Relações Públicas como estratégia de comunicação do Orçamento Participativo de Porto Alegre – OP/POA1 Helenice Carvalho2 Professora da Unisinos Resumo O trabalho apresentado trata da comunicabilidade do Orçamento Participativo de Porto Alegre. O OP é um projeto político-administrativo implantado em 1989 pela Administração Popular (AP), na Prefeitura Municipal de Porto Alegre (PMPA).O estudo cobre o período de 1989 a 2002, que corresponde a quatro gestões da AP e analisa as Relações Públicas como estratégia de comunicação, cujo objetivo foi dar visibilidade ao projeto que, constituído no âmbito da política, teve a comunicação como elemento fundamental para a sua implantação. O processo de comunicação implantado pela PMPA se traduz em uma experiência de comunicação integrada, construída a partir de estratégias de comunicação de várias áreas, apresentando uma ênfase relacional muito forte. Palavras-chave: Orçamento Participativo, estratégias de comunicação, relações públicas como estratégia, comunicação integrada. A comunicação do OP apresenta como diferencial a implantação das Relações Públicas em uma nova perspectiva, tornando possível a participação dessa atividade em projetos societários. A partir disso, identifica-se uma prática de Relações Públicas para além da lógica dos modelos clássicos da comunicação. Nesse contexto, minhas atenções se voltaram para um tema que tem sido amplamente levantado no seio da sociedade e que tem trazido um importante avanço para essa área de conhecimento: a comunicação institucional. A grande questão que hoje se coloca é: como construir processos de comunicação ligados a preocupações sociais e como tornar essa questão estratégica? Tal interrogação me levou a dirigir um olhar mais detalhado para o estudo das estratégias de comunicação do Orçamento Participativo (OP), em especial, a estratégia de Relações Públicas, formulada para dar, entre outras coisas, visibilidade, credibilidade e legitimidade ao projeto político-administrativo implantado, pela Administração Popular. 1 Trabalho apresentado ao NP 05 – Relações Públicas e Comunicação Organizacional, do IV Encontro dos Núcleos de Pesquisa da Intercom/2004. O texto foi extraído da Tese de doutorado defendida em junho de 2003 junto ao PPGCC da Unisinos. 2 Dra em Ciências da Comunicação, PPGCC/Unisinos; Mestre em Administração, PPGA/UFRGS; Especialista em Marketing, Faculdade de Administração/PUC/RS; Especialista em Administração de RP e PP, FAMECOS/PUC/RS; Graduada em Comunicação Social, habilitação em Relações Públicas, CCSH/UFSM. Professora do Curso de Comunicação Social da Unisinos, desde março de 1994, Coordenadora da área de Relações Públicas da Agência Experimental de Comunicação/AgexCOM da Unisinos. 2 Os conceitos de visibilidade, credibilidade e legitimidade são fundamentais para as instituições e são elementos-chave para a atividade de Relações Públicas, principalmente em realidades como a do projeto analisado. Esses conceitos têm se mostrado, essenciais ao longo da evolução desta área da comunicação. Visibilidade deve ser entendida como publicização, como dar a conhecer. A credibilidade é obtida a partir das ações institucionais, que acima de tudo devem valorizar a ética e a transparência e a legitimidade ocorre, no momento em que a sociedade acata as ações institucionais, passando a participar das mesmas de modo crítico. O foco da pesquisa realizada ateve-se às Relações Públicas como estratégia para a implantação e consolidação de um projeto político-administrativo distinto. Devido à complexidade da comunicação do OP, foi preciso estabelecer limites ao estudo, tanto em nível de conceitos a serem trabalhados, como em nível metodológico. Assim, a angulação da abordagem foi a atividade de Relações Públicas como estratégia de comunicação de maior significado, estratégia esta, colocada em prática ao longo de quatro gestões da Administração Popular (AP), nos seguintes períodos: a primeira, de 1989 a 1992; a segunda, de 1993 a 1996; a terceira, de 1997 a 2000 e a quarta de 2001 a 2002. A opção pela realização de uma análise mais específica, tendo como enfoque as Relações Públicas como estratégia teve, por finalidade voltar um olhar mais aprofundado para as ações de RP e seu papel estratégico na construção de um “processo de comunicação”. A importância desse tipo