objetivos. DEPOIS DO ISEP A CRIAÇÃO DA EUROCLOUD PORTUGAL Os conhecimentos adquiridos no seu percurso foram uma “oportunidade única”, em que Paulo Calçada recolheu recursos que o conduziram à presidência da Eurocloud Portugal. Esta organização, pioneira no nosso país, tem como principal intuito fazer com que as pessoas “compreendam o valor do Cloud Computing” como um incentivo à “inovação das empresas”. No entanto, o Paulo Calçada sublinhou que não pretende que a Eurocloud se torne uma “estrutura empresarial com serviços caros”, mas sim que trabalhe em conjunto com as empresas para que estas alcancem os seus desejos. CLOUD COMPUTING : O QUE É? Aceder a uma plataforma, onde quer que se esteja, que contenha todas as informações sobre fornecedores e colaboradores de uma empresa é o princípio base do Cloud Computing. A ideia de preparar a primeira conferência a nível nacional dedicada exclusivamente ao conceito de Cloud Computing surgiu em 2008. Foi feita uma pesquisa intensiva sobre a temática em Portugal e foi convidado um especialista Janopês, Nat Sakimura, para explicar a importância destes sistemas. Esta iniciativa veio a ser uma porta para a etapa seguinte. Nesse ano, a rede Eurocloud estava a dar os primeiros passos na Europa, surgindo a oportunidade de tornar independente A ENTRADA NO MUNDO DO TRABALHO O contacto de Paulo Calçada com o mundo do trabalho começou dentro do próprio Instituto, quando foi convidado para cooperar no laboratório de Eletrotecnia. Nessa altura, a estrutura de comunicação do ISEP estava a ter um grande desenvolvimento e eram necessários técnicos da área para proporcionar um crescimento ainda maior, pelo que o engenheiro aceitou prontamente o desafio que acabou por lhe traçar o sucesso a nível profissional. Reconhecendo o trabalho realizado no ISEP, o Instituto Politécnico do Porto propõe a Paulo Calçada um lugar no departamento de comunicações e redes, onde efetuou melhorias notórias nas redes de Telecomunicações, tendo sido o IPP a primeira instituição de Ensino Superior a “implementar um sistema de Cloud Computing”. Entre um diversificado conjunto de participações em projetos externos ao Politécnico do Porto, Paulo Calçada realça o convite da Fundação de Computação Cientifica Nacional (FCCN) para se juntar ao grupo de trabalho dedicado ao estudo dos serviços de informática e comunicações das diferentes universidades e politécnicos nacionais, que conduziu a “melhorias notórias que levaram a um aumento da qualidade do serviço” prestado a toda a comunidade da rede científica. Sempre ligado ao ISEP, Paulo Calçada conseguiu que o IPP fosse pioneiro na implementação do sistema Google Apps. Além disso, criou, em parceria com alguns elementos do ISEP, um blogue sobre o conceito inovador Cloud Computing, denominado CloudViews. e formal o blogue que tinha vindo a desenvolver, o CloudViews. Assim nasceu a Eurocloud Portugal, que Paulo Calçada preside. Em mãos, tem a criação de uma rede de empresas nacional, que, futuramente, se irá ligar a uma rede europeia, aumentando o leque de contactos. Outros três grandes objetivos da Eurocloud Portugal são a realização de um congresso, a atribuição do prémio europeu de Cloud Computing e a promoção do Eurocloud Day, uma conferência a decorrer em vários pontos em simultâneo. 19 20 A NOSSA TECNOLOGIA REMODELAÇÃO DA ESTRUTURA DE UM AUTOCARRO FERNANDO FERREIRA E JORGE JUSTO “O GRANDE DESAFIO FOI FAZER UM AUTOCARRO COM MAIS LUGARES, MAS COM O MESMO TAMANHO” Fernando Ferreira e Jorge Justo, docentes do Departamento de Engenha- Foi no âmbito de um sistema de incentivo do Quadro de Referência ria Mecânica do ISEP, foram os responsáveis pelo projeto de remodelação Estratégico Nacional (QREN), que a empresa Irmãos Mota e Cia solicitou da estrutura de um autocarro da empresa Irmãos Mota e Cia. Em mãos, a colaboração do ISEP para desenvolver uma carroçaria de autocarro estava a criação de um novo produto, mais resistente e mais seguro, que resistente a um ensaio de capotagem, tendo também em conta a oti- pudesse superar os testes de segurança ao capotamento para uma ho- mização em termos de peso, para que a empresa obtivesse a homolo- mologação europeia. Aliar todos estes conceitos nem sempre foi uma gação europeia de segurança para o modelo de autocarro em causa. O tarefa fácil, mas o resultado final superou, em muito, as expetativas. A Centro de Investigação e Desenvolvimento em Engenharia Mecânica chave está nos pormenores que, no final, fizeram uma grande diferença. – CIDEM do ISEP aceitou prontamente o desafio. A NOSSA TECNOLOGIA Os pressupostos eram simples: “Tínhamos de inovar, criando uma metodologia diferente, um produto novo”, explicou Fernando Ferreira. Para atingir essa meta, o ISEP sugeriu o