Material Informativo sobre Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), compilado pela Assessoria de Imprensa da ADUFU-SS. Junho de 2013 1 2 3 4 Data: 05/06/2013 Para aderir à Ebserh, direção do HU da UNIRIO prejudica atendimento à população A direção do Hospital Universitário Gafreé e Guinle (HUGG), da UNIRIO, está fazendo de tudo para pressionar a comunidade acadêmica e a opinião pública a aprovar a adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), incluindo prejudicar o atendimento à população. Sob a alegação que o HUGG só tem recursos para se manter em funcionamento até junho, o diretor do hospital está demitindo os extraquadros, fechando leitos, suspendendo as altas da CTI – o que impede a realização de cirurgias complexas –,desmarcando cirurgias agendadas e suspendendo as internações. De acordo com a presidente da Associação dos Docentes da UNIRIO, Elisabeth Orletti, a ação não passa de uma manobra que tem como objetivo aterrorizar estudantes, funcionários e usuários do hospital, procurando convencêlos de quem sem a Ebserh, o HUGG não terá condições de funcionar. Afinal, à Ebserh não trará novos recursos financeiros ao hospital universitário , o montante destinado será o mesmo. O que muda com a adesão à empresa de direito privado é que o Governo Federal, ao invés de destinar a quantia diretamente para os hospitais universitários, irá transferir o dinheiro para a Ebserh. “Nesses últimos seis meses, o atendimento no Gafreé e Guinle melhorou bastante, inclusive o hospital comprou uma gama de novos equipamentos. Como a direção do HUGG começa a fechar tudo, de uma hora para outra?”, questiona Orletti. A presidente da ADUNIRO ressalta ainda que em audiência com os três segmentos da Universidade, o reitor Luiz Pedro San Gil Jutuca garantiu que os recursos para o hospital estavam garantidos até o dia 31 de julho. “Na próxima terça-feira, dia 11, às 16h, estamos convocando um debate no anfiteatro do HUGG para avaliar o real diagnóstico do nosso hospital universitário e começar a pensar perspectivas para o enfrentamento de uma possível crise. Além disso, nossa assessoria jurídica vai preparar uma notificação ao Ministério Público sobre a situação do Gafreé e Guinle. Continuaremos mobilizados contra a privatização do HUGG e em prol de um hospital universitário público, gratuito e de qualidade”, finalizou Elisabeth. Com edição do ANDES-SN Fonte: ADUFF-SSind ASSISTA AO VÍDEO Saiba por que a Ebserh ameaça a autonomia universitária Produzido pela Adufrj SSind (tempo: 7 minutos) http://www.youtube.com/watch?v=POVBJprgDp4&feature=youtu.be http://www.andes.org.br/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=5966 Data: 11/04/2013 Nova justificativa da Ebserh não convence frente às ameaças que empresa impõe Empresa argumenta, mas análise da Lei nº 12.555/2011 aponta que a Ebserh é uma ameaça à saúde pública e à autonomia universitária Na tentativa de rebater os pontos levantados pelo plebiscito nacional - promovido pelo ANDES-SN, Fasubra, Frente Nacional Contra a Privatização do SUS, entre outras entidades - que mostram que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) é uma ameaça à educação e à saúde pública, e uma forma de privatização da saúde, a empresa emitiu uma nota nesta segunda-feira (8), por meio da Assessoria de Comunicação. Antes mesmo da divulgação da nota, a edição de março do InformANDES publicou uma entrevista com a professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Cláudia March, com explicações sobre a atuação da empresa, por meio de análise da lei nº 12.555/2011, e as ameaças que a empresa representa aos setores da saúde e educação. Na ocasião, Cláudia reforçou: “temos que barrar a Ebserh”. 5 Para o 2º tesoureiro do ANDES-SN e coordenador do Grupo de Trabalho Seguridade Social e Assuntos de Aposentadoria do Sindicato Nacional (GTSSA), Almir Menezes Filho, o plebiscito abre o debate para que estudantes, docentes, técnicos administrativos, usuários do SUS e população possam entender o que significa a Ebserh. “O plebiscito realizado pelo ANDES-SN, Fasubra e outras entidades está incomodando bastante os responsáveis pela Ebserh porque está levando a discussão para a comunidade. O que as entidades questionam é a falta de clareza e esclarecimento. A maioria dos conselhos nas universidades não tem debatido a questão e o plebiscito está provocando esta discussão”, afirma. Para o diretor do ANDES-SN, o plebiscito explica à população o que representa a Empresa: “a Ebserh é uma forma de privatização e traz prejuízos para o SUS e seus usuários. Na primeira semana de