Cadernos de Saúde NÚMERO ESPECIAL Aquisição das Línguas Gestuais Sign Language Acquistion VOLUME 6, 2013 Publicação Semestral Propriedade / Editor Instituto de Ciências da Saúde (ICS), Universidade Católica Portuguesa (UCP) www.cadernosdesaude.org Palma de Cima, 1649-023 Lisboa, Portugal Conselho Editorial / Editorial Board Alexandre Castro-Caldas Fernando Mena Ferreira Martins Editores Convidados / Guest Editors Sara Carvalho Mara Moita Ana Mineiro Membros / Members Abel Paiva e Silva, PhD, ESENf Porto Ana Mineiro, PhD, ICS-UCP Ana Sofia Carvalho, PhD, IB-UCP António Andrade, PhD, FGE-UCP António Fonseca, PhD, FEP-UCP Célia Santos, PhD, ESENf Porto Cristina Sampaio, PhD, FML-UL Deborah Chen-Pichler, PhD, Univ. Gallaudet, USA Daniel Serrão, PhD, IB-UCP Elísio Costa, PhD, ICs-UCP Élvio Jesus, PhD, ICS-UCP Fernando Coelho Rosa, PhD, ICS-UCP Helena José, PhD, ICS-UCP Henrique Lecour PhD, ICS-UCP Isabel Capeloa Gil PhD, FCH-UCP Isabel Guimarães, PhD, ESSA-SCML Isabel Renaud, PhD, ICS-UCP João Queiroz e Melo, PhD, ICS-UCP José A Esperança Pina, PhD, FCM José Afonso Baptista, PhD, FEP-UCP José Amendoeira Martins, PhD, ICS-UCP José Ducla Soares, PhD, FM-UL José Pereira de Almeida, PhD, FT-UL José Melo Cristino, PhD, FM-UL José Reis Lagarto, PhD, FEP-UCP Jorge Leitão, PhD, ICS-UCP Manuel Barata Marques, PhD, FE-UCP Manuel Lopes, PhD, ESE-UE Maria Emília Santos, PhD, ESSA-SCML Maria Isabel Hub Faria, PhD, FL-UL Maria Vânia Rocha da Silva Nunes, PhD, ICS-UCP Margarida Silva Vieira PhD, ICS-UCP Michel Renaud, PhD, IB-UCP Paulo Matos Costa, PhD, FM-UL Walter Oswald, PhD, IB-UCP Editora / Publisher UCEditora, Palma de Cima, 1649-023, Lisboa, Portugal, www.uceditora.ucp.pt A UCEditora autoriza a divulgação deste volume Publicidade / Advertising [email protected] Informação para os assinantes Cadernos de Saúde é uma revista semestral. Assinatura anual: Instituição 30€, individual 20€, estudante 15€, com direito a receber duas revistas na morada do assinante. O assinante é responsável pelo pagamento de eventuais taxas ou direitos alfandegários. Information for subscribers Cadernos de Saúde is a biannual publication. Subscription price is 30€ (Institutional), 20€ (Individual) and 15€ (student). Price includes delivery of print journal to recipient’s address. Mailing agent is Instituto de Ciências da Saúde. The recipient is responsible for paying any import duties or taxes. Identificação / Periodical ID statement ISSN 1647-0559 Depósito Legal 280918/08 Fotografia da capa: Filipe Condado Conceção Gráfica: Sereer, soluções editoriais Copyright São reservados todos os direitos em nome do Instituto de Ciências da Saúde. O conteúdo dos Cadernos não pode ser reproduzido ou transmitido sem autorização expressa do proprietário. Copyright and Photocopying All rights reserved. No part of this publication may be reproduced, stored or transmitted without the prior permission in writing from the copyright holder. Cadernos de Saúde NÚMERO ESPECIAL Aquisição das Línguas Gestuais Sign Language Acquistion VOLUME 6, 2013 Publicação Semestral Índice As palavras e os gestos que nos “tornam” humanos 13 “It is nothing other than words which has made us human” Sara Carvalho, Mara Moita & Ana Mineiro The words and signs that make us human 16 “It is nothing other than words which has made us human” Sara Carvalho, Mara Moita & Ana Mineiro Os desafios da investigação e avaliação da aquisição da língua gestual 19 Anne E. Baker The challenges of research and assessment in sign language acquisition 20 Anne E. Baker Bilinguismo precoce e aquisição bilingue: O que sabemos da Aquisição Bilingue da Primeira Língua (BFLA)? 21 Hanna J. Batoréo Early bilingualism and bilingual acquisition: what do we know of bilingual first language acquisition (BFLA)? 22 Hanna J. Batoréo Uma vindicação biolinguística das línguas gestuais: da aquisição à evolução 23 António Benítez-Burraco A biolinguistic vindication of sign languages: from acquisition to evolution 24 António Benítez-Burraco A aquisição de classificadores na Língua Brasileira de Sinais (Libras) 25 Elidéa Lúcia Almeida Bernardino The acquisition of classifiers in Brazilian Sign Language (Libras) Elidéa Lúcia Almeida Bernardino 26 Adaptação audioprotésica em crianças surdas de São Tomé e Príncipe – evolução 27 Cristina Caroça, Tânia Constantino, Ana Mafalda Almeida, Sandy Batista, João Paço Fitting hearing aids in children in São Tomé e Príncipe - evolution 28 Cristina Caroça, Tânia Constantino, Ana Mafalda Almeida, Sandy Batista, João Paço AQUI_LGP: Corpus de aquisição 29 Sara Carvalho, Mara Moita, Sofia Lynce de Faria, Patrícia Carmo AQUI_LGP: Acquisition corpus 30 Sara Carvalho, Mara Moita, Sofia Lynce de Faria, Patrícia Carmo O processo de aquisição da linguagem de crianças surdas implantadas 31 Karina Elis Christmann The process of language acquisition of deaf children with cochlear implants 32 Karina Elis Christmann A robustez do desenvolvimento da linguagem: o papel dos estudos interpopulacionais e interlinguísticos 33 João Costa The robustness of language development: the role of crosspopulation and crosslinguistic studies 34 João Costa Aquisição bilingue bimodal desigual: gémeos - um ouvinte e um surdo - mediados numa família Surda 35 Emelie Cramér-Wolrath Acquiring bimodal bilingualism differently: a hearing and a deaf twin mediated in a deaf family 36 Emelie Cramér-Wolrath Nomeação de imagens em crianças surdas de famílias surdas e ouvintes em comparação com a produção de gestos não linguísticos espontâneos produzidos por crianças ouvintes: a influência da iconicidade 37 Rachel England, Robin Thompson, Gabriella Vigliocco, Bencie Woll, Gary Morgan Picture naming in deaf children from deaf and hearing families compared with spontaneous gestures produced by hearing children: the influence of iconicity Rachel England*, Robin Thompson, Gabriella Vigliocco, Bencie Woll, Gary Morgan 38 Aquisição simultânea de Língua Gestual de Hong Kong e cantonês: violação da gramática de code-blending39 Cat H.-M. Fung, Gladys Tang Simultaneous acquisition of Hong Kong Sign Language and Cantonese: violation of code-blending grammar 40 Cat H.-M. Fung, Gladys Tang A escrita do português como L2 para crianças surdas: relações da escrita com a oralidade 41 Zilda Maria Gesueli, Ivani Rodrigues Silva, Sabrina de Oliveira Maciel Guimarães Written Portuguese as L2 for deaf children: relations between writing and oral language 42 Zilda Maria Gesueli, Ivani Rodrigues Silva, Sabrina de Oliveira Maciel Guimarães Identificação da idade relacionada com a aquisição da ASL em CSPS e CSPO e identificação de perfis de alunos surdos de línguas utilizando o Instrumento de Avaliação da Língua Gestual Americana (ASLAI) 43 Hoffmeister*, R., Novogrodsky, R., Fish, S., Benedict, R., Henner, J. & Rosenberg, P. Identifying age related acquisition of ASL in DCDP and DCHP and identifying profiles of deaf language learners using the American Sign Language Assessment Instrument (ASLAI) 44 Hoffmeister*, R., Novogrodsky, R., Fish, S., Benedict, R., Henner, J. & Rosenberg, P. A transcrição como uma ferramenta para aumentar a consciência metalinguística em alunos de Língua Gestual Alemã como segunda língua 45 Emily Kaufmann, Reiner Griebel, Thomas Kaul Transcription as a tool for increasing metalinguistic awareness in learners of German Sign Language as a second language 46 Emily Kaufmann, Reiner Griebel, Thomas Kaul O uso de referentes em inglês oral por crianças bilingues bimodais 47 Elena Koulidobrova; Kathryn Davidson Bimodal bilingual children’s use of referents in their spoken English 48 Elena Koulidobrova; Kathryn Davidson Aquisição da concordância verbal em Língua Gestual de Hong Kong (HKSL) 49 Scholastica Lam Acquisition of verb agreement in Hong Kong Sign Language (HKSL) Scholastica Lam 50 Aquisição da sintaxe de gestos funcionais em HKSL: um estudo de caso sobre PODER e NÃO-TER produzido por criança com aprendizagem tardia de HKSL do programa Jockey Club Sign Bilingualism and Co-enrolment in Deaf Education51 Scholastica Lam and Betty Cheung Acquisition of the syntax of functional signs in HKSL: a case study on CAN and NOT-HAVE produced by child late learners of HKSL in Jockey Club Sign Bilingualism and Co-enrolment in Deaf Education Programme 52 Scholastica Lam and Betty Cheung SEL - sistema de escrita para Língua de sinal 53 Adriana Stella Cardoso Lessa-de-Oliveira SEL - writing system for Sign Language 54 Adriana Stella Cardoso Lessa-de-Oliveira Aquisição de advérbios não manuais em HKSL por crianças surdas no Jockey Club Sign Bilingualism and Co-enrolment in Deaf Education Programme 55 Jia Li, Scholastica Lam, Cat H-M. Fung Acquisition of nonmanual adverbials in HKSL by deaf children in the Jockey Club Sign Bilingualism and Co-enrolment in Deaf Education Programme 56 Jia Li, Scholastica Lam, Cat H-M. Fung Mais do que a soma das partes: aquisição bilingue bimodal da linguagem – aspetos sintáticos 57 Diane Lillo-Martin, Ronice Müller de Quadros, Deborah Chen Pichler More than the sum of the parts: bimodal bilingual language acquisition – syntactic aspects 58 Diane Lillo-Martin, Ronice Müller de Quadros, Deborah Chen Pichler Extensão Média do Enunciado em crianças portuguesas com implantes cocleares: diferente dos seus pares ouvintes? 59 Sofia Lynce de Faria, Sofia Barão Marques & Ana Mineiro Mean Length of Utterance in Portuguese children with cochlear implant: differences with hearing pairs? 60 Sofia Lynce de Faria, Sofia Barão Marques & Ana Mineiro Intervenções psicopedagógicas na aquisição da língua de sinais: fator de aprendizagem e desenvolvimento da Identidade cultural Flávia Medeiros Álvaro Machado 61 Psycho-pedagogical intervention in sign language acquisition: factor of learning and development of cultural identity 62 Flávia Medeiros Álvaro Machado Aprendizagem da Língua Gestual Portuguesa como M2: contributos da análise cinemática na identificação de possíveis erros fonológicos no Parâmetro Movimento 63 Cátia Marques, João Abrantes, Maria Augusta Amaral, Ivo Roupa, Tiago Atalaia Portuguese Sign Language M2 acquisition: kinematic analysis contribution in the identification of possible phonological errors in movement parameter 64 Cátia Marques, João Abrantes, Maria Augusta Amaral, Ivo Roupa, Tiago Atalaia Desenvolvimento precoce de vocabulário bilingue em crianças surdas com implantes cocleares educadas em escolas bilingues em Madrid 65 Mar Pérez Martín*, Marian Valmaseda Balanzategui, Begoña De la Fuente Martín, Nacho Montero, Sophie Mostaert Early bilingual vocabulary development in deaf children with Cochlear Implants educated in bilingual schools in Madrid 66 Mar Pérez Martín*, Marian Valmaseda Balanzategui, Begoña De la Fuente Martín, Nacho Montero, Sophie Mostaert Guiné-Bissau: o nascimento da língua gestual 67 Mariana Martins, Marta Morgado Guinea-Bissau: the birth of a sign language 68 Mariana Martins, Marta Morgado São Tomé e Príncipe: a urgência da emergência de uma língua gestual 69 Ana Mineiro, Patrícia Carmo, Cristina Caroça, João Paço São Tomé e Príncipe: the urgency of the emergence of a sign language 70 Ana Mineiro, Patrícia Carmo, Cristina Caroça, João Paço Será o acesso fonológico e lexical no processamento semântico condicionado pela idade de aquisição em sujeitos surdos? 71 Mara Moita Is phonological and lexical access during semantic processing conditioned by age of acquisition in deaf individuals? 72 Mara Moita Avaliação das teorias de aquisição e perturbação da linguagem através da aprendizagem de línguas gestuais em crianças Gary Morgan 73 Evaluating theories of language acquisition and impairment through children’s learning of sign languages 74 Gary Morgan Organização prosódica em língua de sinais: um estudo sobre intensificador e advérbio de modo na Língua Brasileira de Sinais (Libras) 75 Rosana Passos Prosodic organization in sign language: a study on intensifiers and modal adverbs in Brazilian Sign Language (Libras) 76 Rosana Passos Aquisição da língua gestual como L2 77 Deborah Chen Pichler L2 acquisition of sign language 78 Deborah Chen Pichler Letramento acadêmico de surdos universitários: avaliação de leitura 79 Vanessa de Oliveira Dagostim Pires Academic literacy for deaf college students: reading evaluation 80 Vanessa de Oliveira Dagostim Pires A aquisição do tópico e do foco na Língua de Sinais Brasileira 81 Aline Lemos Pizzio The acquisition of topic and focus in Brazilian Sign Language 82 Aline Lemos Pizzio O desenvolvimento da Língua Gestual Alemã (DGS) e do alemão escrito em alunos surdos com educação bilingue 83 Carolina Plaza-Pust The development of German Sign Language (DGS) and Written German in bilingually educated deaf students 84 Carolina Plaza-Pust Mais do que a soma das partes: Aspetos fonológicos da aquisição bilingue bimodal da linguagem Ronice Müller de Quadros, Deborah Chen Pichler, Viola Kozak, Carina Rebello Cruz, Aline Lemos Pizzio, Diane Lillo-Martin 85 More than the sum of the parts: Bimodal bilingual language acquisition phonological aspects 86 Ronice Müller de Quadros, Deborah Chen Pichler, Viola Kozak, Carina Rebello Cruz, Aline Lemos Pizzio, Diane Lillo-Martin Considerando o processamento visual para a investigação do desenvolvimento típico e atípico da língua gestual 87 David Quinto-Pozos Considering visual processing for investigating typical and atypical signed language development 88 David Quinto-Pozos Transcrição da Língua Gestual Portuguesa (LGP): utilização de uma ferramenta específica, ELAN 89 Jorge Rodrigues, João Barreto, Marta Morgado, Isabel Morais, Patrícia Carmo Transcribing Portuguese Sign Language (LGP): using a specific tool, ELAN 90 Jorge Rodrigues, João Barreto, Marta Morgado, Isabel Morais, Patrícia Carmo (Re)Pensar a Língua (LGP) em contextos de aprendizagem específicos 91 Fátima Sarmento, Rui Corredeira, Orquídea Coelho (Re)Think Portuguese Sign Language in specific learning contexts 92 Fátima Sarmento, Rui Corredeira, Orquídea Coelho E se eu fosse s/Surda? Seria bilingue? 93 Visões de Formadores/Docentes de Língua Gestual Portuguesa (LGP) e Professores/Educadores de Educação Especial sobre ensinar LGP e LP Ana Isabel Silva What if I was d/Deaf? Would I be bilingual? 94 Portuguese Sign Language deaf educators’ and Special education teachers’ vision about how to teach Portuguese Sign Language and Portuguese language Ana Isabel Silva Estratégias de ensino do português como L2 a estudantes surdos 95 Ivani Rodrigues Silva, Aryane dos Santos Nogueira, Zilda Maria Gesueli Differentiated teaching strategy for teaching Portuguese writing to deaf students 96 Ivani Rodrigues Silva, Aryane dos Santos Nogueira, Zilda Maria Gesueli A aprendizagem da língua de crianças surdas: aspetos lexicais e gramaticais da Língua Brasileira de Sinais Lídia da Silva 97 Language-learning of the deaf child: the lexical and grammatical aspects of Brazilian Sign Language 98 Lídia da Silva Como pode a aquisição precoce da língua gestual e da língua oral influenciar o desempenho sintático da linguagem verbal escrita? Um estudo preliminar na Língua Gestual Portuguesa com sujeitos surdos pré-linguísticos. 99 Sónia Silva, Ana Mineiro, Alexandre Castro Caldas How can the early acquisition of Sign Language and Oral Language influence the syntactic performance of the oral language? A preliminary study in Portuguese Sign Language with prelingually deaf subjects. 101 Sónia Silva, Ana Mineiro, Alexandre Castro Caldas Gestuantes nativos e não nativos de língua gestual: uma contribuição ao debate da aquisição da linguagem 103 Thaïs Cristófaro Silva; Rosana Passos Native and non-native sign language users: a contribution to the language acquisition debate 104 Thaïs Cristófaro Silva; Rosana Passos Uma análise do fenômeno “alternância de línguas” 105 Na fala de bilíngues intermodais (libras e português) Aline Nunes de Sousa, Ronice Müller de Quadros An analysis of code-switching in bimodal bilinguals 106 (Brazilian Sign Language and Portuguese) Aline Nunes de Sousa, Ronice Müller de Quadros Instrumentos lingüísticos tecnológicos de gramatização das línguas de sinais: sistema SignWriting 107 Marianne Rossi Stumpf Aspects of reading and signwriting: case studies with deaf students of basic education and deaf and hearing university 108 Marianne Rossi Stumpf Desenvolvimento bilingue bimodal de crianças surdas com implantes cocleares: estudo longitudinal de vários casos Ritva Takkinen 109 Bimodal bilingual development of deaf children with a cochlear implant: a longitudinal multi-case study 110 Ritva Takkinen O caminho para a aprendizagem da língua é icónico: evidências da Língua Gestual Britânica 111 Robin L. Thompson, David Vinson, Bencie Woll, Gabriella Vigliocco The road to language learning is iconic: evidence from British Sign Language 112 Robin L. Thompson, David Vinson, Bencie Woll, Gabriella Vigliocco Aspectos da leitura e escrita de sinais: estudos de caso com alunos da educação básica e de universitários e ouvintes 113 Débora Campos Wanderley Aspects of reading and signwriting: case studies with deaf students of basic education and deaf and hearing university Débora Campos Wanderley 114 As palavras e os gestos que nos “tornam” humanos “It is nothing other than words which has made us human” (I. P. Pavlov, 1927-1960) Sara Carvalho, Mara Moita & Ana Mineiro Introdução A especificidade humana da comunicação, seja ela oral ou gestual, tem sido alvo de grande interesse, especulação e investigação. Os fatores biológicos e sociais sobre os quais assenta a aptidão linguística humana podem levar-nos a tentar compreender porque é que adquirimos a linguagem, quando é que o fazemos e se partilhamos essa competência com outras espécies. O facto de não se conhecer nenhum grupo de seres humanos sem linguagem somado ao facto de haver padrões de desenvolvimento linguístico regulares nas línguas leva-nos a pensar na universalidade desta faculdade humana (cf. Pinker, 1994; Chomsky, 1975). Na verdade, o ser humano apresenta características biológicas que se revelam funcionalmente operativas para a produção da linguagem assim como para a sua perceção e compreensão. Essas características ancoram-se no sistema nervoso humano tanto a nível do sistema nervoso central (SNC) – responsável pelo processamento dessa informação, como pelo sistema nervoso periférico (SNP) – responsável não só pela produção e execução (motora) da informação oferecida pelo SNC, como também pela transmissão dos estímulos verbais recebidos na periferia para o SNC (Cf. Castro-Caldas, 2000). O cérebro humano evoluiu filogeneticamente tornando-se mais pesado e com circunvoluções mais marcadas nos seres humanos do que nos restantes primatas. Assim e embora, alguns estudos razoavelmente recentes nos apresentem resultados interessantes sugerindo que os macacos e os humanos partilham uma base neuronal para a compreensão das vocalizações socialmente relevantes na sua espécie (Cf. Gil da Costa et al., 2006). A verdade é que o facto de as áreas associativas serem maiores nos seres humanos permite a estes um contacto mais estreito com os vários tipos de informação (auditiva, visual), o que constitui uma vantagem para a relação entre linguagem verbal e representações da mesma, nomeadamente a escrita (Cf. Mineiro et al., under revision). A capacidade humana para a linguagem permite ao ser humano um uso da linguagem que não se revela em outras espécies, embora se lhes possa reconhecer capacidades para a aprendizagem de linguagens simbólicas4. Tal como refere Pettito (2000:42): “All chimpanzees fail to master key aspects of human language structure, even you bypass their inability to produce speech by exposing them to other types of linguistic input for example natural signed languages. In other words despite the chimpanzee´s general communicative and cognitive abilities, their linguistic abilities are not equal what we humans do with language, be it signed or spoken”. Este facto sustentou a hipótese de os seres humanos possuírem um privilégio neurológico à nascença que lhes permite a produção e perceção da linguagem e que resulta de pré-adaptações cognitivas percursoras de emergência da linguagem articulando-se segundo as seguintes capacidades: (i) capacidades pré-fonéticas, (ii) capacidades pré-semânticas, (iii) capacidades pré-pragmáticas, (iv) capacidades pré-simbólicas (cf. Hurford, 2003: 40). 1 Se o insucesso de Viki, um chimpanzé bebé, que teve as condições de ambiente linguístico próprias de um ser humano foi atribuído à conceção de “língua” enquanto “modalidade oral”, o mesmo não se passou noutros projetos nomeadamente com Washoe treinado por Alan e Beatrice Gardner e Nim Chimpsky treinado por Laura Ann Pettito. Estes dois primatas aprenderam gestos de ASL como representações simbólicas e arbitrárias da linguagem, assim como aprenderam sequências frásicas. No entanto as suas produções a nível sintático foram claramente inferiores qualitativamente às sequências frásicas produzidas por crianças surdas durante o processo de aquisição da linguagem. Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 13 O pensamento contemporâneo sobre os fundamentos biológicos da linguagem assenta nesse pressuposto tal como podemos entrever na obra de Steven Pinker. É interessante notar que a linguagem humana tem estado predominantemente “dependente” em termos conceptuais da sua associação à modalidade oral.5 A descoberta das línguas gestuais enquanto línguas equivalentes em termos de complexidade estrutural às línguas orais foi uma descoberta recente que se fundamentou nos estudos linguísticos de William Stokoe, nos anos 60, para a ASL e na senda de investigadores que após ele se dedicaram aos aspetos linguísticos, psicolinguísticos, neurolinguísticos e culturais das línguas de modalidade gestual. O facto de a modalidade oral, por motivos evolucionistas6 ter predominado sobre a modalidade gestual na linguagem humana, acrescido do facto de os surdos serem uma minoria na população humana, levou no passado à construção de um modelo de linguagem centrado na produção oral e gerou paradigmas de ensino e de aprendizagem desadequados para esta população e que rejeitam a língua gestual como capacidade natural dos surdos para a linguagem. Alguns estudos sobre a aquisição precoce das línguas gestuais, enquanto modalidade diferente da linguagem humana, oferecem-nos a oportunidade de compreender as bases biológicas da linguagem. Se por um lado, as línguas orais e as línguas gestuais utilizam modalidades percetivas diferentes (audição versus visão), por outro lado o controle motor da língua e das mãos obedecem a substratos neuronais diversos. Assim, a análise comparativa entre as duas modalidades pode conduzir-nos a novos indicadores no que respeita a arquitetura 2 É curioso pensar que, durante muito tempo, para os linguistas, a linguagem foi basicamente conceptualizada como “une langue articulée”, herança do estruturalismo, e mais concretamente de Martinet. O próprio Chomsky (1967) quando define o conceito de linguagem fê-lo baseado no conceito de que a linguagem é “uma correspondência específica som-significado. Uma interprelação de Ursulla Bellugi, numa conferência em que ambos se encontravam presentes e os avanços realizados na ASL levaram-no a redefinir o conceito da linguagem, reformulando-o como “uma correspondência específica signo-significado”, englobando, portanto, as línguas gestuais enquanto verdadeiros sistemas linguísticos. 3 A literatura da área demonstra que o cérebro dos recém nascidos não se encontra “preso” sob nenhuma “instrução” genética rígida para receber e produzir a linguagem numa modalidade pré-determinada. Por motivos evolucionistas e no sentido antropobiológico, a linguagem oral terá sido uma modalidade mais apropriada para o homem moderno (Cf. Mineiro & Castro-Caldas: 2007:18). 14 neuronal que determina a aquisição precoce da linguagem humana. Trabalhos como o de Pettito e Marentette (1991) foram conclusivos no que concerne as etapas de aquisição e desenvolvimento da linguagem nas duas modalidades. As crianças surdas expostas a uma língua gestual desde a nascença adquirem a linguagem nos mesmos tempos de maturação das crianças ouvintes em ambiente linguístico oral. As etapas de aquisição nas duas modalidades são, em tudo, semelhantes. Assim, as crianças surdas e ouvintes passam pelas mesmas fases que vão do balbucio monossilábico, passando pela fase holofrástica onde as crianças associam uma só palavra ou gesto a um enunciado que pode ser simples ou complexo (valor da frase), pela fase de duas palavras ou dos gestos concatenados com valor frásico, seguindo para a fase telegráfica onde são omitidas algumas partículas funcionais da linguagem (sem conteúdo semântico) atingido, a partir dos 22 meses, um desenvolvimento substancial da sua língua natural (domínio morfológico, sintático e semântico). Também está referido na literatura (Cf. Schick, Marschark & Spencer, 2006, Chamberlain, Morford & Mayberry, 2000), o paralelismo da predominância na aquisição de estruturas irregulares tardias, como no caso dos paradigmas irregulares dos verbos (fazi por fez, para o português) com um correlato motor para as línguas gestuais e que se prende com a imaturidade para a gestualização de certas configurações articulatórias. De acordo com Reilly (2006), o desenvolvimento da linguagem é similar em crianças ouvintes e não ouvintes. Um dos aspetos comuns prende-se com a aquisição das particularidades fonológicas de cada uma das línguas em questão, verificando-se também a ocorrência do mesmo tipo de erros nomeadamente a tendência para a simplificação na articulação da palavra ou do gesto respetivamente. As semelhanças encontram-se ainda plasmadas no início da produção de gestos, por volta do primeiro ano de vida. No entanto, o uso efetivo dos primeiros gestos tal como acontece com os primeiros vocábulos simbólicos, tem lugar dos 20-24 meses. De forma mais globalizante, é-nos perceber que duas balizas temporais delimitam o desenvolvimento da criança surda. A primeira diz respeito ao primeiro ano de vida durante o qual a criança é vista como um comunicador afetivo competente, fazendo uso de expressões emocionais quer a nível da produção quer a nível da receção, sendo que aos 18 meses começa por articular sons, gestos e expressões faciais em simultâneo. Este percurso diz Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 respeito ao que os autores designam por estádio simples. A partir desta etapa, as crianças que desenvolvem a língua gestual aumentam os seus discursos a nível de tamanho – extensão média de enunciado – e de complexidade gerindo e incorporando manualmente a fonologia e a morfologia. É também importante olhar para a aquisição da linguagem nas crianças surdas de forma mais dirigida e menos assente na comparação entre modalidades. Investigadores como Marschark (2007) e Spencer & Harris (2006) apelam para variações no processo de aquisição que se ancoram em consequências desenvolvimentalistas diferentes como aquelas que se evidenciam nos estudos que envolvem adultos surdos. O reconhecimento de que as línguas orais e as línguas gestuais não são comparáveis stricto sensu, poderá deixar-nos antever o desenvolvimento único das línguas de modalidade visual como uma janela aberta sobre as potenciais diferenças de desenvolvimento entre surdos e ouvintes. A conferência que organizámos pretende acender o debate sobre estas questões. Pretendemos que a investigação variada sobre a aquisição e desenvolvimento da língua gestual se cruze e se enriqueça. Compreender os processos específicos de aquisição monolingue e bilingue, conhecer a emergência das línguas gestuais, debater a eficácia dos implantes cocleares, discutir os processos cognitivos que acompanham o desenvolvimento linguístico de crianças surdas, apresentar o desenvolvimento atípico da linguagem nas línguas gestuais, mostrar os instrumentos utilizados na investigação da aquisição da linguagem e exibir propostas educativas para alunos surdos são alguns dos tópicos principais que acompanham o 1st Symposium on Sign Language Acquisition. Este simpósio é um dos resultados do primeiro projeto português financiado na área de aquisição da linguagem, o projecto AQUI_LGP: Corpus Longitudinal de Aquisição da Língua Gestual Portuguesa, Refª PTDC/LIN/111889/2009, que teve como investigador principal a Doutora Ana Mineiro e como colaboradores muitos dos investigadores presentes no mesmo através de comunicações ou da organização do evento, tais como Alexandre Castro-Caldas, Ronice Müller Quadros, Sara Carvalho, Sofia Lynce de Faria, Mara Moita, João Barreto, Jorge Rodrigues, Patrícia Carmo, Marta Morgado, Cristina Gil, Isabel Morais, Joana Castelo Branco e Maria Vânia Nunes. Alguns destes investigadores são surdos e desenvolvem a sua primeira experiência de investigação através deste projecto. A todos eles estendemos os nossos sinceros agradecimentos. O simpósio obedeceu a todas as boas práticas de um encontro científico, divulgado, arbitrado e organizado numa esfera totalmente internacional e trazendo para Portugal a melhor investigação na área da aquisição da língua gestual. Esperamos, assim, ter contribuído para que os resultados da investigação portuguesa, assim como a partilha académica com os pares internacionais tenha sido divulgada e útil para todos aqueles que nesta área trabalham. Lisboa, 05 de Março de 2013 Referências 1. Castro-Caldas, A. 2000. A Herança de Franz Joseph Gall – O cérebro ao serviço do Comportamento Humano. Lisboa: Mc. Graw Hill. 2. Chomsky, N. 1975. Reflexions on Language. New York: Pantheon Books. 3. Hurford, James R. 2003. The Language Mosaic and its Evolution. In. Morten Christiansen and Simon Kirby (eds). Language Evolution. Oxford University Press: 38-57. 4. Gil da Costa, R., Martin, A., Lopes, M. A., Muñoz, M., Fritz, J. B. & Braun, A. R. 2006. Species-specific calls activate homologs of Broca´s and Wernicke´s areas in the macaque. In. Nature Neuroscience 9: 1064-1070. 5. Marschark, M. 2007. Developing deaf children or deaf children development? In. Power, D. Leigh, G. (eds) Educating Deaf students: global perspectives. Washinghton: Gallaudet University Press. 6. Mineiro, A., Nunes, M. V., Silva, S. e Castro-Caldas, A. (em revisão). Bilingualism in deaf people: a neurolinguistic approach. In. Gladys Tang, Harry Knoors & Marc Marschark (eds). Studies on Bilingualism. Oxford University Press. 7. Mineiro, A. & Castro-Caldas, A. 2007. Da Confusio Linguarum a uma hermenêutica da pluralidade. In. Revista Portuguesa de Humanidades – Estudos Linguísticos 11(1): 9-22. 8. Pettito, L. A. & Marentette, P. F. 1991. Babbling in the Manual mode: evidence for the ontogeny of language. In. Science 251(5000): 1493-1496. 9. Pettito, L.A. 2000. The Acquisition of Natural Signed languages: lessons in the nature of Human Language and its biological Foundations. In. Chamberlain, C. Morford, JP & Spencer (eds) Language Acquisition by eye. New jersey, London: Lawrence Earlbaum Associates Publishers. 10. Pinker, S. 1994. The Language Instinct. New York: Harper Perennial Modern Classics. 11. Reilly, J. 2006. How faces come to serve grammar: the development of nonmanual morphology in American Sign Language. In. Schick, B., Marschark, M. & Spencer, P.E. (eds) Advances in Sign-Language Development of Deaf Children. Oxford, New York: Oxford University Press. 12. Schick, B., Marschark, M. & Spencer, P.E. 2006. Advances in Sign Language Development of Deaf Children. Oxford, New York: Oxford University Press. 13. Spencer, P.E. & Harris, M. 2006. Patterns and effects of language input to deaf infants and toddlers from deaf and hearing mothers. In. Schick, B. Marschark, M. & Spencer, P.E. (eds) Advances in Sign Language Development of Deaf Children. Oxford, New York: Oxford University Press. Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 15 The words and signs that make us human “It is nothing other than words which has made us human” (I. P. Pavlov, 1927-1960) Sara Carvalho, Mara Moita & Ana Mineiro Introduction The specificity of human communication, spoken or signed, has been the subject of great interest, speculation and research. The biological and social factors upon which the human language ability lies leads us to try to understand why we acquire language, when we do it and if we share that competence with other species. The failure to meet any group of human beings without language added to the fact that there are regular patterns of language development in all the languages lead us to believe in the universality of this human faculty (cf. Pinker, 1994; Chomsky, 1975). Indeed, human beings have biological characteristics that are functionally operative to produce language as well as for language perception and understanding. These characteristics are anchored in the human nervous system, both the central nervous system (CNS) – responsible for processing information, and the peripheral nervous system (PNS) – in charge not only of the production and (motor) execution of the information provided by the central nervous system but also of the transmission to the CNS of the verbal stimuli received at the periphery (see Castro-Caldas, 2000). Concomitantly with the development of these characteristics, the human brain evolved phylogenetically becoming heavier and with highly marked convolutions in humans when compared to other primates. Recent studies have yielded interesting results suggesting that primates and humans share a neural basis for the understanding of socially relevant vocalizations in their species (cf. Gil da Costa, 2006). Nevertheless, the truth is that since associative areas are larger in humans, they allow a closer contact with the various types of information (auditory, visual), providing a real advantage for the relationship between language and verbal representations, including writing (cf. Mineiro et al. under revision). 16 The uniquely human capacity for language gives us uses of language that do not occur in other species, even if one accepts their capacity for learning a symbolic language1. As Pettito (2000:42) noted: “All chimpanzees fail to master key aspects of human language structure, even you bypass their inability to produce speech by exposing them to other types of linguistic input for example natural signed languages. In other words despite the chimpanzee´s general communicative and cognitive abilities, their linguistic abilities are not equal what we humans do with language, be it signed or spoken”. The veracity of these observations support the hypothesis that humans possess a neurological privilege, from birth, that enables the production and perception of language and results from cognitive pre-adaptations from which language emerges. These pre-adaptations are linked to (i) pre-phonetic abilities, (ii) pre-semantic abilities, (iii) pre-pragmatic abilities, and (iv) pre-symbolic abilities (cf. Hurford, 2003: 40). As we can read in Steven Pinker’s work, t contemporary thinking about the biological foundations of language is based on that assumption. It is interesting to note, however, that our thinking about human language has been predominantly 1 The linguistic failure of Viki, a baby chimpanzee raised in a linguistic environment of spoken language , was to be expected given the limited conception of “language” as exclusively in the “oral modality.” Later projects projects including Washoe, trained by Alan and Beatrice Gardner, and Nim Chimpsky, trained by Laura Ann Pettito yielded different results. These two primates learned ASL signs as symbolic and arbitrary representations of language. They also learned sentence sequences. However, their productions at a syntactic level were clearly qualitatively inferior to the sentence sequences produced by deaf children during the process of language acquisition. Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 “dependent” on its association with the oral modality2. The discovery of sign languages as equivalents to spoken languages in terms of structural complexity was a relatively recent finding that was based on linguistic studies of ASl by William Stokoe in the 1960s, setting researchers after him on a path devoted to linguistic, psycholinguistic, neurolinguistic and cultural aspects of sign languages. The fact that the oral modality, for evolutionary reasons3, has prevailed over the signed modality in human language, plus the fact that deaf people are a minority in the human population, have led in the past to the creation of a language model centred on spoken language productions. These factors also led to inadequate paradigms of teaching and learning for the population which rejected signed language of the deaf as natural languages. Studies the early acquisition of sign languages as a different modality of human language offer us the opportunity to understand the biological bases of language. If on one hand, spoken and sign languages use different perceptual modalities (hearing versus vision), on the other hand the motor control of the tongue and the hands obey different neural substrates. Thus, the comparative analysis between the two modalities can lead us to new clues related to neural architecture underlying early language acquisition. Works like Pettito and Marentette’s (1991) study of manual babbling were inconclusive regarding the stages of language acquisition and development in the two modalities. Deaf children exposed to sign language from birth are seen to acquire language at the same maturational rate as hearing children in spoken language environments, and the stages of acquisition in both modalities are very similar. Thus, deaf and hearing children go through the same developmental stages, from monosyllabic babbling, 2 Strangely enough, for a long time, linguists conceptualized language basically as “une langue articulee.” with the heritage of structuralism and more specifically of Martinet. Even Chomsky (1967), when defining language, did so based on the concept that language is “a specific sound-meaning correspondence”. A presentation by Ursulla Bellugi in a conference they were both attending and the advances made in ASL led him to redefine the concept of language, as “a specific correspondence sign-signified”, therefore including sign languages as true linguistic systems. 