Classificados em CT&I Fundos Setoriais: pesquisa e inovação em foco Em 2002, cerca de um bilhão de reais deverão ser distribuídos entre as diversas áreas Fabrício Mazocco Ampliar a capacidade de planejamento em áreas estratégicas, em particular no âmbito da produção de conhecimento, bem como sua aplicação no setor produtivo e, conseqüentemente, contribuir na melhoria das condições de vida da população. Esta é uma das premissas de implantação dos Fundos Setoriais de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico, do Ministério da Ciência e Tecnologia, coordenados pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), e que contam com o apoio de outros ministérios, órgãos de fomento à pesquisa, comunidade científica e setor privado. Os fundos setoriais foram criados com o objetivo de garantir uma interação maior entre as políticas tecnológica e industrial, de modo a multiplicar o uso de recursos públicos em termos de resultados para a sociedade. Em linhas gerais, os fundos atendem a diversas áreas do conhecimento, visando o desenvolvimento de pesquisas em cada uma delas, de forma jan|abr|2002 que atendam às necessidades de competitividade industrial e tecnológica no mercado internacional. Atualmente, estão em atividade dez fundos e quatro, sancionados em dezembro de 2001, estão em fase de implantação. Em execução: CTPetro (petróleo), CT-Infra (infraestrutura de pesquisa), CTEnerg (energia), CT-Hidro (recursos hídricos), CT-Espacial, CT-Verde-Amarelo (relação universidade-empresa), CTMineral, CT-Transpo (transportes terrestres), CT-Info (tecnologia da informação) e Funtell (telecomunicações). Em implantação: CT-Agronegócio, CT-Saúde, CT-Aeronáutico e CT-Biotecnologia. Recursos Para serem contemplados com os recursos disponíveis nos fundos, os interessados devem enviar projetos que atendam às especificações dos editais, que envolvem a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Os projetos podem ser desenvolvidos por meio de cooperações entre IES (Instituições de Ensino Superior), centros de pesquisas e o setor produtivo. Cada fundo possui propósitos, objetivos e metas estabelecidos dentro de suas especificidades. Com a tarefa de definir diretrizes, orientações e a aplicação dos investimentos, cada fundo possui um Comitê de Gestão formado por representantes de um ou mais ministérios, órgãos de fomento, órgãos reguladores, comunidade científica e setor privado. A composição de representantes varia para cada fundo, de forma a atender os interesses em questão. Cada comitê possui um secretário técnico, responsável pela coordenação do grupo. Em 2001, 867 projetos foram contemplados com recursos da ordem de 500 milhões de reais (321 milhões já desembolsados). O fundo que financiou o maior número de projetos foi o CT-Petro (359), 47 48 Classificados em CT&I seguido pelo Verde-Amarelo (231) e o CT-Hidro (123). Para este ano, a previsão de investimentos é de cerca de um bilhão de reais, distribuídos entre os 14 fundos. Cada fundo possui uma ou mais fontes de captação de recursos. Entre elas estão as contribuições incidentes sobre o faturamento das empresas, o resultado da exploração de recursos naturais da União e a cobrança de royalties pela transferência de tecnologia. Exemplos: os 194 milhões de reais previstos para este ano no orçamento do CT-Petro terão como fonte de financiamento os royalties da produção de petróleo e gás natural. No caso do Verde-Amarelo, a contribuição de intervenção no domínio econômico sobre empresas detentoras de licença de uso ou adquirentes de conhecimento tecnológicos do exterior deve subsidiar os 200 milhões que deverão ser aplicados em 2001. Outro detalhe da política de implantação dos fundos é que alguns deles destinarão uma CT-Petro – Fundo Setorial do Petróleo e Gás Natural Objetivos: financiar programas de amparo à pesquisa científica e ao desenvolvimento tecnológico aplicado no setor petrolífero e à formação de recursos humanos. O CTPetro foi o primeiro fundo a ser sancionado (em 1997) e iniciou suas atividades em 1999. Em 1999 e 2000 foram aplicados, respectivamente, 37 milhões de reais e 