Universidade Federal de Pelotas
Centro de Pesquisas Epidemiológicas
Faculdade de Medicina - Departamento de Medicina Social
Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia – Departamento de Enfermagem
CAA – DAB – SAS – MINISTÉRIO DA SAÚDE
Monitoramento e Avaliação do Projeto de
Expansão e Consolidação da Saúde da Família
(PROESF)
Relatório Municipal
Estudo de Linha de Base
João Pessoa, PB
Luiz Augusto Facchini
Roberto Xavier Piccini
Elaine Tomasi
Elaine Thumé
Denise Silva da Silveira
Vanessa Andina Teixeira
Setembro de 2006
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Reitor: Antônio Cesar Gonçalves Borges
Vice-Reitor: Telmo Pagana Xavier
Pró-Reitor de Graduação: Luiz Fernando Minello
Pró-Reitor de Extensão e Cultura: Vitor Hugo Manzke
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Alci Enimar Loeck
Pró-Reitor Administrativo: Francisco Carlos Luzzardi
Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento: Elio Paulo Zonta
Diretor da Faculdade de Medicina: Farid Iunan Butros Nader
Diretor da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia: Emília Nalva Ferreira da
Silva
Chefe do Departamento de Medicina Social: Anaclaudia Gastal Fassa
Chefe do Departamento de Enfermagem: Afra Suelene de Souza
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia: Aluisio J.
D. Barros
Coordenador do Centro de Pesquisas Epidemiológicas: Cesar Gomes Victora
Presidente da Fundação Delfim Mendes Silveira: Antonio Costa de Oliveira
Monitoramento e Avaliação do Projeto de Expansão e Consolidação
da Saúde da Família (PROESF): Relatório Municipal do Estudo
de Linha de Base de João Pessoa – Lote 2 Nordeste / Luiz
Augusto Facchini ... [et al.]. – Pelotas: Universidade Federal de
Pelotas, 2006.
126p. : il.
1. Saúde Pública – Brasil – Administração 2. Programa de Saúde
da Família 3. Atenção Básica - Avaliação. I. Facchini, Luiz
Augusto. II. Piccini, Roberto Xavier. III. Tomasi, Elaine. IV.
Thumé, Elaine. V. Silveira, Denise Silva da. VI Teixeira,
Vanessa Andina.
CDD 362.109
Maria de Fátima S. Maia CRB 10/134
EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO
Coordenação Geral
Luiz Augusto Facchini
Roberto Xavier Piccini
Elaine Tomasi
Elaine Thumé
Organização do Relatório
Luiz Augusto Facchini
Roberto Xavier Piccini
Elaine Tomasi
Elaine Thumé
Denise Silva da Silveira
Maria de Fátima dos Santos Maia
Alitéia Santiago Dilélio
Vanessa Andina Teixeira
Thiago Garcia Martins
Turene Bastos
Coordenação de Trabalho de Campo
Fernando Vinholes Siqueira
Coordenação de Processamento de Dados
Denise Silva da Silveira
Elaine Tomasi
Coordenação Executiva
Maria de Fátima dos Santos Maia
Alessander Osório
Mercedes Lucas
Coordenação do Estudo Qualitativo
Luciane Prado Kantorski
Rita Heck
Vanda Maria da Rosa Jardim
Equipe Técnica do Estudo Qualitativo
Luciane Prado Kantorski
Vanda Maria da Rosa Jardim
Emília Nalva Ferreira da Silva
Valéria Christello Coimbra
Michele Mandagará Oliveira
Equipe de Apoio do Estudo Qualitativo
Fernanda Barreto Mielke
Sidnei Teixeira Junior
Ana Paula Giacomelli Tavares
Gimene Cardozo Braga
Rebeca Castilhos
Gabriel Pereira
Apoio de Informática
Alessander Osório
Filipe da Silva Ribeiro
Codificação de Dados
Augusto Duarte Faria
Desirée Fripp
Luciane Scherer Pahim
Maria Aparecida Rodrigues
Turene Bastos
Suelen dos Santos Saraiva
Vanessa Andina Teixeira
Suele Silva
Danton Duro Filho
Alitéia Santiago Dilélio
Digitação
Alisson Morales
Ary Morales Neto
Carla da Cruz Teles
Daniel de Souza Pereira
Emanuele Braga
Fabiana de Souza Pereira
Thiago Garcia Martins
Controle de qualidade
Vera Vieira
Helena Souza van der Laan
Susete Aschidamini Ferreira
Supervisores do Trabalho de Campo
Alitéia Santiago Dilélio
Arilson da Rosa
Catiúscia Souza
Cleonice Valadão
Danton Duro Filho
Janaína dos Santos
João Luis Rosado
Michele Padilha Rodrigues
Maria Márcia Ambrósio
Patrícia Mendonça
Raquel Barboza
Sandra de Souza
Silvia da Costa
Suele Silva
Vanessa Andina Teixeira
Professores Colaboradores
José Justino Faleiros
Anaclaudia Gastal Fassa
Fábio Lima
Gabriela Lobata
Helen Denise Gonçalves da Silva
Alunos voluntários e bolsistas de Iniciação Científica dos Cursos de Medicina e
Enfermagem da UFPel e de Psicologia da UCPel
Clarissa de Souza Cardoso
Emanuela Maria Dalvit
Helena Souza van der Laan
Inês Soria Alvaro
Jeanine Porto Brondani
Lourielle Soares Wachs
Mariangela Uhlmann Soares
Escrever é sempre ocultar algo de modo que possa ser descoberto.
Ítalo Calvino
6
AGRADECIMENTOS
Este projeto é o resultado de um esforço coletivo de professores, técnicos e
alunos vinculados ao Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina, ao
Departamento de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia, ao Centro de
Pesquisas Epidemiológicas e ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia. A
equipe destaca o reconhecimento a esta parceria, fundamental para o êxito do Projeto.
Igualmente se externa a gratidão ao apoio e estímulo recebidos de um grande
número de pessoas que, em diferentes âmbitos, institucionais, administrativos e
acadêmicos, viabilizaram o desenvolvimento do Projeto. Agradecimentos especiais e
em particular são destinados a:
Antonio César Borges, reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel),
André Luiz Haack, ex-reitor da UFPel,
Francisco Luzzardi, pró-reitor de administração e sua equipe de trabalho,
Antonio Costa de Oliveira, presidente, José Carlos Fernandes Filho e Sérgio Luis
Ribeiro dos Santos, colegas do setor de administração da Fundação Delfim Mendes da
Silveira,
Anaclaudia Fassa, chefe, e colegas do Departamento de Medicina Social,
Emília Nalva Ferreira, diretora, e colegas da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,
Afra Suelene de Souza, chefe, e colegas do Departamento de Enfermagem,
Renato Moreira, Dalvina Bueno de Almeida, Luis Cleber Wilke, Jorge Augusto Rollo
Cardozo, Fabiane dos Santos Luiz, Odete Almeida, Vera Lucia Govea da Silveira e
demais funcionários da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia,
Cesar Victora, diretor, e colegas do Centro de Pesquisas Epidemiológicas,
Aluísio Barros, coordenador, e colegas do Programa de Pós-Graduação em
Epidemiologia,
Eronildo Felisberto, coordenador, e equipe da Coordenadoria de Avaliação e
Acompanhamento do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à
Saúde do Ministério da Saúde,
Maria do Carmo Leal, coordenadora, e colegas do Grupo de Acompanhamento do
Estudo de Linha de Base do PROESF, junto ao Ministério da Saúde.
É digna de especial registro a gratidão à professora Emília Nalva Ferreira,
diretora da Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia e aos colegas do Departamento de
Enfermagem pelo acolhimento na área física que a equipe deste Projeto ocupa hoje
nesta Unidade de Ensino. A iniciativa da professora Emília e colegas oportunizou a
participação de sua unidade no cotidiano das inúmeras atividades técnicas e
administrativas de um Projeto de grande porte.
Externa-se ainda entusiásticos agradecimentos a gestores e coordenadores de
atenção básica e de saúde da família do Município de João Pessoa, representantes do
controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes comunitários de
saúde, população entrevistada e todos aqueles que participaram do Projeto fornecendo
informações e contribuindo para a realização do trabalho.
8
SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS .................................................................................................. 11
LISTA DE TABELAS .............................................................................................. 13
APRESENTAÇÃO ................................................................................................... 15
RESUMO .................................................................................................................. 17
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................19
2 METODOLOGIA ....................................................................................................21
2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB) ............................................... 21
2.2 Amostra e Amostragem do ELB .......................................................................... 23
2.2.1 Amostra de UBS............................................................................................. 23
2.2.2 Amostra de profissionais de saúde .................................................................. 23
2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS................................................ 23
2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS.................................. 24
2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária... 24
2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias.................................................. 28
2.5 Processamento dos Dados.................................................................................... 28
2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos...................................................... 29
2.5.2 Identificação e constituição dos lotes .............................................................. 29
2.5.3 Bancos de Dados Estruturados........................................................................ 30
2.6 Controle de Qualidade......................................................................................... 31
2.7 Análise dos Dados............................................................................................... 31
3 RESULTADOS .......................................................................................................33
3.1 Contexto.............................................................................................................. 33
3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de João Pessoa................................ 33
3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde.......................................................... 34
3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde ................................................................. 34
3.1.3.1 Distribuição dos Trabalhadores por Modelo de Atenção e por Unidade
Básica de Saúde..................................................................................................... 35
3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Trabalhadores...................... 36
3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde ..................... 37
3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde............................. 37
3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de Saúde
................................................................................................................................ 37
3.1.5.1 Distribuição da População.......................................................................... 37
3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de
Abrangência das UBS............................................................................................ 38
3.2 Dimensão Político-Institucional........................................................................... 42
3.2.1 Projeto de Governo......................................................................................... 43
3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura
do Programa de Saúde da Família.......................................................................... 43
3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do
Sistema Municipal de Saúde.................................................................................. 45
3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação do
Programa de Saúde da Família............................................................................... 45
3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da Atenção
Básica.................................................................................................................... 45
3.2.2 Capacidade de governo................................................................................... 46
3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde..................................................... 46
3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da
Família .................................................................................................................. 47
3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde................................ 47
3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde ........................... 47
3.2.3 Governabilidade ............................................................................................. 49
3.2.3.1 Despesas per capita com saúde................................................................... 49
3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios ..................................... 49
3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família........... 50
3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde........................................ 50
3.3 Dimensão Organizacional da Atenção ................................................................. 51
3.3.1 Práticas de gestão da ABS .............................................................................. 51
3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à
saúde ..................................................................................................................... 52
3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda ......................................... 52
3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal ............................ 53
3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde ............................................................. 53
3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município................................................... 53
3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde ............................................................... 53
3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF .................................................... 62
3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde......................................................... 62
3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados ............................................................ 63
3.3.2.5 Adstrição da demanda................................................................................ 63
3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino ............................................................ 64
3.3.2.7 Assistência farmacêutica............................................................................ 64
3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde........................................ 64
3.4 Dimensão do Cuidado Integral ............................................................................ 65
3.4.1 Estratégias de indução da integralidade........................................................... 65
3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral ................................ 65
3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares.................................................... 70
3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos.............................................................. 70
3.4.1.4 Utilização de protocolos............................................................................. 73
3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais............................................. 76
3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados ............................................................... 76
3.4.1.7 Acesso a publicações ................................................................................. 76
3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde.............................................. 77
3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS .............................................. 77
3.4.2.2 A categoria processo de trabalho................................................................ 77
3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde ......................... 78
3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho ........................ 82
3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde ...................................................... 83
3.5.1 Desempenho do Município de João Pessoa ..................................................... 83
3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde .................... 83
3.5.2 Desempenho dos Modelos de Atenção Básica à Saúde.................................... 87
3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS........................................................ 87
3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS.................... 89
3.5.2.2.1 Crianças ................................................................................................89
3.5.2.2.2 Mulheres ...............................................................................................97
3.5.2.2.3 Adultos ...............................................................................................105
3.5.2.2.4 Idosos..................................................................................................113
4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM JOÃO
PESSOA ...................................................................................................................121
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................125
10
LISTA DE SIGLAS
AB – Atenção Básica
ABS – Atenção Básica à Saúde
ACS – Agente Comunitário de Saúde
CID-10 – Classificação Internacional de Doenças - 10ª. Revisão
CMS – Conselho Municipal de Saúde
CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
CONASEMS – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
DEGES / SEGETS – Departamento de Gestão da Educação em Saúde / Secretaria de
Gestão da Educação e Trabalho em Saúde
ELB – Estudo de Linha de Base
ESF – Equipe de Saúde da Família
GLAS – Grupo Local de Avaliação em Saúde
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
MS – Ministério da Saúde
PROESF – Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família
PSF – Programa de Saúde da Família
RH – Recursos Humanos
RM – Região Metropolitana
SF – Saúde da Família
SM – Salário Mínimo
SIAB – Sistema de Informações da Atenção Básica
SIA – Sistema de Informações Ambulatoriais
SMS – Secretaria Municipal de Saúde
SUS – Sistema Único de Saúde
TC – Trabalho de Campo
UBS – Unidade Básica de Saúde
USF – Unidade de Saúde da Família
UERGS – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
UFPEL – Universidade Federal de Pelotas
11
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1
Tabela 3.2
Tabela 3.3
Tabela 3.4
Tabela 3.5
Tabela 3.6
Tabela 3.7
Tabela 3.8
Tabela 3.9
Tabela 3.10
Tabela 3.11
Tabela 3.12
Tabela 3.13
Tabela 3.14
Tabela 3.15
Tabela 3.16
Tabela 3.17
Tabela 3.18
Tabela 3.19
Tabela 3.20
Tabela 3.21
Tabela 3.22
Tabela 3.23
Tabela 3.24
Tabela 3.25
Tabela 3.26
Tabela 3.27
Tabela 3.28
Indicadores demográficos e socioeconômicos para João Pessoa, Paraíba e Brasil. Estudo de
Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Distribuição da amostra de trabalhadores de saúde por atividade profissional em João Pessoa.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Distribuição da amostra dos trabalhadores de saúde por Unidade Básica de Saúde de João
Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Renda média mensal dos profissionais em saúde estudados em João Pessoa, por modelo de
atenção, e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde de João Pessoa.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Condições de habitação das crianças, mulheres, adultos e idosos estudados em João Pessoa,
por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Escolaridade dos trabalhadores em saúde estudados em João Pessoa, por modelo de atenção.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005..
Cursos de capacitação realizados pelos trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde
estudadas em João Pessoa e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote
2 NE, 2005.
Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de João Pessoa e para o
Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Área física das Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Adequação da estrutura nas Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Equipamentos e instrumentos das Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo de
Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Atividades para o Cuidado Integral nas Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo
de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Atividade de Grupo nas Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Disponibilidade de Medicamentos das Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo de
Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Utilização de protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da Saúde nas Unidades
Básicas de Saúde de João Pessoa e do Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores de saúde em uma escala de 0 a
10 em João Pessoa, por modelo de atenção, e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicadores de desempenho do sistema de saúde para João Pessoa, Paraíba e Brasil. Estudo de
Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da criança para João
Pessoa, Paraíba e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF–UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da mulher para João
Pessoa, Paraíba e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças crônicas para João
Pessoa, Paraíba e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2005 relativos à saúde bucal para João Pessoa,
Paraíba e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Participação dos profissionais no atendimento à demanda em João Pessoa, por modelo de
atenção, e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Condições de nascimento das crianças de João Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Características do acompanhamento de puericultura das crianças estudadas em João Pessoa,
por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
pág. 33
pág. 34
pág 35
pág. 36
pág. 37
pág. 39
pág. 48
pág. 49
pág. 50
pág. 54
pág. 56
pág. 58
pág. 61
pág. 66
pág. 68
pág. 70
pág. 73
pág. 74
pág. 75
pág. 82
pág. 83
pág. 84
pág. 84
pág. 85
pág. 86
pág. 87
pág. 88
pág. 90
13
Tabela 3.29
Tabela 3.30
Tabela 3.31
Tabela 3.32
Tabela 3.33
Tabela 3.34
Tabela 3.35
Tabela 3.36
Tabela 3.37
Tabela 3.38
Tabela 3.39
Tabela 3.40
Tabela 3.41
Tabela 3.42
Tabela 3.43
Tabela 3.44
Tabela 3.45
Tabela 3.46
Tabela 3.47
Tabela 3.48
Tabela 3.49
Tabela 3.50
Tabela 3.51
Tabela 3.52
Características do estado vacinal das crianças estudadas em João Pessoa de acordo com o
registro do cartão de vacinas, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas pelo problema das
crianças estudadas em João Pessoa, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Prevalência de pneumonia nas crianças nos últimos 6 meses e características das consultas
pelo problema em João Pessoa, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Características das consultas por outros motivos além de diarréia e pneumonia das crianças
estudadas em João Pessoa, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Características de saúde bucal das crianças estudadas em João Pessoa. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Características do pré-natal das mulheres estudadas em João Pessoa, por modelo de atenção.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na Unidade Básica de Saúde
da área de abrangência em João Pessoa, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em João Pessoa, por
modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres estudadas em João
Pessoa, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
2005.
Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em João Pessoa, por modelo de
atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres estudadas em João Pessoa,
por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Características de saúde bucal das mulheres estudadas em João Pessoa. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Atividade física dos adultos estudados em João Pessoa, por modelo de atenção. Estudo de
Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em João Pessoa, por modelo de atenção.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Diabetes Mellitus nos adultos estudados em João Pessoa, por modelo de atenção. Estudo de
Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Problemas de nervos nos adultos estudados em João Pessoa, por modelo de atenção. Estudo
de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de adultos de João Pessoa.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Características de saúde bucal dos adultos estudados em João Pessoa. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Atividade física dos idosos estudados em João Pessoa, por modelo de atenção. Estudo de
Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em João Pessoa, por modelo de atenção.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Diabetes Mellitus nos idosos estudados em João Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Problemas de nervos nos idosos estudados em João Pessoa. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em João Pessoa, por modelo de
atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Características de saúde bucal dos idosos estudados em João Pessoa, por modelo de atenção.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
pág. 91
pág. 92
pág. 93
pág. 94
pág. 96
pág. 97
pág. 98
pág. 99
pág. 100
pág. 101
pág. 101
pág. 103
pág. 104
pág. 105
pág. 106
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14
APRESENTAÇÃO
O relatório apresenta os resultados do Estudo de Monitoramento e Avaliação do
Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) no município de
João Pessoa incluído na amostra do Lote 2 Nordeste, coordenado e financiado
nacionalmente pelo Ministério da Saúde.
O ELB, através de uma abordagem epidemiológica, avaliou a atenção básica à
saúde em suas dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado
integral e desempenho do sistema.
O relatório enfatiza o recorte utilizado no ELB, descreve os achados sobre a
atenção básica e estabelece uma avaliação do Estudo no Município de João Pessoa.
Outras informações sobre o ELB para o conjunto dos municípios do Lote 2 NE,
incluindo o Relatório Final, já aprovado pelo Ministério da Saúde, estão disponíveis na
página do Projeto na Internet: http://www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm.
15
RESUMO
O Estudo de Monitoramento e Avaliação do PROESF no Lote 2 Nordeste, sob responsabilidade da
Universidade Federal de Pelotas, foi iniciado em fevereiro de 2005, incluindo 20 municípios de mais de
100 mil habitantes dos estados de Alagoas1, Paraíba2, Pernambuco3, Piauí4 e Rio Grande do Norte5.
O Estudo de Linha de Base utilizou um delineamento transversal e incluiu a coleta de dados primários nos
municípios. Em João Pessoa o estudo foi realizado em oito dias. O trabalho de campo abrangeu entrevista
com o Presidente de Conselho Municipal de Saúde, o Secretário Municipal de Saúde e o Coordenador de
Atenção Básica / PSF e a coleta de dados documentais. Em relação aos instrumentos do âmbito da UBS, a
caracterização da estrutura alcançou os nove serviços amostrados. Também foram coletadas informações
de 149 profissionais de saúde, o que corresponde a uma média de 17 profissionais por UBS. O somatório
da avaliação da demanda de um dia típico de trabalho das UBS estudadas, totalizou 733 atendimentos, o
que corresponde a uma média de 81 atendimentos por dia por UBS. Na amostra populacional, foram
entrevistadas 162 crianças (100% do estimado); 162 mulheres (100% do estimado); 162 adultos (100% do
esperado) e 162 idosos (100% do esperado). Na média foram aplicados 18 questionários em cada estrato
da amostra populacional de cada UBS. O processamento e análise dos dados foram concluídos em
dezembro de 2005. O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de
questionários reduzidos alcançando cerca de 5% dos domicílios selecionados para a amostra
populacional.
Os achados do Estudo demonstram que de modo geral, a situação socioeconômica de João Pessoa é
melhor que a do conjunto dos municípios do Lote. Em relação à atenção básica e ao PSF, o município tem
uma importante experiência. A cobertura do PSF teve um crescimento destacável desde sua implantação
em 1999, sendo que no ano de 2005 superou a meta proposta pelo Ministério da Saúde de 30% para
municípios com porte populacional de 500 mil até menos de dois milhões de habitantes. No âmbito da
gestão da Atenção Básica o fato de 70% dos profissionais ter ingressado através de concurso público,
apesar de cerca de um terço ter informado vínculo tipicamente precário. Os indicadores do Pacto da
Atenção Básica de João Pessoa foram no geral intermediários quando comparados ao estado e país,
destacando-se aqueles referentes às taxas de mortalidade infantil e taxas de internação por AVC, ICC e
diabetes. Sobre o desempenho da ABS local os destaques foram imunização infantil, prevenção do câncer
de colo uterino, e opinião positiva sobre os atendimentos recebidos. De qualquer maneira, a adequação da
estrutura da rede básica, da supervisão e da capacitação dos profissionais de saúde, juntamente com a
superação dos desafios da avaliação e monitoramento da atenção básica, serão fundamentais para o
desenvolvimento do SUS e da saúde da população no município.
A complexidade do estudo e sua abrangência não impediram o cumprimento adequado do cronograma
previsto. A qualidade da equipe técnica envolvida nas diversas atividades do estudo e a participação dos
representantes do município devem ser destacadas como razões fundamentais para o bom andamento do
Projeto. Este resultado também se deveu ao apoio recebido do Ministério da Saúde, com especial
destaque para a Coordenação de Acompanhamento e Avaliação do Departamento de Atenção Básica da
Secretaria de Atenção à Saúde e o Grupo de Acompanhamento dos Estudos de Linha de Base.
1
Municípios de Alagoas: Arapiraca e Maceió.
Municípios da Paraíba: Campina Grande, João Pessoa e Santa Rita.
3
Municípios de Pernambuco: Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Caruaru, Garanhuns, Jaboatão dos
Guararapes, Olinda, Paulista, Petrolina, Recife e Vitória de Santo Antão.
4
Municípios do Piauí: Parnaíba e Teresina.
5
Municípios do Rio Grande do Norte: Mossoró, Parnamirim e Natal.
2
17
18
1 INTRODUÇÃO
O Projeto Integrado de Capacitação e Pesquisa em Avaliação da Atenção Básica
à Saúde, sob responsabilidade do Departamento de Medicina Social, do Departamento
de Enfermagem e do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de
Pelotas (UFPel), está vinculado ao Componente 3 (Monitoramento e Avaliação) do
Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (PROESF) do Ministério da
Saúde (MS), incluindo a totalidade dos 20 municípios dos estados de Alagoas, Paraíba,
Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte do Lote 2 Nordeste, contando com a
participação de gestores e de trabalhadores de saúde.
A pesquisa através do Estudo de Linha de Base (ELB) incluiu quatro dimensões
orientadoras da avaliação da atenção básica: político-institucional, organizacional da
atenção, cuidado integral e desempenho do sistema de saúde (Ministério da Saúde,
2004). Através de abordagem epidemiológica se avaliou o quanto às exposições ao
PROESF e ao PSF afetam a variabilidade dos indicadores de cobertura, desempenho do
sistema de saúde e situação de saúde da população, estabelecendo uma referência para
avaliações e acompanhamentos futuros.
Os municípios estudados estão recebendo apoio à Conversão do Modelo de
Atenção Básica à Saúde, buscando estruturar a Estratégia Saúde da Família como porta
de entrada do SUS e viabilizar o acesso a outros níveis de complexidade, para assegurar
assistência integral aos usuários (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Este processo foi
analisado como uma intervenção, cujos efeitos no presente podem ser observados em
municípios e população estratificados por estado da federação, porte populacional,
região metropolitana e modelo de atenção básica à saúde. Os efeitos históricos da
intervenção poderão ser observados em um segundo tempo, através da repetição do
estudo.
O ELB corresponde ao primeiro tempo de uma avaliação prospectiva sobre a
ABS e o PSF, mas também de uma análise da intervenção do PROESF na reorientação
do modelo de ABS.
19
A epidemiologia foi o eixo que estruturou a abordagem do ELB, orientando a
articulação complexa entre as dimensões sob estudo e os níveis de análise empírica. As
dimensões político-institucional, organizacional da atenção, cuidado integral e
desempenho do sistema foram tomadas como categorias abstratas da avaliação e
hierarquizaram conceitualmente as variáveis estudadas, enquanto os níveis de análise
hierarquizaram as variáveis, conforme sua operacionalização nas diversas fontes de
informação, primárias e secundárias, quantitativas e qualitativas, individuais e coletivas.
Este relatório apresenta a metodologia e os resultados do ELB no Município de
João Pessoa, PB. A metodologia detalha as diversas etapas do estudo, desde seu
delineamento e o planejamento do trabalho de campo, até o processamento e a análise
dos dados.
Os resultados enfatizam os recortes utilizados no ELB e contrasta os achados
sobre a atenção básica no Município com aqueles do Lote 2 Nordeste, do Estado e do
país.