de investigação deve-se ao fato de que o OP prevê vários tipos de ações, onde a comunicação busca a criação de vínculos com as pessoas para que a participação se processualize. Assim, o estabelecimento de um relacionamento entre “prestadores de serviços públicos” e “usuários” foi de fundamental importância para a consolidação do OP, uma vez que isso proporcionou a criação de vínculos. O problema de pesquisa que norteou este estudo foi construído a partir de duas dimensões. A primeira, resultado da importância da experiência do Orçamento Participativo implantado pela Administração Popular na Prefeitura Municipal de Porto Alegre, no que diz respeito a algumas questões mais amplas que me tocavam como pesquisadora e como cidadã, igualmente “consumidora da política”. A segunda, de caráter mais específico, tem a ver com as observações de campo, quando em uma delas escutei de uma técnica graduada da PMPA que “o OP antes de ser um projeto político foi um projeto de comunicação em essência”. Sabemos que no decorrer das experiências da democracia representativa, a variável comunicação tem assumido uma dimensão muito importante, nas mais diferentes concepções que lhe foram atribuídas. Basicamente, o enfoque dominante é o de que a comunicação auxilia 3 na produção de vínculos entre governantes e governados. Mas, especialmente, aquele segundo o qual a comunicação é uma dimensão estratégica nas gestões de “curto prazo” da política, especificamente no que se refere ao processo eleitoral, cujas decisões se passam na arena do marketing. No âmbito da democracia participativa os acontecimentos da política, apesar de operarem muitas vezes numa lógica de outra ordem, segundo processualidades coletivas, dependem também da “engenharia” de estratégias internas. Dependem, pois, no enfoque que observo, de outras operações comunicativas para, igualmente, serem disponibilizados e, se constituírem em estratégias através das quais a política se instaura e se realiza. Ainda, de acordo com o problema de pesquisa delimitado, apesar de suas especificidades, a “democracia participativa” opera, também, através de mecanismos de comunicação, no caso, de uma combinação de processos, sejam eles midiáticos ou não. E, neste caso, conforme estabeleço o problema, o OP é uma realidade para a comunidade na medida em que ele se transforma em um acontecimento que resulta de múltiplas operações de vários campos (da política, da administração, da comunicação, entre outros). Mas, fundamentalmente, ela se faz na vida da comunidade pela produção e articulação de atos comunicativos. É nesse sentido que vejo as estratégias de Relações Públicas realizando algumas dimensões deste complexo processo. Ou seja, o OP é essencialmente comunicação, na medida em que seu planejamento, suas ações e suas compreensões se operam via diversificados processos e protocolos de linguagens. Desta maneira, me pareceu importante analisar o processo de comunicação pensado, no sentido de assegurar o exercício de novas formas de participação da sociedade na gestão pública, ou seja, a aplicação de estratégias de Relações Públicas na comunicação política “heterodoxa”. Isso significa passar do uso exclusivo da mídia convencional para a combinação de estratégias múltiplas de comunicação, em que, por exemplo, a comunicação dirigida é um fator fundamental para atingir os diferentes públicos implicados no processo, ainda que estratégias midiáticas façam parte da estratégia de publicização do projeto. A construção deste trabalho foi realizada a partir de uma abordagem empírica, de cunho qualitativo, em que se procurou estabelecer um corte transversal nas ações de comunicação postas em prática dentro do período estudado. Para isso foram adotados os seguintes procedimentos metodológicos: consulta a fontes bibliográficas, de autores das áreas da comunicação política e institucional, entrevistas em profundidade, com profissionais de comunicação da Coordenação de Comunicação Social da Prefeitura Municipal de Porto Alegre 4 (CCS/PMPA), que trabalharam com a comunicação do OP durante o período analisado, além de processos de observação direta. Nas entrevistas, em profundidade, buscou-se a obtenção de informações importantes para a compreensão do fenômeno estudado. Foram realizadas, ainda, análise de planejamentos de comunicação, pesquisas