votação, mais de 4 mil votos foram contabilizados na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e isso deve estar acontecendo também nas outras universidades. Pela importância do plebiscito, estamos avaliando a possiblidade de prorroga-lo até dia 19 deste mês”, diz. O posicionamento apresentado pela direção da Ebserh não se sustenta frente a tantas constatações e argumentos amadurecidos no debate dos movimentos sociais e articulados por Cláudia March ao ANDES-SN em entrevista ao jornal do Sindicato. Veja a seguir: Serviço público Enquanto a Ebserh afirma ser “uma empresa pública, diretamente vinculada ao Ministério da Educação (MEC), constituída por recursos 100% públicos e submetida ao controle dos órgãos públicos” e diz que “não é possível falar em terceirização ou privatização dos serviços de saúde prestados pelos hospitais federais vinculados às instituições federais de ensino superior”, a professora Claudia aponta que a criação da empresa fere o estabelecido na Constituição, e que o “flagrante desrespeito aos preceitos institucionais começa ao atribuir a uma empresa de direito privado, cujo objetivo é de exploração direta de atividade econômica, incluindo a produção de lucro, a gestão de hospitais universitários cujas atividades – prestação de serviços públicos de saúde e educação – caracterizam-se como serviços públicos de relevância pública, que não podem ser transformados em atividades econômicas”. A professora acrescenta que a relação entre as universidades federais, os hospitais universitários e a Ebserh se dará mediante estabelecimento de contrato entre as partes. “Cabe ressaltar que, para além das finalidades e competências definidas no Contrato de Gestão entre a Ebserh e a universidade, que explicitam apenas a prestação de serviços aos usuários do SUS como gratuitas, há a possibilidade de desenvolvimento de um conjunto de atividades passíveis de obtenção de lucro, tal como atividades de ensino, pesquisa, extensão e produção tecnológica, devido à lógica do seu modelo jurídico institucional de direito privado”. De acordo com Claudia, é possível afirmar que a Ebserh é uma forma de privatização dos hospitais universitários: “temos denominado de privatização não clássica, dado que não se trata da venda das instituições públicas de saúde e educação, tal como realizado com as empresas estatais e o setor bancário nos governos FHC”. Segundo a professora, com a Ebserh, são estabelecidos modelos jurídicos-institucionais e relações público-privadas, “que permitem a criação de condições legais para o livre fornecimento privado e para o direcionamento das instituições públicas para a esfera privada, a partir de parcerias, contratos e convênios com o setor empresarial, que resultam em mercantilização das funções e atividades públicas e financeirização do fundo público, conforme destacado por vários pesquisadores da área de educação pública”, diz. Sistema Único de Saúde (SUS) Na nota, a Ebserh afirma: “a Lei de criação da Ebserh (Lei nº 12.550/2011) determina que os serviços prestados pelos hospitais universitários que firmarem contrato com a Ebserh permanecerão integral e exclusivamente no âmbito do SUS. Portanto, o atendimento à saúde da população continuará a ser feito 100% pelo SUS”. A professora Claudia diz que os prejuízos aos usuários do SUS podem ser resumidos em dois conjuntos de questões: “um primeiro resulta do ressarcimento dos atendimentos prestados aos usuários do SUS que tenham planos privados de saúde. O ressarcimento, previsto pela Lei nº 9656 de 3 de junho de 1998, que era feito diretamente ao Fundo Público de Saúde, agora será feito à Ebserh, a partir da identificação dos usuários na porta de entrada dos hospitais universitários, quando utilizarem seus serviços. Segundo a professora, como a Ebserh é uma empresa estatal de direito privado com obtenção de lucro, conforme artigo 8 da Lei nº 12.550/2011, “há a possibilidade concreta de priorização do atendimento aos usuários do SUS que tenham planos privados, pois este resultará na dupla obtenção de recursos, através do repasse do SUS, referente aos atendimentos e aos repasses dos planos privados”. Para Claudia, não haverá uma “dupla porta” explícita, “mas uma diferenciação em benefício dos usuários do SUS que tenham planos de saúde em detrimento dos usuários SUS, gerando um duplo estatuto de usuários e prejuízos aos usuários SUS que não têm plano de saúde”, esclarece. Para a professora, o segundo prejuízo resultará da mercantilização das atividades de ensino, pesquisa e extensão. “A possibilidade de obtenção de lucro a partir das atividades da Ebserh com a ‘venda’ de serviços de ensino, pesquisa e extensão aprofundará e consolidará o que já ocorre de forma ilegal com as Fundações Privadas ditas de Apoio e a priorização de temas de pesquisa e cursos que atendam ao ‘mercado’ e não às necessidades sociais de saúde dos usuários do SUS. O atendimento dos interesses das indústrias farmacêuticas e de equipamentos de diagnóstico e de terapêutica, que se referenciam na obtenção de lucro, em detrimento do desenvolvimento de projetos de pesquisa de extensão referenciados nas necessidades dos usuários do SUS”, explica. 