20
2 METODOLOGIA
2.1 Delineamento do Estudo de Linha de Base (ELB)
O delineamento é um meio de garantir relações válidas de causa e efeito entre as
variáveis em estudo (SUSSER, 1996). Os delineamentos ideais na avaliação de
programas ou serviços de saúde dependem da natureza dos programas e da precisão das
estimativas a serem obtidas. Estudos transversais são excelentes para avaliações de
adequação da cobertura ou qualidade de serviços, mas também podem ser utilizados em
avaliações de plausibilidade na comparação de modelos ou programas de saúde
(HABICHT, 1999, SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).
Na área da saúde pública, estudos observacionais que testem a efetividade das
intervenções sob condições de rotina são mais adequados do que ensaios randomizados.
Para que seus resultados forneçam subsídios para as políticas de saúde, os estudos não
randomizados precisam ser alvo de tanta atenção quanto a que tem sido dedicada, nos
últimos anos, aos estudos randomizados (SANTOS, 2004; VICTORA, 2004).
A declaração TREND é uma iniciativa recente que busca contribuir para esse
fim, ao definir uma série de normas para o delineamento e divulgação de estudos
observacionais de avaliação de programas e serviços de saúde (DES JARLAIS, 2004).
O ELB segue os fundamentos dos estudos transversais, com grupos de
comparação, utilizando medidas com múltiplos níveis de agregação, em relação às
diferentes dimensões observadas (ROTHMAN, 1998). O estudo também pode ser
caracterizado como multicêntrico de efetividade e linha de base para determinar o
impacto do PROESF / PSF nos indicadores de desempenho do sistema de saúde e de
situação de saúde da população, incluindo todos os 20 municípios.
O delineamento do estudo procurou minimizar o viés de seleção incluindo a
totalidade dos municípios e amostras proporcionais de unidades básicas de saúde do
Lote 2 Nordeste, juntamente com uma complexa estratificação de variáveis
21
independentes para o estabelecimento de comparações (DES JARLAIS, 2004;
ROTHMAN, 1998).
O delineamento transversal foi qualificado tanto através da estratificação das
UBS segundo o modelo de atenção (Tradicionais e PSF), quanto pela possibilidade de
controlar o efeito do PSF, estratificando suas UBS conforme o período de implantação,
anterior ou posterior a intervenção do PROESF. No caso de João Pessoa foram
selecionadas três UBS Tradicionais e seis de PSF (três UBS pré-PROESF e três pósPROESF). A obtenção de informações estruturadas para o âmbito da gestão, do controle
social, das unidades básicas de saúde, dos usuários e da população também enriqueceu o
delineamento do estudo, especialmente com a inclusão de questões abertas que
qualificaram as questões fechadas que predominam na abordagem epidemiológica. A
coleta de dados secundários de bases nacionais também foi outro aspecto do
delineamento do estudo que complementou a abordagem transversal do objeto.
As variáveis selecionadas caracterizaram as dimensões político-institucional,
organizacional da atenção, cuidado integral e desempenho do sistema.
A dimensão político-institucional examina principalmente os aspectos relativos à
gestão do SUS e da ABS. Seu âmbito é fundamentalmente o do agregado do município.
Neste âmbito, os modelos de atenção são caracterizados como políticas, ilustradas por
diferenças históricas e conjunturais na cobertura populacional.
A dimensão organizacional da atenção caracteriza aspectos da gestão da ABS e
do PSF, mas aproxima seu olhar da UBS e dos fluxos entre os níveis de atenção do
SUS. Neste âmbito, a dicotomia entre os modelos de ABS, Tradicional e PSF, passa a se
materializar nas práticas de gestão e a oferta de serviços básicos e especializados. Este é
o âmbito do detalhamento e constituição das políticas de saúde e, particularmente, da
reorientação do modelo de atenção básica à saúde.
A dimensão do cuidado integral focaliza a UBS, suas práticas e recursos na
abordagem das necessidades de saúde da população. Examina as estratégias de indução
da integralidade e o processo de trabalho na ABS.
Por fim, a dimensão desempenho do sistema analisa a utilização dos serviços de
ABS e a situação de saúde da população, permitindo observar as diferenças tanto para
os agregados geopolíticos, quanto para os modelos de atenção.
22
2.2 Amostra e Amostragem do ELB
O universo para este recorte do estudo é constituído pelo município de João
Pessoa. Neste universo foi realizada uma amostra estratificada por múltiplos estágios
para selecionar unidades básicas de saúde, profissionais de saúde, usuários e indivíduos
residentes na área de abrangência dos serviços (LEMESHOW, 1990; LEVY, 1980;
LWANGA, 1991).
2.2.1 Amostra de UBS
Tomando-se uma lista de UBS fornecida pelo município de João Pessoa foram
sorteadas aleatoriamente nove UBS, que orientaram a seleção das amostras de
profissionais de saúde, usuários e população da área de abrangência dos serviços. Foram
incluídas três UBS do PSF pré-PROESF (Grotão I, Grotão II e Pedra Branca II), três do
PSF pós-PROESF (Castelo Branco I, Ernani Sátiro e Mangabeira VII A) e três
Tradicionais (Mandacaru, Maria Luiza Targino e Treze de Maio).
2.2.2 Amostra de profissionais de saúde
Em cada UBS se procurou obter informações de todos os trabalhadores de saúde
em atividade, através de um questionário auto-aplicado.
Foram incluídos tanto os profissionais de saúde de nível superior (médicos,
enfermeiros e demais profissões), quanto os profissionais de nível médio (auxiliares de
enfermagem, recepcionistas, etc) e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS).
2.3 Amostra de usuários: demanda atendida nas UBS
Em relação à amostra de usuários, a estratégia amostral foi registrar todos os
atendimentos de um dia de trabalho em cada UBS selecionada, incluindo aqueles
realizados por ACS. A base de registro utilizada foi a Ficha de Atendimento
Ambulatorial (FAA) do SUS, documento utilizado cotidianamente nas UBS para efeitos
gerenciais e contábeis. Utilizou-se um formulário-espelho, que continha todas as
informações da FAA e facilitava a digitação eletrônica dos dados. As informações sobre
23
a avaliação da demanda estão mais detalhadas no item de instrumentos do estudo e na
seção de Resultados do ELB.
2.2.4 Amostra de população da área de abrangência das UBS
A amostra populacional foi dividida em 4 grupos, crianças de um a três anos de
idade, mulheres que tiveram filhos nos últimos dois anos, adultos entre 30 e 64 anos de
idade e idosos a partir dos 65 anos de idade. Estes indivíduos foram localizados na área
de abrangência de cada uma das UBS, através de amostragem sistemática. Para compor
a amostra do Lote 2 Nordeste, selecionou-se cerca de 2100 indivíduos em cada um dos
grupos, cujo tamanho era suficiente para examinar diferenças de 25 a 30% entre os
modelos de atenção das UBS (PSF x Tradicional), com um poder estatístico de 80% e
prevalências dos desfechos de no mínimo 25%. Estes parâmetros permitiram avaliar
diferenças na utilização de serviços de saúde, realização de procedimentos preventivos e
acompanhamento de atividades programáticas. Esta amostra foi dividida pelo número
de UBS selecionadas (120) resultando em um número de 18 entrevistas a serem
realizadas para cada grupo populacional da área de abrangência de cada uma delas.
2.3 Trabalho de Campo no Município: Logística e Instrumentos de Fonte Primária
O trabalho de campo em João Pessoa iniciado em 08 de julho de 2005 e
concluído em 16 de julho de 2005 foi realizado por uma equipe de seis supervisores
criteriosamente selecionados e capacitados para o desenvolvimento de cada uma das
etapas do trabalho de campo.
A pactuação de uma agenda de trabalho de campo com o Município foi uma das
estratégias utilizadas para operacionalizar o cronograma estabelecido. O apoio recebido
do gestor, coordenação de atenção básica e de saúde da família, representantes do
controle social, trabalhadores das unidades básicas de saúde, agentes comunitários de
saúde e população entrevistada foram fundamentais para a realização do trabalho. A
capacitação e a motivação do grupo de supervisores também foram extremamente
relevantes para o sucesso deste trabalho.
Apresenta-se a seguir o detalhamento da logística no trabalho de campo para
cada um dos instrumentos utilizados na coleta de dados primários. Os instrumentos
24
estão disponíveis da página do PROESF-UFPEL na Internet e são de livre acesso –
http://www.epidemio-ufpel.org.br/proesf/index.htm
a. Gestor e Coordenador de Atenção Básica e PSF
Os dados referentes ao gestor e coordenador eram coletados através de
questionário auto-aplicado destinado a registrar informações demográficas, de formação
profissional e experiência na gestão, além de caracterizar os aspectos políticoinstitucionais da ABS e do PSF no município. Depois de preenchidos, os instrumentos
foram enviados á coordenação do Projeto para revisão, codificação e digitação na sede
do estudo na cidade de Pelotas.
b. Entrevista com o Presidente do Conselho Municipal de Saúde
Para a aplicação deste instrumento foi solicitado o agendamento prévio da
entrevista realizada por um supervisor do trabalho de campo.
c. Processo de Trabalho
Este instrumento foi preenchido em reuniões nas unidades básicas amostradas,
após a convocação por parte dos coordenadores das UBS. Os trabalhadores presentes no
dia da reunião discutiam os aspectos da organização do trabalho, as atividades
realizadas, os responsáveis por sua realização, os instrumentos e insumos utilizados,
além de identificar os principais problemas do processo de trabalho e sugestões de
melhoria.
d. Estrutura da UBS
O instrumento para captar informações sobre a estrutura da UBS era
fundamentalmente fechado e poderia ser preenchido coletivamente em uma reunião de
equipe, ou por um responsável pela UBS, com o apoio de pessoas-chave nos diversos
setores. A tarefa foi realizada durante o trabalho de campo (TC) na UBS. Enquanto
realizavam o levantamento de informações populacionais na área de abrangência, os
supervisores apoiaram o preenchimento do instrumento pelo responsável na UBS.
25
e. Equipe de saúde
O questionário individual auto-aplicado era dirigido a todos os trabalhadores
lotados na UBS, incluindo profissionais de nível superior, médio e os ACS. As questões
eram todas estruturadas e predominantemente fechadas, mas várias questões abertas
foram utilizadas para qualificar a informação quantitativa. O instrumento da equipe de
saúde foi distribuído pelos supervisores às UBS, juntamente com os demais
questionários. Durante o TC na UBS, os supervisores orientaram o preenchimento e
motivaram os trabalhadores a participar do estudo. Depois de preenchidos, os
instrumentos foram recolhidos pelos supervisores e enviados para revisão, codificação e
digitação na sede do estudo na cidade de Pelotas.
f. Demanda da UBS – PACOTAPS
Utilizando um formulário baseado na Ficha de Atendimento Ambulatorial
(FAA) do SUS, todos os atendimentos de um dia de trabalho na UBS foram registrados,
incluindo os agentes comunitários de saúde.
Estes formulários foram digitados no software PACOTAPS (TOMASI, 2003),
capaz de identificar a dimensão do acesso da população aos serviços, a qualidade do
registro das atividades, produzir análises sobre o perfil demográfico e epidemiológico
da demanda nas unidades básicas de saúde.
O software é de fácil utilização por indivíduos sem conhecimentos prévios de
informática e epidemiologia e possibilita delinear com maior nitidez o perfil da
demanda, avaliar os serviços ao longo do tempo, comparar serviços entre si, em
momentos determinados, de acordo com as demandas do espaço de gestão. Permite
ainda, identificar com precisão e atualidade através de seus relatórios, informações
sobre o gênero, os grupos etários, os principais motivos de consulta, os medicamentos
mais prescritos, os exames mais solicitados e os encaminhamentos realizados.
O software foi distribuído ao município e os representantes das SMS e das UBS
foram capacitados para sua utilização na avaliação dos serviços básicos durante as
Oficinas Regionais. Este aplicativo também pode ser obtido na página do Projeto na
Internet no endereço citado anteriormente.
26
g. Amostra Populacional
Foram realizadas entrevistas individuais, domiciliares, com questionários
estruturados, abordando questões relevantes para o estudo em amostras independentes
de crianças, mulheres, adultos e idosos. As questões eram todas estruturadas e
predominantemente fechadas, mas também havia questões abertas para qualificar as
respostas fechadas. Para a caracterização socioeconômica das amostras, foram utilizadas
a renda per capita em salários mínimos e a classificação da ANEP / ABIPEME
(RUTTER, 1988), esta última composta de informações sobre a escolaridade do chefe
da família, da disponibilidade de empregada mensalista e sobre a posse de bens
eletrodomésticos.
Para a aferição de alcoolismo (adultos), foi utilizado o teste CAGE (MASUR,
1983; SOINBELMAN, 1992), composto de quatro questões, sendo mais de duas
afirmativas um indicador de dependência de bebida alcoólica.
As entrevistas foram realizadas por supervisores selecionados e capacitados
especialmente para estas atividades pela equipe técnica do projeto. A amostra
populacional foi localizada na área de abrangência da UBS, que foi o ponto inicial para
a coleta de dados. Todos os domicílios do percurso seguido a partir da UBS até os
limites da área foram visitados em busca dos indivíduos elegíveis de acordo com o
grupo populacional.
A baixa densidade de indivíduos elegíveis em cada domicílio facilitou a
distribuição da amostra por toda a área de abrangência da UBS, minimizando as
possibilidades de viés de seleção ou efeito de cluster nas amostras (ROTHMAN, 1998).
Assim, se procedeu à inclusão consecutiva dos domicílios para a composição da
amostra.
Caso em um domicílio não residisse o indivíduo com as características
requeridas, passava-se ao seguinte, respeitando a orientação do deslocamento pela área
de abrangência. Nos domicílios selecionados, somente um indivíduo elegível (crianças,
mulheres que tiveram filho nos últimos dois anos, adultos e idosos) foi convidado a
participar do estudo, explicando-se a sua finalidade e apresentando termo de
consentimento informado. Nos domicílios em que se encontraram duas crianças ou duas
mulheres elegíveis, a mais jovem foi entrevistada. Para os adultos e idosos esta regra se
inverteu, sendo elegível o mais velho.
27
2.4 Levantamento de Dados em Fontes Secundárias
Integrando o Estudo de Linha de Base do PROESF, foram sistematizados para o
município, o Estado, o Lote e o país, dois conjuntos de informações oriundas de bases
nacionais disponíveis (Ministério da Saúde, DATASUS e IBGE.).
O primeiro conjunto diz respeito aos 34 indicadores do Pacto da Atenção Básica,
instrumento de monitoramento e avaliação do desempenho da atenção básica por parte
do Ministério da Saúde (2003).
O segundo conjunto de informações está baseado nos Indicadores de
Monitoramento da Expansão do PSF em Grandes Centros Urbanos, de Julho de
2002, trabalho coordenado pela Dra. Ana Luiza D’Ávila Viana (2002). Do total dos
indicadores propostos, foi selecionado para análise um conjunto que fornece
informações de acordo com três eixos:
1. Perfil epidemiológico e sócio-demográfico da população;
2. Financiamento da saúde, da atenção básica e do PSF;
3. Organização da assistência, do cuidado e desempenho do sistema.
2.5 Processamento dos Dados
A complexidade da avaliação da atenção básica no âmbito do PROESF requer
que o conhecimento produzido seja baseado em informações as mais fidedignas
possíveis. Até traduzir-se em informações, todos os dados coletados durante o trabalho
de campo são objeto de um conjunto de atividades, sistemática e rigorosamente
encadeada. Estas atividades vão desde a recepção e classificação dos instrumentos até as
análises mais complexas e informativas.
Uma das peculiaridades do nosso estudo sobre a atenção básica no Brasil é a
extensa e variada gama de abordagens e instrumentos utilizados: dados quantitativos e
qualitativos, dados primários e secundários, dados com foco na gestão municipal da
saúde, dados com foco nas unidades básicas e dados com foco na população residente
na área de abrangência da UBS. Cada uma destas categorias se relaciona com as demais,
o que imprime um alto grau de complexidade a todas as tarefas de preparar estes dados
para análise.
28
As atividades relacionadas ao processamento dos dados oriundos dos diferentes
instrumentos do estudo estão descritas em ordem cronológica e seqüencial. Em seguida,
são apresentados os diferentes bancos de dados, agregados por tipos de instrumentos.
Estão disponibilizados na página do Projeto na Internet os materiais de apoio ao
processamento dos dados, especialmente construídos para o estudo.
2.5.1 Recepção e classificação dos instrumentos
Os instrumentos completados no trabalho de campo entravam no processamento
por município, na mesma ordem da realização da coleta de dados. Uma vez “na bancada
de trabalho”, os diferentes instrumentos eram separados por tipo para identificação.
2.5.2 Identificação e constituição dos lotes
Nesta fase, o questionário recebia um identificador numérico único. Para os
questionários da população da área de abrangência da UBS e dos profissionais, o
identificador possuía sete algarismos: um para o Estado, dois para o município, dois
para a UBS e dois para o entrevistado. Para os questionários da estrutura e do processo
de trabalho na UBS, o identificador possuía cinco algarismos: um para o Estado, dois
para o município e dois para a UBS. Para os questionários do nível municipal, o
identificador era de três algarismos: um para o Estado e dois para o município. Para o
estudo de demanda, cujo instrumento foi a “ficha-espelho” da Ficha de Atendimento
Ambulatorial, a identificação era dada pelo código da UBS junto ao Sistema de
Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA – SUS).
Para cada conjunto de instrumentos do mesmo tipo e da mesma UBS era
constituído um lote de questionários, obedecendo a uma numeração seqüencial utilizada
no formulário “capa de lote”. Neste formulário, eram registrados os números de
identificação de cada questionário do lote, além do município, UBS, total de
questionários, data e responsável pelo fechamento do lote.
Para cada município, foram sistematizados os totais de cada instrumento
efetivamente completado no trabalho de campo, excluídas as perdas e recusas. Estes
números eram registrados em uma planilha do processamento por município e UBS,
denominada “Listagem de Controle de Lote”. Esta rotina dava início ao processamento
29
propriamente dito, com a seguinte seqüência de tarefas para os questionários
populacionais e dos profissionais:
•
codificação de questões fechadas
•
tabulação de questões abertas
•
codificação de questões abertas
•
revisão final
•
digitação
A primeira folha de cada questionário recebia um carimbo com a seqüência das
tarefas acima citadas para registro de datas e responsáveis.
2.5.3 Bancos de Dados Estruturados
a.Questionários populacionais, estrutura de UBS e profissionais de saúde
Para os questionários populacionais (crianças, mulheres, adultos e idosos), da
estrutura da UBS e dos profissionais foram criados bancos de dados no EPI-INFO, que
permite validação da entrada de dados para amplitude e consistência das variáveis.
b. Demanda ambulatorial
As fichas-espelho do estudo de demanda foram inicialmente contadas e
revisadas. Para cada procedimento era identificado um código na Tabela de
Procedimentos do SIA-SUS e para cada diagnóstico era identificado um código na
Classificação Internacional de Doenças – 10ª. Revisão (CID-10). Para facilitar o
trabalho de codificação, foram identificados os códigos de maior utilização, o mesmo
acontecendo com os códigos da CID-10 para os diagnósticos.
A seguir, as fichas-espelho eram digitadas no aplicativo PACOTAPS, uma
ferramenta desenvolvida pela equipe (TOMASI, 2003) para subsidiar o planejamento e
a avaliação de serviços básicos de saúde.
c. Processo de trabalho, Gestor Municipal, Coordenador da Atenção Básica
e Presidente do Conselho Municipal de Saúde
Todas as questões abertas destes instrumentos foram digitadas em programa de
edição de textos para posterior análise.
30
Para as questões fechadas (pré-codificadas) foram criados bancos de dados no
EPI-INFO, a exemplo dos instrumentos populacionais, da estrutura da UBS e dos
profissionais de saúde.
2.6 Controle de Qualidade
O controle de qualidade foi realizado, por telefone, mediante aplicação de
questionários reduzidos para alcançar, no mínimo, 5% dos domicílios selecionados.
Estes questionários eram compostos por perguntas-chave para identificar possíveis erros
ou respostas falsas. Para tanto, foi sorteado um questionário relativo a cada grupo
populacional investigado (criança, mulher, adulto e idoso) por Unidade Básica de
Saúde.
Para padronizar e qualificar a coleta dos dados do controle de qualidade, uma
pessoa especialmente treinada para este fim, realizou o contato telefônico. Não
existindo a possibilidade de contato telefônico com a pessoa sorteada, uma busca pelo
endereço ou pela respectiva UBS, era realizada na tentativa de localizar e coletar os
dados do entrevistado, não havendo, portanto, substituição para evitar possíveis viéses.
Para checagem imediata da consistência das informações, através de uma
planilha, algumas respostas referidas pelo entrevistado no contato feito pelo supervisor
eram comparadas com as repostas referidas no momento da aplicação do questionário
de controle de qualidade. Esta medida facilitava a detecção precoce de possíveis erros
na coleta dos dados e possibilitava a intervenção imediata junto ao supervisor do
trabalho de campo. A atividade de controle de qualidade era supervisionada diariamente
por um dos membros da equipe. Ao final, foi realizada a checagem da consistência das
informações através do índice de concordância de Kappa (LANDIS, 1977).
Os resultados do controle de qualidade para a totalidade dos municípios estão
disponíveis no Relatório Final do Lote 2 Nordeste, na página do Projeto na Internet.
2.7 Análise dos Dados
Digitados no programa EPI-INFO 6.04b, os bancos de dados foram exportados
através do aplicativo STAT TRANSFER 5.0 para o pacote estatístico SPSS 10.0 para
Windows, utilizado para as análises. Inicialmente, procedeu-se às análises descritivas,
31
verificando a distribuição dos casos em cada variável. Nas comparações também foram
considerados os achados do Lote 2 Nordeste, Estado e país. Em continuação, as
variáveis de interesse foram analisadas segundo o modelo de UBS, buscando-se
identificar padrões de desempenho em serviços do PSF e Tradicionais.
32
3 RESULTADOS
3.1 Contexto
3.1.1 Situação Demográfica e Socioeconômica de João Pessoa
Em 2000, de acordo com informações do Atlas IDH e dos Cadernos de
Informações em Saúde, João Pessoa possuía 597.934 habitantes. Seu Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) era de 0,783, superior ao da Paraíba e do Brasil. A
situação socioeconômica e demográfica foi no geral favorável ao município, o qual
apresentava a menor taxa bruta de natalidade, a menor proporção de menores de cinco
anos, menor proporção de pobres, e ainda a maior proporção de alfabetizados e de
cobertura de água encanada quando comparado ao estado e ao país. Em relação aos
demais indicadores, a situação variou, sendo que a expectativa de vida foi maior em
relação à PB, mas semelhante em comparação ao Brasil; e a proporção de idosos foi
menor à do estado e semelhante à do país. Já a proporção de cobertura de esgoto
superou o índice da PB, mas ainda está abaixo ao do Brasil (Tabela 3.1).
Tabela 3.1 - Indicadores demográficos e socioeconômicos para João Pessoa, Paraíba e
Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa
PB
Brasil
IDH-2000
0,783
0,661
0,766
Taxa bruta de natalidade
16,8
22,2
17,5
Expectativa de vida
68,2
63,2
68,6
% de menores de 5 anos
8,7
10,1
9,7
% de idosos
8,1
9,8
8,5
% de pobres
27,6
55,3
32,8
% de alfabetizados
85,5
69
83,3
% de água encanada
97,7
67
75,8
% de esgoto
41,5
27,6
44,4
Fonte: Atlas IDH e Cadernos de Informações em Saúde de 2000.
33
3.1.2 Amostra de Unidades Básicas de Saúde
Para o ELB foram selecionadas em João Pessoa três UBS do PSF pré-PROESF
(Grotão I, Grotão II e Pedra Branca II), três do PSF pós-PROESF (Castelo Branco I,
Ernani Sátiro e Mangabeira VII A) e três Tradicionais (Mandacaru, Maria Luiza
Targino e Treze de Maio).
3.1.3 Amostra de Profissionais de Saúde
Durante a avaliação das nove UBS foram estudados 149 profissionais de saúde,
sendo 15 médicos (11%), 11 enfermeiros (8%), 28 outros profissionais de nível superior
(21%), 21 auxiliares e técnicos de enfermagem (15%), 28 agentes comunitários de
saúde (21%) e 33 outros profissionais de nível médio (24%). A informação estava
ignorada para treze profissionais (Tabela 3.2).
Encontrou-se maior proporção de agentes comunitários de saúde nas UBS do
PSF do que nas Tradicionais, enquanto que nas Tradicionais havia maior proporção de
médicos, auxiliares e técnicos de enfermagem, outros profissionais de nível superior e
médio (Tabela 3.2).
Tabela 3.2 - Distribuição da amostra de trabalhadores de saúde por atividade
profissional em João Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE,
2005.
Atividade profissional
João Pessoa (%)
PSF
Tradicional
Total
Médicos
9
13
11
Enfermeiros
9
8
8
Outros profissionais de nível superior
9
29
21
Auxiliares e técnicos de enfermagem
11
19
15
Agentes comunitários de saúde (ACS)
48
1
21
Outros profissionais de nível médio
14
31
24
34
3.1.3.1 Distribuição dos Trabalhadores por Modelo de Atenção e por Unidade
Básica de Saúde
Em relação ao modelo de atenção, 30 (20%) trabalhadores estavam vinculados
as UBS do PSF pré-PROESF, 31 (21%) à do PSF pós-PROESF e 88 (59%) às
Tradicionais. A Tabela 3.3 apresenta a distribuição dos trabalhadores de saúde em
relação as UBS selecionadas.
Tabela 3.3 - Distribuição da amostra dos trabalhadores de saúde por Unidade Básica
de Saúde de João Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE,
2005.
