EDUCAÇÃO Viagens imaginárias Recordações de um astronauta que estudou no SESI e no SENAI PAPEL DO PROFESSOR Viagens imaginárias no tempo ou no espaço eram um recurso muito utilizado pela professora para prender a atenção e transmitir melhor as informações aos alunos das turmas de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental, das quais Marcos Pontes fez parte em meados dos anos 70. “Eu dizia: Vamos até o espaço conhecer os planetas e os alunos faziam a viagem imaginária”, relembra. A recordação da aula relatada por Marcos Pontes, avalia Maria de Lurdes, demonstra o papel fundamental do professor. “O fato reflete a nossa grande responsabilidade, como é importante um professor na vida de uma criança”, observa. Esse vínculo, segundo ela, é uma marca do SESI. “É muito gratificante receber ex-alunos, como o Marcos Pontes, e outros, que estão sempre em contato conosco”, diz Maria de Lurdes, para DIVULGAÇÃO que, definitivamente, o fez querer conhecer o espaço”. REPRODUÇÃO SITE AEB Há cerca de três anos, Maria de Lurdes Rondina Mandaliti foi surpreendida com a visita de um repórter de televisão à procura de uma professora do Centro Educacional do SESI de Bauru, interior de São Paulo, que havia “viajado” pelo Universo com o astronauta Marcos Pontes. Ela é ex-professora de geografia e história do Centro e conta: “O repórter me disse que, ao fazer uma reportagem na NASA (sigla em inglês da Agência Espacial Norte-Americana), o Marcos lhe havia dito que, durante uma aula minha de geografia no SESI, havia viajado pelo Universo com a professora e os colegas de classe. E foi essa viagem O astronauta, em dois momentos: (acima) na estação espacial e (no alto) com ex-professores do SESI: Ary Caetano, Edna Sciuli de Castro, Ana Maria de Michieli Benjamin e Maria de Lurdes Rondina Mandaliti 3 sesi86.indd 3 23/05/2006 10:54:31 EDUCAÇÃO JOSÉ PAULO LACERDA Teleconferência: alunos do SESI no Distrito Federal participam de conversa com o astronauta quem é comum encontrar antigos estudantes da instituição entre professores universitários, cientistas e pesquisadores. “Eu mesma, sempre que vou à Unesp (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”) em Bauru, encontro algum deles”, afirma. A passagem pelo Centro Educacional, em Bauru, foi mencionada como “o início de tudo” pelo próprio Marcos Pontes numa videoconferência com 500 estudantes do ensino fundamental de escolas do SESI de Ceilândia e de Taguatinga (DF). “Foi ali que tudo começou”, afirmou o astronauta, que conversou, durante 15 minutos, com os alunos enquanto estava na Estação Espacial Internacional (construída por técnicos de 16 países, tratase da maior obra de engenharia e da mais avançada plataforma de pesquisa da história). “Acreditem. Vocês são capazes de fazer o que quiserem”, enfatizou. A videoconferência fez parte de projeto da Agência Espacial Brasileira, desenvolvido há três anos em escolas e universidades, com o objetivo de estimular a curiosidade científica e divulgar entre os jovens a importância da pesquisa e da tecnologia para o desenvolvimento dos países e o bem-estar da sociedade. Dos curiosos alunos o astronauta ouviu perguntas e manifestações de orgulho por ter o Brasil um representante na Estação Espacial. Foi o caso da estudante Layssa Leal de Souza, da 6ª série do Centro de Ensino de Ceilândia. “O que você sentiu quando soube que ia representar o Brasil na viagem espacial?”, perguntou a garota. “Foi um momento feliz da minha vida”, respondeu o astronauta. A VOLTA Ao ser homenageado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, no primeiro dia depois de retornar da viagem ao espaço, Pontes destacou a importância do SESI em sua trajetória pessoal e profissional. “Foi um período muito bom. Trata-se de uma instituição que faz muito pelas crianças no Brasil. E eu fui uma delas. Era uma escola de nível excelente, tenho contato com professores até hoje”, reafirmou o astronauta, que foi também aluno do SENAI, onde cursou eletrônica. Na cerimônia, o presidente Lula disse a Marcos que “em poucos momentos da história do Brasil nós tivemos o orgulho de um brasileiro como estamos tendo de você. Quando partiu, você lembrou muito Ayrton Senna com a bandeira nacional. Nós estamos no centenário de Santos Dumont e tua viagem é extremamente significativa para nós”. Para Sergio Rezende, ministro de Ciência e Tecnologia, talvez o mais importante da missão seja a divulgação, promovida por Pontes, o que está atraindo jovens para a sua área. Depois de Brasília, o astronauta seguiu para sua cidade natal, Bauru, onde foi recebido por mais de 5 mil pessoas no aeroporto e desfilou pela cidade em um carro do Corpo de Bombeiros, seguido por uma carreata. Ainda na cidade, ele recebeu outras homenagens como uma apresentação da esquadrilha da fumaça, que escreveu no céu “Parabéns Pontes e Brasil” e da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos que relançou o selo da Missão Centenário. Em São Paulo, na companhia do presidente da Federação das Indústrias do Estado, Paulo Skaf, o astronauta visitou a Escola Suíço-Brasileira, do SENAI, na capital, onde são produzidos protótipos de peças que serão utilizadas na Estação Espacial Internacional. Depois, retornou à sede da Fiesp, fez palestra e foi homenageado. Marcos Pontes disse durante as homenagens que pretende usar a experiência adquirida para estimular o Programa Espacial Brasileiro. Para o futuro, o exaluno do SESI quer participar de pesquisa em ambiente de microgravidade. “Nós já temos o programa de microgravidade na Agência Espacial Brasileira, mas, com certeza, agora ele terá um grande impulso e eu pretendo trabalhar nisso nos próximos anos”, afirmou. 4 sesi86.indd 4 23/05/2006 10:54:33