recurso a uma nova tecnologia e novos materiais, que fossem mais leves e resistentes, e ainda aconselhou algumas reformulações no sistema de construção, mas “sem alterar muito do que é o método de trabalho da empresa”, visto que, “na prática, as empresas não têm capital humano e financeiro para fazer grandes mudanças”. Para a concretização deste objetivo a empresa selecionou um veículo de transporte de passageiros, na versão de turismo, com peso bruto de 7200 quilos. Saber se um autocarro está pronto para aprovação nem sempre é um processo fácil. Uma das formas é o “processo de tentativa-erro, mas este método significa capotar autocarros destruindo-os, o que é muito dispendioso”. Outro processo consiste em incorporar “mais ferro na estrutura”, mas que em contrapartida, “aumentaria o peso do veículo em vazio e roubaria lugares, tornando o autocarro mais difícil de vender a posteriori”. Segundo Fernando Ferreira, pretendia-se “um trabalho de engenharia forte ao nível do cálculo estrutural, para saber como se pode reforçar a segurança sem acrescentar peso, de forma a ter uma garantia de que o autocarro vai passar ao primeiro teste. Este consiste em forçar o veículo para além da situação limite de inclinação lateral, capotando-o. Durante o capotamento, a deformação da estrutura é monitorizada, sendo que para a aprovação do veículo, a deformação deve ser mínima, garantindo uma reserva de segurança aos passageiros”. OS PRIMEIROS RESULTADOS Os testes iniciais revelaram-se muito promissores. Foi conseguida uma estrutura mais resistente, mas também mais leve e mais segura, o que permitirá também um “menor gasto de combustível”. Isto em muito se deveu à uma utilização mais racional dos materiais: mais e melhor qualidade do aço nos pontos críticos da estrutura e substituição de alguns elementos da carroçaria em madeira ou ferro por fibra de vidro, igualmente resistente, mais leve e também de menor custo. Além disso, foram ainda desenhadas novas peças para serem mais resistentes, e que pudessem ser adaptadas aos novos materiais. O redesenho e construção deste protótipo teve também em conta o processo produtivo, sendo que o atual método de construção da empresa foi melhorado para se obter um melhor resultado, com menor tempo de montagem. O responsável pelo projeto na empresa sublinhou que “um dos requisitos era a adaptabilidade da estrutura, ou seja, a estrutura-base teria de estar aberta a alterações esporádicas, consoante o pedido de um determinado cliente”. Outro dos aspetos tidos em conta foi a relação custo-benefício, uma vez que foi preciso “escolher a alternativa que, cumprindo os requisitos de resistência”, fosse mais económica e rentável. A estabilidade durante a circulação também foi considerada. Assim, foram feitas modificações para obter um centro de gravidade mais baixo, o que ajudou a tornar o veículo mais seguro. Durante a fase de cálculo estrutural, que recorreu a avançados métodos numéricos para simular o caso de capotamento, esta preocupação esteve sempre presente: “Quanto mais alto estiver o centro de gravidade do veículo, mais energia potencial este possui, logo, maior é o impacto sofrido pelo veículo”, acrescenta Jorge Justo. A altura dos bancos também sofreu alterações, depois de a equipa ter verificado que todos os veículos da empresa estavam nos valores máximos – por legislação, devem ter entre 40 cm no mínimo, e 45 cm no máximo. Ao baixar a posição dos bancos, o autocarro ficou mais leve e sobretudo com o centro de gravidade mais baixo. Outra alteração ao nível do chassis e carroçaria foi a eliminação de peças e componentes que não eram necessários. Esta poupança de materiais resultou na eliminação de seis quilos no veículo. Na fase final de construção, já com a estrutura de segurança reforçada para poder passar no teste de capotagem para homologação, pesaram-se o antigo autocarro e o protótipo projetado pelo ISEP: o autocarro criado pesava menos 150 quilos do que o autocarro anteriormente produzido. Os resultados excederam largamente as expetativas, tendo sido o empreendedorismo, inovação e motivação do ISEP contributos essenciais para o sucesso do projeto. 