3 Literature on the subject show that the brain of newborns is not “stuck” under any rigid genetic “instruction” to receive and produce language in a predetermined modality. For evolutionary reasons and in anthropobiological terms, oral language might have been a more appropriate modality for the modern man (cf. Mineiro & Castro-Caldas: 2007:18). to the holophrastic stage in which they associate a word or gesture to an utterance that can be simple or complex (corresponding to a sentence), to the two-word or two-sign phase of simple sentences. These are followed bythe telegraphic stage in which some function words of the language (without semantic content) are omitted, reaching a substantial level of natural language development (in morphological, syntactic and semantic domains) by the age of 22 months. Also reported in the literature (see Chamberlain, Morford & Mayberry, 2000; Schick, Marschark & Spencer, 2006) is the parallelism of the predominance in late acquisition of irregular structures, such as irregular verbs (fazi instead of fiz, in Portuguese), with a motor correlate in sign languages relateing to immaturity insigning certain articulatory configurations. According to Reilly (2006), language development is remarkably similar for hearing and non-hearing children. One of the common factors is the acquisition of phonological peculiarities of each language, that is, when the same type of error occurs, for example in the tendency for simplifying the articulation of the word or sign. These similarities are molded in the early production of signs, around the first year of life. The effective use of the first signs, just as with the first symbolic words, takes place around 20-24 months. Globally, we can grasp the existence of two temporal boundaries demarcating the development of deaf children. The first concerns the first year of life, during which the child is seen as a competent affective communicator, using emotional expressions both at the expressive and at the receptive level, and at the age of 18 months, when the child begins to articulate sounds, signs and facial expressions simultaneously. This is what the authors refer to as the simple stage. From this stage, children developing sign language increase both their utterances – mean length of utterance – as well as utterances complexity, managing and manually incorporating phonology and morphology. It is also important to look at language acquisition in deaf children in a more directed way, less focus on the comparison between modalities. Researchers like Marschark (2007) and Spencer and Harris (2006) talk about differences in the acquisition processes for signed and spoken languages, anchored in different developmental consequences and evident in studies involving deaf adults. The recognition that spoken and sign languages are not strictly comparable, allow us to anticipate the unique development of the languages based in Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 17 the visual modality as a window onto the potential developmental differences between deaf and hearing people. Our conference aims at sparking the debate on these issues. We intend to cross and thus enrich varied research activities on sign language acquisition and development. Among the main topics of the 1st Symposium on Sign Language Acquisition are efforts to understandthe specific processes of monolingual and bilingual acquisition, emerging sign languages, the consequences of the increasing effectiveness cochlear implants, cognitive processes that accompany language development of deaf children (and may differ in the two modalities), atypical language development in sign languages, presenting instruments used in the research field of language acquisition, and introducing educational proposals for deaf students to recognize the centrality of effective language. This symposium is one result of the first funded Portuguese project in the area of language acquisition, the project AQUI_LGP: Longitudinal Corpus of Portuguese Sign Language Acquisition, Ref. PTDC/LIN/111889/2009, which had as principal investigator Ana Mineiro. Ph.D., with the collaboration of many researchers who are presenting papers and posters at the conference and helping with the organization of the event. These include Alexandre Castro-Caldas, Ronice Müller de Quadros, Sara Carvalho, Sofia Lynce de Faria, Mara Moita, João Barreto, Jorge Rodrigues, Patricia Carmo, Marta Morgado, Cristina Gil, Isabel Morais, Joana Castelo Branco and Maria Vânia Nunes. Some of these researchers are deaf and have had their first research experience through this project. To all of them, we extend our thanks. We would also like to kindly thank Marc Marschark for his contribution and his tireless effort on helping us. Planning for this symposium followed all the best practices of a scientific meeting, announced, reviewed, and organized in a fully international effort to bring to Portugal the best research on sign language acquisition. 18 In holding this conference it has been our pleasure to have contribute to sharing the results of Portuguese research efforts in this area with international academic peers. We hope that it will be as useful for you as the sharing of your work will be for us. Lisbon, 5th March 2013 References 1. Castro-Caldas, A. 2000. A Herança de Franz Joseph Gall – O cérebro ao serviço do Comportamento Humano. Lisboa: Mc. Graw Hill. 2. Chomsky, N. 1975. Reflexions on Language. New York: Pantheon Books. 3. Hurford, James R. 2003. The Language Mosaic and its Evolution. In. Morten Christiansen and Simon Kirby (eds). Language Evolution. Oxford University Press: 38-57. 4. Gil da Costa, R., Martin, A., Lopes, M. A., Muñoz, M., Fritz, J. B. & Braun, A. R. 2006. Species-specific calls activate homologs of Broca´s and Wernicke´s areas in the macaque. In. Nature Neuroscience 9: 1064-1070. 5. Marschark, M. 2007. Developing deaf children or deaf children development? In. Power, D. Leigh, G. (eds) Educating Deaf students: global perspectives. Washinghton: Gallaudet University Press. 6. Mineiro, A., Nunes, M. V., Silva, S. e Castro-Caldas, A. (em revisão). Bilingualism in deaf people: a neurolinguistic approach. In. Gladys Tang, Harry Knoors & Marc Marschark (eds). Studies on Bilingualism. Oxford University Press. 7. Mineiro, A. & Castro-Caldas, A. 2007. Da Confusio Linguarum a uma hermenêutica da pluralidade. In. Revista Portuguesa de Humanidades – Estudos Linguísticos 11(1): 9-22. 8. Pettito, L. A. & Marentette, P. F. 1991. Babbling in the Manual mode: evidence for the ontogeny of language. In. Science 251(5000): 1493-1496. 9. Pettito, L.A. 2000. The Acquisition of Natural Signed languages: lessons in the nature of Human Language and its biological Foundations. In. Chamberlain, C. Morford, JP & Spencer (eds) Language Acquisition by eye. New jersey, London: Lawrence Earlbaum Associates Publishers. 10. Pinker, S. 1994. The Language Instinct. New York: Harper Perennial Modern Classics. 11. Reilly, J. 2006. How faces come to serve grammar: the development of nonmanual morphology in American Sign Language. In. Schick, B., Marschark, M. & Spencer, P.E. (eds) Advances in Sign-Language Development of Deaf Children. Oxford, New York: Oxford University Press. 12. Schick, B., Marschark, M. & Spencer, P.E. 2006. Advances in Sign Language Development of Deaf Children. Oxford, New York: Oxford University Press. 13. Spencer, P.E. & Harris, M. 2006. Patterns and effects of language input to deaf infants and toddlers from deaf and hearing mothers. In. Schick, B. Marschark, M. & Spencer, P.E. (eds) Advances in Sign Language Development of Deaf Children. Oxford, New York: Oxford University Press. Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Os desafios da investigação e avaliação da aquisição da língua gestual Anne E. Baker* Linguistics, University of Amsterdam, Netherlands Resumo O estudo e avaliação da aquisição de uma língua gestual é essencial para a compreensão da comunicação de crianças surdas e de adultos a aprender uma língua gestual como segunda língua, o que coloca mais desafios do que o estudo e a avaliação da aquisição de uma língua oral. Este facto é evidenciado quando se tem em conta o número relativamente pequeno de instrumentos disponíveis para diferentes línguas gestuais (Haug, 2008, 2013). Esta comunicação incidirá sobre esses desafios e discutirá as soluções que estão a ser estudadas em diversos países. A avaliação da aquisição de qualquer língua depende da existência de conhecimento sobre essa língua e sobre o processo de aquisição. Como é que os investigadores lidam com esse problema? O desenvolvimento de instrumentos de avaliação é dificultado pela existência de amostras pequenas e pela heterogeneidade da população surda – adultos e crianças (Baker et al., 2008). Poderá essa desvantagem ser superada? A avaliação do desenvolvimento da linguagem baseia-se muitas vezes em marcos de desenvolvimento. O que é que se conhece de marcos de desenvolvimento na aquisição de línguas gestuais? Existem características claras que indicam problemas de linguagem? As crianças surdas crescem, na maioria das vezes, como bilingues bimodais (Emmorey et al., 2005). Que implicações terá isso para a investigação e avaliação? A utilização de instrumentos de avaliação da capacidade linguística e de comunicação de crianças com múltiplas deficiências é sempre difícil, mas como é que os investigadores resolvem essa situação quando estão envolvidas línguas gestuais ou gestos linguísticos? A avaliação depende de uma boa imagem global da capacidade linguística e de comunicação. Que tipo de instrumentos será o melhor para obter a imagem mais completa possível da capacidade linguística? São as medidas de linguagem espontânea melhor do que testes? Na formação de intérpretes ou professores também é importante medir a capacidade de gestuar. Como é que isso pode ser feito de forma mais eficaz? Como pode o Quadro Europeu Comum de Referência contribuir para este debate (Leeson & Byrne-Dunn, 2009)? Nesta comunicação será feita uma tentativa de revisão das práticas comuns e serão apresentadas algumas soluções para estas questões. Referências 1. Baker, Anne E., Van den Bogaerde, Beppie & Woll, Bencie. 2008. Methods and procedures in sign language acquisition. In Baker, Anne E. & Woll, Bencie (eds.) Sign Language Acquisition. John Benjamins, Amsterdam, 1-50. 2. Emmorey, Karen, Borinstein, Helsa. B. and Thompson, Robin. 2005. Bimodal Bilingualism: Code-blending between spoken English and American Sign Language. In J. Cohen, K.T. McAlister, K. Rolstad and J. MacSwan (eds.). Proceedings of the 4th International Symposium on Bilingualism, 663-673. Somerville, MA: Cascadilla Press. 3. Haug, Tobias (ed). 2013. http://www.signlang-assessment.info 4. Haug, Tobias. 2008. Review of Sign language instruments In Baker, Anne E. & Woll, Bencie (eds.) Sign Language Acquisition. John Benjamins, Amsterdam, 51-85. 5. Singleton, Jenny L. & Supalla, Steve 2011. Assessing Children’s Proficiency of Natural Signed Languages. In Marc Marschark & Patricia Spencer (Eds.), Oxford Handbook of Deaf Studies, Language, and Education (2nd edition). New York: Oxford University Press, 306-321. 6. Leason, Lorraine & Byrne-Dunn, Deidre. 2009. Distance online training in sign language: Applying the Common European Reference Framework to the Teaching, Learning and Assessment of Signed Languages. Report for the Lifelong Learning Programme, Leonardo a Vinci. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 19 The challenges of research and assessment in sign language acquisition Anne E. Baker* Linguistics, University of Amsterdam, Netherlands Abstract The study and assessment of the acquisition of a sign language is an essential part of understanding communication in deaf children and in adults learning a sign language as a second language. However, this poses even more challenges than studying and assessing the acquisition of a spoken language. This is clear from the fact that there are relatively few instruments available for different sign languages (Haug 2008, 2013). This presentation will focus on these challenges and discuss the solutions that are being worked on in several countries. Assessment of the acquisition of any language depends on there being enough known about that language and the acquisition process. How do researchers cope with this problem? The development of assessment instruments is hampered by the availability of only small samples and again the heterogeneity of the populations of deaf adults and children (Baker et al. 2008). Can this handicap be overcome? Assessment of language development often makes use of milestones. What do we know about milestones in sign language acquisition? Are there clear features that indicate a language problem? Deaf children most often grow up as bilingual bimodals (Emmorey et al. 2005). What should this imply for research and assessment? Using instruments to measure language and communicative ability with children with multiple handicaps is always difficult, but how do researchers tackle this when sign languages or signing is involved? Assessment depends on a good overall picture of communicative and language ability. What kind of instruments are the best way to obtain the fullest possible picture of language ability? Are measures of spontaneous language use better than tests? In the training of interpreters or teachers it is also important to measure signing ability. How can this be done in the most effective way? What can the Common European Framework of Reference add to this debate (Leeson & Byrne-Dunn, 2009)? In this lecture an attempt will be made to review common practice and present some solutions to these issues. References 1. Baker, Anne E., Van den Bogaerde, Beppie & Woll, Bencie. 2008. Methods and procedures in sign language acquisition. In Baker, Anne E. & Woll, Bencie (eds.) Sign Language Acquisition. John Benjamins, Amsterdam, 1-50. 2. Emmorey, Karen, Borinstein, Helsa. B. and Thompson, Robin. 2005. Bimodal Bilingualism: Code-blending between spoken English and American Sign Language. In J. Cohen, K.T. McAlister, K. Rolstad and J. MacSwan (eds.). Proceedings of the 4th International Symposium on Bilingualism, 663-673. Somerville, MA: Cascadilla Press. 3. Haug, Tobias (ed). 2013. http://www.signlang-assessment.info 4. Haug, Tobias. 2008. Review of Sign language instruments. In Baker, Anne E. & Woll, Bencie (eds.) Sign Language Acquisition. John Benjamins, Amsterdam, 51-85. 5. Singleton, Jenny L. & Supalla, Steve. 2011. Assessing Children’s Proficiency of Natural Signed Languages. In Marc Marschark & Patricia Spencer (Eds.), Oxford Handbook of Deaf Studies, Language, and Education (2nd edition). New York: Oxford University Press, 306-321. 6. Leason, Lorraine & Byrne-Dunn, Deidre. 2009. Distance online training in sign language: Applying the Common European Reference Framework to the Teaching, Learning and Assessment of Signed Languages. Report for the Lifelong Learning Programme, Leonardo a Vinci. * [email protected] 20 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Bilinguismo precoce e aquisição bilingue: O que sabemos da Aquisição Bilingue da Primeira Língua (BFLA)? Hanna J. Batoréo* Universidade Aberta, Lisboa Resumo O presente estudo foca-se na área do bilinguismo precoce e aquisição bilingue, em especial no que tem sido estudado como Aquisição Bilingue da Primeira Língua (BFLA) nos últimos vinte anos, referindo-se à exposição regular da criança a duas línguas após o nascimento e durante os primeiros anos de vida (cf. De Houwer, 1990, 2009). A revisão da literatura sobre a aquisição bilingue (cf. referências) mostra que as implicações específicas para a aquisição bilingue incluem tradicionalmente as questões: (i) se uma criança bilingue tem originalmente um ou dois sistemas linguísticos; (ii) quais os critérios que devem ser utilizados na identificação entre um vs. dois sistemas; (iii) quais os fatores mais importantes na escolha da língua para o desenvolvimento bilingue, e - especificamente -; (iv) se há um período específico para a fase de mistura na aquisição BFLA (cf. Deuchar & Quay, 2000). No entanto, se o objetivo principal dos estudos de caso de aquisição bilingue é explorar as implicações para a teoria linguística, acredita-se que a teorização monolingue seja a principal razão para todos os equívocos da investigação centrada na aquisição bilingue. Ao contrário do consenso tradicional na investigação sobre o bilinguismo, que aborda o uso de duas línguas a partir da perspetiva de uma delas ou de uma versão fundida de ambas, os estudos de BFLA consideram o discurso bilingue precoce como um exemplo de utilização de língua e não da utilização de línguas particulares abrindo caminho a conclusões muito distintas sobre o bilinguismo e alterando o foco da investigação do produto para o processo de aquisição do sistema em formação da criança. Referências 1. Batoréo, Hanna Jakubowicz. 2012. Does Bilingual Fist Language Acquisition Imply a Mixed Period Phase? Evidence from a Portuguese-Polish bilingual child. In Cognitive Psycholinguistics: Bilingualism, Cognition and Communication, 35th International LAUD Symposium, Linguistic LAUD Agency, Essen: LAUD 2012, 59-72. 2. De Houwer, Annick. 1990. The Acquisition of Two Languages from Birth: A Case Study, Cambridge: Cambridge University Press. 3. De Houwer, Annick. 2009. Bilingual First Language Acquisition. Multilingual Matters 4. Deuchar, Margaret and Suzanne Quay. 2000. Bilingual Acquisition. Theoretical Implications of a Case Study. Oxford: Oxford University Press, 2001. 5. Lanza, Elizabeth. 1997. Language Mixing in Infant Bilingualism: A Sociolinguistic Perspective. Oxford: Clarendon Press. 6. Meisel, J. M. (ed.). 1994. Bilingual First Language Acquisition: French and German Grammatical Development. Amsterdam: John Benjamins Publishing Co. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 21 Early bilingualism and bilingual acquisition: what do we know of bilingual first language acquisition (BFLA)? Hanna J. Batoréo* Universidade Aberta, Lisboa Abstract In the present study we are going to focus on the area of early bilingualism and bilingual acquisition but especially on what has been studied as Bilingual First Language Acquisition (BFLA) for last twenty years while referring to a child’s regular exposure to two languages after birth and during the first years of life (cf. De Houwer 1990, 2009). The revision of bilingual acquisition literature (cf. references) shows that specific implications for bilingual acquisition include traditionally the questions of (i) whether originally a bilingual child had one or two linguistic systems, (ii) what criteria should be used in identifying one versus two systems, (iii) what the most important determinants of language choice are for the developing bilingual, and – specifically – (iv) if there is a specific mixed period phase in BFLA acquisition (cf. Deuchar & Quay, 2000). Nevertheless, if the main aim of bilingual acquisition case studies is to explore its implications for linguistic theory, monolingual theorisation is believed to be the main reason for all the misunderstanding of bilingual acquisition centred research. Unlike the traditional consensus in research on bilingualism which approaches the use of two languages from the perspective of one of them or of a merged version of both, the BFLA studies take early bilingual speech as an instance of the use of language and not of the use of particular languages opening the way to quite different conclusions about bilingualism and shifting the research focus from the product towards the process of acquisition of the child’s system in the making. References 1. Batoréo, Hanna Jakubowicz. 2012. Does Bilingual Fist Language Acquisition Imply a Mixed Period Phase? Evidence from a Portuguese-Polish bilingual child. In Cognitive Psycholinguistics: Bilingualism, Cognition and Communication, 35th International LAUD Symposium, Linguistic LAUD Agency, Essen: LAUD 2012, 59-72. 2. De Houwer, Annick. 1990. The Acquisition of Two Languages from Birth: A Case Study, Cambridge: Cambridge University Press. 3. De Houwer, Annick. 2009. Bilingual First Language Acquisition. Multilingual Matters 4. Deuchar, Margaret and Suzanne Quay. 2000. Bilingual Acquisition. Theoretical Implications of a Case Study. Oxford: Oxford University Press, 2001. 5. Lanza, Elizabeth. 1997. Language Mixing in Infant Bilingualism: A Sociolinguistic Perspective. Oxford: Clarendon Press. 6. Meisel, J. M. (ed.). 1994. Bilingual First Language Acquisition: French and German Grammatical Development. Amsterdam: John Benjamins Publishing Co. * [email protected] 22 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Uma vindicação biolinguística das línguas gestuais: da aquisição à evolução António Benítez-Burraco Facultad de Humanidades, University of Huelva Resumo As teorias atuais sobre a estrutura e a função da linguagem, a aquisição da linguagem na criança e a evolução da linguagem nas espécies baseiam-se em dados que derivam esmagadoramente da análise de línguas orais e do papel da oralidade na comunicação. A biolinguística é um recente ramo da Linguística que promove uma abordagem biológica aos fenómenos linguísticos. Embora tenha certamente contribuído para ganhar uma visão mais profunda da linguagem, a Biolinguística sofre das mesmas reservas básicas. Nesta contribuição, propomos especificamente que esta área de investigação recente tenha um papel mais central nos estudos em línguas gestuais. Ilustraremos (e justificaremos) a nossa posição ao considerar (biolinguisticamente) um modelo plausível da Faculdade da Linguagem (ou seja, a capacidade da mente/cérebro para a aquisição e utilização de uma língua, doravante FL), assente no modelo proposto por Hauser et al., (2002). Neste nosso modelo, a FL é semelhantemente conceptualizada como um dispositivo computacional que pode interagir com diferentes dispositivos cognitivos e de externalização/internalização, contribuindo, assim, para diversas funções. Provámos que este modelo da FL pode iluminar alguns pontos controversos da aquisição, das perturbações e da evolução da linguagem. No entanto, uma vez que uma das interfaces potenciais da FL é o dispositivo visuo-gestual, as línguas gestuais são, necessariamente, uma peça crucial de evidência para a melhoria deste (e de qualquer outro) modelo de processamento e evolução da linguagem, e, em último caso, para obter uma melhor compreensão dos aspetos da linguagem. De acordo com o nosso modelo, esperamos que os sujeitos surdos e ouvintes apresentem itinerários ontogenéticos qualitativos semelhantes (em particular, em relação à aquisição de sintaxe), como parece ser o caso. No mesmo sentido, esperamos que as regiões cerebrais ativas durante o processamento da sintaxe sejam semelhantes, como parece ser o caso. Mais importante, este modelo prevê que certos tipos de défices linguísticos e não linguísticos co-ocorrem em pessoas com perturbações, tanto surdos como ouvintes (esclarecendo a representação etiológica de muitas perturbações psiquiátricas). Eventualmente, e também de acordo com o nosso modelo, as propriedades formais das línguas gestuais (e a forma como são adquiridas) impedem a emergência de alguns itinerários evolutivos da linguagem nas espécies. Na nossa apresentação concentrar-nos-emos neste último aspeto, talvez a evidência mais atraente que suporta a vindicação de estudos das línguas gestuais em qualquer descrição biolinguística da linguagem. Referências 1. Hauser, M. D., Chomsky, N., & Fitch, W. T. 2002. The faculty of language: what is it, who has it, and how did it evolve? Science 298: 1569-1579. [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 23 A biolinguistic vindication of sign languages: from acquisition to evolution António Benítez-Burraco Facultad de Humanidades, University of Huelva Abstract Current theories about language structure and function, language acquisition in the child, and language evolution in the species rely on data that overwhelmingly derive from the analysis of oral languages and the role of orality in communication. Biolinguistics is a recently emerged branch of Linguistics that promotes a biological approach to linguistic phenomena. Although it has certainly contributed to gain a deeper insight into language, Biolinguistics suffers from the same basic caveat. In this contribution we will specifically claim for a more central role of sign languages studies within this fresh research agenda. We will illustrate (and justify) our position by considering one (biolinguistically) plausible model of the Faculty of Language (i.e. the capacity of the mind/brain for acquiring and using a language; henceforth, FL), ultimately rooted in the model posited by Hauser et al. (2002). In our model, the FL is similarly conceptualised as a computational device that can interface with different cognitive and externalization/internalization devices, thus contributing to diverse functions. We have proved that this model of the FL can illuminate some controversial aspects of language acquisition, language disorders, and language evolution. Nonetheless, since one of the potential interfaces of the FL is a visual-gestural device, sign languages emerge as crucial piece of evidence for the improvement of this (and in fact, of any) model of language processing and evolution, and ultimately, for gaining a better understanding of language facts. According to our model, we expect that deaf and hearing people show qualitatively similar ontogenetic itineraries (in particular, regarding syntax acquisition), as it seems to be the case. In the same vein, we expect that similar brain regions are active during syntax processing, as it seems to also be the case. More importantly, our model predicts that certain types of linguistic and non-linguistic deficits co-occur in impaired people, both deaf and hearing (thus clarifying the aetiological depiction of many comorbid disorders). Eventually, and also according to our model, the formal properties of sign languages (and the way in which these languages are acquired) preclude some evolutionary itineraries for the emergence of language in the species. In our presentation we will focus in this latter issue, perhaps the most appealing piece of evidence supporting our vindication of a more central role of sign languages studies within any biolinguistic approach to language. References 1. Hauser, M. D., Chomsky, N., & Fitch, W. T. 2002. The faculty of language: what is it, who has it, and how did it evolve? Science 298, 1569-1579. * [email protected] 24 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 A aquisição de classificadores na Língua Brasileira de Sinais (Libras) Elidéa Lúcia Almeida Bernardino Universidade Federal de Minas Gerais Resumo Este estudo explora a relação entre o modelo de linguagem a que as crianças estão expostas e a sua resultante aquisição da linguagem. Bickerton (1981) e outros afirmam que as crianças podem tornar-se proficientes numa língua, mesmo quando expostos apenas a falantes não proficientes. Ainda não é evidente o limiar necessário de proficiência de input para uma aquisição completa na criança. A aquisição da Língua Brasileira de Sinais (LSB / Libras) é o contexto ideal para avaliar os limites dos pressupostos de Bickerton. No Brasil, a maioria das crianças surdas são filhas de pais ouvintes e aprendem LSB nas escolas por professores que não são gestuantes proficientes. Este trabalho explora o efeito da variação de proficiência do input em LSB na aquisição de classificadores, em 61 crianças com idades entre os 4;06 e os 11;10. Duas outras variáveis são analisadas como controles: tempo de exposição à LSB e idade cronológica. Nas línguas gestuais, os classificadores são usados com verbos para indicar propriedades do tema, incluindo características visuo-geométricas, categoria semântica abstrata e função instrumental. Este estudo avalia o efeito de três variáveis na idade de início da produção de configurações de caráter classificador, a dificuldade relativa de produção de diferentes configurações, e os erros produzidos indicando a sequência de aquisição do classificador. As crianças desempenharam uma tarefa destinada a recolher conhecimento de classificadores, denominada Tarefa de Objeto Real, uma subtarefa do Instrumento de Avaliação ASL (ASLAI)1, com instruções adaptadas para a LSB. Os resultados mostram que mesmo as crianças com um input muito empobrecido conseguem atingir algum nível de proficiência, fornecendo evidências parciais para a hipótese de Bickerton. As crianças selecionaram configurações semelhantes para representar objetos, independentemente da abundância de opções baseadas na forma de objeto e independentemente do grau de fluência do input. As crianças surdas também categorizaram consistentemente os objetos de forma diferente, utilizando a configuração, enquanto que as crianças ouvintes organizaram os mesmos objetos com outras propriedades. A qualidade do input também gera diferenças, por exemplo, as crianças expostas a um input mais proficiente apresentaram mais consitência na orientação da configuração no espaço. Embora a exposição a falantes não fluentes não seja uma condição suficiente para incluir os parâmetros da linguagem com resultado na fluência, e o aumento de exposição a modelos de linguagem qualificados ajude a melhorar as competências linguísticas, as crianças com um input empobrecido apresentam padrões consistentes na sua aquisição, fornecendo evidências para o processamento cognitivo inato subjacente à aprendizagem de línguas. Referências 1. Bickerton, Derek. 1981. Roots of Language. Ann Arbor: Karoma Publishers, Inc. 2. Hoffmeister, R., Greenwald, J., Bahan, B. & Cole, J. 1990. American Sign Language Assessment Instrument: ASLAI. Unpublished ms. Center for the Study of Communication and the Deaf, Boston University, Boston, MA. 1Ver Hoffmeister et al. (1990). * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 25 The acquisition of classifiers in Brazilian Sign Language (Libras) Elidéa Lúcia Almeida Bernardino Universidade Federal de Minas Gerais Abstract This study explores the relationship between the language model to which children are exposed and their resulting language acquisition. Bickerton (1981) and others claim that children can become proficient in a language even when they are exposed only to non-proficient speakers. It is not clear whether a particular threshold of proficiency in the input is required for complete acquisition in the child. The acquisition of Brazilian Sign Language (LSB/Libras) is an ideal testing ground to assess the limits of Bickerton’s claim. Most Deaf children in Brazil are born to hearing parents and learn LSB at schools from teachers who are not proficient signers. This work explores the effect of the variation of proficiency of LSB input on the acquisition of classifiers, in 61 children aged 4:6 to 11:10. Two other variables are examined as controls: length of exposure to LSB, and chronological age. In signed languages, classifiers are used with verbs to indicate properties of the Theme including visual-geometric characteristics, abstract semantic category, and instrumental function. This study assesses the effect of the three variables on the age of onset of production of classifier handshapes, the relative difficulty of production of different handshapes, and errors produced indicating the sequence of classifier acquisition. The children were presented with a task designed to elicit knowledge of classifiers, called Real Object Task, a sub-task of the ASL Assessment Instrument (ASLAI)1, in which instructions were adapted to LSB. Results show that even children with highly impoverished input attain some proficiency and provide partial evidence for Bickerton’s hypothesis. Children selected similar handshapes to represent objects, regardless of a plethora of choices based on object form, and regardless of degree of fluency in the input. Deaf children also consistently categorized the objects differently; using handshape, while hearing children organized these objects using other properties. The quality of input also creates differences; for example, children exposed to more proficient input were more consistent in demonstrating handshape orientation in space. Although exposure to non-fluent speakers is not a sufficient condition for internalizing the parameters of language resulting in fluency, and increasing exposure to skilled language models helps improve language skills, children with impoverished input show consistent patterns in their acquisition providing evidence for some innate cognitive process underlying language learning. References 1. Bickerton, Derek. 1981. Roots of Language. Ann Arbor: Karoma Publishers, Inc. 2. Hoffmeister, R., Greenwald, J., Bahan, B. & Cole, J. 1990. American Sign Language Assessment Instrument: ASLAI. Unpublished ms. Center for the Study of Communication and the Deaf, Boston University, Boston, MA. 1 See Hoffmeister et al. (1990). * [email protected] 26 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Adaptação audioprotésica em crianças surdas de São Tomé e Príncipe – evolução Cristina Caroça1*, Tânia Constantino1, Ana Mafalda Almeida1, Sandy Batista1, João Paço1,2 Médica Otorrinolaringologista do Centro Clínico Universitário de Otorrinolaringologia do Hospital CUF Infante Santo 1 Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa – Universidade Nova de Lisboa 2 Resumo A audição tem um importante papel no relacionamento interpessoal e cognitivo de um indivíduo. Em São Tomé e Príncipe iniciou-se desde Fevereiro de 2011, um programa de avaliação auditiva na população, integrado no programa “saúde para todos – especialidades” do Instituto Marques Valle Flor. Dos exames efectuados, durante períodos de 1 semana (cerca de 3 vezes por ano), verificou-se uma prevalência de cerca de 60% de surdez sobretudo neurosensorial. Esta surdez tem um impacto importante no desenvolvimento psicomotor das crianças levando a um afastamento e isolamento das mesmas. Em consequência, desde Fevereiro de 2012 têm sido adaptadas próteses auditivas nas crianças com surdez mais grave e perturbações da linguagem. Posteriormente têm sido efectuadas reavaliações de adaptação protésica e de evolução na língua oral, verificando-se uma evolução favorável na integração destas crianças. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 27 Fitting hearing aids in children in São Tomé e Príncipe - evolution Cristina Caroça1*, Tânia Constantino1, Ana Mafalda Almeida1, Sandy Batista1, João Paço1,2 Médica Otorrinolaringologista do Centro Clínico Universitário de Otorrinolaringologia do Hospital CUF Infante Santo 1 Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa – Universidade Nova de Lisboa 2 Abstract Hearing has an important impact in cognition and in relationships between people. In São Tomé e Principe, since February 2011, we started an audiological screening integrated in a program called “Saúde para todos – especialidades” from an Non-Governmental Organisation - Instituto Marquês de Valle Flor. Hearing assessment was made for periods of one week, three or four times per year. We concluded that there was about 60% of neurosensorial hearing loss. This hearing loss dictates an important impact in the child´s psychomotor development leading to the isolation of the child and the impoverishment of social skills. Since February 2012, we are implementing hearing aids in children with neurosensorial hearing loss and language disorders. Currently, we are revaluating these children and our results show a positive evolution in children's social integration. * [email protected] 28 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 AQUI_LGP: Corpus de aquisição Sara Carvalho*, Mara Moita, Sofia Lynce de Faria, Patrícia Carmo Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa Resumo O processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem segue padrões idênticos em durante o crescimento das crianças, independentemente da língua em que está imersa (Chomsky, 1965). Estudos de aquisição demonstram que, no geral, o processo de aquisição da linguagem é comparável para línguas gestuais e orais, mesmo que a modalidade visual difira da modalidade auditiva das línguas orais (Lillo-Martin, 1999). No entanto, não existem muitos estudos em Língua Gestual Portuguesa (LGP) a confirmá-lo. A LGP tem sido estudada como um sistema linguístico natural estrutural complexo desde os anos 80, e apesar de terem sido realizados alguns estudos linguísticos importantes e de ter sido criado algum vocabulário gestual, só recentemente a aquisição da LGP começou a ser estudada (Carmo et al., 2013). De forma a preencher esta lacuna, foi desenvolvido um corpus longitudinal de aquisição da LGP, o Corpus AQUI_LGP, referência PTDC/LIN/111889/2009. O objetivo principal deste projeto é estabelecer investigação sobre a aquisição precoce da LGP em crianças monolingues e bilíngues. O projeto proporciona não só o estudo da aquisição e desenvolvimento da linguagem, mas também a criação de um corpus que permita estudar a LGP. Temos, também, como objetivo a comparação dos resultados sobre bilinguismo bimodal com o que é relatado sobre o bilinguismo unimodal e bimodal, e o desenvolvimento de Português em crianças surdas com implantes cocleares, focando-nos no desempenho linguístico das crianças nas diferentes modalidades a que estão expostas (Lillo-Martin & Quadros, 2005). O corpus engloba gravações naturalísticas (e respetivas transcrições) de 13 crianças do género masculino e feminino durante a aquisição da linguagem, por um período de dois anos. A amostra é constituída por crianças ouvintes bimodais (LGP/ Português), crianças surdas com aquisição precoce da língua gestual, crianças com implantes cocleares, e crianças ouvintes com aquisição precoce do Português. A idade das crianças no início do projeto varia entre os 10 meses e os 5 anos de idade. As filmagens ocorreram individualmente a cada duas semanas no caso das crianças monolingues, e todas as semanas no caso das crianças bilíngues, e gravadas em formato áudio uma vez por mês no caso das crianças com implantes cocleares. As transcrições são realizadas com o programa ELAN (EUDICO Linguistic Annotator). Nesta comunicação será apresentada a metodologia seguida, os dados recolhidos e descobertas recentes, bem como outros estudos a decorrer. Referências 1. Chomsky, N. 1965. Aspects of the theory of syntax. Cambridge, MA: The M.I.T. Press. 2. Lillo-Martin, D. 1999. Modality Effects and Modularity in Language Acquisition: The Acquisition of American Sign Language. In W. C. Ritchie & T. K. Bhatia (Eds.), Handbook of Language Acquisition (pp. 531-567). San Diego, CA: Academic Press. 3. Carmo, P., Mineiro, A., Branco, J. C., Müller de Quadro, R., Castro-Caldas, A. 2013. Handshape is the hardest path in Portuguese Sign Language acquisition: towards a universal modality constraint. Sign Language and Linguistics. John Benjamin’s, Amesterdam/Philadelphia, 16 (2). 4. Lillo-Martin, D. & Quadros, R. M. 2005. The acquisition of focus constructions in American Sign Language and Língua de Sinais Brasileira. In: A. Burgos, M. R. Clark-Cotton, & S. Ha, (Orgs.), Proceedings of the 29th Boston University Conference on Language Development, 365-375. Somerville, MA: Cascadilla Press. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 29 AQUI_LGP: Acquisition corpus Sara Carvalho*, Mara Moita, Sofia Lynce de Faria, Patrícia Carmo Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa Abstract The process of language acquisition and development follows identical patterns throughout the children’s growth, no matter the language they are immersed in (Chomsky, 1965). Acquisition studies demonstrate that in general the path of language acquisition is comparable for sign and spoken languages, even if their visual modality differs from the auditive modality of spoken languages (Lillo-Martin, 1999). However, there are not many studies in Portuguese Sign Language (LGP) confirming it. LGP has been studied as a complex structural natural linguistic system since the 1980s, and although some important linguistic studies were carried out and a number of limited sign vocabularies have been created, only recently acquisition of LGP has begun to be studied (Carmo et al. 2013). In order to fill this gap, a longitudinal corpus of Portuguese Sign Language acquisition has been developed, the AQUI_LGP Corpus, reference PTDC/LIN/111889/2009. The main goal of this project is to establish research concerning early acquisition of LGP in both monolingual and bilingual children. The project allows not only the study of language acquisition and development but also the creation of a corpus that enables the study of LGP. We also aim at comparing bimodal bilingualism results with what is reported about unimodal and bimodal bilingualism, and the development of Portuguese in deaf children with cochlear implants, focusing on the linguistic performance of children in the different modalities to which they are exposed (Lillo-Martin & Quadros, 2005). The corpus comprises naturalistic recordings (and their transcriptions) of 13 male and female children acquiring language for a period of two years. The sample comprises hearing bimodal children (LGP/Portuguese), deaf children with early sign language acquisition, children with cochlear implants, and hearing children with early Portuguese acquisition. The children’s age onset varies from 10 months to 5 years of age. They were video-recorded individually every other week if monolingual and every week if bilingual, and audio-recorded once a month if deaf with cochlear implants. The transcriptions are being made using ELAN (EUDICO Linguistic Annotator). In this paper we will present the methodology, collected data, and recent findings, as well as other ongoing studies. References 1. Chomsky, N. 1965. Aspects of the theory of syntax. Cambridge, MA: The M.I.T. Press. 2. Lillo-Martin, D. 1999. Modality Effects and Modularity in Language Acquisition: The Acquisition of American Sign Language. In W. C. Ritchie & T. K. Bhatia (Eds.), Handbook of Language Acquisition, 531-567. San Diego, CA: Academic Press. 3. Carmo, P., Mineiro, A., Branco, J. C., Müller de Quadro, R., Castro-Caldas, A. 2013. Handshape is the hardest path in Portuguese Sign Language acquisition: towards a universal modality constraint. Sign Language and Linguistics. John Benjamin’s, Amesterdam/Philadelphia, 16 (2). 4. Lillo-Martin, D. & Quadros, R. M. 2005. The acquisition of focus constructions in American Sign Language and Língua de Sinais Brasileira. In: A. Burgos, M. R. Clark-Cotton, & S. Ha, (Orgs.), Proceedings of the 29th Boston University Conference on Language Development, 365-375. Somerville, MA: Cascadilla Press. * [email protected] 30 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 O processo de aquisição da linguagem de crianças surdas implantadas Karina Elis Christmann* Universidade Federal de Santa Catarina Resumo A pesquisa proposta pretende analisar o processo da aquisição da linguagem de Bruno, uma criança surda implantada bilíngue e bimodal, levando em conta os estágios de aquisição com enfoque teórico gerativista. Considerando a comunicação bilíngue e bimodal, o objetivo será de analisar o desenvolvimento das duas línguas, portuguesa e de sinais, os possíveis efeitos das modalidades e as implicações na teoria gerativa. Após as transcrições dos vídeos que fazem parte do banco de dados do Núcleo de Aquisição de Línguas de Sinais da Universidade Federal de Santa Catarina e são financiados pelo Institutes of Health e o Conselho Nacional de Pesquisa, será feito uma descrição das duas línguas, observando se a criança implantada já adquiriu a linguagem até aproximadamente cinco anos de idade praticamente com o mesmo padrão de um adulto, se alguma destas línguas irá predominar na criança e se há influência de uma língua sobre a outra na interação com sua família. Como as duas línguas se apresentam em modalidades diferentes, ou seja, o português como oral-auditiva e a língua de sinais como visuo-espacial, estas podem acontecer simultaneamente, tornando assim interessante analisar o desenvolvimento da linguagem em crianças surdas implantadas. O que já é possível perceber, é que Bruno foi incentivado a se comunicar com as duas línguas, utilizando mais a comunicação por voz com ouvintes e sinais com surdos e mesmo sabendo se comunicar em português, não deixa de utilizar sua língua materna (Libras). É através dessas observações que se pode repensar sobre as metodologias de ensino e a importância da língua de sinais na vida do surdo. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 31 The process of language acquisition of deaf children with cochlear implants Karina Elis Christmann* Universidade Federal de Santa Catarina Abstract This paper aims at analysing the process of Bruno’s language acquisition, a deaf bimodal bilingual child with a cochlear implant, taking into account the stages of acquisition according to generative linguistics. Considering the bimodal and bilingual communication, our goal is to analyse the development of the two languages, Portuguese and sign language, the possible effects of the two modalities and the implications in the generative theory. The videos used for the research are part of a database that belongs to the Centre of Sign Languages Acquisition of the Federal University of Santa Catarina, and are funded by the Institutes of Health and by the National Research Council. After the videos are transcribed, a description of both languages will be made, noting if by the age of five the child has already acquired language with almost the same pattern as an adult, if any of the languages is the dominant one, and if there is the influence of one language over the other while the child is interacting with his family. Since the two languages are from different modalities, i.e., Portuguese is auditory-oral and sign language is visuospatial, they can occur simultaneously, thus making it interesting to analyse language development in deaf children with cochlear implants. What is already possible to notice is that Bruno was encouraged to communicate with both languagesusing more oral communication with hearing people and signs with deaf people, and even though he knows how to communicate in Portuguese he still uses his native language (Libras). It’s through these observations that one can rethink the teaching methodologies and the importance of sign language in the life of the deaf. * [email protected] 32 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 A robustez do desenvolvimento da linguagem: o papel dos estudos interpopulacionais e interlinguísticos João Costa* CLUNL/FCSH/Universidade Nova de Lisboa Resumo Nas últimas duas décadas a literatura em aquisição da linguagem revela que a maioria das operações sintáticas e configurações são adquiridas muito cedo e que os valores dos parâmetros são definidos no primeiro ano de vida. Estes resultados corroboram a natureza inata da linguagem. Contudo, sabe-se que nem todo o conhecimento sintático é adquirido tão cedo e que interessantes assimetrias podem ser observadas entre construções semelhantes. Por exemplo, em dependências A-barra, as dependências de objeto são adquiridas mais tarde do que as dependências de sujeito e, no domínio das dependências referenciais, os pronomes são de mais difícil domínio do que as anáforas (Chien & Wexler,1990). A análise detalhada dos tipos de dependências que se desenvolvem mais lentamente revela a importância de uma investigação linguística refinada (e.g. Friedmann, Belletti e Rizzi (2009) mostram que as dependências do objeto são apenas problemáticas em configurações de intervenção). Além disso, é encontrada variação interlinguística: por exemplo, os pronomes não representam um problema para a compreensão quando são clíticos (McKee, 1992; Padilla, 1994). A variação no ritmo da aquisição e a variação de aquisição interlinguística abre uma brecha interessante para a universalidade do desenvolvimento da linguagem mas, como discutirei, não desafiam a sua robustez. Nesta comunicação, pretendo discutir a importância dos estudos interlinguísticos e interpopulacionais de forma a determinar o que pode ser explicado no desenvolvimento da linguagem em termos do conhecimento fundamental da linguagem, das suas características específicas ou das capacidades gerais de processamento não específicas à linguagem. Estudos interpopulacionais: Demonstrarei que certas dificuldades no desenvolvimento da linguagem – particularmente no parsing do movimento e das dependências referenciais – não decorrem de uma falta de conhecimento linguístico mas de diferentes capacidades da memória de trabalho (para isto reportar-me-ei a estudos que comparam crianças com um desenvolvimento típico, crianças com perturbação específica da linguagem, crianças com deficiência auditiva e sujeitos com a doença de Alzheimer). O ponto de ligação é que certas tendências encontradas em crianças são também encontradas em populações sem qualquer perturbação da linguagem. Isto corrobora a robustez do conhecimento linguístico, e um desenvolvimento mais lento que pode ser independentemente motivado. Estudos interlinguísticos: Demonstrarei que as dificuldades encontradas em certas línguas no desenvolvimento de construções específicas não são universais e surgem a partir de propriedades linguísticas específicas, e que as assimetrias interlinguísticas podem ser explicadas quando o papel das interfaces é tomado em consideração. Serão apresentados estudos de produção de clíticos, e do domínio da interpretação do sujeito e objeto nulos, interlinguisticamente. Será demonstrado que um desenvolvimento mais lento emerge quando múltiplos outputs sintáticos estão disponíveis, e que as interfaces assumem um papel na determinação dos outputs ideais. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 33 The robustness of language development: the role of crosspopulation and crosslinguistic studies João Costa* CLUNL/FCSH/Universidade Nova de Lisboa Abstract The literature on language acquisition from the last two decades reveals that most syntactic operations and configurations are acquired very early on, and that parameter values are set in the first year of life. These findings provide a good piece of evidence in favor of the innate nature of language. It is however known that not all syntactic knowledge is acquired so early, and interesting asymmetries can be observed between very similar constructions. For instance, in A-bar dependencies, object dependencies are acquired later than subject dependencies, and in the domain of referential dependencies, pronouns are harder to master than anaphors (Chien & Wexler, 1990). A detailed analysis of the types of dependencies that develop slower reveals the relevance of fine-grained linguistic investigation (e.g. Friedmann, Belletti & Rizzi (2009) show that object dependencies are only problematic in intervention configurations). Furthermore, crosslinguistic variation is found: for example, pronouns do not pose problems for comprehension when they are clitic (McKee, 1992; Padilla, 1994). Variation in the pace of acquisition and crosslinguistic variation in acquisition provides a very interesting window into the universality of language development, but, as I will argue, do not challenge its robustness. In this talk, I aim at discussing the importance of crosslinguistic and crosspopulation studies in order to determine what can be explained in language development in terms of fundamental language knowledge, language-specific characteristics or general processing capacities non specific to language. Crosspopulation studies: I will show that certain difficulties in language development – particularly in the parsing of movement and referential dependencies – do not follow from a lack of language knowledge, but from different working memory capacities (for this, I will report on studies comparing typically developing children, SLI children, hearing impaired children, and patients with Alzheimer’s disease). The point to be made is that certain tendencies found in children are also found in populations without any language disorder. This argues for the robustness of linguistic knowledge, and the slower development can be independently motivated. Crosslinguistic studies: I will show that difficulties found in certain languages in the development of specific constructions are not universal, and follow from language-specific properties, and that the crosslinguistic asymmetries can be explained once the role of interfaces is taken into consideration. I will report on studies on the production of clitics, and on the mastery of the interpretation of null subjects and null objects crosslinguistically. It will be shown that a slower development emerges when multiple syntactic outputs are available, and the interfaces play a role in determining the optimal outputs. Again, this indicates that there is no lack of language knowledge in children’s capacities, but rather their performance is affected by language external factors. * [email protected] 34 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Aquisição bilingue bimodal desigual: gémeos - um ouvinte e um surdo - mediados numa família Surda Emelie Cramér-Wolrath* Department of Special Education at Stockholm University, Sweden Resumo O objetivo deste estudo de caso longitudinal foi descrever mudanças críticas nos processos de aquisição bilingue bimodal mediada num contexto de interação. Foram estudadas interações naturalistas entre os pais surdos e os seus gémeos fraternos, com diferente condição auditiva, desde os 10 meses até aos 8 anos de idade. O gémeo ouvinte adquiriu, em paralelo, Língua Gestual Sueca (SSL) e sueco desde o nascimento, enquanto que o gémeo surdo adquiriu primeiro SSL. Aos 35 meses de idade, o último colocou um implante coclear (IC), tendo adquirido sueco num processo sequencial. O gémeo ouvinte, aqui chamado de Hugo, e a gémea surda, chamada de Diana, cresceram com um irmão mais velho surdo. O pai formou-se numa escola especial para surdos e a mãe numa escola especial para pessoas com défice auditivo. Com um ano e meio, os gémeos começaram a frequentar a pré-escola o dia inteiro. A Diana foi para uma pré-escola especial para crianças surdas com uma abordagem à SSL. O Hugo frequentou a pré-escola local, onde comunicava em sueco. Os dados foram triangulados através de observações de filmagens, breves notas de campo e uma entrevista aos pais, e, no caso da Diana, informações adicionais acerca dos registos do IC. As interações em família foram analisadas em formato vídeo em casa dos mesmos. O estudo focaliza-se em dados de 18 sessões de histórias e brincadeiras. De forma a encontrar padrões de mudanças críticas nos dados, foram utilizados dois tipos de análises. Na primeira, que indutivamente explorou os dados, foram anotados nas transcrições os momentos de possíveis alterações críticas. Os episódios de interação foram analisados em profundidade (Creswell, 2007), comparados entre os participantes e descritos detalhadamente (Yin, 2009). Na segunda etapa, o material foi comparado num processo abdutivo com informações acerca dos registos do IC e com recurso à literatura na área. Os resultados elucidam a aquisição da linguagem paralela e sequencial, e esclarecem a mediação bilingue bimodal parental ao longo do tempo. Neste caso particular, focar-me-ei em duas áreas. Em primeiro lugar, a aquisição bimodal bilingue em scaffolding com o Hugo que, ao contrário de estudos anteriores, foi realizada por inserções bimodais individuais e simultâneas, e com a Diana por gestos visuais e táteis contínuos e em simultâneo (Cramér-Wolrath, 2013). Em segundo lugar, enunciados simultâneos bilingues de auto-scaffold, incluindo discurso privado (Bodrova & Leong, 2003), foram inseridos num modelo inspirado pela teoria da atividade mediada (Vygotsky, 1987). O conteúdo dos processos deve ter implicações para profissionais envolvidos com informação, contextos educacionais e bilinguismo. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 35 Acquiring bimodal bilingualism differently: a hearing and a deaf twin mediated in a deaf family Emelie Cramér-Wolrath* Department of Special Education at Stockholm University, Sweden Abstract The aim of this longitudinal case study was to describe critical changes in processes of mediated, bilingual, bimodal acquisition within an interactional frame, Naturalistic interchanges between the Deaf parents and their fraternal twins, with different hearing statuses, were studied from the twins’ age of 10 months until they were 8 years old. The hearing twin acquired Swedish Sign Language (SSL) and spoken Swedish from birth in a parallel process whereas the deaf twin first acquired SSL. At the age of 35 months she received a cochlear implant (CI) and eventually acquired spoken Swedish, thus in a sequential process. The participating hearing twin, here called Hugo, and the deaf twin, called Diana, grew up with a deaf older sibling. Their Father got his education in a special school for the deaf and the Mother in a special school for the hard-of-hearing. Both twins, attended pre-school for the full day from the age of one and a half. Diana went to a special pre-school for deaf children with an SSL-approach. Hugo attended the local preschool where he communicated in spoken Swedish. Data was triangulated through video-observations, brief field notes and an interview with the parents, and for Diana also information from the CI records. Interactions in the family were video-observed in their home. The focus in the study is on data from 18 storytime and playtime sessions. In order to find patterns of critical changes in the data, two types of analyses were used. In the first, which inductively explored the data, possible moments of critical changes were noted in the transcriptions. Interchanging episodes were in-depth analyzed (Creswell, 2007), compared between participants and in-detail described (Yin, 2009). In the second step, the material was compared in an abductive process with information from the CI records and with literature within the field. The findings illuminate parallel and sequential language acquisition and elucidate parental bimodal and bilingual mediation over time. On this particular occasion I will focus on two areas. Firstly, scaffolding bimodal bilingual acquisition with Hugo, which unlike previous studies, was performed by single, simultaneous, bimodal insertions, and with Diana by continuous tactile-visual signing, thus revealing simultaneous-tactile-looking (Cramér-Wolrath, 2013). Secondly, simultaneous self-scaffolded bilingual utterances, including private speech (Bodrova & Leong, 2003), were inserted into a model inspired by Mediated activity (Vygotsky, 1987). The content of the processes should have implications for professionals concerned with information, educational contexts and bilingualism. * [email protected] 36 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Nomeação de imagens em crianças surdas de famílias surdas e ouvintes em comparação com a produção de gestos não linguísticos espontâneos produzidos por crianças ouvintes: a influência da iconicidade Rachel England*, Robin Thompson, Gabriella Vigliocco, Bencie Woll, Gary Morgan City University London; Deafness Cognition and Language Research Centre UCL, London Resumo Crianças ouvintes de diferentes culturas produzem, por vezes, gestos não linguísticos espontâneos no lugar de ou em combinação com as etiquetas orais durante a nomeação de imagens (Stefanini, Caselli & Volterra, 2007; Stefanini, Bello, Caselli, Iverson e Volterra, 2008). Este tipo de gestos mostram como os objetos são manipulados ou como se realizam os movimentos (por exemplo, o gesto não linguístico de pentear o cabelo para uma foto com um pente, o gesto não linguístico de conduzir para uma foto de um carro). Nestes estudos, foi argumentado que os gestos não linguísticos fornecem uma ligação cognitiva/ sensório-motora entre o objeto ou a ação descrita e a palavra falada. Esta ligação entre o mundo real e a semântica das palavras também tem sido observada em estudos mais recentes sobre o uso e aprendizagem da língua gestual. Os surdos gestuantes nativos mostram um benefício de iconicidade durante tarefas de processamento ao nível da semântica e da fonologia (Thompson, Vinson & Vigliocco, 2009, 2010), e esta influência icónica estende-se ao desenvolvimento do vocabulário em crianças gestuantes nativas (Thompson, Vinson, Woll & Vigliocco, no prelo). A nossa hipótese é de que as crianças que aprendem a língua gestual e oral têm tendência a explorar a ação no gesto não linguístico e no gesto linguístico de forma semelhante para dividir em cate- gorias significantes particulares. Por conseguinte, comparámos o desempenho entre crianças surdas e ouvintes com idades semelhantes, mas com experiências diferentes com a língua gestual, na tarefa de nomeação. Para o presente estudo foram testadas 20 crianças surdas de pais ouvintes a aprender Inglês e Língua Gestual Inglesa (BSL), 20 crianças surdas de pais surdos a adquirir BSL e 20 crianças ouvintes de pais surdos a aprender Inglês e BSL (com idade média de 36 meses). Analisaram-se as capacidades do vocabulário recetivo e produtivo das crianças surdas em comparação com a produção oral e gestos não linguístico das crianças ouvintes (Stefanini, Caselli & Volterra, 2007). Não foram encontradas diferenças significativas nas capacidades de compreensão entre os grupos. No entanto, as crianças surdas de pais ouvintes produziram menos gestos linguísticos reconhecíveis em comparação com as crianças surdas e ouvintes de famílias surdas. Pelo contrário, produziram muitos gestos não linguísticos idiossincráticos de representação semelhante à forma e ao significado dos gestos não linguísticos encontrados nas crianças ouvintes, na mesma tarefa. Nesta comunicação serão debatidas estas respostas sobre gestos não linguísticos e gestos linguísticos tanto em termos da sua relação com a iconicidade da língua e do input dos pais. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 37 Picture naming in deaf children from deaf and hearing families compared with spontaneous gestures produced by hearing children: the influence of iconicity Rachel England*, Robin Thompson, Gabriella Vigliocco, Bencie Woll, Gary Morgan City University London; Deafness Cognition and Language Research Centre UCL, London Abstract Hearing toddlers in different cultures sometimes produce spontaneous gestures in place of, or in combination with spoken labels when naming pictures (Stefanini, Caselli & Volterra, 2007; Stefanini, Bello, Caselli, Iverson & Volterra, 2008). These gestures depict how objects are manipulated or how movements are carried out (e.g. Combing hair gesture for a comb picture, turning steering wheel movements for car picture). In these studies gesture was argued to provide a cognitive/sensorimotor link between the object or action depicted and the spoken word. This link between the real world and the semantics of words has also been observed in recent studies of sign language use and learning. Deaf native signers show a benefit of iconicity during processing tasks both at the level of semantics and phonology (Thompson, Vinson & Vigliocco, 2009, 2010) and this iconic influence extends to vocabulary development in young native signing children (Thompson, Vinson, Woll & Vigliocco, in press). We hypothesize that children learning spoken and sign language exploit the action biases in gesture and signs in a similar way in order to break into particular meaning categories. We therefore investigate how deaf and hearing children of similar ages, but with different experiences of sign language compare on the same naming task. In the current study 20 deaf children of hearing parents learning English and BSL, 20 deaf children of deaf parents acquiring BSL and 20 hearing children of deaf parents acquiring English and BSL (with mean age 36 months) were tested on their receptive and productive vocabulary skills compared with hearing children’s spoken and gesture productions (Stefanini, Caselli & Volterra, 2007) There was no significant difference in comprehension abilities across all groups. However, deaf children of hearing parents produced fewer recognisable signs compared with deaf and hearing children from deaf families, instead producing many idiosyncratic representational gestures that were similar in form and meaning to those gestures reported in hearing children on the same task. We will discuss these gesture and sign responses both in terms of their relationship with the iconicity of language and parental input. * [email protected] 38 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Aquisição simultânea de Língua Gestual de Hong Kong e cantonês: violação da gramática de code-blending Cat H.-M. Fung*, Gladys Tang The Chinese University of Hong Kong Resumo Com uma forte promoção oralista por parte do governo de Hong Kong, as crianças surdas de pais surdos recebem um treino oral precoce, tornando-se posteriormente bilingues. Expostas simultaneamente a duas línguas, HKSL-cantonês, as crianças bilíngues têm de adquirir as conflituosas direções da cabeça TP e NegP, nomeadamente a cabeça final TP/NegP em HKSL e cabeça inidical de TP/NegP em cantonês. Uma vez que o code-blend do adulto T/Neg permite tanto a ordem Cabeça-Comp como Comp-Cabeça (Fung, 2012; Fung & Tang, 2012), crianças bilingues de HKSL-cantonês também têm de lidar com um input misturado linguístico bilíngue. Neste estudo de caso, CC, que tem perda auditiva severa, é filho de pais surdos com um irmão mais novo surdo. Por viver com a sua avó ouvinte, também recebe input oral diariamente através do uso de aparelhos auditivos. Além disso, as visitas de investigadores surdos bilingues proporcionaram-lhe uma exposição natural à HKSL e a uma mistura de HKSL-cantonês, tanto com code-switch como com code-blend. Devido ao input duplo de HKSL e cantonês, assim como à mistura das duas línguas, CC não produzia apenas enunciados monolingues. No corpus infantil de HKSL, os dados longitudinais do CC desde os 2;00 até aos 6;06 anos de idade revelaram enunciados tanto com code-switching como com code-blending. Ao examinar os TP e NegP, os enunciados em que ocorriam code-blends seguiram principalmente a ordem de palavras em cantonês na fase inicial, enquanto que a ordem de palavras em HKSL só surgiu aos 4;06 anos de idade. Ao violar a gramática adulta de code-blends os enunciados bilingues de CC antes dos 4;06 anos revelou que a sua língua dominante era o cantonês. Referências 1. Fung, Hiu Man Cat. 2012. Code-blending in Early Hong Kong Sign Language: A Case Study. M.Phil thesis, The Chinese University of Hong Kong. 2. Fung, H.-M. Cat, and Gladys Tang. 2012. Null Theory and Code-blending in Hong Kong Sign Language. Paper presented at Bilingual and Multilingual Interaction, Bangor University, United Kingdom, 30 March - 1 April. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 39 Simultaneous acquisition of Hong Kong Sign Language and Cantonese: violation of code-blending grammar Cat H.-M. Fung*, Gladys Tang The Chinese University of Hong Kong Abstract With strong oralist promotion by the Hong Kong government, the deaf of deaf children receive speech training from early age and later become sign bilinguals. Exposing to two languages simultaneously, HKSL-Cantonese bilingual children have to acquire the conflicting head-directionalities of TP and NegP, namely head-final TP/NegP in HKSL and head-initial TP/NegP in Cantonese. Given that adult code-blended T/Neg allows both Head-Comp and Comp-Head orders (Fung 2012, Fung & Tang 2012), HKSL-Cantonese children also have to deal with bilingual language mixing input. In this case study, CC, who has severe hearing loss, was born to deaf parents with a deaf younger sibling. Living together with his hearing grandmother, he also receives daily speech input via the use of hearing aids. In addition, the visits of deaf bilingual researchers exposed him to natural HKSL and mixed HKSL-Cantonese with both code-switching and code-blending. Given the dual input of HKSL and Cantonese as well as mixing of these two languages, CC did not only produce monolingual utterances. In the Child HKSL Corpus, CC’s longitudinal data from age 2;0 to 6;6 revealed both code-switching and code-blending utterances. Examining TP and NegP, his code-blending utterances followed mostly Cantonese word order in the early stage while HKSL word order did not emerge until age 4;6. Violating the adult code-blending grammar, CC’s bilingual utterances before 4;6 revealed his dominant language being Cantonese. References 1. Fung, Hiu Man Cat. 2012. Code-blending in Early Hong Kong Sign Language: A Case Study. M.Phil thesis, The Chinese University of Hong Kong. 2. Fung, H.-M. Cat, and Gladys Tang. 2012. Null Theory and Code-blending in Hong Kong Sign Language. Paper presented at Bilingual and Multilingual Interaction, Bangor University, United Kingdom, 30 March - 1 April. * [email protected] 40 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 A escrita do português como L2 para crianças surdas: relações da escrita com a oralidade Zilda Maria Gesueli*, Ivani Rodrigues Silva, Sabrina de Oliveira Maciel Guimarães State University of Campinas-Unicamp Resumo Dada a especificidade da surdez pautada na experiência visual e no uso de uma língua viso-gestual, como considerar as relações entre escrita/oralidade? Pelo fato de não ouvir, o surdo percorre um caminho que não se pauta na relação escrita/oralidade daí a necessidade de considerar o aspecto visual da escrita como um fator facilitador do processo de aquisição do português. E, consequentemente, nos afastarmos da concepção grafocêntrica da escrita, considerando-a como um conjunto de práticas discursivas (Souza, 2001). Concebemos práticas discursivas como práticas sociais significativas que o sujeito exerce através da linguagem. Em se tratando da criança surda, a interação com a escrita será fundamentada no uso da língua de sinais – língua essencialmente visual. Assim, é de se esperar que o processo de aquisição do português escrito pelo aluno surdo constitua-se em uma tarefa complexa, pois além do trabalho que envolve o ensino da escrita, estamos diante do ensino de uma segunda língua (Gesueli, 2006). Reily (2003), com base na discussão de Hughes (1998), propõe o letramento visual no currículo escolar e considera que a “imagem vem sendo utilizada na escola com uma função primordialmente decorativa, de tal forma a diluir o tédio provocado pela grafia de textos visualmente desinteressantes”(pág.164). Dada a característica visual da língua de sinais, essa discussão deve se fazer presente no campo da surdez. Trata-se de pesquisa qualitativa na qual foram analisadas atividades educacionais desenvolvidas com crianças surdas na faixa etária de 6-10 anos atendidas no Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação “Prof. Dr. Gabriel Porto” - CEPRE Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e inseridas na rede regular de ensino. Os dados foram obtidos através de filmagens em momentos de interação crianças surdas/professor surdo e pesquisador ouvinte. Foram analisadas produções de leitura e escrita dos alunos surdos. Os sujeitos da pesquisa apresentam diferenças no que se refere a perda auditiva e nem por isso buscaram a relação escrita/ oralidade nas atividades de leitura e escrita. Podemos observar a partir dos dados coletados que tanto as crianças que apresentam resíduo auditivo quanto as crianças com surdez profunda buscam significado no texto, levando em conta o aspecto visual da escrita, não se apoiando, necessariamente, na relação fonema/grafema. Referências 1. Gesueli Z. M., Moura L. 2006. Letramento e surdez: a visualização das palavras. Educação Temática Digital ETD 7(2), 110-22. 2. Reily, L. H. 2003. Imagens: o lúdico e o absurdo no ensino de arte para pré-escolares surdos. In: SILVA, I. R.; KAUCHAKJE, S.; GESUELI, Z. M. (Org.). Cidadania, surdez e linguagem. São Paulo: Plexus. 3. Souza, L. M. T. M. 2001. Para uma ecologia da escrita indígena: a escrita multimodal Kaxinawá. In: Signorini, I. (Org.). Investigando a relação oral/ escrito. Campinas: Mercado de Letras. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 41 Written Portuguese as L2 for deaf children: relations between writing and oral language Zilda Maria Gesueli*, Ivani Rodrigues Silva, Sabrina de Oliveira Maciel Guimarães State University of Campinas-Unicamp Abstract Given the specificity of deafness that is founded upon visual experience and on the use of a visual-gestural language, how should one regard the relations between writing and oral language? Due to the fact that they do not hear, the deaf follow a course that doesn’t consider relations between writing/speech; for this reason, one must consider the visual aspects of writing as facilitating factors for acquiring Portuguese. Consequently, the graphocentric conception of writing, considered as a set of discursive practices, must be left aside (Souza, 2001). Discursive practices are understood as meaningful social practices that the subject engages in through language. Where deaf children are concerned, interaction with writing must be founded upon using sign language – a language that is essentially visual. Thus, one can expect the process of acquiring written Portuguese by deaf students to be a complex task, since added to the challenge involved in teaching them to write is that of teaching them a second language (Gesueli, 2006). Reily (2003) proposes visual literacy in the school curriculum; the author contends that “images have been used in school primarily as decoration, in order to dilute the tedium that comes from visually uninteresting graphic text displays” (p. 164). Considering the visual nature of sign language, this discussion should come to the foreground in the field of deaf studies. In this qualitative study, educational activities were carried out with groups of children aged 6 to 10 who were enrolled in the regular school system and also came twice a week to the outpatient center called Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação “Prof. Dr. Gabriel Porto” - CEPRE at the School of Medical Sciences at the State University of Campinas. The data was collected using video recordings of interaction episodes between deaf children/deaf teacher and hearing researcher. The reading and writing productions by the deaf children were analyzed. The research subjects presented differences regarding hearing loss, but despite such differences, they did not look for relations between writing and oral language during reading and writing activities. We were able to observe from the data that both groups of children, those with residual hearing and those with profound deafness, sought meaning in the texts considering the visual aspects of writing; they did not necessarily seek support from phoneme/grapheme relations. References 1. Gesueli Z. M., Moura L. 2006. Letramento e surdez: a visualização das palavras. Educação Temática Digital ETD 7(2), 110-22. 2. Reily, L. H. 2003. Imagens: o lúdico e o absurdo no ensino de arte para pré-escolares surdos. In: SILVA, I. R.; KAUCHAKJE, S.; GESUELI, Z. M. (Org.). Cidadania, surdez e linguagem. São Paulo: Plexus. 3. Souza, L. M. T. M. 2001. Para uma ecologia da escrita indígena: a escrita multimodal Kaxinawá. In: Signorini, I. (Org.). Investigando a relação oral/ escrito. Campinas: Mercado de Letras. * [email protected] 42 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Identificação da idade relacionada com a aquisição da ASL em CSPS e CSPO e identificação de perfis de alunos surdos de línguas utilizando o Instrumento de Avaliação da Língua Gestual Americana (ASLAI) Hoffmeister*, R., Novogrodsky, R., Fish, S., Benedict, R., Henner, J. & Rosenberg, P. Center for the Study of Communication and the Deaf, Boston University Resumo Não se encontra comercialmente disponível um grande número de avaliações da Língua Gestual Americana (ASL) que identifiquem tanto os alvos de aquisição da linguagem relacionados com a idade como as diferenças na aprendizagem de uma língua na população de estudantes surdos. Com este propósito, o ASLAI desenvolveu normas relacionadas com a idade de aquisição baseadas em mais de 200 crianças surdas de pais surdos (CSPS) e mais de 350 crianças surdas de pais ouvintes (CSPO). Estas normas permitem-nos estabelecer categorias como base de referência na idade de aquisição para os componentes linguísticos da ASL, como a profundidade e extensão do vocabulário, sintaxe simples e complexa, e compreensão de texto em ASL. As dificuldades de aprendizagem da língua por estudantes surdos têm sido tipicamente diagnosticadas com recurso a materiais baseados na língua oral. Tem sido particularmente difícil identificar os alunos que têm défices de linguagem e/ou dificuldades de aprendizagem. O ASLAI foi desenhado para identificar perfis de estudantes surdos que pertençam aos seguintes grupos: A. a um alvo relacionado com pares da mesma idade; B. a um atraso relacionado com pares da mesma idade: a um atraso na exposição à língua, mas a funcionar normalmente; C. a uma exibição de um potencial défice de linguagem: ou seja, um possível problema neurológico, o uso incorreto de espaço, memória para construções espaciais, etc. D. a uma exibição de uma potencial dificuldade de aprendizagem: ou seja, uma possível incapacidade de sequenciar declarações de forma lógica. Os dados do ASLAI foram recolhidos em mais de 500 estudantes surdos e permitiram formular perfis de estudantes que se enquadrem nas categorias acima mencionadas. Dados adicionais (como a leitura de excertos e questionários de professores) serão utilizados para estabelecer com mais clareza se estes perfis são adequados ou precisos. Um perfil adequado é aquele que exige uma análise mais aprofundada para determinar se o aluno tem um problema de linguagem. Um perfil preciso é aquele que é verificado por outros fatores, tais como testes médicos ou de linguagem. Os perfis relacionadas com a idade adequados e precisos dos diferentes subtestes do ASLAI serão discutido neste trabalho. O ASLAI é potencialmente uma ferramenta extremamente fidedigna de identificação de Distúrbio Específico de Linguagem (DEL) em indivíduos surdos. O teste ASLAI cobre os critérios de inclusão, por testar diferentes aspetos da ASL: fonologia, conhecimento lexico-semântico, sintaxe, morfologia e pragmática. A capacidade de estabelecer perfis de linguagem para alunos surdos permitirá a educadores e investigadores identificar com mais precisão as crianças surdas que estão prontas para a aprendizagem e aquelas que não estão, e fornecer serviços oportunos e de intervenção aos que têm problemas de linguagem. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 43 Identifying age related acquisition of ASL in DCDP and DCHP and identifying profiles of deaf language learners using the American Sign Language Assessment Instrument (ASLAI) Hoffmeister*, R., Novogrodsky, R., Fish, S., Benedict, R., Henner, J. & Rosenberg, P. Center for the Study of Communication and the Deaf, Boston University Abstract There are no commercially available wide-ranging assessments of American Sign Language (ASL) that identify both age-related language acquisition targets and language learning differences in the Deaf student population. To this end, the ASLAI has developed age-related norms that are based on over 200 Deaf Children of Deaf Parents (DCDP) and over 350 Deaf Children of Hearing Parents (DCHP). These norms allow us to establish baseline age-related acquisition categories for ASL language components such as vocabulary depth and extent, simple and complex syntax, and ASL text comprehension. Language learning difficulties in Deaf students have been typically diagnosed using materials based on spoken language. It has been particularly difficult to identify those students who may have language deficits and/or learning disabilities. The ASLAI has been designed to identify profiles of Deaf students who belong to the following groupings: on target with respect to same-aged peers delayed with respect to same-aged peers: issue of delay in language exposure but functioning normally displaying potential language deficit: ie. Possible neurological issue, incorrect use of space, memory for spatial constructs, etc. displaying potential learning disability.]: ie. Possible inability to sequence statements logically. ASLAI data have been collected on over 500 Deaf students and have enabled us to formulate profiles of students who fit the above categories. Additional data (such as reading scores and teacher questionnaires) will be used to more clearly establish whether our profiles are adequate or accurate. An adequate profile is one that requires further analysis to determine if the student has a language issue. An accurate profile is one that is verified by other factors, such as medical and other language testing. Age-related adequate and accurate profiles of the different subtests of the ASLAI will be discussed in this paper. The ASLAI is potentially an extremely reliable tool for use in identifying Specific Language Impairment (SLI) in Deaf subjects. The ASLAI test covers the inclusionary criteria, as it tests different aspects of ASL: phonology, lexical-semantic knowledge, syntax, morphology and pragmatics. The ability to establish discrete language profiles for Deaf students will enable both educators and researchers to more accurately identify Deaf children who are on target for learning and those who are not, and to provide those who have language issues with timely services and intervention. * [email protected] 44 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 A transcrição como uma ferramenta para aumentar a consciência metalinguística em alunos de Língua Gestual Alemã como segunda língua Emily Kaufmann*, Reiner Griebel, Thomas Kaul University of Cologne, Faculty of Human Sciences, Education and Rehabilitation of the Deaf and Hard of Hearing Resumo Especialmente em adultos a aprender uma segunda língua, a consciência metalinguística é uma componente importante na aquisição da competência linguística. Esta comunicação apresenta um estudo que avalia uma nova técnica de treino linguístico baseada na transcrição, projetado para melhorar a consciência metalinguística de alunos a aprender uma língua gestual como L2, com foco na área das características não-manuais (gestos com a boca e ativação das sobrancelhas), uma área que geralmente representa uma grande dificuldade para adultos ouvintes a aprender língua gestual. Este estudo centra-se em gestos idiomáticos (e.g. configuração f em direção à testa, que significa “não faço ideia”) e em perguntas, uma vez que contêm gestos com a boca e ativação das sobrancelhas. Os participantes (N=33) eram ouvintes nativos de alemão e alunos do programa de Educação de Surdos na Universidade de Colónia, a frequentar o quinto semestre do curso em Língua Gestual Alemã (DGS), durante o período do estudo. O estudo foi realizado exclusivamente durante o horário da aula de DGS 5. O estudo desenvolveu-se da seguinte forma: realizaram-se cinco sessões de treino, em cada qual era mostrado aos alunos um vídeo com uma frase em DGS contendo um gesto idiomático. O vídeo foi produzido as vezes que os participantes quiseram, e a frase e o gesto idiomático foram discutidos. No Grupo 1 (N=18), o grupo de controle, foi usada esta abordagem padrão para o ensino de gestos idiomáticos. No grupo 2 (N=15), o grupo de teste, foi utilizada a tarefa de transcrição: o gesto idiomático foi discutido tal como no primeiro grupo e, adicionalmente, foi solicitado aos participantes que transcrevessem as frases, incluindo glosas, gestos com a boca, articulação oral e ativação das sobrancelhas. Após as cinco sessões de treino, deu-se a sessão de testes, igual para ambos os grupos. Os participantes assistiram a 12 vídeos, cada um dos quais apresentava uma frase completa em DGS, contendo um gesto com a boca ou uma ativação das sobrancelhas como uma característica saliente. Metade dos vídeos continha um erro na respetiva característica não-manual e metade não tinha qualquer erro. Para cada item, os participantes foram instruídos a decidir se a frase tinha não um erro e, se sim, de que forma a corrigi-lo. Como em estudos anteriores, a capacidade de detetar e corrigir erros é usada como uma medida de consciência metalinguística. O desempenho foi comparado entre os dois grupos e os resultados mostram uma diferença significativa entre os grupos (p <0,01), tendo o grupo de teste um melhor desempenho na tarefa de deteção/ correção de erros. Este resultado indica que a consciência metalinguística dos alunos de DGS e, por extensão, a sua competência, na área dos elementos não-manuais pode ser melhorada através da integração de técnicas de transcrição em cursos de DGS. Estudos futuros sobre outras técnicas com tecnologia de vídeo podem revelar-se igualmente promissoras. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 45 Transcription as a tool for increasing metalinguistic awareness in learners of German Sign Language as a second language Emily Kaufmann*, Reiner Griebel, Thomas Kaul University of Cologne, Faculty of Human Sciences, Education and Rehabilitation of the Deaf and Hard of Hearing Abstract Especially in adult second language learners, metalinguistic awareness is an important component in acquiring language competence. This paper reports on a study which evaluates a new transcription-based language training technique designed to improve sign language L2 learners’ metalinguistic awareness, focusing on the area of non-manual features (mouth gestures and eyebrow activation), an area which typically poses great difficulty for hearing adult sign language learners. This study focuses on idiomatic signs (e.g. f-hand-to-forehead, meaning ‘no idea’) and questions because they contain mouth gestures and eyebrow activation. Participants (N=33) were hearing native speakers of German and students in the Deaf Education program at the University of Cologne in a fifth-semester German Sign Language (DGS) course during the study period. The study was conducted exclusively during the regular class time in the DGS 5 classes. The study was designed as follows. There were five training sessions, in each of which students were shown one video of a DGS sentence containing an idiomatic sign. The video was replayed as desired by participants, and the sentence and the idiomatic sign were discussed. In Group 1 (N=18), the control group, this standard approach for teaching idiomatic signs was used. In Group 2 (N=15), the test group, the transcription task was used: the idiomatic sign was discussed as above, and participants were additionally asked to transcribe the sentences, providing a gloss, mouth gestures, mouthings, and eyebrow activation. Following the five training sessions was the testing session, which was the same for both groups. Participants watched 12 videos, each of which presented one complete DGS sentence which contained either a mouth gesture or eyebrow activation as a salient feature. Half of the videos of contained an error in the respective non-manual feature and half were error-free. For each item, participants were instructed to decide whether or not the sentence contained an error and if so, state how to correct it. As in previous studies, the ability to detect and correct errors is used as a measure of metalinguistic awareness. Performance was compared between the two groups, and results show a significant difference between the groups (p<.01), with the test group performing better on the error detection/correction task. This result indicates that DGS learners’ metalinguistic awareness and by extension, their competence, in the area of non-manuals can be improved by integrating transcription techniques into DGS courses. Future studies on other techniques using video technology may prove equally promising. * [email protected] 46 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 O uso de referentes em inglês oral por crianças bilingues bimodais Elena Koulidobrova*; Kathryn Davidson Central Connecticut State University; University of Connecticut Resumo Tem sido argumentado que crianças bilingues permitem pragmaticamente formas inadequadas para a L(íngua)A na sua LA, se tais formas forem apropriadas na L(íngua)B (em Sorace, 2011). Grande parte desta investigação centrou-se na produção de argumentos nas línguas das crianças a adquirir o sujeito nulo e o sujeito não nulo (NS). No entanto, a previsão estende-se por outras áreas relacionadas com a adequação pragmática da produção do argumento, por exemplo, introdução/manutenção de referentes. Examinámos o inglês de crianças bimodais (ASL-Inglês) bilingues (BIBIs). Incluimos crianças ouvintes de adultos surdos (CODAs) e crianças com surdez congénita com implantes cocleares (IC). Participantes: doze BIBIs (sete CODAs, cinco ICs; idade média = 6;01), com um input consistente de duas línguas desde os primeiros anos, e com valores normais (ou superiores) de inteligência não verbal. Os participantes assistiram a um vídeo curto e em seguida recontaram a história. Cada narrativa foi codificada para as primeiras 10 noemações de cada uma das três categorias: (1) pronomes da 3 ª pessoa (por exemplo, “ele”); (2) sintagmas nominais (SN) indefinidos com um artigo indefinido (por exemplo, “um”); e (3) SN definidos com artigos definidos (por exemplo, “o”, “os”). Cada SN foi também codificado para adequação pragmática. Além disso, por se ter conhecimento que os BIBIs costumam apresentar efeitos de interação sintática interlinguística (Lillo-Martin et al., 2009, i.a), foi também aplicado um teste de julgamento gramatical a um subconjunto de participantes (cinco CODAs e dois ICs, idade média = 6;06) para determinar se os SNs estão incorporados em inglês. Dois brinquedos desempenhavam alguma ação; o investigador falava de um dos brinquedos. Um gato descrevia a situação, omitindo o sujeito em 50% dos testes de ensaios. Foi pedido às crianças que julgassem e corrigissem as frases do gato. 50% de fillers eram agramaticais em inglês de adultos (erros de concordância/temporais). O desempenho dos BIBIs foi comparado com controles, um inglês monolingue (idade 6;02) e um unimodal multilingue (inglês/croata/tailandês, de 8;06). RESULTADOS: o desempenho dos BIBIs foi diferente do grupo de controle na tarefa de julgamento de gramaticalidade: eram menos precisos em rejeitar frases agramaticais e aceitaram significativamente mais SNs incorporados (z = 4,37, p>0,0003). No entanto, os BIBIs mostraram padrões adequados à idade no uso de referentes em narrativas. A idade correlaciona-se significativamente com a adequação pragmática de SNs (r(413) = 0,097, p<0,05). O uso pragmático adequado de pronomes (média = 0,87) e SNs indefinidos (média = 0,95) foi considerável, com menor desempenho de SNs definidos (média = 0,69), mas consistente com relatórios sobre inglês de crianças monolingues (Abbot, 2006). Os resultados sugerem que as crianças BIBIs (CODA/IC) revelam efeitos de interação linguística no argumento produzido, que estão dissociados do conhecimento de adequação pragmática. Referências 1. Abbot, B. 2006. Definite and Indefinite. Encyclopedia of Language and Linguistics, Second Edition (K. Brown, ed.). 392-399. 2. Lillo-Martin, D., Quadros, R., Koulidobrova, H., & Chen Pichler, D. 2009. Bimodal bilingual cross-language influence in unexpected domains. GALA, Lisbon. Sorace, Antonella. 2011. Pinning down the concept of “interface” in bilingualism. Linguistic Approaches to Bilingualism 1 (1), 1-33 * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 47 Bimodal bilingual children’s use of referents in their spoken English Elena Koulidobrova*; Kathryn Davidson Central Connecticut State University; University of Connecticut Abstract Balanced bilingual children have been argued to allow pragmatically inappropriate for L(anguage)A forms in their LA if such forms are appropriate in L(anguage)B (overview in Sorace 2011). Much of this research has focused on the production of arguments in the languages of children acquiring a null- in conjunction with a non-null subject (NS) language. However, the prediction spans across other areas related to pragmatic appropriateness of argument production, e.g. introduction/maintenance of referents. We examine the English of bimodal (ASL-English) bilingual children (BIBIs). We include both young hearing children of Deaf adults (KODAs) and congenitally deaf children with cochlear implants (CIs). Participants: twelve BIBIs (seven KODAs, five CIs; Mean age=6;01), with consistent two-language input provided from the early age, and normal (or above) nonverbal intelligence scores. The participants watched a short video and then relayed the story. Each narrative was coded for the first ten mentions of each of three categories: (1) 3rd person pronouns (e.g. “he”), (2) indefinite noun phrases (NPs) with a clear indefinite article (e.g. “a”), and (3) definite NPs with clear definite articles (e.g. “the”, “those”). Each NP was also coded for pragmatic appropriateness. Additionally, because BIBIs are known to show effects of cross-linguistic syntactic interaction (Lillo-Martin et al. 2009, i.a), a subset of participants (five KODAs and two CIs, Mean age=6;06) were also administered a grammaticality judgment test in order to determine whether BIBIs allow embedded NSs in English. Two toys performed some action; the experimenter spoke for one of the toys. A cat described the situation, omitting subjects in 50% of the test trials. Children were asked to judge and correct the cat’s sentences. 50% of fillers were also ungrammatical in adult English (agreement/tense errors). The BIBIs’ performance was compared with a monolingual English (age 6;02) and a unimodal multilingual (English/Croatian/Taiwanese, age 8;06) controls. RESULTS: BIBIs performed differently from controls on the grammaticality judgment task: they were less accurate in rejecting ungrammatical sentences, and accepted significantly more embedded NSs (z=4.37, p>.0003). Yet, BIBIs showed age- appropriate patterns in the use of referents in narratives. Age correlated significantly with the pragmatic appropriateness of NPs (r(413)=0.097, p<0.05). Pragmatically appropriate use of pronouns (Mean=0.87) and indefinite NPs (Mean=0.95) were high, with definite NP performance lower (Mean=0.69) but consistent with reports for English monolingual children (Abbot 2006). Results suggest that BIBI children (KODA/CI) reveal language interaction effects in argument suppliance, which are dissociated from the knowledge of pragmatic appropriateness. References 1. Abbot, B. 2006. Definite and Indefinite. Encyclopedia of Language and Linguistics, Second Edition (K. Brown, ed.), 392-399. 2. Lillo-Martin, D., Quadros, R., Koulidobrova, H., & Chen Pichler, D. 2009. Bimodal bilingual cross-language influence in unexpected domains. GALA, Lisbon. In Sorace, Antonella. 2011. Pinning down the concept of “interface” in bilingualism. Linguistic Approaches to Bilingualism 1 (1), 1-33. * [email protected] 48 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Aquisição da concordância verbal em Língua Gestual de Hong Kong (HKSL) Scholastica Lam* The Chinese University of Hong Kong Resumo A concordância verbal é um dos temas mais estudados em investigação da aquisição das línguas gestuais. Semelhantemente às crianças ouvintes, as crianças surdas quando adquirem diferentes línguas gestuais produzem marcações de concordância (como uma espécie de flexões verbais) por volta dos 2 anos de idade. Tal como as crianças ouvintes, as crianças surdas também produzem erros de omissão na aquisição da língua gestual (Meier, 1982; Morgan, Barriere & Woll, 2006; Jânio Quadros & Lillo-Martin, 2007; entre outros). O aparecimento precoce de flexões verbais parece confirmar-se, independentemente da modalidade linguística adotada. Por outro lado, as marcações de concordância em Língua Gestual de Hong Kong (HKSL) não ocorrem até aos 3;04 anos de idade nos dados longitudinais de uma criança com surdez severa, CC, filho de pais surdos, em Hong Kong (cf. Lam 2009). A ocorrência de verbos de concordância marcada também é pequena em número, contrastando com o que tem sido apresentado na aquisição de marcações de concordância quer nas línguas orais, quer nas línguas gestuais. Este facto faz questionar a razão pela qual as marcações de concordância aparecem mais tarde em HKSL do que noutras línguas. Nesta comunicação proponho que o input ambíguo é a causa desta aquisição tardia de concordância verbal em HKSL. O input ambíguo pode estar sob a forma de (i) formas ambíguas que podem indicar a marcação de localização ou a concordância verbal e (ii) omissão de marcação de concordância em gestos orientados para crianças. Os resultados mostram que a maioria dos verbos (85,53%) parecem ambíguos para CC, uma vez que podem apresentar marcação de localização espacial ou de concordância verbal. O facto dos adultos produzirem raramente verbos com concordância, mesmo em contextos obrigatórios, fornece dados de input ambíguos adicionais. Proponho, portanto, que a emergência tardia de marcações de concordância em HKSL se deve à presença de dados de input ambíguos. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 49 Acquisition of verb agreement in Hong Kong Sign Language (HKSL) Scholastica Lam* The Chinese University of Hong Kong Abstract Verb agreement is one of the widely-studied topics in sign language acquisition research. Similar to the hearing children, deaf children acquiring different signed languages produce agreement markings (as a kind of verbal inflections) at around age 2. Deaf children, like hearing children, also produce omission errors in sign language acquisition (Meier, 1982; Morgan, Barriere & Woll, 2006; Quadros & Lillo-Martin, 2007; among others). The early emergence of verbal inflections seems to be true regardless of which modality a language adopts. By contrast, agreement markings in Hong Kong Sign Language (HKSL) do not appear until 3;4 in the longitudinal data of a severely deaf child CC borne to deaf parents in Hong Kong (cf. Lam, 2009). The occurrence of marked agreement verbs is also small in number, contrasting what has been reported in the acquisition of agreement markings in both spoken and signed languages. This calls for a question of why agreement markings appear later in HKSL than in other languages. In this paper, I propose that ambiguous input is the cause of such late acquisition of verb agreement in HKSL. The ambiguous input can be in the form of (i) ambiguous forms that may denote location marking or verb agreement and (ii) omission of agreement markings in child-directed signing. The results show that the majority of verbs (85.53%) look ambiguous to CC because they can be marked for spatial locations or verb agreement. The fact that adult agreement verbs are bare even in obligatory context provides additional ambiguous input data. I therefore propose that late emergence of agreement markings in HKSL is due to the presence of ambiguous input data. * [email protected] 50 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Aquisição da sintaxe de gestos funcionais em HKSL: um estudo de caso sobre PODER e NÃO-TER produzido por criança com aprendizagem tardia de HKSL do programa Jockey Club Sign Bilingualism and Co-enrolment in Deaf Education Scholastica Lam* and Betty Cheung The Chinese University of Hong Kong Resumo Um número de gestos funcionais, especificamente modais e de negação, em HKSL ocorrem no final da oração (Lee, 2006; Lam, 2009). Um estudo de caso revela que uma criança com surdez severa, CC, produz partículas modais e negativas tanto em posição pré-verbal como no final da oração (Lam, 2009). Lam (2009) sugere que a ocorrência de gestos funcionais em posição pré-verbal pode ser resultado do input cantonês sob a forma de cantonês oral e de gestos com base no cantonês, uma variedade de gestos entre HKSL e Língua Gestual Chinesa. No entanto, os dados sobre o CC são limitados. Investigação com mais surdos bilingues poderá ajudar-nos a compreender melhor o desenvolvimento de elementos modais e negativos num contexto bilingue. Desde a criação do programa Jockey Club Sign Bilingualism and Co-enrolment in Deaf Education, um grupo de alunos surdos tem desenvolvido cantonês e HKSL simultaneamente num ambiente escolar. Esta comunicação pretende explorar a sintaxe precoce de elementos modais e negativos, mais especificamente PODER e NÃO-TER, analisando os dados de avaliação recolhidos através da ferramenta de elicitação de Língua Gestual de Hong Kong (HKSL-ET). O teste modal consiste em recontar uma história, no qual o aluno surdo tem de recontar a história previamente mostrada em vídeo. O teste de negação consiste em encontrar diferenças, em que o aluno tem de descrever o que falta num conjunto de imagens. Os dados foram recolhidos a partir de 22 alunos surdos do Programa que aprenderam a língua tardiamente. A maioria dos alunos apenas começam a aprender HKSL a partir dos 4 anos de idade ou mais tarde. Estudos anteriores sugerem que surdos com aprendizagem tardia, com 30 anos de uso da língua, normalmente não têm problemas com a ordem das palavras (Emmorey, 2002). Podem os surdos com aprendizagem tardia e utilização da língua por um período mais curto adquirir a sintaxe com elementos modais e negativos em HKSL? O nosso estudo preliminar revela que os alunos surdos produzem elementos modais e negativos tanto em posição pré-verbal como no final da oração: (1) posição pré-verbal GATO RATO PODE APANHAR (C4-3-CWL, 7; 0) “O gato pode apanhar o rato.” (2) no final da oração GATO APANHAR RATO PODE (C4-1-CNW, 7; 0) “O gato pode apanhar o rato.” (3) posição pré-verbal PORCO NÃO-TER LEVAR LEGUME (C1-2-HST, 12; 0) “O porco não levou os legumes.” (4) no final da oração GATO COZINHAR OVO NÃO-TER (C1-2-HST, 12; 0) “O gato não cozinhou os ovos.” Produzem os alunos surdos mais gestos funcionais em posição pré-verbal do que em final de oração? Utilizam os mesmos alunos umas vezes gestos funcionais pré-verbais e noutras em posição final da oração (como nos exemplos (3) e (4))? Até que ponto a transferência e dominância de língua explicam os resultados? Esta comunicação pretende abordar todas estas questões. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 51 Acquisition of the syntax of functional signs in HKSL: a case study on CAN and NOT-HAVE produced by child late learners of HKSL in Jockey Club Sign Bilingualism and Co-enrolment in Deaf Education Programme Scholastica Lam* and Betty Cheung The Chinese University of Hong Kong Abstract A number of functional signs, specifically modals and negators, in HKSL are observed to occur in a clause-final position (Lee, 2006; Lam 2009). A case study shows that a severely deaf child CC produces modals and negators in both preverbal and clause-final positions (Lam, 2009). Lam (2009) suggests that the occurrence of preverbal functional signs may be resulted from Cantonese input in the form of oral Cantonese and Cantonese-based signing, a variety of signing that is in between HKSL and Signed Chinese. However, the data on CC is limited. Research on more deaf bilinguals may help us to understand better the development of modals and negators under a bilingual context. Since the set up of the Jockey Club Sign Bilingualism and Co-enrolment in Deaf Education Programme, a group of deaf students develop Cantonese and HKSL simultaneously under a school setting. This paper attempts to explore further the early syntax of modals and negators, specifically CAN and NOT-HAVE by examining the assessment data collected via the Hong Kong Sign Language Elicitation Tool (HKSL-ET). The modal test is a story retelling task where the deaf student needs to retell a story shown earlier in a video clip. The negation test is a find-a-difference test in which the student needs to describe what is missing in a set of pictures. Data was collected from 22 deaf late learners studied in the Programme. Most of these students only start to learn HKSL from age 4 or older. Previous studies suggest that late learners with 30 years of usage usually do not have problems with word order (Emmorey, 2002). Can late learners with shorter period of exposure acquire the syntax of modals and negators in HKSL? Our preliminary study shows that deaf students produce both preverbal and clause final modals and negators: Preverbal position CAT MOUSE CAN CATCH (C4-3-CWL, 7;0) ‘The cat can catch the mouse.’ Clause-final position CAT CATCH MOUSE CAN (C4-1-CNW, 7;0) ‘The cat can catch the mouse.’ Preverbal position PIG NOT-HAVE TAKE VEGETABLE (C1-2-HST, 12;0) ‘The pig did not take the vegetables.’ Clause-final position CAT COOK EGG NOT-HAVE (C1-2-HST, 12;0) ‘The cat did not cook the eggs.’ Do deaf students produce more preverbal than clause-final functional signs? Do the same students use preverbal functional sign at one time and clause-final functional signs at another time (as in examples (3) and (4))? To what extent language transfer and language dominance explain the results? This paper attempts to address all these questions. * [email protected] 52 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 SEL - sistema de escrita para Língua de sinal Adriana Stella Cardoso Lessa-de-Oliveira* Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) Resumo Neste trabalho apresentamos os resultados de um projeto de pesquisa que objetivou criar um sistema de escrita para línguas de sinais. Trata-se de um projeto desenvolvido na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), no Brasil, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (Processo: 483450/2009-0) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB (Termo de Outorga: PPP 0080/2010). A metodologia utilizada envolveu intensa investigação da constituição articulatória do sinal, já que pretendíamos criar um sistema não-logográfico e linear. Nossa investigação levou-nos à descoberta de que o sinal se compõe de um tipo de unidade que chamamos de MLMov. Essa unidade se constitui de três tipos de macrossegmentos (Mão, Localização e Movimento) formados por traços distintivos imbricados – os parâmetros. Os caracteres da escrita SEL representam esses três macrossegmentos. Assim, o sinal GALINHA em língua de sinais brasileira (Libras) é escrito em SEL como: . Como é possível observar, representamos o macrossegmento MÃO com o caractere ( - mão espraiada) e o caractere (eixo superior com palma para dentro); representamos o macrossegmento LOCALIZAÇÃO (ponto do corpo envolvido na articulação do sinal) com o caractere (rosto); e representamos (fechar o macrossegmento MOVIMENTO com o caractere quatro dedos gradativamente) e o caractere (movimento de mão retilíneo para baixo no plano frontal) (cf. Lessa-de-Oliveira, 2012). Um experimento realizado com um grupo de cinco surdos e um ouvinte demonstrou que a escrita SEL é um sistema compatível com o critério de automatização do processamento na leitura e na escrita e que esta é de fácil aquisição. Verificamos ainda que, assim como ocorre com as línguas orais, a modalidade escrita de línguas de sinais, ainda inexistente, deverá apresentar estrutura própria. Por fim, concluímos que a adoção de um sistema de escrita para línguas de sinais, além de todos os benefícios para a vida prática da pessoa surda, poderá vir a contribuir com um grau mais alto de gramaticalização da própria modalidade falada dessa língua. Referências 1. Lessa-de-oliveira, Adriana S. C. 2012. Libras escrita: o desafio de representar uma língua tridimensional por um sistema de escrita linear . ReVEL, v. 10 (19). * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 53 SEL - writing system for Sign Language Adriana Stella Cardoso Lessa-de-Oliveira* Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) Abstract We present the results of a research project that aimed to create a writing system for sign languages. This is a project developed at the Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), in Brazil, financed by the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (Process: 483450/20090) and the Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB (Term of Agreement: PPP 0080/2010). The methodology involved intense investigation of the articulatory constitution of the sign, because we wanted to create a non-logographic and linear writing system. Our research led us to the discovery that the sign is composed of a kind of unity we call MLMov. This unit is composed of three types of macro-segments (Hand, Location and Movement) formed by interwoven distinctive features – the parameters. The characters of writing SEL represent these three macro-segments. Thus, the sign CHICKEN in Brazilian Sign Language (Libras) is written in SEL as: . As you can see, we represent the macro-segment HAND with the character ( - spread hand) and the character (superior axis with palm facing inwards); represent the macro-segment LOCATION (point of the body involved in the articulation of the sign) with the character (face); and represent the macro-segment MOVEMENT with the character (to close four fingers gradually) and character (hand movement straight down in the frontal plan) (cf. Lessa-de-Oliveira, 2012). An experiment conducted with a group of five deaf people and one listener demonstrated that the SEL is a writing system compatible with the criterion of automation of processing in reading and writing and it is of easy acquisition. We also verified that, as with the oral languages, the written form of sign languages will present its own structure. Finally, we conclude that the adoption of a writing system for sign languages can bring benefits to the practical life of the deaf people and also could contribute to a higher degree of grammaticalization of the spoken modality of this language. References 1. Lessa-de-oliveira, Adriana S. C. 2012. Libras escrita: o desafio de representar uma língua tridimensional por um sistema de escrita linear. ReVEL, v. 10(19). * [email protected] 54 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Aquisição de advérbios não manuais em HKSL por crianças surdas no Jockey Club Sign Bilingualism and Co-enrolment in Deaf Education Programme Jia Li, Scholastica Lam, Cat H-M. Fung* Centre for Sign Linguistics and Deaf Studies, The Chinese University of Hong Kong Resumo Ao contrário de muitas marcas gramaticais não manuais, advérbios não manuais não têm enquivalentes comunicativos (Anderson & Reilly, 1998). Desta forma, esta categoria gramatical permite a análise de como as crianças desenvolvem o seu comportamento linguístico facial. Infelizmente, existem poucos estudos sobre a aquisição de advérbios não manuais, na sua maioria em Língua Gestual Americana (ASL) (cf. Anderson & Reilly, 1998; Reilly & Anderson, 2002; Reilly, 2006). Estes estudos mostram que as crianças surdas de pais surdos com aquisição da ASL como sua língua nativa dominam advérbios manuais mais cedo que advérbios não manuais que partilhem o mesmo significado com os manuais. Os advérbios não manuais surgem por volta dos 2;00 anos de idade. Aos 3;06 anos de idade, os advérbios não manuais tornam-se mais produtivos. O presente estudo contou com a participação de 33 crianças surdas do Programa Jockey Club Sign Bilinguism and Co-enrolment in Deaf Education (JC-SLCO), com idades compreendidas entre os 5 e os 13 anos. A amostra foi dividida em 6 grupos de acordo com a idade de inscrição no programa JC-SLCO. Todos eles foram expostos na escola à Língua Gestual de Hong Kong (HKSL) e ao cantonês. A maioria das crianças adquiriu a HKSL mais tarde. Os dados de produção e compreensão foram recolhidos por descrição de vídeo/animação e por uma tarefa de associação de gestos a vídeos. Em geral, as crianças surdas apresentaram melhor desempenho na compreensão do que na produção. Inicialmente, não demonstraram ser sensíveis a advérbios não manuais. Mas o grupo mais velho teve melhor desempenho do que o grupo mais novo. No entanto, não existem provas destas crianças surdas terem adquirido advérbios não manuais. A precisão da tarefa de compreensão pelo grupo 1 (o grupo mais velho), que estiveram expostos à HKSL no mínimo 5 anos, é apenas de 66,67%. A maioria dos erros produzidos por crianças surdas resultam de omissões de advérbios não manuais obrigatórios. Na seleção de dois pontos no tempo, observamos que os predicados manuais são modificados primeiro com advérbios manuais e depois com advérbios não manuais. A coordenação da produção de advérbios não manuais e de predicados manuais modificados pode ser encontrada num estádio mais tardio. Referêcias 1. Anderson, D. E., and J. Reilly. 