Trabalhadores N (%)
Unidade
Básica de
Saúde
Castelo
Outros Auxiliares e
Médicos Enfermeiros de nível técnicos de
superior enfermagem
Outros
de
nível
médio
ACS
Total
0
1 (9)
1 (9)
1(9)
2 (18)
6 (55)
11 (100)
Ernani
Sátiro
1 (11)
1 (11)
1 (11)
1 (11)
0
5 (56)
9 (100)
Grotão I
1 (10)
1 (10)
0
1 (10)
2 (20)
5 (50)
10 (100)
Grotão II
1 (10)
1 (10)
1 (10)
1 (10)
1 (10)
5 (50)
10 (100)
Mandacaru
4 (14)
2 (7)
8 (29)
4 (14)
10 (36)
0
28 (100)
Mangabeira
VII A
1 (13)
1 (13)
1 (13)
1 (13)
1 (13)
3 (38)
8 (100)
Maria
Luiza
Targino
1 (7)
2 (15)
3 (23)
1 (8)
6 (46)
0
13 (100)
Pedra
Branca II
1 (11)
0
1 (11)
1 (11)
2 (22)
4 (44)
9 (100)
Treze de
Maio
5 (13)
2 (5)
12 (32)
10 (26)
9 (24)
0
38 (100)
Total
15 (11)
11 (8)
21 (28)
21 (15)
33 (24)
Branco I
28 (21) 136 (100)*
*Para treze profissionais a informação estava ignorada.
35
3.1.3.2 Situação Demográfica e Socioeconômica dos Trabalhadores
A amostra foi formada por 115 (83%) trabalhadores do sexo feminino e 24
(17%) do sexo masculino (informação ignorada por 10 entrevistados); e a média de
idade foi de 45,0 anos sendo que a média de idade foi maior entre os profissionais das
UBS Tradicionais (49,5) que entre os do PSF (38,7).
A renda bruta mensal referida pelos trabalhadores relaciona-se exclusivamente
ao emprego na UBS e foi classificada de acordo com a formação e nível de
escolaridade. Os salários dos trabalhadores das UBS PSF (R$ 1.012,33) foram em
média superiores aos observados nas UBS Tradicionais (R$ 616,15). Quando
estratificadas as rendas por tipo de profissional, a média foi superior para todos os
profissionais do PSF (Tabela 3.4).
A renda bruta mensal dos trabalhadores de saúde entrevistados em João Pessoa
foi inferior a média observada no Lote 2 NE, com exceção à renda média dos agentes
comunitários de saúde que foi superior à do Lote (Tabela 3.4).
Tabela 3.4 - Renda média mensal dos trabalhadores em saúde estudados em João
Pessoa, por modelo de atenção, e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Trabalhadores
João Pessoa (R$)
Lote 2 NE (R$)
PSF
Tradicional
Total
Médicos
3.058,40
1.137,67
1.823,64
2.127,50
Enfermeiros
2.241,00
730,50
1.334,70
2.172,67
2.096,20
722,41
976,81
1.529,37
610,00
430,92
487,47
554,33
445,86
429,81
433,82
472,86
460,69
320,00
455,48
383,88
Demais profissionais
de nível superior
Auxiliares e técnicos
de enfermagem
Demais profissionais
de nível médio
ACS
36
3.1.4 Amostra da Demanda Atendida nas Unidades Básicas de Saúde
3.1.4.1 Distribuição da Demanda por Unidade Básica de Saúde
Para o estudo da demanda foram registrados 733 atendimentos realizados pelos
profissionais das UBS amostradas, em um dia de trabalho (Tabela 3.5). Em relação ao
modelo de atenção, 452 (62%) atendimentos foram realizados nas UBS do PSF e 281
(38%) nas UBS Tradicionais. Assim, a média diária de atendimentos por UBS do PSF
foi de 75 e pelas UBS Tradicionais de 94.
Tabela 3.5 - Distribuição dos atendimentos prestados nas Unidades Básicas de Saúde
de João Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF - UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Unidade Básica de Saúde
Nº de atendimentos (%)
Castelo Branco I
110 (15)
Ernani Sátiro
106 (14)
Grotão I
89 (12)
Grotão II
71 (10)
Mandacaru
132 (18)
Mangabeira VII A
15 (2)
Maria Luiza Targino
26 (4)
Pedra Branca II
61 (8)
Treze de Maio
123 (17)
Total
733 (100)
3.1.5 Amostra Populacional da Área de Abrangência das Unidades Básicas de
Saúde
3.1.5.1 Distribuição da População
As amostras populacionais selecionadas nas áreas de abrangência das UBS
totalizaram 162 crianças de um a três anos, 162 mulheres que tiveram filhos nos dois
últimos anos, 162 adultos entre 30 e 64 anos e 162 idosos com 65 anos e mais.
37
3.1.5.2 Situação Demográfica e Socioeconômica da População da área de
Abrangência das UBS
a. Condições de habitação
A presença de água encanada dentro de casa beneficiava os domicílios de 100%
dos adultos, 98% dos idosos, 94% das mulheres e 94% das crianças. A proporção de
banheiro no domicílio foi de cerca de 88% para as crianças, 86% para as mulheres,
100% para os adultos e de 93% para os idosos. Quase a totalidade (98%) dos domicílios
dos adultos e idosos, 93% dos de mulheres e 91% dos de crianças dispunham de
recolhimento do lixo por caminhão de serviço municipal.
Residências de tijolo com e sem reboco, mistas (madeira e tijolo) e com madeira
regular foram consideradas adequadas, enquanto aquelas construídas de madeira
irregular e papelão, lata ou lona foram classificadas de inadequadas. A proporção de
construção adequada foi maior nas residências de idosos (100%) e adultos (100%) do
que nas residências de crianças (99%) e mulheres (98%).
A média de pessoas por domicílio de crianças foi de 5,0 (dp = 2,0) e de mulheres
foi 5,0 (dp = 2,1). No caso dos adultos esta média foi 4,3 (dp = 2,0) e nos idosos 3,9 (dp
= 2,1). A concentração de sete ou mais pessoas por domicílio foi identificada em 16%
da amostra de crianças, 20% de mulheres, e em 11% de adultos e idosos. Residir
desacompanhado foi informado por 3% dos adultos e 11% dos idosos.
A Tabela 3.6 descreve as prevalências dos indicadores estudados em cada grupo
populacional por modelo de atenção. Em geral, as condições de moradia eram não
variaram entre as áreas das UBS Tradicionais e do PSF.
38
Tabela 3.6 - Condições de habitação das crianças, mulheres, adultos e idosos
estudados em João Pessoa, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Crianças
Mulheres
Adultos
Idosos
PSF
Tradicional
PSF
Tradicional
PSF
Tradicional
PSF
Tradicional
Água
encanada no
domicílio
(%)
95
93
97
92
100
100
99
96
Banheiro no
domicílio
(%)
88
87
82
89
99
91
95
90
Recolhimen
to do lixo
por
caminhão
(%)
89
94
91
94
100
93
100
94
Construção
adequada
(%)
98
100
97
98
100
100
100
100
Pessoas por
domicílio
(média)
4,8
5,4
4,7
5,2
4,3
4,2
3,9
3,8
b. Perfil das Crianças e Mães
Na amostra de 162 crianças, 52% (n = 84) eram do sexo masculino e a idade
média foi de 26,4 meses (dp = 10,4), variando de 12 a 47 meses. A proporção de
crianças brancas foi de 45% (n = 70), de pardas 48% (n = 76) e de negras 7% (n = 11),
sendo a primeira maior nas áreas de UBS do PSF (50%) e as últimas nas áreas de UBS
Tradicionais (52% e 14%, respectivamente).
As mães das crianças estudadas tinham idade média de 26,4anos (dp = 6,7),
variando de 15 a 47 anos. Em relação à escolaridade dessas mães, 63% (n = 92)
possuíam primeiro grau incompleto, 21% (n = 31) primeiro grau completo e 16% (n =
23) segundo grau completo ou mais. A proporção de mães com escolaridade acima de
primeiro grau foi maior entre aquelas residentes em área de PSF (44%) que Tradicionais
(22%).
A renda média per capita da amostra de domicílios de crianças foi de 0,3 salário
mínimo (SM), sendo pouco maior nas áreas do PSF (0,4) que das UBS Tradicionais
(0,2).
39
Pouco menos de um quarto (22%; n = 35) destas mães e crianças estavam
incluídas nos estratos B e C agregados, 28% (n = 45) pertencia ao D e 51% (n = 82) ao
E. A proporção do estrato menos favorecido (E) foi maior entre os residentes de área
Tradicional (57%) que da área PSF (47%).
c. Perfil das Mulheres
Na amostra de 162 mulheres, 55% (n = 73) eram de cor não-branca, não
havendo diferença entre as áreas por modelo de atenção. A idade média das
entrevistadas foi de 25,6 anos (dp = 6,8), variando de 15 a 44 anos. A proporção de
menores de 20 anos foi de 21% (n = 34), sendo um pouco maior nas áreas de UBS
Tradicionais (26%; n = 23).
Entre as mulheres, 60% (n = 90) não havia completado o primeiro grau, 23% (n
= 35) possuía o 2º grau incompleto e 17% (n = 25) tinha o segundo grau completo ou
mais. A proporção de mulheres com o 2º grau completo ou mais foi maior nas áreas do
PSF (25%; n = 17), quando comparadas as do Tradicionais (10%; n = 8).
A renda mensal média per capita da amostra de mulheres foi de 0,3 SM, sendo
de 0,4 SM em áreas do PSF e de 0,2 SM em áreas de UBS Tradicionais.
A exemplo da amostra de crianças, os grupos sociais B e C foram agregados.
Das mulheres 19% (n = 80) foram classificadas nos grupos B e C, 24% (n = 36) no
grupo D e 58% (n = 88) no grupo E. A proporção do grupo social menos favorecido (E)
foi maior nas áreas de UBS Tradicionais (60%; n = 50), não sendo esta diferença
significativa em relação ao modelo PSF (54%; n = 38).
d. Perfil dos Adultos
Na amostra de 162 adultos, a idade média era de 42,8 anos (dp = 9,3), variando
de 30 a 63 anos. Deste total, 51% (n = 83) eram mulheres, 54% (n = 87) eram de cor
branca, e 71% (n = 115) eram casados (as) ou viviam com companheiro (a), sem
diferenças entre as áreas por modelo de atenção.
A maioria dos adultos sabia ler e escrever (75%; n = 121), sendo a maior
proporção nas áreas do PSF (81%; n = 87) do que nas de UBS Tradicionais (63%, n =
34).
40
A renda média per capita nos domicílios de adultos foi de 0,6 SM, sendo maior
entre os residentes de áreas do PSF (0,7 SM) do que os de Tradicionais (0,4 SM).
Na distribuição por grupo social, 4% dos adultos estavam nos estratos A e B
agrupados, 23% no C, 29% no D e 45% no E. De acordo com o modelo de atenção, as
áreas de UBS Tradicionais concentravam uma maior proporção de adultos no estrato E
(59%; n = 31), em comparação com as áreas de UBS PSF (37%; n = 38).
Pouco mais da metade dos adultos (53%; n = 86) informou trabalho remunerado
no último mês, observando-se proporções semelhantes entre os modelos de atenção. Das
pessoas que trabalhavam 52% (n = 45) eram empregadas, 47% (n = 40) autônomas e
apenas um (1%) era empregador.
e. Perfil dos Idosos
Na amostra de 162 idosos, a idade média foi de 74,2 anos (dp = 7,2), variando de
65 a 106 anos. Deste total, 62% (n = 100) eram mulheres, 53% (n = 84) eram de cor
branca e a 44% eram viúvos(as) - (n = 105). Na área das UBS Tradicionais
encontravam-se mais idosos de cor não branca (58%, n = 30) que nas do PSF (43%, n =
46).
Menos da metade da amostra dos idosos sabia ler e escrever (48%; n = 78),
sendo a proporção nas áreas do PSF (56%; n = 61) superior a de áreas das UBS
Tradicionais (38%; n = 17), em que encontravam-se mais analfabetos (56%, n = 29).
A renda média per capita dos idosos foi de 0,8 SM, não havendo diferença
significativa entre os modelos de atenção.
De acordo com a estratificação social, 15% (n = 23) dos idosos estavam no
grupo B e C, 33% (n = 50) no D e 52% (n = 80) no E. Os estratos D e E juntos reuniram
85% (n = 130) da amostra de idosos, não tendo ocorrido diferenças quando comparadas
por modelo de atenção.
A maioria (74%; n = 119) estava aposentada, e a média de idade da
aposentadoria foi de 62,2 anos (dp = 7,8) variando de 21 a 76 anos, sendo semelhante
entre as áreas por modelo de atenção.
41
3.2 Dimensão Político-Institucional
A dimensão político-institucional reúne alguns aspectos da conformação do
modelo de atenção básica à saúde, com ênfase particular no desenvolvimento da gestão
municipal e nas estratégias de descentralização do SUS. Buscando dar historicidade ao
recorte temporal do estudo, esta abordagem do processo de constituição da ABS no SUS
utilizou as categorias centrais do planejamento estratégico de Matus (MATUS, 1997):
projeto de governo, capacidade de governo e governabilidade.
Planejar a ação política em uma perspectiva estratégica significa pensar um
conjunto de atividades, com metodologia, objetivos e metas definidos.
O Projeto de Governo procura caracterizar as bases materiais e históricas do
SUS nos municípios do Lote, com especial ênfase para a atenção básica à saúde. Os
atributos que qualificam um Projeto de Governo são os recursos disponíveis e passíveis
de alcançar, o conhecimento acumulado sobre o tema, o poder necessário para
desencadear as ações propostas, as chances de implantação e a possibilidade de sucesso.
De modo simplificado, mas ilustrativo, estes atributos estão sintetizados na identificação
da “maturidade” da gestão municipal (tipo de gestão, índice de aprendizado
institucional, adequação institucional do sistema municipal de saúde, critérios na
definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação do PSF, características do
emprego e da remuneração dos trabalhadores da atenção básica), da capacidade
instalada da rede básica e do processo de conversão do modelo da atenção básica
através do PSF.
A Capacidade de Governo compreende o conhecimento institucional acumulado,
o conjunto de saberes e técnicas disponíveis para operar o Projeto de Governo e a
política setorial. Nesta categoria se identificam os recursos intelectuais mobilizados para
a condução da ABS nos municípios, como por exemplo, o perfil do Secretário, do
Coordenador da Atenção Básica ou do PSF, do Presidente do Conselho Municipal de
Saúde e dos Profissionais das UBS.
A Governabilidade descreve os fundamentos político-financeiros para efetivação
das políticas de ABS, ou seja, recursos e margem de manobra política que, articulados à
Capacidade de Governo, permitem transformar as intenções de um projeto em gestos ou
ações concretas. A Governabilidade reúne mecanismos e instrumentos de poder
(político, econômico) capazes de desencadear as decisões e os respectivos movimentos
42
necessários para que os objetivos e as metas sejam alcançados. Neste estudo foram
utilizados como indicadores de governabilidade as despesas per capita com saúde, o
financiamento da atenção básica nos municípios, o apoio a projetos de atenção básica à
saúde e de saúde da família e as características do Conselho Municipal de Saúde.
3.2.1 Projeto de Governo
3.2.1.1 Tipo de Gestão Municipal, Índice de Aprendizado Institucional e Cobertura
do Programa de Saúde da Família
João Pessoa encontrava-se na modalidade de gestão plena do sistema municipal.
Com o PSF implantado desde 1999, seu aprendizado institucional foi considerado alto
pela avaliação do Ministério da Saúde realizada em 2000.
A cobertura de PSF passou de 3% em 2000 para 74% em 2005, demonstrando
um crescimento expressivo de cerca de 25 vezes no período, atingindo assim a maior
cobertura populacional entre os municípios da PB incluídos no Lote 2 NE, e a quinta
maior entre a totalidade dos municípios (n = 20) do Lote. Note-se na Figura 3.1 que este
incremento foi ainda mais significativo com o com o advento do PROESF a partir de
2003. Sendo assim, João Pessoa situa-se bem acima da meta de 30% proposta pelo
Ministério da Saúde, na Fase 1 do PROESF, para cidades com porte populacional de
500.000 até menos de dois milhões de habitantes.
43
Figura 3.1 - Evolução da cobertura do Programa de Saúde da Família (PSF) nos
municípios de mais de 100.000 habitantes da Paraíba, de 1999 a 2005. Estudo de
Linha de Base, PROESF-UFPel, Lote 2 NE, 2005.
80
PROESF
74
70,2
70
60
50
44,1
47,4
40
35
32,5
30
21,8
20
33,4
24,5
23,5
18,1
17
10
6,6
0
0
1999
8,3
32,9
12
8,6
Campina
Grande
João
Pessoa
Santa Rita
8,7
2,6
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Em 2001, o número de ESF instaladas no município era de 45, passando para
180 em 2004, representando cerca de 14% das ESF do Lote 2 Nordeste e 70% do estado
da PB6.
O número total de UBS de João Pessoa, era de 39 em 2001, passando para 180
em 2004. Considerando a população do município (597.934 habitantes) e a capacidade
instalada da rede de UBS (n = 180), cada unidade abrangeria, em média, 3.322
habitantes, revelando assim uma situação de cobertura média da atenção básica onde já
não há necessidade de novos serviços, salvo em situações especiais. É importante
ressaltar que aqui não estão sendo considerados aspectos como as condições de estrutura
e disponibilidade de profissionais no atendimento da demanda nestas UBS; as quais são
apresentadas para as unidades selecionadas nos itens 3.1.3.1 e 3.3.2.1.
6
Neste caso considerou-se o número total de ESF dos municípios da PB incluídos no Lote 2 NE.
44
3.2.1.2 Adequação Setorial e dos Modelos de Atenção para o Funcionamento do
Sistema Municipal de Saúde
Na percepção do gestor municipal, em uma escala de avaliação de 0 a 10 para a
adequação setorial, os setores mais adequados foram os de Vigilância Sanitária /
Ambiental, Vigilância Epidemiológica e de Informações em Saúde (10,0); seguido do
setor de Assistência Farmacêutica (7,0). Os setores de Atenção Básica à Saúde, PSF,
Ações Programáticas de Saúde, Apoio Administrativo e Recursos Humanos, e Controle
Avaliação, Auditoria e Regulação não foram avaliados pelo gestor.
Na opinião do gestor o modelo Tradicional de atenção básica é menos adequado
(nota 4,0) do que o PSF (nota 7,0) no atendimento das necessidades de saúde do
município.
3.2.1.3 Critérios na definição de áreas de abrangência das UBS e na implantação
do Programa de Saúde da Família
Na definição de áreas para implantação do PSF, o gestor considerou relevantes
os seguintes critérios: de alta densidade populacional, carência de serviços de saúde,
dificuldade de acesso, risco epidemiológico, indicadores socioeconômicos
desfavoráveis, decisão política, otimização dos espaços físicos, aproveitamento dos
profissionais de saúde e existência anterior de PACS na área.
Na opinião da secretária, as razões para a expansão do PSF nos municípios
deveriam considerar o interesse político em expandir o PSF, as evidências de que o PSF
melhora a saúde da população, o apoio da população ao programa, expectativas de
recebimento de novos recursos pela instância federal.
3.2.1.4 Características do emprego e da remuneração dos trabalhadores da
Atenção Básica
O ingresso por concurso público alcançou 38% (n = 52) dos trabalhadores da
rede básica, sendo maior nas UBS Tradicionais (49%; n = 38) do que no PSF (24%; n =
14). A forma de contratação mais prevalente foi Estatutário (70%; n = 102), com
predomínio entre os trabalhadores vinculados às UBS Tradicionais (98%; n = 84);
45
seguida de contrato temporário (13%; n = 19) que teve maior proporção nas UBS do
PSF (30%, n = 18).
O vínculo de trabalho tipicamente precário (sem garantias trabalhistas) alcançou
30% (n = 44) dos trabalhadores da atenção básica em João Pessoa, sendo esta situação
mais freqüente entre os trabalhadores das UBS PSF (70%, n = 42).
Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) foi referido por 29% (n = 37) dos
trabalhadores entrevistados, sendo esta ocorrência maior entre aqueles das UBS
Tradicionais (44%, n = 32) que entre os do PSF (9%, n = 5).
O pagamento em dia do salário foi informado por 88% (n = 130) dos
trabalhadores de saúde de João Pessoa, tendo sido mais freqüente entre os trabalhadores
das UBS Tradicionais (95%, n = 82). O pagamento de incentivos foi informado por
57% (n = 81), também com maior prevalência entre os trabalhadores das UBS
Tradicionais (67%, n = 55).
Dos entrevistados, 41% (n = 58) fizeram referência ao trabalho atual como
primeiro emprego, e (22%, n = 32) mencionaram ter outro emprego. Em ambos os casos
as proporções foram maiores entre os trabalhadores de UBS Tradicionais (53%, n = 44 e
30%, n = 25, respectivamente).
O tempo médio de trabalho dos trabalhadores na prefeitura local foi de 152,2
meses (dp = 106,2) e na UBS atual de 96,0 (dp = 93,2), com médias superiores para os
vinculados às UBS Tradicionais (198,3 meses - dp = 95,4 na prefeitura local; e 137,9
meses - dp = 98,1 na UBS atual).
3.2.2 Capacidade de governo
3.2.2.1 Perfil do Secretário Municipal de Saúde
O gestor municipal de saúde à época da coleta de dados era do sexo feminino,
com idade de 36 anos, tinha escolaridade superior completa, possuindo pós-graduação e
especialização / residência tanto Saúde Pública quanto em outras áreas. Possuía ainda
mestrado em administração. Profissionalmente era farmacêutica e o tempo de
permanência no cargo atual era de cinco meses. A Secretária Municipal de Saúde tinha
experiência prévia como assessora técnica / dirigente do Ministério da Saúde, como
46
professora ou pesquisadora da área da saúde. Participava da comissão intergestora
Bipartite e do Conselho Municipal de Saúde.
3.2.2.2 Perfil do Coordenador de Atenção Básica e / ou do Programa de Saúde da
Família
O coordenador da Atenção Básica à Saúde era do sexo feminino, enfermeira,
com idade de 44 anos. Ocupava o cargo atual há cerca de cinco meses e já havia atuado
como Coordenadora Estadual do Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde e
possuía curso de aperfeiçoamento em outras áreas da saúde.
3.2.2.3 Perfil do Presidente do Conselho Municipal de Saúde
O presidente do CMS era do sexo masculino e tinha 61 anos de idade. Era
funcionário público e representava a Associação Comunitária. Na época do estudo,
atuava no cargo há 36 meses, mas participava do CMS desde o ano de 1997. Possuía
experiência anterior em coordenação de atividades coletivas (Coordenação da Polícia
Civil).
3.2.2.4 Perfil dos Trabalhadores das Unidades Básicas de Saúde
As características de sexo, idade e renda dos 149 trabalhadores que participaram
do estudo, nas nove UBS de João Pessoa, estão apresentadas no item 3.1.3.2, que aborda
o perfil sociodemográfico da amostra estudada. Na perspectiva da capacidade de
governo, estão enfatizados os aspectos relacionados à escolaridade, formação
profissional, especialização e capacitação realizadas, fundamentais para o
enfrentamento dos desafios cotidianos e estratégicos da ABS.
Em relação à escolaridade, 16% (n = 23) dos trabalhadores de saúde possuía
pós-graduação, 30% (n = 42) tinha curso superior completo e 6% (n = 8) incompleto.
Pouco menos de um terço (29%, n = 41) havia concluído o ensino médio, 6% (n = 8)
possuía ensino médio incompleto, 7% (n = 10) o ensino fundamental completo e 6% (n
= 9) fundamental incompleto.
47
A Tabela 3.7 descreve a distribuição da escolaridade dos trabalhadores com
relação aos modelos de atenção. Destacaram-se as diferenças proporcionais de
trabalhadores com ensino superior, médio e fundamental completos entre os modelos de
atenção, com maior prevalência da primeira nas UBS do modelo Tradicional e das
demais no PSF.
Tabela 3.7 - Escolaridade dos trabalhadores estudados em João Pessoa, por modelo
de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Escolaridade
João Pessoa (%)
PSF
Tradicional
Total
Superior completo
13
42
30
Superior incompleto
8
4
6
Ensino médio completo
40
21
29
Ensino médio incompleto
5
6
6
Fundamental completo
12
4
7
Fundamental incompleto
7
6
6
De um total de 24 profissionais com especialização, metade (50%, n = 12) havia
concluído especialização na área de saúde pública, saúde coletiva, ou saúde da família,
não havendo diferenças entre os modelos de atenção.
A realização de cursos de capacitação foi pesquisada para a totalidade dos
trabalhadores da atenção básica da amostra. As proporções de capacitação em João
Pessoa variaram de 7% (Saúde do Adulto) a 58% (Introdutório PSF). Quando
comparadas as proporções entre os modelos de atenção, observou-se diferença
significativa apenas nos cursos Introdutório ao PSF e SIAB, em que os índices foram
maiores entre os trabalhadores das UBS do PSF (Tabela 3.8).
Comparando-se os resultados das capacitações dos trabalhadores de João Pessoa
com os do Lote 2 NE, a prevalência foi menor no município para grande maioria dos
cursos investigados, com exceção apenas para o curso Introdutório ao PSF (Tabela 3.8).