21 22 BREVES MEE-SEE: NOVO PLANO DE ESTUDOS O “Escolinhas Criativas” tem como principal O ISEP tem investido numa estratégia de objetivo a expansão dos espaços escolares na internacionalização que reúne diversas pla- web, potenciando o espírito de colaboração, a inovação e a criatividade nas atividades de ensino/aprendizagem do Ensino Básico. Esta evolução do Escolinhas - plataforma colaborativa para o ensino de tecnologias de informação e comunicação a crianças entre os 6-12 anos, introduz a aposta novos media digitais. taformas e, após a promoção institucional no encontro da European Association for International Education (EAIE Nantes 2010) e na European Higher Education Fair (EHEF-Bangkok 2009), apostou este ano no contacto com o público latino-americano. «Podemos oferecer um ensino de qualida- Com o “Escolinhas Criativas”, surgem as- de, somos uma Instituição de nível europeu sim novas funcionalidades e serviços que já com um status bem posicionado, pode- suportam a criação, colaboração e partilha mos oferecer um campus de investigação Orientado para a especialização de quadros de conteúdos digitais. O projeto recorre a reconhecido e, claro, a vantagem de sermos superiores, o mestrado em Engenharia Eletro- atividades artísticas suportadas na mais re- um país financeiramente acessível”, apon- técnica – Sistemas Elétricos de Energia (MEE- cente tecnologia e media: infografias, áudio, tou Joana Sampaio, vice-presidente do ISEP -SEE) apresenta um novo plano de estudos música, vídeo, animação, TV, jogos interati- com o pelouro da Comunicação e Coopera- em 2011/2012. vos, ambientes virtuais, entre outros. Estas ção Internacional. funcionalidades pretendem apoiar a formaO novo curriculum reforça valências de apoio ção dos mais jovens, de uma forma segura e A aposta na feira internacional de Ensino Su- à evolução profissional na competitiva in- supervisionada. perior que se realizou em Buenos Aires permitiu um contacto próximo com engenhei- dústria elétrica, procurando alavancar o desenvolvimento de competências ao nível de O “Escolinhas Criativas” é financiado pelo ros interessados em estudos pós-graduados, projetos de instalações elétricas, energias sus- Quadro de Referência Estratégico Nacional e tendo-se já verificado os primeiros contactos. tentáveis e gestão empresarial. conta ainda com contributos da Universidade A deslocação sustentou igualmente a divul- do Porto, Universidade do Minho, INESC Por- gação da marca ISEP, nomeadamente ao nível to, RTP e Microsoft. da I&D. A internacionalização do ISEP conti- O novo plano consolida ainda o papel dos estudantes no processo formativo, já que «os nua a crescer. mestrandos são encorajados a intervir criticamente na definição e concretização das atuações nessas áreas», refere Teresa Nogueira, diretora do mestrado. A docente aponta ainda para a importância do desenvolvimento de atividades de I&D vocacionadas para o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores e de clara aplicação empresarial. Apostado numa forte orientação prática, assente em aulas laboratoriais, o curso privilegia o desenvolvimento de dissertações em am- X OUTOKUMPU: AÇO INOXIDÁVEL - UM MUNDO DE SOLUÇÕES biente laboral e em estreita colaboração com empresas – opção que reforça a compreensão dos desafios do mundo real. Desta forma, o MEE-SEE procura apresentar- EUROPOSGRADOS ARGENTINA 2011 O ISEP acolheu a X Conferência OUTOKUM- O ISEP promoveu a sua oferta pós-graduada gação e Desenvolvimento em Engenharia ESCOLINHAS CRIATIVAS: FORMAR GERAÇÕES MULTIMÉDIA E DIGITAIS na EuroPosgrados Argentina 2011. Nos dias Mecânica (CIDEM), em parceria com a mul- 13 e 14 de abril, o Instituto esteve naquela tinacional OUTOKUMPU. O ISEP está envolvido no “Escolinhas Criati- O futuro das organizações também pas- preenchida por palestras técnicas e uma vas”, projeto da empresa Tecla Colorida que sa pela sua abertura ao mundo. Numa era segunda para apresentação de estudos pretende apoiar a utilização de tecnologias mundializada, as instituições académicas práticos desenvolvidos pelo ISEP, com as de informação e comunicação e novos me- não fogem a esta regra, sendo crucial a sua empresas SILAMPOS e MERCATUS. Ambas dia no Ensino Básico. Paula Viana, docente do Departamento de Engenharia Eletrotécnica, lidera os pacotes da componente audiovisual, sendo responsável pela área do vídeo. competitividade na captação de estudantes e as sessões foram moderadas por Rui Paulo, colaboradores, desenvolvimento de projetos diretor-geral da OUTOKUMPU Portugal, e conjuntos de I&D e criação de redes de parti- contaram com a presença de Jesús Gonza- lha de conhecimento. lez, da congénere espanhola. -se também como uma ótima oportunidade para a evolução na carreira de engenheiros que já se encontram no mercado de trabalho. PU, em maio. Este evento foi promovido pelo Departamento de Engenharia Mecânica (DEM), através do Centro de Investi- que é considerada a Expo sul-americana das instituições de Ensino Superior europeias. Dedicada ao setor do aço inoxidável, a conferência contou com uma primeira parte BREVES Ao nível das palestras, destaque para Maria (Bruno Rodrigues) e 128ª (Elisete Cruz), numa Glaes, que abordou as características e aplica- competição ganha por formandos romenos e ções dos aços inoxidáveis Duplex, e Pasi Aspe- eslovacos. gren, que