Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Química Departamento de Química Orgânica Utilização de Polímeros Quimicamente Modificados como Aditivos para Fluidos de Perfuração de Base Aquosa Ana Carla Cruz de Albuquerque Professor Orientador Regina Sandra Veiga Nascimento, PhD Rio de Janeiro 2006 ii Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Química Programa de Pós Graduação em Química Orgânica Utilização de Polímeros Quimicamente Modificados como Aditivos para Fluidos de Perfuração de Base Aquosa Ana Carla Cruz de Albuquerque Professor Orientador Regina Sandra Veiga Nascimento, PhD Rio de Janeiro 2006 iii Utilização de Polímeros Quimicamente Modificados como Aditivos para Fluidos de Perfuração de Base Aquosa Ana Carla Cruz de Albuquerque Dissertação submetida ao corpo docente do Departamento de Química Orgânica do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de mestre em ciências. Aprovado por: ____________________________________________________ Prof. Regina Sandra Veiga Nascimento, PhD (presidente) ____________________________________________________ Prof. Jo Dweck, DSc ____________________________________________________ Luciana Rocha de Moura Estevão, DSc ____________________________________________________ Prof. Elizabeth Roditi Lachter, DSc ____________________________________________________ Prof. Ana Maria Rocco, DSc (Suplente) ____________________________________________________ Prof. Maria Regina Bastos Loureiro, DSc (Suplente) iv Albuquerque, Ana Carla Cruz Utilização de Polímeros Quimicamente Modificados como Aditivos para Fluidos de Perfuração de Base Aquosa/ Ana Carla Cruz de Albuquerque, Rio de Janeiro: UFRJ/Instituto de Química 2006. xxii, 84p Dissertação – Universidade Federal do Rio de Janeiro, IQ, 2006. 1. Fluidos de Perfuração. 2. Concentração Micelar Crítica. 3. Reologia (Mestrado – UFRJ/IQ). I. Título. v Agradecimentos A Deus por tudo que Ele tem realizado e permitido acontecer em minha vida, por ser a razão da minha existência e a Força que me sustenta; Ao meu marido Thiago pelo incentivo, paciência e colaboração durante os momentos mais difíceis deste trabalho; À prof. Regina Sandra , pela amizade e confiança durante a realização deste trabalho; À prof. Maria Regina, pela amizade e incentivo; Ao amigos do Pólo de Xistoquímica, pela amizade, companheirismo e convívio e ajuda prestada na realização desse trabalho; Aos funcionários do Pólo de Xistoquímica, sempre prestativos e de bom-humor; Aos técnicos Antônio Carlos e Simone por análises realizadas e pela a amizade; À ANP pelo suporte financeiro; A todos que contribuíram de maneira direta e indireta para a realização deste trabalho, vocês fizeram parte da minha história. Muito obrigada! vi Resumo A grande maioria dos reservatórios brasileiros de petróleo situa-se em alto mar, e observa-se uma tendência a se perfurar poços com geometrias complexas, como os horizontais. Novas condições operacionais levam à necessidade do desenvolvimento de fluidos de perfuração com propriedades otimizadas: reologia (carreamento do cascalho gerado), lubricidade (diminuição do atrito metal-rocha e metal-metal), inibição de folhelhos reativos (na manutenção da integridade da formação rochosa). O principal objetivo do trabalho foi o desenvolvimento de novos fluidos de base aquosa que atendam às demandas operacionais. Esse trabalho inclui a modificação química de poliéteres modificados, o estudo da formação espontânea de micelas (variação da energia livre de Gibbs), o estudo reológico e a formulação e avaliação de fluidos de perfuração. Os resultados obtidos com soluções aquosas de uma série de poli(glicol)etilênicos (PEG) hidrofobizados com ácidos graxos de diferentes tamanhos de cadeia, mostram que a viscosidade das soluções aumenta significativamente com o aumento do peso molecular, a presença de surfactantes e a presença de sal (NaCl). A estabilização das micelas necessárias à obtenção da pseudoplasticidade depende do tamanho da cadeia hidrofóbica. Excelentes resultados foram obtidos para o diestearato de PEG 6000, e este produto foi considerado promissor para utilização como modificador reológico, inibidor de folhelho reativo e lubrificante para fluidos de perfuração de base aquosa, podendo ser utilizado em todas as etapas da perfuração – Fluido Universal, o que reduziria os custos da operação de perfuração. vii Abstract Most of the Brazilian oil wells are situated in the high sea, and a tendency to produce wells with complex geometry, like horizontal wells is currently observed. New operational conditions have made it necessary to develop new drilling fluids with improved properties: rheological properties (to carry the drill cuttings upwards), lubricity (to reduce metal-rock friction), reactivity inhibition (to maintain the integrity of the rock formation). The main objective of the present work was to develop new water based drilling fluids that meet operational conditions. This work includes: a thermodynamic study of the polymeric solution, a rheological study, and a performance evaluation of the formulated fluids. The results show that the viscosity of the solutions increase with the increase in the polymer’s molecular weight, with surfactants, and with salt (NaCl) addition. The stabilization of the micelles that confer the pseudoplastic behavior to the fluids depend of the size hydrophobic segment. Excellent results were observed for the PEG 6000 diestearate, and this product was considered to be a promising rheological modifier, shale reactivity inhibitor, and lubricant for water based drilling fluids. These fluids are liable to be used in all drilling steps – a Universal Fluid, wich would reduce operation cost. viii Abreviaturas API American Petroleum Institute BAB Polímero formado por partes hidrofóbica (B) e hidrofílica (A) cmc Concentração Micelar Crítica CTAC Cloreto de di-dodecil dimetil amônio C1 Ácido láurico C2 Ácido palmítico C3 Ácido esteárico FBA Fluido base água FBO Fluido base óleo FTIR Infravermelho com transformada de Fourier GF Gel final GI Gel inicial P4 Polietilenoglicol 400 (PEG 400) P15 Polietilenoglicol 1500 (PEG 1500) P40 Polietilenoglicol 4000 (PEG 4000) P60 Polietilenoglicol 6000 (PEG 6000) P4C12 Dilaurato de PEG 400 P4C16 Dipalmitato de PEG 400 P4C18 Diestearato de PEG 400 P15C12 Dilaurato de PEG 1500 P15C16 Dipalmitato de PEG 1500 ix Abreviaturas P15C18 Diestearato de PEG 1500 P40C12 Dilaurato de PEG 4000 P40C16 Dipalmitato de PEG 4000 P40C18 Diestearato de PEG 4000 P60C12 Dilaurato de PEG 6000 P60C16 Dipalmitato de PEG 6000 P60C18 Diestearato de PEG 6000 SDS Dodecil sulfato de sódio VA Viscosidade aparente VP Viscosidade plástica x Índice de Figuras Capítulo II Figura II.1- Poços horizontal e vertical.......................................................................5 Figura II.2- Bentonita..................................................................................................6 Figura II.3- Comportamento pseudoplástico da bentonita..........................................6 Figura II.4- Formação de micela a partir do polímero do tipo BAB...........................7 Figura II.5- Comportamento pseudoplástico de polímeros modificados do tipo BAB.............................................................................................7 Figura II.6- Inchamento de um argilo-mineral............................................................9 Figura II.7- Mecanismo de inibição de folhelhos reativos por de potássio e sódio...................................................................................9 Figura II.8- Soluções antes do cisalhamento (i) e soluções após o cisalhamento (ii)..................................................................................15 Capítulo III Figura III.1- Reômetro Haake RS150........................................................................18 Figura III.2- Rotor cilíndrico concêntrico – DG41 Ti...............................................19 Figura III.3- Rotor cone-placa...................................................................................19 Figura III.4- Célula Bairod, estufa de rolamento e aquecimento e peneiras (malha 8 e 30)......................................................................23 Figura III.5- Viscosímetro Fann Modelo 35A..........................................................24 Figura III.6- Série de filtros prensa de ensaio API e o esquema mostrando a composição de um filtro prensa.........................................................25 Figura III.7- Lubricy Tester da Fann Instrument Company......................................26 íons xi Índice de Figuras Capítulo V Figura V.1- Variação da tensão superficial em função do Log [P60C18]...................53 Figura V.2- Influência do tamanho do segmento hidrofóbico na variação da energia livre de Gibbs do processo de micelização do P60C18..........54 Figura V.3- Variação do ΔG com o peso molecular do polímero, mantendo constante o tamanho do segmento hidrofóbico C18..............................54 Figura V.4- Variação de energia livre x número de CH2, para o PEG 1500...............55 Figura V.5- Variação de energia livre x número de CH2, para o PEG 4000...............56 Figura V.6- Variação de energia livre x número de CH2 para o PEG 6000................56 Figura V.7- Efeito do peso molecular dos polímeros na viscosidade das soluções a uma taxa de cisalhamento de 50 s-1, a uma temperatura de 20◦C e com concentrações de 7% m/v......................................................................57 Figura V.8- Polímero do tipo BAB atuando como ligador de micela.......................58 Figura V.9- Efeito do tamanho do segmento hidrofóbico na viscosidade das soluções de PEG 6000 a uma taxa de cisalhamento de 50 s-1, a uma temperatura de 20◦C e com concentrações de 7% m/v...................................................58 Figura V.10- Micela formada a partir de polímero do tipo BAB em meio aquoso.....59 Figura V.11 - Efeito da Temperatura no comportamento reológico da solução P60C18 7%m/v....................................................................................................60 Figura V.12- Variação da viscosidade em função da concentração do surfactante (SDS), para soluções do polímero P60C18 a uma concentração de 5% m/v à 20◦C....................................................................................62 xii Índice de Figuras Figura V.13- Blindagem realizada por íons sódio (verde) impedindo repulsões das cabeças polares (vermelho)....................................................................62 Figura V.14- Variação da viscosidade de soluções 7% m/v P60C18 em função da temperatura............................................................................................63 Figura V.15- Variação da viscosidade com o aumento da concentração de sal (T = 40◦C e Taxa de cisalhamento de 50 s-1 em 7% m/v P60C18).........64 Figura V.16- Variação da viscosidade em função da temperatura (7% m/v P60C18 e 10% m/vNaCl)....................................................................................65 Figura V.17- Variação da viscosidade em função da temperatura (7% m/v P60C18 a 0% m/v e a 10% m/vNaCl)....................................................................65 Figura V.18- Figura V.17- Viscosidade aparente e plástica do branco......................67 Figura V.19- Gel inicial e gel final do branco............................................................67 Figura V.20- Viscosidade aparente e plástica............................................................68 Figura V.21- Gel inicial e gel final.............................................................................68 Figura V.22- Viscosidade Aparente e Plástica de soluções aquosas de P60C18..........69 Figura V.23- Gel inicial e gel final dos fluidos dos fluidos contendo P60C18...................................................................................................69 Figura V.24- Ensaios de inibição do branco contendo diferentes concentrações de KCl...................................................................................................71 Figura V.25- Ensaios de inibição variando-se a concentração do P60C18..................72 Figura V.26- Resultados de inibição dos fluidos formulados....................................72 Figura V.27- Polímero hidrofobizado formando uma rolha nas entrecamadas da estrutura....................................................................73 Figura V.28- Coeficiente de atrito.............................................................................74 Figura V.29- Esquema de adsorção dos polímeros modificados BAB em uma superfície metálica........................................................................74 xiii Índice de Tabelas Capítulo III Tabela III.1- Nomeclatura e siglas dos polímeros modificados..................................16 Tabela III.2- Características dos reagentes utilizados.................................................17 Tabela III.3- Valores de referência para fluidos de base aquosa contendo glicóis (Cenpes/Petrobrás)......................................................................24 Capítulo IV Tabela IV.1- Apresenta os pesos moleculares nominais dos polímeros comerciais, dos ácidos graxos e dos polímeros hidrofobizados...............................27 Tabela IV.2- Variação da tensão superficial com o aumento da concentração..........28 Tabela IV.3- Concentrações Micelar Crítica expressa em % m/v e em mol/L..........29 Tabela IV.4- Variação de energias livre dos polímeros hidrofobizados....................30 Tabela IV.5- Coeficientes angular e linear para as séries dos polímeros hidrofobizados com os ácidos C12, C16 e C18...................................31 Tabela IV.6- Variação da viscosidade com o peso molecular do polímero, a uma taxa de cisalhamento de 50 s-1, a uma temperatura de 20◦C e com concentrações de 7% m/v.....................................................................31 Tabela IV.7- Variação da viscosidade tamanho da cadeia carbônica, a uma taxa de cisalhamento de 50 s-1, a uma temperatura de 20◦C e com concentrações de 7% m/v............................................................................................31 Tabela IV.8- Viscosidade em diferentes temperaturas.............................................33 xiv Índice de Tabelas Tabela IV.9- Concentrações ideais de surfactantes que conferem às soluções valores máximos de viscosidade, à temperatura de 20◦C.......................34 Tabela IV.10- Variação da viscosidade da solução 7% m/v P60C18 em ausência de sal em função da temperatura, a uma taxa de 50 s-1....................................35 Tabela IV.11- Variação da viscosidade com o aumento da concentração de sal ( 40◦C e Taxa de cisalhamento de 50 s-1 em 7% P60C18).......................35 Tabela IV.12- Variação