qualitativas de opinião, avaliações da área de comunicação e do OP; análise de peças de comunicação como os VTs do programa “Cidade Viva” que fazem parte de campanhas de comunicação institucional produzidas pela CCS/PMPA, ou por ela encomendadas; análise qualitativa de material impresso, utilizando o jornal Porto Alegre Agora e material de divulgação como forma de situar a comunicação de cada gestão e processos de observação de práticas de Relações Públicas na esfera da comunidade. Para a construção dos capítulos específicos de Relações Públicas foram consultados autores como Margarida Kunsch, Cândido Teobaldo Andrade, Cicília Peruzzo, Roberto Fonseca Vieira, Ana Paula Mattos, Hebe Wey, Bertrand Canfield, James Grunig e Todd Hunt, Roberto Porto Simões, Virgínia Sá Barreto, Ivone de Oliveira, Ana Maria Eirôa da Fonseca, Philip Lesly, Schultz & Barnes e Philip Kotler e Al Ries, estes últimos da área de marketing. Nos capítulos que abordaram as Relações Públicas segundo a comunicação política, optou-se por autores como Adriano Rodrigues, Eliseo Verón, Dominique Wolton, Wilson Gomes, Jesús Martín-Barbero, Guillermo Orozco Gomes, Cicília Peruzzo, Carlos Alberto Messeder Pereira, Grunig & Hunt, Margarida Kunsch, Ivone de Oliveira e Regina César. Com relação a recuperação conceitual sobre a comunicação como estratégia da política, levou-se em consideração as reflexões de Torquato do Rego, Adriano Rodrigues, André Gosselin, Anne-Marie Gingras, Vincent Lemieux e Dominique Wolton. Os capítulos que trataram das questões relativas ao Orçamento Participativo e à sua política de comunicação propriamente dita foram construídos a partir das entrevistas em profundidade realizadas com os profissionais da Coordenação de Comunicação Social da PMPA3 e a consulta de materiais de comunicação do OP, onde são apresentadas questões referentes às estratégias de Relações Públicas na comunicação do Orçamento Participativo e sua operacionalização, tais como o conceito de planejamento das estratégias de comunicação, os eventos de Relações Públicas como estratégia de comunicação, onde são apresentadas atividades como as reuniões do OP e as cerimônias de entrega das obras, como modalidade de comunicação com a comunidade, as mídias dirigidas, como por exemplo, os jornais de 3 Foram consultados autores como Décio Freitas, Ana Cláudia Teixeira, Leonardo Avritzer, Antônio Holfeldt, Tarso Genro, Ubiratan Souza, Rebeca Abers, Luciano Fedozzi, Sérgio Baierle e Marcelo Silva. 5 bairro, e o seu aproveitamento como uma estratégia de comunicação com a comunidade, as pesquisas realizadas, sob encomenda da PMPA, para avaliação do OP e da comunicação do OP e a avaliação da publicidade institucional, realizada ao longo das quatro gestões, através do programa televisivo “Cidade Viva”, dos “cartazes” e dos “volantes”. A análise das estratégias de comunicação se dá a partir da lógica de produção, embora os sujeitos dessa comunicação sejam vistos como sujeitos ativos de um processo comunicacional. Considerando que, a comunicação pensada na ótica da produção tenha seus objetivos previamente definidos, não pode ser desconsiderada a necessidade de compreensão da recepção. Lembro de antemão, que a pesquisa realizada ateve-se apenas ao foco da produção das estratégias, uma vez que entender uma estratégia desse porte exigiu trabalhar para além dos autores convencionais das Relações Públicas, sobretudo os que lidam com esse novo desenho da comunicação. Trabalhar a questão da recepção exigiria esforços relativos a uma outra tese. Antes de apresentar o trabalho propriamente dito, devo explicitar minha última “operação” na produção da tese que foi a escolha do título. Ao pensar em que título deveria colocar ocorreu-me, instantaneamente, o que acabou ficando: comunicação com “voz” e “cara” – estratégias de Relações Públicas do Orçamento Participativo de Porto Alegre. Esse me pareceu elucidativo a tudo o que seria apresentado nesta tese, a partir da compreensão de estratégias de Relações Públicas em projetos societários para além dos protocolos convencionais dessa atividade. A tese pretende mostrar que é possível às Relações Públicas extrapolarem a lógica dos modelos clássicos, proporcionando a participação de grupos sociais em processos dialógicos de comunicação que, além de vozes e falas tenham cara, isto