6 Recomposição e regularização da força de trabalho A Empresa afirma que “por meio de concursos públicos, a Ebserh irá contratar profissionais para os hospitais universitários federais. Com a recomposição da força de trabalho será possível a reativação de leitos e serviços que hoje se encontram desativados em decorrência da falta de recursos humanos. Os profissionais contratados pela empresa serão vinculados ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e farão jus aos salários e benefícios dos planos de Cargos, Carreiras e Salários e de Benefícios da Empresa. Atualmente, os hospitais universitários federais possuem contratos considerados irregulares pelos órgãos de controle e que não asseguram aos trabalhadores qualquer direito trabalhista. Ao contrário do que afirmam as entidades, a contr atação de trabalhos por meio da Ebserh irá regularizar a situação da força de trabalho nos hospitais”. Para Claudia March, o prejuízo aos servidores que trabalham nos HU é claro e imediato. “Trata-se de extinção progressiva de um contingente de cargos públicos federais do Regime Jurídico Único sem precedentes no serviço público federal. A centralidade da flexibilização dos direitos dos trabalhadores do serviço público confirma-se com a publicação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) e a divulgação de seleção pública para a Ebserh, ou seja, a questão central para a não realização de concursos públicos para o Regime Jurídico Único não era orçamentária. Retoma-se a contratação pela CLT, para as ‘áreas não exclusivas do Estado’, dando continuidade às proposições de FHC e Bresser Pereira. A cessão dos trabalhadores lotados nos HU para a Empresa redundará em imediato prejuízo”. Como exemplo, a professora cita o contrato celebrado entre a Ebserh e a UnB, que prevê a cessão de trabalhadores lotados no HU. “O contrato cita ‘os deveres, proibições e regime disciplinar’ descritos na Lei do RJU, sem citar seus direitos, e o parágrafo segundo da Cláusula Quinta, que prevê que à Ebserh compete a gestão administrativa dos servidores cedidos no que se refere, entre outras atribuições, à ‘concessão de diárias, passagens e indenização de transporte; redistribuição interna de competências e alocação de pessoal; controle de frequência, de produtividade e de horas extraordinárias de trabalho; programação de escala de trabalho, de recessos, e de plantões; e autorização e programação de férias, licen as e afastamentos, quando for o caso’”. Claudia ainda acrescenta: “o debate é: qual a relação entre estas atribuições e os direitos dos trabalhadores, que incluem os previstos para o seu PCCS, sem citar a cisão que haverá entre negociação do conjunto dos trabalhadores técnico-administrativos das Universidades e os cedidos à Ebserh”. Autonomia Universitária De acordo com a nota, a Ebserh afirma que “a autonomia das universidades federais sob a gestão dos hospitais universitários está preservada e garantida pela própria Lei de criação da Empresa (Lei nº 12.550/2011), além de ser um preceito constitucional. Ou seja, as decisões sobre as questões relativas às atividades de ensino, pesquisa e extensão realizadas nos hospitais universitários continuarão a ser conduzidas por cada universidade à qual o hospital é vinculado. Sendo uma empresa pública vinculada ao MEC, A Ebserh reconhece e trabalha pelo fortalecimento do papel estratégico dos hospitais na formação dos profissionais de saúde do país”. No entanto, a professora Claudia March esclarece: “ainda que a Lei mencione a autonomia universitária, é flagrante o ataque ao princípio constitucional, desde a não previsão ou obrigação de aprovação pelos Conselhos Superiores das IFES do contrato de adesão à Ebserh até o impacto mais direto sobre as atividades de ensino, pesquisa e extensão”. Segundo Claudia, a apreciação do Regimento Interno da Empresa confirma as análises iniciais sobre o ataque à autonomia universitária. “Todos os cargos são de livre nomeação, sendo que somente o superintendente será selecionado