1998. PAH! The acquisition of adverbials in ASL. Sign Language and Linguistics 1-2: 1316-7249. 2. Reilly, J. 2006. How faces come to serve grammar: the development of nonmanual morphology in American Sign Language. In Advances in the sign language development of deaf children ed. by B. Schick, M. Marschark and P. E. Spencer, 262-290. Oxford: Oxford University Press. 3. Reilly, J., and D. Anderson. 2002. The acquisition of non‐manual morphology in ASL. In Directions in sign language acquisition ed. by G. Morgan and B. Woll, 159-181. Amsterdam: John Benjamins. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 55 Acquisition of nonmanual adverbials in HKSL by deaf children in the Jockey Club Sign Bilingualism and Co-enrolment in Deaf Education Programme Jia Li, Scholastica Lam, Cat H-M. Fung* Centre for Sign Linguistics and Deaf Studies, The Chinese University of Hong Kong Abstract Unlike many grammatical nonmanual markings, nonmanual adverbials do not have communicative counterparts (Anderson & Reilly, 1998). This grammatical category therefore allows us to examine how children develop their linguistic facial behaviors. Unfortunately, only few studies on the acquisition of nonmanual adverbials, largely on ASL, have been conducted (cf. Anderson & Reilly, 1998; Reilly & Anderson, 2002; Reilly 2006). These studies show that deaf children of deaf parents acquiring ASL as their native language master manual adverbs earlier than nonmanual adverbials which share the same meaning with the manual one. Nonmanual adverbials emerge at around age 2;0. By age 3;6, nonmanual adverbials become more productive. 33 deaf children in the Jockey Club Sign Bilingualism and Co-enrolment in Deaf Education Programme (JC-SLCO), aged from 5 to 13, participated in the current study. They were divided into 6 cohorts in accordance with their years of enrollment in the JC-SLCO program. All of them were exposed to both Hong Kong Sign Language (HKSL) and Cantonese at school. Most of them were late learners of HKSL. The production and comprehension data were collected by means of a video/animation description and a video-signing matching task, respectively. Generally speaking, these deaf children performed better in comprehension than in production. They are not sensitive to nonmanual adverbials in the beginning. But the older group performed better than the younger group. However, there is no evidence of these deaf children having acquired nonmanual adverbials. The accuracy of comprehension task by Cohort 1 (the eldest group), who had at least five years of HKSL exposure, is only 66.67%. Most errors produced by deaf children are omission of obligatory nonmanual adverbials. With the data of two time points, we observe that manual predicates are modified first with manual adverbs then with nonmanual adverbials. Co-ordination of the production of nonmanual adverbials and modified manual predicates can be found at the later stage. References 1. Anderson, D. E., and J. Reilly. 1998. PAH! The acquisition of adverbials in ASL. Sign Language and Linguistics 1-2: 1316-7249. 2. Reilly, J. 2006. How faces come to serve grammar: the development of nonmanual morphology in American Sign Language. In Advances in the sign language development of deaf children ed. by B. Schick, M. Marschark and P. E. Spencer, 262-290. Oxford: Oxford University Press. 3. Reilly, J., and D. Anderson. 2002. The acquisition of non‐manual morphology in ASL. In Directions in sign language acquisition ed. by G. Morgan and B. Woll, 159-181. Amsterdam: John Benjamins. * [email protected] 56 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Mais do que a soma das partes: aquisição bilingue bimodal da linguagem – aspetos sintáticos Diane Lillo-Martin1*, Ronice Müller de Quadros2, Deborah Chen Pichler3 University of Connecticut, 1 Universidade Federal de Santa Catarina, 2 Gallaudet University 3 Resumo No nosso estudo estamos interessados em abordar questões acerca de como é o desenvolvimento das crianças bilingues, e em particular, como é que as línguas dos bilingues interagem. Abordamos estas questões examinando o curso do desenvolvimento bilingue em crianças bilingues bimodais - crianças que utilizam tanto uma língua oral como uma língua gestual natural. Os participantes do presente estudo são codas ou crianças ouvintes que cresceram em residências com surdos gestuantes de uma língua gestual. Tal combinação de línguas dá-nos uma nova prespetiva sobre o bilinguismo e permite-nos pensar em novas formas de arquitetura da linguagem. Nesta comunicação fornecermos uma visão geral das nossas investigações no âmbito do desenvolvimento bilingue bimodal com foco nos estudos de morfologia e sintaxe (Chen Pichler et al., 2010, in press; Koulidobrova et al., 2011; Lillo-Martin et al., 2010, 2011, 2012; Quadros et al., 2012, in press). Estão a ser analisadas as estruturas tanto no discurso como no gesto usado pelas crianças (a partir de 1-1/2 ano de idade) a adquirir simultaneamente Língua Gestual Americana (ASL) e Inglês, ou Língua Gestual Brasileira (Libras) e Português do Brasil (PB). Começamos com uma visão global da forma como as línguas dos participantes interagem uma com a outra. Embora as crianças diferenciem claramente as suas línguas desde cedo e utilizem as línguas de forma diferente consoante os contextos, elas permitem que as línguas se influenciem mutuamente e produzem code-mix e code-blend. O nosso estudo do desenvolvimento da morfologia verbal em línguas orais pelas crianças mostram que o Inglês – mas não o Português do Brasil – tem uma influência interlinguística que leva à produção de erros de comissão, bem como às formas mais comuns de raízes não flexionadas. Os Sintagmas Nominais das crianças exibem efeitos da influência em que os codas omitem determinantes na sua línguas oral com mais frequência e por um maior período de tempo do que as crianças monolingues. Finalmente as perguntas-Q mostram influência em ambas as direções: uma aquisição precoce de estruturas in situ na língua oral, mas um maior uso de frases iniciadas com sintagma-Q nas línguas gestuais. O nosso modelo em desenvolvimento sobre arquitetura da linguagem bilingue conta para os casos em que observamos uma aparente influência interlinguística como exemplos da language synthesis. Os nossos resultados corroboram com as conclusões de muitos outros estudods, em que as línguas dos bilingues estão continuamente ativas e interagem de múltiplas formas. Referências 1. Chen Pichler, D, Lee, J, & Lillo-Martin, D. in press. Language development in ASL-English bimodal bilinguals. D. Quinto-Pozos (Ed.), Multilingual Aspects of Signed Language Communication and Disorder. 2. Koulidobrova, H, Quadros, R M de, Chen Pichler, D, & Lillo-Martin, D. 2011. Cross-Language influence, code-switching, and code-blending. International Symposium on Bilingualism 8; Oslo. 3. Lillo-Martin, D, Quadros, R M de, Koulidobrova, H & Chen Pichler, D. 2010. Bimodal bilingual cross-language influence in unexpected domains. J. Costa et al., (Eds.), Proceedings of GALA 2009. 4. Lillo-Martin, D, Koulidobrova, H, Quadros, R M de & Chen Pichler, D. 2012. Bilingual language synthesis: Evidence from WH-questions in bimodal bilinguals. A. K. Biller et al., (Eds.), Proceedings of BUCLD 36. 5. Quadros, R M de, Lillo-Martin, D, Koulidobrova, H, & Chen Pichler, D. 2012. Noun Phrases in bimodal bilingual acquisition. Generative Approaches to Language Acquisition–North America 5. Lawrence, Kansas. 6. Quadros, R M de, Lillo-Martin, D & Chen Pichler, D. in press. Early effects of bilingualism on WH-question structures: Insight from sign-speech bilingualism. Proceedings of GALA 2011. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 57 More than the sum of the parts: bimodal bilingual language acquisition – syntactic aspects Diane Lillo-Martin1*, Ronice Müller de Quadros2, Deborah Chen Pichler3 University of Connecticut, 1 Universidade Federal de Santa Catarina, 2 Gallaudet University 3 Abstract In our research we are interested in addressing questions about how children develop as bilinguals, and in particular, how the languages of a bilingual interact. We approach these questions by examining the course of bilingual development for children who are bimodal bilinguals – children who use both a spoken language and a natural sign language. In the present study, our participants are codas, or hearing children growing up in households with Deaf users of a sign language. Such a language combination gives us a fresh view of bilingualism, and allows us to think about language architecture in new ways. In this presentation, we provide an overview of our investigations of the development of bimodal bilingualism, focusing on our studies of morphology and syntax (Chen Pichler et al. 2010, in press; Koulidobrova et al. 2011; Lillo-Martin et al. 2010, 2011, 2012; Quadros et al. 2012, in press). We are examining structures in both the speech and the sign used by children (age 1-1/2 and up) simultaneously acquiring American Sign Language (ASL) and English, or Brazilian Sign Language (Libras) and Brazilian Portuguese (BP). We start with an overview of the ways that the participants’ languages interact with each other. While they clearly differentiate their languages from early on and use the languages differently in different contexts, they do allow the languages to influence each other, and produce code-mixing and code-blending. Our study of the development of verbal morphology in the children’s spoken languages shows that in English – but not in Brazilian Portuguese – cross-language influence leads to the production of commission errors as well as the more common uninflected root forms. The children’s Noun Phrases show effects of influence in that the kodas omit determiners in their spoken languages more often and for a longer period of time than monolingual children typically do. Finally, WH-questions show influence in both directions: earlier acquisition of in situ structures in the spoken languages, but greater use of sentence-initial WH-phrases in the sign languages. Our developing model of bilingual language architecture accounts for the cases we observe of apparent cross-linguistic influence as examples of language synthesis. Our findings support the conclusions of many others that the languages of a bilingual are continuously active and interact in multiple ways. References 1. Chen Pichler, D, Lee, J, & Lillo-Martin, D. in press. Language development in ASL-English bimodal bilinguals. D. Quinto-Pozos (Ed.), Multilingual Aspects of Signed Language Communication and Disorder. 2. Koulidobrova, H, Quadros, R M de, Chen Pichler, D, & Lillo-Martin, D. 2011. Cross-Language influence, code-switching, and code-blending. International Symposium on Bilingualism 8. Oslo. 3. Lillo-Martin, D, Quadros, R M de, Koulidobrova, H & Chen Pichler, D. 2010. Bimodal bilingual cross-language influence in unexpected domains. In J. Costa et al. (Eds.), Proceedings of GALA 2009. 4. Lillo-Martin, D, Koulidobrova, H, Quadros, R M de & Chen Pichler, D. 2012. Bilingual language synthesis: Evidence from WH-questions in bimodal bilinguals. In A. K. Biller et al. (Eds.), Proceedings of BUCLD 36. 5. Quadros, R M de, Lillo-Martin, D, Koulidobrova, H, & Chen Pichler. 2012. Noun Phrases in bimodal bilingual acquisition. Generative Approaches to Language Acquisition–North America 5. Lawrence, Kansas. 6. Quadros, R M de, Lillo-Martin, D & Chen Pichler, D. in press. Early effects of bilingualism on WH-question structures: Insight from sign-speech bilingualism. Proceedings of GALA 2011. * [email protected] 58 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Extensão Média do Enunciado em crianças portuguesas com implantes cocleares: diferente dos seus pares ouvintes? Sofia Lynce de Faria*, Sofia Barão Marques & Ana Mineiro Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa Resumo Este estudo é parte de um projeto longitudinal sobre a aquisição da linguagem (Ref. PTDC/LIN/111889/2009) no qual foram sistematicamente registados a aquisição e o desenvolvimento da linguagem em dez crianças, ouvintes, surdas e bilíngues, com nível socioeconómico semelhante. Para este efeito, estão a ser recolhidas amostras de discurso espontâneo em formato áudio-visual uma vez por mês, durante um período de dois anos. Posteriormente é realizada uma transcrição ortográfica através do programa ELAN (EUDICO Linguistic Annotator) para a aquisição da língua oral, de modo a favorecer a análise, anotação e documentação. No presente estudo, o desenvolvimento da linguagem medido pela Extensão Média do Enunciado em palavras (EME-p) será usado para fins de comparação entre ouvintes/ implantados e implantados/implantados. A EME-p é uma medida fidedigna do desenvolvimento estrutural da criança e é calculada através da divisão do número total de palavras pelo número de enunciados. Com este trabalho pretende-se determinar se existem diferenças nos valores da EME-p entre duas crianças implantadas e duas ouvintes, emparelhadas por idade, género e educação parental. Adicionalmente, os valores da EME-p serão analisados entre as duas crianças implantadas, que partilham características semelhantes: género, idade cronológica, idade de implantação, tempo de uso do implante e educação parental. Os resultados alcançados parecem desenhar a hipótese que existem diferenças nos valores da EME-p entre crianças implantadas e ouvintes, emparelhadas (Geers et al., 2009) e grandes variações nas capacidades linguísticas das crianças implantadas (Inscoe et al., 2009) (quase uma palavra por enunciado) mesmo quando partilham as mesmas caraterísticas. Referências 1. Geers, A., Moog, J., Biedenstein, J., & Brenner, C. 2009. Spoken language scores of children using cochlear implants compared to hearing age-males at school entry. Journal of Deaf Studies and Deaf Education. 14(3), 371-385. 2. Inscoe, R., Odell, A., Archbold, S. & Nikolopoulos, T. 2009. Expressive spoken language development in deaf children with cochlear implants who are beginning formal education. Deafness and Education International, 11, 39–55. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 59 Mean Length of Utterance in Portuguese children with cochlear implant: differences with hearing pairs? Sofia Lynce de Faria*, Sofia Barão Marques & Ana Mineiro Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa Abstract This study is part of a longitudinal project about language acquisition (Ref. PTDC/LIN/111889/2009) in which we systematically recorded the acquisition and development of language in ten deaf, hearing and bilingual children with similar socioeconomic status. For this purpose, spontaneous speech samples are being collected and audio recorded once a month, over a period of two years. Subsequently, an orthographic transcription using ELAN (EUDICO Linguistic Annotator) was made for oral language acquisition, in favour of annotation, analysis and documentation. In the current study, language development as measured by Mean Length of Utterance in words (MLUw) will be used. MLUw is a reliable measure of a child’s structural development and is calculated dividing the total number of words by the number of utterances. This paper aims to determine if there are differences between the values of MLU in words (MLU-w) in two deaf implanted children paired with two hearing children with the same age, gender and parental education. Additionally, MLU-w values will be analysed between the two cochlear implanted children sharing similar characteristics: gender, chronological age, age implantation, longer cochlear implant use and parental education. Our data seem to draw the hypothesis that there were differences in MLU-w values between cochlear implanted children and matched hearing children (Geers et al., 2009) and also large variations in language skills among cochlear implanted children (Inscoe et al., 2009) (almost one word per utterance in MLU-w values) even when sharing similar characteristics. References 1. Geers, A., Moog, J., Biedenstein, J., & Brenner, C. 2009. Spoken language scores of children using cochlear implants compared to hearing age-males at school entry. Journal of Deaf Studies and Deaf Education. 14(3), 371-385. 2. Inscoe, R., Odell, A., Archbold, S. & Nikolopoulos, T. 2009. Expressive spoken language development in deaf children with cochlear implants who are beginning formal education. Deafness and Education International, 11, 39–55. * [email protected] 60 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Intervenções psicopedagógicas na aquisição da língua de sinais: fator de aprendizagem e desenvolvimento da Identidade cultural Flávia Medeiros Álvaro Machado* Universidade de Caxias do Sul Resumo A língua caracteriza-se como principal meio de expressão e possui fundamental importância para o desenvolvimento humano através dos processos mentais. Pesquisas realizadas nesta área destacam que o fenômeno da linguagem manifesta-se, inicialmente, como um importante instrumento nos processos cognitivos (Lakoff, 1987; Lakoff; Johnson, 1999) e, consequentemente, na produção linguística. No delineamento desse artigo, busca-se compreender o papel que a língua exerce nos aspectos culturais e estruturais da produção cognitiva do sujeito surdo com paralisia cerebral (Vygotsky, 1987; Quadros & Karnopp, 2004). Além disso, intenta-se investigar a maneira pela qual a prática psicopedagógica permite realizar intervenções no sujeito, no que tange ao seu desenvolvimento cognitivo e ao seu processo de aquisição da linguagem, uma vez que, para a comunidade surda, e, em especial, para o sujeito surdo com paralisia cerebral, a comunicação acontece por meio da modalidade gestual, ou seja, através da aquisição da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Os elementos explorados neste artigo são analisados sistematicamente, de forma a analisar as práticas de intervenções educacionais e institucionais no processo de aquisição, sendo que tais práticas estão associadas aos parâmetros contextuais da teoria ecológica do desenvolvimento humano (Bronfenbrenner, 1996). Igualmente, objetiva- se identificar os processos de aquisição linguístico-cognitivos nas atividades produzidas pelos alunos mediante um estudo de caso. Utiliza-se para a análise da ação psicopedagógica os recursos humanos e naturais do contexto, os materiais pedagógicos de linguagem (que contribuem para a aquisição da LIBRAS), bem como jogos didáticos, estes especialmente elaborados para tal propósito e suficientemente contextualizados para garantir o processo de intervenção, os quais apresentam gravuras que ilustram as configurações de mãos (CM), que são encontradas no primeiro parâmetro dos aspectos fonéticos das línguas de sinais (LS). A pesquisa é um estudo de caso, caracterizado no âmbito descritivo e de cunho qualitativo, sobre a aquisição do referido sistema linguístico, seguido de observações do contexto de crescimento humano e das relações que se estabelecem com as estratégias da intervenção psicopedagógica. Tais estratégias aconteceram durante a coleta de dados, através da construção do portfólio do mapeamento do microssitema do aluno surdo com paralisia cerebral, das atividades realizadas, das experiências intervencionadas durante o processo, das observações diretas e indiretas das interações no cotidiano familiar, bem como das relações situacionais. A investigação aponta para o fato de que, para a aquisição da LIBRAS, é grande a relevância da construção de um programa que apresente ações de intervenção psicopedagógica, sendo que estas devem ser planejadas nas relações interpessoais, nas disposições dos papéis e nos atributos das atividades elaboradas para o desenvolvimento social e educacional do aluno surdo com limitações físicas e cognitivas associadas. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 61 Psycho-pedagogical intervention in sign language acquisition: factor of learning and development of cultural identity Flávia Medeiros Álvaro Machado* Universidade de Caxias do Sul Abstract Language is the main means of expression and has a fundamental importance for human development through mental processes. Research carried out in this area point out that the phenomenon of language manifests itself initially as a major tool in the cognitive processes (Lakoff, 1987; Lakoff; Johnson, 1999) and hence in language production. In this article we seek to understand the role that language plays in cultural and structural aspects of cognitive production of deaf subjects with cerebral palsy (Vygotsky, 1987; Quadros & Karnopp, 2004). Moreover, we attempt to investigate how psycho-pedagogical practice allows for interventions with the subject, in terms of their cognitive development and their language acquisition, since for the deaf community and in particular for the deaf subject with cerebral palsy, communication happens through signing, i.e., through the acquisition of Brazilian Sign Language (Libras). The elements explored in this article are analysed systematically in order to examine the practices of educational and institutional interventions during the acquisition process, such practices being associated with the contextual parameters of the ecological theory of human development (Bronfenbrenner, 1996). Also, we aim to identify the processes of cognitive-linguistic acquisition in activities carried out by the students through a case study. For the psycho-pedagogical analisis we used human resources and what was natural to the context, we also used language teaching materials (which contribute to the acquisition of Libras) as well as educational games specially prepared for this purpose and sufficiently contextualized to ensure the intervention process, which have engravings that illustrate handshapes (CM), which are found in the first parameter of the phonetic aspects of sign languages (LS). This research follows a descriptive qualitative design and is a case study concerning the acquisition of the language system followed by remarks about the context of human and relational growth established by the strategies of psycho-pedagogical intervention. Such strategies occurred during data collection through a portfolio that was built with the mapping of the deaf student’s microsystem, which includes the activities carried out by the student, experiences that occurred during the process, observations of direct and indirect interactions in daily family life, as well as situational relations. The research points to the fact that for the acquisition of LIBRAS it is important to build a program that includes psycho-pedagogical intervention. The program should be planned having in mind interpersonal relationships, the distribution of roles and the attributes of the activities designed for both social and educational development of deaf students with physical and cognitive impairments associated. * [email protected] 62 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Aprendizagem da Língua Gestual Portuguesa como M2: contributos da análise cinemática na identificação de possíveis erros fonológicos no Parâmetro Movimento Cátia Marques1,2*, João Abrantes2, Maria Augusta Amaral3, Ivo Roupa2, Tiago Atalaia2 1 Universidade Católica Portuguesa, Instituto de Ciências da Saúde 2 MovLab/Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias 3 Universidades Nova, Moderna e Católica de Lisboa Resumo A Língua Gestual Portuguesa (LGP) é cada vez mais utilizada por adultos ouvintes que a aprendem como Modalidade Segunda (alunos M2); no entanto, esta aprendizagem nem sempre permite atingir níveis de proficiência semelhantes aos de surdos nativos. Desde 1960 que autores como Stokoe, Lidell e Klima & Bellugi (Klima & Bellugi, 1979), se debruçaram sobre a organização interna de gestos isolados e conseguiram a identificação de 5 parâmetros que, em simultâneo, permitem distinguir um gesto dos restantes, considerando-se o parâmetro Movimento, como o mais complexo e difícil de analisar. Tyrone (2001) refere a captura do movimento tridimensional (3D) como uma técnica de análise, tendo vindo a ser utilizada por diferentes investigadores (Poizner et al., 1983; Wilcox, 1992; Mauk, 2003; Cheek et al., 2001; Cormier, 2002; Pettito, 2004). A identificação de erros fonológicos no parâmetro Movimento foi demonstrada, tanto em adultos M2, nomeadamente erros de proximalização (Mirus et al., 2001; Rosen, 2004), como em crianças, mais especificamente erros de proximalização/distalização, ciclicidade, e articulações alvo e tipos de movimento (Meier et al., 2008; Conlin et al., 2000; Meier & Mauk, 2004). Este estudo propôs-se identificar diferenças no parâmetro Movimento, em gestos isolados produzidos por alunos M2 com diferentes níveis de proficiência, comparando-os com o grupo proficiente de professores de LGP surdos, através da análise cinemática tridimensional da variável amplitude angular. Pretendeu-se identificar em alunos M2, possíveis erros fonológicos característicos de diferentes níveis de proficiência, bem como o tipo de movimento predominante em cada articulação. Foram capturadas produções de 23 gestuantes com diferentes níveis de proficiência: inicial (6), intermédia (6), avançada (6) e proficiente (5), tendo sido analisados 6 gestos. Os dados cinemáticos foram recolhidos através do Sistema Vicon Mx, com 8 câmaras de infravermelhos MX13; foram colocadas 41 marcas refletoras no corpo do gestuante. A reconstituição 3D e a respetiva análise cinemática foi realizada através do software Nexus/Vicon, a uma velocidade de captura de 125 imagens/segundo. Foram identificados erros fonológicos de proximalização/ distalização do movimento e variações como: adições e subtrações de articulação às articulações alvo, sendo estes tendencialmente característicos dum nível de proficiência específico. Nos tipos de movimento predominante em cada articulação, foram identificadas três diferenças entre grupos: movimento oposto, movimento apenas presente no grupo modelo e movimento apenas realizado pelos restantes grupos. A hipótese de articulação fonológica típica foi verifacada em alguns gestos. A análise cinemática é um poderoso instrumento de análise do movimento, devendo ser explorada em futuras investigações em LGP. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 63 Portuguese Sign Language M2 acquisition: kinematic analysis contribution in the identification of possible phonological errors in movement parameter Cátia Marques1,2*, João Abrantes2, Maria Augusta Amaral3, Ivo Roupa2, Tiago Atalaia2 1 Universidade Católica Portuguesa, Instituto de Ciências da Saúde 2 MovLab/Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias 3 Universidades Nova, Moderna e Católica de Lisboa Abstract Portuguese Sign Language (LGP) is increasingly being used by adult hearing students who learn it as a Second Modality (M2), however, their proficiency levels hardly reach those of native deaf signers. Since 1960, authors like Stokoe, Lidell e Klima & Bellugi began to study the internal organization of isolated signs and have identified five parameters that, in simultaneous, distinguish one sign from the other (Klima & Bellugi, 1979), being the Movement parameter considered the most difficult and complex to analyze. Tyrone (2001) observed that three- dimensional motion capture (3D) has been an analysis technique used by different researchers (Poizner et al., 1983; Wilcox, 1992; Mauk, 2003; Cheek et al., 2001; Cormier, 2002; Pettito, 2004). Phonological errors in Movement parameter were reported in M2 adult learners, in particular, proximalization (Mirus et al., 2001; Rosen, 2004), and in children, more specifically proximalization/ distalization, cyclicity and accuracy of joint usage (Meier et al., 2008; Conlin et al., 2000; Meier & Mauk, 2004). The goal of this study were to identify differences in the Movement parameter of isolated signs produced by hearing adult signers who belonged to groups with different levels of proficiency, comparing them to model proficient group of deaf LGP teachers, through the 3D kinematic analysis of the angular amplitude variable. Additionally, we aim to identify possible phonological errors in movement linked to the signers’ level of proficiency, as well as the type of predominant movement in each joint. The sign productions of 23 signers with different levels of proficiency were collected: beginner (6), intermediate (6), advanced (6) and proficient (5), having been analyzed 6 signs. The kinematic data was collected through the Vicon’s Mx Motion Capture System, with eight MX13 infrared cameras; 41 reflective markers were placed on the signers’ body. The 3D reconstruction and its kinematic analysis were performed using Nexus/Vicon software, with image-capture speed of 125 frames per second. Errors of Proximalization/Distalization of Movement were identified, as well as variations like additions/subtractions in joint usage, these being characteristic of a specific level of proficiency. There were also identified three differences in the types of movement that were predominant in each joint: opposite, only produced by the proficient group and only produced by the other groups. The hypothesis of typical phonological articulation in a particular joint has been observed in some signs. We consider that kinematic analysis is a powerful means of detailed analysis and should continue being explored in LGP investigations. * [email protected] 64 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Desenvolvimento precoce de vocabulário bilingue em crianças surdas com implantes cocleares educadas em escolas bilingues em Madrid Mar Pérez Martín*, Marian Valmaseda Balanzategui, Begoña De la Fuente Martín, Nacho Montero, Sophie Mostaert Equipo Específico Discapacidad Auditiva Comunidad de Madrid Universidad Autónoma de Madrid Resumo Existem vários estudos referentes a crianças surdas com implantes cocleares (IC) educadas em escolas de línguas orais. No entanto, existem muito poucas investigações sobre crianças surdas expostas simultaneamente a uma língua oral e gestual durante o desenvolvimento. Embora estes primeiros programas bilingues bimodais sejam bastante raros noutros países, eles existem na área de Madrid, em Espanha. O estudo aqui relatado teve como objetivo medir o desenvolvimento do vocabulário de crianças surdas, a aprender espanhol e Língua Gestual Espanhola (LSE). Catorze (14) crianças surdas com idade cronológica entre os 17-62 meses e idades auditivas entre os 6-37 meses foram selecionadas juntamente com crianças ouvintes com a mesma idade cronológica. As crianças surdas foram integradas em grupos de sala de aula com colegas ouvintes, onde todas as crianças foram expostas a modelos nativos de ambas as línguas. De modo a medir ambas as línguas, as crianças foram avaliadas duas vezes com 12 meses de intervalo, pelo Inventário de Desenvolvimento Comunicativo MacArthur-Bates (CDI) adaptado ao espanhol e um teste não-padronizado de vocabulário precoce em LSE desenvolvido pelo nosso grupo. Os resultados das avaliações indicam que todas as crianças surdas, à exceção de duas, apresentavam produções da língua oral dentro da normalidade e que o vocabulário melhorou significativamente ao longo dos dois períodos de tempo. Assim, a exposição à LSE não teve um efeito negativo no desenvolvimento da língua oral, como é alegado em alguma literatura. Tanto as produções em LSE como em espanhol melhoraram ao longo dos dois períodos de tempo. As crianças usam mais LSE do que espanhol na primeira avaliação, mas esta tendência reverteu-se no segundo período. Esta descoberta sugere a possibilidade das crianças usarem LSE como uma ponte para o desenvolvimento do seu vocabulário da língua oral. Numa análise das distinções semânticas particulares codificadas em itens lexicais das crianças, verificou-se que, como descrito em literatura anterior sobre bilingues de línguas orais, as crianças surdas têm tanto itens lexicais semelhantes como diferentes nas duas línguas. Quando todo o vocabulário é combinado em espanhol e LSE, as crianças têm um maior conjunto de conceitos semânticos no léxico bilingue do que em cada língua separadamente. Portanto, as crianças surdas neste programa de educação desenvolveram bem o espanhol e a LSE. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 65 Early bilingual vocabulary development in deaf children with Cochlear Implants educated in bilingual schools in Madrid Mar Pérez Martín*, Marian Valmaseda Balanzategui, Begoña De la Fuente Martín, Nacho Montero, Sophie Mostaert Equipo Específico Discapacidad Auditiva Comunidad de Madrid Universidad Autónoma de Madrid Abstract There are several previous studies of deaf children with cochlear implants (CI) educated in oral schools. However there are very few such investigations of deaf children exposed to signed and spoken language simultaneously during development. While these early bilingual-bimodal programmes are quite rare in other countries they do exist in the Madrid area of Spain. The study reported here aimed to measure vocabulary development of deaf children learning spoken Spanish and Spanish Sign Language (LSE). Fourteen (14) deaf children with chronological ages of 17 - 62 months and hearing ages of 5-37 months were recruited along with hearing same chronological age matches. The deaf children were integrated into classroom groups with other hearing classmates, where all children were exposed to native models of both languages. In order to measure both languages the children were evaluated twice with 12 months between tests using a Spanish MacArthur-Bates Communicative Development Inventory (CDI) and a non-standardized test of early LSE vocabulary developed in our group. The results of the evaluations indicate all but two of the deaf children had spoken language production within normal ranges and vocabulary improved significantly over the two time periods. Thus exposure to LSE did not have a negative effect on spoken language development as is alleged in some literature. Both LSE and Spanish production improve over the two time periods. Children use more LSE than Spanish in the first assessment but this trend is reversed in the second time period. This finding suggests children may use LSE as a bridge towards developing their spoken language vocabulary. In an analysis of the particular semantic distinctions encoded in the children’s lexical items it was found that, as in previous literature in spoken language bilinguals, the deaf children have both similar and different lexical items across the two languages. When all vocabulary is combined in spoken Spanish and LSE the children have a larger set of semantic concepts in the combined bilingual lexicon than in each language taken separately. The deaf children in this education programme therefore have developed good spoken Spanish and LSE, as well acquired the cognitive advantages associated with bilingualism. * [email protected] 66 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Guiné-Bissau: o nascimento da língua gestual Mariana Martins*, Marta Morgado Associação Portuguesa de Surdos (APS) Resumo Na Guiné-Bissau, eram muitos os surdos sem acesso à língua, à educação e mesmo ao registo da sua identidade. A partir de 2003, os surdos começaram a recorrer à escola de cegos, tendo depressa ultrapassado em muito o número daqueles alunos. Em 2005, a escola de cegos percebeu que não tinha condições para ensinar surdos e pediu ajuda à Associação Portuguesa de Surdos (APS) que, por também não ter capacidade de apoio, ofereceu alguns materiais em LGP. Nesse mesmo ano, com a indicação da APS, deslocaram-se a Bissau uma docente surda, Marta Morgado e uma linguista, Mariana Martins, para avaliar a situação dos surdos. Observou-se que os professores comunicavam com os surdos com base em gestos retirados do Gestuário, que, por serem visualmente estáticos, eram executados com pouco ou nenhum movimento. Por outro lado, as crianças e jovens surdos comunicavam entre si, embora a um nível ainda básico, num sistema visual codificado. Constatou-se que já tinham nomes gestuais e que os gestos nativos utilizados não tinham qualquer influência da LGP. Após uma seleção, pela expressão e domínio daquela comunicação gestual, juntou- se um pequeno grupo de surdos para se registarem alguns gestos básicos, num primeiro dicionário da sua Língua Gestual Guineense (LGG). O objetivo era fixar um primeiro momento linguístico, visto que ainda havia bastante oscilação nas produções gestuais. Os participantes discutiam o conceito e a forma para a sua representação linguística, tendo sido notória a economia do gesto final e a capacidade de segmentação no registo em fotografia. Como resultado deste trabalho, registaram-se 220 gestos. Em 2006, devido ao aumento exponencial dos alunos surdos foi criada a Escola Nacional de Surdos, que passou a utilizar salas em simultâneo, aproximando os turnos dos grupos de surdos para que desenvolvessem um maior contacto. Ainda nesse ano, a docente surda e a linguista regressaram, mais uma vez como voluntárias, para voltar a juntar um grupo de surdos, agora alargado, com o objectivo de aprofundar o registo da LGG. Através da estimulação com imagens, conseguiram duplicar a recolha, desta vez em vídeo, para cerca de 500 gestos, e adequar o dicionário a uma utilização pedagógica, tendo sido bastante visível a evolução da língua em apenas um ano de convívio daquela centena e meia de surdos. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 67 Guinea-Bissau: the birth of a sign language Mariana Martins*, Marta Morgado Associação Portuguesa de Surdos (APS) Abstract In Guinea-Bissau, there were many deaf people without access to language, education and even to legal registration. Since 2003, deaf people started to attend the school for the blind, having quickly surpassed in number those of blind students. In 2005, the teachers for the blind recognized that they could not teach the deaf and asked for help at the Portuguese Association of the Deaf (APS), which has little capacity to give support, so offered some materials in LGP. That same year, nominated by APS, travelled to Bissau a deaf teacher, Marta Morgado, and a linguist, Mariana Martins, to assess the situation of the deaf. It was observed that teachers communicated with the deaf using signs based on a LGP dictionary, Gestuário, which, being visually static, were executed with little or no movement. Moreover, deaf children and young people communicated with each other, although still at a basic level, using a coded visual system. It was noted that they had sign names and that native signs were not influenced by LGP. After selecting a small group of deaf people based on their fluency to communicate in signs and on their facial expressions, they were gathered to register some basic signs to a first dictionary of their Guinean Sign Language (LGG). The aim was to establish that language in an initial stage, since there was still a lot of variation in sign productions. The participants discussed concepts and the form of its linguistic representation, having been notorious the economy on final sign forms and the ability of signers to segment signs for its registration in photography. As a result of this study, 220 signs were documented. In 2006, due to the exponential increase of deaf students, the National School for the Deaf was created. It organized simultaneous classes, bringing deaf groups closer together in order to develop greater contact between them. Later that year, the deaf teacher and linguist returned once again as volunteers. They now joined a larger group of deaf people, with the aim of increase the cataloguing of LGG. Through stimulation with images, they managed to double the collection, to about 500 signs, this time on video, and adapted the dictionary to an educational purpose, being quite visible the evolution of that language in just one year of use by approximately one hundred and fifty deaf. * [email protected] 68 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 São Tomé e Príncipe: a urgência da emergência de uma língua gestual Ana Mineiro1, Patrícia Carmo1, Cristina Caroça2,3, João Paço2,3 Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa 1 Médica Otorrinolaringologista do Centro Clínico Universitário de Otorrinolaringologia do Hospital CUF Infante Santo 2 Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa – Universidade Nova de Lisboa 3 Resumo São Tomé e Príncipe (STP) tem uma forte incidência de surdez na sua população cujas causas são diversas (tratamento para a Malária, consanguinidade, toxoplasmose, entre outros). Durante muito tempo, as crianças surdas ficaram excluídas do ensino básico, pois não tinham um instrumento que lhes permitisse comunicar eficazmente na escola e sendo surdas a informação de carácter oral não lhes chegava pela via mais correta. O Projeto da cooperação Portuguesa “Saúde para Todos” fundado na e tendo começado em 2005 alargou o seu escopo de intervenção para as especialidades a partir de 2009. Com a entrada da equipa de otorrinolaringologia liderada por João Paço, foram detectadas e sinalizadas muitas crianças surdas cujo plano passa pela imersão das mesmas num ambiente linguístico propício, ou seja, uma língua de modalidade gestual. Tendo em conta que essa língua enquanto língua não existe em São Tomé e Príncipe, foi nosso objetivo fazê-la emergir de forma a que se torne o instrumento privilegiado de comunicação entre a população surda. O projecto “Sem Barreiras” pretende promover a emergência de uma língua Gestual em STP, assim como reflectir em conjunto com o governo (e particularmente o Ministério da Educação) sobre a inclusão da língua gestual no currículo de ensino. Pretende sensibilizar a população surda perante a necessidade de criação e intervenção linguística e formar formadores de língua gestual que possam dar continuidade ao projecto. Nesta comunicação apresentaremos o projeto sem barreiras, o seu estado da arte assim como a previsão de implementação do mesmo. Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 69 São Tomé e Príncipe: the urgency of the emergence of a sign language Ana Mineiro1, Patrícia Carmo1, Cristina Caroça2,3, João Paço2,3 Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa 1 Médica Otorrinolaringologista do Centro Clínico Universitário de Otorrinolaringologia do Hospital CUF Infante Santo 2 Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa – Universidade Nova de Lisboa 3 Abstract Sao Tome and Principe has a high incidence of deafness in the population whose causes are diverse (treatment for Malaria, inbreeding, toxoplasmosis, among others). For a long time the deaf children were excluded from primary school because they did not have a proper tool that allowed them to effectively communicate in school and since these children are deaf, the oral nature of the information at school did not allow them to learn correctly at school. The Portuguese cooperation Project “Health for All” founded in the Valle Flôr NGO began in 2005 and broadened its scope of intervention for specialties since 2009. With the entrance of the otolaryngology team led by João Paço, many deaf children were detected and flagged, in order to immerse them in a sign language environment. Given that this sign language as a language does not exist in São Tomé and Principe, our goal was to make it emerge so that it becomes the main instrument of communication among the deaf population. The project “Without Barriers” aims at promoting the emergence of a sign language in STP, as well as consider together with the government (and particularly the Ministry of Education) the inclusion of sign language in the education curriculum. It also aims at raising awareness among the deaf people towards the need of a sign language creation and linguistic intervention, as well as training sign language teachers who can give continuity to the project. In this paper we will present the project, its state of art as well as its phases of implementation. 70 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Será o acesso fonológico e lexical no processamento semântico condicionado pela idade de aquisição em sujeitos surdos? Mara Moita* Instituto Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa Resumo Será o acesso à estrutura do conhecimento semântico dos sujeitos surdos condicionado pela idade de aquisição da linguagem? Vários têm sido os estudos que demonstram uma influência da estrutura da língua na estrutura do conhecimento semântico. Em geral, é aceite que a organização do conhecimento humano envolve categorias hierárquicas e taxonómicas e capacidade de descodificação fonológica. São poucos os estudos com sujeitos surdos que o processamento semântico é estudado a partir do desempenho de tarefas em língua gestual, mas nenhum é focado no acesso fonológico e lexical entre sujeitos surdos gestuantes pré-lingues e pós-lingues. Na capacidade de categorização, os estudos revelam que crianças ouvintes entre os 4 e os 7 anos de idade não categorizam de forma restrita, como sugerido pela literatura tradicional. Pelo contrário, nos primeiros anos, as crianças demonstram ter disponíveis categorias taxonómicas, detalhadas e avaliativas. Estas idades representam o período crítico para o aperfeiçoamento da aquisição da linguagem: a complexidade das regras morfológicas e sintáticas, a expansão do vocabulário, o desenvolvimento do conhecimento semântico e fonológico, a produção de atos de fala, e o amadurecimento das capacidades de leitura e escrita (Newport, 1989; Newport, 1990). Outros estudos corroboram esta evidência, demonstrando que existe um período crítico paralelo no desenvolvimento dos sistemas visual e linguístico em crianças surdas (Mayberry, 1998), confirmando o padrão de desenvolvimento referido em crianças ouvintes. Fatores como uma informação fonológica disponível limitada e um conhecimento semântico pobre revelam a existência de um vocabulário pobre em sujeitos surdos (Marschark et al., 2002), dando ênfase aos benefícios do conhecimento bilingue. Um conhecimento bilingue proporciona um vasto conhecimento semântico, que combinado com a influência de cultura, afetará a organização semântica, realçando que uma criança bilingue aprenderá duas palavras para o mesmo referente. Com o objetivo de explorar a correlação entre o processamento semântico e a aquisição da linguagem, analisou-se a partir de um estudo exploratório o tipo de clusters fonológicos e lexicais utilizados para aceder ao conhecimento semântico durante uma tarefa de fluência categorial, entre dois grupos de sujeitos: gestuantes surdos adultos que adquiriram a Língua Gestual Portuguesa (LGP) numa idade precoce e os gestuantes surdos adultos que adquiriram a LGP mais tarde -, ambos os grupos eram constituídos por sujeitos bilingues (LGP/Língua Portuguesa). Os dados obtidos demonstram que não foram encontradas diferenças significativas no uso de clusters fonológicos entre os dois grupos. No entanto, é possível verificar nos resultados que existem diferenças no tipo de clusters fonológicos e lexicais utilizados, em especial nos componentes lexicais de palavras compostas, o que poderá contribuir para uma compreensão do acesso fonológico e lexical relacionado com a idade de aquisição. Referências 1. Jonhson, J. S., Newport, E. L. 1989. Critical period effects in second language learning: the influence of maturational state on the acquisition of English as a second language. Cognitive Psychology, 21, 60-99. 2. Marschark, M., Lang, H. G., Albertini, J. A. 2002. Reading, Writing and Literacy. In M. Marschark, G. L. Harry, J. A. Albertini (Eds). Educating deaf students. From research to practice (157-186). Oxford University Press. New York. 3. Mayberry, R. 1998. The critical period for language acquisition and the deaf child’s language comprehension: A psycholinguistic approach. Bulletin d’Audiophonologie: Annales Scientifiques de L’Université de Franche-Comté, 15, 349-358. 4. Newport, E. L. 1990. Maturational constraints on language learning. Cognitive Science, 14, 11-28. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 71 Is phonological and lexical access during semantic processing conditioned by age of acquisition in deaf individuals? Mara Moita* Instituto Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa Abstract Is access to semantic knowledge structure of deaf individuals conditioned by their age of language acquisition? It is clearly that semantic knowledge structure is affect by language structure. In general, it is accepted that human knowledge organization involves hierarchical and taxonomic categories and phonological decoding skill. Experiments based on semantic processing in which deaf individuals performed using sign language are only available in a few studies, and none focus on the phonological and lexical access between the prelingually and postlingually deaf signers. Focusing on categorization skill, findings reveal that hearing children between 4 and 7 years of age do not categorize in a restricted form, as suggested by traditional literature. Instead, children of early ages have available taxonomic, script, and evaluative categories. It is well known that these ages represent the critical period of improvement of language acquisition: morphological and syntactic rules become more complex, the vocabulary expands, the semantic and phonological knowledge develop, the speech acts are created, and the skills for reading and writing mature (Johnson & Newport, 1989; Newport, 1990). Other studies corroborate this evidence, showing that there is a parallel critical period for the development of the visual and linguistic systems in deaf children (Mayberry, 1998), confirming the existence of a development pattern in hearing children. Factors such as limited phonological information available and poor semantic knowledge in deaf individuals reveals poor vocabulary skills (Marschark et al. 2002), and emphasizes the benefits of a bilingual knowledge. Bilingual knowledge provides a vast semantic knowledge, which combined with cultural influences can affect semantic organization, enhancing that a bilingual child will learn two words for the same referent. To explore the correlation between semantic processing and language acquisition, it was particularly observed the subjects of an exploratory semantic study to analyse the phonological and lexical clustering used to assess the semantic knowledge in a categorial fluency task, between two group of subjects: deaf adult signers who have learned Portuguese Sign Language (LGP) in early ages and deaf adults signers who have learned LGP in late ages – both groups were bilingues (LGP/Portuguese). The obtained data have demonstrated no significant differences in the use of phonological clusters between both groups. However, looking through results, it is possible verify that there are differences between the types of used phonological and lexical clusters, in special lexical components of word-compounds, which may contribute to better understand the phonological and lexical access related with age of acquisition. References 1. Jonhson, J. S., Newport, E. L. 1989. Critical period effects in second language learning: the influence of maturational state on the acquisition of English as a second language. Cognitive Psychology, 21, 60-99. 2. Marschark, M., Lang, H. G., Albertini, J. A. 2002. Reading, Writing and Literacy. In M. Marschark, G. L. Harry, J. A. Albertini (Eds). Educating deaf students. From research to practice (157-186). New York: Oxford University Press. 3. Mayberry, R. 1998. The critical period for language acquisition and the deaf child’s language comprehension: A psycholinguistic approach. Bulletin d’Audiophonologie: Annales Scientifiques de L’Université de Franche-Comté, 15, 349-358. 4. Newport, E. L. 1990. Maturational constraints on language learning. Cognitive Science, 14, 11-28. * [email protected] 72 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Avaliação das teorias de aquisição e perturbação da linguagem através da aprendizagem de línguas gestuais em crianças Gary Morgan* City University London Resumo Várias teorias sobre perturbações do desenvolvimento da linguagem têm procurado explicar estas perturbações orientadas para uma modalidade específica - por exemplo, afirmando que défices de linguagem encontrados nas PEDL surgem através de deficiências no processamento auditivo. Estudos de gestuantes com perturbações de linguagem oferecem uma oportunidade única para comparar capacidades comprometidas entre diferentes modalidades linguísticas. Uma vez que o estudo da aquisição das línguas gestuais revela o que é específico da modalidade e o que é geral do desenvolvimento, perturbações do desenvolvimento das línguas gestuais também podem revelar a existência de relação entre perturbações de linguagem e modalidade. Nesta comunicação, descreverei o desenvolvimento de um programa de investigação para documentar uma utilização atípica da língua gestual. Vou tentar relacionar esse conjunto de projetos com a forma como pensamos que a linguagem e outros sistemas cognitivos estão ligados, e com o que distingue língua gestual de gesto não linguístico. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 73 Evaluating theories of language acquisition and impairment through children’s learning of sign languages Gary Morgan* City University London Abstract Various theories of developmental language disorders have sought to explain these impairments in modality-specific ways – for example, that the language deficits in SLI arise from impairments in auditory processing. Studies of signers with language impairments provide a unique opportunity to compare compromised abilities across language modalities. As the study of sign language acquisition reveals what is modality specific and general in development so developmental sign language impairments can also reveal the relationship between language impairments and modality. In this talk I describe the development of a research program to document atypical sign language use. I will try to relate this set of projects to how we think language and other cognitive systems are linked and what distinguishes sign language from gesture. * [email protected] 74 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Organização prosódica em língua de sinais: um estudo sobre intensificador e advérbio de modo na Língua Brasileira de Sinais (Libras) Rosana Passos* Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Faculdade de Letras, Brazil Resumo Este trabalho tem como objetivo contribuir para a descrição da organização gramatical das línguas de sinais com ênfase na Língua Brasileira de Sinais (Libras). Segundo Wilbur e Martínez (2002) o estudo da prosódia na American Sign Language (ASL) oferece informações sobre o acento, a estrutura rítmica e sobre a entoação em conjunto com a sintaxe de uma língua natural sinalizada. Os autores buscaram explicar que a entonação das línguas de sinais está na cinemática dos movimentos e nas suas variáveis usadas para a sinalização (deslocamento, duração, velocidade, aceleração) que codificam os traços prosódicos nas línguas de sinais. Visando apresentar as especificidades da interação entre aspectos prosódicos e gramaticais, este estudo busca quantificar e qualificar a produção dos sinais que marcam a prosódia da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Serão avaliados os movimentos dos sinais, por meio de seu deslocamento, duração, velocidade, aceleração diante de sinais, denominados por Felipe (2008), de intensificador e advérbio de modo em Libras. Os participantes analisados refletem o resultado de quatro grupos de sujeitos, sendo três deles usuários de Libras, ou seja, surdos sinalizadores (adquiriram a Libras como L1), surdos bilíngues (aprenderam Libras como L2), ouvintes bilíngues (ouvintes, usuários do Português e que aprenderam a Libras como L2) e um grupo controle composto por ouvintes não sinalizadores de Libras. As hipóteses investigadas neste estudo são: a) quanto mais tempo de exposição à língua de sinais como L1, mais acuracidade o sujeito apresenta na produção dos sinais e gestos; b) os marcadores prosódicos dos surdos sinalizadores e dos surdos bilíngües são produzidos com maior acuracidade no alvo e expressividade do que dos ouvintes bilíngües. Os resultados indicam que há diferença entre os grupos analisados e que estas diferenças se relacionam quanto ao tempo de aquisição e uso de Libras, e se o fato de serem nativos ou não faz diferença na quantidade e qualidade de produção de marcadores prosódicos. Sendo assim, é importante intensificar os estudos na aquisição de Libras como L1, sendo filhos de surdos ou não, para compreendermos como se dá a evolução desta língua em contraste com o que já é conhecido na aquisição de línguas orais. Referências 1. Felipe, T. A.; Monteiro, M. S. Libras em contexto: curso básico, livro do professor. 7 ed. Rio de Janeiro: Editora WallPrint, 2008. 1. Wilbur, R. B; martínez, A. M. Physical correlates of prosodic struture in american sign language. Proceedings of the Chicago linguistics society (CLS), 2002. Disponível em <http://www.ece.osu.edu/~aleix/CLS02.pdf> Acesso em: 15/04/2009. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 75 Prosodic organization in sign language: a study on intensifiers and modal adverbs in Brazilian Sign Language (Libras) Rosana Passos* Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Faculdade de Letras, Brazil Abstract This paper aims at contributing to the description of grammatical organization of sign languages with emphasis on Brazilian Sign Language (Libras). According to Wilbur and Martínez (2002) the study of prosody in American Sign Language (ASL) offers information about the accent, rhythmic structure and intonation together with the syntax of a natural sign language. The authors sought to explain that the intonation of sign languages is in the kinematics of the movements and in their variables used for signing (movement, duration, speed, acceleration) which encode prosodic features in sign languages. Aiming to present the specificities of the interaction between grammatical and prosodic aspects, this study seeks to quantify and qualify the production of signs that characterize the prosody of Brazilian Sign Language (Libras). We will evaluate signs’ movements according to their movement, duration, speed and acceleration. We will follow Felipe’s guidelines on intensifiers and modal adverbs in Libras. The participants analysed reflect the result of four groups of subjects, three of which are users of Libras, i.e., deaf signers (acquired Libras as L1), deaf bilingual (learned Libras as L2), bilingual hearing subjects (hearing people, Portuguese speakers, who learned Libras as their L2) and a control group of hearing subjects who had never been in contact with Libras. The hypothesis investigated in this study are: a) the longer the exposure to the sign language as L1, the more accurate the subject is in the production of signs and gestures; b) prosodic markers of deaf signers and deaf bilinguals are produced with greater accuracy on target and expressiveness than of the bilingual hearing subjects. The results indicate that there is a difference between the groups and that these differences are related to the age of acquisition and the use of Libras. Also, whether the subjects are native speakers or not affects the quantity and quality of the productions of prosodic markers. Therefore, it is important to intensify the studies on Libras acquisition as L1, whether the child has hearing or deaf parents, to understand how the evolution of this language happens in contrast to what is already known in the acquisition of spoken languages. References 1. Felipe, T. A.; Monteiro, M. S. Libras em contexto: curso básico, livro do professor. 7 ed. Rio de Janeiro: Editora WallPrint, 2008. 2. Wilbur, R. B; martínez, A. M. Physical correlates of prosodic struture in american sign language. Proceedings of the Chicago linguistics society (CLS), 2002. Disponível em <http://www.ece.osu.edu/~aleix/CLS02.pdf> Acesso em: 15/04/2009. * [email protected] 76 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Aquisição da língua gestual como L2 Deborah Chen Pichler* Gallaudet University, Department of Linguistics Resumo Esta comunicação fornece uma visão geral sobre trabalhos de investigação selecionados relativos à aquisição da língua gestual como segunda língua (L2). Tradicionalmente, a investigação sobre aquisição da L2 centrou-se quase exclusivamente na aquisição de línguas orais por alunos ouvintes cuja L1 é também uma língua oral; refiro-me a este contexto como uma aprendizagem M1-L2 (aprendizagem de uma segunda língua na mesma modalidade da primeira língua). No entanto, recentemente alguns investigadores iniciaram o estudo da aquisição de uma segunda língua numa nova modalidade, também denominada aprendizagem M2-L2. Os investigadores decidiram abordar a questão da aprendizagem M2-L2 a partir de vários ângulos, e esta discussão seleciona estudos publicados desde 2000 que abordam os amplos objetivos da investigação resumidos abaixo. 1. Identificação de aspetos da gramática e da fonologia da língua gestual que parecem ser particularmente desafiantes para gestuantes M2-L2 (por exemplo, Mirus et al., 2001; Rosen, 2004; Nadolske, 2009; Bochner et al., 2011; Quinto-Pozos, 2011), com a discussão de como estes resultados devem informar a pedagogia de línguas gestuais. 2. Exploração do grau a que os efeitos geralmente observados na L2 se aplicam à aquisição da M2-L2; um número relativamente pequeno de estudos explora se os alunos ouvintes de uma L2 gestual exibem efeitos bem-documentados da L2, tais como erros com formas de marcação e transferência de experiências anteriores (em particular, experiências gestuais), aquando da aprendizagem de uma nova modalidade (Ortega & Morgan, 2010; Chen Pichler, 2011; Brentari et al., 2012); outros estudos nesta categoria exploram efeitos do período crítico na aquisição da L2 gestual por alunos com surdez tardia (por exemplo, Mayberry, 2006; Cormier et al., 2012). 3. Comparações de perceção e processamento da língua gestual em gestuantes surdos, ouvintes não gestuantes e (ocasionalmente) gestuantes M2-L2 (por exemplo, Hildebrandt & Corina, 2002; Emmorey et al., 2008;. Best et al., 2010; Mann et al., 2010). 4. Investigação dos potenciais efeitos do gesto e da iconicidade na aprendizagem da língua gestual por adultos ouvintes (por exemplo, Taub et al., 2008;. Thompson, Vinson & Vigliocco, 2010; Baus et al., 2012). Tomados em conjunto, os resultados destes estudos permitem-nos esboçar um retrato preliminar e composto de alunos ouvintes de línguas gestuais como L2, as formas como percebem e processam input gestual, e os fatores que podem facilitar ou dificultar o seu desenvolvimento gestual. Essa informação não só é teoricamente importante para a nossa compreensão de como a modalidade interage com a aquisição, mas também é urgentemente necessária para melhorar o ensino de línguas gestuais quer a pais ouvintes de crianças surdas, quer ao número progressiva e drasticamente maior de alunos ouvintes matriculados em cursos de língua gestual nos EUA e noutros países (Welles, 2004). Referências 1. Baus et al., 2012. When does iconicity in sign language matter? Language and Cognitive Processes, DOI:10.1080/01690965.2011.620374. 2. Cormier et al., 2012. First language acquisition differs from second language acquisition in prelingually deaf signers: evidence from sensitivity to grammaticality judgement in British Sign Language. Cognition 124(1):50-65. 3. Emmorey et al., 2008. Eye gaze during comprehension of American Sign Language by native and beginning signers. Journal of Deaf Studies and Deaf Education. 4. Ortega & Morgan (2010) Comparing Child and Adult Development of a Visual Phonological System. Language, Interaction and Acquisition 1, 67-81. 5. Thompson, R. L., Vinson, D. P., & Vigliocco, G. 2010. The link between form and meaning in British sign language: effects of iconicity for phonological decisions. J Exp Psychol Learn Mem Cogn, 36 (4), 1017-1027. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 77 L2 acquisition of sign language Deborah Chen Pichler* Gallaudet University, Department of Linguistics Abstract This talk provides an overview of selected research related to second language (L2) acquisition of sign language. Traditionally, L2 acquisition research has focused almost exclusively on acquisition of spoken languages by hearing learners whose L1s are also spoken languages; I refer to this context as M1-L2 learning (learning a second language in the same modality as one’s first language). Recently, however, researchers have begun investigating second language acquisition in a new modality, or M2-L2 learning. Researchers have chosen to approach the issue of M2-L2 learning from a variety of angles, and this discussion selects studies published since 2000 that address the broad research objectives summarized below. 1. Identification of aspects of sign language grammar and phonology that seem to be particularly challenging for M2-L2 signers (e.g. Mirus et al. 2001; Rosen 2004; Nadolske 2009; Bochner et al. 2011; Quinto-Pozos 2011), with discussion of how these findings should inform sign language pedagogy. 2. Exploration of the degree to which commonly noted L2 effects apply to M2-L2 acquisition; a relatively small number of studies explore whether hearing learners of L2 sign display well-documented L2 effects such as errors with marked forms and transfer from previous experience (in particular, gestural experience) when learning in a new modality (Ortega & Morgan 2010; Chen Pichler 2011; Brentari et al. 2012); other studies in this category explore critical period effects for L2 sign acquisition by late-deafened learners (e.g. Mayberry 2006; Cormier et al. 2012). 3. Comparisons of perception and processing of sign language across Deaf signers, hearing nonsigners and (occasio- nally) M2-L2 signers (e.g. Hildebrandt & Corina 2002; Emmorey et al. 2008; Best et al. 2010; Mann et al. 2010). 4. Investigation of the potential effects of gesture and iconicity on sign language learning by hearing adults (e.g. Taub et al. 2008; Thompson, Vinson & Vigliocco 2010; Baus et al. 2012). Taken together, the findings of these studies allow us to sketch a preliminary, composite portrait of hearing learners of L2 sign languages, the ways in which they perceive and process signed input, and the factors that might facilitate or impede their sign development. Such information is not only theoretically important for our understanding of how modality interacts with acquisition, it is also urgently needed for improving sign language pedagogy for hearing parents of deaf children and the dramatically increased numbers of hearing students enrolling in sign language courses in the US and other countries (Welles 2004). References 1. Baus et al. 2012. When does iconicity in sign language matter? Language and Cognitive Processes, DOI:10.1080/01690965.2011.620374. 2. Cormier et al. 2012. First language acquisition differs from second language acquisition in prelingually deaf signers: evidence from sensitivity to grammaticality judgement in British Sign Language. Cognition 124(1):50-65. 3. Emmorey et al. 2008. Eye gaze during comprehension of American Sign Language by native and beginning signers. Journal of Deaf Studies and Deaf Education. 4. Ortega & Morgan 2010. Comparing Child and Adult Development of a Visual Phonological System. Language, Interaction and Acquisition 1, 67-81. 5. Thompson, R. L., Vinson, D. P., & Vigliocco, G. 2010. The link between form and meaning in British sign language: effects of iconicity for phonological decisions. J Exp Psychol Learn Mem Cogn, 36 (4), 1017-1027. * [email protected] 78 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Letramento acadêmico de surdos universitários: avaliação de leitura Vanessa de Oliveira Dagostim Pires* Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) – Brasil Resumo O presente trabalho apresenta reflexões a respeito do letramento acadêmico e da leitura de surdos brasileiros universitários, a partir de uma atividade de leitura em língua portuguesa e o histórico de aprendizagem e uso da Libras (Língua Brasileira de Sinais) por eles, sendo um recorte de projeto de tese de doutorado em Linguística Aplicada em andamento. Os dados analisados foram gerados em um curso desenvolvido em um ambiente virtual de aprendizagem, constituído por um conjunto de oficinas didáticas que procurou oferecer subsídios para os alunos desenvolverem sua proficiência em Língua Portuguesa na modalidade escrita, através de atividades relativas à leitura, interpretação de texto, produção textual e exercícios gramaticais. Para a discussão aqui proposta, apresento alguns conceitos que evidenciam a importância do conhecimento prévio do leitor para a construção de sentido na leitura, levantados por Rojo (2004; 2010), Soares (2010), e Kleiman (1993). Também pretendo, a partir da apresentação destes conceitos, relacioná-los com o letramento dos surdos, no que tange ao ensino da leitura a estes indivíduos, a partir dos trabalhos de Karnopp e Pereira (2010), Karnopp (2005) e Lodi (2004). Partiu-se da concepção de letramento como uma noção plural, múltipla (cf. Street, 1995 e Rojo, 2004); neste sentido, entendemos o letramento como uma prática social capaz de mudar o lugar social, o modo de viver na sociedade e a inserção cultural daquele que se apropria dele (cf. Soares, 2010). É possível concluir que ainda existem muitas lacunas a serem preenchidas na educação dos surdos, sobretudo em disciplinas que colaboram para o seu letramento. Infelizmente, estes têm adquirido tardiamente sua língua natural, a língua de sinais, e devido a isto, têm perdido grandes oportunidades de interação e de informações a respeito de suas comunidades, sua história, sua cultura. Tal perda influencia diretamente em sua bagagem de conhecimento de mundo, que se constitui uma importante estratégia para a construção de sentido enquanto leitores, somada ao pouco conhecimento da Língua Portuguesa que não foi oferecida de maneira adequada na escola. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 79 Academic literacy for deaf college students: reading evaluation Vanessa de Oliveira Dagostim Pires* Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) – Brazil Abstract This work presents considerations on academic literacy and reading abilities by Deaf Brazilian university students, based on a reading activity in Portuguese, and their learning history and use of Libras (Brazilian Sign Language). It is part of a PhD thesis in Applied Linguistics (in progress). The analysed data was taken from a course created for this specific research project. The course was developed in a virtual learning environment consisting of a set of workshops that intended to provide educational support for students to develop their proficiency in Portuguese in the written form, through activities related to reading, reading comprehension, textual production and grammar exercises. For discussion proposed here, I present some concepts that show the importance of the reader’s prior knowledge for the meaning construction in reading, according to Rojo (2004; 2010), Soares (2010) and Kleiman (1993). I also intend to connect these concepts on Deaf literacy, regarding the teaching of reading to these subjects, with Karnopp and Pereira’s (2010), Karnopp’s (2005) and Lodi’s (2004) work. We started from the concept of literacy as a plural, multiple concept (cf. Street, 1995 and Rojo, 2004); in this sense, we understand literacy as a social practice capable of changing social place, the way of living in society and the cultural insertion (cf. Smith, 2010). It is possible to conclude that there are still many gaps to be filled in Deaf education, especially in the subjects that contribute to the Deaf students’ literacy. Unfortunately, these people have later acquisition of their natural language, the Sign Language, and therefore having missed many opportunities for interaction and information about their communities, their history, and their culture. This loss directly influences their world knowledge, which is an important strategy for the construction of meaning as readers, coupled with little knowledge in Portuguese that was not properly taught in school. * [email protected] 80 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 A aquisição do tópico e do foco na Língua de Sinais Brasileira Aline Lemos Pizzio* Universidade Federal de Santa Catarina Resumo Este trabalho tem como objetivo mostrar os resultados de um estudo de caso sobre a aquisição do tópico e do foco em Língua de Sinais Brasileira (LSB) e a sua influência sobre a variabilidade da ordem das palavras. Sabe-se que a ordem mais básica das palavras em várias línguas é SVO (sujeito-verbo-objeto). No entanto, existem outras ordens possíveis que são derivadas a partir do movimento de certos elementos autorizados em determinados contextos linguísticos. Deste modo, podemos também encontrar as ordens OSV, SOV e VOS em LSB (Quadros, 1999; Quadros & Karnopp, 2004). Para este estudo, foram analisados dados de uma criança surda, filha de pais surdos, observada na fase inicial de desenvolvimento da linguagem através de um estudo longitudinal, entre os 1;08 e os 2;05 anos de idade. Desde o nascimento que a criança tem contacto com a LSB, sendo esta a sua primeira língua. Desta forma, a aquisição da língua gestual ocorre espontaneamente e é através dela que a criança tem os primeiros contactos com o mundo. Na análise dos dados da criança, verificou-se construções com tópico e foco. Este tipo de estruturas aparecem nos dados da criança desde o início da aquisição de linguagem, na fase das primeiras combinações, embora haja inconsistência no uso de marcadores não manuais associados a estes fenómenos. Por vezes, a criança produziu frases com o marcador não manual apropriado para cada construção, mas noutras vezes, a criança produziu frases com um marcador não manual inadequado ou sem marcador não manual em determinadas construções. A criança surda mostrou evidências de ocorrência de todos os tipos de tópico e foco em LSB (Lillo-Martin & Quadros, 2005). A ocorrência deste tipo de construção é um dos fatores que gera variabilidade na ordem das palavras da LSB. Resultados semelhantes foram encontrados por Pichler (2001) na aquisição da Língua Gestual Americana. Na análise dos dados da criança, foi possível identificar a produção de frases com várias ordens, de acordo com o padrão de linguagem adulta. As ordens SOV e OSV foram observadas em contextos de construções de tópico e também com foco de informação e foco de ênfase. Por outro lado, a ordem VOS foi verificada nos casos de foco contrastivo. Estes resultados mostram que há uma semelhança entre os dados de crianças surdas com os dados de crianças ouvintes. Indicam também que não há efeito da modalidade na aquisição da linguagem. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 81 The acquisition of topic and focus in Brazilian Sign Language Aline Lemos Pizzio* Universidade Federal de Santa Catarina Abstract This paper aims to show the results of a case study about the acquisition of topic and focus in Brazilian Sign Language (LSB) and its influence on the variability of the word order. It is well known that the most basic word order in this language is SVO (subject-verb-object). However, there are other possible orders that are derived from the movement of certain elements licensed in specific linguistic contexts. So, we can also find OSV, SOV and VOS orders in LSB (Quadros, 1999; Quadros & Karnopp, 2004). For this study we have analyzed data from a deaf child, born from deaf parents, observed by means of a longitudinal study in early stage of language development, from 1:8 to 2:5 years old. He was in contact with LSB since birth, which means that LSB is his first language. Thus, the acquisition of sign language occurs spontaneously and it is through it that the child will have his first contacts with the world around him. In the child data analysis, it was found constructions with topic and focus. These structures appear in the data of this child since the beginning of language acquisition, in the stage of first combinations, although there is inconsistency in the use of non manual markers associated with these phenomena. Sometimes, the child produced sentences with the appropriate non manual marker for each construction but in other moments, the child produced sentences with an inappropriate or without a non manual marker for a determinate construction. The deaf child showed evidence of the occurrence of all possible types of topic and focus in LSB (Lillo-Martin & Quadros, 2005). The occurrence of these types of construction is one of the factors that generate variability in word order of the LSB. Similar results were found by Pichler (2001) in the acquisition of American Sign Language. In the child data analysis, it was possible to identify the production of sentences with varied orders, according to the adult language standard. The SOV and OSV orders were observed in contexts of topic constructions, and also with focus of information and focus of emphasis. On the other hand, the order VOS was observed in cases of contrastive focus. These results show that there is a similarity between the data of deaf children with the data of hearing children. It also indicates no effect of modality in language acquisition. * [email protected] 82 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 O desenvolvimento da Língua Gestual Alemã (DGS) e do alemão escrito em alunos surdos com educação bilingue Carolina Plaza-Pust* J.W. Goethe-Universitaet Frankfurt am Main Resumo Esta comunicação centra-se na variação do desenvolvimento bilingue da Língua Gestual Alemã (DGS) e do alemão escrito em alunos surdos. Investigações realizadas nas últimas décadas têm demonstrado que a variação nas gramáticas dos aluno, seja na resolução de conflitos em competição de representações linguísticas ou como forma de preencher lacunas temporárias, é parte integrante do desenvolvimento da linguagem (Tracy 2002; Plaza-Pust 2000a, b, 2008). Até agora, no entanto, pouco se sabe sobre a variação no desenvolvimento bilingue de alunos surdos que, na maior parte, adquire a língua gestual fora do ambiente familiar e a língua escrita como uma L2 em contexto formal. Enquanto vários estudos se debruçam na aquisição das competências da literacia, raramente a capacidade da língua gestual em alunos surdos bilingues tem sido sujeita a análises qualitativas que forneçam uma imagem detalhada do conhecimento estrutural adquirido. O presente estudo, parte de uma investigação longitudinal de alunos surdos que frequentam o programa de educação bilingue de Berlim, representa a primeira tentativa de avaliar a competência bilingue de alunos surdos em DGS e alemão escrito, utilizando ferramentas de diagnóstico criadas teoricamente. A recolha de dados (2004-2008) consiste em narrativas gestuais e escritas com base na “história do sapo”. Os perfis individuais de desenvolvimento estabelecidos para as duas línguas fornecem evidências de variação ao nível inte- rindividual (os sujeitos variam quanto ao seu desenvolvimento), e também ao nível intraindividual (a inclusão de novos aspetos gramaticais semelhantes ao alvo não ocorrem sempre com a exclusão imediata dos desvios ao alvo, previamente disponíveis). Para a DGS, os dados revelam uma discrepância quanto à competência gramatical dos participantes em comparação com a suas habilidades discursivas. Crucialmente, a variação nos dados de DGS diz respeito ao uso de dispositivos linguísticos necessários para criar coesão e coerência. Esta variação reflete a complexidade da tarefa dos alunos de DGS (uma língua orientada para o discurso), em que são confrontados com diversos fenómenos gramaticais adquiridos, e que se encontram ligados ao nível do discurso através da interface sintaxe-discurso. Para o alemão escrito, a análise revela que a variação está essencialmente ligada à estrutura de processos de construção, refletindo também o atraso temporal na aquisição desta língua. A produção de estruturas com desvios ao alvo não encontradas no input alemão merecem especial atenção, uma vez que esses erros aparentes fornecem informações adicionais sobre processos de aprendizagem subjacentes. Semelhanças surpreendentes com as produções de outros alunos de L2 de alemão tornam-se aparentes. Por último, a incidência de mistura de línguas parece ser baixa e limitada no desenvolvimento. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 83 The development of German Sign Language (DGS) and Written German in bilingually educated deaf students Carolina Plaza-Pust* J.W. Goethe-Universitaet Frankfurt am Main Abstract This paper concerns variation in the bilingual development of German Sign Language (DGS) and written German in deaf learners. Research conducted over the last decades has shown that variation in learner grammars, either in relation to conflict resolution in the face of competing linguistic representations or as a means to fill temporary gaps, is an integral part of language development (Tracy 2002; Plaza-Pust 2000a, b, 2008). Thus far, however, little is known about variation in the bilingual development of deaf learners, who, for their greater part, acquire sign language outside the family and written language as an L2 in a formal context. While several studies have been concerned with the attainment of literacy skills, sign language competence in bilingually educated deaf students has seldom been subjected to qualitative analyses that would provide a detailed picture of the structural knowledge attained. The study presented here, part of a longitudinal investigation of deaf students attending the Berlin bilingual education programme, represents a first attempt at assessing bilingual deaf learners’ competence in DGS and written German by using theoretically founded diagnostic tools. The data collection (2004-2008) consists of signed and written narratives elicited on the basis of the “frog story”. The individual developmental profiles established for either language provide evidence of variation at the inter-individual level (participants vary as to how far they advance), and also at the intra-individual level (the inclusion of new target-like grammatical features does not always occur to the immediate exclusion of the previously available target-deviant ones). As for DGS, the data reveal a discrepancy concerning the participants’ grammatical competence vis-à-vis their discursive skills. Crucially, variation in the DGS data concerns the use of linguistic devices necessary to create cohesion and coherence, which, by assumption, reflects the complexity of the task learners of DGS, a discourse oriented language, are confronted with as several grammatical phenomena they acquire are linked to the discourse level via the syntax-discourse interface. As for written German, our analysis reveals that variation is primarily tied to structure-building processes, reflecting also the temporal lag in the acquisition of this language. The participants’ production of target-deviant structures they do not encounter in their German input deserves special attention because such apparent errors provide further insights into underlying language learning processes. Striking similarities to the productions of other L2 learners of German become apparent. Finally, the incidence of language mixing was found to be low and developmentally constrained. * [email protected] 84 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Mais do que a soma das partes: Aspetos fonológicos da aquisição bilingue bimodal da linguagem Ronice Müller de Quadros1*, Deborah Chen Pichler2, Viola Kozak2, Carina Rebello Cruz1, Aline Lemos Pizzio1 , Diane Lillo-Martin3 1 Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis, 2 Gallaudet University, University of Connecticut 3 Resumo No nosso estudo estamos interessados em abordar questões acerca de como é o desenvolvimento das crianças bilingues, e em particular, como é que as línguas dos bilingues interagem. Abordamos estas questões examinando o curso do desenvolvimento bilingue em crianças bilingues bimodais - crianças que utilizam tanto uma língua oral como uma língua gestual natural. Os participantes do presente estudo são codas ou crianças ouvintes que cresceram em residências com surdos gestuantes de uma língua gestual. Tal combinação de línguas dá-nos uma nova prespetiva sobre o bilinguismo e permite-nos pensar em novas formas de arquitetura da linguagem. Nesta comunicação fornecermos uma visão geral das nossas investigações no âmbito do desenvolvimento bilingue bimodal com foco nos estudos de morfologia e sintaxe (Chen Pichler et al., 2010, in press; Koulidobrova et al., 2011; Lillo-Martin et al., 2010, 2011, 2012; Quadros et al., 2012, in press). Estão a ser analisadas as estruturas tanto no discurso como no gesto usado pelas crianças (a partir de 1-1/2 ano de idade) a adquirir simultaneamente Língua Gestual Americana (ASL) e Inglês, ou Língua Gestual Brasileira (Libras) e Português do Brasil (PB). Começamos com uma visão global da forma como as línguas dos participantes interagem uma com a outra. Embora as crianças diferenciem claramente as suas línguas desde cedo e utilizem as línguas de forma diferente consoante os contextos, elas permitem que as línguas se influenciem mutuamente e produzem code-mix e code-blend. O nosso estudo do desenvolvimento da morfologia verbal em línguas orais pelas crianças mostram que o Inglês – mas não o Português do Brasil – tem uma influência interlinguística que leva à produção de erros de comissão, bem como às formas mais comuns de raízes não flexionadas. Os Sintagmas Nominais das crianças exibem efeitos da influência em que os codas omitem determinantes na sua línguas oral com mais frequência e por um maior período de tempo do que as crianças monolingues. Finalmente as perguntas-Q mostram influência em ambas as direções: uma aquisição precoce de estruturas in situ na língua oral, mas um maior uso de frases iniciadas com sintagma-Q nas línguas gestuais. O nosso modelo em desenvolvimento sobre arquitetura da linguagem bilingue conta para os casos em que observamos uma aparente influência interlinguística como exemplos da language synthesis. Os nossos resultados corroboram com as conclusões de muitos outros estudods, em que as línguas dos bilingues estão continuamente ativas e interagem de múltiplas formas. Referências 1. Chen Pichler, D, Lee, J, & Lillo-Martin, D. in press. Language development in ASL-English bimodal bilinguals. D. Quinto-Pozos (Ed.), Multilingual Aspects of Signed Language Communication and Disorder. 2. Koulidobrova, H, Quadros, R M de, Chen Pichler, D, & Lillo-Martin, D. 2011. Cross-Language influence, code-switching, and code-blending. International Symposium on Bilingualism 8; Oslo. 3. Lillo-Martin, D, Quadros, R M de, Koulidobrova, H & Chen Pichler, D. 2010. Bimodal bilingual cross-language influence in unexpected domains. J. Costa et al., (Eds.), Proceedings of GALA 2009. 4. Lillo-Martin, D, Koulidobrova, H, Quadros, R M de & Chen Pichler, D. 2012. Bilingual language synthesis: Evidence from WH-questions in bimodal bilinguals. A. K. Biller et al., (Eds.), Proceedings of BUCLD 36. 5. Quadros, R M de, Lillo-Martin, D, Koulidobrova, H, & Chen Pichler, D. 2012. Noun Phrases in bimodal bilingual acquisition. Generative Approaches to Language Acquisition–North America 5. Lawrence, Kansas. 6. Quadros, R M de, Lillo-Martin, D & Chen Pichler, D. in press. Early effects of bilingualism on WH-question structures: Insight from sign-speech bilingualism. Proceedings of GALA 2011. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 85 More than the sum of the parts: Bimodal bilingual language acquisition phonological aspects Ronice Müller de Quadros1*, Deborah Chen Pichler2, Viola Kozak2, Carina Rebello Cruz1, Aline Lemos Pizzio1 , Diane Lillo-Martin3 1 Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis, 2 Gallaudet University, University of Connecticut 3 Abstract In our research we are interested in addressing questions about how children develop as bilinguals, and in particular, how the languages of a bilingual interact. We approach these questions by examining the course of bilingual development for children who are bimodal bilinguals – children who use both a spoken language and a natural sign language. In the present study, our participants are codas, or hearing children growing up in households with Deaf users of a sign language. Such a language combination gives us a fresh view of bilingualism, and allows us to think about language architecture in new ways. In this presentation, we provide an overview of our investigations of the development of bimodal bilingualism, focusing on our studies of morphology and syntax (Chen Pichler et al. 2010, in press; Koulidobrova et al. 2011; Lillo-Martin et al. 2010, 2011, 2012; Quadros et al. 2012, in press). We are examining structures in both the speech and the sign used by children (age 1-1/2 and up) simultaneously acquiring American Sign Language (ASL) and English, or Brazilian Sign Language (Libras) and Brazilian Portuguese (BP). We start with an overview of the ways that the participants’ languages interact with each other. While they clearly differentiate their languages from early on and use the languages differently in different contexts, they do allow the languages to influence each other, and produce code-mixing and code-blending. Our study of the development of verbal morphology in the children’s spoken languages shows that in English – but not in Brazilian Portuguese – cross-language influence leads to the production of commission errors as well as the more common uninflected root forms. The children’s Noun Phrases show effects of influence in that the kodas omit determiners in their spoken languages more often and for a longer period of time than monolingual children typically do. Finally, WH-questions show influence in both directions: earlier acquisition of in situ structures in the spoken languages, but greater use of sentence-initial WH-phrases in the sign languages. Our developing model of bilingual language architecture accounts for the cases we observe of apparent cross-linguistic influence as examples of language synthesis. Our findings support the conclusions of many others that the languages of a bilingual are continuously active and interact in multiple ways. References 1. Chen Pichler, D, Lee, J, & Lillo-Martin, D. in press. Language development in ASL-English bimodal bilinguals. D. Quinto-Pozos (Ed.), Multilingual Aspects of Signed Language Communication and Disorder. 2. Koulidobrova, H, Quadros, R M de, Chen Pichler, D, & Lillo-Martin, D. 2011. Cross-Language influence, code-switching, and code-blending. International Symposium on Bilingualism 8; Oslo. 3. Lillo-Martin, D, Quadros, R M de, Koulidobrova, H & Chen Pichler, D. 2010. Bimodal bilingual cross-language influence in unexpected domains. J. Costa et al. (Eds.), Proceedings of GALA 2009. 4. Lillo-Martin, D, Koulidobrova, H, Quadros, R M de & Chen Pichler, D. 2012. Bilingual language synthesis: Evidence from WH-questions in bimodal bilinguals. A. K. Biller et al. (Eds.), Proceedings of BUCLD 36. 5. Quadros, R M de, Lillo-Martin, D, Koulidobrova, H, & Chen Pichler, D. 2012. Noun Phrases in bimodal bilingual acquisition. Generative Approaches to Language Acquisition–North America 5. Lawrence, Kansas. 6. Quadros, R M de, Lillo-Martin, D & Chen Pichler, D. in press. Early effects of bilingualism on WH-question structures: Insight from sign-speech bilingualism. Proceedings of GALA 2011. * [email protected] 86 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Considerando o processamento visual para a investigação do desenvolvimento típico e atípico da língua gestual David Quinto-Pozos* University of Texas at Austin Resumo Na literatura da língua oral tem-se vindo a observar um debate considerável relativo às causas das perturbações do desenvolvimento da linguagem. De acordo com alguns registos, um fator baseado num gesto (isto é, a velocidade do sinal auditivo) origina dificuldades às crianças ouvintes, que se debatem contra o processamento de estímulos rapidamente apresentados (ver Tallal & Benasich, 2002, para uma revisão). Uma vez que as línguas gestuais são percecionadas pelos olhos e não pelos ouvidos, (à exceção da língua gestual tátil) a exploração do processamento do gesto necessitaria ter em conta aspetos do gesto visual e caraterísticas visuo-espaciais das línguas gestuais. Tal abordagem poderá permitir a realização de comparações entre diferentes modalidades linguísticas. As línguas gestuais e orais diferem consideravelmente no sinal utilizado para comunicar. O sinal visual viaja muito mais rapidamente através do espaço do que o sinal auditivo, e a quantidade de informação comunicativa que está disponível simultaneamente através da visão (por exemplo, através de múltiplos articuladores do gestuante) é superior à disponível por meio da audição. Estas diferenças de modalidade podem influenciar alguns aspetos do processamento da linguagem como a memória (sequencial) a curo prazo (Boutla, Supalla, Newport, & Bavelier, 2004). Porém, os gestuante têm de processar muita informação simultaneamente e tem sido demonstrado que articuladores múltiplos (manual e não-manual) encorajam uma estrutura simultaneamente elevada. Estas diferenças estruturais têm provavelmente impacto em algumas perturbações da linguagem que podem ser encontradas em crianças a adquirir a língua gestual. Uma área de foco da investigação respeitante a estruturas linguísticas simultâneas é o uso do espaço gestual multifuncional (por exemplo, para fins gramaticais, diagramaticais e discursivos). Trata-se de uma área estrutural da língua gestual que pode ser usada para considerar diferenças de desenvolvimento entre modalidades. Por exemplo, tarefas de compreensão e memória para classificadores envolvem processamento de informação linguística (por exemplo, classificadores de configurações) e tomada de perspetiva computacional (considerando o ponto de vista do gestuante versus o de outros), e o desenvolvimento requer o refinamento de ambas as capacidades ao longo do tempo, mesmo durante a adolescência. Défices nas capacidades visuo-espaciais podem apresentar desafios para crianças em aquisição de línguas gestuais. Será apresentada uma abordagem para investigar o desenvolvimento com foco no processamento visuo-espacial. Esta área de pesquisa permite-nos considerar formas nas quais a modalidade linguística pode influenciar os padrões de desenvolvimento (a)típicos. Referências 1. Boutla, M., Supalla, T., Newport, E.L., & Bavelier, D. 2004. Short-term memory span: Insights from sign language. Nature Neuroscience, 7,9. 997-1002. 2. Tallal, P., & Benasich, A.A. 2002. Developmental language learning impairments. Development and Psychopathology, 14. 559-579. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 87 Considering visual processing for investigating typical and atypical signed language development David Quinto-Pozos* University of Tex3as at Austin Abstract There has been considerable debate in the spoken language literature concerning the causes of developmental language disorders. By one account, a signal-based factor (i.e., the speed of the auditory signal) causes challenges for hearing children who struggle with processing rapidly presented stimuli (see Tallal & Benasich, 2002, for a review). Because signed languages are perceived by the eyes rather than the ears (save tactile sign language), the exploration of a signal processing account would need to concern itself with aspects of the visual signal and the visual-spatial characteristics of signed languages. Such an approach could allow for comparisons across language modalities. Signed and spoken languages differ considerably with respect to the signal that is used for communication. The visual signal travels much more rapidly through space than the auditory signal does, and the extent of communicative information that is available simultaneously using vision (e.g., via a signer’s multiple articulators) is greater than what is available through audition. These modality differences could influence some aspects of language processing such as short-term (sequential) memory (Boutla, Supalla, Newport, & Bavelier, 2004). However, signed language users must process much information simultaneously, and it has been shown that multiple articulators (manual and non-manual) encourage a highly simultaneous structure. These structural differences likely impact some of the language disorders that one might find in children acquiring a sign language. One focal area of inquiry with respect to simultaneously realized linguistic structure concerns the use of the multifunctional signing space (e.g., for grammatical, diagrammatical, and discourse purposes). This is an area of signed language structure that could be used to consider differences across modalities with respect to development. For example, comprehension and memory tasks for classifiers involve processing linguistic information (e.g., classifier handshapes) and perspective-taking computations (e.g., considering the signer’s viewpoint vs. others’), and development requires the refinement of both types of skills over time, even throughout adolescence. Deficits in visual-spatial skills could present challenges for children acquiring signed languages. I will present an approach to investigating development that places a focus on visual-spatial processing. This area of inquiry allows us to consider ways in which language modality could influence patterns of development and (a)typicality. References 1. Boutla, M., Supalla, T., Newport, E.L., & Bavelier, D. 2004. Short-term memory span: Insights from sign language. Nature Neuroscience, 7,9. 997-1002. 2. Tallal, P., & Benasich, A.A. 2002. Developmental language learning impairments. Development and Psychopathology, 14. 559-579. * [email protected] 88 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Transcrição da Língua Gestual Portuguesa (LGP): utilização de uma ferramenta específica, ELAN Jorge Rodrigues*, João Barreto, Marta Morgado, Isabel Morais, Patrícia Carmo Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa Resumo No âmbito do projeto de aquisição de uma língua gestual, AQUI_LGP (Refª PTDC/LIN111889/2009), lidamos com questões pertinentes relativas à transcrição de dados de língua gestual. Nesta comunicação, o nosso principal objetivo é descrever e refletir sobre as opções que tomámos para a transcrição dos dados. AQUI_LGP é um estudo longitudinal sobre a aquisição da língua gestual com base na gravação e transcrição de discurso espontâneo durante mais de dois anos. A amostra é constituída por crianças de 10 meses a 4 anos de idade. Algumas crianças são monolingues e outras são bilingues com uma aquisição paralela da Língua Gestual Portuguesa e da Língua Portuguesa. A ferramenta utilizada para transcrever os dados recolhidos foi o ELAN (http://www.lat-mpi.eu/). * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 89 Transcribing Portuguese Sign Language (LGP): using a specific tool, ELAN Jorge Rodrigues*, João Barreto, Marta Morgado, Isabel Morais, Patrícia Carmo Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa Abstract In our Sign Language Acquisition Project (Refª PTDC/ LIN111889/2009) we dealt with mandatory issues concerning the transcription of sign language data. In this poster or sign communication our main purpose is to describe and reason over the options we took in order to transcribe our data. AQUI_LGP is a longitudinal project on sign language acquisition aiming at recording and transcribing spontaneous speech for over two years. Children in the sample are aged from 10 months to 4 years-old. Some of them are monolingual and others are bilingual with parallel acquisition of Portuguese and Portuguese sign language. The tool used to transcribe was ELAN (http://www.lat-mpi.eu/). * [email protected] 90 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 (Re)Pensar a Língua (LGP) em contextos de aprendizagem específicos Fátima Sarmento1,2, Rui Corredeira2, Orquídea Coelho3* 1 ISMAI - Instituto Superior da Maia, Maia, Portugal 2 FADEUP - Faculdade de Desporto, Universidade do Porto, Porto, Portugal 3 FPCEUP - Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade do Porto, Portugal Resumo A colocação progressiva de crianças surdas em locais de ensino menos restritivos, o aparecimento de Escolas de Referência para a Educação Bilíngue de Alunos Surdos (EREBAS) e a prática de uma educação bilingue, representa também um desafio para os professores de Educação Física. Obviamente, o conhecimento da pedagogia e da capacidade de ensinar de forma eficaz para melhorar o desempenho do aluno são atributos essenciais de qualquer professor. E o que acontece quando o professor e o aluno utilizam línguas diferentes? Como são transmitidas as informações? E as correções? No caso da surdez, muitas vezes, a escassez de recursos adequados, ou o desconhecimento dos léxicos gramaticais da Língua Gestual Portuguesa (LGP) específicos da terminologia desportiva, por parte do professor e mesmo do intérprete, podem ser impeditivos de um ensino que abranja os três domínios preconizados no programa: domínio da aptidão física, dos conhecimentos e das atividades físicas. O meu percurso profissional, como professora de educação física, iniciado há alguns anos atrás num Centro de Ensino Especial de alunos surdos permitiu-me constatar que estes, em termos motores, eram capazes de ter bons desempenhos na maioria das atividades propostas. Os recursos utilizados eram variados, passavam pela demonstração do exercício, pela utilização de esquemas feitos no quadro, pelo recurso a imagens, até à criação de “gestos” não gramaticais, que de forma elementar pretendiam representar os exercícios mais simples ou serviam de suporte a instruções orais, também elas simples. Do contacto que tenho estabelecido com alguns professores de educação física que dão aulas nas EREBAS, dou-me conta que as dificuldades já sentidas há mais de dez anos continuam a ser as mesmas, investe-se no domínio das capacidades físicas, até com algum êxito, mas, no domínio dos conhecimentos, ainda é negado aos alunos surdos esse acesso na sua língua natural, a LGP. A participação dos surdos no desporto tem registos no século XIX, em várias modalidades desportivas inclusive na organização dos 1os jogos mundiais, que datam de 1924. Desde essa data, muitos países, incluindo Portugal, têm multiplicado o número de Associações Desportivas, que organizam e incentivam a participação em eventos recreativos, em competições nacionais e internacionais, que abraçam uma variedade considerável de modalidades desportivas. Neste contexto, certamente tem vindo a emergir uma grande variedade de vocabulário desportivo associado a esses microcontextos linguísticos, que se torna urgente localizar, identificar e recolher/registar contribuindo-se para a elaboração de uma ferramenta de trabalho bilingue. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 91 (Re)Think Portuguese Sign Language in specific learning contexts Fátima Sarmento1,2, Rui Corredeira2, Orquídea Coelho3* 1 ISMAI - Instituto Superior da Maia, Maia, Portugal 2 FADEUP - Faculdade de Desporto, Universidade do Porto, Porto, Portugal 3 FPCEUP - Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade do Porto, Portugal Abstract The progressive placement of deaf children in less restrictive schools, the appearance of Reference Schools for Bilingual Education of Deaf Students (EREBAS) and the practice of bilingual education is also a challenge for teachers of Physical Education (PE). Obviously, knowledge of pedagogy and the ability to teach effectively to improve students’ achievements are essential attributes of any teacher. But what happens when teacher and student speak different languages? How is information conveyed? And the corrections? Often, in the case of deafness, a shortage of adequate resources or the lack of Portuguese Sign Language (LGP) sport-specific terminology by both the teacher and the interpreter can be deterrent of an education that includes the three domains considered in the program: the area of physical fitness, knowledge and physical activities. My career as a PE teacher, which started a few years ago in a Special Education Centre for deaf students, allowed me to see that in terms motor skills they had good performances in most of the activities. The resources used were varied such as demonstrations of the exercises, the use of images and drafts written on the board, as well as the creation of ungrammatical “signs” that intended to represent the simplest exercises or to serve as support to simple oral instructions. From the contact I have been establishing with some PE teachers at EREBAS, I realize that the difficulties experienced now remain the same from ten years ago: there are successful investments in physical activities; however the access to knowledge in the deaf students’ natural language (LGP) is still denied. The participation of deaf people in sports go back to the nineteenth century in various sports including the organization of the 1st world games, dating back to 1924. Since then many countries including Portugal have multiplied the number of Sports Associations that organize and encourage participation in recreational events in national and international competitions, embracing a considerable variety of sports. In this context, a wide variety of sports vocabulary associated with these linguistic microcontexts has been emerging and it is urgent to locate, identify and collect / record them, which will contribute to the development of a bilingual work tool. * [email protected] 92 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 E se eu fosse s/Surda? Seria bilingue? Visões de Formadores/Docentes de Língua Gestual Portuguesa (LGP) e Professores/Educadores de Educação Especial sobre ensinar LGP e LP Ana Isabel Silva* Instituto Politécnico de Viseu - Escola Superior de Educação Resumo E se eu fosse s/Surda? é um espaço mental construído no âmbito da Linguística Cognitiva que permite um olhar sobre o que é ser s/Surdo e como se processa a categorização do mundo pelo s/Surdo. Com base nos paradigmas socio-antropológico e clínico-terapêutico propomos uma visita à educação de s/ Surdos. Descrevemos a urgência de uma educação s/Surda promotora do bilinguismo fundado na mestria de duas línguas: a Língua Gestual Portuguesa (LGP) e a Língua Portuguesa (LP) na modalidade escrita. Sustentada em evidências das neurociências, pretende-se que esta seja uma educação que capacite o aluno s/ Surdo para a literacia emergente, cujo natural acesso à LGP é mais tardio, do que à LP. Se eu fosse s/Surda seria bilingue? Propõe a emancipação da educação s/Surda, para a qual pensamos que, também os Professores de língua(s) são vetores determinantes na promoção da educação para a diversidade. Apurámos que 74% destes profissionais não reconhece este idioma, tornando a pessoa s/Surda invisível. Dos 26% que conhecem a LGP, 56% consideram-na universal, não obstante a existência de línguas gestuais formalmente reconhecidas. Se eu fosse s/Surda seria bilingue? parte das respostas de entrevistas a Formadores/ Docentes de LGP s/Surdos, e a Professores/Educadores da Educação Especial: duas formas de conceptualizar a surdez e o ser s/Surdo a partir da comunidade s/Surda e da comunidade ouvinte. Se eu fosse s/Surda seria um ser em construção, um espaço de amálgama, no qual a LGP constrói o mundo de forma diferente da LP. Salientámos, neste trabalho, o que Formadores/Docentes de LGP e Professores/Educadores de Educação Especial consideram ser ensinar LGP e LP a ouvintes e a s/Surdos. Referências 1. Armstrong, D. F. 2009. Algumas notas sobre a ASL como língua «estrangeira». In M. Bispo, A. Couto, M.C. Clara, L. Clara (coord.). O Gesto e a Palavra 2. 187-199. Lisboa: Editorial Caminho. 2. Baptista, J. A. 2008. Os surdos na escola. A exclusão pela inclusão. Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão. 3. Baptista, M. M. B.S. 2010. Alunos Surdos: Aquisição da Língua Gestual e Ensino da Língua Portuguesa. In Actas do I EIELP, 197-208. Coimbra: Exedra. 4. Marschark, M., Wauters, L. 2008. Language Comprehension and Learning by Deaf Students. In M. Marschark, P. C. Hauser (eds.). Deaf Cognition. Foundations and Outcomes. (pp.309-350). USA: Oxford University Press. 5. Silva, A. I. P.P. 2012. E se eu fosse s/Surda? O processo de categorização do mundo da pessoa s/Surda: a perspetiva da linguística cognitiva. Tese apresentada à UCP para obtenção do grau de doutor em Línguas e Literaturas Modernas, especialidade em Linguística e Ensino de Línguas (não publicada). 