é, possam ser inseridos sob uma outra lógica na qual os grupos sociais não se constituam apenas em objetos e fontes das pesquisas. A dimensão aqui exposta não esgota o que procuro mostrar, porque há estratégias aqui examinadas cujas interações sociais se dão a partir de reconhecimentos de instâncias que não são apenas aquelas produtoras das estratégias. Mesmo que, essa “amostragem” ainda seja tímida. Entretanto, a maior razão da minha escolha pela análise das estratégias de Relações Públicas do OP residiu no fato de que para a área de RP era importante estudar mais sistematicamente se numa experiência do porte do OP havia um avanço em termos de Relações Públicas, no sentido de descolar-se da perspectiva clássica em direção a uma perspectiva mais avançada, isto é mais crítica e não apenas instrumental. 6 A experiência do OP de Porto Alegre foi construída no âmbito da política, mas foi na esfera da comunicação que ganhou uma dimensão concreta. Isso ocorreu porque a comunicação possibilitou o compartilhamento de sentidos necessários a um bem simbólico como a política, cuja natureza pressupõe, dentre outras coisas, compartilhamento. A dimensão comunicacional do OP teve como objetivo, também, legitimar o projeto político-administrativo da Administração Popular junto aos seus públicos-alvo. Nesse sentido, foi importante estudar a evolução das Relações Públicas, de uma perspectiva meramente promocional para uma perspectiva democrática. Poucas ainda são as experiências de políticas de comunicação de Relações Públicas, voltadas para pressupostos mais críticos, onde a própria noção e o papel das Relações Públicas são revistos. Ou seja, os avanços ficam ainda no meio do caminho, fazendo com que haja uma combinação de estratégias clássicas de comunicação com estratégias mais de vanguarda. O normal é que os avanços ainda se dêem lenta e gradualmente. A escolha do Orçamento Participativo não foi aleatória, visto que as Relações Públicas representam a área mais interativa da comunicação, pois além de instrumentos midiáticos tomam parte nesse tipo de comunicação formas relacionais, que pressupõem uma interação de sujeitos como parte de um processo. Então, o próprio projeto do OP me levou ao desafio de responder se havia lugar para uma nova matriz de Relações Públicas em um processo político avançado, que pressupunha uma participação da população. Queria encontrar respostas para a questão de que se pelo fato de a política se pretender participativa implicava em uma comunicação também participativa. As Relações Públicas como estratégia da comunicação do OP Após analisar e descrever as estratégias e os processos de comunicação que se estabeleceram foi possível perceber que a comunicação do OP ocorreu a partir de um processo híbrido de comunicação, que mesclou estratégias clássicas de comunicação como os jornais segmentados, os jornais de bairro, a publicidade institucional e estratégias de comunicação avançada como as cerimônias de entregas das obras que envolviam as comunidades e não só o cerimonial da PMPA. Mais tarde, esse processo híbrido viria a ser identificado como uma das primeiras experiências de comunicação integrada no âmbito da comunicação política. A propaganda institucional teve um caráter mais publicitário do que propagandístico e ocorreu de uma forma inovadora, através da identificação das pessoas da comunidade, o que 7 chamo de “caras”. A partir da utilização de “rostos reais”, ou mais próximos do real a população dos mais diversos bairros e das mais variadas camadas sociais passou a se ver retratada. Isso foi uma inovação, uma propaganda institucional com testemunhal. Com referência as obras, também ocorreu algo semelhante, pois as mesmas eram mostradas ao longo de sua execução, inclusive com depoimentos dos moradores de cada região. Isso de certa forma foi uma tentativa de dar legitimidade ao projeto. A comunicação do OP mostra uma pluralidade de estratégias, instrumentos e públicos, entre os quais a comunidade merece um destaque especial. Uma outra questão que me parece interessante foi a “rede de relações” que foi estabelecida para divulgar o OP. Foram envolvidas associações de bairro, associações de moradores, de mães, Uampa, Fracab, criando uma verdadeira teia, uma rede de divulgação horizontal. Com isso, posso dizer que a estratégia de