entre os docentes do quadro permanente da Universidade contratante. As demais gerências serão selecionadas por um comitê composto pela Ebserh e pelo superintendente, sem menção à necessidade de vinculação à Instituição Federal de Ensino à qual o hospital é vinculado”, explica. Entre as competências do Colegiado Executivo das unidades hospitalares, Claudia destaca a de propor, implementar e avaliar o planejamento de atividades de assistência, ensino e pesquisa a serem desenvolvidas no âmbito do hospital, em consonância com as diretrizes estabelecidas pela Ebserh, as orientações da universidade à qual o hospital estiver vinculado e ás políticas de saúde e educação do país. “Está explícito no texto que as atividades de ensino, pesquisa e assistência desenvolvidas nos HU serão definidas pelo MEC e pela Ebserh, considerando todos os convênios e contratos que a Empresa está autorizada a estabelecer com os setores público e privado. Tal definição está fora das instâncias deliberativas da Universidade colegiados superiores, de unidade, de curso e departamentais – e desconsidera os projetos institucionais e político-pedagógicos das Universidades”, acrescenta. Atuação e adesão à Ebserh Apesar de não haver obrigatoriedade de as universidades aderirem à Ebserh, Claudia explica: “a pressão e a chantagem exercidas junto às administrações das universidades e dos HU e a extinção da diretoria de Hospitais Universitários do MEC, com a transferência de todas suas atribuições para a Ebserh antes mesmo da adesão das Universidades, evidencia o quão optativa é a adesão”. Segundo a professora, a Lei nº 12.550 prevê o estabelecimento de contratos também com as instituições congêneres – instituições públicas que desenvolvem atividades de ensino e de pesquisa na área da saúde, e que prestem serviços no âmbito do SUS -, e também a possibilidade de os estados autorizarem a criação de empresas públicas de serviços hospitalares. “É necessário nos conscientizarmos da abrangência da contrarreforma administrativa na saúde e educação, operada a partir da Ebserh e suas subsidiárias, e das empresas similares e de seus impactos da reconfiguração do Estado brasileiro e nos direitos à educação e saúde públicas”, conclui. *Ilustração cedida pela Adufrj SSind. Fonte: ANDES-SN 7 Informativo Nº 20 Brasília (DF) Março de 2013 – Edição 32ºCongresso ANDES-SN 8 9 Para Procuradoria Geral da República, lei que cria Ebserh é inconstitucional Procuradoria Geral da República opina pela procedência de ação direta de inconstitucionalidade que questiona norma de criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares Em parecer encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria Geral da República (PGR) opinou pela procedência da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4.895, que considera inconstitucional a Lei nº 12.550/2011. A lei cria a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A ação é de autoria da Procuradoria Geral da República. Na ação, a Procuradoria Geral da República sustenta que a Lei 12.550/2011 é inconstitucional por violar os artigos 37, caput, inciso II e XIX; 39; 173, parágrafo 1º; 198; e 207, todos da Constituição da República. A PGR explica que a lei em questão repete, quase que integralmente, o texto da Medida Provisória nº 520/2010, que perdeu sua eficácia por decurso de prazo em junho de 2011. A PGR destaca que foram propostas duas ADIs con tra a MP 520, mas as ações foram consideradas prejudicadas quando a norma perdeu a eficácia. De acordo com a Lei nº 12.550/2011, a Ebserh é uma empresa pública de direito privado, criada pela Lei Federal nº 12.550/2011, que tem por finalidade a prestação de serviços gratuitos de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade, assim como a prestação às instituições públicas federais de ensino ou instituições congêneres de serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde pública. No parecer pela procedência, a PGR argumenta que só caberia à Constituição promover restrição legal e administrativa à organização e funcionamento das universidades públicas. No documento, a Procuradoria Geral da República afirma que “criou-se um híbrido funcional, sem qualquer sentido, em que técnicos administrativo s poderão se sobrepor a acadêmicos altamente titulados no exercício mister que envolve preponderantemente atividades de ensino”. Para a PGR, na prática a atuação da Ebserh avoca a administração de hospitais universitários, interferindo diretamente no perfil dos cursos de medicina e no direcionamento das suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. No