incidiu nas propriedades das novas ligas inox ferríticas – opção tida como mais A AcademiaCisco.ISEP foi a primeira academia barata para determinadas aplicações. a ser fundada na região Porto e disponibiliza formação de qualidade comprovada ao nível Na segunda parte, foram apresentados estu- de routing, switching e segurança (CCNA, dos práticos coordenados pelo DEM. Estes es- CCNP e CCNAS). tudos compararam propriedades dos aços ino- BUSINESS SUSTAINABILITY 2011 xidáveis austeníticos AISI 201 e AISI 304L com os novos aços inoxidáveis ferríticos AISI 441. Os resultados apresentados por Marina Pinho (ISEP e MERCATUS) e Célia Soares (SILAMPOS) O ISEP e a Universidade do Minho associaram-se demonstram que, em aplicações de exigência na organização da 2ª Conferência Internacional moderada, os aços inoxidáveis ferríticos pode- sobre Sustentabilidade Empresarial “Business rão substituir perfeitamente os aços inoxidá- Sustainability – BS’11”. Este evento decorreu veis austeníticos, resistindo bem à corrosão e em junho, na Póvoa do Varzim, e procurou uma apresentando propriedades interessantes. aproximação efetiva entre instituições académicas e empresas, a teoria e a prática. Para os responsáveis pela organização, este tipo de conferências reforça a ligação entre as empresas e o meio académico e científico, apoiando a criação de valor acrescentado. A X OUTOKUMPU contou com 200 participantes. MARTINS DE CARVALHO NA FEDERAÇÃO EUROPEIA DE GEÓLOGOS José Martins de Carvalho, docente do Departamento de Engenharia Geotécnica, foi indicado pela Associação Portuguesa de Geólogos (APG) para integrar o painel de peritos em Hidrogeologia da Federação Europeia de Geólogos (FEG). Martins de Carvalho, euro-geólogo com relevante experiência profissional, considerou «uma honra representar, como quadro do ISEP, os geólogos portugueses nesta atividade». FORMANDOS ACADEMIACISCO.ISEP CONQUISTAM NETRIDERS NACIONAL A geologia é, hoje, no conceito da geoengenharia, o motor de atividades económicas que geram enorme valor acrescentado: petróleo, gás, carvão, indústria mineira e cada vez mais a gestão global do solo e subsolo dentro dum quadro de desenvolvimento sustentável. Neste contexto, a FEG surge como A AcademiaCisco.ISEP colocou três forman- o organismo que integra as associações pro- dos entre os quatro finalistas portugueses da fissionais dos geólogos europeus, dando voz “NetRiders”. O ISEP conquistou o pódio na eli- aos profissionais do setor. minatória nacional do concurso da Cisco, que apurou os representantes portugueses para a Fundada em Paris, em 1980, a FEG assume-se final que reuniu academias de todo o mundo. um parceiro respeitado e ouvido no Conselho e Parlamento europeus, onde promove ati- A BS’11 promoveu um clima informal no debate dos temas, com claro enfoque para a auscultação e interação com a audiência e a promoção de “sessões de diálogo”. Destaque para as apresentações “Innnovation and the Sustainability Journey”, de Peter Smith, president da The Leadership Alliance Inc; “Virtual and Virtuality: Implications for Knowledge Management”, de Jovan Filipovic; “Capacity Building for Social Development; A Competency Based Model for Education in Social Development”, de Raymond Saner e Lichia Yiu. A conferência contou com a participação de vários autores nacionais e estrangeiros e de empresas como a Gislótica, Maismetal, HAAS, ENERCER, Frenesius, Bureauveritas, Hélio Serralharia, Tetatrês, LTA e BP. A BS contou ainda com a participação dos centros de investigação CIDEM e Labvê e da C. M. da Póvoa de Varzim, cujos contributos ajudaram à reflexão sobre o tema da sustentabilidade das organizações. 14 RTCM No passado dia 25 de junho, decorreu o con- vamente a valorização profissional dos euro- curso nacional da Cisco Systems “NetRiders”. -geólogos. De destacar que Martins Carvalho O ISEP acolheu os principais grupos de inves- Dos quatro representantes apurados para in- acompanhou todos os trabalhos de adesão tigação portugueses na área das comunica- tegrar a delegação portuguesa na final, os três portuguesa à FEG e foi, durante mais de 15 ções móveis para discutir o estado da arte. primeiros classificados são formandos do ISEP. anos, o representante permanente da APG Bruno Rodrigues (1º classificado na competi- junto da Federação, tendo sido seu vice-pre- Promover momentos de encontro que sidente entre 1982-1985. apoiem a partilha de conhecimento e a evolução tecnológica nacional, é um dos motivos ção nacional), Elisete Cruz (2ª) e Fábio Alves (3º) foram selecionados para visitar a sede O professor coordenador do ISEP passa a ser o que alimenta a realização periódica de en- da Cisco Portugal, em Oeiras, onde competi- representante português num painel encabe- contros no Centro de Congressos do ISEP. No ram na final mundial. Os jovens engenheiros çado pelo italiano Carlo Bravi e que atua nas início de julho, foi a vez da 14ª edição do se- informáticos obtiveram um resultado que áreas de Proteção de Aquíferos e da Iniciativa minário da Rede Temática de Comunicações os colocou entre em 97º (Fábio Alves), 99º Comunitária Água. Móveis (RTCM). 