da viscosidade da solução de 7% m/v P60C18 e 10% m/v de NaCl em função da temperatura, a uma taxa de cisalhamento de 50s1.........................................................................................................35 Tabela IV.13- Reologia, VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P4C12..................................................................................36 Tabela IV.14- Reologia VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P4C16..................................................................................37 Tabela IV.15- Reologia VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P4C18..................................................................................37 Tabela IV.16- Reologia VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P15C12................................................................................38 Tabela IV.17- Reologia VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P15C16................................................................................38 Tabela IV.18- Reologia VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P15C18................................................................................39 Tabela IV.19- Reologia VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P40C12................................................................................39 Tabela IV.20- Reologia VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P40C16................................................................................40 Tabela IV.21- Reologia VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P40C18................................................................................40 Tabela IV.22- Reologia VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P60C12................................................................................41 xv Índice de Tabelas Tabela IV.23- Reologia VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P60C16..................................................................................41 Tabela IV.24- Reologia VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P60C18..................................................................................42 Tabela IV.25- Apresenta o ensaio em branco realizado em três diferentes concentrações de KCl (0, 1,5 e 3,0% m/v)............................43 Tabela IV.26- Valores de VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para formulações contendo o polímero modificado P60C18 na concentração 10% m/v, em diferentes concentrações de KCl...........................................................44 Tabela IV.27- Apresenta os valores de VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P60C18 em três diferentes concentrações..............45 Tabela IV.28- Porcentagem de massa recuperada no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P4C12....................................................46 Tabela IV.29- Porcentagem de massa recuperados no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P4C16........................................................................46 Tabela IV.30- Porcentagem de massa recuperados no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P4C18........................................................................46 Tabela IV.31- Porcentagem de massa recuperados no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P15C12.......................................................................47 Tabela IV.32- Porcentagem de massa recuperados no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P15C16.......................................................................47 Tabela IV.33- Porcentagem de massa recuperados no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P15C18.......................................................................47 Tabela IV.34- Porcentagem de massa recuperados no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P40C12.......................................................................48 Tabela IV.35- Porcentagem de massa recuperados no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P40C16.......................................................................48 xvi Índice de Tabelas Tabela IV.36- Porcentagem de massa recuperados no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P40C18.......................................................................48 Tabela IV.37- Porcentagem de massa recuperados no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P60C12......................................................................49 Tabela IV.38- Porcentagem de massa recuperados no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P60C16......................................................................49 Tabela IV.39- Porcentagem de massa recuperados no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P60C18......................................................................49 Tabela IV.40- Ensaio em branco realizado em três diferentes concentrações de KCl (0, 1,5 e 3,0% m/v)................................................................................50 Tabela IV.41- Porcentagem de cascalhos recuperados em peneiras de malha 30 e malha 8 para fluidos formulados a partir do polímero modificado P60C18 na concentração 10% m/v, em diferentes concentrações de KCl........................................................................................................50 Tabela IV.42- Porcentagem de cascalhos recuperados em peneiras de malha 30 e malha 8 para fluidos contendo diferentes teores do polímero hidrofobizado P60C18 e contendo 1,5% p/v KCl.....................................51 Tabela IV.43- Coeficientes de atrito de alguns compostos padrões e de fluidos formulados contendo diferentes teores do polímero hidrofobizado P60C18......................................................................................................51 xvii Índice Geral Resumo...................................................................................................................................v Abstract..................................................................................................................................vi Abreviaturas..........................................................................................................................vii Índice de Figuras....................................................................................................................ix Índice de Tabelas...................................................................................................................xii I – Introdução..........................................................................................................................1 I.1. Caracterização do Problema..................................................................................1 I.2. Objetivos...............................................................................................................3 II – Revisão Bibliográfica.......................................................................................................4 II.1. Introdução............................................................................................................4 II.2. Fluidos de Perfuração..........................................................................................4 II.2.1. Funções de um fluido de perfuração....................................................4 II.2.2. Necessidades Operacionais..................................................................5 II.2.3. Controle Reológico..............................................................................6 II.2.4. Controle da Densidade.........................................................................8 II.2.5. Controle da Perda de Fluido.................................................................8 II.2.6. Estabilidade das Formações Rochosas.................................................8 II.2.7. Lubrificação e Resfriamento...............................................................10 II.3. Processo de Solubilização de Polímeros............................................................10 II.4. Modelos Termodinâmicos para o Processo de Micelização..............................11 II.4.1. Efeito do Comprimento da Cadeia Hidrocarbônica............................12 II.5. Concentração Micelar Crítica.............................................................................13 II.5.1.Determinação da Concentração Micelar Crítica (cmc)........................13 xviii Índice Geral II.6. Tensiometria – Cálculo da cmc..........................................................................14 II.7. Reologia das Soluções........................................................................................14 II.7.1. Fatores que Influenciam a Viscosidade...............................................15 II.7.2. Efeito do Cisalhamento.......................................................................15 III – Materiais e Métodos......................................................................................................16 III.1. Introdução.........................................................................................................16 III.2.Procedência........................................................................................................16 III.3. Tensiometria.....................................................................................................17 III.4. Reologia das Soluções Poliméricas..................................................................18 III.4.1. Reologia dos Polímeros Modificados................................................20 III.4.2. Reologia dos Polímeros Modificados em Presença de Surfactantes...............................................................................................20 III.4.3. Reologia dos Polímeros Modificados em Presença de Sais...............20 III.5. Formulação dos Polímeros Modificados..........................................................21 III.5.1. Ensaio de Rolamento..........................................................................22 III.5.2. Ensaio de Reologia (Viscosidade)......................................................23 III.5.3. Filtração..............................................................................................25 III.5.4. Ensaio de Lubricidade........................................................................26 xix Índice Geral IV – Resultados......................................................................................................................27 IV.1. Introdução..........................................................................................................27 IV.2. Peso Molecular Nominal dos Polímeros Modificados......................................27 IV.3. Tensiometria das Soluções Poliméricas............................................................28 IV.4. Cálculo da Energia Livre de Gibbs...................................................................29 IV.4.1. Efeito da Cadeia Hidrocarbônica.......................................................30 IV.5. Reologia das Soluções......................................................................................31 IV.5.1. Efeito do Peso Molecular dos Polímeros Modificados.....................31 IV.5.2. Efeito do Tamanho da Cadeia Hidrofóbica na Viscosidade das Soluções..................................................................................................32 IV.5.3. Efeito da Temperatura na Viscosidade das Soluções........................32 IV.5.4. Efeito da Presença de Surfactantes...................................................34 IV.5.5. Efeito da Presença de Cloreto de Sódio (NaCl)................................34 IV.6. Ensaio de Desempenho dos Fluidos Formulados........................................36 IV.6.1. Ensaios de Reologia..........................................................................36 IV.6.1.1. Ensaios Reológicos dos Fluidos com Polímeros Modificados.......................................................................................36 IV.6.1.2. Avaliação da Concentração de KCl no Desempenho uma Formulação Básica, Ensaio do Branco..................................43 IV.6.1.3. Efeito da Concentração de Cloreto de Potássio de (KCl) na Reologia das Formulações Contendo de P60C18.................44 IV.6.1.4. Efeito da Concentração de P60C18 na Reolgia das Formulações Contendo 1,5% m/v KCl...............................................45 xx Índice Geral IV.6.2. Ensaio de Inibição.................................................................................45 IV.6.2.1. Resultados de Inibição das Formulações Contendo os Diferentes Polímeros Modificados...................................................46 IV.6.2.2. Resultados dos Ensaios de Inibição de Ensaio de Formulação sem Polímero Modificado (Branco)..................................50 IV.6.2.3. Efeito da concentração de cloreto de potássio na inibição de folhelhos reativos em Formulações Contendo P60C18......................50 IV.6.2.4. Efeito da Concentração de P60C18 na Inibição de Folhelhos Reativos.................................................................................................51 IV.6.3. Ensaio de Lubricidade..........................................................................51 V – Discussão...........................................................................................................................52 V.1. Introdução.............................................................................................................52 V.2. Peso Molecular Nominal dos Polímeros Modificado...........................................52 V.3. Tensiometria das Soluções Poliméricas...............................................................52 V.4. Cálculo da Energia Livre de Gibbs......................................................................54 V.4.1. Influência do Peso Molecular do Polímero na Energia de Transferência de Unidades de CH2 da Solução para a Micela........................55 V.5. Reologia das Soluções........................................................................................57 V.5.1. Efeito do Peso Molecular dos Polímeros Modificados na Viscosidade de soluções a 7% m/v.....................................................................................57 V.5.2. Efeito do Tamanho da Cadeia Hidrofóbica na Viscosidade das Soluções..................................................................................................58 V.5.2.1.Peso Molecular dos Polímeros Modificados X Tamanho da Cadeia Hidrofóbica.......................................................................................59 xxi Índice Geral V.5.3. Efeito