DOENÇA FALCIFORME: AÇÕES EDUCATIVAS REALIZADAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DE MINAS GERAIS Autores: Ruth Santos Fontes Silva1, Ana Paula Pinheiro Chagas Fernandes2, José Nélio Januário3, Mitiko Murao4, Odete Aparecida de Moura5, Célia Maria Silva6, Mila Lemos Cintra7, Rosângela Maria de Figueiredo8, Aline Poliana Silva Batista9, Fernanda Arcelo Fernandes Silva10, Marina Mendonça de Sousa11, Katy Karoline Santos Diniz12, Priscila Quirino de Souza Menezes13, Tamiris Rezende Garcia14. INTRODUÇÃO: A Atenção Primária à Saúde (APS), considerada porta de entrada aos serviços da rede assistencial, é também responsável por ações que envolvem prevenção, tratamento e promoção à saúde. Dentro de suas responsabilidades, estão presentes as estratégias e práticas educativas com foco na população e equipe de trabalho que presta serviços a essa comunidade1. O Ministério da Saúde (MS) tem financiado muitas iniciativas que contemplam ações educativas em saúde. Dentro dessa realidade, surge o Projeto “Doença Falciforme: Linha de Cuidados na Atenção Primária à Saúde”2 que faz parte do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias (CEHMOB), parceria entre o Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (NUPAD/FM/UFMG) e a Fundação Hemominas. Desde 2010 vem desenvolvendo diversas estratégias educativas na temática Doença Falciforme (DF) para profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS). O Projeto é composto por três Processos (1) Mobilização de Gestores: com o apoio da Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG), são realizadas reuniões para apresentação do Projeto aos gestores regionais e municipais de saúde, de forma a envolve-los na divulgação e indicação dos profissionais para realizarem o curso. (2) Formação de Facilitadores: os profissionais indicados realizam a capacitação por meio de educação a distância (EAD) no curso de Formação de Facilitadores “Doença Falciforme: Linha de Cuidados na Atenção Primária à Saúde” de 90 horas, realizado no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da plataforma moodle do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de Minas Gerais (SENAC-MG). O curso EAD é composto por cinco módulos, sendo que os quatro primeiros abordam o conteúdo da DF (fisiopatologia, manifestações clínicas e conduta dos profissionais da APS frente às pessoas com DF e outras Hemoglobinopatias) e o último módulo aborda estratégias educativas a serem realizadas com as equipes multiprofissionais que atuam nas unidades de saúde. (3) Replicação nas Unidades de Saúde: inicia-se na reunião de feedback aos gestores, com apresentação dos resultados e situação dos profissionais indicados anteriormente. A proposta de Replicação é apresentada aos gestores visando a pactuação das ações educativas nas unidades de saúde por meio dos facilitadores. OBJETIVO: Descrever as ações educativas desenvolvidas com os profissionais da APS em cada Processo do Projeto. METODOLOGIA: Ações educativas desenvolvidas no período de 2010 a 2013 na modalidade EAD por meio do curso “Doença Falciforme: Linha de Cuidados na Atenção Primária à Saúde” e na modalidade presencial por intermédio de reuniões, seminários, oficinas com facilitadores e oficinas nas Unidades de Saúde. RESULTADOS: No Processo (1) foram realizadas 82 reuniões presenciais com gestores municipais pertencentes a 14 regionais de saúde no Estado. No Processo (2), foram indicados pelos gestores 2538 profissionais para realizar o curso, 1241 vagas disponibilizadas e dividas em 38 turmas do curso EAD, resultando na aprovação de 727 profissionais de nível superior, sendo 519 (71,4%) Enfermeiros. No Processo (3) foram realizadas 14 seminários presenciais em 8 municípios com a participação de 192 profissionais, sendo que 90 (46,9%) eram Enfermeiros. Ainda na modalidade presencial ocorreram dois tipos de oficinas: (A) Oficinas de Replicação com os profissionais aprovados no curso, com o intuito de apresentar a proposta das ações e estratégias educativas bem como a disponibilidade dos materiais didáticos a serem utilizados neste processo como ferramentas norteadoras das ações. (B) Oficinas de capacitação em serviço, que ocorreram no local de trabalho com a participação da equipe multidisciplinar que atua no serviço de saúde junto ao facilitador. As estratégias educativas utilizadas foram variadas e adaptadas conforme a realidade do serviço e criatividade do facilitador que teve flexibilidade para escolher quais estratégias e quais materiais poderiam ser utilizados. Foram relatados pelos facilitadores a utilização de ações e estratégias educativas como: oficinas, roda de conversa, leitura e discussão de casos clínicos, teatro e dramatização, gravações de vídeos e palestras. Foram utilizados como materiais didáticos: álbum seriado