23 24 BREVES A RTCM é uma rede nacional de excelência, senvolvimento de competências ao nível da pela transferência dos custos de montagem composta por centros de I&D e empresas gestão, planeamento e execução de projetos. para as equipas. com interesses na área das redes de comunicações móveis. Tem como objetivos prin- Nesta primeira edição, o ISEP acolheu oito A montagem da Barchetta respeita uma ficha cipais promover a troca de conhecimentos e estudantes de quatro nacionalidades: Fátima técnica, que fará parte do regulamento do experiências entre os seus investigadores; a Leal (Portugal), Mihály Varga e Peter Gal (Hun- troféu. No entanto, para as potenciais equipas cooperação efetiva entre os seus membros e gria), Mateusz Malkowski e Marta Józwiak (Po- interessadas, a team barchetta prevê desen- a construção de visões partilhadas de desen- lónia), David Testar Carbó, Marc Ribas Piñol e volver uma ação técnica de montagem. Com volvimento nacional estratégico. Iván Arrabal Camacho (Espanha). Os futuros esta abordagem, avança-se igualmente um engenheiros foram divididos em duas equi- contributo para a formação técnica de novas A este nível, os seminários RTCM realizam-se pas que desenvolveram dois protótipos de equipas, em particular dos jovens pilotos. duas vezes por ano e representam um espaço humidificadores para o data centre do ISEP. O carro esteve exposto no circuito da Boavista, para troca de informação e reflexão entre os «O aspeto mais importante foi a possibilidade com o apoio da Câmara Municipal do Porto e de conhecer de perto o ambiente empresarial da empresa Porto Lazer. A apresentação de- A 14ª RCTM foi organizada pelo investigador e aplicar os conhecimentos adquiridos ao lon- correu durante o fim-de-semana das provas Mário Alves (CISTER), em colaboração com go do curso», destacou Fátima Leal. WTCC (1 a 3 de julho), seguindo-se a fase de agentes envolvidos e estudantes interessados. testes em pistas e o processo de homologação. Manuel Ricardo (INESC Porto) e Jorge Sá Silva (Universidade de Coimbra). Por seu turno, Benedita Malheiro, responsável pelo EPS@ISEP, aponta que «o sucesso desta iniciativa passou, sobretudo, pela vontade dos estudantes em realizar os protótipos e pela motivação da equipa docente». A segunda edição do EPS@ISEP está prevista para o segundo semestre de 2011-2012. GILT APRESENTA TIME MESH NA MADEIRA O grupod de investigação do ISEP Graphics, Interaction and Learning Technologies (GILT) foi à Madeira apresentar oficialmente o jogo on-line “Time Mesh”. Este jogo pretende apro- EPS@ISEP: APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS ISEP NO CIRCUITO DA BOAVISTA veitar o interesse dos jovens em idade escolar O ISEP esteve representado no circuito da O “Time Mesh” resulta do projeto europeu por videojogos, para desenvolver jogos sérios (serious games), com fins educativos. Boavista, através da Barchetta – automóvel Serious Learning Games (SELEAG), liderado de competição desenvolvida pela team bar- pelo grupo de investigação do ISEP e chetta, que inclui o Laboratório Automóvel financiado Em linha com o eixo de internacionalização, o do ISEP e as empresas Auto-Perfis Pultrudi- Aproveitando ISEP lançou em 2010/2011 a primeira edição dos, KIMSO, QF, DBE Suspension Engineering e as interações sociais dos videojogos - do European Project Semestre (EPS@ISEP). Em e BP Portugal. pela a Comissão natureza Europeia. competitiva especialmente jogos baseados na web , este projeto incide em três momentos da História Junho, as equipas multidisciplinares apresentaram os projetos finais, deixando como ideia Este projeto teve início em 2007, a partir da Europeia – Descobertas Marítimas, Revolução de força que este é um projeto que merce ser ideia de desenvolver um carro de baixo custo Industrial e II Guerra Mundial - para transmitir acarinhado. para provas de velocidade com o objetivo de conteúdos educativos. criar um troféu que integrasse o campeonato O EPS é um programa europeu, concebido nacional de velocidade. O objetivo é potenciar uma aprendizagem multidisciplinar, com abordagem de concei- para sustentar a formação de profissionais de Engenharia com perfis propensos a carreiras A filosofia do projeto assenta, por isso, na utili- tos e conteúdos de história, geografia, econo- internacionais. Com duração de um semestre zação da mecânica do FIAT Uno 