da Temperatura no Comportamento Reológico das Soluções de P60C18......................................................................................................60 V.5.4. Efeito da Presença de Surfactante.....................................................61 V.5.5. Efeito da Presença de Cloreto de Sódio (NaCl)................................63 V.6. Ensaio de Desempenho dos Fluidos Formulados..........................................66 V.6.1. Ensaios de Reologia.........................................................................66 V.6.1.1. Ensaios Reológicos dos Fluidos com Polímeros Modificados...................................................................66 V.6.1.2. Avaliação da Concentração de KCl no Desempenho de uma Formulação Básica, Ensaio do Branco..............................66 V.6.1.3. Efeito da Concentração de Cloreto de Potássio (KCl) na Reologia das Formulações Contendo de P60C18..............67 V.6.1.4. Efeito da Concentração de P60C18 na Reolgia das Formulações Contendo 1,5% m/v KCl................................................................69 V.6.2. Ensaio de Inibição...........................................................................71 V.6.2.1. Resultados de Inibição das Formulações Contendo os Diferentes Polímeros Modificados............................................71 V.6.2.2. Resultados dos Ensaios de Inibição de Ensaio de Formulação sem Polímero Modificado (Branco)...............................................71 V.6.2.3. Efeito da concentração de cloreto de potássio (KCl) na inibição de folhelhos reativos em Formulações Contendo P60C18..............72 V.6.2.4. Efeito da Concentração de P60C18 na Inibição de Folhelhos Reativos..........................................................................................72 V.6.3. Ensaio de Lubricidade.................................................................................74 xx Índice Geral VI – Conclusões....................................................................................................................76 VII – Referências Bibliográficas..........................................................................................78 Capítulo I - Introdução I.1. Caracterização do Problema Atualmente, as principais reservas de petróleo brasileiro situam-se em alto mar, em águas ultraprofundas, e os poços perfurados apresentam geometrias complexas, como os poços horizontais. As técnicas de perfuração utilizadas nessas condições exigem o desenvolvimento de novos fluidos de perfuração com propriedades otimizadas. A escolha do fluido de perfuração é uma das tarefas mais importantes em uma perfuração de poço horizontal ou com elevada inclinação. Dentre as dificuldades operacionais encontradas na perfuração deste tipo de poço, destacam-se a manutenção da estabilidade das paredes do poço, a remoção do cascalho gerado pela broca e a lubricidade em trechos de ganho de ângulo. O desenvolvimento de um fluido que atenda a todas essas exigências tem se mostrado um grande desafio. No entanto, fluidos de base aquosa com polímeros sintéticos como poliéteres ou glicóis, vêm apresentando excelentes resultados no que se refere à lubricidade, reologia (carreamento de cascalhos e facilidade de bombeamento), redução de filtrado e à inibição de reatividade, evitando o desmoronamento do poço pela entrada de água nas entrecamadas de folhelhos sensíveis, além de apresentar biodegradabilidade. No entanto, é de fundamental importância a caracterização das propriedades químicas, físico-químicas e reológicas desses polímeros, em solução aquosa, uma vez que, essas propriedades variam em função da estrutura dos polímeros, afetando a sua capacidade de formação de micelas e de adsorção em superfícies. Características estruturais, como hidrofobicidade precisam ser determinadas, para que seja possível estabelecer correlações estrutura-propriedades. Este trabalho faz parte do projeto CTPETRO – Fluidos de Perfuração Ambientalmente Corretos, cujo objetivo principal é o desenvolvimento de novos fluidos de perfuração de base aquosa. Fluidos de base óleo estão sendo substituídos devido a problemas e restrições ambientais. O projeto envolve a modificação química de quatro séries de poliéteres, utilizando como base, o poli(glicol etilênico), estudo iniciado em 2003 (ALBUQUERQUE). Capítulo I - Introdução Os polímeros modificados utilizados neste trabalho apresentam uma estrutura que contém uma parte hidrofílica (poliéter), denominada por segmento A e uma parte hidrofóbica (cadeia hidrocarbônica), segmento B, formando polímeros do tipo BAB. Em soluções aquosas, dependendo da concentração, esses polímeros encontram-se sob a forma de micelas. O comportamento reológico necessário ao desempenho de carreamento dos cascalhos de um fluido de perfuração só é obtido quando os aditivos poliméricos (modificadores reológicos) estão em concentração (suficientemente) capaz de conferir ao fluido um aumento na viscosidade. Para os polímeros modificados, essa concentração corresponde à concentração micelar crítica (cmc). Dessa forma, foi caracterizada a cmc para cada polímero modificado. Realizou-se um estudo sobre a espontaneidade de formação dessas micelas, através do cálculo da energia livre de Gibbs, avaliando-se os fatores que mais influenciam na formação e estabilização das micelas formadas. Através de análise reológica, foi possível obter comparações entre as características estruturais dos polímeros e suas propriedades reológicas, como a de pseudoplasticidade (alta viscosidade em baixas taxas de cisalhamento e baixa viscosidade em altas taxas de cisalhamento). Avaliou-se o comportamento reológico variando-se a temperatura, a presença de surfactantes e de sal. Após calcular a variação da energia livre de Gibbs do processo de micelização (formação de micelas) para todos os sistemas estudados e avaliar os resultados das análises reológicas, identificou-se o polímero que apresentava os melhores resultados, o qual foi utilizado na formulação de um fluido de perfuração. Dessa forma, o passo seguinte foi avaliar o desempenho do fluido formulado através de ensaios API (American Petroleum Institute). Capítulo I - Introdução I.2. Objetivos Desenvolver fluidos de perfuração de base aquosa que apresentem propriedades otimizadas a fim melhorar o desempenho desses fluidos, principalmente em trechos críticos como o de ganho de ângulo e o horizontal. Correlacionar as propriedades reológicas com as características estruturais dos polímeros modificados. Estudar a estabilidade das micelas formadas, pela presença de surfactantes e de sal. Através do cálculo da variação da energia livre de Gibbs estimar a espontaneidade do processo de formação de micelas. Capítulo II – Revisão Bibliográfica II.1. Introdução Neste capítulo são encontradas informações importantes existentes na literatura, no que diz respeito a conceitos e definições referentes a fluidos de perfuração, suas funções e propriedades. São apresentadas também técnicas utilizadas para a determinação experimental do comportamento reológico das soluções, determinação experimental da concentração micelar crítica (cmc), cálculo da variação de energia livre de Gibbs e ensaios de desempenho dos fluidos formulados. II.2. Fluidos de Perfuração Fluidos de perfuração são de uma maneira geral, materiais multifásicos, que contém água, materiais orgânicos, sólidos em suspensão e sais dissolvidos. Atuam no auxílio à penetração da broca e na suspensão do cascalho gerado na perfuração do poço (DARLEY, 1988). II.2.1. Funções de um Fluido de Perfuração Os fluidos de perfuração apresentam grande importância no processo de perfuração (CAENN, 1996). Dentre as suas várias funções destacam-se: • Lubrificar e resfriar a broca durante a perfuração; • Carrear os cascalhos gerados até a superfície; • Ser de fácil bombeamento; • Manter a pressão adequada para evitar o desmoronamento do poço; • Não danificar o reservatório; • Não ser corrosivo; • Ser biodegradável. Capítulo I - Introdução II.2.2. Necessidades Operacionais Um fluido de perfuração deve atender às necessidades operacionais do processo de perfuração de um poço. No caso de um poço com geometria complexa, os trechos críticos são o de ganho de ângulo e o horizontal (CHILLINGAR, 1981). As vantagens de se perfurar poços horizontais residem no fato de se trabalhar com uma lâmina d’água menor, evitando o aumento dos problemas relacionados a grandes correntezas e águas agitadas. Além disso, a perfuração atinge uma maior área da rocha reservatório com a geometria horizontal. A Figura II.1 mostra uma perfuração horizontal e uma vertical. Rocha Reservatório Figura II.1- Poços horizontal e vertical. Atualmente, em cada fase de uma perfuração, utiliza-se um fluido apropriado para aquela fase. Dependendo da fase e do tipo de processo de perfuração, as funções terão uma maior ou menor importância. Para a perfuração de poços horizontais as funções de carreamento dos cascalhos, e a redução do atrito metal-rocha e metal-metal são as mais importantes. O desempenho de um fluido depende basicamente de quatro fatores: reologia, densidade, perda de filtrado e reatividade química (DARLEY, 1988). Essas propriedades são monitoradas durante a perfuração por testes padronizados e seu controle é feito por aditivos específicos. Capítulo II – Revisão Bibliográfica II.2.3. Controle Reológico O controle reológico de fluidos pode ser realizado utilizando-se argila, como por exemplo, a bentonita (DURAND, 1995). Em sua estrutura a bentonita apresenta cargas negativas e positivas, como mostra a Figura II.2. Figura II.2- Bentonita (DURAND, 1995). A presença de cargas negativas na superfície e positivas nas arestas das partículas de bentonita leva à formação de estruturas, quando na ausência de forças de cisalhamento. Essas estruturas são destruídas na presença de forças, diminuindo assim a viscosidade. Esse comportamento é conhecido como pseudoplástico, ou seja, em repouso o sistema possui alta viscosidade, para manter os cascalhos gerados em suspensão, e a viscosidade diminui quando o sistema é agitado, como é mostrado na Figura II.3. + + + - - Baixo cisalhamento viscosidade alta, devido à formação de estruturas Alto cisalhamento viscosidade baixa, devido à destruição das estruturas formadas Figura II.3- Comportamento pseudoplástico da bentonita. Capítulo II – Revisão Bibliográfica Diversos aditivos poliméricos podem ser utilizados como modificadores reológicos, sendo os mais importantes a hidroxietilcelulose, a carboximetilcelulose, a goma de xantana e a goma guar (BREEN,1998). O comportamento pseudoplástico pode também ser obtido pela formação de micelas com moléculas anfifílicas. Em meio aquoso, uma molécula anfifílica (que apresenta uma parte hidrofílica e outra hidrofóbica) tenderá a diminuir a energia do sistema mantendo a parte hidrofóbica no centro da micela, e a parte hidrofílica para fora, em contato com a água, como mostrado na Figura II.4, aonde B representa a cadeia hidrocarbônica hidrofóbica e A representa a cadeia polimérica hidrofílica. B A B Figura II.4- Formação de micela a partir do polímero do tipo BAB. O comportamento pseudoplástico pode ser obtido através da formação de micelas a baixas taxas de cisalhamento, gerando uma alta viscosidade e a destruição das micelas, a altas taxas, gerando uma baixa viscosidade, como mostra a Figura II.5. Baixo cisalhamento Alto cisalhamento Figura II.5- Comportamento pseudoplástico de polímeros modificados do tipo BAB. Capítulo II – Revisão Bibliográfica II.2.4. Controle da Densidade O fluido de perfuração deve conferir uma pressão hidrostática capaz de impedir o desmoronamento do poço (DURAND, 1995). O adensante mais comumente utilizado na perfuração é a barita, sulfato de bário. II.2.5. Controle da Perda de Fluido Diversos aditivos são usados para reduzir a penetração de fluidos nas formações rochosas. Quando um fluido de perfuração entra em contato com uma formação, pode provocar danos à mesma, além de diminuir a espessura do filme de fluido depositado nas paredes do poço (DURAND, 1995). Por outro lado, um depósito de espessura demasiadamente grande, por exemplo, pode implicar na diminuição do diâmetro do poço. Os aditivos geralmente utilizados são os poliacrilatos, a carboximeticelulose e o hidroxi-propil-amido. II.2.6. Estabilidade das Formações Rochosas O fluido de perfuração entra em contato com a formação rochosa, que pode ser constituída por folhelhos sensíveis à água (BREEN,1998). Os fatores associados à instabilidade das formações estão relacionados à entrada de água nas entrecamadas dos folhelhos, resultando em um ‘inchamento’ da rocha, como mostra a Figura II.6. Capítulo II – Revisão Bibliográfica hidratação Montmorilonita de cálcio ou sódio Figura II.6- Inchamento de um argilo-mineral (BREEN,1998). Sabe-se que o sal cloreto de potássio (KCl) é um excelente inibidor de folhelhos reativos (BREEN,1998). O raio atômico do íon potássio corresponde aproximadamente ao mesmo valor do espaçamento basal das entrecamadas. Dessa maneira, quando os íons Na+ das entrecamadas são trocados por íons K+, a estrutura da argila fica mais estável, dificultando a delaminação das partículas como mostra a Figura II.7. Figura II.7- Introdução de íons nas entrecamadas dos folhelhos reativos. Capítulo II – Revisão Bibliográfica II.2.7. Lubrificação e Resfriamento Quando a broca se move em contato com a rocha, ocorre atrito e aquecimento. A lubrificação pode ser especialmente importante em poços horizontais, nos quais o atrito entre a tubulação de perfuração, a broca e as superfícies rochosas, deve ser reduzido a valores mínimos (BREEN,1998). A lubricidade é inversamente proporcional ao coeficiente de atrito (µ). Quanto menor o valor do coeficiente de atrito maior a lubricidade. Propriedades lubrificantes são de extrema importância em trechos de ganho de ângulo e horizontais. II.3. Processo de Solubilização de Polímeros A dissolução de um polímero é um processo lento e ocorre em dois estágios. Primeiramente as moléculas do solvente são difundidas lentamente para dentro do material polimérico para formar um gel “inchado”. Isto pode ser tudo o que acontece se, por exemplo, as forças intermoleculares polímero-polímero forem altas devido a ligações cruzadas, cristalinidade ou devido à presença de ligações hidrogênio. Mas se essas forças puderem ser superadas pela introdução de interações fortes polímero-solvente, o segundo estágio acontecerá. Neste, o gel gradualmente se desfaz e forma-se uma solução (BILLMEYER, 1962). A solubilidade de sistemas poliméricos é mais complexa que a solubilidade de compostos de baixo peso molecular, devido à grande diferença de tamanho entre as moléculas do solvente e do polímero e à maior viscosidade dos sistemas poliméricos. Em geral, a presença ou a ausência de solubilidade pode fornecer muitas informações