48
Tabela 3.8 - Cursos de capacitação realizados pelos trabalhadores das Unidades
Básicas de Saúde estudadas em João Pessoa e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de
Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
João Pessoa (%)
Lote 2 NE (%)
Curso
PSF
Tradicional Total
Introdutório ao PSF
76
27
58
53
SIAB
50
10
35
39
Saúde da Criança
13
19
16
38
Saúde da Mulher
27
33
30
42
Saúde do Adulto
3
13
7
28
AIDPI
34
19
27
30
Diabetes
31
26
29
43
Hipertensão
29
33
31
45
DST / AIDS
51
43
48
55
Hanseníase
36
18
28
51
Imunizações
25
18
22
45
Tuberculose
33
25
29
53
3.2.3 Governabilidade
3.2.3.1 Despesas per capita com saúde
Para realizar as atividades do SUS a cada ano, João Pessoa teve uma despesa
média em saúde de R$ 171,40 por habitante, média superior a observada entre os
municípios do Lote 2 NE (R$ 120,47).
3.2.3.2 Financiamento da Atenção Básica nos Municípios
Conforme informações do DATASUS (Cadernos de Informações em Saúde), em
João Pessoa, no ano de 2002, 49,2% do PAB total estava vinculado às transferências
federais do incentivo PACS / PSF. O PAB Fixo de João Pessoa era de R$ 10,66 por
habitante e 42,6% era a proporção de despesas com recursos humanos em relação às
despesas totais em saúde. Eram aplicados em saúde 13,7% dos recursos próprios, ainda
49
um pouco abaixo das exigências da EC 29. A Tabela 3.9 oferece uma comparação dos
indicadores de financiamento da atenção básica à saúde no município em comparação à
média dos municípios do Lote.
Tabela 3.9 - Indicadores de financiamento do sistema de saúde para o município de
João Pessoa e para o Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2
NE, 2005.
Indicador
João Pessoa
Lote 2 NE
PAB Fixo (R$ / habitante)
10,66
9,71
% Despesas Recursos Humanos
42,6
53,1
% Transferências PSF / PACS no PAB total
49,2
40,5
% Recursos próprios aplicados em saúde (EC 29)
13,7
14,4
Fonte: Cadernos de Informações em Saúde, 2002.
3.2.3.3 Apoio a Projetos de Atenção Básica à Saúde e de Saúde da Família
Em uma escala de valores de zero a dez, a gestora avaliou o apoio do CMS a
projetos da atenção básica com nota 2,0 e aqueles relacionados ao PSF com nota 3,0;
não tendo sido avaliado o apoio de parlamentares.
Na percepção da secretária, a adesão de profissionais de saúde aos projetos de
PSF foi maior (nota 8,0) em comparação à adesão aos projetos do modelo de atenção
básica tradicional (nota 6,0).
A satisfação dos trabalhadores das UBS com o vínculo de trabalho foi de 62% (n
= 88), sendo superior entre os trabalhadores das UBS Tradicionais (88%; n = 72) do que
entre as do PSF (26%; n = 16).
3.2.3.4 Características do Conselho Municipal de Saúde
O presidente relatou que o CMS foi criado em 1997, possuía regimento interno e
sua última atualização ocorreu no ano de 2002.
50
O CMS era composto de 24 entidades, sendo 3 representantes da área
governamental, 3 dos prestadores de serviços ao SUS privados ou conveniados sem fins
lucrativos, 6 dos profissionais de saúde e 12 da sociedade civil organizada.
Entre os temas abordados nas reuniões ordinárias do CMS, foi destacada a
avaliação e aprovação de emendas parlamentares sobre a saúde; e entre as reuniões
extraordinárias os principais temas tratados foram o aumento dos números de
odontólogos e mais equipes de PSF.
Segundo o presidente do CMS, no período de 2001 a 2004, a Secretaria
Municipal de Saúde sempre buscou aprovação do CMS para a implantação de políticas
de saúde. Neste mesmo período, a qualidade do relacionamento da Secretaria Municipal
de Saúde com o CMS foi caracterizada como muito boa, onde houveram melhorias e o
conselho foi estruturado e passou a existir de fato, segundo o presidente. Foi
mencionado ainda que o apoio da SMS era incontestável, informando que o CMS
dispunha de orçamento próprio e de uma excelente estrutura.
Entre 2001 e 2004 foram realizadas duas Conferências Municipais de Saúde e
uma capacitação aos conselheiros, a qual ocorreu em 2003 com a abordagem do tema
“O papel do conselheiro. Os direitos e deveres”.
À época do estudo não havia Conselhos Locais de Saúde implantados no
município.
Sobre a ocorrência de conflitos entre os Conselheiros das diferentes entidades,
foi informado que as divergências em geral ocorriam por questões salariais, mas que
sempre se chegava a um consenso.
3.3 Dimensão Organizacional da Atenção
3.3.1 Práticas de gestão da ABS
Ao caracterizar as práticas de gestão nos municípios do Lote foram identificados
princípios, normas e funções, procedimentos e recursos cuja finalidade é ordenar a
estrutura e o funcionamento da atenção básica à saúde. Muitos destes aspectos se
confundem com as práticas de oferta de serviços, pois uma estratégia de gestão
estabelecida pode implicar em uma oferta de serviços ao público.
51
3.3.1.1 Mecanismos de supervisão, monitoramento e avaliação da atenção básica à
saúde
Dentre os projetos e as ações de política de saúde relativas à capacitação de
recursos humanos, a gestora destacou que a SMS estava estruturando uma equipe de
consultoria (com financiamento do PROESF) para realização de estudo de linha de base
e análise de indicadores e capacitação de equipe. Também foi informada a produção de
relatórios, geralmente trimestrais, com indicadores selecionados para a tomada de
decisão.
As atividades de supervisão do trabalho nas UBS foram relatadas por apenas
36% (n = 49) dos trabalhadores de saúde. Entre aqueles que referiram supervisão,
somente 13% (n = 6) mencionaram uma periodicidade semanal, 37% (n = 17) relataram
encontros que variaram de quinzenais a anuais, enquanto 50% (n = 23) informaram
periodicidade indefinida. Não houve diferenças significativas entre os modelos de
atenção.
3.3.1.2 Estratégias de controle e regulação da demanda
O setor de Controle, Avaliação, Auditoria e Regulação estava constituído no
município, cuja modalidade é gestão plena do sistema municipal. As estratégias de
controle e regulação da demanda para o atendimento em serviços de maior
complexidade, incluiram o agendamento por usuários por setor de interesse, por
profissionais de equipes do PSF, por fila única conforme data de registro na UBS, e via
protocolos para cuidado da demanda mais prevalente.
Para o acolhimento das reclamações dos usuários estava disponível um 0800
especial e o telefone da ouvidoria municipal.
Considerando os tipos de centrais implantadas para acolher e ordenar as
necessidades de saúde dos usuários, o município dispunha de Central de Leitos, Central
de Exames e Consultas Especializadas e SAMU.
52
3.3.1.3 Informação e Informatização na Rede Básica Municipal
Do ponto de vista da tecnologia da informação, entre as nove UBS estudadas no
município apenas três (Castelo Branco I, Grotão I e Grotão II) dispunham de
microcomputador..
Não havia em João Pessoa UBS informatizadas alimentando o SIA-SUS no
período de 2001 a 2004. Entretanto, o percentual de UBS incluídas no Sistema de
Vigilância Epidemiológica neste mesmo período foi de 100%.
3.3.1.4 Sistemas de Informação em Saúde
Em 2004, os sistemas de informação de base nacional estavam bastante inseridos
na rotina do município, responsável pelo gerenciamento e preenchimento regular do
SINASC, do SIM, do SINAN, do SISVAN e do SIAB.
De modo geral, a proporção de óbitos mal definidos no município foi alta, mas
diminuiu de 15,4% no período de 2001 para 2,4% em 2004. No período de 2001 a 2004
nenhum óbito infantil foi investigado.
3.3.2 Práticas de Oferta de Serviços no Município
Este tópico descreve recursos e estratégias utilizados nos municípios para
oferecer os serviços básicos de saúde à população. Há uma ênfase importante na
estrutura das UBS. Também é abordada a disponibilidade de profissionais do PSF, na
perspectiva de avaliar o acesso da população ao novo modelo de atenção.
3.3.2.1 Estrutura da rede básica de saúde
A maioria das dependências avaliadas estavam presentes nas UBS estudadas em
João Pessoa (Tabela 3.10).
As dependências citadas em maior freqüência como inexistentes foram sala de
reuniões, sala de esterilização e expurgo. Já a UBS Ernani Sátiro foi o serviço que
referiu a maior carência de dependências (faltavam 4), seguida das UBS Castelo Branco
I e Grotão II (3), e Grotão I (1). Também faltavam informações para a maioria dos itens
avaliados na UBS Pedra Branca II (Tabela 3.10).
53
Tabela 3.10 – Área física das Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Castelo
Branco I
Ernani
Sátiro
Grotão I
Grotão II
Mandacaru
Mangabeira
VII A
Maria Luiza
Targino
Pedra
Branca II
Treze de
Maio
Recepção
E
E
E
E
E
E
E
NR
E
Sala de Espera
E
E
E
E
E
E
E
E
E
Consultórios
E
E
E
E
E
E
E
E
E
Consultórios com banheiro
E
I
E
E
E
E
E
E
E
Consultório Odontológico
I
E
E
E
E
E
E
NR
E
Sala de Vacinas
E
E
E
E
E
E
E
E
E
Cozinha
E
E
E
E
NR
E
E
NR
E
Sala de cuidados de enfermagem
E
E
E
E
E
E
E
E
E
Sala de Reuniões
I
I
NR
I
E
E
E
NR
NR
Sala de Esterilização
E
I
I
I
E
E
E
NR
E
Farmácia
E
E
E
E
E
E
E
NR
E
Expurgo
I
I
NR
I
E
NR
E
NR
E
Dependência
E – Existente; I – Inexistente; NR – Não Respondeu.
54
Apesar de existentes, quando avaliada a adequação das dependências, a maioria
das respostas indicou a inadequação das mesmas. Sala de recepção foi a dependência
mais citada como adequada, tendo recebido esta avaliação de quatro UBS; e a mais
citada como inadequada foi consultório, em que oito UBS prestaram este julgamento.
Apesar de ter sido o serviço com menor número de dependências, a UBS Ernani Sátiro
foi a que prestou o maior número de avaliações positivas sobre a adequação destas. Ao
contrário, nas UBS Grotão II, Mangabeira VII A e Maria Luiza Targino todas as
dependências foram consideradas inadequadas para a prestação de serviços. A UBS
Pedra Branca II não forneceu quaisquer informações sobre a adequação de sua estrutura
(Tabela 3.11).
Na percepção dos profissionais de saúde, de modo global, foram consideradas
adequadas ao acesso de pessoas portadoras de deficiência apenas as UBS Mangabeira
VII A e Maria Luiza Targino. Nenhuma UBS referiu existência de tapetes na sala de
espera ou consultório; e apenas a UBS Mangabeira VII A informou presença de tapete
em outras dependências da unidade.
A presença de degraus dificultando o acesso de deficientes foi mencionada por
seis UBS (Castelo Branco I, Grotão I, Grotão II, Mandacaru, Mangabeira VII A, Pedra
Branca II); e apenas duas UBS (Ernani Sátiro e Maria Luiza Targino) dispunham de
rampas alternativas para facilitar o acesso destas pessoas. Já a existência de calçadas
permitindo o deslocamento seguro de deficientes visuais foi referida pelas UBS
Mangabeira VII A e Maria Luiza Targino. Corrimãos nas rampas estavam presentes na
UBS Maria Luiza Targino, informação que foi ignorada por seis UBS (Castelo Branco
I, Grotão I, Grotão II, Mandacaru, Mangabeira VII A, Pedra Branca II e Treze de Maio).
Somente a UBS Maria Luiza Targino dispunha de corrimãos nos corredores
(informação ignorada pela UBS Pedra Branca II) e nenhuma referiu possuir corrimãos
nas escadas, estando esta informação ignorada pelas UBS Ernani Sátiro, Maria Luiza
Targino, Pedra Branca II e Treze de Maio.
Em nenhuma das UBS havia portas de banheiros que possibilitassem acesso a
cadeirantes. A maioria das UBS informou ainda que não era possível realizar manobras
com cadeiras de rodas, informação que foi ignorada pela UBS Mandacaru.Cadeira de
roda para pacientes não estava disponível nas UBS da amostra. As cadeiras da sala de
espera também foram consideradas inadequadas para o local do atendimento por todas
as UBS.
55
Tabela 3.11 - Adequação da estrutura nas Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2
NE, 2005.
Castelo
Branco I
Ernani
Sátiro
Grotão I
Grotão II
Mandacaru
Mangabeira
VII A
Maria Luiza
Targino
Pedra
Branca II
Treze de
Maio
Recepção
A
A
A
I
A
I
I
NR
I
Sala de Espera
I
I
I
I
I
I
I
NR
A
Consultórios
I
I
I
I
I
I
I
NR
I
Consultórios com banheiro
I
NSA
I
I
I
I
I
NR
I
Consultório Odontológico
NSA
I
I
I
I
I
I
NR
I
Sala de Vacinas
I
A
I
I
I
I
I
NR
NR
Cozinha
A
A
I
I
NR
I
I
NR
I
Sala de cuidados de enfermagem
I
I
I
I
I
I
I
NR
A
NSA
NSA
NR
NSA
I
I
I
NR
NR
A
NSA
NSA
NSA
I
NR
I
NR
I
Farmácia
NR
A
I
I
I
I
I
NR
I
Expurgo
NSA
NSA
NR
NSA
I
NR
I
NR
I
Dependência
Sala de Reuniões
Sala de Esterilização
A – Adequado; I – Inadequado; NR – Não respondeu; NSA – Não se Aplica por inexistência da dependência.
56
Os equipamentos de trabalho em condições de uso que estavam disponíveis nas
nove UBS avaliadas foram: balança para adultos, termômetro, nebulizador,
estetoscópio, geladeira exclusiva para vacina e mesa ginecológica. Em contrapartida,
negatoscópio, oftalmoscópio e impressora foram citados como impróprios para uso ou
inexistentes por todas as UBS estudadas. Faz-se necessário destacar o fato de que a
UBS Mangabeira VII A não prestou informações para 13 dos 33 equipamentos
investigados (Tabela 3.12).
Das UBS estudadas, a unidade com mais deficiências nestes sentido foi a UBS
Pedra Branca II, onde a maioria (20) dos equipamentos avaliados estava ausente ou
imprópria para uso.
Destaca-se o fato da rede não estar informatizada no município, mas apesar disto
três UBS (Castelo Branco I, Grotão I e Grotão II) informaram a existência de
microcomputador em de condições de uso a época do estudo.
A Tabela 3.12 apresenta a relação de todos os equipamentos investigados e sua
respectiva condição de acordo com cada uma das UBS estudadas.
57
Tabela 3.12 – Equipamentos e instrumentos das Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,
Lote 2 NE, 2005.
Castelo
Branco I
Ernani Sátiro
Grotão I
Grotão II
Mandacaru
Mangabeira
VII A
Maria Luiza
Targino
Pedra
Branca II
Treze de
Maio
Balança Adulto
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Balança Infantil
P
P
P
P
P
I
P
P
P
Termômetro
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Cadeira odontológica
P
P
P
P
P
NR
P
I
P
Nebulizador
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Estetoscópio
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Foco de luz
I
I
P
P
I
P
P
P
P
Geladeira exclusiva vacina
P
P
P
P
P
P
P
P
P
Mesa ginecológica
P
P
P
P
P
P
P
P
P
NR
I
I
I
I
I
I
I
P
Aparelho Fotopolimerizador
P
P
P
P
P
NR
P
I
I
Tensiômetro
P
P
P
P
P
P
P
P
I
Sonar
P
P
P
P
I
P
I
P
I
Mocho
P
P
P
P
P
NR
P
I
I
Estufa
P
P
P
I
P
NR
P
I
P
Amalgamador
P
P
P
P
P
NR
P
I
P
Compressor
P
P
P
P
P
NR
P
I
P
Equipamento / Instrumento
Centrífuga
58
Castelo
Branco I
Ernani Sátiro
Grotão I
Grotão II
Mandacaru
Mangabeira
VII A
Maria Luiza
Targino
Pedra
Branca II
Treze de
Maio
Refletor
P
P
P
I
P
NR
P
I
P
Instrumental exame clínico
I
P
P
I
P
NR
P
I
P
Instrumental para procedimentos
básicos
I
P
P
P
I
NR
P
I
I
Instrumental Dentística
I
P
P
I
P
NR
P
I
I
Equipo odontológico
P
P
P
P
P
NR
P
I
I
Negatoscópio
I
I
I
I
I
I
I
I
I
Otoscópio
P
P
P
P
I
P
NR
I
I
Oftalmoscópio
I
I
I
I
I
I
I
I
I
Unidade auxiliar
P
P
P
I
P
NR
P
I
I
Instrumental de urgências
I
I
I
I
P
NR
P
I
I
NR
I
P
I
P
NR
NR
P
I
Glicosímetro
P
P
P
P
I
P
P
P
P
Estetoscópio de Pinar
I
P
P
P
I
I
P
P
I
Microscópio
I
I
I
I
P
I
P
I
P
Lanterna
P
P
I
P
P
P
I
P
I
Microcomputador
P
I
P
P
I
I
I
I
I
Impressora
I
I
I
I
I
I
I
I
I
Equipamento / Instrumento
Espéculos vaginais
P – Próprio para uso; I – Impróprio para uso ou ausente; NR – Não respondeu.
59
Na investigação sobre o abastecimento de materiais e insumos, todas as UBS
prestaram informações, faltando dados apenas para esparadrapo e gaze na UBS Castelo
Branco.
A maioria dos materiais e insumos foi considerada suficiente. Entretanto,
algodão e seringa para vacinas foram os únicos em suficiência na nove UBS estudadas.
Ao contrário, material para pequenas cirurgias foi avaliado por oito UBS como
insuficiente, sendo o material mais citado com avaliação negativa.
As UBS Pedra Branca II e Treze de Maio foram as unidades com maior
deficiência, faltando 11 dos 18 materiais investigados.
A Tabela 3.13 apresenta todas as informações referentes a disponibilidade de
materiais e insumos por Unidade Básica de Saúde.
60
Tabela 3.13 – Disponibilidade de materiais e insumos nas Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Castelo
Branco I
Ernani
Sátiro
Grotão I
Grotão II
Mandacaru
Mangabeira
VII A
Maria Luiza
Targino
Pedra
Branca II
Treze de
Maio
S
S
I
S
S
S
S
I
I
NR
S
I
S
S
S
S
I
S
Luvas esterilizadas
S
I
I
S
S
I
S
I
I
Algodão
S
S
S
S
S
S
S
S
S
NR
I
I
S
S
I
S
I
S
Luvas para procedimentos
S
S
I
I
S
I
S
I
I
Álcool
S
S
I
S
S
S
S
I
S
Seringa para vacinas
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Seringa para outras injeções
S
S
S
I
S
S
S
S
S
Material para retirada de pontos
I
I
S
I
I
I
S
I
I
Material para pequenas cirurgias
I
I
I
I
I
I
S
I
I
NR
I
I
S
S
I
S
I
I
Descartex
S
S
S
S
S
S
S
I
S
Bloco de receituário
S
I
S
S
I
S
S
S
I
Cartão da criança
S
I
I
I
S
S
S
I
I
Cartão da gestante
S
S
I
I
S
S
S
S
I
Ficha de cadastramento SIAB
S
S
S
S
S
S
S
S
I
S
S
S
S
S
S
S
I
Materiais e Insumos
Agulhas descartáveis
Esparadrapo
Gaze
Fio de sutura
Ficha de cadastramento domiciliar
S
S – Suficientes; I – Insuficientes; NR – Não respondeu.
61
3.3.2.2 Disponibilidade de Profissionais do PSF
As Equipes de Saúde da Família (ESF) estavam presentes em cinco UBS (Ernani
Sátiro, Grotão I, Grotão II, Mangabeira VII A e Pedra Branca II) da amostra de João
Pessoa, não havendo informações sobre os profissionais de PSF na UBS Castelo Branco
I. No total, foram encontrados 5 médicos, 5 enfermeiros, 5 auxiliares e / ou técnicos de
enfermagem, 23 agentes comunitários de saúde e 5 odontólogos.
Na análise da composição da ESF mínima, tomou-se como referência a
disponibilidade de médico, enfermeiro, auxiliares ou técnicos de enfermagem e agentes
comunitários.
O Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) era realidade em todas
as UBS de PSF estudadas (Castelo Branco I, Ernani Sátiro, Grotão I, Grotão II,
Mangabeira VII A e Pedra Branca II).
3.3.2.3 Acesso aos serviços básicos de saúde
Em relação ao tempo de funcionamento obteve-se informação para as seis UBS
do PSF e para as três Tradicionais. As UBS do PSF existiam, em média, há cerca de
41,5 meses e as Tradicionais há 222 meses.
Em média a população adstrita foi de 3.236 pessoas, sendo 3.192 nas UBS do
PSF e 3.500 nas Tradicionais. A UBS PSF Castelo Branco I foi a que informou maior
população coberta pelo serviço (4.468), seguida pela Tradicional Mandacaru (3.500).
Da amostra, as seis UBS de PSF (Castelo Branco I, Ernani Sátiro, Grotão I,
Grotão II, Mangabeira VII A e Pedra Branca II) funcionavam em dois turnos e as três
UBS do modelo Tradicional (Mandacaru, Maria Luiza Targino e Treze de Maio)
funcionavam em três turnos de atendimento.
A carga horária contratada e cumprida pelos trabalhadores de saúde foi, em
média, de 29 horas e 30 horas semanais, respectivamente. Entre os trabalhadores do PSF
a carga horária contratada foi maior (39,4 horas / semana) em comparação com aqueles
das UBS Tradicionais (21,0 horas / semana), o que gerou, conseqüentemente, uma
também maior carga horária cumprida.
Nas UBS estudadas, a cada dia, em média, os médicos realizavam 21 consultas;
os enfermeiros 27 atendimentos; os outros profissionais de nível superior 16; os
62
auxiliares e técnicos de enfermagem 29; os de nível médio 34; e os ACS 33. Os
atendimentos prestados por médicos, enfermeiros e auxiliares e técnicos de enfermagem
foram em média maiores nas UBS do PSF, enquanto que aqueles prestados por outros
profissionais de nível superior e nível médio foram maiores nas Tradicionais.
3.3.2.4 Acesso aos serviços especializados
O gestor referiu o acesso aos serviços do SUS através de diversas portas de
entrada preferencialmente as UBS, tanto do modelo Tradicional quanto do PSF, os
serviços de pronto atendimento e os ambulatórios distritais.
Não foram fornecidas informações sobre o tempo de espera de para consultas
especializadas nem sobre o tempo de espera para a realização de exames.
A disponibilidade satisfatória de consulta médica para a atenção especializada
foi investigada através da opinião da equipe de saúde, em instrumento coletivo sobre a
UBS. Foi percebida como suficiente em 22% para fisioterapia, oftalmologia,
otorrinolaringologia e neurologia; em 33% para cardiologia, dermatologia, nefrologia,
psiquiatria e ortopedia; em 44% para pneumologia; em 56% para ginecologia; e em
67% para pediatria.
Entre as nove UBS somente as equipes da UBS Castelo Branco I, Grotão I,
Mandacaru e Maria Luiza Targino julgaram o acesso direto à retaguarda para
atendimento em Pronto Socorro como satisfatório. AUBS Pedra Branca II avaliou este
acesso como insatisfatório e as demais UBS (Ernani Sátiro, Grotão II, Mangabeira VII
A e Treze de Maio) informaram não dispor deste acesso.
Já o juízo sobre o acesso direto à retaguarda para internação hospitalar foi
satisfatório na avaliação das equipes das UBS Castelo Branco I e Maria Luiza Targino;
insatisfatório para as UBS Grotão I, Mandacaru e Pedra Branca II; e inexistente para as
UBS Ernani Sátiro, Grotão II, ,Mangabeira VII A e Treze de Maio.
3.3.2.5 Adstrição da demanda
A adstrição da demanda ou vinculação da UBS com a população da área de
abrangência foi verificada através da existência de área geográfica definida e mapa.
63
Somente as UBS do PSF referiram ter área geográfica definida e mapa. Entre estas,
todas já haviam concluído o cadastramento das famílias.
A participação da equipe em atividades na área de abrangência da UBS nos
últimos 12 meses foi de 50% (n = 63), sendo maior entre os trabalhadores das UBS do
PSF (91%, n = 53) do que entre os das UBS Tradicionais (15%, n = 10).
3.3.2.6 Vínculo com instituições de ensino
A vinculação com atividade de ensino estava presente em quatro das UBS
amostradas, especificamente duas do PSF (Grotão I e Grotão II) e duas Tradicionais
(Mandacaru e Treze de Maio). Estavam vinculadas através de instituição pública
(Grotão I e Grotão II) e particular (Grotão I) de ensino superior, escolas técnicas de
enfermagem (Mandacaru) e PROFAE (Grotão I). A área de ensino predominante foi a
de Enfermagem (encontrada em 4 UBS), seguida pelas de Nutrição (n = 2) e
Fisioterapia (n = 2).
3.3.2.7 Assistência farmacêutica
As informações de fonte documental mostraram que o município adota uma lista
básica de medicamentos para as UBS. Os medicamentos eram estocados em local
centralizado, mas com área física de dimensões insuficientes. Havia farmacêutico
administrando o local, mas foi referido que a temperatura ambiente para conservação
dos medicamentos não era adequada e que não existiam condições de armazenamento
satisfatórias, como por exemplo, prateleiras e estrados para a acomodação dos
medicamentos. O controle do estoque de medicamentos não era informatizado. De
modo geral os medicamentos eram dispensados nas UBS.
3.3.3 Experiências inovadoras em atenção básica à saúde
Apesar de à época do estudo a gestão ser recente, a secretária de saúde informou
que numa nova fase de organização dos serviços poderia citar como experiência
inovadora a organização do processo de trabalho participativo e também o projeto de
educação permanente.
64
Em escala de zero a dez, a gestora avaliou a adequação das experiências
inovadoras em Atenção Básica e Saúde da Família para atender as necessidades de
saúde do município com nota 7,0.