45 S e de um mia, fenómenos sociais, além da identidade e lecionado em inglês, este programa desafia kit que inclui um chassis tubular, uma carroçaria em fibra de vidro e alguns acessórios de competição. Deste modo, consegue-se reduzir o custo final do carro, através da aquisição de mecânicas a custo reduzido, mas também europeia. estudantes de diferentes nacionalidades e áreas da Engenharia a desenvolver um projeto transversal em equipa. Além de conteúdos técnicos de Engenharia, aborda ainda o de- Para este efeito, o “Time Mesh” aproveita uma plataforma on-line extensível, multilíngue, multijogador, colaborativa e social, para a par- BREVES tilha e aquisição de conhecimento da história (Espanha), ESVALL (Espanha), Atos Research busca e salvamento, a segurança e os trans- das regiões da Europa - incluindo uma passa- (Espanha) e eZmonitoring (Irlanda). portes inteligentes». gem pela descoberta da ilha da Madeira. Este projeto é desenvolvido no âmbito 7º Pro- O ISEP esteve igualmente representado no Aos alunos/jogadores cabe assumir papéis de grama Quadro/ARTEMIS Computing Systems RoboCup International Symposium 2011. personagens que tiveram posições relevantes Initiative, da Comissão Europeia. nas diversas evoluções e cenários. Liderado pelo ISEP, o SELEAG inclui como parceiros a Escola da Associação para o Ensino Livre (Portugal), Katholieke Hogeschool St. Lieven (Bélgica), Universidad de Zaragoza (Espanha), Tallin University (Estónia), University of Central Lancashire (Reino Unido) e University of Ljubljana (Eslovénia). ROBÓTICA ISEP: SHOW DE BOLA EM CONSTANTINOPLA DEE EM PROJETO ENERGÉTICO INOVADOR DE SILICON VALLEY O ISEP, através do DEE, celebrou um protoco- O ISEP participou novamente no Campeona- lo de colaboração com a empresa california- to do Mundo de Futebol Robótico (RoboCup na SyncWatts. A parceria com a empresa de 2011). A presente edição deste fórum de ex- Silicon Valley prevê a realização de pareceres celência da inteligência artificial e robótica técnicos e consultoria sobre uma nova forma PROJETO EUROPEU ENCOURAGE LANÇADO NO ISEP decorreu em Istambul e colocou a equipa, de produção energética revolucionária. que reúne investigadores do INESTEC LA Robotics Pólo ISEP e estudantes da área de En- Liderado pela empresa norte-americana, o genharia Eletrotécnica e de Computadores, projeto “Off grid proGenerator™” visa desen- frente-a-frente com outras 17 oriundas de volver protótipos proof-of-concept e pré- E se os edifícios fossem inteligentes e amigos Portugal, Alemanha, China, Japão, Austrália, -séries, para geração de energia a partir de do ambiente? Em julho, o ISEP foi palco do Holanda, Irão. tecnologias off grid, com balanço dinâmico positivo de energia e valor acrescentado. lançamento do novo projeto europeu ENCOURAGE (Embedded iNtelligent COntrols A RoboCup é um evento internacional de for bUildings with Renewable generAtion and storaGE). âmbito educativo, que visa incentivar a I&D A tecnologia inovadora pretende criar ener- em sistemas robóticos e inteligência artifi- gia elétrica num gerador linear periférico, cial. Tem como objetivo final o desenvolvi- através do movimento oscilatório harmónico O ENCOURAGE pretende desenvolver tec- mento de uma equipa de futebol robótico, unidimensional. A grande inovação reside na nologias embebidas, inteligentes e integra- capaz de competir contra uma equipa hu- geração de energia cinética por ciclo de im- das para a otimização de consumos energé- mana em 2050. pulsão (proGerador), mantendo um balanço ticos em edifícios com energia renovável, relativo positivo de energia entre a fonte ex- na perspetiva de assumir um papel ativo na Para que uma equipa de futebol robótico rea- futura grelha de ambientes inteligentes – lize um jogo de futebol, há todo um conjunto tema de crescente importância estratégica de tecnologias que devem ser incorporadas, As potencialidades comerciais deste projeto em Portugal. incluindo princípios de conceção/desenvol- são imensas e esperam possibilitar a criação vimento de agentes ativos, cooperação mul- de empresas regionais (off grid power op- terna auxiliar e o gerador periférico. O projeto é coordenado no Instituto pelo tiagente, estratégias de aquisição, resposta erator) capazes de fornecer planos energé- CISTER. O centro de investigação assume res- (raciocínio) em tempo real, robótica e fusão ticos personalizados e de custos reduzidos, ponsabilidades ao nível do desenvolvimento sensorial. Neste sentido, as participações da conduzindo a uma renovação do setor à de tecnologias sensoriais e event-based mid- equipa ISEP têm permitido testar soluções e escala mundial. dleware, além de liderar a exploração e disseminação dos pacotes de trabalho da arquitetura de