sobre os polímeros. Contudo, a ausência de solubilidade não implica na presença de ligações cruzadas. Outras características estruturais podem fornecer elevadas forças intermoleculares e evitar a solubilidade (BILLMEYER, 1962). Capítulo II – Revisão Bibliográfica II.4. Modelos Termodinâmicos para o Processo de Micelização O estudo termodinâmico da formação de micelas em solução aquosa tem sido desenvolvido através de duas abordagens diferentes (EVANS, 1999; MYERS, 1999). i) Modelo de separação de fases: Considera-se que as micelas constituem uma nova fase formada no sistema, quando em concentrações maiores que a concentração micelar crítica (cmc). Nag + m m S + Sag Eq. II.1 Sendo Nag o número de moléculas de polímero constituinte de cada micela (número de agregação), m o número de moléculas de polímeros livres em solução (não micelizadas), S representa o monômero do polímero e, Sag, a micela e a seta um indicativo para formar uma nova fase; ii) Modelo de ação das massas: Neste modelo é considerado que as micelas e os polímeros estão em equilíbrio químico, que pode ser representado por uma seqüência de múltiplos equilíbrios. K2 S2 S+S K3 S2 + S S3 Eq. II.2 K4 S3 + S S4 Capítulo II – Revisão Bibliográfica No modelo de separação de fases (ou pseudofases), pode-se escrever (EVANS, 1999) µmicela = µmonômero + RT ln(cmc) Eq. II.3 A variação da energia livre de micelização é a diferença entre potenciais químicos do monômero na micela (µmicela) e em solução aquosa diluída (µmonômero): ∆Gmic = µmicela - µmonômero = RT ln(cmc) Eq. II.4 II.4.1. Efeito do Comprimento da Cadeia Hidrocarbônica O valor de ∆Gmic pode ser considerado como uma soma de diferentes contribuições (HIEMENS, 1986; ROSEN, 1989). ∆Gmic = ∆Gmic grupo polar + ∆Gmic CH3 + NCH2 ∆Gmic CH2 Eq. II.5 ∆Gmic grupo polar = contribuição do grupo polar; ∆Gmic CH3 = contribuição do grupo metila terminal da cadeia hidrofóbica; NCH2 = número de grupos CH2 na cadeia hidrocarbônica; ∆Gmic CH2 = contribuição de cada grupo metileno da cadeia hidrofóbica. Capítulo II – Revisão Bibliográfica Ao se plotar ∆Gmic em função do número de unidades CH2 (NCH2), obtêm-se retas onde o coeficiente angular corresponde à variação da energia livre de Gibbs para a transferência de um grupo CH2 do seio da solução aquosa para a micela e o coeficiente linear fornece as contribuições de ∆Gmic CH3 e ∆Gmic grupo polar (ROSEN, 1989). II.5. Concentração Micelar Crítica A concentração mínima de polímero necessária para a formação de micelas é denominada concentração micelar crítica (cmc). Aumentado-se a concentração de uma solução, ocorre uma variação brusca nas propriedades físico-químicas da solução, quando esta atinge a cmc. O valor da mesma é determinado analisando-se a variação de propriedades físico-químicas da solução tais como tensão superficial, condutividade, métodos espectrométricos (CANDAU, 1987). Quando a concentração do polímero está próxima à cmc, entre duas ou até dez vezes o seu valor, considera-se a geometria micelar como esférica ou elipsoidal. Contudo, esta faixa de concentração próxima à cmc e o formato micelar são alterados em função de vários fatores como temperatura e adição de eletrólitos (FENDLER, 1982). II.5.1. Determinação da Concentração Micelar Crítica (cmc) Existem diferentes maneiras de se estudar a termodinâmica de soluções poliméricas. WLECZOREK (2000) determinou a cmc através do método do volume molar, esse método requer o conhecimento prévio de constantes que, para o caso do sistema hibrofobizado utilizado neste projeto, não estão tabelados. Um outro método muito comum para a determinação de cmc é por fluorescência, utilizando pireno como sonda (HIERREZUELO, 2006) que além do estudo termodinâmico, permite também realizar um estudo cinético como o realizado por FERNÁNDEZ (2004). Capítulo II – Revisão Bibliográfica Sistemas analisados por fluorescência necessitam ser transparentes, caso contrário pode ocorrer um efeito filtro em concentrações mais elevadas. Para os sistemas estudados neste trabalho o estudo fotoquímico não foi possível, pois as soluções aquosas poliméricas não são transparentes. A cmc pode também ser determinada por condutividade elétrica, como foi estudado por MORIGAKI (2003) e AGUIAR (2002). No entanto, é necessária a presença de íons em solução para a realização desta medida e, neste projeto, os polímeros utilizados não são iônicos. Dessa forma, um método simples de determinação da cmc foi por tensiometria, técnica descrita a seguir. II.6. Tensiometria – Cálculo da cmc A medida da tensão superficial no equilíbrio, em função da concentração do polímero, pode ser usada para calcular a concentração máxima de excesso de polímero na superfície, a área mínima disponível por molécula na interface da solução aquosa (σtens), e a cmc (ROSEN, 1989). A cmc pode ser obtida através de um gráfico da tensão superficial em função da concentração do polímero em mol/L, correspondendo ao ponto em que se observa uma mudança brusca de coeficiente angular na curva obtida. II.7. Reologia das Soluções A reologia consiste no estudo da deformação e escoamento de fluidos. Reometria corresponde à determinação experimental do comportamento do fluxo e das propriedades viscoelásticas dos materiais (BILLMEYER, 1962). A taxa de cisalhamento ( γ ) corresponde à deformação (dγ) pelo tempo (dt): γ = dγ dt Eq. II.6 Capítulo II – Revisão Bibliográfica viscosidade = τ η = . γ Tensão de cisalhamento = Taxa de cisalhamento Eq. II. 7 II.7.1. Fatores que Influenciam a Viscosidade Viscosidade corresponde a uma resistência ao fluxo, atrito interno e depende de: • Temperatura; • Pressão; • Taxa de cisalhamento (para os fluidos não newtonianos), podem ser pseudoplásticos, dilatantes ou plásticos; • Tempo (tixotropia ou reopexia); • Composição da amostra. II.7.2. Efeito do Cisalhamento Estruturas poliméricas ao serem cisalhadas podem apresentar: orientação de suas cadeias, estiramento, deformação e desagregação, como mostra a Figura II.8. Em todos os casos, as cadeias poliméricas podem retornar as suas formas originais ao ser cessado o cisalhamento (HAAKE, 1994) i) ii) Orientação Estiramento Deformação Desagregação Figura II.8- Soluções antes do cisalhamento (i) e soluções após o cisalhamento (ii). Capítulo III – Materiais e Métodos III.1. Introdução Este capítulo apresenta todos os métodos descritos e todos os materiais utilizados durante o desenvolvimento dessa dissertação. III.2. Lista de Materiais Utilizados Os polímeros modificados foram obtidos por reações de esterificações a partir de polímeros comerciais poli(glicol etilênicos): PEG 400 (P4), PEG 1500, (P15), PEG 4000, (P40) e PEG 6000 (P60), com ácidos os graxos láurico (C12), palmítico (C16) e esteárico (C18), sintetizados por ALBUQUERQUE, 2003. A Tabela III.1 mostra a nomeclatura e a sigla dos polímeros modificados. Tabela III.1- Nomeclatura e siglas dos polímeros modificados Polímero PEG 400 PEG 400 PEG 400 PEG 1500 PEG 1500 PEG 1500 PEG 4000 PEG 4000 PEG 4000 PEG 6000 PEG 6000 PEG 6000 Ácido Carboxílico Láurico Palmítico Esteárico Láurico Palmítico Esteárico Láurico Palmítico Esteárico Láurico Palmítico Esteárico Nome Dilaurato de PEG 400 Dipalmitato de PEG 400 Diestearato de PEG 400 Dilaurato de PEG 1500 Dipalmitato de PEG 1500 Diestearato de PEG 1500 Dilaurato de PEG 4000 Dipalmitato de PEG 4000 Diestearato de PEG 4000 Dilaurato de PEG 6000 Dipalmitato de PEG 6000 Diestearato de PEG 6000 Sigla P4C12 P4C16 P4C18 P15C12 P15C16 P15C18 P40C12 P40C16 P40C18 P60C12 P60C16 P60C18 Capítulo III – Materiais e Métodos A Tabela III.2 mostra as características dos reagentes usados para os ensaios de reologia em presença de surfactante. Tabela III.2- Características dos reagentes utilizados Fabricante Dodecil Sulfato de Sódio Isofar Cloreto de di-decil dimetil Herga Peso Molecular Sigla (Da) 288,38 119,50 SDS CTAC amônio Hidróxido de Sódio Cloreto de Sódio Barita Cloreto de Potássio Vetec Vetec Cedido pelo Cenpes Cedido pelo Cenpes 40,00 58,50 233,33 74,50 NaOH NaCl BaSO4 KCl As amostras de argilas utilizadas, nos ensaios de inibição foram doadas pela empresa BENTONORTE Ltda (Campinas). De acordo com o catálogo de cores MUNSEL (1975), a argila foi classificada como branca com código 5YR 8/10, e as análises de caracterização química e mineralogia foram determinadas por LIMA, 2004. A proposta inicial deste trabalho foi a formulação dos fluidos a partir dos polímeros modificados, seguida de ensaios de desempenho dos fluidos formulados. Foram realizadas então diversas formulações, variando-se a concentração do polímero e o tipo de polímero e observou-se a necessidade de se ter um maior conhecimento a respeito dos fatores que afetam a viscosidade das soluções. III.3. Tensiometria A determinação da tensão superficial foi realizada em um tensiômetro CHAN TSD (Digital Tensiometer) – Precitech. A partir de várias soluções poliméricas de concentrações conhecidas, Capítulo III – Materiais e Métodos obteve-se o valor da tensão superficial de cada uma dessas soluções. Preparou-se soluções a partir de 1% m/v até valores cinco vezes maiores que a concentração em que se verificava a mudança de viscosidade a olho nu. O experimento consiste em se transferir 25mL da solução polimérica para uma cuba e promover o contato com uma lamínula. A medida da tensão superficial foi realizada na interface da solução polimérica e a lamínula previamente limpa e flambada. Essa lamínula deve ficar a uma distância mínima da solução, sem que haja contato com a solução antes da análise. Através do software WIN DCA300, determinou-se os valores das tensões superficiais. Os resultados são apresentados em gráficos que relacionam tensão superficial em função do Log da concentração. III.4. Reologia das Soluções Poliméricas Foi utilizado um reômetro Haake RS150 (Figura III.1). Os rotores utilizados foram o rotor cilíndrico concêntrico, de titânio, de fenda dupla, DG41 Ti (Figura III.2) para as soluções mais diluídas e os rotores do tipo cone-placa (Figura III.3) foram utilizados para as soluções mais concentradas. Para resfriamento do rotor cilíndrico utilizou-se um banho termostatizado ThermoHaake, tendo como fluido de resfriamento uma mistura de 30% Etilenoglicol e 70% água. Para resfriamento do sensor cone-placa, utilizou-se uma placa controladora baseada no efeito Peltier. Figura III.1- Reômetro Haake RS150. Capítulo III – Materiais e Métodos Figura III.2- Rotor cilíndrico concêntrico – DG41 Ti. Figura III.3- Rotores cone-placa. Capítulo III – Materiais e Métodos III.4.1. Reologia dos Polímeros Modificados As soluções de todos os polímeros modificados foram preparadas nas concentrações: 1, 3, 5, 7, 10, e 20,0% m/v. A taxa de cisalhamento foi variada de 0 a 3000 s-1, nas temperaturas de 0◦C, 4◦C, 10◦C, 20◦C, 40◦C, 60◦C e 90◦C. Dessa maneira pôde-se correlacionar as propriedades reológicas com as estruturas poliméricas em função da concentração, peso molecular do polímero, tamanho da cadeia hidrocarbônica e temperatura. Foram utilizados os rotores cone-placa para as soluções mais viscosas e o DG41 Ti para as mais diluídas. III.4.2. Reologia dos Polímeros Modificados em Presença de Surfactantes Os sistemas poliméricos utilizados para a avaliação do comportamento reológico na presença de surfactantes foram os seguintes: 1, 3 e 5% m/v P60C18 com 0; 1,6 e 3,5% m/v SDS (dodecil sulfato de sódio); 1, 3 e 5,0% m/v P60C18 com 0; 2,4 e 3,0% m/v CTAC (Cloreto de di-dodecil dimetil amônio). III.4.3. Reologia dos Polímeros Modificados em Presença de Sal Os sistemas poliméricos utilizados para avaliar o comportamento reológico pela presença de cloreto de sódio foram soluções de 3, 5 e 7,0% m/v P60C18 em 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10,0% m/v NaCl. Capítulo III – Materiais e Métodos III.5. Formulação dos Polímeros Modificados Os polímeros quimicamente modificados foram submetidos à formulação e ensaios de desempenho de fluidos, em um ensaio preliminar, onde as concentrações utilizadas foram: 1, 2 e 4,0% m/v. Os demais componentes da formulação estão descritos abaixo: • 350 mL de água destilada; • 3,0% m/v KCl; • 28g Barita; • 0,5g NaOH em pastilha (para correção de pH 9,0-10,0). A partir dos resultados das análises químicas, físico-químicas e reológicas, chegou-se à estrutura polimérica que apresentava melhores propriedades para ser utilizada em um fluido de perfuração: o diestearato de PEG 6000 (P60C18). Este, por sua vez, foi utilizado em uma formulação padrão e o mesmo foi submetido a ensaios de desempenho de fluidos de perfuração. Os componentes usados na formulação incluíam o cloreto de potássio (KCl), o qual auxilia na inibição de folhelhos reativos, a barita que é o adensante e o hidróxido de sódio (NaOH) o qual corrige o pH. Não foi utilizado nenhum polímero natural como carboxi-metil-celulose, ou goma de xantana, os quais são usados como viscosificantes em formulações de fluidos de base aquosa. A concentração do cloreto de potássio, que atua como inibidor a folhelhos reativos, foi reduzida à metade quando comparada com uma formulação padrão para um fluido de base aquosa. Capítulo III – Materiais e Métodos A formulação básica utilizada neste trabalho continha: • 350 mL de água destilada; • 6, 10 ou 15% m/v P60C18; • 1,5% ou 3,0%m/v KCl; • 28g Barita; • 0,5g NaOH em pastilha (para correção de pH 9,0-10,0). O polímero P60C18 foi inicialmente solubilizado em 350 mL de água destilada, sob suave aquecimento (T = 30◦C). Após a dissolução, esta solução foi transferida para um “mixer”, que consiste de um conjunto contendo um copo e um misturador elétrico. As adições dos outros componentes foram realizadas em intervalos de tempo de aproximadamente 10 minutos. O fluido obtido nessa formulação foi transferido para uma célula de rolamento (Baroid). III.5.1. Ensaio de Rolamento De acordo com práticas feitas pelas indústrias de petróleo, o procedimento de rolamento ou de envelhecimento constitui-se em submeter os fluidos a aquecimento (66◦C ou 160◦F) e rotação por 16 horas, em uma célula de rolamento. A este fluido foi adicionado 50g de argila branca previamente peneirada (entre as peneiras de numeração ABNT 4 – 8 Mesh). As células foram bem fechadas e submetidas a aquecimento (66◦C). Após 16h transferiu-se o conteúdo da célula para uma peneira de malha 30, o fluido foi novamente para o misturador e em seguida submetido a outros ensaios. A argila recolhida nessa malha foi lavada com água, transferida para uma placa de Petri e seca em estufa por 16h à 100◦C. O material sólido obtido foi pesado e anotou-se seu valor mássico, foi em seguida novamente peneirado em malha 8, pesou-se e anotou-se também a massa retida. A percentagem de argila recuperada em cada malha é obtida pela divisão do valor adquirido em cada uma delas pelo valor inicial de argila adicionado (50g). Capítulo III – Materiais e Métodos A Figura III.4 mostra a célula Bairod, a