118 milhões de reais. Para este ano, a previsão de investimentos é de 194 milhões de reais. Os recursos só podem ser destinados a universidades e centros de pesquisa. Por lei, 40% destinam-se às regiões Norte e Nordeste do país. Fonte de financiamento: royalties da produção de petróleo e gás natural. Comitê Gestor: representantes do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), do Ministério de Minas e Energia (MME), da Agência Nacional do Petróleo (ANP), do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), do setor produtivo e da comunidade científica. Secretário Técnico: Leonardo Uller CT-Infra – Fundo de Infra-Estrutura Objetivos: fortalecer a infra-estrutura e os serviços de apoio técnico-científico desenvolvidos em instituições públicas de ensino superior e institutos de pesquisas. Uma das aplicações poderá ser na recuperação e ampliação de laboratórios, aquisição de equipamentos, compra de material bibliográfico e construção de instalações. porcentagem de seus recursos para regiões com menor grau de desenvolvimento em determinadas áreas. Este é o caso do CT-Infra, em que 30% dos recursos serão investidos em instituições das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Leia a seguir um resumo dos objetivos de cada fundo. Mais informações sobre cada um deles, assim como a composição dos comitês, documentos básicos, legislação e editais, podem ser consultadas nos sites do MCT (www.mct.gov.br) ou do CGEE (www.cgee.org.br). No ano passado, 98 projetos foram aprovados, o que somou em investimentos um total de 157 milhões de reais. No mínimo 30% dos recursos são aplicados em instituições do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Os projetos apoiados por esse fundo não precisarão ser vinculados ao setor de origem do financiamento. Fonte de financiamento: É formado por uma parcela de 20% dos recursos destinados a cada um dos fundos setoriais e a outros fundos voltados ao financiamento de atividades de CT&I. Comitê Gestor: representantes do MCT, do Ministério da Educação (MEC), do CNPq, da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da comunidade científica. Coordenador: Carlos Américo Pacheco CT-Energ – Fundo Setorial de Energia Objetivos: financiar programas na área de energia, com ênfase na área de eficiência energética no uso final, utilização de fontes alternativas e redução do desperdício, tendo em vista os desafios de longo prazo no setor. Também é objetivo aprimorar o mecanismo de incentivo à pesquisa adotado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nos contratos de concessão. Em 2001, foram aplicados 52 milhões de reais e a previsão para este ano é de 71,4 milhões. Fonte de financiamento: empresas concessionárias de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, num percentual variável de 0,75% a 1% da receita operacional líquida. Uma parcela desses recursos será repassada ao jan|abr|2002 Classificados em CT&I Ministério da Ciência e Tecnologia e administrada pelo FNDCT. Comitê Gestor: representantes do MCT, do MME, da Aneel, do CNPq, da comunidade científica e do setor produtivo. Secretário Técnico: Gilberto de Martino Januzzi CT-Mineral – Fundo Setorial Mineral Objetivos: estimular a atuação da indústria nacional e apoiar o crescimento de pequenas e médias empresas na área mineral. O fundo permitirá que se desenvolvam programas e projetos voltados para o uso intensivo de técnicas modernas como geomatemática, geoestatística e mapeamento tridimensional de superfícies. Em 2001, 6,79 milhões de reais foram investidos no setor. Para este ano, a previsão é de 3,1 milhões. Fonte de financiamento: 2% da Compensação Financeira do Setor Mineral (CFEM) devida pelas empresas detentoras de direitos minerários. Comitê Gestor: representantes do MCT, da Finep, do CNPq, da comunidade científica e do setor produtivo. Secretário Técnico: Iran Ferreira Machado CT-Hidro – Fundo Setorial de Recursos Hídricos Objetivos: assegurar o financiamento de projetos científicos e de desenvolvimento tecnológico nas áreas de gerenciamento de bacias hidrográficas, liminologia, hidrologia e climatologia. Com