caso dos hospitais universitários, estes têm função primordial o ensino da prática da medicina aos estudantes e transferindo-se a gestão das mãos dos acadêmicos para os técnicos administrativos celetistas, a tendência é que as práticas dos hospitais universitários sofram uma guinada em sua finalidade, criando-se um descompasso entre o ensino teórico e as práticas da medicina. Fonte: Secom/PGR Data: 07/05/2013 Crescem as manifestações contrárias à Ebserh Em todo país, atos e protestos demonstram a insatisfação dos servidores em relação à adesão das universidades à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares O processo de adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) pelas universidades do país tem causado grande repercussão nos estados brasileiros. Além do resultado do Plebiscito Nacional sobre a Empresa, divulgado oficialmente em 24 de abril, em que mais de 60 mil pessoas se posicionaram contrárias à Ebserh – em um total de aproximadamente 63 mil votos -, os servidores e trabalhadores dos hospitais, a comunidade acadêmica, a população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) e as entidades contrárias à privatização da saúde têm se mobilizado em manifestações realizadas em todo país. Em resposta à homologação da assinatura de contrato entre o Hospital das Clínicas em Vitória (Hucam) e a Ebserh pelo Conselho Universitário no último dia 25, os servidores do hospital paralisaram as atividades por tempo indeterminado a partir da manhã de segunda-feira (6). De acordo com matéria publicada no site G1, o Sindicato dos Trabalhadores nas Ufes (Sintufes) explicou que a medida implicará no afastamento de funcionários. No dia 24 de abril, cerca de 150 servidores que trabalham no Hucam participaram de uma reunião para esclarecer dúvidas sobre a adesão, mas, segundo a reportagem, não ficaram satisfeitos. No dia 30 de abril, a categoria decidiu pela paralisação. “De fato, a corda só quebra do lado mais fraco. O reitor assinou um contrato com a Ebserth, uma empresa privada, não concordamos. Foi colocada uma lista na página da Ufes de mais de 100 trabalhadores que serão afastados do hospital, uma unidade que não tem a quantidade de funcionários necessária e esses terão que sair porque a Ebserh se nega a ficar com esses trabalhadores. O reitor não pensou nas consequências que isso vai ter para a saúde pública e para o ensino”, explicou a diretora do Sintufes, Janine Teixeira, em entrevista ao G1. A diretora acrescentou que a greve continuará até que seja aberto um canal efetivo de negociação para os trabalhadores poderem permanecer no local de trabalho. Segundo levantamento recente feito pela Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde, 17 universidades aderiram 10 à Ebserh. No entanto, os números não coincidem com o da Empresa, que afirma que, ao todo, 19 universidades já fizeram a adesão. De acordo com dados da Frente, das 32 universidades que têm hospitais universitários, cinco já assinaram contrato com a Ebserh: a Universidade Federal do Piauí (UFPI), em agosto de 2012; a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e Universidade Federal do Maranhão (UFMA), ambas em janeiro de 2013; a Universidade de Brasília (UnB), em maio deste ano; e a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em 15 de abril de 2013. Destes, dois contratos são investigados pelo Ministério Público. No caso da UnB, o Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF/DF) entrou com ação de nulidade da ad esão e do contrato entre a universidade e à Empresa. Em relação à UFTM, o MPF instaurou inquérito civil público para apurar irregularidades no contrato. Das cinco universidades, três já possuem filiais da Ebserh, segundo a Frente Nacional contra a Privatização da Saúde: UnB, UFTM e UFMA. Há denúncias ainda de que algumas universidades aderiram à Ebserh sem aprovação do Conselho Universitário. Segundo dados da Frente, das 17 que fizeram a adesão, 12 foram aprovadas pelo Conselho – UnB, UFPI, Universidade Federal da Bahia (UFBA), UFMT, Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 2012 e Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) e Universidade Federal da Paraíba (UFPB) em 2013. Os Conselhos Universitários da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) não aprovaram à adesão à Empresa. Nas Universidades Federais do Maranhão (UFMA), de Alagoas (Ufal) e do Espírito Santo (Ufes) a situação é mais grave. Segundo a Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde, as três universidades aderiram à Ebserh sem aprovação dos conselhos. De acordo com a 1ª