estufa de rolamento e aquecimento e as peneiras utilizadas. Figura III.4- Célula Bairod, estufa de rolamento e aquecimento e peneiras (malha 8 e 30). III.5.2. Ensaio de Reologia (Viscosidade) As propriedades reológicas dos fluidos formulados foram determinadas em um viscosímetro: Viscometer Modelo 35A da Fann Instrumental Company. Os fluidos formulados foram transferidos para um copo de alumínio do aparelho até a marca de referência. O copo foi ajustado até uma altura de referência para iniciar a medida. Esse viscosímetro fornece resultados em unidades de centipoise (cP). A marcação é feita por um ponteiro que registra o valor da viscosidade. Na lateral do aparelho existe uma chave que, juntamente com um acessório na parte superior, permite mudar a velocidade de rotação. Dessa forma, são seis os diferentes valores de rotação que podem ser obtidos: 600rpm, 300 rpm, 200rpm, 100rpm, 6rpm e 3rpm. As leituras de viscosidade foram feitas nestas rotações e os resultados são apresentados como: L600, L300, L200, L100, L6, e L3 respectivamente. A leitura do Gel Inicial (GI) foi feita desligando-se a rotação em 3rpm aguardando por dez segundos e lendo em L3. O Gel Final (GF) foi obtido aguardando dez minutos. A Figura III.5 mostra o viscosímetro do tipo utilizado neste trabalho. Capítulo III – Materiais e Métodos Figura III.5- Viscosímetro Fann Modelo 35A. A viscosidade aparente (VA), a viscosidade plástica (VP) foram calculados por: VA = L600/ 2 (cP) VP = L600 – L300 (cP) Eq. III.1 Eq. III.2 Os valores de referência para fluidos de base aquosa encontram-se na Tabela III.3. Tabela III.3- Valores de referência para fluidos de base aquosa contendo glicóis (Cenpes/Petrobrás). Parâmetros Valor Esperado (Fluidos de base aquosa Viscosidade Aparente (VA) Viscosidade Plástica (VP) Gel Inicial (GI) Gel Final (GF) contendo Glicóis) 20 – 30 cP 15 – 25 cP 10 – 15 Lbf/ft2 15 – 20 Lbf/ft2 Capítulo III – Materiais e Métodos III.5.3. Filtração Os fluidos após serem submetidos a ensaios de viscosidade foram submetidos à filtração. Transferiuse o fluido para uma célula de filtração deixando um espaço de aproximadamente 1cm na superfície superior. Colocou-se um papel Wahtman n◦4. Fechou-se a célula com o auxílio dos parafusos verteua, colocou-a em um suporte específico para que ocorresse a filtração. Essa filtração foi realizada sob uma pressão de 100 psi (o gás utilizado foi o nitrogênio) por um período de 30 minutos. Recolheu-se o filtrado em uma proveta de 10mL. Em seguida a célula foi aberta e recolheu-se a torta obtida na superfície do papel de filtro. O fluido restante foi descartado em local apropriado para rejeito de fluidos de base aquosa. A Figura III.6 mostra um filtro de ensaio API. Figura III.6- Série de filtros prensa de ensaio API e o esquema mostrando a composição de um filtro prensa. Capítulo III – Materiais e Métodos III.5.4. Ensaio de Lubricidade Foi utilizado para o ensaio de lubricidade um aparelho Lubricity Tester (Fann Instrument Company), do laboratório de fluidos de perfuração do Cenpes/Petrobras. Para a utilização desse aparelho foi necessário condicionar o aparelho da seguinte maneira: passou-se uma ‘lixa’ (carbeto de silício); lavou-se com água e detergente e mediu-se o valor do coeficiente de atrito (µ) para a água até obter o valor de 0,34. Em seguida mede-se o valor do coeficiente de atrito para as soluções previamente preparadas. A Figura III.7 mostra o aparelho utilizado. Figura III.7- Lubricy Tester da Fann Instrument Company. Capítulo IV – Resultados IV.1 Introdução Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos durante o trabalho, os quais consistem naqueles provenientes da determinação da concentração micelar crítica e das medidas reológicas das soluções. São também apresentados os resultados dos ensaios de desempenho dos fluidos formulados. IV.2. Peso Molecular Nominal dos Polímeros Modificados Tabela IV.1- Apresenta os pesos moleculares nominais dos polímeros comerciais, dos ácidos graxos e dos polímeros hidrofobizados. P4 P15 P40 P60 C12 C16 C18 P4C12 P4C16 P4C18 Peso Molecular Nominal (g/mol) 400,00 1500,00 4000,00 6000,00 200,00 256,00 284,00 764,00 876,00 932,00 P15C12 P15C16 P15C18 P40C12 P40C16 P40C18 P60C12 P60C16 P60C18 Peso Molecular Nominal (g/mol) 1864,00 1976,00 2032,00 4364,00 4476,00 4532,00 6364,00 6476,00 6532,00 Capítulo IV – Resultados IV.3. Tensiometria das Soluções Poliméricas A concentração micelar crítica (cmc) foi determinada por tensiometria das soluções poliméricas. A Tabela IV.2 mostra os valores da tensão superficial, as concentrações das soluções para o P60C18 e o Log de algumas concentrações para efeito ilustrativo. O mesmo procedimento de análise foi feito para as soluções de outros polímeros. Tabela IV.2- Variação da tensão superficial com o aumento da concentração. Tensão [P60C18], %m/v [P60C18], mol/L Log [P60C18] - Log [P60C18] Superficial, mN/m 49,2975 ± 0,0001 49,0654 ± 0,0001 48,7952 ± 0,0001 45,7779 ± 0,0001 41,7088 ± 0,0001 40,3728 ± 0,0001 40,3019 ± 0,0001 2,00 3,00 4,00 5,60 6,00 7,00 8,00 3,06 x 10-3 4,59 x 10-3 6,12 x 10-3 8,57 x 10-3 9,19 x 10-3 1,07 x 10-2 1,22 x 10-2 - 2,51 - 2,33 - 2,21 - 2,06 - 2,03 - 1,96 - 1,91 2,51 2,33 2,21 2,06 2,03 1,96 1,91 A partir dos gráficos traçados para cada um dos polímeros modificados, foi possível calcular as respectivas concentrações micelar crítica (cmc). É importante notar que os valores de concentrações devem ser apresentados em mol/L, e dessa forma realizou-se as conversões de unidades de concentração de %m/v para mol/L x %m/v x g → 100mL y g → 1000mL y = 10 . x g/L → z mol Mmolecular → 1 mol z = (10 . x) / Mmolecular Eq. IV.1 Capítulo IV – Resultados Os valores de cmc estão representados na Tabela IV.3. Tabela IV.3- Concentrações micelar crítica expressa em % m/v e em mol/L. Polímero Hidrofobizado P4C12 P15C12 P15C16 P15C18 P40C12 P40C16 P40C18 P60C12 P60C16 P60C18 cmc (% m/v) 33,00 32,00 21,00 6,20 30,00 18,00 6,00 28,00 17,00 5,60 cmc (mol/L) 4,28 x 10-1 1,72 x 10 -1 1,06 x 10 -1 3,05 x 10 -2 6,87 x 10 -2 4,02 x 10 -2 1,32 x 10 -2 4,04 x 10 -2 2,63 x 10 -2 8,57 x 10 -3 IV.4. Cálculo da Energia Livre de Gibbs A partir da Eq II.3, calculou-se a variação da energia de Gibbs de micelização para cada polímero sintetizado: ∆Gmic = µmicela - µmonômero = RT ln(cmc) Eq II.3 A Tabela IV.8 mostra os valores da variação da Energia livre de Gibbs (∆Gmic ), para diferentes polímeros hidrofobizados estudados, onde, T = 298 K e R = 8,314 KJ/mol. Capítulo IV – Resultados Tabela IV.4- Variação de energia livre dos polímeros hidrofobizados. Polímero - ∆Gmic ( KJ/mol) Polímero Hidrofobizado - ∆Gmic ( KJ/mol) Hidrofobizado P4C12 P15C12 P15C16 P15C18 P40C12 2105,94 4361,17 5560,45 8646,80 6634,95 P40C16 P40C18 P60C12 P60C16 P60C18 7962,64 10721,79 7950,34 9013,87 11793,24 IV.4.1. Efeito da Cadeia Hidrocarbônica De acordo com a Eq. II.5 pode-se determinar o valor correspondente à variação da energia livre decorrente da transferência de um grupo CH2 (NCH2) da solução para a micela e as contribuições do grupo polar e das matilas terminais. ∆Gmic = ∆Gmic grupo polar + ∆Gmic CH3 + NCH2 ∆Gmic CH2 Y = b Eq. II.5 + ax Os valores das energias de transferência de unidades de CH2 correspondem ao coeficiente angular (a) da Eq. II.5 e as contribuições das partes polar e metilas terminais correspondem ao coeficiente linear (b). A Tabela IV.5 ilustra os valores de a e b obtidos para as séries de polímeros utilizados neste trabalho. Deve-se lembrar que esses valores estão representados em -∆Gmic. Capítulo IV – Resultados Tabela IV.5- Coeficientes angular e linear para as séries dos polímeros hidrofobizados com os ácidos C12, C16 e C18. a (KJ/mol) 344,31 333,48 302,41 P15 P40 P60 b (KJ/mol) + 3367,00 + 786,72 - 1083,3 IV.5. Reologia das Soluções IV.5.1. Efeito do Peso Molecular dos Polímeros Modificados Para a determinação da dependência da viscosidade das soluções com o peso molecular do polímero determinou-se a viscosidade de uma série de poli(glicóis etilênicos) de diferentes pesos moleculares, hidrofobizados com o ácido láurico (cadeia hidrofóbica C12). A Tabela IV.6 mostra a variação da viscosidade com o aumento do peso molecular dos PEG hidrofobizados com C12 (láurico). PEG Viscosidade, mPa Tabela IV.6- Variação da viscosidade com o peso molecular 400 45,43 do polímero, a uma taxa de cisalhamento de 50 s-1, a uma 1500 56,51 4000 66,57 6000 103,71 temperatura de 20◦C e com concentrações de 7% m/v. Capítulo IV – Resultados IV.5.2. Efeito do Tamanho da Cadeia Hidrofóbica na Viscosidade das Soluções A dependência da viscosidade de soluções poliméricas contendo polímeros hidrofobizados de PEG (P60) com o tamanho da cadeia carbônica está representada na Tabela IV.7. 6000 Tabela IV.7- Variação da viscosidade tamanho da cadeia carbônica, a uma taxa de cisalhamento de 50 s-1, a uma temperatura de 20◦C e com concentrações de 7% m/v. Tamanho da cadeia carbônica Viscosidade, mPa 8 35,43 12 103,91 14 10000,00 16 103100,00 18 430500,00 IV.5.3. Efeito da Temperatura na Viscosidade das Soluções Foram feitas análises reológicas para soluções de todos os polímeros modificados, variando-se a temperatura de análise. A Tabela IV.8 mostra os resultados obtidos para o polímero P 60C18 a uma concentração 7% p/v em três diferentes temperaturas, variando-se a taxa de cisalhamento de 10s-1 a 3000s-1. Capítulo IV – Resultados Tabela IV.8- Viscosidade em diferentes temperaturas de soluções do P60C18. Taxa de cisalhamento, s-1 Viscosidade, mPa 0◦C Viscosidade, mPa Viscosidade, mPa 9140 8782 8638 8623 8750 8724 8805 8795 8834 8820 8751 8291 7935 7363 6633 5278 4560 3930 3342 2820 2366 1999 1713 1421 969 894,2 681,7 363,3 125,8 59,56 10 C 3386 3347 3322 3312 3298 3304 3274 3283 3311 3343 3356 3374 3373 3383 3357 3350 3288 3102 2848 2356 1975 1666 1390 1170 990,9 612,2 621 580,6 514,1 442,4 20◦C 1369 1373 1370 1370 1371 1373 1374 1376 1375 1376 1378 1380 1383 1388 1391 1397 1402 1405 1397 1382 1345 1251 1136 987,3 833,7 710,9 608,3 521,7 449,2 388,6 ◦ 10,03 12,18 14,84 18,02 21,94 26,7 32,51 39,68 48,23 58,78 71,46 87,09 106,2 128,9 157,5 192,3 232,8 282,3 345,6 419,9 510,7 622,7 755,8 922,6 1126 1384 1664 2038 2462 3000 Capítulo IV – Resultados IV.5.4. Efeito da Presença de Surfactantes Um estudo preliminar, sobre o comportamento da viscosidade das soluções na presença de surfactantes, foi feito em um viscosímetro. Foram realizadas análises utilizando-se dois surfactantes iônicos: Dodecil sulfato de sódio (SDS – aniônico); Cloreto de di-decil dimetil amônio (CTAC – catiônico). Os resultados mostraram que para cada concentração de polímero existe uma concentração específica de surfactante, a qual confere ao meio um valor máximo de viscosidade. A Tabela IV.9 apresenta os valores de concentração de surfctantes que levam a viscosidade a um valor máximo. Tabela IV.9- Concentrações ideais de surfactantes que conferem às soluções valores máximos de viscosidade, à temperatura de 20◦C. P60C18 3% m/v P60C18 5% m/v P60C18 7% m/v SDS (%m/v) 3,40 1,60 0,50 CTAC (%m/v) 5,30 2,40 1,70 IV.5.5. Efeito da Presença de Cloreto de Sódio (NaCl) O estudo do comportamento reológico das soluções poliméricas também avaliou a influência da concentração de cloreto de sódio na viscosidade das soluções. A Tabela IV.10 mostra a viscosidade de uma solução de P60C18 à 7% m/v em ausência de NaCl. As Tabelas IV.11 e IV.12 mostram a variação da viscosidade na presença de sal. Capítulo IV – Resultados A Tabela IV.10 mostra a variação da viscosidade da solução 7% m/v P60C18 em ausência de sal em função da temperatura, a uma taxa de 50 s-1. Temperatura,◦C 10,00 20,00 40,00 60,00 90,00 Viscosidade, mPa 4500,00 1300,00 180,00 46,95 11,00 Tabela IV.11- Variação da viscosidade com o aumento da concentração de sal (T = 40 ◦C e Taxa de cisalhamento de 50 s-1 em 7% P60C18). NaCl (% m/v) 0 1 3 5 7 10 Viscosidade, mPa 182,00 189,6 214,75 250,50 273,40 950,00 Tabela IV.12- Apresenta a variação da viscosidade da solução de 7% m/v P60C18 e 10% m/v de NaCl em função da temperatura, a uma taxa de cisalhamento de 50 s-1. Temperatura,◦C 10,00 20,00 40,00 60,00 90,00 Viscosidade, mPa 14320,00 10026,00 1000,00 752,70 707,20 Capítulo IV – Resultados IV.6. Ensaio de Desempenho dos Fluidos Formulados IV.6.1. Ensaios de Reologia IV.6.1.1. Ensaios Reológicos dos Fluidos com Polímeros Modificados Os fluidos formulados contendo os polímeros modificados foram analisados por ensaio reológico em um viscosímetro Fann. Os resultados estão apresentados nas Tabelas a seguir Tabela IV.13- Reologia, VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P4C12. Parâmetro L600 (cP) L300 (cP) L200 (cP) L100 (cP) L6 (cP) L3 (cP) GI (Lbf/100ft2) GF (Lbf/100ft2) VA (cP) VP (cP) Vol filtrado 1% m/v 10,00 7,00 7,00 6,00 2,00 1,50 2,00 2,00 4,00 3,00 12,7 2% m/v 12,00 9,00 8,50 6,50 2,00 1,50 2,00 2,50 6,00 3,00 12,4 4% m/v 15,00 12,00 11,50 11,00 3,50 2,50 3,00 3,00 7,50 3,00 12,00 Capítulo IV – Resultados Tabela IV.14- Reologia, VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P4C16. Parâmetro L600 (cP) L300 (cP) L200 (cP) L100 (cP) L6 (cP) L3 (cP) GI (Lbf/100ft2) GF (Lbf/100ft2) VA (cP) VP (cP) Vol filtrado 1% m/v 14,00 12,00 8,00 7,00 3,00 1,50 2,00 2,00 7,00 2,00 12,00 2% m/v 16,00 11,50 9,00 6,50 4,00 3,50 2,00 3,00 8,00 4,50 11,6 4% m/v 22,00 14,00 11,50 8,00 4,50 3,00 2,50 3,00 11,00 8,00 10,3 Tabela IV.15- Reologia, VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P4C18 Parâmetro L600 (cP) L300 (cP) L200 (cP) L100 (cP) L6 (cP) L3 (cP) GI (Lbf/100ft2) GF (Lbf/100ft2) VA (cP) VP (cP) Vol filtrado 1% m/v 16,00 12,00 8,50 6,00 2,00 1,50 1,50 2,00 8,00 4,00 9,60 2% m/v 19,00 14,00 11,00 8,00 2,50 2,00 2,00 3,00 9,50 5,00 9,50 4% m/v 21,00 13,00 10,00 7,00 2,00 1,50 1,50 2,00 10,50 8,00 9,50 Parâmetro L600 (cP) L300 (cP) L200 (cP) L100 (cP) L6 (cP) L3 (cP) GI (Lbf/100ft2) GF (Lbf/100ft2) VA (cP) VP (cP) Vol filtrado 1% m/v 16,50 10,50 8,00 5,50 2,00 1,50 2,00 2,00 8,25 6,00 9,40 2% m/v 18,00 12,00 9,50 7,00 2,50 2,00 2,50 2,50 9,00 6,00 9,40 4% m/v 23,50 14,00 11,00 7,50 2,50 2,00 2,50 2,50 11,75 9,50 9,20 Capítulo IV – Resultados Tabela IV.16- Reologia, VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P15C12 Tabela IV.17- Reologia, VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P15C16 Parâmetro L600 (cP) L300 (cP) L200 (cP) L100 (cP) L6 (cP) L3 (cP) GI (Lbf/100ft2) GF (Lbf/100ft2) VA (cP) VP (cP) Vol filtrado 1% m/v 17,00 11,00 9,00 6,00 2,00 1,50 2,00 2,50 8,50 6,00 9,00 2% m/v 18,00 12,50 10,00 7,00 2,50 1,50 2,00 2,50 9,00 5,50 8,70 4% m/v 19,00 13,00 10,00 7,50 3,00 2,00 2,00 3,00 9,50 6,00 8,50 Capítulo IV – Resultados Tabela IV.18- Reologia, VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P15C18 Parâmetro L600 (cP) L300 (cP) L200 (cP) L100 (cP) L6 (cP) L3 (cP) GI (Lbf/100ft2) GF (Lbf/100ft2) VA (cP) VP (cP) Vol filtrado 1% m/v 18,00 10,00 9,00 6,00 3,00 2,00 2,00 2,50 