comunicação política do OP foi o resultado de entrecruzamentos de códigos, técnicas, valores, apelos simbólicos e de linguagens. Não houve apenas uma comunicação política linear, mas sim uma comunicação integrada complexa que acompanhou a complexidade da própria sociedade. Por outro lado, sem dúvida houve um “apelo progressista”, preferencialmente voltado para as maiorias excluídas. Com certeza as maiorias excluídas também, pensam, sentem, tem gosto, aspirações, encontrando-se imersas em realidades heterogêneas. Pode-se dizer ainda, que após a análise de materiais comunicacionais, de entrevistas realizadas, de observações feitas através da participação nas reuniões do OP, da análise das campanhas publicitárias institucionais e de produtos de comunicação, é possível se dizer que as estratégias de comunicação elaboradas para comunicar o Orçamento Participativo podem ser consideradas uma modalidade de comunicação híbrida, no sentido de que combina estratégias midiáticas, como o uso dos meios de comunicação de massa, bem como o de outras “mídias alternativas”, via estratégias relacionais, como as de Relações Públicas voltadas para a comunidade. Não pode ser desconsiderado o esforço no sentido de que a comunicação tenha estruturado novas e possíveis relações entre o âmbito político-administrativo e as comunidades. Entretanto, é importante chamar atenção para limites destas estratégias pois, embora relacionais ainda se constituem nas fronteiras do seu próprio âmbito produtivo. 8 O Orçamento Participativo, enquanto projeto, previa a participação da população, dividida em grupos de relacionamento, através das 16 regiões do OP, nas definições de prioridades para o investimento de recursos públicos. As políticas de comunicação passaram por uma combinação de estratégias midiáticas e relacionais, que, entretanto, ainda não podem ser classificadas como “participativas”, uma vez que as mesmas foram concebidas na esfera do Estado, e não pela população, mesmo que, as Relações Públicas tenham servido de elemento potencializador do processo comunicacional, desde a implantação do projeto. Deve-se, porém, enfatizar o que foi possível no desenho desta experiência. Hoje, com o alargamento das fronteiras do “espaço público”, para um “espaço público midiático”, pode-se dizer que é impossível uma instituição formular políticas de comunicação minimizando as questões midiáticas. A mídia é elemento central nos processos de interação por vários fatores, cabendo, por exemplo, às Relações Públicas tarefas singulares como a de tecer novos padrões de reconhecimento entre o Estado e a sociedade. No caso do Orçamento Participativo, a comunicação possibilitada pelas estratégias de Relações Públicas funcionou como uma rede, instaurando uma teia de relações entre a Coordenação de Comunicação Social e as Associações de Bairro ligadas a cada uma das 16 regiões do OP. O trabalho destas estratégias de Relações Públicas com as comunidades parece ter sido fundamental, – mais do que as estratégias de comunicação midiática, que foram proposicionais e unidirecionais –, porque possibilitaram níveis de interação entre a prefeitura e a comunidade, organizada através das regiões do OP que, basicamente tinham por trás as associações comunitárias já existentes. Havia em Porto Alegre experiências associativas prévias, originadas pelo movimento comunitário, bem como uma demanda reprimida por participação política. No modelo político vigente até a eleição da Administração Popular os líderes comunitários eram usados como cabos eleitorais, verificando-se uma prática de política assistencialista. De acordo com alguns autores da área da Ciência Política consultados, a Associação de Moradores de Porto Alegre (Uampa), pode ter sido uma das bases para o desenvolvimento do Orçamento Participativo. Muitas instituições, públicas ou privadas, têm voltado seus interesses para a questão da responsabilidade social, o que necessariamente precisa envolver a sociedade através de “comunidades socialmente organizadas”. Ou seja, a participação das comunidades é fundamental para o sucesso de projetos de amplitude social. As comunidades se formam a partir de grupos de relacionamento e, por isso, representam um público importante na ótica de 9 Relações Públicas. Cabe a esta área fazer uso dos processos de comunicação que