sua implementação, pretende-se gerar uma base de conhecimentos e tecnologias, a fim de subsidiar os diversos agentes privados e públicos no novo ambiente institucional e descentralizado que está se consolidando no setor. Os investimentos procurarão aperfeiçoar os diversos usos da água, de modo a assegurar à atual e a futuras gerações alto padrão de qualidade e utilização racional e integrada. No ano passado foram aprovados 123 projetos, o que somou um investimento de 23,7 milhões de reais. Fonte de financiamento: 4% da compensação financeira atualmente recolhida pelas empresas geradoras de energia elétrica (equivalente a 6% do valor da produção de geração de energia elétrica). Comitê Gestor: representantes do MCT, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), do MME, da Agência Nacional das Águas (ANA), do CNPq, da comunidade científica e do setor produtivo. Secretário Técnico: Carlos Eduardo Morelli Tucci. CT-Verde e Amarelo – Fundo UniversidadeEmpresa Objetivos: impulsionar o desenvolvimento tecnológico brasileiro através de projetos de pesquisas jan|abr|2002 cooperativas entre universidades, centros de pesquisas e o setor produtivo, reduzindo a dependência de tecnologias produzidas no exterior. São propostas três linhas de ação: capacitação empresarial e educação para inovação; estímulo à cooperação tecnológica entre empresas e instituições de ensino superior e de pesquisa; e disseminação da cultura do empreendedorismo e apoio à organização e consolidação de pólos industriais ou tecnológicos de inovação. Em 2001, foram aprovados 231 projetos, somando 152 milhões de reais. A estimativa de investimentos para este ano é de cerca de 200 milhões. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste deverão receber, no mínimo, 30% dos recursos arrecadados. Fonte de financiamento: contribuição de intervenção no domínio econômico sobre empresas detentoras de licença de uso ou adquirentes de conhecimento tecnológico do exterior. Comitê Gestor: formado por representantes do MCT, do Ministério do Desenvolvimento (MD), do BNDES, do Sebrae, do CNPq, da comunidade científica e do setor produtivo. Secretário Técnico: Antonio Marcio Buainain CT-Espacial – Fundo Setorial Espacial Objetivos: financiar projetos que fazem parte do Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Setor Espacial. Esse programa tem como meta estimular a pesquisa dirigida à aplicação de tecnologia espacial na geração de produtos e serviços, com ênfase nas áreas de elevado conteúdo tecnológico, como as de comunicações, sensoriamento remoto, meteorologia, agricultura, oceanografia, navegação e lançamento de satélites. Fonte de financiamento: parcela da receita obtida com o lançamento comercial de satélites e foguetes de sondagem, utilização de posições orbitais, comercialização dos meios de rastreamento de foguetes e concessão de licenças e autorizações pela Agência Espacial Brasileira (AEB). Comitê Gestor: representantes do MCT, do Ministério das Comunicações (MC), da Agência Espacial Brasileira (AEB), da Finep, do CNPq, da comunidade científica e do setor produtivo. CT-Transpo – Fundo Setorial de Transportes Terrestres Objetivos: financiar programas e projetos na área de transportes com impacto imediato sobre a pesquisa e o desenvolvimento em engenharia civil, engenharia de transportes, materiais, logística, equipamentos e softwares. Além dos aspectos tecnológicos de pavimentação e sinalizações horizontais e verticais, a pesquisa nesse setor abrange aspectos relacionados com os impactos sobre o meio ambiente, a segurança e os efeitos legais, entre outros. 