9,00 8,00 8,50 2% m/v 18,50 12,00 11,00 8,00 3,50 2,50 3,00 3,00 9,25 6,50 8,50 4% m/v 19,00 11,00 10,00 9,00 3,00 2,50 3,00 3,00 8,50 8,00 8,50 Tabela IV.19- Reologia, VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P40C12 Parâmetro L600 (cP) L300 (cP) L200 (cP) L100 (cP) L6 (cP) L3 (cP) GI (Lbf/100ft2) GF (Lbf/100ft2) VA (cP) VP (cP) Vol filtrado 1% m/v 16,00 9,00 8,00 6,00 2,00 2,00 2,00 2,50 8,00 7,00 8,50 2% m/v 17,00 10,00 9,00 8,00 2,50 2,50 3,00 3,00 8,50 7,00 8,40 4% m/v 19,00 12,00 11,00 9,00 3,00 2,50 3,00 3,00 9,50 7,00 8,60 Capítulo IV – Resultados Tabela IV.20- Reologia, VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o pó límero modificado P40C16 Parâmetro L600 (cP) L300 (cP) L200 (cP) L100 (cP) L6 (cP) L3 (cP) GI (Lbf/100ft2) GF (Lbf/100ft2) VA (cP) VP (cP) Vol filtrado 1% m/v 18,00 8,00 7,00 6,00 3,00 2,50 2,50 3,00 9,00 10,00 8,70 2% m/v 19,00 9,00 8,00 5,00 3,00 2,00 2,00 2,50 9,50 10,00 8,50 4% m/v 19,00 10,00 9,00 6,00 3,00 2,50 2,00 3,00 9,50 9,00 8,50 Tabela IV.21- Reologia, VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P40C18 Parâmetro L600 (cP) L300 (cP) L200 (cP) L100 (cP) L6 (cP) L3 (cP) GI (Lbf/100ft2) GF (Lbf/100ft2) VA (cP) VP (cP) Vol filtrado 1% m/v 18,00 7,00 7,00 5,00 3,00 2,50 2,50 3,00 9,00 11,00 8,60 2% m/v 19,00 8,00 8,00 7,00 3,00 2,00 2,00 2,50 9,50 11,00 8,50 4% m/v 19,00 9,00 9,00 6,00 3,00 2,50 2,00 3,00 9,50 10,00 8,40 Capítulo IV – Resultados Tabela IV.22- Reologia, VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P60C12 Parâmetro L600 (cP) L300 (cP) L200 (cP) L100 (cP) L6 (cP) L3 (cP) GI (Lbf/100ft2) GF (Lbf/100ft2) VA (cP) VP (cP) Vol filtrado 1% m/v 18,00 11,00 10,00 8,00 6,00 3,00 2,50 3,00 9,00 7,00 8,50 2% m/v 19,00 12,00 10,00 9,00 7,00 3,00 2,50 3,00 9,50 7,00 8,40 4% m/v 20,00 14,00 10,00 9,00 7,00 3,00 2,50 3,00 10,00 6,00 8,40 Tabela IV.23- Reologia, VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P60C16 Parâmetro L600 (cP) L300 (cP) L200 (cP) L100 (cP) L6 (cP) L3 (cP) GI (Lbf/100ft2) GF (Lbf/100ft2) VA (cP) VP (cP) Vol filtrado 1% m/v 19,00 12,00 11,00 10,00 8,00 3,00 3,00 3,50 9,50 7,00 8,40 2% m/v 20,50 13,00 12,00 11,00 9,00 3,00 3,00 3,00 10,25 6,50 8,40 4% m/v 22,00 15,00 12,00 10,00 9,00 3,00 3,00 3,00 11,00 7,00 8,30 Capítulo IV – Resultados Parâmetro L600 (cP) L300 (cP) L200 (cP) L100 (cP) L6 (cP) L3 (cP) GI (Lbf/100ft2) GF (Lbf/100ft2) VA (cP) VP (cP) Vol filtrado 1% m/v 20,00 13,00 12,00 10,00 9,00 4,00 3,00 4,00 10,00 7,00 8,30 2% m/v 23,00 15,00 13,00 11,00 9,00 4,00 3,00 4,00 11,50 8,00 8,30 4% m/v 25,00 16,00 14,00 10,00 9,00 4,00 3,00 3,00 12,50 9,00 8,30 Tabela IV.24- Reologia, VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P60C18 Após avaliar o comportamento reológico das soluções poliméricas e determinar o polímero modificado que apresentou os melhores resultados (P60C18), inclusive que também apresentou um comportamento pseudoplástico, passou-se à preparação de fluidos de perfuração variando-se a concentração do P60C18 e a concentração de cloreto de potássio (KCl), que atua como inibidor. Capítulo IV – Resultados IV.6.1.2. Avaliação da Concentração de KCl no Desempenho de uma Formulação Básica, Ensaio do Branco O ensaio em branco foi realizado em duplicata, utilizando água, barita e NaOH. A Tabela IV.25 apresenta o ensaio em branco realizado em três diferentes concentrações de KCl (0, 1,5 e 3,0% m/v). Parâmetro L600 (cP) L300 (cP) L200 (cP) L100 (cP) L6 (cP) L3 (cP) GI (Lbf/100ft2) GF (Lbf/100ft2) VA (cP) VP (cP) Vol filtrado 0% m/v KCl 5,00 3,00 2,00 1,50 1,50 1,50 1,50 2,00 2,50 2,00 14,00 1,5% m/v KCl 5,00 3,00 2,00 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 2,50 2,00 14,00 3,0% m/v KCl 4,00 2,00 2,00 1,50 1,50 1,50 1,50 2,00 2,00 2,00 13,50 Capítulo IV – Resultados IV.6.1.3. Efeito da Concentração de Cloreto de Potássio (KCl) na Reologia das Formulações Contendo de P60C18 A Tabela IV.26 mostra os valores de VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para formulações contendo Parâmetro L600 (cP) L300 (cP) L200 (cP) L100 (cP) L6 (cP) L3 (cP) GI (Lbf/100ft2) GF (Lbf/100ft2) VA (cP) VP (cP) Vol filtrado 1,5% m/v KCl 59,00 39,00 36,00 34,00 15,00 13,00 11,00 12,00 29,50 20,00 5,60 3,0% m/v KCl 63,00 42,00 36,00 45,00 18,00 13,00 12,00 13,00 31,50 21,00 5,70 o polímero modificado P60C18 na concentração 10% m/v, em diferentes concentrações de KCl. Capítulo IV – Resultados IV.6.1.4. Efeito da Concentração de P60C18 na Reolgia das Formulações Contendo 1,5% m/v KCl Tabela IV.27- Apresenta os valores de VA, VP, GI, GF e volume de filtrado para o polímero modificado P60C18 em três diferentes concentrações. Parâmetro L600 (cP) L300 (cP) L200 (cP) L100 (cP) L6 (cP) L3 (cP) GI (Lbf/100ft2) GF (Lbf/100ft2) VA (cP) VP (cP) Vol filtrado 6% m/v P60C18 31,00 18,00 15,00 12,00 7,00 6,00 4,00 5,00 15,50 13,00 8,20 10% m/v P60C18 59,00 39,00 36,00 34,00 15,00 13,00 11,00 12,00 29,50 20,00 5,60 15% m/v P60C18 187,00 145,00 92,00 89,00 51,50 43,00 38,00 40,00 93,50 42,00 3,80 IV.6.2. Ensaio de Inibição O fluido foi envelhecido por 16h em presença de argila branca (4 – 8 Mesh). Após o rolamento verificou-se a recuperação dessa argila em duas malhas (8 e 30 Mesh). Os resultados estão apresentados nas Tabelas a seguir. Capítulo IV – Resultados IV.6.2.1. Resultados de Inibição das Formulações Contendo os Diferentes Polímeros Modificados Tabela IV.28- Porcentagem de massa recuperada no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P4C12. Conc. P4C12 1,00% m/v 2,00% m/v 4,00% m/v % Recuperação (M30) 78,70 83,00 85,00 % Recuperação (M8) 73,13 74,49 74,70 Tabela IV.29- Porcentagem de massa recuperada no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P4C16. Conc. P4C16 1,00% m/v 2,00% m/v 4,00% m/v % Recuperação (M30) 78,20 84,30 86,00 % Recuperação (M8) 72,50 75,32 75,60 Tabela IV.30- Porcentagem de massa recuperada no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P4C18. Conc. P4C18 1,00% m/v 2,00% m/v 4,00% m/v % Recuperação (M30) 79,70 85,10 85,40 % Recuperação (M8) 75,00 76,15 76,30 Capítulo IV – Resultados Tabela IV.31- Porcentagem de massa recuperada no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P15C12. Conc. P15C12 1,00% m/v 2,00% m/v 4,00% m/v % Recuperação (M30) 81,00 85,30 86,10 % Recuperação (M8) 73,00 73,32 74,10 Tabela IV.32- Porcentagem de massa recuperada no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P15C16. Conc. P15C16 1,00% m/v 2,00% m/v 4,00% m/v % Recuperação (M30) 81,10 85,80 86,90 % Recuperação (M8) 73,10 74,45 74,60 Tabela IV.33- Porcentagem de massa recuperada no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P15C18. Conc P15C18 1,00% m/v 2,00% m/v 4,00% m/v % Recuperação (M30) 81,00 85,30 87,10 % Recuperação (M8) 72,00 74,32 75,10 Capítulo IV – Resultados Tabela IV.34- Porcentagem de massa recuperada no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P40C12. Conc P40C12 1,00% m/v 2,00% m/v 4,00% m/v % Recuperação (M30) 83,00 85,40 87,00 % Recuperação (M8) 73,00 73,10 74,30 Tabela IV.35- Porcentagem de massa recuperada no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P40C16. Conc P40C16 1,00% m/v 2,00% m/v 4,00% m/v % Recuperação (M30) 85,15 86,40 87,00 % Recuperação (M8) 71,00 72,10 74,30 Tabela IV.36- Porcentagem de massa recuperada no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P40C18. Conc P40C18 1,00% m/v 2,00% m/v 4,00% m/v % Recuperação (M30) 86,15 87,40 87,60 % Recuperação (M8) 71,90 72,60 75,30 Capítulo IV – Resultados Tabela IV.37- Porcentagem de massa recuperada no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P60C12. Conc P60C12 1,00% m/v 2,00% m/v 4,00% m/v % Recuperação (M30) 83,15 85,40 86,00 % Recuperação (M8) 73,90 74,60 74,80 Tabela IV.38- Porcentagem de massa recuperada no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P60C16. Conc P60C16 1,00% m/v 2,00% m/v 4,00% m/v % Recuperação (M30) 84,15 86,40 86,80 % Recuperação (M8) 74,10 74,40 76,30 Tabela IV.39- Porcentagem de massa recuperada no ensaio de rolamento na presença de 3% p/v KCl em P60C18. Conc P60C18 1,00% m/v 2,00% m/v 4,00% m/v % Recuperação (M30) 85,15 86,40 87,00 % Recuperação (M8) 75,10 75,40 76,80 Capítulo IV – Resultados IV.6.2.2. Resultados dos Ensaios de Inibição de Formulações sem Polímero Modificado (Branco) O ensaio de inibição do branco foi realizado sem a presença dos polímeros modificados. A Tabela IV.40 apresenta o ensaio em branco realizado em três diferentes concentrações de KCl (0, 1,5 e 3,0% m/v). Sistema 0% m/v KCl 1,5% m/v KCl 3,0% m/v KCl % Recuperação (M30) 40,50 52,40 63,00 % Recuperação (M8) 19,10 23,00 34,50 IV.6.2.3. Efeito da Concentração de Cloreto de Potássio (KCl) na Inibição de Folhelhos Reativos em Formulações Contendo P60C18 A Tabela IV.41 mostra a porcentagem de cascalhos recuperados em peneiras de malha 30 e malha 8 para fluidos formulados a partir do polímero modificado P60C18 na concentração 10% m/v, em diferentes concentrações de KCl. Sistema 0,00% p/v KCl 1,5% p/v KCl 3,0% p/v KCl % Recuperação (M30) 60,50 96,00 97,30 % Recuperação (M8) 35,00 85,50 86,00 Capítulo IV – Resultados IV.6.2.4. Efeito da Concentração de P60C18 na Inibição de Folhelhos Reativos Tabela IV.42- Porcentagem de cascalhos recuperados em peneiras de malha 30 e malha 8 para fluidos contendo diferentes teores do polímero hidrofobizado P60C18 e contendo 1,5% p/v KCl. Sistema 6% m/v P60C18 10% m/v P60C18 % Recuperação (M30) 87,70 96,00 % Recuperação (M8) 77,63 85,50 15% m/v P60C18 98,00 91,20 IV.6.3. Ensaio de Lubricidade Um fluido deve possuir também propriedades lubrificantes. As medidas de lubricidade das soluções poliméricas e de alguns compostos padrão estão apresentadas na Tabela IV.47. Tabela IV.43- Coeficientes de atrito de alguns compostos padrões e de fluidos formulados contendo diferentes teores do polímero hidrofobizado P60C18 H2O Óleo Diesel Fluido Base Água (FBA) Fluido Base Óleo (FBO) FBA + lubrificante especial 1% P60C18 2% P60C18 6% P60C18 10% P60C18 15% P60C18 Coeficiente de Atrito (µ) 0,35 0,07 0,22 0,08 0,17 0,34 0,14 0,14 0,13 0,13 Capítulo V – Discussão V.1. Introdução Neste capítulo serão discutidos os resultados obtidos na determinação da cmc para cada polímero modificado, no cálculo de ∆Gmic, nas medidas reológicas e nos ensaios de desempenho dos fluidos. V.2. Peso Molecular Nominal dos Polímeros Modificados Os polímeros modificados foram obtidos durante o desenvolvimento do Projeto de Curso (ALBUQUERQUE, 2003), e são derivados dos poliéteres comerciais. A introdução de ácido láurico (C12), palmítico (C16) e esteárico (C18) ao final da cadeia dos poliéteres pode ser descrita de maneira geral, pela equação: HO-(CH2-CH2-O)n-CH2-CH2-OH + 2RCOOH → R-COO-(CH2-CH2-O)n-CH2-CH2-OOC-R + 2H2O A partir dos valores dos pesos moleculares nominais dos homopolímeros e dos ácidos graxos determinou-se o peso molecular nominal dos polímeros modificados. Os resultados encontram-se na Tabela IV.1. V.3. Tensiometria das Soluções Poliméricas Mediu-se o valor da tensão superficial e plotou-se esse valor em função do Log da concentração, indicando que a cmc corresponde ao ponto de inflexão da curva obtida. Capítulo V – Discussão A Figura V.1 apresenta a curva obtida para o polímero hidrofobizado P60C18. Tensão Superficial, mN/m 55 50 45 40 35 30 1 2 3 - Log [P60C18] 4 Figura V.1- Variação da tensão superficial em função do Log [P60C18]. O ponto de inflexão corresponde à concentração micelar crítica (cmc), e dessa forma, determinou-se experimentalmente os valores de cmc para cada polímero hidrofobizado, os valores de cmc de cada polímero encontram-se na Tabela IV.3. Dentre todos os polímeros modificados avaliados o P60C18 foi o que apresentou a menor cmc (8,57x10-3mol/L). V.4. Cálculo da Energia Livre de Gibbs Os resultados da Tabela IV.4 mostram que todos os valores obtidos são negativos, logo em todos os casos o processo de micelização deverá ser espontâneo. Além disso, esses valores de variação da energia livre de micelização variam de acordo com a estrutura polimérica que dará origem às micelas. À medida que se aumenta o tamanho da cadeia hidrocarbônica (ao se passar de C12 a C18) em uma série contendo um PEG com um determinado peso molecular, observa-se um aumento na variação de energia livre de Gibbs (Figura V.2), e esse aumento deverá estar relacionado com uma maior estabilidade das micelas formadas. Pode-se afirmar, portanto, que quando se têm maiores tamanhos de cadeia hidrocarbônica hidrofóbica a estabilidade das micelas será maior. Capítulo V – Discussão -∆ Gmic, KJ/mol 13000 12000 11000 10000 9000 8000 7000 10 12 14 16 18 20 Núme ro de átomos do se gme nto hidrofóbico Figuras V.2- Influência do tamanho do segmento hidrofóbico na variação da energia livre de Gibbs do processo de micelização do P60. O aumento do peso molecular do polímero, mantendo-se constante o tamanho da cadeia hidrocarbônica hidrofóbica, também leva a um aumento da variação da energia livre de Gibbs, como mostra a Figura V.3. Dessa maneira, pode-se sugerir que o fator de maior influência na variação da energia livre de Gibbs é o tamanho da cadeia hibrocarbônica (parte hibrofóbica). ∆ Gmic,KJ/mol 13000 12000 11000 10000 9000 8000 7000 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 PEG Figuras V.3- Variação do ΔG com o peso molecular do polímero, mantendo-se constante o tamanho do segmento hidrofóbico C18. Capítulo V – Discussão É importante observar que não se conseguiu medir a cmc, e portanto o ∆G, quando se utilizou o menor polímero PEG 400 hidrofobizado com as maiores cadeias (C16 e C18). Isso indica, que o tamanho da cadeia hidrofílica é muito pequena em relação à parte hidrofóbica, o que dificultaria a sua solubilização em água e conseqüentemente a formação de micelas. O único polímero derivado do PEG 400 que formou micela foi aquele hidrofobizado com C12 (P4C12), que apresenta a menor cadeia hidrofóbica, cujos resultados estão na Tabela IV.4. V.4.1. Influência do Peso Molecular do Polímero na Energia de Transferência de Unidades de CH2 da Solução para a Micela Foram plotados os valores de variação da energia livre de Gibbs do processo de micelização para os polímeros hidrofobizados de PEG1500, PEG 4000 e PEG 6000 contra o número de unidades de CH2 nos segmentos hidrofóbicos, como discutidos no item II.4.1. O coeficiente angular para a reta obtida representa a energia de transferência de unidades de CH2 da solução para a micela. As retas contidas nas Figuras V.4, V.5 e V.6 apresentam os resultados obtidos para os respectivos polímeros. y = 344,31x - 3367,6 ∆ Gmic, KJ/mol 10000 R2 = 0,9639 8000 6000 4000 2000 0 20 25 30 Número CH2 no segmento hidrofóbico 35 Figura V.4- Variação de energia livre x número de CH2, para o PEG 1500 Capítulo V – Discussão y = 333,48x - 786,72 12000 10000 8000 6000 4000 2000 0 ∆ Gmic, KJ/mol R2 = 0,988 20 25 30 35 Número de CH2 no segmento hidrofóbico Figura V.5- Variação de