O presidente do CMS destacou a implantação do SAMU como a mais
importante experiência inovadora em saúde no período de 2001 a 2004.
3.4 Dimensão do Cuidado Integral
3.4.1 Estratégias de indução da integralidade
O direito universal à saúde da população brasileira define a integralidade como
um dos princípios constitucionais do SUS. Entretanto, a integralidade ainda não
assumiu a esperada relevância estratégica na organização e desenvolvimento das ações
de saúde. Alcançar a integralidade em saúde requer ações planejadas com esta
finalidade tanto no âmbito da UBS e em seu vínculo com a comunidade, quanto na
referência e contra-referência entre os níveis de atenção à saúde. Além disso,
compreende a articulação das práticas não apenas no âmbito setorial, mas também no
âmbito intersetorial (PINHEIRO, 2005). Neste estudo, a integralidade foi captada
através de alguns “proxis”, como, por exemplo, as práticas realizadas nas UBS, com
ênfase em ações programáticas a grupos prioritários, o acesso direto a exames
complementares, a disponibilidade de medicamentos, a utilização de protocolos, a
utilização de computadores pelos profissionais de saúde, a percepção dos profissionais
sobre a qualidade dos serviços prestados e o acesso a publicações do Ministério da
Saúde.
3.4.1.1 Atividades realizadas na UBS para o cuidado integral
A investigação para o cuidado integral envolveu o questionamento sobre as seguintes
atividades: atendimento a demanda sentida; atendimento odontológico a grupos
prioritários; pré-natal; cuidado e visita domiciliar; procedimentos de enfermagem;
diagnóstico e tratamento da hanseníase e da tuberculose; diagnóstico e tratamento da
hipertensão e do diabetes; glicemia capilar; atendimento a desnutrição e suplementação
alimentar; notificação compulsória de doenças; manejo de agravos mais prevalentes na
infância, planejamento familiar; pequenas cirurgias; prevenção do câncer de colo
65
uterino; promoção do aleitamento materno e do crescimento e desenvolvimento infantil.
Todas as UBS realizavam diagnóstico e tratamento de diabetes, glicemia capilar,
procedimentos de enfermagem e promoção do aleitamento materno (Tabela 3.14).
A UBS Mangabeira VII A foi o serviço que informou realizar o maior número
de atividades entre as investigadas, enquanto a UBS Maria Luiza Targino era a que
realizava o menor número de atividades para o cuidado integral. Apenas para a UBS
Ernani Sátiro faltaram informações, em que seis itens não foram preenchidos (Tabela
3.14).
A realização de grupos com usuários foi referida por seis UBS, não sendo
realizados apenas nas UBS Mangabeira VII A, Maria Luiza Targino e Pedra Branca II.
A UBS Grotão I foi o serviço que informou realizar o menor número de atividades em
grupo; enquanto as UBS Castelo Branco I, Ernani Sátiro e Mandacaru os serviços que
mais realizavam este tipo de atividade (Tabela 3.15).
Grupo de portadores de sofrimento psíquico foi a atividade em grupo menos
citada, sendo prestada somente pela UBS Mandacaru (Tabela 3.15).
66
Tabela 3.14 – Atividades para o Cuidado Integral nas Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Atividades para o Cuidado
Integral
Castelo
Branco I
Ernani Sátiro
Grotão I
Grotão II
Mandacaru
Mangabeira
VII A
Maria Luiza
Targino
Pedra
Branca II
Treze de
Maio
Atendimento a demanda sentida
R
NI
R
R
R
R
R
R
NR
Atendimento odontológico a
grupos prioritários
R
R
NR
NR
R
R
R
NR
R
Atendimento de pré-natal
R
NI
R
R
R
R
R
R
R
Cuidado domiciliar
R
NI
R
R
NR
R
NR
R
NR
Diagnóstico / Tratamento de
hanseníase
NR
NI
R
NR
NR
R
NR
NR
NR
Diagnóstico / Tratamento de
hipertensão
R
NI
R
R
R
R
R
R
R
Diagnóstico / Tratamento de
tuberculose
NR
R
R
NR
R
R
NR
NR
NR
Diagnóstico / Tratamento de
diabetes
R
R
R
R
R
R
R
R
R
Glicemia Capilar
R
R
R
R
R
R
R
R
R
NR
NI
NR
NR
R
NR
NR
NR
NR
Atendimento aos agravos mais
prevalentes na infância
R
R
R
R
R
R
NR
NR
NR
Notificação compulsória de
doenças
R
R
R
R
R
R
NR
R
R
Atendimento a desnutrição /
suplementação alimentar
R= Realiza; NR = Não Realiza; NI = Não Informou.
67
Atividades para o Cuidado
Integral
Castelo
Branco I
Ernani Sátiro
Grotão I
Grotão II
Mandacaru
Mangabeir
a VII A
Maria Luiza
Targino
Pedra
Branca II
Treze de
Maio
NR
NR
NR
NR
NR
NR
NR
NR
NR
Planejamento familiar
R
R
R
R
R
R
NR
R
R
Prevenção do câncer de colo
uterino
R
NR
R
R
R
R
R
R
R
Procedimentos de enfermagem
R
R
R
R
R
R
R
R
R
Promoção ao aleitamento
materno
R
R
R
R
R
R
R
R
R
NR
R
R
R
R
R
R
R
R
R
R
R
R
NR
R
NR
R
NR
Pequenas cirurgias
Promoção do crescimento /
desenvolvimento infantil
Visita Domiciliar
R= Realiza; NR = Não Realiza; NI = Não Informou.
68
Tabela 3.15 – Atividades de Grupo nas Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2
NE, 2005.
Castelo
Branco I
Ernani Sátiro
Grotão I
Grotão II
Mandacaru
Mangabeira
VII A
Maria
Luiza
Targino
Pedra
Branca II
Treze de
Maio
Atividades com grupos de
usuários
R
R
R
R
R
NR
NR
NR
R
Grupo de hipertensos
R
R
NR
R
R
NSA
NSA
NSA
R
Grupo de diabéticos
R
R
NR
R
R
NSA
NSA
NSA
R
Grupo de pré-natal
R
R
NR
R
R
NSA
NSA
NSA
R
Grupo de idosos
R
R
R
R
NR
NSA
NSA
NSA
R
Grupo de adolescentes
R
R
NI
NR
R
NSA
NSA
NSA
NR
Grupo de portadores de
sofrimento psíquico
NR
NR
NR
NR
R
NSA
NSA
NSA
NR
Grupo de puericultura
R
R
NR
R
R
NSA
NSA
NSA
NR
Atividades de grupo
R = Realiza; NR = Não Realiza; NI = Não Informou; NSA = Não Se Aplica
69
3.4.1.2 Acesso direto a exames complementares
O acesso direto a exames complementares utilizados rotineiramente na atividade
clínica peculiar à Atenção Básica foi investigado quanto à suficiência do exame de
ácido úrico, creatinina, de HIV, de glicemia, hemograma, tipagem sanguínea, VDRL,
Baar no escarro, exame comum de urina, urocultura, citopatológico, colposcopia,
eletrocardiograma, ultrassonografia obstétrica e radiografia simples.
O acesso foi referido como suficiente por 67% dos profissionais para os exames
de ECU, tipagem sanguínea, citopatologia de colo uterino e hemograma; por 56% para
glicemia, VDRL e exame de Baar; por 44% para ácido úrico e colposcospia; por 33%
para ultra-sonografia obstétrica, exame de HIV, urocultura, creatinina / uréia e ECG; e
por 22% para radiografia simples.
3.4.1.3 Disponibilidade de medicamentos
A maioria dos medicamentos investigados foram considerados suficientes pelas
equipes das nove UBS estudadas.
Os medicamentos mais citados como insuficientes ou inexistentes foram
fenobarbital e carbamazepina, que estavam indisponíveis em oito UBS; seguidos de
digoxina e penicilina benzatina de 600.000 UI (indisponíveis em 4); cimetidina e
metiformim (indisponíveis em 3); furosemida e penicilina benzatina de 1.200.000 UI
(indisponíveis em 2); metronidazol geléia, ampicilina, hidroclorotiazida, sulfametoxazol
+ trimetoprina comprimidos e suspensão, nistatina creme vaginal e neomicina +
bacitracina (indisponíveis em apenas 1).
A UBS Treze de Maio foi o serviço que citou o maior número de carências,
faltando metade da lista de medicamentos investigada. Em contrapartida, na UBS Maria
Luiza Targino todos os medicamentos estavam em suficiência Tabela 3.16).
A dispensação das medicações desta lista básica era feita nas próprias UBS.
70
Tabela 3.16– Disponibilidade de Medicamentos das Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Castelo
Branco I
Ernani
Sátiro
Grotão I
Grotão II
Mandacaru
Mangabeira
VII A
Maria Luiza
Targino
Pedra
Branca II
Treze de
Maio
Fenobarbital
I
I
I
I
I
I
S
I
I
Digoxina
S
S
I
S
S
I
S
I
I
Diclofenaco de Potássio
S
S
S
I
S
S
S
S
S
Carbamazepina
I
I
I
I
I
I
S
I
I
Aminofilina
S
S
S
S
S
S
S
I
S
Cimetidina
S
S
S
S
I
I
S
S
I
Metronidazol geléia
S
S
S
S
S
S
S
S
I
Penicilina Benzatina 600.000 UI
S
I
S
I
S
S
S
I
I
Penicilina Benzatina 1.200.000 UI
S
I
S
S
S
S
S
S
I
Dexametasona pomada
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Metformim
S
S
S
S
I
I
S
I
S
Ácido Acetil Salicílico
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Amoxicilina
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Ampicilina
S
S
S
S
S
S
S
S
I
Medicamentos
S = Suficiente; I = Insuficiente
71
Castelo
Branco I
Ernani
Sátiro
Grotão I
Grotão II
Mandacaru
Mangabeira
VII A
Maria Luiza
Targino
Pedra
Branca II
Treze de
Maio
Captopril
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Anticoncepcional Oral (ACO)
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Furosemida
S
S
I
I
S
S
S
S
S
Glibenclamida
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Hidroclorotiazida
S
I
S
S
S
S
S
S
S
Metronidazol
S
S
S
S
S
S
S
S
S
Sulfametoxazol + Trimetropina
S
S
S
S
S
S
S
S
I
Sulfametoxazol + Trimetropina
suspensão
S
S
S
S
S
S
S
S
I
Nistatina creme vaginal
S
S
S
S
S
S
S
S
I
Neomicina + Bacitracina
S
S
S
S
S
S
S
S
I
Medicamentos
S = Suficiente; I = Insuficiente
72
3.4.1.4 Utilização de protocolos
A Tabela 3.17 descreve as prevalências de utilização de protocolos pela UBS
investigada através do instrumento coletivo da estrutura variou de 40% para os menos
utilizados (manejo da desnutrição e suplementação alimentar) a 100% para o mais
utilizado (imunizações).
Destaca-se a alta prevalência de utilização de protocolos relacionados à
imunização, pré-natal, diagnóstico e tratamento do diabetes e hipertensão arterial que
foram referidos por mais de 80% dos entrevistados. Apesar de não terem sido
observadas diferenças significativas entre os modelos de atenção, as UBS Tradicionais
tiveram utilização de 100% para oito dos catorze protocolos investigados (Tabela 3.17).
Quando comparadas as prevalências de utilização de protocolos em João Pessoa
e no Lote 2 NE, os resultados apontaram na metade dos casos os índices foram maiores
no município (Tabela 3.17).
A UBS Mangabeira VII A foi o único serviço que informou utilizar todos os
protocolos investigados e, a UBS Grotão II referiu utilizar o menor número de
protocolos em suas atividades (apenas um dos catorze investigados). A Tabela 3.18
descreve a utilização de protocolos em cada UBS.
Os resultados obtidos através do questionário dos profissionais indicaram que
50% dos trabalhadores referiram utilizar algum tipo de protocolo para a realização de
suas atividades, sendo mais utilizados entre os trabalhadores das UBS do PSF (70%, n =
40) que entre os das UBS Tradicionais (35%, n = 27).
73
Tabela 3.17 - Utilização de protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em João
Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
João Pessoa (%)
Lote 2 NE
Ação programática
(%)
PSF Tradicional Total
Cuidados de enfermagem
67
100
67
57
Cuidado domiciliar
60
0
60
39
Diagnóstico e tratamento do diabetes
75
100
75
78
Diagnóstico e tratamento da
hanseníase
50
33
50
68
Diagnóstico e tratamento da
hipertensão arterial
83
100
83
79
Diagnóstico e tratamento da
tuberculose
50
33
50
76
Imunizações
100
100
100
93
Manejo da desnutrição e
suplementação alimentar
40
67
40
36
Manejo dos agravos mais prevalentes
na infância
60
33
60
53
Planejamento familiar
60
100
60
73
Pré-natal
80
100
80
86
Prevenção do câncer de colo uterino
60
100
60
80
Promoção crescimento e
desenvolvimento infantil
60
67
60
69
Promoção do aleitamento materno
60
100
60
58
74
Tabela 3.18 – Utilização de Protocolos nas Unidades Básicas de Saúde em João Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2
NE, 2005.
Castelo
Branco I
Ernani
Sátiro
Grotão I
Grotão II
Mandacaru
Mangabeira
VII A
Maria Luiza
Targino
Pedra
Branca II
Treze de
Maio
Cuidados de enfermagem
NU
U
U
NU
U
U
U
U
U
Cuidado domiciliar
NU
NR
U
NU
NU
U
NU
U
NU
U
NR
U
NU
U
U
U
NR
U
NU
U
U
NU
NU
U
U
NU
NU
U
U
U
NU
U
U
U
U
U
NU
U
U
NU
U
U
NU
NU
NU
U
U
U
U
U
U
U
U
U
Manejo da desnutrição e suplementação alimentar
NU
NR
U
NU
U
U
NU
NU
U
Manejo dos agravos mais prevalentes na infância
U
NR
U
NU
U
U
NU
NU
NU
NU
NR
U
NU
U
U
U
U
U
U
NR
U
NU
U
U
U
U
U
Prevenção do câncer de colo uterino
NU
NR
U
NU
U
U
U
U
U
Promoção crescimento e desenvolvimento infantil
NU
NR
U
NU
U
U
U
U
NU
Promoção do aleitamento materno
NU
NR
NU
NU
U
U
U
U
U
Protocolos
Diagnóstico e tratamento do diabetes
Diagnóstico e tratamento da hanseníase
Diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial
Diagnóstico e tratamento da tuberculose
Imunizações
Planejamento familiar
Pré-natal
U = Utiliza; NU = Não Utiliza; NR = Não Respondeu.
75
3.4.1.5 Utilização de computador pelos profissionais
A utilização de computador em atividades profissionais na UBS e / ou em casa
foi referida por 16% (n = 22) dos profissionais entrevistados, não havendo diferença
entre os modelos de atenção.
3.4.1.6 Qualidade dos serviços prestados
A opinião dos profissionais sobre a qualidade dos serviços prestados na UBS foi
considerada boa ou muito boa para aproximadamente 65% (n = 93) dos entrevistados
em João Pessoa, sendo semelhante entre os modelos de atenção.
3.4.1.7 Acesso a publicações
O município de João Pessoa mostrou um acesso pequeno dos profissionais às
publicações do Ministério da Saúde, variando de 3% para a Avaliação Normativa do
PSF no Brasil a 24% para os Manual do Agente Comunitário de Saúde. Em relação ao
Lote 2 Nordeste, este acesso foi sempre menor no município (Tabela 3.19).
De acordo com o modelo de atenção, o acesso foi significativamente maior entre
os profissionais das UBS do PSF apenas para Manual do SIAB e Manual do ACS
(Tabela 3.19).
Tabela 3.19 - Acesso dos profissionais estudados a publicações do Ministério da
Saúde nas Unidades Básicas de Saúde de João Pessoa e do Lote 2 NE. Estudo de
Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Acesso às publicações do Ministério
da Saúde
João Pessoa (%)
Lote 2 NE (%)
PSF
Tradicional
Total
Revista Brasileira Saúde da Família
6
3
4
6
Informes de Atenção Básica
17
15
16
31
Manual do SIAB
28
8
16
23
Manual do Agente Comunitário de
Saúde
43
9
24
38
Avaliação Normativa do PSF no
Brasil
0
5
3
8
76
3.4.2 Processo de trabalho em atenção básica à saúde
3.4.2.1 Introdução ao processo de trabalho em ABS
O objeto destes comentários foi o Processo de Trabalho em Atenção Básica à
Saúde, descrito através de um formulário semi-estruturado, preenchido por nove equipes
de Unidades Básicas de Saúde (UBS) de João Pessoa.
As doze variáveis abordadas como etapas componentes do Processo de Trabalho
em Atenção Básica à Saúde foram: planejamento, gestão e coordenação, recepção,
acolhimento, cuidado clínico, cuidado de enfermagem, cuidado odontológico, ações
programáticas, ações educativas, cuidados domiciliares, gestão da informação,
supervisão e suporte técnico e participação no Conselho Local de Saúde.
Os atributos propostos para caracterizar cada uma das variáveis foram: descrição
da atividade – o que é feito e como é feito?; responsáveis pela atividade – quem faz?;
insumos para a atividade – que recursos são utilizados?; dificuldades para realizar a
atividade; sugestões para realizar a atividade; experiências inovadoras.
3.4.2.2 A categoria processo de trabalho
A universalização do direito à saúde, a descentralização da gestão e a atenção
básica à saúde distinguem positivamente o SUS, em comparação a outros sistemas de
saúde, incluindo aqueles já experimentados no Brasil (BRASIL, 1990).
Apesar disso, possivelmente em função de seu curto tempo de implantação e da
escassez de recursos materiais e humanos, o SUS ainda não dispõe de um processo de
trabalho em atenção básica à saúde plenamente formulado e operacionalmente efetivo.
Neste sentido, a descrição do processo de trabalho nas UBS estudadas pode representar
importante contribuição para a melhoria da ABS em João Pessoa.
O processo de trabalho, enquanto categoria abstrata, permite compreender a
organização e a divisão das tarefas necessárias à transformação de um dado objeto de
trabalho em um produto desenvolvido, valorizado socialmente, tanto em seu valor de
uso, quanto em seu valor de troca (FACCHINI, 1986). Cada espaço concreto de
trabalho, cada unidade produtiva, conforma um processo de trabalho particular,
incomparável em suas nuances e características mais singulares. Mas cada processo de
trabalho também guarda as características essenciais do modo de produção em que está
77
inserido e, de modo mais objetivo, de seu ramo de produção e da natureza da atividade
produtiva predominante (FACCHINI, 1986).
O uso da categoria processo de trabalho neste estudo, permitiu a análise
individualizada de cada UBS e a busca de regularidades, de semelhanças e de contrastes
entre as UBS de João Pessoa. Nestas análises, além de perceber a dinâmica da
organização e divisão do trabalho em cada atividade, buscou-se identificar o objeto de
trabalho, os recursos disponíveis e os responsáveis por sua realização. Problemas e
sugestões para a melhoria das atividades também foram captados. Fruto do processo de
construção do SUS, o trabalho nas UBS Tradicionais é um simulacro daquele realizado
em hospitais e unidades ambulatoriais especializadas, sendo fortemente centrado no
médico e nas clínicas básicas, atendendo a demanda espontânea de usuários. No PSF, o
processo de trabalho pretende se distanciar do viés hospitalar e da especialização,
fortalecendo a participação da equipe de saúde e do médico “geral” no atendimento
integral das necessidades de saúde da população.
O processo de trabalho em ABS está essencialmente vinculado ao trabalho vivo,
à atividade, à qualidade técnico-científica do trabalhador, à sua motivação e
compromisso com o resultado de seu trabalho. Nas UBS, a tecnologia disponível tem
muita dificuldade em dinamizar o processo de trabalho, orientando a ação do
trabalhador. A escassez crônica de equipamentos, instrumentos e os mais variados
insumos, mesmo os mais básicos para o funcionamento de uma UBS, dificultam a
efetivação do processo de trabalho em ABS com um significado mais amplo que
extrapole a prática individual do trabalhador em relação a um usuário do serviço e
alcance o resultado do trabalho da equipe em relação à comunidade em que está
inserido.
3.4.2.3 Etapas do processo de trabalho em atenção básica à saúde
De um modo geral, o trabalho cotidiano nas UBS carecia de Planejamento, de
Gestão e de Coordenação a longo prazo, com estabelecimento de metas a serem
alcançadas pelo serviço. O planejamento foi relacionado, na maioria das UBS, com a
organização das ações programáticas, através de reuniões de equipe, com periodicidade
variável. A equipe da UBS Pedra Branca II referiu a existência de oficinas de territórios
com a avaliação de indicadores do distrito e participação da comunidade.
78
O Suporte Técnico e Supervisão não era uma atividade estruturada no
município. Três equipes não responderam esta questão e quatro informaram não
realizar. Das que responderam, uma disse haver um suporte técnico "informal" na
maioria das vezes e uma supervisão "incipiente", feita por profissionais inexperientes
em PSF. A outra relatou a supervisão através dos relatórios.
A Gestão da Informação era uma atividade exclusiva do PSF. As UBS
Tradicionais não responderam e / ou informaram não realizar esta atividade. O SIAB foi
referido como o instrumento que dava suporte para monitoramento e avaliação. A
realização de mapa de risco foi citada pelas equipes das UBS Castelo Branco I, Grotão
I, Grotão II e Pedra Branca II. A atividade era realizada com a participação de toda a
equipe. Apresentaram como dificuldades: a pouca comunicação e intercâmbio entre a
unidade, distrito e gestores da secretaria de saúde; a insuficiência de impressos e
capacitações; o trabalho intersetorial; a quantidade excessiva de instrumentos de coleta;
a capacitação insuficiente para utilização do SIAB; o processamento dos dados fora da
unidade e a divisão de trabalho inadequado com sobrecarga da enfermeira. As sugestões
foram a de informatizar a UBS e aperfeiçoar o sistema de informações com a extinção
de diferentes instrumentos para coletar o mesmo dado. Além disto, foi sugerido que haja
a devolução da informação para a equipe, melhoria na intersetorialidade e que a
representantes de comunidade sejam convidados para ajudar na construção do mapa de
risco.
Em João Pessoa, a Recepção estava sob responsabilidade diversas, de acordo
com o modelo assistencial e conformação das equipes. No PSF era realizada pelos ACS,
ACD e equipe de enfermagem, nas UBS Tradicionais havia a participação de agente
administrativo (UBS Mandacaru), assistente social e psicóloga (UBS Maria Luiza
Targino) e todos os membros da equipe (UBS Treze de Maio). Após a recepção e
preenchimento da ficha, o usuário era encaminhado para atendimento. Entre as
dificuldades foi citada a falta de recepcionistas, problemas na área física e o excesso de
demanda. Sugeriram a contratação de recursos humanos para esta função e o
investimento na melhoria da área destinada à recepção, inclusive mobiliário e
computador.
O Acolhimento foi vinculado com a atividade de recepção e perpassava todos os
espaços e profissionais, independente do modelo de atenção. Foi caracterizado com a
forma de receber bem os usuários, com escuta qualificada e tentativa de resolver as
necessidades apresentadas. O espaço físico inadequado, a escassez de recursos humanos
79
e a falta de material e recursos educativos foram apontados como limitadores. Como
sugestões para melhorar as dificuldades apresentadas foi solicitado a melhora na área
física, a realização de um curso de “relações humanas” e a instalação de TV e vídeo na
sala de espera.
O Cuidado Clínico foi caracterizado com o atendimento entre 12 e 20 pessoas
por turno. A falta de material, medicamentos e de impressos dificultava o trabalho.
Havia problema com relação à estrutura física das UBS, servindo como exemplo, a
situação da UBS Treze de Maio (Tradicional) onde apenas meia parede separava o
consultório médico das demais dependências, e da UBS Grotão II (PSF) onde havia
problemas de ventilação, iluminação e excesso de ruído. A ausência de um sistema
organizado de referência e contra-referência prejudicava a integralidade dos
atendimentos. As sugestões foram a de realizar uma reforma urgente nas UBS e
organizar uma central de marcação de consultas e exames, como forma de organizar a
referência e contra-referência.
No Cuidado de Enfermagem foram descritas as atividades dos auxiliares e
técnicos de enfermagem. Estes atendiam entre 10 e 20 pessoas em um turno de quatro
horas. Havia um auxiliar por turno nas UBS do PSF e dois técnicos e/ ou auxiliares nas
UBS Tradicionais (a UBS Mandacaru funcionava durante três turnos). Estes
profissionais auxiliavam na recepção quando necessários, realizavam os procedimentos
básicos de enfermagem (verificação de sinais vitais, vacina, curativo, administração de
medicamentos,...), também estavam envolvidos na entrega de medicações e, no PSF,
realizavam visitas domiciliares e atividades educativas. Entre as dificuldades foi citada a
falta de material, instrumental e de recursos humanos; o acúmulo de atividades gerando
sobrecarga de trabalho; o ambiente de trabalho insalubre (ventilação) e a estrutura física
inadequada. Referiram também a falta de capacitação e treinamento. As sugestões
foram ao encontro de atender as dificuldades enfrentadas. A equipe da UBS Maria
Luiza Targino não respondeu esta questão
O Cuidado Odontológico era realizado em todas as UBS. A equipe da UBS
Maria Luiza Targino não respondeu esta questão. Na UBS Mangabeira o consultório já
estava instalado, mas devido a falta de instrumental e material, só era realizada a
aplicação de flúor e palestras. Atendiam cerca de oito usuários em um turno de quatro
horas com o auxílio dos ACD. Aos ACD cabia a responsabilidade de marcar consultas,
preparar o instrumental e o material, auxiliar os dentistas nos procedimentos e esterilizar
o instrumental. Também realizavam palestras na comunidade. Foi referida a falta de
80
infra-estrutura, de material e instrumental adequado e morosidade na assistência técnica.