possibilitam o estreitamento de laços entre instituições e sociedade, principalmente quando estão em jogo desafios como a proposta pelos projetos dos processos participativos que envolvem o âmbito social e o político. No caso do Orçamento Participativo, mais do que tentar mostrar à população que era possível participar da definição de prioridades de investimento, foi fundamental mudar expectativas em relação às necessidades que eram muitas, e os recursos limitados. O mais importante foi lembrar aos cidadãos que os recursos que vinham da própria população através dos impostos. Isso só foi possível quando, por meio da publicização dos recursos orçamentários em esfera midiática, as pessoas passaram a ter acesso à realidade. A publicização da realidade do município fez com que a população pudesse exercitar uma dimensão da cidadania, por exemplo, com a noção, exata, de deveres e direitos. O acesso aos números por parte da população tornou a relação entre gestores e cidadãos mais simétrica, fazendo com que se tornassem parceiros de uma causa maior. Quando se fala em comunicação política como um processo, se quer dizer que para interagir com a sociedade é necessário mais do que a simples publicização. É necessário exercício de compreensão daquilo que se propõe público. Especificamente, no caso do OP, foi preciso estabelecer um processo sócio-pedagógico-comunicacional, no sentido de “equipar” a população na questão política, pois os anos de ditadura tinham se incumbido de alienar algumas gerações e feito calar outras em termos de suas expressividades e desejos. “Equipar” a comunidade e os grupos de relacionamento significou a implementação de estratégias midiáticas de maneira ampla, que tiveram como objetivo, propor questões para engajá-los em suas soluções. Ou seja, destaca-se aqui o papel pedagógico da comunicação, enquanto um campo social dotado de competências, como observa Adriano Rodrigues (1997) ao situar as funções estratégicas da comunicação, na sua tarefa de potencializar dinâmicas e relações sociais. A comunicação política hoje, não se sustenta mais em velhos modelos, como ocorreu em outros tempos, em especial no período do Estado Novo e na ditadura militar. Hoje, é preciso que a comunicação auxilie na divulgação de questões que são consideradas fundamentais para a sociedade, como por exemplo, a transparência pública, a justiça social, a igualdade de direitos e oportunidades e a possibilidade de participação nas decisões das políticas públicas, entre outras. 10 Nesse sentido, a atividade de Relações Públicas, age como um elemento embasador e mediador da política, considerando-se um dispositivo de articulação entre dois campos sociais que têm dentre outros, o desafio do desenvolvimento das oportunidades e da justiça. Para isso, entende-se comunicação mais do que o simples lugar de repasse unilateral de informações e política como uma ação que não se limita apenas à representação outorgada pelo voto. É preciso que a política e a comunicação se preocupem em estimular “voz” e “cara” dos sujeitos sociais, envolvidos nos diversos processos que são adotados no sentido de promover novas possibilidades de interações sociais. As Relações Públicas no contexto do processo de comunicação do Orçamento Participativo representam um exemplo de que a atividade de Relações Públicas não responde apenas à perspectivas funcionais com que essa prática comunicacional muitas vezes ainda é encarada. Relações Públicas são mais do que apenas “eventos”.Porém, como procurei mostrar na parte III da tese os “eventos” de Relações Públicas, antes de serem considerados supérfluos, podem ser espaços e momentos voltados para uma construção relacional. Para tanto, em Relações Públicas há sempre um roteiro, nunca um script. Isso porque a partir do momento em que as pessoas têm a possibilidade de interagir, de reagir, não se pode limitar sua participação ao papel de “convidados” apenas. Atualmente, os públicos não são mais meramente públicos, mas “grupos de relacionamento” que através de uma comunicação dialógica interagem entre si. Na perspectiva que pretendemos mostrar, a comunicação estabelecida não se propôs a reunir as pessoas apenas como espectadores, mas em transformá-los em grupos de participantes que, de uma forma ou de outra interferissem no processo social e