sobre DF, manuais e informativos sobre a temática, apresentação de imagens em data show, elaboração de cartazes, vídeos, cadernos de textos de apoio e estudos de casos do curso. Durante as oficinas, os facilitadores puderam contar com o apoio de profissionais do Projeto que acompanharam este processo, e também tiveram a oportunidade de solicitar o envio de materiais didáticos, manuais e informativos elaborados pela equipe técnica do CEHMOB-MG. Nas unidades de saúde foram um total de 182 oficinas de capacitação realizadas por meio de 58 (100%) facilitadores, sendo 38 (65,5%) Enfermeiros. As oficinas de capacitação alcançaram minimamente 1102 profissionais que integram a equipe multidisciplinar de 92 equipes de saúde de 9 municípios. Dentro das diversas categorias participantes das ações educativas, destaca-se os profissionais da Enfermagem como participantes do curso e facilitadores na difusão do conhecimento para as equipes da APS. Além dos dados quantitativos apresentados no estudo, percebe-se como dados qualitativos a qualificação dos profissionais da assistência direta e indireta, gerando impacto na vida das pessoas com DF que necessitam do atendimento acolhedor e integral da equipe multiprofissional. CONCLUSÃO: As ações educativas foram realizadas em várias modalidades de ensino, permitindo a flexibilidade e acesso do conhecimento em DF para os profissionais de saúde que atuam na APS. No geral, as ações desenvolvidas demonstraram grande envolvimento da categoria da enfermagem no que tange a busca do conhecimento em DF e sua intervenção como facilitador. Relacionar a DF com o papel dos profissionais de saúde, mais especificamente os da Enfermagem, tem sido fundamental para garantir a melhoria da qualidade da assistência, já que esse profissional é considerado como elo entre os profissionais da equipe de saúde3. CONTRIBUIÇÃO: As experiências vivenciadas pelo Projeto podem nortear outras realidades de serviços da APS quanto as ações educativas utilizadas comparadas aos seus resultados. Também permite demonstrar a importância do profissional da Enfermagem no desenvolvimento das ações educativas e seu papel de educador em saúde para as equipes de saúde e comunidade. REFERÊNCIAS: 1. STARFIELD, B. Atenção Primária. Equilíbrio entre as necessidades de saúde, serviços e tecnologia. UNESCO 2002. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_primaria_p1.pdf>. Acesso em 28 de Março de 2014. 2. FERNANDES, Ana Paula Pinheiro Chagas et al. Mortalidade de crianças com doença falciforme: um estudo de base populacional. J. Pediatr. (Rio J.) [online]. 2010, vol.86, n.4, pp. 279-284. ISSN 0021-7557. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S002175572010000400006>. Acesso em 28 de Março de 2014. 3. KIKUCHI, Berenice A Assistência de enfermagem na doença falciforme nos serviços de atenção básica. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. [online]. 2007, vol.29, n.3, pp. 331338. ISSN 1516-8484. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S151684842007000300027>. Acesso em 28 de Março de 2014. 1 Enfermeira do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (NUPAD/FM/UFMG) e Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG). e-mail: [email protected] ou [email protected] 2 Pediatra do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (NUPAD/FM/UFMG), Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG) e Coordenadora do Projeto “Doença Falciforme: Linha de Cuidados na Atenção Primária”. 3 Médico, Coordenador Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (NUPAD/FM/UFMG) e Coordenador do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG). 4 Hematologista da Fundação Hemominas e Coordenadora do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG). 5 Enfermeira da Fundação Hemominas e Supervisora do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOBMG). 6 Hematologista da Fundação Hemominas e Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG). 7 Médica do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (NUPAD/FM/UFMG) e Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG). 8 Hematologista do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG). 9 Enfermeira do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (NUPAD/FM/UFMG) e Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG). 10 Acadêmica de Psicologia do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG). 11 Acadêmica de Psicologia do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG). 12 Acadêmica de Gestão de Serviços de Saúde do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG). 13 Acadêmica de Gestão de Serviços de Saúde do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG). 14 Acadêmica de Enfermagem do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias de Minas Gerais (CEHMOB-MG).