O consultório odontológico da UBS Pedra Branca II era fora da UBS, o que dificultava
o trabalho de equipe e o suporte do pessoal administrativo. As sugestões foram as de
investimentos na infra-estrutura e em novos equipamentos, melhorar o abastecimento de
insumos e instrumentais e agilizar a manutenção.
As Ações Programáticas eram realizadas em todas as UBS, independente do
modelo assistencial. Havia a participação de toda a equipe e na UBS Grotão II
participavam os acadêmicos dos cursos de enfermagem e nutrição. Na UBS
Tradicionais era dedicado no mínimo uma hora por turno para as ações programáticas e
no PSF havia turnos específicos para cada uma das ações. O programa HIPERDIA foi
referido pela totalidade das equipes, seguido das ações voltadas à criança (puericultura),
à mulher (pré-natal, planejamento familiar e saúde da mulher) e aos tuberculosos (UBS
Ernani Sátiro, Grotão II e Mandacaru). Atividades com idosos também foram referidas
pelas UBS Grotão I e II, Pedra Branca II e Treze de Maio). Apontaram como
dificuldade: a insuficiência de recursos humanos, de impressos e da estrutura física; o
excesso de demanda e de burocracia; a resistência da população; a falta de compromisso
e de capacitação dos profissionais da equipe; a desorganização do processo de trabalho
e a divisão de trabalho inadequado; a estrutura do nível central deficiente; a dificuldade
de cumprir cronograma devido às atividades externas e o acúmulo de funções. As
sugestões remetem a sanear as dificuldades apresentadas. A equipe da UBS Maria Luiza
Targino não respondeu esta questão.
As Ações Educativas eram realizadas através de palestras, com periodicidade
variável de acordo com o local e o público alvo. As equipes das UBS Tradicionais
referiram usar uma hora por turno. As equipes do PSF utilizavam um turno por semana,
dependendo do assunto. A articulação com escola, creches e / ou igreja ainda eram
incipientes (UBS Castelo Branco I e Ernani Sátiro) e a maioria referiu realizar palestras
no interior da UBS. Atividade na sala de espera foi citada pelas equipes das UBS Ernani
Sátiro e Grotão II. A participação de todos os membros da equipe foi citada pela maioria
das equipes. Na saúde bucal a dificuldade era formar grupos de adolescentes e reunir os
pais para reuniões. As demais equipes referiram como dificuldade: a falta de material
didático de apoio, o pouco acesso e cultural, o local inadequado, a pressa das pessoas
em serem atendidas e não querem parar para escutar, o espaço físico inadequado, a falta
de capacitação de profissionais, o acúmulo de funções e a demanda excessiva. A equipe
da UBS Ernani Sátiro citou como experiência inovadora, a distribuição de lanche e
81
sorteio de brindes para incentivar a participação da comunidade. Na UBS Castelo
Branco, a inovação foi a utilização de fantoches para as palestras. A equipe da UBS
Maria Luiza Targino não respondeu esta questão.
O Cuidado Domiciliar era uma atividade exclusiva do modelo PSF com a
participação de toda a equipe, utilizando regularmente, no mínimo, um turno por
semana. As visitas eram realizadas aos grupos prioritários com enfoque curativo
(acamados, dificuldade de locomoção e idosos) e para atividades de prevenção,
promoção da saúde e / ou acompanhamento (busca de faltosos, verificação de peso em
menores de 2 anos, visitas as puérperas e recém-nascidos, vacinação, seqüelados de
AVC,...). Havia problemas na adequação e provisão de material e medicamentos,
barreiras geográficas e condições inadequadas de moradia. O excesso de demanda por
consultas na unidade e o acúmulo de funções dificultavam a saída da UBS e
prejudicando o planejamento das visitas. Entre as sugestões foi listado: a
disponibilidade de mais tempo para as visitas, o suprimento de materiais e
medicamentos, a melhoria das condições sócio-econômicas dos usuários e da infraestrutura do bairro (UBS Grotão I), além da contratação de pessoal para auxiliar nas
atividades de gestão, possibilitando que a equipe tenha mais tempo para as atividades
assistenciais.
A atividade Conselho Local de Saúde não estava implantada nas UBS
estudadas. Apenas a equipe da UBS Grotão II informou que estava no processo de
reuniões com a comunidade para formação do CLS. Das restantes, quatro não
responderam a questão e quatro informaram que esta atividade não era realizada.
3.4.2.4 Satisfação dos trabalhadores com as condições de trabalho
O estudo adotou uma escala de adequação organizada de 0 a 10, a partir da qual
os trabalhadores das UBS da amostra (n = 149) emitiram sua opinião em relação a
algumas variáveis componentes das condições de trabalho e do trabalho em equipe.
A observação das médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores
de João Pessoa sobre cada uma das variáveis estudadas revelou que o maior índice de
satisfação foi para o trabalho em equipe e o menor para estrutura física da unidade,
sendo este resultado semelhante ao do Lote (Tabela 3.20).
82
Quanto ao modelo, a satisfação dos trabalhadores das UBS do PSF foi
significativamente maior, não havendo diferenças apenas quanto às reuniões com a
coordenação local da unidade e estrutura física da UBS (Tabela 3.20).
Tabela 3.20 - Médias alcançadas em relação à satisfação dos trabalhadores de saúde
em uma escala de 0 a 10 em João Pessoa, por modelo de atenção, e no Lote 2 NE.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Satisfação dos profissionais
João Pessoa
Lote 2 NE
PSF
Tradicional
Total
Trabalho em equipe
9,0
7,0
8,0
7,0
Reuniões de equipe
8,0
5,0
7,0
7,0
Preenchimento de formulários e
relatórios
7,0
5,0
6,0
7,0
Demanda para atendimento
individual a domicílio
8,0
2,5
6,0
7,0
Demanda para atendimento
individual na unidade
8,0
7,5
8,0
6,0
Reuniões com a coordenação local
da unidade
5,0
7,0
6,3
6,0
Reuniões com a comunidade
7,0
2,0
5,0
5,0
Estrutura física da unidade
5,0
3,0
4,0
5,0
3.5 Dimensão Desempenho do Sistema de Saúde
3.5.1 Desempenho do Município de João Pessoa
3.5.1.2 Indicadores Selecionados e Pacto da Atenção Básica à Saúde
As informações apresentadas abaixo se referem ao município de João Pessoa, a
totalidade dos municípios da Paraíba e ao Brasil.
A Tabela 3.21 mostra que a proporção de recém-nascidos com quatro ou mais
consultas de pré-natal e o coeficiente de mortalidade infantil foram melhores em João
Pessoa do que na Paraíba e no Brasil. Ainda em comparação ao estado e ao país, os
índices de consultas médicas básicas por habitante e de partos por cesariana foram
83
desfavoráveis ao município. Já a proporção de baixo peso ao nascer ocupou posição
intermediária entre os resultados, sendo maior em relação à Paraíba e menor em
comparação ao Brasil. Não estavam disponíveis informações sobre mortalidade infantil
por causas evitáveis.
Tabela 3.21 - Indicadores de desempenho do sistema de saúde para João Pessoa,
Paraíba e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa
PB
Brasil
Consultas médicas básicas / hab / ano
1,3
1,5
1,4
% RN com 4 ou + consultas Pré-Natal
87,1
85,1
83,1
% de Baixo peso ao nascer
7,8
6,1
8,1
Mortalidade Infantil / 1.000 NV
15,7
23
19,3
MI Causas evitáveis
--*
--*
--*
% Partos por cesariana
48,9
33
38,8
Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002 (* Informação não disponível).
a. Crianças
Comparado com o país, João Pessoa apresentou maior proporção de óbitos em
menores de um ano por causas mal definidas e maior taxa de internação por IRA em
menores de cinco anos; sendo que, em relação à PB, estes índices foram menor e
semelhante, respectivamente. Favorável ao município, a menor taxa de mortalidade
infantil neonatal (Tabela 3.22).
84
Tabela 3.22 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da
criança para João Pessoa, Paraíba e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa
PB
Brasil
Número absoluto de óbitos de < de 1 ano
175
1.472
58.916
% de óbitos em < de 1 ano por causas mal definidas
9,1
20,7
8,8
Taxa de internação por IRA em < de 5 anos
28,7
28,5
26,4
Cobertura vacinal por tetravalente em < de 1 ano
--*
3,1
21,5
Número absoluto de óbitos neonatais
126
915
38.679
Taxa de mortalidade infantil neonatal
11,3
14,3
12,6
Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002 (* Informação não disponível).
b. Mulheres
Entre os indicadores do Pacto da Atenção Básica da saúde da mulher, a
proporção de nascidos vivos com sete ou mais consultas de pré-natal foi favorável à
João Pessoa, em comparação à PB e ao Brasil. Ao contrário, a taxa de mortalidade
materna foi desfavorável. Já a razão de exames citopatológicos não variou, sendo a
mesma para todos os grupos. As taxas de mortalidade por câncer de colo de útero e de
mama foram intermediárias, sendo melhores em relação ao Brasil, mas sendo a primeira
semelhante e a segunda maior quando comparadas às do estado (Tabela 3.23).
Tabela 3.23 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde da
mulher para João Pessoa, Paraíba e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa
PB
Brasil
Taxa de mortalidade materna
71,8
40,6
52,7
Razão entre exames CP em mulheres de 25 a 59
anos e a população na faixa etária
0,2
0,2
0,2
Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de
colo de útero
2,7
2,6
4,6
Taxa de mortalidade em mulheres por câncer de
mama
9,1
4,8
10,2
% de nascidos vivos com 7 ou mais consultas de
pré-natal
53,5
40,7
47,8
Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.
85
c. Adultos e idosos: doenças crônicas
Os indicadores relativos às doenças crônicas favoráveis à João Pessoa, quando
comparados aos da PB e do Brasil, foram a menor taxa de internação por acidente
vascular cerebral (AVC), de internação por insuficiência cardíaca congestiva e a menor
proporção de internação por diabetes mellitus. Desfavoráveis ao município, a maior taxa
de mortalidade por doenças cerebrovasculares e a maior proporção de internação por
cetoacidose e coma diabético. Já a taxa de mortalidade por tuberculose foi semelhante à
da Paraíba mas inferior à do Brasil (Tabela 3.24).
Tabela 3.24 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos a doenças
crônicas para João Pessoa, Paraíba e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
João Pessoa
PB
Brasil
Taxa de internação por acidente vascular
cerebral (AVC)
28,3
40,7
32,7
Taxa de mortalidade por doenças
cerebrovasculares
143,0
115,5
137,9
Taxa de internação por insuficiência cardíaca
congestiva (ICC)
48,2
85,3
66,3
% de internação por cetoacidose e coma
diabético
27,1
19,8
15,1
% de internação por diabetes mellitus
0,8
1,0
1,3
Taxa de mortalidade por tuberculose
2,4
2,5
3,0
Indicador
Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.
d. Saúde bucal
Entre os indicadores relativos à saúde bucal, encontrou-se em João Pessoa a
maior cobertura de primeira consulta odontológica em relação à PB e ao Brasil. A razão
entre procedimentos odontológicos coletivos e a população de 0 a 14 anos foi
semelhante ao da Paraíba e inferior à do Brasil; e a proporção de exodontias em relação
às ações básicas individuais foi menor à observada no estado e maior à do país (Tabela
3.25).
86
Tabela 3.25 - Indicadores do Pacto da Atenção Básica de 2002 relativos à saúde bucal
para João Pessoa, Paraíba e Brasil. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote
2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa
PB
Brasil
Cobertura de primeira consulta odontológica
21,7
15,1
13,1
Razão entre procedimentos odontológicos
coletivos e a população de 0 a 14 anos
0,01
0,01
0,20
% de exodontias em relação às ações básicas
individuais
9,6
17,7
8,8
Fonte: Pacto da Atenção Básica 2002.
3.5.2 Desempenho dos Modelos de Atenção Básica à Saúde
3.5.2.1 Perfil da Demanda Atendida nas UBS
a. Idade, sexo e escolaridade da demanda
A demanda estudada era composta predominantemente por mulheres (67%; n =
475), sem diferença entre os modelos. A predominância do gênero feminino na
utilização dos serviços se manifestou entre os 15 e os 49 anos de idade, predomínio
muito vinculado à vida reprodutiva.
Da amostra, 61% (n = 447) das pessoas eram de cor não-branca, observando-se
proporção maior entre os usuários das UBS PSF (67%; n = 301) do que entre os de UBS
das UBS Tradicionais (52%; n = 146).
Da carga de trabalho diário em saúde infantil, 22% (n = 160) estava dirigida aos
cuidados específicos do primeiro ano de vida, pois as crianças menores de um ano de
idade representaram 9% (n = 63) da amostra e as de 1 a 4 anos 13% (n = 97).
As crianças de cinco a 14 anos constituíram 16% (n = 116) da amostra. As
mulheres de 15 a 49 anos de idade eram 34% (n = 242) e os homens nesta faixa etária
representaram apenas 9% (n = 62). A demanda de 50 anos e mais correspondeu a 19%
(n = 129), sendo 10% (n = 69) de 50 a 64 anos e 9% (n = 60) de 65 anos e mais. Assim,
a carga de trabalho com enfoque nos cuidados das necessidades crônicas e
degenerativas mais prevalentes na população adulta e idosa foi semelhante àquela
relacionada às crianças menores de cinco anos de idade.
87
A demanda por grupo etário foi variou entre os modelos de atenção, sendo
pouco maior nas faixas de menores de 1 ano, de 30 a 39 anos e de mais de 50 anos nas
UBS do PSF.
Em relação à escolaridade, 20% (n = 118) dos usuários eram analfabetos, 11% (n
= 64) eram apenas alfabetizados, 34% (n = 199) tinha o ensino fundamental incompleto,
7% (n = 41) o fundamental completo, 4% (n = 26) o médio incompleto, 8% (n = 49) o
médio completo e 3% (n = 15) o superior. Encontraram-se proporções semelhantes entre
os modelos de atenção.
b. Participação dos profissionais no atendimento à demanda
Em relação aos profissionais de nível superior, os enfermeiros realizaram 16%
(n = 112) dos atendimentos, os médicos 31% (n = 219), os odontólogos 7% (n = 50) e
os demais profissionais de nível superior 3% (n = 26). Os profissionais de nível médio
realizaram 27% (n = 194) dos atendimentos e os ACS 16% (n = 114) – (Tabela 3.26).
Proporções maiores de atendimentos realizados por médicos (52%), odontólogos
(15%) e outros profissionais de nível superior (9%) foram encontradas nas UBS
Tradicionais, e por enfermeiros (22%), profissionais de nível médio (32%) e ACS
(25%) nas UBS do PSF (Tabela 3.26).
Em relação ao Lote, as proporções de João Pessoa não diferiram muito. Somente
no caso dos atendimentos médicos, a proporção foi maior no município (Tabela 3.26).
Tabela 3.26 - Participação dos profissionais no atendimento à demanda em João
Pessoa, por modelo de atenção, e no Lote 2 NE. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Profissional
João Pessoa (%)
Lote 2 NE (%)
PSF
Tradicional
Total
Enfermeiros
22
5
16
11
Médicos
18
52
31
20
Odontólogos
2
15
7
8
Outros profissionais de nível superior
1
9
3
2
Outros profissionais de nível médio
32
19
27
29
ACS
25
0
16
30
88
c. Procedimentos realizados no atendimento à demanda
As ações dos profissionais de enfermagem representaram 26% (n = 187) da
demanda de procedimentos, as ações médicas básicas 28% (n = 203), atendimentos por
outros profissionais de nível superior 17% (n = 125), as ações básicas em odontologia
7% (n = 42), imunizações 6% (n = 44) e visitas domiciliares 16% (n = 114).
Entre as UBS do PSF, observou-se proporção superior da realização de
imunizações (9%; n = 39), visitas domiciliares (25%, n =114) e atendimento de outros
profissionais de nível superior (21%, n = 94). Entre as Tradicionais, as proporções
foram maiores quanto às consultas médicas (46%, n = 124) e ações básicas em
odontologia (14%; n = 38). Para os demais procedimentos as proporções foram
semelhantes. Apesar das diferenças observadas, deve se considerar que nas UBS
Tradicionais estudadas havia uma maior proporção de médicos e nenhum ACS.
3.5.2.2 Utilização de Serviços na População de Abrangência da UBS
3.5.2.2.1 Crianças
Condições do parto e peso ao nascer
O nascimento da maioria das crianças (98%; n = 159) ocorreu em ambiente
hospitalar. Quanto ao tipo de parto, 32% (n = 51) nasceu através de cesariana. Não foi
observada diferença significativa entre os modelos de atenção (Tabela 3.27).
O peso médio dos recém-nascidos de João Pessoa foi de 3.176 gramas (n = 160),
com médias semelhantes entre as áreas de moradia por modelo de atenção. A proporção
de baixo peso ao nascer entre as crianças da amostra foi de 13% (n = 20), sendo
semelhante entre os modelos de atenção (Tabela 3.27).
Tabela 3.27 - Condições de nascimento das crianças de João Pessoa. Estudo de Linha
de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicadores
João Pessoa
PSF
Tradicional
Total
% Parto hospitalar
97
100
98
% Parto por cesariana
33
28
32
3.211
3.104
3.176g
12
13
13
Peso médio ao nascer em gramas
% Baixo peso ao nascer
89
Puericultura
Em João Pessoa 94% (n = 152) das crianças possuíam cartão para
acompanhamento do peso, sendo a mesma proporção nos diferentes modelos (Tabela
3.28).
Menos de metade das crianças (36%; n = 56) foi pesada e medida na UBS de sua
área de abrangência, sendo que a maior procura pela UBS da área ocorreu entre as
crianças residentes em áreas do PSF (42%; n = 43) - (Tabela 3.28).
Uma proporção de 15% (n = 9) de mães informou que era preciso marcar
consulta para realizar a puericultura na UBS, sem diferença significativa entre os
modelos. Puericultura em um dia específico da semana foi uma realidade informada por
66% (n = 41) das mães de João Pessoa, com proporção significativamente maior nas
UBS do PSF (77%, n = 36) do que nas Tradicionais 33% (n = 5). A espera na fila para
realizar puericultura foi confirmada por 40% (n = 25) das mães entrevistadas, sendo a
menor prevalência entre as moradoras de áreas do PSF (31%, n = 15). Quando se
questionou sobre haver pesado e medido a criança 12 vezes ou mais, a proporção foi de
16% (n = 25), não havendo diferença significativa entre os modelos (Tabela 3.28).
Este acompanhamento foi realizado em outro local que não a UBS da área de
abrangência por 53% (n = 78) das crianças, sendo proporcionalmente maior nas áreas de
UBS Tradicionais (67%; n = 33) do que nas do PSF (46%; n = 45). Os motivos
informados para não realizar a puericultura na UBS da abrangência foram não morar no
bairro ou cidade (20%; n = 19), juízo insatisfatório da UBS (58%; n = 56), possuir
cobertura por plano de saúde ou convênio (8%; n = 8), não achou necessário (3%; n = 3)
e problema de acesso geográfico (11%; n = 11). Considerando as justificativas mais
relatadas, não houve diferenças significativas entre os modelos (Tabela 3.28).
A opinião sobre a puericultura foi boa, muito boa ou ótima para 87% (n = 52)
das mães que vivenciaram esta situação e, quando estas mães foram estimuladas a
atribuir uma nota de zero a dez para avaliar a UBS de sua área de abrangência, a média
alcançada foi de 8,9, não tendo variado muito entre os modelos em ambas avaliações
(Tabela 3.28).
No momento das entrevistas 29% (n = 47) das crianças estavam sendo
amamentadas, sendo a proporção de 33% (n = 35) na área de abrangência do PSF e de
22% (n = 12) na das UBS Tradicionais (Tabela 3.28).
90
Tabela 3.28 - Características do acompanhamento de puericultura das crianças
estudadas em João Pessoa, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa
PSF
Tradicional Total
Tem cartão de peso (%)
94
94
94
Pesada e medida na UBS da área de abrangência (%)
42
25
36
Era preciso marcar consulta para puericultura na UBS
(%)
13
21
15
Tinha dia específico da semana para puericultura (%)
77
33
66
Tinha que esperar na fila para puericultura (%)
32
67
40
Puericultura 12 vezes ou mais (%)
19
10
16
Puericultura em outro local que não a UBS da área
(%)
46
67
53
Não realizou puericultura na UBS de sua área por ter
cobertura de plano de saúde (%)
10
5
8
Não realizou puericultura na UBS de sua área por
juízo insatisfatório (%)
60
54
58
Não realizou puericultura na UBS de sua área por não
morar no bairro ou cidade (%)
22
15
20
Opinião sobre puericultura foi boa, muito boa ou
ótima (%)
85
92
87
Nota de zero a dez para avaliar a UBS
8,9
9,0
8,9
Crianças amamentadas (%)
32
22
29
Imunizações
Na avaliação da cobertura vacinal utilizaram-se informações disponíveis no
cartão da criança e, na sua ausência, informações fornecidas pela mãe ou responsáveis.
Conforme descrito no item anterior sobre puericultura, 6% das crianças não possuíam
cartão, ocasionando perda de informações a esse respeito. As perdas também ocorreram
quando a mãe não lembrava as vacinas recebidas pela criança.
91
Logo, a análise das imunizações isoladamente mostrou cobertura de 90% (n =
145) para a vacina contra a poliomielite; de 82% (n = 133) para a vacina contra o
sarampo; de 96% (n = 155) para a vacina contra a tuberculose; de 90% (n = 145) para a
vacina contra a Hepatite B; e de 88% (n = 142) para a vacina contra a difteria, o tétano e
a coqueluche (DPT) + Haemophilus influenza tipo b + Tetravalente (Tabela 3.29).
Cobertura inferior à dosagem mínima necessária foi de 3% (n = 4) para a vacina
contra a poliomielite, de 10% (n = 16) contra o sarampo, de 1% (n = 2) para BCG, de
2% (n = 4) contra a Hepatite B e de 6% (n = 10) para tetravalente. Faltaram
informações de vacina contra Sarampo (8%, n = 13), Hepatite B (8%, n = 13), BCG
(3%, n = 5), difteria, tétano e coqueluche (DPT) + Hib + Tetravalente e (6% n = 10) e
poliomielite (8%, n = 13).
Não foram observadas diferenças significativas entre os modelos de atenção.
Tabela 3.29 - Características do estado vacinal das crianças estudadas em João
Pessoa de acordo com o registro do cartão de vacinas, por modelo de atenção. Estudo
de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Cobertura vacinal
João Pessoa (%)
PSF
Tradicional
Total
Sabin
90
89
90
Sarampo
81
85
82
Tuberculose
95
96
96
Hepatite B
90
89
90
DPT + Hib + Tetravalente
89
85
88
Consulta por Diarréia
A ocorrência de diarréia no último mês nas crianças entrevistadas foi de 48% (n
= 76), sem diferença significativa entre os modelos (Tabela 3.30).
Quase metade da amostra de crianças com diarréia (48%; n = 37) necessitou
consultar por este motivo, sendo que nas áreas do PSF a proporção foi menor (40%, n =
21) em comparação às de UBS Tradicionais (64%, n = 16). Entre estas, 45% (n = 18)
92
consultaram a maior parte das vezes na UBS da área de abrangência, sendo a maioria
(58%, n = 14) destas consultas realizadas em UBS do PSF e apenas 25% (n = 4) nas
Tradicionais. Entre as crianças com diarréia que consultaram a maior parte das vezes na
UBS da área 78% (n = 14) recebeu alguma orientação a respeito da prevenção e
abordagem inicial da diarréia, que incluíram aconselhamento com relação ao soro
caseiro (93%; n = 13), a reidratação oral (64%; n = 9) e a utilização de água de arroz
(21%; n = 3). Não foram observadas diferenças entre os modelos de atenção na
prestação de orientações sobre diarréia (Tabela 3.30).
A ocorrência de hospitalização por diarréia no último ano foi informada para
14% (n = 11) das crianças, em proporções que não diferiram significativamente (Tabela
3.30).
Tabela 3.30 - Prevalência de diarréia no último mês e características das consultas
pelo problema das crianças estudadas em João Pessoa, por modelo de atenção.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa (%)
PSF
Tradicional
Total
Diarréia no último mês
50
45
48
Consultou por diarréia
40
64
48
Maioria das consultas na UBS da área
58
25
45
Prevenir desidratação
71
100
78
Soro caseiro
90
100
93
Reidratação oral
60
75
64
Água de arroz
20
25
21
19
4
14
Recebeu orientação sobre:
Hospitalização por diarréia no último ano
A maioria das mães que não levou seus filhos para consultar na UBS da área,
informou preferir outro posto de saúde (20%, n = 4) ou que ter levado o filho
diretamente ao hospital (20%, n = 4). Entre as demais, as justificativas foram encontrar
o posto fechado (15%, n = 3); facilidade de acesso à outra UBS (15%, n = 3); morar em
93
outro local na (10%, n = 2); realizar consulta particular (10%, n = 2); não poder esperar
(5%, n = 1); e atendimento imediato em outro local (5%, n = 1). Não foram encontradas
diferenças entre os modelos neste sentido.
Consulta por Pneumonia
Nos seis meses anteriores à entrevista, a ocorrência de pneumonia foi referida
para 3% (n = 5) das crianças. Todas as cinco crianças necessitaram consultar pela
doença nos últimos seis meses, sendo quatro moradoras de área do PSF e uma de UBS
Tradicionais. Entre estas crianças, nenhuma buscou atendimento na UBS de sua área
(Tabela 3.31).
Questionadas sobre o motivo ou justificativa para não consultar por pneumonia
na UBS da área, duas (50%) mães informaram ter levado o filho diretamente ao
hospital, uma (25%) buscou atendimento particular e uma última (25%) disse que era
necessário tirar ficha de atendimento muito cedo. Uma das mães não prestou
justificativa.