político, conferindo-lhes desta maneira a dignidade e controle da realidade de maneira responsável. Ainda que seja inevitável o reconhecimento da necessidade de combinação de lógicas comunicacionais, algumas muito específicas e outras mais híbridas, é preciso examinar o potencial de uma ou de outra, no sentido de que se voltem para ajudar a melhoria da vida dos indivíduos. No que tange a comunicação política em geral é possível fazer algumas colocações: a primeira delas ratifica o fato das estratégias e experimentações de política participativa não poderem prescindir da comunicação midiática para obterem visibilidade e legitimidade. Mesmo com toda a capacidade relacional proporcionada pelas Relações Públicas, as estratégias 11 políticas ainda possuem um componente fortemente midiático. E, também, porque não basta apenas fazer, para adquirir visibilidade e legitimidade, é preciso “fazer e mostrar” e, a forma mais abrangente para atingir a sociedade é, através dos processos de midiatização. A segunda é a necessidade que existe de fazer a sociedade compreender que a “verdadeira” comunicação é um processo híbrido atravessado por muitas mediações, com ênfase, principalmente na dimensão midiática e na relacional. A terceira é a de que há a necessidade, também, de que sejam consideradas as estratégias de comunicação geradas pela própria sociedade, pois a democracia se efetiva na interação. A quarta é a de que, a despeito de todos os avanços que podem ser verificados nas estratégias de comunicação do Orçamento Participativo, a construção dessas estratégias ainda foi feita na esfera do Estado. Ou seja, não houve, uma incorporação significativa das estratégias de comunicação que surgem no âmbito da sociedade e dos grupos sociais e que, se estas fossem incorporadas, com certeza haveria um avanço muito mais significativo na qualidade da comunicação. A quinta é a de que a estratégia de comunicação sendo definida pelo Estado ainda reproduz questões comunicacionais presentes em modelos conservadores. Ou seja, embora o Estado tenha interesse em alterar o processo de comunicação, este avançou muito pouco até o momento, pela falta de recursos e/ou pelo conservadorismo, para que a comunicação pudesse avançar. A sexta decorre da anterior: o projeto político é participativo, mesmo que com limites, mas a comunicação não é de todo participativa, embora tenha adotado em sua estratégia ações relacionais. As Relações Públicas mesmo com todos os avanços, ainda estão atreladas à lógicas midiáticas convencionais, pois no caso específico do objeto dessa pesquisa, a comunicação do OP, mesmo na ótica de RP, não conseguiu se “descolar” das lógicas de alguns modelos mais clássicos aqui estudados. De uma maneira geral, a sociedade do século XXI espera que projetos avançados em nível político tenham uma comunicação, também avançada, no sentido de que este contemple a possibilidade de interação e intervenção no processo comunicacional, qualificando melhor o diálogo entre instituição e sociedade. 12 O projeto aqui analisado mostra de fato que as concepções das práticas de Relações Públicas avançaram muito nos últimos tempos, entretanto ainda há muito por fazer. Os avanços se fazem segundo condições reais, não apenas embalados por sonhos que estão na nossa cabeça. Porém, é justamente o descompasso entre os sonhos e a realidade que nos coloca diante da necessidade de transformar os limites em novos avanços. É possível uma comunicação midiatizada não só de “natureza irradiada”, que leve em conta “processos de encadeamento”, construção de elos em cadeias horizontais. Não obstante, na experiência analisada possam ser verificadas construções de teias, essas ocorrem na maioria das vezes provocadas por uma linearidade vertical. Mas, a despeito dessas dificuldades que ora relato, não desisti. Ainda que em muitos momentos possa ter esmorecido acho que consegui realizar um trabalho que se não ficou brilhante traz avanços significativos para a área da comunicação, da comunicação política e para as Relações Públicas em especial. Referêencias bibliográficas ABERS, Rebecca. Do clientelismo à cooperação: governos locais, políticas participativas e organização da sociedade civil em Porto Alegre. Porto Alegre: Coleção Cadernos da Cidade, v.5, n.7, mai, 2000. 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