49 50 Classificados em CT&I Fonte de financiamento: os recursos são provenientes de 10% da receita arrecadada pelo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) em contratos firmados com operadoras de telefonia, empresas de comunicações e similares, que utilizem a infra-estrutura de serviços de transporte terrestre da União. Comitê Gestor: formado por representantes do MCT,do Ministério dosTransportes (MT),da Agência dosTransportes,da Finep,do CNPq, da comunidade científica e do setor produtivo. CT-Info – Fundo Setorial para Tecnologia da Informação Objetivos: estimular as empresas nacionais a desenvolverem e produzirem bens e serviços de informática e automação, investindo em atividades de pesquisas científicas e tecnológicas. Fonte de financiamento: as empresas de desenvolvimento ou produção de bens e serviços de tecnologia da informação deverão investir, anualmente, em atividades de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia da informação a serem realizadas no país. O investimento é de no mínimo 5% de seu faturamento bruto no mercado interno, decorrente da comercialização de bens e serviços de informática. Comitê Gestor: formado por representantes do MCT, do MD, do CNPq, da Finep, do BNDES, da comunidade científica e do setor produtivo. Coordenadora: Vanda Scartezini Funtell – Fundo Setorial para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações Objetivos: estimular o processo de inovação tecnológica, incentivar a capacitação de recursos humanos, fomentar a geração de empregos e promover o acesso de pequenas e médias empresas de telecomunicações aos recursos, aumentando assim a competitividade desse setor no mercado Este fundo está sob a administração do Ministério das Comunicações. Fonte de financiamento: contribuição sobre a receita bruta a ser paga pelas empresas concessionárias, que se somará aos recursos oriundos do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel). Comitê Gestor: formado por representantes do MCT, do MC, do MD,da Agência Nacional deTelefonia (Anatel),da Finep e do BNDES. Coordenador: Juarez Martinho Quadros do Nascimento CT-Biotecnologia – Fundo Setorial de Biotecnologia Objetivos: uma das áreas de maior interesse do setor produtivo e científico na atualidade, esse fundo busca financiar programas de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico na área de biotecnologia, estimulando a capacitação profissional e, assim, firmar a posição do país no que se refere às pesquisas genéticas. Este fundo está em fase de implantação. Fontes de financiamento: 7,5% da arrecadação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. CT- Agronegócio – Fundo Setorial de Agronegócio Objetivos: ampliar os investimentos na área de biotecnologia agrícola tropical, com o intuito de aumentar o poder de competitividade de produtos agrícolas no mercado externo. Com ênfase no desenvolvimento de pesquisas nas áreas de agronomia, veterinária, economia e sociologia agrícola, pretende-se também, com recursos provenientes desse fundo, atualizar a tecnologia da indústria agropecuária brasileira com a introdução de novas variedades, reduzir doenças dos rebanhos, aumentar a competitividade do agronegócio e atrair investimentos internacionais. O fundo está em fase de implantação. Fontes de financiamento: 17,5% da arrecadação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. CT- Aeronáutico – Fundo Setorial Aeronáutico Objetivos: estimular investimentos nesse setor, incluindo as engenharias aeronáutica, mecânica e eletrônica, entendendo que o componente tecnológico é determinante para a qualidade dos produtos e a competitividade nos mercados interno e externo. Os novos recursos propiciarão também o aumento dos investimentos em P&D na área, refletindo na produtividade, qualidade e impactos positivos sobre as exportações. Esse fundo está em fase de implantação. Fontes de financiamento: 7,5% da arrecadação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. CT- Saúde – Fundo Setorial de Saúde Objetivos: estimular o desenvolvimento de pesquisas na área de saúde, aprofundando o conhecimento científico de que o Brasil já dispõe e cujo desempenho é reconhecido no mundo. Com essa política, deve-se gerar benefícios para a população, entre eles a redução dos custos dos medicamentos. Dentre os resultados esperados, destacam-se a capacitação científica e tecnológica nas áreas de interesse do Sistema Único de Saúde (SUS), saúde pública e fármacos. Esse fundo está em fase de implantação. Fontes de financiamento: 17,5% da arrecadação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. jan|abr|2002