A ocorrência de hospitalização por pneumonia no último ano foi informada para
três (60%) crianças com pneumonia, todas residentes em áreas do PSF (Tabela 3.31).
Para nenhuma das variáveis relacionadas a problemas de pneumonia foi
observada diferença significativa entre os modelos de atenção.
Tabela 3.31 - Prevalência de pneumonia nas crianças nos últimos 6 meses e
características das consultas pelo problema em João Pessoa, por modelo de atenção.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa (%)
PSF
Tradicional
Total
4
2
3
100
100
100
Maioria das consultas na UBS da área
0
0
0
Hospitalização por pneumonia no último ano
75
0
60
Pneumonia nos últimos seis meses
Consultou por pneumonia
94
Consulta por outro motivo
Consulta na UBS da área de abrangência por outro motivo, exceto puericultura,
diarréia e pneumonia, foi referida para 37% (n = 59) das crianças estudadas, sem
diferença significativa entre os modelos (Tabela 3.32).
Mais da metade das mães (55%, n = 52) alegou que as crianças não consultaram
por outros motivos na UBS da área porque não precisaram; 14% (n = 13) faziam juízo
insatisfatório do serviço; 21% (n = 20) tinha dificuldade de acesso geográfico; 3% (n =
3) não morava no bairro ou cidade; 7% (n = 7) dispunha de convênio/ plano de saúde.
Entre os modelos, as diferenças foram significativas, destacando-se maior prevalência
de juízo insatisfatório (19%, n =7) e dificuldade de acesso geográfico (35%, n = 13)
entre os residentes das áreas de UBS Tradicionais; e maior proporção de mães com
plano de saúde (12%, n = 7) nas áreas do PSF (Tabela 3.32).
Tabela 3.32 - Características das consultas por outros motivos além de diarréia e
pneumonia das crianças estudadas em João Pessoa, por modelo de atenção. Estudo
de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa (%)
PSF
Tradicional
Total
Consultou na UBS da área por outros motivos
43
26
37
Não consultou na UBS da área por não achar
necessário
64
41
55
Não consultou na UBS da área por juízo
insatisfatório
10
19
14
Não consultou na UBS da área por ter
convênio
12
0
7
Saúde bucal
Na amostra de João Pessoa, a avaliação em saúde bucal apontou que no grupo
de crianças 80% (n = 128) das mães realizavam limpeza dos dentes de seus filhos
(Tabela 3.33). Em média, as mães afirmaram ter iniciado a higiene bucal de seus filhos
aos 12 meses de idade (dp = 5,7), sendo que a limpeza era realizada cerca de 2,3 vezes
ao dia. Quase a metade (46%, n = 58) das crianças tinha os dentes escovados três vezes
95
ou mais ao dia, não havendo diferenças significativas entre os modelos de atenção para
as variáveis citadas.
A utilização de escovinha para limpeza dos dentes foi referida por 95% (n =
122) das mães e a utilização de outros recursos (tais como fralda, paninho e / ou dedo)
foi referida por 4% (n = 5). A maioria das mães afirmava fazer a higiene bucal de seus
filhos utilizando pasta de dentes (95% ; n = 120), com proporções semelhantes entre os
modelos de UBS (Tabela 3.33).
Mais da metade da amostra (54% ; n = 87) afirmou já ter recebido informação
sobre a importância de limpar ou escovar os dentes de seus filhos. Do grupo que
recebeu informação, destacou-se o fato de 40% (n = 35) afirmou tê-la recebido do
dentista da UBS; 22% (n = 19) por outro profissional da UBS; e 21% (n = 18) via outras
formas. Em menor freqüência, foram prestadas orientações pela escola e por programa
de rádio/ tv (1%, n = 1); através de ACS (2%, n = 2); da família (5%, n = 4) e de
dentistas da rede privada (7%, n = 6). Não foram observadas diferenças entre os
modelos quanto às orientações em saúde bucal.
Sobre o uso de chupeta, 43% (n = 69) das crianças estudadas em João Pessoa
ainda faziam uso desta, com maior proporção entre aquelas residentes em áreas de UBS
Tradicionais (55%, n =29) que entre os de PSF (38%, n = 40) - (Tabela 3.33).
Mais da metade (62%, n = 99) tomava mamadeira à noite, sendo que destas 92%
(n = 91) eram adoçadas. Cerca de um quinto (19%, n = 31) das crianças já havia batido
e / ou quebrado algum dente (Tabela 3.33). Não houve diferença entre os modelos para
estes casos.
96
Tabela 3.33 - Características de saúde bucal das crianças estudadas em João Pessoa.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Realiza limpeza dos dentes
Idade média de início da limpeza de dentes (meses)
João Pessoa (%)
80
12,0
Escova os dentes 3 vezes ou mais ao dia
46
Utilização de escova na higiene bucal
95
Utilização de pasta de dentes na higiene bucal
95
Recebeu alguma informação sobre importância de escovar /
limpar os dentes do filho
54
Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência
40
Criança usa chupeta
43
Criança toma mamadeira à noite
62
Criança já bateu / quebrou algum dente
19
3.5.2.2.2 Mulheres
Pré-natal
A maioria (96%, n = 156) das mulheres estudadas realizaram alguma consulta de
pré-natal na última gravidez, sendo semelhantes as proporções entre os modelos (Tabela
3.34).
De modo geral, as mulheres entrevistadas no município referiram o início do
pré-natal do último filho em torno da 12ª semana de gestação, com médias semelhantes
nos dois modelos de atenção. Em 42% (n = 65) dos casos, o pré-natal foi feito na UBS
da abrangência, sendo em proporção significativamente maior (61%, n =44) entre as
residentes de área PSF (Tabela 3.34).
Entre as mulheres que fizeram o pré-natal fora da área da UBS, a maioria referiu
como motivo possuir convênio (49%, n = 43) ou ter problema de acesso geográfico
(23%, n = 20). Outros motivos citados foram não morar no bairro ou cidade à época
(10%, n = 9), juízo insatisfatório da UBS (16%, n = 14), e a gestação de risco (2%, n =
97
2); sendo que uma não prestou justificativa. As prevalências não diferiram de maneira
significativa entre os modelos de atenção (Tabela 3.34).
Durante o pré-natal, a vacina contra o tétano deixou de ser aplicada em 12% (n =
3) das mulheres que efetivamente necessitavam, sendo a proporção de 7% (n = 1) na
área de abrangência do PSF e de 18% (n = 2) na de UBS Tradicionais. Esta vacina foi
administrada desnecessariamente em 65% (n = 53) das mulheres, sendo a prevalência de
68% no PSF (n = 26) e de 63% (n = 27) nas UBS Tradicionais. Em nenhum dos casos
as diferenças foram significativas (Tabela 3.34).
A maioria das entrevistadas que realizou o pré-natal na UBS da área de
abrangência expressou opinião positiva sobre o programa (84% ; n = 56), não havendo
diferença significativa entre os modelos (Tabela 3.34).
Tabela 3.34 - Características do pré-natal das mulheres estudadas em João Pessoa,
por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa
PSF
Tradicional
Total
Fez pré-natal na última gravidez (%)
97
96
96
Início do pré-natal (semana)
12
12
12
Fez pré-natal na UBS da área (%)
61
26
42
Não fez pré-natal na área por não morar no bairro ou
cidade (%)
11
10
10
Não fez pré-natal na área por ter convênio (%)
41
53
49
Não fez pré-natal na área por juízo insatisfatório (%)
15
16
16
Deixou de fazer vacina antitetânica (%)
7
18
12
Fez antitetânica desnecessariamente (%)
68
63
65
Teve opinião positiva sobre o pré-natal (%)
82
87
84
98
Aleitamento materno
A informação sobre a importância de iniciar a amamentação na 1ª hora de vida
da criança alcançou 85% (n = 56) das mulheres entrevistadas. A escuta das
preocupações ou problemas com a amamentação e a orientação sobre dificuldades e
problemas com a amamentação foi referida por 76% (n = 51) das mulheres e 58% (n =
39) mencionou ter recebido apoio ou suporte para amamentar imediatamente após o
parto, através de reuniões ou atividades em grupo (Tabela 3.35).
Não houve diferenças significativas entre os modelos para nenhuma das
variáveis investigadas sobre orientações relacionadas ao aleitamento materno.
Tabela 3.35 - Orientações sobre aleitamento fornecidas no pré-natal realizado na
Unidade Básica de Saúde da área de abrangência em João Pessoa, por modelo de
atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Orientação sobre o aleitamento materno
João Pessoa (%)
PSF
Tradicional
Total
Importância de amamentar na 1ª hora de vida
84
86
85
Vantagens da amamentação até 6 meses
81
87
83
Hábitos de amamentação
72
82
75
Importância de estimular a criança a sugar
72
87
77
Importância da continuidade da amamentação
65
70
67
Preocupações sobre amamentação ouvidas
80
70
76
Prejuízo da mamadeira
64
78
69
Prejuízo do bico / chupeta
64
74
67
Orientação sobre dificuldades para amamentar
77
61
72
Orientações sobre posições para o aleitamento
67
78
71
Orientações sobre extração do leite
61
70
64
Apoio para amamentar por grupo pré-natal
50
39
46
Apoio para amamentar por grupo após o parto
61
52
58
99
Planejamento familiar
A utilização de algum método anticoncepcional foi uma realidade para 69% (n =
111) das mulheres da amostra, sendo que a maior proporção (77%, n = 67) residia nas
de UBS Tradicionais. Das entrevistadas, 41% (n = 46) fazia uso de anticoncepcional
oral, 36% (n = 40) de preservativo, 19% (n = 21) havia se submetido à laqueadura
tubária e 1% (n = 1) fazia uso de DIU. Para nenhum dos casos foi observada diferença
significativa (Tabela 3.36).
O anticoncepcional oral/ injetável foi obtido na UBS da área por 36% (n = 19)
das mulheres, comprado por 34% (n = 18) e conseguido em outra UBS que não a da
abrangência por 28% (n = 15), sendo que apenas uma (2%) referiu ter ganho. A
proporção de entrevistadas que tiveram que comprar anticoncepcional foi
significativamente maior entre as residentes em áreas do PSF (53%, n = 10) - (Tabela
3.36).
Tabela 3.36 - Utilização de métodos anticoncepcionais pelas mulheres estudadas em
João Pessoa, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel,
Lote 2 NE, 2005.
Métodos anticoncepcionais
João Pessoa (%)
PSF
Tradicional
Total
Utiliza algum método anticonceptivo
60
77
69
Utiliza ACO
36
45
41
Utiliza preservativo
36
36
36
Fez laqueadura tubária
21
18
19
Utiliza DIU
2
0
1
Obtém ACO na UBS da área
37
35
36
Precisa comprar ACO
53
24
34
100
Atendimento ginecológico
Menos de um quinto (15% ; n = 24) das mulheres estudadas no município
consultou na UBS da área de abrangência no último ano por motivos ginecológicos. Na
opinião de 75% (n = 18) daquelas que utilizaram o serviço, o atendimento ginecológico
na UBS foi bom (62%), ou ótimo (13%). Ao se questionar sobre uma quantificação para
esta avaliação em uma escala de 0 a 10, a resposta atingiu o valor de 8,8 (Tabela 3.37).
Quanto ao tempo de espera para conseguir a consulta ginecológica na UBS da
área, 35% (n = 8) relatou ter sido atendida no mesmo dia, 30% (n = 7) em outro dia da
mesma semana e 35% (n = 8) em oito dias ou mais (Tabela 3.37).
Para nenhuma das informações deste item as diferenças foram significativas
entre os modelos de atenção.
Tabela 3.37 - Características da consulta ginecológica no último ano das mulheres
estudadas em João Pessoa, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Consulta ginecológica
João Pessoa
PSF
Tradicional
Total
Consulta ginecológica na UBS da área no
último ano (%)
15
15
15
Opinião positiva sobre atendimento (%)
73
77
75
Nota para atendimento
8,4
9,2
8,8
Consegue consulta para mesmo dia (%)
18
50
35
Consegue consulta em outro dia na mesma
semana (%)
36
25
30
Prevenção do câncer ginecológico
O conhecimento sobre o exame para prevenção do câncer de colo uterino
alcançou 95% das mulheres (n = 154) estudadas e 83% (n = 127) da amostra já o havia
realizado alguma vez na vida. O exame de mamografia havia sido realizado pelo menos
uma vez por 12% (n = 19) das mulheres entrevistadas, não havendo diferenças
significativas entre os modelos de atenção (Tabela 3.38).
101
Tabela 3.38 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres estudadas em João
Pessoa, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2
NE, 2005.
Indicador
João Pessoa (%)
PSF
Tradicional
Total
Conhece exame pré-câncer
93
97
95
Já fez pelo menos um exame pré-câncer
77
87
83
Já fez pelo menos uma mamografia
10
14
12
Utilização da UBS da área por outros motivos
Das mulheres da amostra 84% (n = 26) haviam consultado na UBS por outros
motivos, diferentes daqueles incluídos nas ações programáticas de saúde da mulher
(ginecologia). Entre as mulheres que não consultaram na UBS da área 80% (n = 105)
referiu não necessitar da consulta, não tendo sido observadas diferenças significativas
entre os modelos de atenção (Tabela 3.39).
Tabela 3.39 - Consultas por outros motivos além do ginecológico das mulheres
estudadas em João Pessoa, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base,
PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa (%)
PSF
Tradicional
Total
Consultou por outros motivos
18
15
16
Não consultou na UBS da área por não necessitar
81
80
80
Saúde bucal
Na amostra de João Pessoa, a avaliação em saúde bucal apontou que, no grupo
de mulheres, 98% (n = 158) afirmaram realizar limpeza dos dentes. Das mulheres que
afirmavam realizar higiene bucal, 64% (n = 101) afirmou escovar três vezes ou mais ao
dia, 29% (n = 46) duas vezes ao dia e 7% (n = 11) uma vez ao dia (Tabela 3.40).
102
Todas as mulheres que realizavam limpeza dos dentes, afirmaram utilizar escova
e pasta de dentes, e mais de metade (59% ; n = 94) usava palito e / ou fio dental para
auxiliar a higiene (Tabela 3.40).
Das mulheres estudadas, 38% (n = 60) referiu ter recebido orientação em saúde
bucal no último ano, sendo que 31% (n = 19) afirmou ter sido aconselhada pelo dentista
da UBS; 15% (n = 9) de dentista privado; 20% (n = 12) via programa de tv ou rádio; 8%
(n = 5) por outros profissionais da UBS; 3% (n = 2) através da escola por e 2% (n = 1)
ou por seus familiares ou por ACS. Cerca de um quarto (26%, n = 16) referiu ainda ter
recebido orientação de outra forma.
No último ano, 42% (n = 68) das mulheres fizeram revisão dos dentes; 35% (n =
56) tiveram dor de dentes; 33% (n = 53) fez tratamento para cárie; 20% (n = 32) bateu
ou quebrou algum dente; e 10% (n = 16) teve problemas na gengiva . Problemas
dentários impediram 2% (n = 3) das mulheres de cumprir com atividades sociais e / ou
de lazer.
Nos últimos doze meses, 50% (n = 80) das mulheres foram atendidas por
dentistas, sendo a UBS (56% ; n = 44) o local mais procurado, seguido de serviços
privados (41% ; n = 32) e do Pronto-Socorro (3% ; n = 2). Quanto ao grau de satisfação
com o atendimento prestado, os dentistas obtiveram uma nota média de 9,2, sendo que
praticamente a totalidade (98% ; n = 78) informou ter tido seu problema resolvido e
apenas 13% (n = 10) precisou ser encaminhado a atendimento especializado, tendo mais
da metade conseguido este atendimento (56%, n = 5). A maioria (79% ; n = 127) já
havia realizado extração de dente, dentre as quais 26% (n = 33) extraiu apenas um dente
e 74% (n = 94) extraiu mais de um dente (Tabela 3.40).
O uso de prótese foi referido por 17% (n = 28) da amostra, sendo que duas (7%)
das próteses haviam sido feitas há menos de um ano; 50% (n = 14) entre um e cinco
anos e 43% (n = 12) há mais de cinco anos.
Com dificuldade para mastigar foram encontradas 15% (n = 24) das mulheres e a
ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 5% (n = 8), sendo que
três (38%) referiu a continuação da enfermidade (Tabela 3.40).
Durante a última gestação nos dois anos anteriores à entrevista, 48% (n = 77) das
mulheres estudadas recebeu orientação sobre saúde bucal. Dentre estas mães, 29% (n =
22) afirmou ter recebido as orientações de dentista de UBS; 9% (n = 7) de dentistas da
103
rede privada; 30% (n = 23) de outros profissionais de UBS, 1% (n = 1) via programas
de tv e / ou rádio; e 35% (n = 27) através de outras formas (Tabela 3.40).
Quando feitas comparações entre os modelos de atenção, apenas três variáveis
indicaram diferenças significativas. Duas estavam relacionadas à orientação prestada
por dentista da rede privada, que foi mais referida entre as residentes de área do PSF
tanto para orientações no último ano (28%, n = 9) quanto para o período da última
gestação (20%, n = 7); e a terceira se referia ao local de atendimento odontológico, em
que as UBS foram mais freqüentemente citadas como o local escolhido pelas moradoras
de áreas de UBS Tradicionais (69%; n = 29) que nas de áreas do PSF (42%; n = 15).
Tabela 3.40 - Características de saúde bucal das mulheres estudadas em João Pessoa.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa (%)
Realiza limpeza dos dentes
98
Escova 3 vezes ou mais ao dia
64
Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal
100
Utilização de palito e/ou fio dental na higiene bucal
59
Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano
38
Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência
31
Fez revisão dos dentes no último ano
42
Teve dor de dente no último ano
35
Bateu / quebrou algum dente no último ano
20
Teve problemas de gengiva no último ano
10
Foi atendido por dentista no último ano
50
No posto de saúde
56
Em serviço privado
41
Já extraiu pelo menos um dente
79
Usa prótese
17
Recebeu orientação sobre saúde bucal durante gestação
48
104
3.5.2.2.3 Adultos
Atividade física
A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta
alcançou 23% (n = 34) da amostra do município, sendo que esta mesma recomendação
na última consulta foi referida por 26% (n = 38) dos adultos. Em ambas situações, as
recomendações aconteceram em proporção significativamente maior nas UBS do PSF
(Tabela 3.41).
Tabela 3.41 - Atividade física dos adultos estudados em João Pessoa, por modelo de
atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa (%)
PSF
Tradicional
Total
Recomendação médica da UBS para a prática de
exercícios físicos
29
12
23
Recomendação médica da UBS para a prática de
exercícios físicos na última consulta
32
15
26
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
O diagnóstico de HAS foi informado por 24% (n = 38) dos adultos estudados,
com duração média conhecida do problema de 6,5 anos (dp = 8,6), em que os residentes
de área PSF sabiam do problema há 8,8 anos e os de área de UBS Tradicionais há 3,2
anos (Tabela 3.42).
A consulta por hipertensão na UBS da área foi informada por 28% (n = 10) dos
adultos da amostra, tendo sido agendada para 44% (n = 4) dos usuários, sem diferenças
significativas entre os modelos de atenção. A maioria (70%, n = 7) recebeu atendimento
no mesmo dia e 30% (n = 3) em outro dia da mesma semana. O tempo decorrido desde
a última consulta por HAS foi de 57,2 dias (dp = 42,3), sendo de 74,2 dias entre os
usuários do PSF e de 23,3 dias entre os usuários das UBS Tradicionais (Tabela 3.42).
Em termos terapêuticos, 74% (n = 28) dos hipertensos utilizavam medicamentos,
sendo que cerca da metade (49%; n = 17) informou adotar outras formas de tratamento
105
além daquelas preconizadas pelo médico, sem diferenças significativas entre os modelos
(Tabela 3.42).
A participação de atividades em grupos para hipertensos na UBS da área foi
informada por 14% (n = 5) da amostra e a hospitalização por HAS aconteceu nos
últimos dois anos para onze (31%) adultos (Tabela 3.42).
Tabela 3.42- Hipertensão Arterial Sistêmica nos adultos estudados em João Pessoa,
por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa
PSF
Tradicional
Total
Prevalência de HAS (%)
22
28
24
Tempo médio de diagnóstico (anos)
8,8
3,2
6,5
Consulta por HAS na UBS da área (%)
33
20
28
Consulta agendada (%)
33
67
44
Agendamento para o mesmo dia (%)
71
67
70
Agendamento para outro dia na mesma semana (%)
29
33
30
74,2
23,3
57,2
Precisa usar medicamentos para HAS (%)
83
60
74
Outras formas de tratamento (%)
55
39
49
Participação em grupos de HAS (%)
24
0
14
Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%)
23
43
31
Tempo desde a última consulta (dias)
Diabetes Mellitus (DM)
O diagnóstico de diabetes foi informado por 8% (n = 12) dos adultos estudados,
e o tempo de conhecimento do diagnóstico foi de 4,9 anos (dp = 4,8), sem diferenças
significativas entre os modelos de atenção (Tabela 3.43).
O local de consulta nos últimos seis meses para a doença foi a UBS da área de
para 33% (n = 4) dos entrevistados, sendo todos moradores da área do PSF. As
consultas não precisaram ser agendadas, pois ocorreram no mesmo dia da solicitação
106
para todos (n = 3) os pacientes que prestaram esta informação. O tempo decorrido desde
a última consulta foi de 33,8 dias (dp = 18,9) - (Tabela 3.43).
O uso de medicação para o tratamento da doença foi referido por dez (83%)
adultos com DM, sendo em proporção superior entre os residentes de área de
abrangência do PSF (100%, n = 9) do que entre aqueles de área de UBS Tradicionais
(33%, n =1). A adoção de outras formas de tratamento, além daquelas preconizadas pelo
médico foi relatada por apenas um (8%) entrevistado, sem que houvesse diferença
significativa entre os modelos (Tabela 3.43).
Nenhum dos adultos com DM informou participação em atividades de grupo na
UBS da área, e somente um (8%) necessitou de hospitalização pelo problema nos
últimos 2 anos (Tabela 3.43).
Tabela 3.43 - Diabetes Mellitus nos adultos estudados em João Pessoa, por modelo de
atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
João Pessoa
Indicador
PSF
Tradicional
Total
9
7
8
Tempo médio de diagnóstico (anos)
5,7
2,7
4,9
Consulta por diabetes na UBS da área (%)
44
0
33
Consulta agendada (%)
0
--
0
Agendamento para o mesmo dia (%)
100
--
100
Tempo desde a última consulta (dias)
33,8
--
33,8
Precisa usar medicamentos para diabetes (%)
100
33
83
Outras formas de tratamento (%)
11
0
8
Participação em grupos de diabetes (%)
0
0
0
Hospitalização por diabetes nos últimos dois
anos (%)
11
0
8
Prevalência de diabetes (%)
107
Consulta por problemas psíquicos
“Problema de nervos” foi referido por 16% (n = 26) dos adultos estudados em
João Pessoa, e a média de duração deste sofrimento foi de 10,2 (dp = 8,9) anos –
(Tabela 3.44).
Entre os adultos com problema de nervos, dois (8%) consultaram na UBS da
área nos últimos seis meses. Destes, um (50%) agendou consulta, mas ambos foram
atendidos no mesmo dia da solicitação em UBS do PSF. O tempo transcorrido desde o
último atendimento foi de 60,0 dias (Tabela 3.44).
Metade (50%, n = 13) das pessoas que se consideraram portadoras deste tipo de
problema mencionou a necessidade de usar medicamento, sendo que outras formas de
tratamento, além da orientada pelo médico, foram adotadas por 35% (n = 8), sem
diferenças significativas entre os modelos (Tabela 3.44).
Apenas um (6%) dos entrevistados participou de atividades de grupo em UBS
PSF para portadores deste tipo de sofrimento e a hospitalização por problemas psíquicos
nos últimos dois anos foi relatada por sete (27%) adultos com este tipo de problema
(Tabela 3.44).
Tabela 3.44 - Problemas de nervos nos adultos estudados em João Pessoa, por modelo
de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa
PSF
Tradicional
Total
12
24
16
12,3
8,6
10,2
Consulta por problemas de nervos na UBS da área (%)
15
0
8
Consulta agendada (%)
50
--
50
Atendimento no mesmo dia (%)
100
--
100
Tempo desde a última consulta (dias)
60,0
--
60,0
Precisa usar medicamentos para problemas de nervos (%)
62
39
50
Outras formas de tratamento (%)
50
18
35
Participação em grupos (%)
11
0
6
Hospitalização por problemas de nervos nos últimos dois
anos (%)
15
39
27
Prevalência de problemas de nervos (%)
Tempo médio de diagnóstico (anos)
108
Saúde da Mulher
Na amostra de adultos estudados, 51% (n = 83) eram mulheres com idade média
foi de 42,3 anos (dp = 9,4), sendo semelhante entre os modelos de atenção.
Aproximadamente um quinto(18%, n = 15) das mulheres estudadas no
município haviam consultado no último ano para problemas ginecológicos, sendo que
destas 24% residiam em áreas do PSF e 7% nas de Tradicionais. O tempo de espera
entre a marcação da consulta e sua realização foi de 4,2 (dp = 8,2) dias, não havendo
diferença significativa entre os modelos.
Apenas uma (1%) entrevistada informou história familiar de câncer de mama em
mãe e outra (1%) em irmã, sendo ambas residentes nas áreas do PSF. Das mulheres que
consultaram na UBS da área por problemas ginecológicos no último ano, três (20%)
tiveram as mamas examinadas na última consulta ginecológica, todas residentes em
áreas PSF.
