II JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Viabilidade polínica e conservação de grãos de pólen de Heliconia
bihai
Ana Carla Silva de Lima1; Vivian Loges2; Ana Virgínia Leite3
Introdução
A família Heliconiaceae apresenta ca. 200 a 250 espécies de ocorrência neotropical, embora ocorra um
pequeno grupo paleotropical, cerca de seis espécies, nas ilhas do Pacífico Sul (Kress, 1990; Andersson, 1998).
Existempelo menos 40 espécies nativas no Brasil, com alto grau de endemismo na floresta Atlântica costeira, que
juntamente com a bacia do rio Amazonas, correspondem às áreas primárias de distribuição do gênero no país (Kress,
1990). Além da diversidade de espécies, possui variedades, híbridos e cultivares de interesse ornamental e comercial
(Mariath et al., 1995), apresentando-se com forte expressão para flor de corte (Berry & Kress, 1991).
Como o avanço da floricultura no Brasil, existe a necessidade de obter novos cultivares com características
atraentes, como forma e coloração diversificadas. A conservação de grãos de pólen constitui uma importante ferramenta
para a preservação da variabilidade genética, facilitando o intercâmbio de germoplasma e contribuindo na geração de
variabilidade obtida através de cruzamentos artificiais (GOMES et al., 2003). Atualmente vêm-se utilizando diversas
técnicas para a conservação do pólen, tendo maior destaque a crioconservação, a qual reduz o metabolismo a níveis tão
baixos que os processo bioquímicos são paralisados temporariamente, diminuído também a deterioração biológica. Este
processo é vantajoso devido a necessidade de pequeno espaço para o banco de germoplasma, a simplicidade de
manuseio e armazenamento de baixo custo (ver Almeida et al., 1987).
A utilização da técnica de crioconservação é dependente da viabilidade polínica e esta pode ser estimada
através do emprego de diferentes técnicas, sendo a mais utilizada a coloração do citoplasma (método colorimétrico)
(Rodriguez-Riano & Dafni 2000, Oliveira et al. 2001, Vargas et al. 2009). Essa técnica de coloração do grão de pólen
tem sido realizada para muitas espécies e constitui um método prático e rápido que verifica a presença de conteúdo
citoplasmático no grão (Mendes 1994). O objetivo deste trabalho foi analisar a viabilidade, através de método
colorimétrico, de grãos de pólen de Heliconia bihai conservados a -12ºC e -20ºC, em diferentes intervalos de tempo e
comparar em qual temperatura e intervalo de tempo houve maior percentual de grãos de pólen viáveis.
Material e métodos
Foram coletados 30 botões em pré-antese de H. bihai foram coletados nos jardins da Universidade Federal
Rural de Pernambuco (UFRPE). Em laboratório foram removidas as anteras e armazenadas sob baixas temperaturas (12°C e -20°C) em tubos criogênicos devidamente etiquetados, durante 15, 30 dias e seis meses. Para análise inicial da
viabilidade do grão de pólen, botões em pré-antese foram armazenados em geladeira comum por sete dias, e após este
período o grão de pólen foi retido da antera com o auxilio de uma seringa e dispostos em lâminas histológicas e corados
com carmim acético 2 % (Dafni et al., 2005), servido apenas como teste inicial para viabilidade da espécie.
Após cada período determinado, foram realizadas as análises de viabilidade, onde todos os grãos de pólen das
anteras foram removidos e montadas lâminas contendo o corante. Os grãos de pólen foram classificados em viáveis
(com citoplasma corado) e inviáveis (com citoplasma não corado ou quando o pólen se apresentava deformado)
(segundo Pozzobon et al., 2011). Foram contabilizados 3.000 grãos de pólen por lâmina no total de cinco lâminas por
períodos de tempo e de temperatura (cinco botões).
Resultados e Discussão
Foi verificado valores médios semelhantes para as diferentes temperaturas e os períodos de 15 e 30 dias, com
um elevado percentual de viabilidade dos grãos de pólen, tanto armazenados a -12°C (98,55%; 98,2%) quanto
armazenados a -20°C (98,4%; 99%) para os respectivos períodos (Tabelas 1 e 2). Porém, no período de seis meses, para
as temperaturas de -12°C e -20°C os percentuais foram de 85,90% e 84,88%, respectivamente (Tabela 3) sendo
observada uma diminuição média de aproximadamente 13,14% no decorrer do período de armazenamento.
Nas três situações não foram verificadas a formação de cristais de gelo, o que poderia teria prejudicado a
análise, já que segundo Santos et al. (2002) e Salomom (2003) a grande dificuldade do processo é a formação de cristais
1
Primeira Autora é Aluna do Departamento de Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois
Irmãos, Recife-PE, CEP 52172-900. E-mail: [email protected]
2
Segunda Autora é Professora Doutora do Departamento de Biologia, Área Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom
Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife-PE, CEP 52172-900.
3
Terceira Autora é Professora Doutora do Departamento de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de
Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife-PE, CEP 52172-900.
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de gelo no interior das células, que podem causar ruptura das membranas, resultando em colapso e morte, como
consequência da perda da semipermeabilidade e da compartimentação celular.
A redução no percentual de viabilidade para o período de seis meses pode ser em decorrência do processo de
criopreservação por longo período, o qual pode ter paralisado o metabolismo do grão de pólen de maneira irreversível
devido ao congelamento do liquido celular causando rompimento do grão de pólen. Semelhante aos resultados obtidos
por Pereira et al. (2002) onde em experimentos com pólens de eucalipto (Eucalyptus sp.) foi observada a perda da
viabilidade com o tempo de armazenamento em várias espécies deste gênero.
Referências
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Tabela 1. Viabilidade em grãos de pólen de Heliconia bihai conservados a -12ºC e -20ºC durante o período de 15 dias.
Corante utilizado: Carmim acético.
-12ºC
-20ºC
Viáveis
Inviáveis
% de viabilidade
Viáveis
Inviáveis
% de viabilidade
2.578
2.839
2.842
157
5
12
94,2
99,8
99,5
2.701
2.563
2.552
77
57
42
97,2
97,8
98,3
Tabela 2. Viabilidade em grãos de pólen de Heliconia bihai conservados a -12ºC e -20ºC durante o período de 30 dias.
Corante utilizado: Carmim acético
-12ºC
-20ºC
Viáveis
Inviáveis
% de viabilidade
Viáveis
Inviáveis
% de viabilidade
2514
2702
2293
2678
2459
2561
35
58
109
21
27
23
98,6
97,8
95,4
99,2
98,9
99,1
98,2±1,44
2567
2768
2896
2345
2719
2634
25
37
58
23
29
18
99
98,6
98
99
98,9
99,3
99±0,45
Tabela 3. Viabilidade em grãos de pólen de Heliconia bihai conservados a -12ºC e -20ºC durante o período de 6 meses.
Corante utilizado: Carmim acético.
Viáveis
1.967
2.124
1.942
2.296
2.156
-12ºC
Inviáveis
% de viabilidade
335
369
307
299
345
85,44
85,20
86.35
88,50
86,20
Viáveis
1.907
2.007
2.145
1.987
2.122
-20ºC
Inviáveis
367
398
315
343
357
% de viabilidade
83,86
83,45
87,20
85,30
85,54
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Ana Carla