energia livre x número de CH2, para o PEG 4000 y = 302,41x + 1083,3 ∆ Gmic, KJ/mol 15000 R2 = 0,9142 10000 5000 0 20 25 30 35 Número de CH2 no segmento hidrofóbico Figura V.6- Variação de energia livre x número de CH2 para o PEG 6000 A série que apresentou o menor valor de coeficiente angular foi a do polímero PEG , mostrando 1500 que este é o polímero que apresenta a maior facilidade de transferência de unidades de CH2 da solução para a micela, ou seja, o PEG1500 por apresentar menor tamanho possui uma maior capacidade de mobilidade de unidades de CH2 deixarem a solução para formar a micela. Capítulo V – Discussão V.5. Reologia das Soluções Soluções aquosas de todos os polímeros modificados foram submetidas à análise reológica, variandose a o peso molecular do polímero, o tamanho da cadeia carbônica, a temperatura do ensaio e também a adição de surfactantes e de sal. Estudou-se o comportamento dessas soluções, sob essas condições, em baixas e altas taxas de cisalhamento. V.5.1. Efeito do Peso Molecular dos Polímeros Modificados na Viscosidade de soluções a 7% m/v Para se estudar o efeito do tamanho da cadeia do poliéter na viscosidade das soluções, para um mesmo tamanho de segmento hidrofóbico, foi escolhido o conjunto de polímeros derivado do ácido láurico (C12). Esta escolha foi baseada no fato de este ser o único sistema em que a solubilização em água para todos os componentes do sistema (PEG 400, PEG 1500, PEG 4000, e PEG 6000). A concentração escolhida foi de 7% m/v, que para esses sistemas corresponde a concentrações abaixo da cmc dos polímeros. Esta escolha foi feita para permitir comparações com os estudos feitos com P60C18, realizados em concentrações de 7% m/v. Mantendo-se constante o tamanho da cadeia hidrocarbônica (láurico C12), observou-se que o aumento do peso molecular do polímero resulta em um acréscimo na viscosidade das soluções, como mostra a curva da Figura V.7. Viscosidade,mPa 120 100 80 60 40 20 0 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 PEG Figura V.7- Efeito do peso molecular dos polímeros na viscosidade das soluções a uma taxa de cisalhamento de 50 s-1, a uma temperatura de 20◦C e com concentrações de 7% m/v. Capítulo V – Discussão Sabe-se que uma solução aquosa de um polímero apresenta aumento da viscosidade com o aumento do peso molecular da cadeia polimérica (ALBUQUERQUE, 2003). Ao se analisar o gráfico da Figura V.7, observa-se que ocorre um aumento na viscosidade mais acentuado a partir do peso molecular 4000 Da (PEG 4000). Esse aumento pode estar relacionado ao fato de que, ao se aumentar o tamanho do PEG o polímero modificado pode funcionar como um ligador de micela, ou seja, participar de duas micelas ao mesmo tempo. Um polímero que apresente uma menor cadeia hidrofílica não tem tamanho suficiente para alcançar micelas diferentes. A Figura V.8 mostra o esquema do polímero BAB como ligador de micela. Figura V.8- Polímero do tipo BAB atuando como ligador de micela. V.5.2. Efeito do Tamanho da Cadeia Hidrofóbica na Viscosidade das Soluções As curvas mostradas na Figura V.9 apresentam a variação na viscosidade das soluções derivadas de polímero com um mesmo peso molecular (PEG6000), porém com tamanhos de cadeia hidrocarbônica diferentes. Viscosidade, mPa 500 400 300 200 100 0 Viscosidade, mPa 0 2 4 6 8 10 12 Tamanho da cadeia hidrofóbica 5,00E+06 4,00E+06 3,00E+06 2,00E+06 1,00E+06 0,00E+00 0 5 10 15 20 Tamanho da Cadeia hidrofóbica Figura V.9- Efeito do tamanho do segmento hidrofóbico na viscosidade das soluções de PEG 6000 a uma taxa de cisalhamento de 50 s-1, a uma temperatura de 20◦C e com concentrações de 7% m/v. Capítulo V – Discussão Os resultados mostram que a viscosidade cresce abruptamente para segmentos hidrofóbicos acima de 8 átomos de carbono. Isso significa dizer que as soluções que irão apresentar os valores mais elevados de viscosidade serão aquelas que possuírem em sua constituição, os maiores tamanhos de cadeia hidrocarbônica. Esse efeito pode ser uma conseqüência do fato de cadeias hidrocarbônicas maiores levarem a micelas mais estáveis, como mostrado nas medidas de variação de energia livre de Gibbs do processo de micelização. V.5.2.1. Peso Molecular dos Polímeros Modificados X Tamanho da Cadeia Hidrofóbica Comparando-se os resultados obtidos para viscosidades de soluções onde se variou o peso molecular dos polímeros modificados e o tamanho da cadeia hidrofóbica, observa-se que ao se variar o tamanho da cadeia hidrofóbica das soluções, estas apresentam viscosidades mais elevadas que as obtidas ao se variar o peso molecular dos polímeros. Dessa forma, pode-se concluir que o fator de maior influência no aumento da viscosidade das soluções é o tamanho da cadeia hidrofóbica. De acordo com o modelo proposto para formação de micela em meio aquoso para o polímero do tipo BAB, a parte hidrofóbica encontra-se no centro da micela (B) e a hidrofílica encontra-se fora da micela (A), interagindo com a água, como ilustra a Figura V.10. B A B Figura V.10- Micela formada a partir de polímero do tipo BAB em meio aquoso. A presença do grupo hidrofóbico presente na parte interna da micela é, portanto, responsável pela estabilização da mesma, além de conferir às soluções um aumento na viscosidade. A estabilização das micelas formadas e o aumento na viscosidade estão relacionados às interações entre os segmentos da cadeia hidrofóbica, portanto, para um maior segmento hidrofóbico haverá formação de micelas mais estáveis e conseqüentemente as viscosidades das soluções serão maiores. Capítulo V – Discussão V.5.3. Efeito da Temperatura no Comportamento Reológico das Soluções de P60C18 A variação de temperatura para um sistema micelar pode alterar significativamente a viscosidade desse sistema, uma vez que ao se aumentar a temperatura, aumenta-se também o grau de agitação das moléculas, e dessa forma a viscosidade da solução cai. A Figura V.11 mostra o comportamento reológico de soluções de P60C18, à 7% m/v observado com a variação da temperatura. A 0◦C o valor da viscosidade à baixas taxas de cisalhamento é muito superior ao valor encontrado à 20◦C. Isso pode ser explicado, devido ao fato de, a temperaturas mais baixas, haver um menor grau de agitação das cadeias, e dessa maneira a micela permanece mais estável, conferindo ao meio uma viscosidade mais alta. Além disso, a temperaturas menores ocorre uma aproximação maior das cadeias e, portanto uma maior interação entre elas, aumentando a viscosidade. Viscosidade, mPa 10000 8000 0C 6000 10C 4000 20C 2000 0 0 2000 4000 Taxa de cisalhamento, s-1 Figura V.11 - Efeito da temperatura no comportamento reológico da solução P60C18 7%m/v. Capítulo V – Discussão A presença de um Platô a baixas taxas de cisalhamento indica que nessas taxas a viscosidade das soluções é independente da variação da taxa. Á medida que se aumenta a taxa de cisalhamento, as micelas se desfazem, orientam-se e escoam na direção do fluxo e a viscosidade diminui, demonstrando um comportamento pseudoplástico. Foram realizadas outras análises reológicas, a partir dos outros polímeros modificados, e em todos os casos, observou-se o mesmo comportamento em relação à temperatura. No entanto, não se obteve valores de viscosidade tão elevados como os obtidos pelo P60C18. Os outros resultados encontram-se no Anexo I. Como o polímero modificado P60C18 apresentou bons resultados reológicos e também um comportamento pseudoplástico, ele foi utilizado para estudar os efeitos no comportamento reológico ao se variar a presença de surfactantes e de cloreto de sódio. Ele também foi utilizado em diferentes concentrações em ensaios de desempenho de fluidos de perfuração. V.5.4. Efeito da Presença de Surfactante Os diferentes valores de viscosidade máxima encontrados para os sistemas contendo surfactantes, mostrados na Tabela IV.9, indicam a existência de uma dependência da concentração do surfactante com a concentração do polímero utilizado. Na Tabela IV.9 são mostrados, para o polímero P60C18, resultados para três concentrações de polímero, uma abaixo da cmc, uma próxima à cmc e outra acima da cmc. Nota-se que ao se aproximar da cmc, o valor de concentração de surfactante, que leva a um valor máximo de viscosidade, se desloca para valores menores, ou seja, acima da cmc é necessária uma menor concentração de SDS para conferir ao meio uma elevação da viscosidade. Isso pode ser uma conseqüência do fato do que o fator que promove o maior aumento da viscosidade das soluções ser a formação de micelas do próprio polímero. Capítulo V – Discussão Um surfactante em meio aquoso, dependendo da concentração, também pode estar sob a forma de micelas. Por outro lado, na presença de uma solução polimérica, que também forme micelas, o surfactante pode fazer parte da estrutura micelar do polímero, apresentando o comportamento de viscosidade, cP viscosidade como mostrado na Figura V.12. 300 200 100 0 0 1 2 3 concentração SDS, %m/v 4 Figura V.12- Variação da viscosidade em função da concentração do surfactante (SDS), para soluções do polímero P60C18 a uma concentração de 5% m/v à 20◦C. Ao se adicionar um surfactante a uma solução polimérica observa-se que a viscosidade da solução aumenta até um determinado valor e depois diminui. Pode-se dizer que são dois fatores que influenciam essa grande mudança de comportamento. Em um primeiro momento, os contra-íons do surfactante blindam as repulsões entre os grupos polares, conferindo ao meio uma maior estabilidade para as micelas, como mostrado na Figura V.13. Figura V.13- Blindagem realizada por íons sódio (verde) impedindo repulsões das cabeças polares (vermelho). Capítulo V – Discussão Após atingir um limite de concentração desse surfactante, nota-se que a viscosidade cai. Isso pode ser explicado devido ao excesso de contra-íons em solução, e a presença desses íons em excesso dificultaria a estabilidade das micelas em água (repulsão entre os contra-íons na superfície micelar). V.5.5. Efeito da Presença de Cloreto de Sódio (NaCl) Durante a perfuração de um poço de petróleo, dependendo da profundidade do poço, o fluido pode alcançar temperaturas maiores que 60◦C. Resultados prévios tem mostrado que, um dos grandes problemas da utilização desses polímeros modificados como aditivos de fluidos é em relação à temperatura. 200 150 100 Para uma solução polimérica de concentração 7,0% m/v de P60C18, verificou-se que os valores das 50 0 40 60 80 T emp e r at ur a 100 viscosidades obtidas caem drasticamente com a temperatura, apresentando valores extremamente Viscosidade, mPa baixos a partir de 40◦C, como mostra a Figura V.14. 5000 4000 3000 2000 1000 0 0 20 40 60 80 100 Temperatura, ◦C Figura V.14- Variação da viscosidade de soluções 7% m/v P60C18 em função da temperatura Sabe-se que a presença de sais pode ajudar na estabilização das micelas formadas, uma vez que o grupo hidrofóbico terá uma maior tendência a formar a micela, saindo da solução aquosa para formar a micela, ao invés de permanecer na solução salina: efeito “salting out”. Dessa forma, estudou-se sistemas poliméricos que apresentavam diferentes concentrações de NaCl, como mostrado no gráfico da Figura V.15. Capítulo V – Discussão O gráfico da Figura V.15 mostra o aumento da viscosidade em função da concentração de NaCl Viscosidade, mPa adicionado. 1000 800 600 400 200 0 0 2 4 6 NaCl,%m/v 8 10 12 Figura V.15- Variação da viscosidade com o aumento da concentração de sal (T = 40◦C e Taxa de cisalhamento de 50 s-1 em 7% m/v P60C18). De acordo com os resultados obtidos pela adição de cloreto de sódio, mantendo-se constante a temperatura em 40◦C, observou-se que acima da concentração de sal correspondente a 6% m/v, ocorre um aumento significativo na viscosidade das soluções, sugerindo que o NaCl esteja realmente estabilizando as micelas. O melhor valor obtido, dentro da faixa estudada foi para a concentração de 10 % m/v de NaCl. Um outro estudo importante é, portanto, a avaliação do comportamento reológico das soluções poliméricas em presença de cloreto de sódio em diferentes temperaturas, visando, portanto, obter informações a respeito do efeito da temperatura na estabilidade das micelas formadas. A Figura V.16, apresenta os resultados de viscosidade para um sistema contendo 10% m/v de NaCl, a uma taxa de cisalhamento de 50 s-1 em 7% m/v P60C18, submetido a diferentes temperaturas. O gráfico foi ampliado na região que corresponde às temperaturas mais altas visando uma melhor visualização dos valores de viscosidade obtidos (Figura V.17). Viscosidade, mPa Capítulo V – Discussão 20000 15000 10000 5000 0 0 20 40 60 Temperatura, ◦C 80 100 Figura V.16- Variação da viscosidade em função da temperatura (7% m/v P60C18 e 10% m/vNaCl). A ampliação dos gráficos na região de temperaturas mais elevadas, na presença e na ausência de Viscosidade,mPa NaCl, é mostrada na Figura V.17. 