sistemas. acumular experiência para o desenvolvimento de novas soluções. De acordo com os responsáveis do DEE, «o ISEP, ao estar ligado a este projeto, encontra- De acordo com Eduardo Silva, investiga- -se na vanguarda dos projetos de investiga- O consórcio do projeto é liderado pela Uni- dor responsável pelo laboratório de robó- ção da área». versidade de Aalborg (Dinamarca) e tem tica, «os desenvolvimentos que resultam como parceiros o ISEP e as empresas ISA da participação neste desafio têm grande A equipa será formada por José António Be- – Intelligent Sensing Anywhere (Portugal), aplicação a outros domínios da robótica e leza Carvalho, António Carvalho de Andrade, ENEL (Itália), EnergiNord (Dinamarca), Seluxit sistemas autónomos, como a monitorização Roque Filipe Brandão, Pedro Sousa Melo e (Dinamarca), GNERA Energia y Tecnologia ambiental, a inspeção de infraestruturas, a Alexandre Silveira 25 26 PROVAS DE DOUTORAMENTO TÉCNICAS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E CONTROLO ADAPTATIVO APLICADAS À GESTÃO DE PARQUES EÓLICOS Este trabalho de doutoramento propõe um algoritmo para gestão de parques eólicos que inclui, quer a possibilidade de despacho total, quer a possibilidade de limitação da energia produzida pelo parque. Num futuro próximo, numa lógica de mercado de eletricidade, os promotores dos parques eólicos, terão de apresentar propostas de produção discretizadas (a 24 ou a 72 horas por exemplo), ou porque ao nível do mercado intradiário haja a necessidade de proceder a ajustes, de modo a permitir o equilíbrio entre a produção e a carga. Com a materialização desta possibilidade, situações haverá (mesmo podendo ser apenas em curtos períodos de tempo) em que será necessário controlar a potência das turbinas do parque, ou mesmo proceder à paragem completa de algumas delas. No caso da necessidade de uma produção discretizada, o controlo de potência ou paragem de turbinas deverá ser idealmente feito de modo a que, em cada momento, a potência a fornecer à rede seja tão próxima quanto possível do valor contratualizado. O algoritmo é baseado em redes neuronais artificiais (RNA) e num algoritmo genético (AG). As RNA permitem fazer a previsão do recurso, e também, uma aproximação à curva de potência de cada uma das máquinas que compõem o parque eólico. O AG fará, no espaço temporal desejado (na situação de limitação de potência), o escalonamento das turbinas que deverão estar em funcionamento com vista a permitir alcançar o objetivo desejado. As metodologias e os modelos desenvolvidos foram posteriormente testados com dados reais. A boa qualidade dos resultados obtidos parece sustentar a abordagem adotada. Nome António José de Sousa Ferreira da Silva Área Científica Engenharia Mecânica Orientador Professor Doutor José Nuno Marques Fidalgo (FEUP) e Professor Doutor Fernando Aristides da Silva Ferreira de Castro (ISEP) Local Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Data da Prova janeiro 2011 PROVAS DE DOUTORAMENTO INCERTEZAS NOS COMPÓSITOS ESTRUTURAIS: DESENVOLVIMENTO DE MODELOS NUMÉRICOS DE ANÁLISE DE FIABILIDADE E DE PROJECTO ÓPTIMO Atualmente, os modelos matemáticos são usados com frequência como ferramentas para analisar o comportamento de estruturas, o que permite o desenvolvimento de projetos estruturais com melhor desempenho e fiabilidade. No caso dos materiais compósitos, este comportamento é afetado por inúmeras incertezas que devem ser consideradas no projeto estrutural. A propagação de incertezas em estruturas compósitas é analisada considerando os seguintes objetivos: • obter informação sobre os dois primeiros momentos da resposta: valor médio e variância. É apresentado um estudo baseado em sensibilidades, que permite também a identificação das variáveis de entrada mais importantes; HIDROGEOLOGIA E HIDROGEOQUÍMICA DA REGIÃO LITORAL URBANA DO PORTO, ENTRE VILA DO CONDE E VILA NOVA DE GAIA (NW DE PORTUGAL): IMPLICAÇÕES GEOAMBIENTAIS A região de Vila do Conde - Vila Nova de Gaia é uma região densamente urbanizada que pertence à Área Metropolitana do Porto. O substrato rochoso é dominado por rochas cristalinas, nomeadamente granitos e gnaisses, mas igualmente rochas metassedimentares, as quais constituem um meio fraturado anisotrópico e heterogéneo. Foram adquiridos dados hidrogeoquímicos, isotópicos e hidrodinâmicos com o objetivo de avaliar a qualidade e quantidade dos recursos hídricos subterrâneos. Além disso, definiram-se unidades hidrogeológicas e esboçou-se um modelo hidrogeológico concetual para a região. Toda a informação foi integrada numa plataforma cartográfica SIG. Com o objetivo de cumprir estes objetivos, seleccionou-se um campo • obter informação sobre a cauda da função densidade de probabi- experimental no