vice-presidente da Regional Sul do ANDES-SN e uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho Seguridade Social/Assuntos de Aposentadoria do ANDES-SN (GTSSA), Maria Suely Soares, os debates levantados a partir da criação da Ebserh são extremamente importantes no que se refere à manutenção da autonomia universitária e contra a privatização da saúde e de outras políticas públicas. “Não podemos admitir a privatização do sistema público. O que está acontecendo está dentro de um contexto de processo de privatização”. Para Maria Suely, as recentes matérias veiculadas pela mídia que abordam questões de corrupção nos hospitais têm como objetivo dizer o sistema público não funciona. “Estão orquestrando novas denúncias para mostrar o que está acontecendo nos hospitais públicos e colocar a Ebserh como uma solução, mas não entendemos que ela seja uma solução. A Ebserh é uma modificação nos hospitais que vai tornar a situação ainda mais grave. Eles querem um sistema de compras centralizado que vai abrir mais oportunidades de corrupção”, exemplifica. Entre os outros prejuízos, a diretora do ANDES-SN ressalta a situação dos servidores e a “dupla porta” no atendimento nos HU. “A ideia é substituir os servidores por empregados, contratados por CLT. Eles acreditam que o funcionário será mais eficiente, o que não é verdade, porque o funcionário ganhará menos e terá que ter mais empregos para sobreviver. A tendência é baixar salários e exigir mais das pessoas”, explica. Maria Suely afirma ainda que o atendimento aos usuários que possuem planos de saúde será priorizado. “Com a Ebserh, haverá mais facilidade em ativar os convênios dos planos de saúde, atender quem tem plano em detrimento dos usuários do SUS, dando prioridade a quem paga. O governo se desobriga ainda mais de manter o SUS”, esclarece. A diretora do ANDES-SN ainda alerta para a tendência de privatização de outras políticas públicas. “O PLP 92 está retornando. A lei prevê a criação de fundações não só na área da saúde, mas também da educação. Ela vem no mesmo sentido da Ebserh. Consideramos tudo isso muito grave e somos contra. Estamos nessa luta contra a contratação da Ebserh pelas universidades, que o governo está tentando fortalecer com o PLP 92”, conclui. Além da intensa mobilização para a realização do Plebiscito, o ANDES-SN tem intensificado as ações nos estados. “Reforçamos para as Seções Sindicais que fiquem atentas com as medidas que visem à adesão à Ebserh pelas universidades, para que possamos entrar com ações no Ministério Público no sentido de impedir a adesão”, afirma o encarregado de Assuntos de Aposentadoria e coordenador do GTSSA do ANDES-SN, Almir Menezes Filho. Mobilização no Rio de Janeiro Nesta quinta-feira (9), será colocada em apreciação a adesão à Ebserh nos Conselhos Universitários da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). As entidades contrárias à Empresa, entre elas o ANDES-SN, por meio das Regionais e das Seções Sindicais, têm convocado a comunidade acadêmica e a população a fazerem pressão para que as universidades não façam a adesão à Ebserh. Dois atos serão realizados, simultaneamente, na manhã de quinta, a partir das 8h, em frente às reitorias da UFRJ e da Unirio. Confira aqui o panfleto que será distribuído durante as manifestações. As ações de resistência à Ebserh também foram intensificadas na Universidade Federal Fluminense (UFF) pela Aduff – Seção Sindical do ANDES-SN -, Sintuff e DCE, após manifestação favorável da Administração da Universidade em relação à adesão do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) à Empresa. No dia 29 de abril, a Aduff publicou um vídeo que mostra o processo de realização do Plebiscito em Niterói, que retrata a participação da população e dos usuários do SUS nos debates promovidos pela comunidade acadêmica e entidades contrárias à Ebserh. (confira o vídeo) 11 Nesta terça-feira (7), estava previsto um ato na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro para dizer não ao projeto da prefeitura que cria a RioSaúde, Empresa Pública de Saúde do Rio de Janeiro. Segundo a coordenadora da Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde, Maria Inês Bravo, a votação do projeto que cria a RioSaúde já foi adiada três vezes, e deveria ocorrer nesta terça. “Vamos pressionar os vereadores e entregar o manifesto assinado por várias entidades”, conta. Atuação do Ministério Público em Minas Gerais O Ministério Público Federal de Minas Gerais (MPF/MG) publicou, no último dia 9, uma recomendação ao reitor da UFMG, Clélio Campolina Diniz, e ao Conselho Universitário, de