A grande maioria (90%; n = 74) das mulheres conhecia o exame para prevenção
do câncer de colo uterino, havendo uma proporção significativamente maior entre as
residentes em áreas do PSF (96%, n =52). Entre as adultas, 88% (n = 65) delas já o
havia realizado alguma vez na vida, sendo este índice semelhante entre os modelos de
atenção (Tabela 3.45).
Do total das mulheres estudadas no município, 39% (n = 31) realizou
mamografia, não tendo sido observada diferença significativa (Tabela 3.45).
Tabela 3.45 - Prevenção do câncer de colo uterino nas mulheres da amostra de
adultos de João Pessoa, por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF –
UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa (%)
PSF
Tradicional
Total
Conhece exame pré-câncer
96
79
90
Já fez pelo menos um exame pré-câncer
89
86
88
Já fez pelo menos uma mamografia
41
35
39
109
Nos últimos três meses, 22% (n = 18) das mulheres consultou na UBS da área
por outro motivo diferente do ginecológico, sem diferenças entre os modelos de
atenção, realizando em média 0,3 (dp = 0,7) consultas por mulher.
Opinião sobre o atendimento na UBS
Na opinião dos adultos, em uma escala de zero a dez, a qualidade do
atendimento foi avaliada em 8,8, não havendo diferença significativa entre os modelos
de atenção.
Saúde bucal
Na amostra de João Pessoa a avaliação em saúde bucal apontou, no grupo de
adultos, que 97% (n = 155) realizava limpeza dos dentes, sem diferenças entre os
modelos de atenção (Tabela 3.46).
Dos adultos que realizavam higiene bucal, 53% (n = 81) afirmou escovar os
dentes três vezes ao dia, 38% (n = 59) duas vezes ao dia e 9% (n = 14) uma vez ao dia.
Praticamente a totalidade destes (99% ; n = 154) realizava a limpeza com escova e pasta
de dentes, sendo que 71% (n = 11) usava palito e / ou fio dental para auxiliar a higiene.
Para nenhuma das variáveis foi observada diferença significativa (Tabela 3.46).
Entre os adultos, cerca de um terço (34% ; n = 54) disse ter recebido orientação
em saúde bucal no último ano, em que 20% (n = 11) destes respondeu ter recebido
aconselhamento em saúde bucal do dentista da UBS; 26% (n = 14) do dentista
particular; e apenas 2% (n = 1) de outros profissionais da UBS, familiares, escola ou de
ACS. Outras formas de informação foram referidas por 28% (n = 15) dos entrevistados,
sendo em proporção significativamente maior (47%, n = 8) entre os moradores de áreas
de UBS Tradicionais e apenas 19% (n = 7) áreas do PSF. Televisão e rádio também
foram fontes de informação para cerca de um quinto dos entrevistados(19%, n = 10)
(Tabela 3.46).
Cerca de um terço (34%, n = 55) dos adultos fez revisão dos dentes no último
ano, sendo que dor de dente foi referida por 24% (n = 38) dos entrevistados; um quarto
(25%, n = 40) fez tratamento para cárie; e 9% (n = 14) bateu ou quebrou algum dente.
Um total de 16% (n = 25) dos entrevistados informou problemas na gengiva, sendo em
110
proporção significativamente maior (22%, n =23) entre os moradores de áreas de UBS
PSF que entre aqueles de áreas de UBS Tradicionais (4%, n = 2) - (Tabela 3.46).
Problemas dentários impediram que um (1%) dos adultos estudados em João
Pessoa fosse trabalhar; e outro (1%) de cumprir com suas atividades sociais e / ou de
lazer. Em ambas as situações as proporções foram semelhantes (Tabela 3.46).
Nos últimos doze meses, 47% (n = 75) dos entrevistados foram atendidos por
dentistas, e, os locais procurados foram as UBS (51%; n = 38), os serviços privados
(47%; n = 35) e o Pronto-Socorro (2%; n = 1) - (Tabela 3.46). Quando comparadas as
proporções entre os modelos, observou-se que mais moradores de áreas de UBS
Tradicionais (73%, n = 19) do que de áreas do PSF (40%, n =19) escolheram as UBS
para atendimento odontológico (Tabela 3.46).
Quanto ao grau de satisfação com o atendimento prestado, os dentistas de João
Pessoa obtiveram uma nota média de 9,1. Além disso, a grande maioria (91% ; n = 67),
informou ter tido seu problema resolvido, e apenas cinco (6%) adultos precisaram ser
encaminhados a serviços especializados, em que 80% (n = 4) conseguiu este
atendimento. Para nenhuma destas variáveis houve diferença entre os modelos de
atenção.
Dos adultos entrevistados, 96% (n = 154) já havia realizado extração de dente.
Destes, 2% (n = 3) extraiu apenas um dente, 84% (n = 129) extraiu mais de um dente e
14% (n = 22) havia extraído todos os dentes; não havendo diferença significativa entre
os modelos (Tabela 3.46).
O uso de prótese foi referido por 54% (n = 86) dos adultos, ocorrência mais
freqüentemente observada entre os residentes de áreas do PSF (61%, n = 65) que entre
aqueles de áreas das UBS Tradicionais (40%, n = 21). Destas próteses, 16% (n = 13)
foram feitas há menos de um ano; 45% (n = 36) entre um e cinco anos, 38% (n = 31) há
mais de cinco anos e apenas um não lembrava (1%). Não foram observadas diferenças
para estas variáveis entre os modelos de atenção (Tabela 3.46).
Com dificuldade para mastigar foram encontrados 22% (n = 35) adultos e a
ocorrência atual ou passada de ferida na boca foi mencionada por 6% (n = 10), situação
que foi referida apenas por moradores de área PSF (9%, n = 10). O tempo de duração da
ferida foi em média de 39,4 meses e 20% (n = 2) da amostra esta ferida ainda persistia,
não havendo diferença entre os modelos de atenção neste sentido (Tabela 3.46).
111
Dos adultos da amostra apenas dois (1%) eram mulheres que tiveram filho nos
últimos dois anos. Destas, somente uma (50%) afirmou ter recebido orientação sobre
saúde bucal durante a gravidez, tendo sido prestada por outros profissionais da UBS.
Tabela 3.46 - Características de saúde bucal dos adultos estudados em João Pessoa.
Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa (%)
Realiza limpeza dos dentes
97
Escova 3 vezes ou mais ao dia
53
Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal
99
Utilização de palito e / ou fio dental na higiene bucal
71
Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano
34
Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência
20
Fez revisão dos dentes no último ano
34
Teve dor de dente no último ano
24
Bateu / quebrou algum dente no último ano
9
Teve problemas de gengiva no último ano
16
Foi atendido por dentista no último ano
47
No Posto de Saúde
51
Em serviço Privado
47
Já extraiu pelo menos um dente
96
Usa prótese
54
112
3.5.2.2.4 Idosos
Atividade física
A recomendação médica para a prática de exercícios físicos em alguma consulta
alcançou 34% (n = 44) da amostra de idosos, em proporção significativamente maior
nas áreas do PSF (41%; n = 36) em relação as de UBS Tradicionais (19%; n = 8). Esta
mesma recomendação na última consulta foi referida por 28% (n = 39) dos idosos, não
sendo significativa a diferença observada entre os modelos de atenção (Tabela 3.47).
Tabela 3.47 - Atividade física dos idosos estudados em João Pessoa, por modelo de
atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa (%)
PSF
Tradicional
Total
Recomendação médica da UBS para a prática de
exercícios físicos
41
19
34
Recomendação médica da UBS para a prática de
exercícios físicos na última consulta
32
20
28
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
A prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica entre os idosos foi de 64% (n =
102), sendo o tempo médio que os idosos sabiam de sua hipertensão de 10,4 anos (dp =
1,0), sem diferenças entre os modelos de atenção (Tabela 3.48).
Já em relação à consulta por hipertensão, 28% (n = 27) dos idosos buscaram a
UBS da área, sendo esta ocorrência significativamente mais freqüente entre os
residentes de áreas cobertas pelas UBS do PSF (36%; n = 23) do que entre as de UBS
Tradicionais (13%; n = 4) - (Tabela 3.48).
Para aqueles que consultaram na UBS da área, a consulta foi agendada em 33%
(n = 10) das situações. Entretanto, a maioria (74%, n = 23) dos idosos hipertensos
conseguiu ser atendido no mesmo dia da solicitação da consulta, outros 16% (n = 5)
conseguiram atendimento para a mesma semana e 10% (n = 3) para oito dias ou mais. O
tempo decorrido desde a última consulta por HAS foi de 46,8 dias (dp = 7,7), não sendo
significativa a diferença quando comparadas as médias entre os modelos (Tabela 3.48).
113
O uso de medicamentos para o controle da pressão arterial era uma realidade
para 92% (n = 93) dos idosos hipertensos e outras formas de tratamento, além daquelas
indicadas pelo médico, foram adotadas por 29% (n = 29). Para nenhum destes casos a
diferença foi significativa (Tabela 3.48).
Participar de atividades de grupo dedicadas aos hipertensos na UBS foi uma
afirmação de 12% (n = 12) desta amostra e a hospitalização por hipertensão aconteceu
para 17 % (n = 17), também não tendo se mostrado significativas as diferenças
observadas entre os modelos (Tabela 3.48).
Tabela 3.48 - Hipertensão Arterial Sistêmica nos idosos estudados em João Pessoa,
por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa
PSF
Tradicional
Total
64
63
64
11,0
10,4
9,2
Consulta por HAS na UBS da área (%)
36
13
28
Agendamento para o mesmo dia (%)
74
75
74
Agendamento para outro dia na mesma semana (%)
15
25
16
Agendamento para mais de uma semana (%)
11
0
10
50,9
20,8
46,8
Precisa usar medicamentos para HAS (%)
91
94
92
Outras formas de tratamento (%)
32
12
29
Participação em grupos de HAS (%)
15
7
12
Hospitalização por HAS nos últimos dois anos (%)
16
19
17
Prevalência de HAS (%)
Tempo médio de diagnóstico (anos)
Tempo desde a última consulta (dias)
Diabetes Mellitus (DM)
O diagnóstico de diabete foi informado por 20% (n = 32) dos idosos
entrevistados e o tempo médio que tinham conhecimento do diagnóstico foi de 7,8 anos
114
(dp = 1,2), não sendo significativas as diferenças observadas entre os modelos de
atenção (Tabela 3.49).
Cerca de um quinto dos idosos (19%; n = 6) consultaram por diabetes na UBS da
área e, apesar de todos serem residentes de área do PSF, esta diferença entre os modelos
não se mostrou significativa. Entre aqueles que consultaram na UBS da área, 67% (n =
4) teve consulta agendada para o mesmo dia e 33% (n = 2) para mais de oito dias. O
tempo médio decorrente desde a última consulta foi de 70,8 dias (dp = 14,4) - (Tabela
3.49).
O uso de medicamentos para o controle de diabetes era uma realidade para 81%
(n = 26) dos idosos e outras formas de tratamento, além das indicadas pelo médico,
foram adotadas por 13% (n = 4). Já a participação em atividades de grupo dirigidas aos
diabéticos na UBS foi uma afirmação de 9% (n = 3) dos idosos e a hospitalização por
diabetes aconteceu para quatro idosos (13%). Para nenhuma destas variáveis as
diferenças entre os modelos se mostraram significativas (Tabela 3.49).
Tabela 3.49 - Diabetes Mellitus nos idosos estudados em João Pessoa, por modelo de
atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa
PSF
Tradicional
Total
Prevalência de diabetes (%)
21
18
20
Tempo médio de diagnóstico (anos)
7,6
8,1
7,8
Consulta por diabetes na UBS da área (%)
27
0
19
Agendamento para o mesmo dia (%)
67
--
67
Agendamento para mais de uma semana (%)
33
--
33
70,8
--
70,8
Precisa usar medicamentos para diabetes (%)
78
89
81
Outras formas de tratamento (%)
9
22
13
Participação em grupos de diabetes (%)
13
0
9
Hospitalização por diabetes nos últimos dois anos
(%)
13
14
13
Tempo desde a última consulta (dias)
115
Problemas Psíquicos
A proporção de idosos que referiram problemas de nervos foi de 15% (n = 24), e
o tempo médio que sabiam ter este tipo de problema foi de 18,8 (dp = 4,5) anos. Apenas
quatro (22%) idosos com problema psíquico referiram consulta por este motivo na UBS
de seu bairro, sendo estas consultas realizadas em UBS do PSF e agendadas em 67% (n
= 2) dos casos informados. Dos quatro idosos que haviam buscado a UBS da área, três
(75%) conseguiram atendimento no mesmo dia e outro (25%) para a mesma semana. O
tempo decorrente desde a última consulta em relação à data da entrevista foi de 62,0
dias (dp = 15,6) - (Tabela 3.50).
O uso de medicamentos para problema de nervos foi referido por 71% (n = 17)
dos idosos, e outras formas de tratamento além da indicada pelo médico foram adotadas
por 29% (n = 7). Dentre os idosos com problema de nervos, apenas um (8%) participou
de atividades de grupo para portadores de sofrimento psíquico (PSP) na UBS e dois
(9%) informaram ter hospitalizado nos últimos dois anos por este tipo de problema.
Nenhuma das diferenças observadas entre os modelos para estas variáveis se mostrou
significativa (Tabela 3.50).
Tabela 3.50 - Problemas de nervos nos idosos estudados em João Pessoa, por modelo
de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
Prevalência de problema de nervos (%)
João Pessoa
PSF
Tradicional Total
17
12
15
21,7
11,7
18,8
Consulta por problema de nervos na UBS da área (%)
22
0
22
Agendamento para o mesmo dia (%)
75
--
75
Agendamento para outro dia na mesma semana (%)
25
--
25
62,0
--
62,0
Precisa usar medicamentos para problema de nervos (%)
78
50
71
Outras formas de tratamento (%)
33
17
29
Participação em grupos (%)
13
0
8
Hospitalização por problema de nervos nos últimos dois
anos (%)
13
0
9
Tempo médio de diagnóstico (anos)
Tempo desde a última consulta (dias)
116
Cuidado domiciliar
A necessidade de cuidado domiciliar nos últimos três meses foi informada por
12% (n = 20) dos idosos amostrados no município, com proporções semelhantes entre
os modelos de atenção. Utilizando uma escala de zero a dez, a satisfação média
informada com o atendimento domiciliar foi de 9,3 (dp = 0,5), sendo que os idosos
residentes em áreas de UBS Tradicionais não prestaram tal avaliação (Tabela 3.51).
Entretanto, um quarto dos idosos 25% (n = 40) afirmou necessitar de cuidados
domiciliares com regularidade, sendo esta necessidade significativamente mais referida
entre os moradores de áreas de UBS Tradicionais (37%; n = 19) – (Tabela 3.51).
Tabela 3.51 - Necessidades de cuidado domiciliar dos idosos estudados em João
Pessoa. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa
PSF
Tradicional Total
Cuidado domiciliar nos últimos três meses (%)
14
10
12
Necessidade de cuidado domiciliar com regularidade
(%)
19
37
25
Satisfação com cuidado recebido (0 a 10)
9,3
--
9,3
Saúde bucal
Na amostra de João Pessoa, a avaliação em saúde bucal apontou que no grupo
de idosos 80% (n = 128) afirmou realizar limpeza dos dentes, sendo que 25% (n = 32)
referiu escovar uma vez ao dia, 50% (n = 64) afirmou escovar os dentes duas vezes ao
dia, 21% (n = 27) três vezes e 3% (n = 4) quatro vezes ou mais ao dia (Tabela 3.52). A
proporção de idosos que limpava os dentes 3 vezes ou mais ao dia foi maior entre os
residentes de áreas do PSF (25%; n = 27) que entre os de UBS Tradicionais (8%, n = 4).
Em sua maioria (94% ; n = 120), os idosos faziam a limpeza com escova e pasta
de dentes e cerca de um terço (32% ; n = 47) costumava usar palito e / ou fio dental para
auxiliar na higiene, sem diferenças significativas entre os modelos de atenção (Tabela
3.52).
117
Apenas 15% (n = 23) afirmou ter recebido orientação em saúde bucal no último
ano, sendo em proporção significativamente maior entre moradores de áreas do PSF
(19%; n = 20) que entre os de UBS Tradicionais (6%, n = 3). Destes 13% (n = 3) referiu
ter recebido orientação do dentista da UBS, 22% (n = 5) de dentista da rede privada, de
outros profissionais da UBS, dos ACS, de programas de televisão e rádio ou de outras
formas. Quando feitas comparações entre os modelos, foi observada diferença
significativa apenas quanto à proporção de idosos que receberam orientação do dentista
da UBS da área, sendo esta ocorrência mais referida entre os residentes de área de UBS
Tradicionais (67%, n = 2) - (Tabela 3.52).
No último ano, 4% (n = 7) dos idosos fizeram revisão dos dentes. Neste mesmo
período, 9% (n = 15) informou ter sofrido de dor de dentes, 2% (n = 3) havia feito
tratamento para cárie, 10% (n = 16) havia sofrido de problemas na gengiva e 5% (n = 8)
havia batido ou quebrado algum dente (Tabela 3.52). Não foram observadas diferenças
significativas entre os modelos de atenção para estas variáveis.
No ano anterior à entrevista 9% (n = 15) foram atendidos por dentistas. Entre os
que receberam este atendimento, os serviços privados foram o local mais procurado
(62%; n = 8), seguidos pelas UBS (38%; n = 5). Quanto ao grau de satisfação com o
atendimento prestado, os dentistas obtiveram uma nota média de 8,7 e a maior parte da
amostra (87%; n = 13) afirmou ter tido seu problema resolvido. Dos entrevistados,
apenas um (7%) precisou ser encaminhado a serviços especializados, tendo conseguido
este atendimento (Tabela 3.52). Para estes casos também não houve diferenças
significativas entre os modelos.
Quase a totalidade da amostra (99%; n = 158) já havia realizado extração de
dente. Destes, 45% (n = 71) já haviam extraído mais de um dente e 55% (n = 87) todos
os dentes, sem diferenças entre os modelos.
O uso de prótese foi referido por 49% (n = 79) dos idosos de João Pessoa, em
maior proporção entre os idosos das áreas do PSF (55%; n = 60) de que de UBS
Tradicionais (37%, n = 19). A maioria das próteses havia sido feita há mais de cinco
anos (61%; n = 49), 58% entre um e cinco anos (n = 22), 8% (n = 6) há menos de um
ano e ainda 4% (n = 3) não se recordava, não havendo diferenças entre os modelos
(Tabela 3.52).
118
Menos da metade (41%, n = 66) dos idosos referiram dificuldade para mastigar e
a ocorrência passada ou atual de ferida na boca foi mencionada por 6% (n = 10). O
tempo médio de duração da ferida foi de 62,9 meses e apenas um idoso (10%) informou
que a ferida ainda persistia, não tendo sido observadas diferenças significativas entre os
modelos de atenção.
Tabela 3.52 - Características de saúde bucal dos idosos estudados em João Pessoa,
por modelo de atenção. Estudo de Linha de Base, PROESF – UFPel, Lote 2 NE, 2005.
Indicador
João Pessoa (%)
Realiza limpeza dos dentes
80
Escova 3 vezes ou mais ao dia
24
Utilização de escova e pasta de dentes na higiene bucal
94
Utilização de palito e / ou fio dental na higiene bucal
32
Recebeu alguma orientação em saúde bucal no último ano
15
Recebeu orientação do dentista da UBS de abrangência
13
Fez revisão dos dentes no último ano
4
Teve dor de dente no último ano
9
Bateu / quebrou algum dente no último ano
5
Teve problemas de gengiva no último ano
10
Foi atendido por dentista no último ano
9
No Posto de Saúde
38
Em serviço Privado
62
Já extraiu pelo menos um dente
99
Usa prótese
49
119
120
4 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE EM
JOÃO PESSOA
O Estudo de Linha de Base representa um primeiro tempo na avaliação do
PROESF e foi delineado para avaliar o desempenho da atenção básica à saúde e do PSF
no conjunto do Lote 2 NE e não em cada município. Assim, conforme os pressupostos
metodológicos da epidemiologia, a amostra de nove unidades básicas de saúde
estudadas (6 do PSF e 3 Tradicionais) não é suficiente para a plena comparação do PSF
com o modelo Tradicional em João Pessoa, mas de qualquer maneira, as comparações
são oferecidas como uma referência, que poderá ser utilizada por gestores e técnicos
para avaliar seus esforços na implantação da política de ABS nos municípios estudados.
As limitações ficam por conta da amostra de profissionais de saúde e principalmente da
população da área de abrangência das UBS. Entretanto, nos demais aspectos há uma
completa e detalhada avaliação, como, por exemplo, na caracterização institucional do
SUS, da atenção básica à saúde e das unidades de saúde estudadas. Assim, como estudo
de caso, o relatório oferece uma boa aproximação do perfil da atenção básica à saúde no
município.
A estratégia de organizar os achados de João Pessoa nas mesmas categorias do
Relatório Final do PROESF (Facchini et al, 2006) permitiu a descrição dos resultados
locais, do estado, dos municípios nordestinos estudados e do país. As comparações
significam apenas uma referência à disposição de gestores e profissionais de saúde de
João Pessoa na identificação de avanços obtidos e os pontos problemáticos da ABS
local.
Em termos socioeconômicos e demográficos os indicadores descrevem uma
melhor qualidade de vida em João Pessoa, em comparação às médias encontradas na
Paraíba e no Brasil. Em alguns casos, os indicadores são bastante contrastantes, como
em relação ao menor percentual de pobres na população e às maiores coberturas de água
encanada e esgoto do município.
121
A renda per capita nas comunidades do PSF foi discretamente maior do que a
observada nas comunidades das unidades Tradicionais e, em relação às condições de
habitação a situação variou bastante entre os estratos populacionais, mas sem que
houvesse diferenças significativas entre os modelos de atenção. Destacou-se o fato de
que havia um forte predomínio do estrato E, em que metade da amostra de todos os
segmentos populacionais estudados estava incluída neste grupo, que possui o menor
padrão de consumo.
Em comparação à média do Lote 2 Nordeste, os indicadores de financiamento do
sistema de saúde municipal em João Pessoa variaram, destacando-se positivamente a
maior proporção de transferências federais do incentivo PACS / PSF e o PAB fixo por
habitante. Ao contrário, destacou-se negativamente a proporção de recursos próprios
aplicados em saúde que ainda não alcança as exigências da EC 29.
Com o PSF implantado desde 1999, e ainda com o advento do PROESF, o
município atingiu em 2005 a cobertura de 74% da população, situando-se bem acima da
meta de 30% proposta pelo Ministério da Saúde, na Fase 1 do PROESF, para cidades
com porte populacional de 500.000 até menos de dois milhões de habitantes.
Logo, o PSF encontra-se em uma fase avançada enquanto estratégia de
reorientação e reorganização da ABS no município, em que o número de equipes de
saúde da família já atinge o equivalente ao necessário para toda população de João
Pessoa. Além disso, considerando-se a população do município (597.934 habitantes) e
as 180 UBS implantadas, cada uma abrangeria em média 3.322 habitantes, indicando
que já não há a necessidade de implantar novos serviços, salvo em situações muito
especiais. Assim, o aspecto que se destaca é o da melhoria da estrutura física dos
serviços, do ponto de vista da adequação das dependências e da disponibilidade de
materiais e insumos.
No âmbito da gestão da ABS destaca-se a referência do bom índice de utilização
dos protocolos referentes à imunização, pré-natal, hipertensão e diabetes; projetos de
Educação Continuada, a prestação de atividades para o cuidado integral - inclusive com
atividades de grupos -; além da estruturação de uma equipe de consultoria a fim de
realizar avaliações em saúde coletiva. Entretanto, seria importante a melhoria da
supervisão e capacitação dos profissionais de saúde para o desenvolvimento do SUS e
da saúde da população no município.
122
As relações de trabalho indicaram o ingresso por concurso público para 70% dos
profissionais em saúde, mas apesar disto o vínculo de trabalho tipicamente precário
atingiu 30% dos entrevistados. O acesso às publicações do MS foi baixo, sendo esse um
aspecto que o município pode investir mais efetivamente para qualificação da ABS.
Os indicadores de desempenho do sistema de saúde incluídos no Pacto da
Atenção Básica apontam para uma situação intermediária em João Pessoa, quando
comparado ao estado da Paraíba e Brasil. Favoráveis ao município destacaram-se os
indicadores de número de consultas pré-natal, taxa de mortalidade infantil, taxa de
mortalidade infantil neonatal, cobertura de consultas odontológicas e taxas de
internação por acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência cardíaca congestiva
(ICC) e diabetes mellitus.
O desempenho da ABS local para todos os grupos populacionais destacou-se em
relação a imunizações infantis, a prevenção do câncer de colo uterino, e pela opinião
positiva sobre os atendimentos recebidos nas unidades locais. Em razão da amostra
populacional não ser representativa para o município, não é possível fazer afirmações
conclusivas à respeito do desempenho dos modelos de atenção em João Pessoa. Sendo
assim, não foram observadas grandes diferenças entre os modelos, mas apesar da
procura pelas UBS ter sido no geral muito baixa, os resultados permitem observar uma
tendência favorável ao PSF, que foi mais procurado para acompanhamento pré-natal e
puericultura, e que também prestou mais orientações relacionadas à prática de
atividades físicas. Entretanto, a efetividade das UBS estudadas precisa ser ampliada de
modo geral, incluindo a recomendação de exercícios físicos, o atendimento de
hipertensão, diabetes, problemas psíquicos e saúde bucal.
Em conclusão, a atenção básica em saúde em João Pessoa apresentou um bom
desempenho geral em comparação à média do Lote, mas com um importante potencial
de superação dos problemas. Seus problemas são similares aos do conjunto dos
municípios avaliados e seus pontos fortes necessitam de consolidação, no sentido de
melhorar os benefícios à população local.
123
124
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