1000 sem NaCl 500 com NaCl 0 40 60 80 100 Temperatura,◦C Figura V.17- Variação da viscosidade em função da temperatura (7% m/v P60C18 a 0% m/v e a 10% m/vNaCl). Os resultados mostram que, na ausência de NaCl e em temperaturas de aproximadamente 40◦C a viscosidade diminui, sugerindo que as micelas estão se desfazendo. Entretanto, na presença de 10% m/v NaCl a viscosidade foi mantida em valores relativamente altos, mesmo em temperaturas maiores que 80◦C. A presença de sal mantém o sistema mais estável, em uma faixa de temperatura considerável. Capítulo V – Discussão V.6. Ensaio de Desempenho dos Fluidos Formulados V.6.1. Ensaios de Reologia V.6.1.1. Ensaios Reológicos dos Fluidos com Polímeros Modificados Inicialmente realizaram-se os ensaios de desempenho de fluidos formulados com todos os polímeros modificados, nas concentrações de 1, 2 e 4 % p/v. Os resultados obtidos para VA, VP, GI e GF são muito inferiores aos valores que um fluido deve possuir para desempenhar suas funções com eficiência. V.6.1.2. Avaliação da Concentração de KCl no Desempenho de uma Formulação Básica, Ensaio do Branco O ensaio em branco foi realizado sem a presença do polímero modificado P60C18. O gráfico da Figura V.18 mostra as viscosidades aparente e plástica para diferentes teores de KCl e a Figura V.19 mostra o gel inicial e final para o mesmo sistema. O gráfico informa também os valores ideais de VA, VP, GI e GI, para fluidos de base aquosa contendo glicóis. Capítulo V – Discussão Viscosidade,cP Viscosidade Aparente/ Viscosidade Plástica 30 20 VA (cP) 10 VP (cP) 0 0% p/v KCl 1,5% p/v KCl 3% p/v KCl Valor ideal Figura V.18- Viscosidade aparente e plástica do branco. Lbf/100ft2 Gel Inicial/ Gel Final 25 20 15 10 5 0 GI GF 0% p/v KCl 1,5% p/v KCl 3% p/v KCl Valor ideal Figura V.19- Gel inicial e gel final do branco. Observa-se que para as três diferentes concentrações de KCl, na ausência de P60C18, os valores de VA, VP, GI e GF são baixos, pois neste caso não há nenhum modificador reológico presente. V.6.1.3. Efeito da Concentração de Cloreto de Potássio (KCl) na Reologia das Formulações Contendo de P60C18 As Figuras V.20 e V.21 mostram os resultados para VA, VP, GI e GF para sistemas contendo 10,0% m/v P60C18, variando-se a concentração de KCl. A Figura informa também os valores ideais de VA, VP, GI e GI, para fluidos de base aquosa contendo glicóis. Capítulo V – Discussão Viscosidade,cP Viscosidade Aparente/ Viscosidade Plástica 40 30 VA 20 VP 10 0 1,5% p/v KCl 3% p/v KCl Valor ideal Figuras V.20- Viscosidade aparente e plástica Lbf/ft2 Gel Inicial/ Gel Final 25 20 15 10 5 0 GI GF 1,5% p/v KCl 3% p/v KCl Valor ideal Figura V.21- Gel inicial e gel final Nota-se, que para esse sistema polimérico em termos de viscosidades e em termos de gel formado a redução do teor de KCl não provoca uma grande variação nessas medidas. Dessa forma, utilizou-se o KCl em concentração de 1,5% m/v para se avaliar o efeito da variação da concentração do polímero. Comparando-se com os valores ideais os fluidos formulados apresentam VA, VP, GI e GF próximos aos valores ideais. Capítulo V – Discussão V.6.1.4. Efeito da Concentração de P60C18 na Reolgia das Formulações Contendo 1,5% m/v KCl Uma solução polimérica apresenta propriedades reológicas muito diferentes em situações de concentrações abaixo e acima da cmc. Isso pode ser explicado devido ao fato de haver uma grande diferença estrutural (micelas) em meio aquoso. Dessa forma, trabalhou-se com concentrações acima da cmc, para garantir um valor mais elevado de viscosidade. Fluidos apresentando diferentes concentrações de P60C18, contendo 1,5% m/v KCl, foram analisados por ensaios de reologia. Os resultados estão apresentados nas Figuras V.22 e V.23. Viscosidade,cP Viscosidade Aparente/ Viscosidade Plástica 100 80 60 40 20 0 VA (cP) VP (cP) 6% 10% 15% P60C18 P60C18 P60C18 Valor ideal Figura V.22 - Viscosidade aparente e plástica dos fluidos contendo P60C18 Lbf/ft2 Gel Inicial/ Gel Final 50 40 30 20 10 0 GI GF 6% P60C18 10% P60C18 15% P60C18 Valor ideal Figuras V.23- Gel inicial e gel final dos fluidos dos fluidos contendo P60C18. Capítulo V – Discussão Um fluido de perfuração não deve apresentar valores de VA, VP, GI e GF baixos, pois dessa forma ele não conseguiria sustentar os cascalhos. De igual modo, se esses valores forem muito elevados, o sistema apresentará uma resistência muito grande ao ser novamente bombeado. As medidas do GI e do GF tem como objetivo avaliar o comportamento pseudoplástico, ou seja, um GI e GF altos indicam uma grande resistência da solução em diminuir a sua viscosidade ao ser novamente cisalhada. Um GI e GF baixos, significa que a solução não consegue aumentar sua viscosidade (neste caso formar micelas e sustentar os cascalhos) quando em situação de baixo cisalhamento. A Tabela III.3 apresenta os valores esperados de GI, GF, VA e VP esperados para fluidos a base de água contendo glicóis. De acordo com os valores esperados o único fluido formulado mostrado nas Figuras V.22 e V.23 que se enquadra dentro das normas é o fluido formulado com 10% m/v P60C18. Um outro ensaio API é o de filtração. Neste ensaio avalia-se o desempenho do fluido como um redutor de filtrado, isto é, a sua capacidade de impedir a entrada de água para o interior da formação rochosa, e de formar um reboco não muito espesso nas paredes do poço. Existe uma faixa de valor ótimo para esse filtrado de fluidos de base aquosa. O valor obtido para o fluido formulado com 10% m/v P60C18, e 1,5 % KCl, foi de 5,6mL, o que significa que o volume de fluido que se perde para a formação rochosa é satisfatoriamente baixo, e a torta formada apresentou-se fina e não quebradiça. Capítulo V – Discussão V.6.2. Ensaio de Inibição Uma boa recuperação significa dizer que a argila colocada em contato com o fluido manteve sua integridade. Fluidos de perfuração devem possuir essa característica de não atacar as formações rochosas, inibindo possíveis reações de folhelhos sensíveis à água. V.6.2.1. Resultados de Inibição das Formulações Contendo os Diferentes Polímeros Modificados Os ensaios de inibição realizados com os polímeros modificados, em presença de 3,0% m/v KCl apresentaram uma porcentagem máxima de recuperação para a malha 30 correspondente a 87,0% e para a malha 8, uma recuperação máxima de 76,8%, valores considerados aceitáveis para a inibição. No entanto deseja-se aumentar esse percentual de recuperação, visto que, quanto melhor a recuperação menor é o ataque do fluido sobre a formação, mantendo a integridade da formação rochosa. V.6.2.2. Resultados dos Ensaios de Inibição de Formulações sem Polímero Modificado (Branco) O ensaio de inibição do branco foi realizado sem a presença do polímero modificado P60C18. A Figura V.24 apresenta o ensaio em branco realizado em três diferentes concentrações de KCl (0, 1,5 e 3,0% m/v). Malha 8 100 50 0 0,00% m/v KCl 1,5% m/v KCl 3,0%m/v KCl % Massa Recuperada % Massa Recuperada Malha 30 100 50 0 0,00% m/v KCl 1,5% m/v KCl 3,0%m/v KCl Figura V.24- Ensaios de inibição do branco contendo diferentes concentrações de KCl. Capítulo V – Discussão Observa-se que o aumento da concentração de KCl melhora a recuperação da argila. Isso pode ser compreendido pelo fato dos íons K+ se difundirem dentro das entrecamadas dos folhelhos, impedindo a delaminação, como ilustrado na Figura II.7. V.6.2.3. Efeito da concentração de cloreto de potássio (KCl) na inibição de folhelhos reativos em Formulações Contendo P60C18 A Figura V.25 apresenta o ensaio de inibição a diferentes concentrações de KCl para sistemas contendo 10% m/v P60C18. Malha 8 100 50 0 0,00% m/v KCl 1,5% m/v KCl 3,0% m/v KCl % Massa Recuperada % Massa Recuperada Malha 30 100 50 0 0,00% m/v KCl 1,5% m/v KCl 3,0% m/v KCl Figura V.25- Ensaios de inibição variando-se a concentração do KCl De acordo com os gráficos da Figura V.24, observa-se que ocorre uma baixa recuperação quando em ausência de KCl. No entanto, fluidos formulados com 1,5% m/v e 3% m/v KCl, apresentam aproximadamente os mesmos valores de porcentagem de massa recuperada. Além disso, comparandose este sistema com o branco, nota-se que a presença do polímero modificado melhora a recuperação. Capítulo V – Discussão V.6.2.4. Efeito da Concentração de P60C18 na Inibição de Folhelhos Reativos A Figura V.26 mostra o ensaio de inibição para diferentes concentrações do polímero P60C18, em um sistema contendo 1,5% m/v KCl. Malha 8 100 50 0 6% m/v P60C18 10% m/v P60C18 15% m/v P60C18 % Massa recperada % Massa Recperada Malha 30 100 50 0 6% m/v P60C18 10% m/v P60C18 15% m/v P60C18 Figura V.26- Resultados de inibição dos fluidos formulados. Os resultados de inibição indicam que todos os fluidos formulados a partir do P60C18 apresentaram rendimentos de massa recuperada acima de 70%, em ambas as malhas, sendo que os rendimentos obtidos pelos fluidos formulado com maiores concentrações do P60C18, chegaram a 98 % para a malha 30 e 91,2% para a malha 8. Capítulo V – Discussão O modelo proposto para a excelente atuação do polímero hidrofobizado (BAB) como inibidor de reatividade sugere que esteja ocorrendo um impedimento da entrada de água nas entrecamadas dos folhelhos reativos, devido à obstrução desses espaçamentos basais por arranjos espaciais dos segmentos hidrofóbicos, que estariam enovelados, como mostrado na Figura V.27. Figura V.27- Polímero hidrofobizado formando uma rolha nas entrecamadas da estrutura. V.6.3. Ensaio de Lubricidade O gráfico da Figura V.28 apresenta os coeficientes de atrito de alguns padrões e das soluções (F ca BO nt ) e es pe cia 1% l P6 0C 18 2% P6 0C 18 6% P6 0C 10 18 % P6 0C 15 18 % P6 0C 18 le o (F lu br ifi Ba se Ó ie se l D Ág ua + A FB Fl ui do B as e Ó le o Fl ui do BA ) 0,4 0,35 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 H2 O Coeficiente de Atrito (µ) poliméricas do P60C18 nas concentrações 1, 2, 6, 10 e 15% m/v. Figura V.28- Coeficiente de atrito. Capítulo V – Discussão Nota-se que ao se aumentar o teor do polímero modificado P60C18 de 1% m/v para 2% m/v, observa-se uma diminuição no valor do coeficiente de atrito, e conseqüentemente um aumento da lubricidade. Isso pode ser explicado em função do mecanismo de adsorção desse tipo de polímero BAB, como mostra a Figura V.29. Figura V.29- Esquema de adsorção dos polímeros modificados BAB em uma superfície metálica. O fato dos melhores valores de lubricidade terem sido obtidos para maiores concentrações de P60C18 está relacionado ao fato de que em baixas concentrações existe uma menor quantidade de moléculas de polímero do tipo BAB, e que esta quantidade talvez não seja suficiente para formar uma monocamada na superfície do metal, e diminuir o atrito. Quanto menor o coeficiente de atrito maior a lubricidade. Dessa forma, os componentes da FiguraV.28 que apresentam maior lubricidade foram: o Óleo Diesel, o FBO, o FBA + lubrificante especial, o 2% m/v P60C18 , o 6% m/v P60C18, o 10% m/v P60C18 e o 15% m/v P60C18. Como o fluido a base óleo vem sendo substituído por questões ambientais, o fluido desenvolvido neste trabalho de base aquosa apresenta grande potencial como lubrificante. Os resultados obtidos (Figura V.28) mostram que o FBA + lubrificante especial apresenta maior coeficiente de atrito, portanto, menor lubricidade que o sistemas poliméricos que apresentam concentrações acima de 2% m/v P60C18. Capítulo VI – Conclusões A tensão superficial determinada para as soluções de cada polímero modificado permitiu o conhecimento da concentração micelar crítica (cmc) das soluções e a cmc para o P 60C18 que é o polímero para modificado que apresentou o melhor desempenho, foi de 8,7x10-3 mol/L. Foi possível através da equação estudada por HIEMENS (1986) e ROSEN (1989), determinar a energia de transferência de unidades de CH2 da solução para a micela. O polímero que apresentou a menor energia de transferência de unidades de CH2 da solução para a micela foi o PEG6000. O resultado indica que, para o polímero PEG6000, ocorre uma maior facilidade de unidades de CH2 deixarem a solução e formarem as micelas. As medidas termodinâmicas de ∆G mostraram que o fator que mais influencia na estabilização das micelas é o aumento do tamanho da cadeia hidrocarbônica. Esse fato também foi verificado por análises reológicas. Pode-se concluir que o que estabiliza a micela são os segmentos hidrofóbicos, que ficam no interior da micela. Provavelmente, a maior estabilização é devida, às maiores interações intermoleculares entre maiores cadeias hidrocarbônicas. A mudança do comportamento reológico das soluções poliméricas com a variação da temperatura, presença de surfactante e sal pode ser avaliada pela estabilidade das micelas formadas. Micelas mais estáveis apresentaram soluções com viscosidades mais elevadas. O surfactante ao ser adicionado em uma solução polimérica, inicialmente aumenta a viscosidade da solução, pois ocorre a formação de micelas do tipo: surfactante-surfactante, surfactante-polímero e polímero-polímero. A concentração do surfactante SDS que forneceu o máximo de viscosidade para soluções do polímero P60C18 a uma concentração de 5% m/v foi de 1,60% m/v. Capítulo VI – Conclusões Foi possível obter sistemas micelares estáveis mesmo a temperaturas maiores que 40◦C, adicionando NaCl em concentração maior que 6,0% m/v. Os resultados de VA, VP, GI e GF, que um fluido deve possuir foi obtido com o polímero P60C18 a uma concentração de 10% m/v. O polímero P60C18 apresentou uma excelente inibição e os rendimentos de massa recuperada foi de a 98 % para a malha 30 e 91,2% para a malha 8. Os resultados de lubricidade mostram que sistemas contendo concentrações maiores que 2% m/v P60C18 apresentam coeficientes de atrito pequenos, inclusive menores que o coeficiente de atrito para o sistema FBA + lubrificante especial, dessa forma, o P60C18 apresenta um excelente desempenho como lubrificante. O modelo micelar proposto, explica a excelente reologia observada, excelentes desempenhos de inibição e de lubricidade exercida por essas estruturas poliméricas. Entre todos os polímeros modificados, o que apresentou os melhores resultados em todos os testes foi o de maior peso molecular: o P60C18, diestearato de PEG 6000. Este trabalho visou o desenvolvimento de um fluido de perfuração que atuaria em todas as fases de uma perfuração seria o ideal, Fluido Universal, diminuindo assim, os custos operacionais. De acordo com os resultados obtidos nos ensaios de desempenho dos fluidos formulados, pode-se concluir que esses fluidos apresentaram propriedades desejadas e sua utilização pode se tornar promissora. Capítulo VII – Referências Bibliográficas AGUIAR J., BOLÍVAR J. A., GARCÍA J. M., RUIZ1 C.C., Journal of Colloid and Interface Science 255 (2002) 382–390. AKHTER M. S., SADEQ M. A., Colloids and Surfaces A: Physicalchemical and Engineering Aspects 219 (2003) 281-290. 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Anexo I Reologia das soluções poliméricas: P4C12 Viscosidade, mPa 25 20 0◦C 15 10◦C 10 20◦C 5 0 0 500 1000 1500 2000 2500 Taxa de cisalhamento, s-1 P4C16 Viscosidade, mPa 25 20 0◦C 15 10◦C 10 20◦C 5 0 0 500 1000 1500 2000 Taxa de cisalahmento, s-1 P4C18 2500 Viscosidade, mPa 30 25 20 0◦C 15 10◦C 20◦C 10 5 0 0 500 1000 1500 2000 2500 Taxa de cisalhamento, s-1 Anexo I P15C12 35 Viscosidade, mPa 30 25 0◦C 20 10◦C 15 20◦C 10 5 0 0 500 1000 1500 Taxa de cisalhamneto, s-1 P15C16 2000 35 Viscosidade, mPa 30 25 0◦C 20 10◦C 15 20◦C 10 5 0 0 500 1000 1500 2000 Taxa de cisalhamento, s-1 P15C18 40 Viscosidade, mPa 35 30 25 0◦C 20 10◦C 15 20◦C 10 5 0 0 500 1000 1500 2000 Taxa de cisalhamento, s-1 Anexo I P40C12 Viscosidade, mPa 140 120 100 0◦C 80 10◦C 60 20◦C 40 20 0 0 500 1000 1500 2000 Taxa de cisalhamento, s-1 P40C16 Viscosidade, mPa 160 140 120 100 0◦C 80 10◦C 60 20◦C 40 20 0 0 500 1000 1500 2000 Taxa de Cisalhamento, s-1 P40C18 Viscosidade, mPa 400 350 300 250 0◦C 200 10◦C 150 20◦C 100 50 0 0 500 1000 Taxa de cisalhamento, s-1 1500 Anexo I P60C12 Viscosidade, mPa 450 400 350 300 0◦C 250 10◦C 200 20◦C 150 100 50 0 0 500 1000 1500 2000 Taxa de cisalhamento, s-1 Viscosidade, mPa P60C16 700 600 500 0◦C 400 10◦C 300 20◦C 200 100 0 0 500 1000 1500 Taxa de cisalhamento, s-1 2000 Anexo II Variação de Energia Livre de Gibbs: ∆Gmic, KJ/mol III.1. Cadeia Hibdrofóbica C1. 10000 8000 6000 4000 2000 0 1000 2000 3000 4000 PEG III.2. Cadeia Hidrofóbica C2. 5000 6000 - ∆Gmic, KJ/mol 10000 8000 6000 4000 2000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 PEG - ∆Gmic,KJ/mol III.3. Cadeia Hidrofóbica C3. 15000 10000 5000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 PEG Anexo II III.4. Polímero P15 - ∆Gmic, KJ/mol 9000 8000 7000 6000 5000 4000 10 12 14 16 18 20 18 20 18 20 Cadeia Hidrocarbônica - ∆Gmic, KJ/mol III.5. Polímero P40. 11000 10000 9000 8000 7000 6000 10 12 14 16 Cadeia Hidrocarbônica - ∆Gmic, KJ/mol III.6. Polímero P60 13000 12000 11000 10000 9000 8000 7000 10 12 14 16 Cadeia Hidrocarbônica