que não procedesse à assinatura ou autorização de qualquer termo de adesão entre a UFMG e a Ebserh sem antes realizar audiência pública e, caso necessário, reuniões para “um debate mais qualificado, democrático e plural sobre os temas nela tratados com os principais interessados, incluindo o Ministério Público Federal e outras autoridades federais da educação e saúde, representantes da Ebserh e sociedade civil, para esclarecer à comunidade acadêmica e à sociedade em geral a viabilidade da proposta, os termos do contrato, bem como as possíveis implicações decorrentes da adesão”. No documento, o MP recomenda que, caso seja necessário e de forma a garantir a r ealização de amplo debate, que seja adiada qualquer decisão. Disputa no HUPI Em fevereiro de 2013, a Ebserh abriu concurso para contratação no Hospital Universitário do Piauí, sob regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com lotação no HU. Após a divulgação do resultado da seleção em 9 de abril, a Justiça do Trabalho do Piauí emitiu uma liminar que suspendia a convocação dos aprovados, movida pelo Ministério Público do Trabalho do estado, por meio do procurador do Trabalho Ednaldo da Silva, e concedida pela juíza substituta Nara Zoé Abreu. No dia 26 de abril, a liminar foi cassada pelo desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região, Arnaldo Boson Paes. CFM ingressa como amicus curiae na ADI contra a Ebserh Após plenária realizada em abril, o Conselho Federal de Medicina (CFM) decidiu ingressar como amicus curiae na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) contra a criação da Ebserh, proposta pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Amicus curiae é alguém ou instituição que, mesmo sem ser parte, em razão de sua representatividade, é chamado ou se oferece para intervir em processo relevante com o objetivo de apresentar ao Tribunal sua opinião sobre o debate travado nos autos, fazendo com que a discussão seja amplificada e o órgão julgador possa ter mais elementos para decidir de forma legítima. Após avaliar os argumentos favoráveis e contrários, os conselheiros entenderam que a criação da Ebserh constitui medida que implica em riscos para a sociedade. "Entendemos que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares agride a autonomia do sistema educacional e pode comprometer o funcionamento dos serviços de assistência em saúde públicos ancorados nos hospitais universitários e de ensino", ressaltou o presidente do CFM, Roberto Luiz d'Avila. Violência em manifestação na UFPE No dia 23 de abril, os servidores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) fizeram um protesto contra a contratação da Ebserh para administrar o Hospital das Clínicas. Por meio de Ofício enviado ao reitor da UFPE, Anísio Dourado, o Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais de Pernambuco (Sintufepe) denunciou a violência contra os integrantes da comunidade universitária, por parte da segurança patrimonial da universidade, e a presença de um membro da segurança patrimonial da UFPE, que estava à paisana, infiltrado no movimento, gravando a manifestação e registrando imagens. Segundo o Sindicato, ao ser abordado, o segurança disse que estava a serviço do sistema de inteligência institucional. “A violência para calar os opositores, e os esquemas de arapongagem, com elementos infiltrados nos movimentos dentro das universidades rem onta à ditadura militar que outrora combatemos ferrenhamente, inclusive com perda de diversos companheiros e companheiras no front das lutas pelo estabelecimento da democracia”, diz o texto do ofício, assinado pela coordenação do Sintufepe. Resultado do Plebiscito Nacional Após ampliar o debate e convidar a comunidade acadêmica, a população e os usuários do SUS para a discussão, o resultado do Plebiscito Nacional Sobre a Ebserh mostra que a grande maioria dos participantes é contrária à Empresa – dos 63 mil votos, apenas 3 mil são favoráveis à Ebserh. Os votos foram coletados junto à comunidade acadêmica e entre os usuários dos Hospitais Universitários das Instituições Federais de Ensino (IFE). A divulgação do resultado foi apresentada oficialmente no dia 24, durante ato realizado pelas entidades da educação em frente ao Ministério da Educação (MEC), após a grande Marcha que reuniu mais de 20 mil trabalhadores na Esplanada dos Ministérios. O Plebiscito, realizado entre 2 e 19 de abril, foi organizado por entidades ligadas à educação e saúde federais, entre elas ANDES-SN, Fasubra e Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde. *Fotos Sintufes / *Arte Adufrj SSind 12