seio da cidade do Porto, as históricas galerias dos ma- lidade da resposta: probabilidade de falha. É proposta uma abor- nanciais de Paranhos e Salgueiros (ca. 3.2 km). Estas galerias constitu- dagem que considera, simultaneamente, fiabilidade e robustez; íram duas das mais importantes origens de abastecimento de água à • representação da aleatoriedade completa da resposta. Como o Método de Monte Carlo exige um número elevado de avaliações pelo MEF, uma alternativa é o uso de modelos substitutos computacionalmente menos dispendiosos. Neste sentido, é desenvolvida uma Rede Neuronal Artificial utilizando pontos obtidos pelo método do Delineamento Uniforme como padrões de entrada/saída. A Rede Neuronal Artificial, juntamente com o método de Monte Carlo, é usada para simular o comportamento do cidade do Porto durante vários séculos. Assim, recorreu-se a uma abordagem multidisciplinar combinando diversas metodologias e técnicas (e.g., geologia e cartografia aplicadas, hidrogeologia, hidrogeotecnia, hidrogeoquímica, hidrologia isotópica, ecotoxicologia da água subterrânea e vulnerabilidade à contaminação). Esta dissertação pretende melhorar o nosso conhecimento do ciclo hidrológico nesta área urbana e proporcionar diretrizes para o planeamento e gestão da exploração dos recursos hídricos duma forma ética, equitativa e sustentável. número de Tsai crítico, do índice de fiabilidade estrutural e das suas funções de sensibilidade relativa em função da anisotropia. A análise estatística dos resultados permite o estudo da variabilidade do índice de fiabilidade e das suas sensibilidades relativas em função da anisotropia. As metodologias apresentadas foram aplicadas a sistemas compósitos tipo casca, considerando aleatoriedade nas propriedades materiais e geométricas dos materiais compósitos, assim como no carregamento. Nome Luísa Hoffbauer Área Científica Matemática Aplicada Orientador Professor Doutor Carlos Alberto Conceição António (FEUP) Local Faculdade de Ciências, Faculdade de Economia, Faculdade de Engenharia e Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto Data da Prova abril 2011 Nome Maria José Coxito Afonso Área Científica Georrecursos (Hidrogeologia e Recursos Hídricos) Orientador Professor Doutor José Manuel Marques (IST-UTL); Professor Doutor Helder I. Chaminé (ISEP); Professor Doutor Manuel Marques da Silva (UA) Local Instituto Superior Técnico - Universidade Técnica de Lisboa Data da Prova junho 2011 27 28 PROVAS DE DOUTORAMENTO ESTUDOS DE ESCOAMENTO E DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR EM FLUIDOS NEWTONIANOS E NÃO-NEWTONIANOS, NUM TUBO HELICOIDAL Os permutadores de calor de tubos de geometria helicoidal são equipamentos indispensáveis em diversos processos no tecido industrial, assim como nos sistemas comuns de refrigeração, condicionamento de ar e aquecimento de água. Este estudo teve como objetivo a realização de trabalho experimental que permitisse determinar, para fluidos Newtonianos e não-Newtonianos, em escoamento laminar completamente desenvolvido no interior de uma serpentina helicoidal, na vertical, os fatores de atrito com transferência de calor simultânea e os coeficientes peliculares de transferência de calor para a condição fronteira de temperatura de parede constante. A utilização de fluidos não-Newtonianos teve por objetivo estudar o efeito da viscoelasticidade nos parâmetros acima citados. Para o efeito, foi construída uma instalação experimental. Concluiu-se que os fatores de atrito com transferência de calor simultânea, para fluidos Newtonianos, podem ser calculados utilizando as expressões da literatura referentes ao escoamento isotérmico. Quanto aos fluidos não-Newtonianos, verificou-se serem iguais aos obtidos para fluidos Newtonianos para números de Dean, baseados no número de Reynolds generalizado (Pr(g)), inferiores a 80. Para valores daquele número superiores a 80, verificou-se um desvio para valores inferiores relativamente aos valores dos fluidos Newtonianos. Quanto aos coeficientes peliculares de transferência de calor dos fluidos Newtonianos, foi a correlação de Lin et al. (1997) que melhor se ajustou aos resultados experimentais obtidos para 11<Pr<320. Relativamente aos fluidos não-Newtonianos, os resultados foram correlacionados numa expressão numérica, na qual se contabilizou o efeito da elasticidade, através do número de Débora (Db). Essa correlação é válida para fluidos com índice de comportamento entre 0,39 e 1, 11<Pr(g)<320 e 38<Db<6000. Nome Teresa Pimenta Área Científica Engenharia Química e Biológica Orientador Professor Doutor João Bernardo Lares Moreira de Campos (FEUP) Local Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Data da Prova janeiro 2011 PROVAS DE DOUTORAMENTO 31