6. Silva, R. 2010. Língua Gestual e Bilinguismo na Educação da Criança Surda. In O. Coelho (org.). Um copo vazio está cheio de ar. Assim é a surdez, 101-147. Porto: Legis Editora - Livpsic. 7. Spencer, P.E., Marschark, M. 2010. Evidence-based pratice in education deaf and hard-of-hearing students. Professional perspectives on deafness. Evidence and applications. Oxford: University Press. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 93 What if I was d/Deaf? Would I be bilingual? Portuguese Sign Language deaf educators’ and Special education teachers’ vision about how to teach Portuguese Sign Language and Portuguese language Ana Isabel Silva* Instituto Politécnico de Viseu - Escola Superior de Educação Abstract What if I was d/Deaf? it’s a mental space built on the Cognitive Linguistic context which allows a look over the condition of being a deaf and how the categorization of the world is processed by the d/Deaf. Based on the socio-anthropologic and clinic-therapeutic’s paradigms we propose a visit to the d/Deafs’ education. We describe the urgency of a d/Deaf education that promotes the bilingualism anchored in two languages’ mastery: the Portuguese Sign Language (PSL) and the Portuguese Language (PL) in the written modality. Supported in neurosciences’ evidences, we intend that this education turns the d/Deaf student able to the emergent literacy, since the natural access to the PSL comes later than the access to the PL. What if I was d/Deaf would I be a bilingual? proposes the emancipation of the d/Deafs’ education, to which we think that also Language’s Teachers are determinant vectors in the promotion of the education, aiming the diversity. We found out that 74% of these professionals don’t recognize this idiom, making the d/Deaf almost invisible. From the 26% who knows the PSL, 56% consider this language as universal, no matter the existence of gesture languages formally recognized. What if I was d/Deaf would I be a bilingual? comes from the answers of PSL’s d/Deaf Educators/Teachers and Special Education Teachers to an interview: two different ways of conceptualizing the deafness and the evidence of being d/Deaf starting in the d/Deaf’s community and in the hearing’s community. If I was d/Deaf I would be a being in construction, a blending space, in which the PSL builds the world in a different way PL does. We underlined, in this assignment, what d/Deaf Educators/Teachers of PSL and Special Education Teachers consider being the meaning of teaching the PSL and PL to d/Deafs and listeners. References 1. Armstrong, D. F. 2009. Algumas notas sobre a ASL como língua «estrangeira». In M. Bispo, A. Couto, M.C. Clara, L. Clara (coord.). O Gesto e a Palavra 2. 187-199. Lisboa: Editorial Caminho. 2. Baptista, J. A. 2008. Os surdos na escola. A exclusão pela inclusão. Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão. 3. Baptista, M. M. B.S. 2010. Alunos Surdos: Aquisição da Língua Gestual e Ensino da Língua Portuguesa. In Actas do I EIELP, 197-208. Coimbra: Exedra. 4. Marschark, M., Wauters, L. 2008. Language Comprehension and Learning by Deaf Students. In M. Marschark, P. C. Hauser (eds.). Deaf Cognition. Foundations and Outcomes. (pp.309-350). USA: Oxford University Press. 5. Silva, A. I. P.P. 2012. E se eu fosse s/Surda? O processo de categorização do mundo da pessoa s/Surda: a perspetiva da linguística cognitiva. Tese apresentada à UCP para obtenção do grau de doutor em Línguas e Literaturas Modernas, especialidade em Linguística e Ensino de Línguas (não publicada). 6. Silva, R. 2010. Língua Gestual e Bilinguismo na Educação da Criança Surda. In O. Coelho (org.). Um copo vazio está cheio de ar. Assim é a surdez, 101-147. Porto: Legis Editora - Livpsic. 7. Spencer, P.E., Marschark, M. 2010. Evidence-based pratice in education deaf and hard-of-hearing students. Professional perspectives on deafness. Evidence and applications. Oxford: University Press. * [email protected] 94 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Estratégias de ensino do português como L2 a estudantes surdos Ivani Rodrigues Silva*, Aryane dos Santos Nogueira, Zilda Maria Gesueli UNICAMP Resumo O bilinguismo na surdez é um nova área de investigação e inclui-se nos estudos sobre o ensino em contexto de bilinguismo minoritário, como uma subárea da Línguística Aplicada com foco no bilinguismo como alternativa a contextos de bi/ multilinguismo minoritários (Calvalcanti, 1999). Os estudos sobre o ensino nestes contextos ainda se baseiam nos mitos e preconceitos na área, modelos e programas do ensino bilingue, contexto brasileiro de minorias linguísticas, questões de política linguística, invisibilidade e elitismo. O presente estudo tem como objetivo algumas considerações sobre o ensino da língua escrita do português a surdos como segunda língua ou como língua estrangeira. Pretendemos mostrar a complexidade de tal tarefa, bem como indicar alguns aspetos relacionados com a política linguística, descritos por Guimarães (2002), e, por fim, apresentar uma proposta com base em testes a alunos surdos que participaram nos Workshops de Leitura/ Escrita de Português, no âmbito do projeto Ciência e Arte, que recebe alunos surdos de escolas públicas de Campinas/SP e arredores. Os Workshops semanais integravam várias áreas de estudo. Assim, no ensino do português, foram utilizados conhecimentos de biologia, geografia e história, acreditando que a integração de áreas/disciplinas diferentes com temas e assuntos atuais permite que o ensino da língua não seja descontextualizado. Os Workshops foram gravados e algumas dessas gravações foram transcritas e analisadas. A partir destes registos foi possível observar que uma das estratégias é planear as aulas de português para estudantes surdos com os métodos e estratégias utilizados no ensino de uma segunda língua e, como tal, o trabalho nesta língua deverá ser baseado em métodos diferentes dos utilizados no ensino do português como língua materna. Desta forma, uma estratégia que deverá ser considerada e que é muito relevante para o aluno surdo em contexto bilingue, é baseado precisamente no contraste entre estas duas línguas. A língua visuo-espacial funciona de forma diferente do português escrito aprendido por alunos ouvintes. Isso deve ser levado em conta no planeamento de aulas para alunos surdos. Referências 1. Cavalcanti, M. 1999. Estudos sobre educação bilíngüe e escolarização em contextos de minorias lingüísticas no Brasil. DELTA,15 Especial: 385-417. 2. Guimarães, E. R. J. 2002. Semântica do acontecimento: um estudo enunciativo da designação. Campinas: Pontes. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 95 Differentiated teaching strategy for teaching Portuguese writing to deaf students Ivani Rodrigues Silva*, Aryane dos Santos Nogueira, Zilda Maria Gesueli UNICAMP Abstract In deaf studies, biligualism is a relatively recent field and it is part of the area of studies on education in bilingual, minority contexts, a subarea of Applied Linguistics that focuses upon bilingualism as an alternative to bi/multilingual minorities (Maher, 1997; 2006) or minoritisized contexts (Cavalcanti, 1999; 2006). Studies on education in such contexts also focus on myths and preconceptions in the field of bilingual education, the models and programs, the linguistic minority contexts in Brazil, issues of linguistic policies, invisibility and elitism. This article intends to discuss teaching the Portuguese language writing to deaf students as a Second Language or Foreign Language. We aim to show the complexity of such a task as well as to point out some aspects related to the Politics of Languages, as Guimarães (2002) has described. Finally, we intend to present a proposal anchored on experiences form the Portuguese reading/writing workshop for deaf students undertaken during the Ciência & Arte nas Férias program, which was proposed by Unicamp’s Research Dean’s office. This program is a six week summer program open to deaf high school students enrolled in the regular public school system in Campinas and surrounding towns. The weekly workshops aimed to integrate academic content from various subject matters. So, to teach Portuguese, knowledge from other domains such as geography, biology and history was accessed, because we understood that integrating different fields of knowledge would allow us to look for themes and current subject matter in order to avoid language teaching to take place artificially and out of context. The workshops were recorded and some episodes were transcribed and analyzed. We were able to observe, based on recorded data, that one relevant strategy was thinking about Portuguese lessons for deaf students based on second language teaching, using strategies that are different from those used when teaching Portuguese as a mother tongue. One teaching strategy to be considered, therefore, which is pertinent to the bilingual context of the deaf student is regulated by the contrast between these two languages. Because sign language is a visual spatial language, it functions differently from written Portuguese that is taught to hearing students. When planning to teach of deaf students, this must be taken into account. References 1. Cavalcanti, M. 1999. Estudos sobre educação bilíngüe e escolarização em contextos de minorias lingüísticas no Brasil. DELTA,15 Especial: 385-417. 2. Guimarães, E. R. J. 2002. Semântica do acontecimento: um estudo enunciativo da designação. Campinas: Pontes. * [email protected] 96 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 A aprendizagem da língua de crianças surdas: aspetos lexicais e gramaticais da Língua Brasileira de Sinais Lídia da Silva* UFSC Resumo O objeto de estudo desta análise pertence à área da psicolinguística e investiga a aquisição e processamento da linguagem. Especificamente, aborda a aquisição da categoria aspetual numa criança surda a aprender a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como primeira língua. Tendo em consideração que a teoria generativa tem sido, em grande parte, a fundadora do estudo da aquisição da linguagem em crianças surdas a aprender LIBRAS como primeira língua. Esta teoria prova que as etapas pelas quais as crianças surdas passam até chegarem a um certo nível gramatical da língua são análogas às crianças ouvintes, e que as descrições da estrutura gramatical têm aumentado consideravelmente, colocamos algumas questões: Quais as hipóteses que podem explicar o processo de aquisição da categoria aspetual por uma criança surda? A criança surda diferenciará entre tempo e aspeto no processo de aprendizagem de LIBRAS como primeira língua? Refletindo sobre estas questões, consideramos a teoria linguística geral adotada por Comrie (1976) e a linguística da LIBRAS seguida por Finau (2004). Ambas têm em consideração o contexto lexical e gramatical e a diferença aspetual entre o perfetivo e o imperfetivo. Por este motivo, esta análise é um estudo naturalista, longitudinal e espontâneo. O sujeito em investigação é uma menina surda, com o pseudónimo ANA, filha de pais surdos que se encontrava a aprender LIBRAS como primeira língua. A ANA foi filmada a partir dos 8 meses até aos 4 anos de idade – o que resulta em mais de três anos de dados recolhidos. O corpus utilizado é do domínio do grupo de investigação sobre a aquisição da Língua Brasileira de Sinais da Universidade Federal de Santa Catarina, dirigido por Ronice Muller de Quadros, e quando solicitado por investigadores, os dados ficam disponíveis, com diferentes tipos de análise para que possa servir como corpus para os diferentes objetos de estudo. O modelo para a transcrição utilizado foi o Sistema de Notação de Palavras criado e desenvolvido pela investigadora, Tânia Amara Felipe, em 1998. Nesta análise, é observado que a criança produz principalmente o aspeto lexical do perfetivo, um fenómeno que é análogo às crianças ouvintes na aprendizagem de uma língua oral. A apresentação do aspeto gramatical é também encontrada no uso de flexões verbais. Estas flexões ocorrem por meio de alterações morfológicas ou movimentos, e são na sua maioria na ordem perfetiva, tal como é apresentado nas teorias de aquisição gramatical das línguas orais. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 97 Language-learning of the deaf child: the lexical and grammatical aspects of Brazilian Sign Language Lídia da Silva* UFSC Abstract The object of study of this research pertains to psycholinguistics and investigates the acquisition and processing of language. More specifically, it addresses the acquisition of the aspectual category in a deaf child who is learning Brazilian Sign Language (LIBRAS) as his first language. Considering that the generative theory has been the foundation, in large part, of the research on language acquisition of deaf children who are learning Libras as their first language, and that this research proves that the stages through which deaf children pass until they reach a certain grammatical level of the language are analogous to the hearing child, and that the descriptions of its grammatical structure have increased greatly, we ask: What are the hypotheses that can explain the process of acquiring the aspectual category by a deaf child? Does the deaf child, in the process of learning Libras as his first language, differentiate between tense and aspect? Reflecting on this, let us consider the general linguistic theory, which adopts Comrie (1976) and the linguistics of Libras, which follows Finau (2004). In both of these, the considerations reflect a lexical and grammatical context and the aspectual difference between the perfective and imperfective. In this regard, it is the naturalistic, longitudinal, and spontaneous research that governs this analysis. The subject under investigation is a deaf girl with the pseudonym of ANA, the daughter of deaf parents who was learning Libras as her first language. ANA was filmed from the age of 8 months until 4 years – more than three years of data. The corpus used is the domain of the research group on the acquisition of Brazilian Sign Language of the Federal University of Santa Catarina, directed by Ronice Muller Quadros, and, when solicited by researchers, the data is available, dealing with different means of analysis in order to serve as the corpus for the distinctive objects of inquiry. The model for transcription used was the System of Notation of Words that was created and developed by the researcher, Tânia Amara Felipe, in 1998. In this analysis it is seen that the child principally produces the lexical perfective aspect, a phenomenon which is analogous to the hearing child learning the spoken language. The presentation of the grammatical aspect is also found in the use of verb inflections. These inflections occur through morphological alterations or movements, and are mostly in the perfective order, just as is presented in the theories of the grammatical acquisition of oral languages. * [email protected] 98 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Como pode a aquisição precoce da língua gestual e da língua oral influenciar o desempenho sintático da linguagem verbal escrita? Um estudo preliminar na Língua Gestual Portuguesa com sujeitos surdos pré-linguísticos. Sónia Silva*, Ana Mineiro, Alexandre Castro Caldas Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa Resumo A idade de aquisição bilingue e o seu impacto no processamento linguístico permanecem um tema actual de debate ainda que a literatura defenda uma exposição precoce a ambas as línguas para uma boa proficiência (DeKayser & Larsson, 2005; Wartenburger et. al., 2003). Alguns estudos têm demonstrado que uma aquisição precoce e estruturada da linguagem é crítica, especialmente ao nível da sintaxe tanto numa primeira (L1) como numa segunda língua (L2) (Curtiss, 1977; Newport & Johnson, 1989) o que nos conduz a um período sensível de aquisição da linguagem. Estas evidências são independentes da modalidade linguística, pelo que as línguas gestuais apresentam as mesmas constrições da idade (Bouldreault & Mayberry, 2006; Cormier, Schembri, Vinson & Orfanidou, 2012). Ainda assim, existe alguma controvérsia no que respeita ao papel da proficiência em ambas as línguas, à escolaridade, às relações/diferenças entre línguas, a motivação e o background linguístico familiar (Bialystok & Miller, 1999, Muñoz & Singleton, 2011). A comunidade Surda representa uma população alvo interessante pela heterogeneidade das idades de aquisição (IA) da linguagem e pela variância do posterior desempenho académico (Mayberry, 1993). Além disso, a língua gestual como uma língua natural mas de modalidade visuo-espacial permite a análise de diferentes sistemas sensório-motores de compreensão e produção da linguagem. Neste âmbito, o presente estudo tem como objetivo determinar a influência de idade de aquisição da Língua Gestual Portuguesa (LGP) como L1 e do Português (LP) como L2 no desempenho gramatical escrito de bilingues surdos. A amostra é constituída por 13 participantes surdos pré-linguísticos de grau profundo, alunos da licenciatura PRÓ-LGP da Universidade Católica Portuguesa proficientes em LGP, sua L1 e em LP, sua L2. Inicialmente, foram aplicadas duas tarefas sintácticas: uma tarefa de emparceiramento de frase-imagem da bateria PALPA-P e uma tarefa de julgamento gramatical construída especificamente para este estudo, constituída por enunciados gramaticais e agramaticais respeitantes a 5 estruturas sintáticas: simples, coordenadas, passivas, relativas e integrantes (um tipo de subordinação do Português). Posteriormente, foi pedido que os participantes escrevessem um texto elicitado pela imagem do “Ladrão de Biscoitos” (Goodglass & Kaplan, 1983) para avaliação da produção sintática. Os resultados mostram que apenas a idade de aquisição da L2 se correlacionou de forma significativa e negativa com todas as tarefas. Outras possíveis variáveis de influência como a idade de detecção da surdez e o status auditivo dos pais não se correlacionaram. O facto de tarefas com imagens elicitaram conteúdo linguístico e dos Surdos se focarem em recursos visuais poderá ter influenciado o desempenho na tarefa de emparceiramento. Por outro lado, a tarefa de julgamento gramatical aparenta ser um teste sensível por se basear apenas em material verbal escrito, o que revela a dimensão do conhecimento sintáctico da L2 por parte dos participantes. Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 99 Em geral, estes resultados indicam que a aquisição precoce de LP é importante para um bom desempenho sintáctico de material escrito o que apoia uma política bilingue equilibrada e sugere um possível efeito de modalidade uma vez que a exposição precoce à língua gestual, que não possui correspondência escrita, parece ser insuficiente. Ainda assim, considera-se necessária uma amostra maior com diferentes níveis de escolaridade para obter conclusões mais robustas. Referências 1. 2. Bialystok, E., & Miller, B. 1999. The problem of age in second-language acquisition: Influences from language structure, and task. Bilingualism: Language and Cognition, 2(2), 127-145. Boudreault, P., & Mayberry, R. I. 2006. Grammatical processing in American Sign Language: Age of first-language acquisition effects in relation to syntactic structure. Language and Cognitive Processes, 21, 608–635. 3. Cormier, K., Schembri, A., Vinson, D., & Orfanidou, E. 2012. First language acquisition differs from second language acquisition in prelingually deaf signers: Evidence from sensitivity to grammaticality judgement in British Sign Language. Cognition 124, 50-65. 4. Curtiss, S. 1977. Genie: A Psycholinguistic Study of a Modern-Day “Wild Child”. New York: Academic Press. 5. DeKayser, R. & Larsson-Hall, J. 2005. Critical Period. In. Kroll, J. F., & de Groot, A. (Eds). Handbook of Bilingualism – Psycholinguistic Approaches. New York: Oxford Press 6. Mayberry, R.I. 1993. First Language Acquisiton After Childhood Differs From Second Language Acquisition: The Case of American Sign Language. Journal of Speech and Hearing Research, 36, 1258-1270. 7. Mayberry, R.I., & Lock, E. 2003. Age constraints on first versus second language acquisition: Evidence for linguistic plasticity and epigenesist. Brain and Language, 87, 369-384. 8. Muñoz, C. & Singleton, D. 2011. A critical review of age-related research on ultimate attainment. Language Teaching, 44 (1), 1-35. 9. Wartenburger, I., Heekeren, H.R., Abutalebi, J., Cappa, S.F., Villringer, A., & Perani. D. 2003. Early Setting of Grammatical Processing in the Bilingual Brain. Neuron, 37, 159-170. * [email protected] 100 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 How can the early acquisition of Sign Language and Oral Language influence the syntactic performance of the oral language? A preliminary study in Portuguese Sign Language with prelingually deaf subjects. Sónia Silva*, Ana Mineiro, Alexandre Castro Caldas Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa Abstract The age of bilingual acquisition and its impact on language processing remain subject of debate, even though literature defends an early exposure to both languages for a good attainment (DeKayser & Larsson, 2005; Wartenburger et. al. 2003). Studies have shown that the early onset of a structured language is critical specially for the syntactic outcome in a first (L1) and in a second language (L2) (Curtiss, 1977; Newport & Johnson, 1989) what leads to a sensitive period of language. This finding seems to be independent of language modality so that sign languages show the same age constraints (Bouldreault & Mayberry, 2006; Cormier, Schembri, Vinson & Orfanidou, 2012). Nevertheless, some controversy remain owing to the level of proficiency on both languages, school placement, relation/differences between languages motivation and the linguistic background of families (Bialystok & Miller, 1999; Muñoz & Singleton, 2011). The Deaf Community has become a target of interest due to its heterogeneity in the age of language acquisition (AoA) and the variance in academic achievement (Mayberry, 1993). Moreover sign language is a natural language but with a specific visual-motor modality which allows the exploration of different sensory-motor system for comprehension and production. In this regard the present study aims to analyze the influence of AoA of Portuguese Sign Language (LGP) and Portuguese (LP) on the syntactic outcome of Written Portuguese (PE) of bilingual deaf people. The sample was comprised by 13 prelingually and profoundly deaf students, attending a degree in PRÓ-LGP from the Catholic University of Portugal, proficient in LGP, their L1 and in LP, their L2. Two syntactic tasks were applied in the beginning: a Sentence to Picture Matching from the PALPA-P language battery and a Grammatical Judgement task specifically designed for this study, containing grammatical and ungrammatical sentences belonging to five type of syntactic structures: simple, composed, passive, relative and “integrantes” (a kind of subordinate clauses in Portuguese). After that, the participants were asked to write about the “Cookies Theft” picture (Godglass & Kaplan, 1983) in order to assess syntactic production. Results show that only the L2 AoA obtained a negative and significant correlation in all the tasks. Other possible variables of influence such as age of hearing loss detection and the hearing status of parents did not correlate. The fact that picture tasks elicit learners’ linguistic knowledge and that deaf rely on visual resources may have influenced performance in the Picture to Sentence matching task. On the other hand, the Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 101 Grammatical Judgement task and appears to be a sensitive test because it’s based solely in written material revealing the participants’ knowledge of L2’s syntax. Overall this data indicate that an early AoA of LP is important for a good syntactic performance in written material, what supports a balanced bilingual policy and suggest a possible effect of modality once the early exposure to sign language, which has no written form, seems to be insufficient. Even though, a larger sample and different levels of education are required to obtain robust conclusions. References 1. Bialystok, E., & Miller, B. 1999. The problem of age in second-language acquisition: Influences from language structure, and task. Bilingualism: Language and Cognition, 2(2), 127-145. 2. Boudreault, P., & Mayberry, R. I. 2006. Grammatical processing in American Sign Language: Age of first-language acquisition effects in relation to syntactic structure. Language and Cognitive Processes, 21, 608–635. 3. Cormier, K., Schembri, A., Vinson, D., & Orfanidou, E. 2012. First language acquisition differs from second language acquisition in prelingually deaf signers: Evidence from sensitivity to grammaticality judgement in British Sign Language. Cognition 124, 50-65. 4. Curtiss, S. 1977. Genie: A Psycholinguistic Study of a Modern-Day “Wild Child”. New York: Academic Press. 5. DeKayser, R. & Larsson-Hall, J. 2005. Critical Period. In. Kroll, J. F., & de Groot, A. (Eds). Handbook of Bilingualism – Psycholinguistic Approaches. New York: Oxford Press 6. Mayberry, R.I. 1993. First Language Acquisiton After Childhood Differs From Second Language Acquisition: The Case of American Sign Language. Journal of Speech and Hearing Research, 36, 1258-1270. 7. Mayberry, R.I., & Lock, E. 2003. Age constraints on first versus second language acquisition: Evidence for linguistic plasticity and epigenesist. Brain and Language, 87, 369-384. 8. Muñoz, C. & Singleton, D. 2011. A critical review of age-related research on ultimate attainment. Language Teaching, 44 (1), 1-35. 9. Wartenburger, I., Heekeren, H.R., Abutalebi, J., Cappa, S.F., Villringer, A., & Perani. D. 2003. Early Setting of Grammatical Processing in the Bilingual Brain. Neuron, 37, 159-170. * [email protected] 102 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Gestuantes nativos e não nativos de língua gestual: uma contribuição ao debate da aquisição da linguagem Thaïs Cristófaro Silva*; Rosana Passos Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Faculdade de Letras, Brazil Resumo Falantes não nativos de línguas orais têm tendência a apresentar sotaque quando adquirem uma segunda língua (L2) (Scales, J., Wennerstrom, A., Richard, D., & Wu, S., 2006). Na pronúncia da L2, sabe-se que os falantes não nativos adquirem padrões segmentais e prosódicos noutra língua, de forma diferente dos falantes nativos (Bongaerts, T., van Summeren, C., Planken, B., & Schils, E., 1997). Os falantes nativos são, por isso, capazes de identificar um falante estrangeiro apenas pelo modo como a L2 é pronunciada (Fledge, 1992; Major, 2007). Desta forma, um falante nativo, sem qualquer formação específica, tem a capacidade de identificar um falante não nativo pelo seu desempenho oral. Uma questão relevante a ser colocada é se os gestuantes de uma língua gestual são capazes de identificar um gestuante não nativo. Esta comunicação pretende contribuir para esta questão, discutindo os resultados dos gestuantes da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). O estudo foi realizado com 28 gestuantes de LIBRAS, incluindo homens e mulheres, sendo a maioria surdos profundos (79%). Todos os participantes frequentaram a escola, no mínimo o ensino primário, e tiveram contacto com surdos e ouvintes. Foi pedido aos participantes que respondessem a um questionário escrito com perguntas com o objetivo de verificar se os participantes conseguiam identificar se o gestuante de LIBRAS era surdo ou não. As respostas indicaram que 85,6% dos participantes foram capazes de identificar, numa situação comunicativa, se a outra pessoa era surda ou não. Também relataram que a identificação foi realizada pela forma como a outra pessoa articulava os gestos em LIBRAS. Sugerimos que estes resultados indicam que a capacidade de identificar um gestuante de LIBRAS como nativo ou não nativo resulta da aquisição da linguagem. Os gestuantes de LIBRAS adquiriram a língua de nascença e, por isso, foram capazes de construir princípios gramaticais desta língua. Por outro lado, os gestuantes de LIBRAS como L2, embora gestuantes proficientes, não tiveram a capacidade dos gestuantes nativos. As questões teóricas desta afirmação são discutidas à luz de sistemas complexos (Larsen-Freeman, 2011). Trataremos de algumas questões futuras de investigação, que poderão resultar nas estratégias adotadas pelo gestuante da língua gestual para identificar outro gestuante nativo ou não nativo. Referências 1. Bongaerts, T., van Summeren, C., Planken, B., & Schils, E. 1997. Age and Ultimate Attainment in the Pronunciation of a Foreign Language. Studies in Second Language Acquisition, 19(04), 447–465. 2. Flege, J. E. 1992. Speech Learning in a Second Language. In: Ferguson, Charles A./Menn,Lise/Stoel-Gammon, Carol (Hrsg.): Phonological Development. Models, Research, Implications.Maryland, York Press: 565–604. 3. Larsen-Freeman, D. 2011. Complex, dynamic systems: A new transdisciplinary theme for applied linguistics? 2011. Language Teaching.Major R. C. 2007. Identifying a foreign accent in an unfamiliar language. Studies in Second Language Acquisition 29, 539–556. 4. Scales, J., Wennerstrom, A., Richard, D., & Wu, S. 2006. Language learners’ perceptions of accent. Tesol Quarterly, 40(4), 715-725. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 103 Native and non-native sign language users: a contribution to the language acquisition debate Thaïs Cristófaro Silva*; Rosana Passos Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Faculdade de Letras, Brazil Abstract Non native speakers of oral languages tend to present an accent when they acquire L2 (Scales, J., Wennerstrom, A., Richard, D., & Wu, S. (2006). Regarding pronunciation in L2 it is known that non-native speakers acquire segmental and prosodic patterns in another language in a way which is not the same as a native speaker (Bongaerts, T., van Summeren, C., Planken, B., & Schils, E. (1997). Native speakers of a given language are thus able to identify a foreigner speaker just by the way the L2 is pronounced (Fledge, 1992; Major, 2007). Thus, a native speaker, without any specific training, has the ability to identify a non-native speaker by s/he oral performance. A relevant question to be posed is whether sign language users are able to identify a non-native sign language user. This paper aims to be a contribution towards this issue by discussing results from users of LIBRAS (Brazilian Sign Language). The research was done with 28 LIBRAS users, including males and females, being that the vast majority was profound deaf (79%). All participants attended school at least for the elementary school and had wide social relations with deaf and non-deaf people. Participants were asked to answer a written questionnaire which posited questions as whether or not they were able to identify a LIBRAS user as deaf or not. The answers indicated that 85,6% of participants were able to identify, in a communicative situation, if the other person was deaf or not. They also reported that the identification was done by the way the other person articulated the signs when using LIBRAS. We suggest that this indicates that the ability to identify a LIBRAS user as native or not follows from language acquisition. LIBRAS users acquired it natively and thus were able to construct grammatical principles for the language. On the other hand, L2 LIBRAS speakers, although proficient in L2, did not have the ability of native speakers. Theoretical issues from this claim are discussed in the light of complex systems (Larsen-Freeman, 2011). We thus address some future research questions, which could address strategies adopted by the sign language user to identify the other speaker as native or not. References 1. Bongaerts, T., van Summeren, C., Planken, B., & Schils, E. 1997. Age and Ultimate Attainment in the Pronunciation of a Foreign Language. Studies in Second Language Acquisition, 19(04), 447–465. 2. Flege, J. E. 1992. Speech Learning in a Second Language. In: Ferguson, Charles A./Menn,Lise/Stoel-Gammon, Carol (Hrsg.): Phonological Development. Models, Research, Implications.Maryland, York Press: 565–604. 3. Larsen-Freeman, D. 2011. Complex, dynamic systems: A new transdisciplinary theme for applied linguistics? 2011. Language Teaching.Major R. C. 2007. Identifying a foreign accent in an unfamiliar language. Studies in Second Language Acquisition 29, 539–556. 4. Scales, J., Wennerstrom, A., Richard, D., & Wu, S. 2006. Language learners’ perceptions of accent. Tesol Quarterly, 40(4), 715-725. * [email protected] 104 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Uma análise do fenômeno “alternância de línguas” Na fala de bilíngues intermodais (libras e português) Aline Nunes de Sousa*, Ronice Müller de Quadros** Universidade Federal de Santa Catarina Resumo Um interessante fenômeno linguístico presente nas interações das pessoas bilíngues é a alternância de línguas (emmorey et al., 2005; lillo-martin et al., 2010; odlin, 2009; williams; hammarberg, 1998). Neste trabalho, estamos investigando a alternância da língua portuguesa oral com a língua de sinais brasileira – Libras, numa mesma cadeia enunciativa, com o objetivo de identificar e analisar o uso dessa alternância na fala de uma criança e de um adulto (ambos ouvintes, filhos de pais surdos), interagindo em uma situação de bilinguismo intermodal, com interlocutores surdos e ouvintes. A alternância de línguas, nesse caso, ocorre quando se para de falar em português e se passa a sinalizar. O presente trabalho se caracteriza como um estudo inicial, com análise qualitativa de dados. Fazem parte do nosso corpus nove sessões de interações em Libras e em português oral, gravadas em vídeo, pertencentes ao Projeto Desenvolvimento Bilíngue Bimodal da UFSC. Os dados revelam que as características da alternância de línguas pelo adulto e pela criança parecem ter semelhanças e diferenças. O sujeito adulto parece ter feito uso da alternância mais preocupado com o curso da interação. A criança, por sua vez, não parece tê-la usado com propósitos pragmáticos específicos. Quanto à extensão das alternâncias, pode-se perceber que tanto a criança quanto o adulto utilizaram enunciados maiores do que uma única palavra isolada. O papel dos interlocutores parece ter sido decisivo nas interações aqui investigadas – especialmente nas do adulto, já que a criança ainda está em processo de tomada de consciência do papel do interlocutor na interação. * [email protected] ** [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 105 An analysis of code-switching in bimodal bilinguals (Brazilian Sign Language and Portuguese) Aline Nunes de Sousa*, Ronice Müller de Quadros** Universidade Federal de Santa Catarina Abstract An interesting linguistic phenomenon that happens in the interaction among bilingual people is code-switching (emmorey et al. 2005; lillo-martin et al. 2010; odlin, 2009; williams; hammarberg, 1998). In this paper, we are investigating code-switching among oral Brazilian Portuguese and Brazilian Sign Language – Libras, in the same enunciative chain, intending to identify and analyze the use of code-switching in the speech of a child and of an adult (both hearing from deaf parents), interacting in an intermodal bilingual context, with deaf and hearing interlocutors. Code-switching in languages, in this case, occurs when a person stops to speak in Portuguese and he/she alternates to sign. The present research is an exploratory study with qualitative analysis. Our corpus is composed of nine sections of interactions in Libras and oral Brazilian Portuguese, recorded in video, part of the Bimodal Bilingual Development Project data, at UFSC. The data shows that adult and child’s characteristics of code-switching seem to have similarities and differences. The adult seems to be more worried about the course of the interaction when she switches. On the other hand, the child did not seem to use code-switching for specific pragmatic reasons. In regard to the switching extension, we noticed that both the child and the adult used more than one word sentences. The role of the interlocutors seems to be decisive in the interactions investigated here – especially the ones with the adult, since the child is still acquiring awareness about the role of the interlocutor in an interaction. * [email protected] ** [email protected] 106 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Instrumentos lingüísticos tecnológicos de gramatização das línguas de sinais: sistema SignWriting Marianne Rossi Stumpf* Universidade Federal de Santa Catarina Resumo Como instrumento simbólico, a escrita de sinais pode ser o suporte cognitivo fundamental que está faltando aos surdos para tornar sua educação um processo racional e efetivo. As investigações psicogenéticas da aprendizagem da escrita e da leitura que tiveram início em fins da década de 70 fizeram com que as propostas didáticas, a partir de então, estivessem centradas em fazer da criança e da classe escolar sujeitos ativos, participantes e protagonistas do processo de aprendizagem. A lectoescrita requer um envolvimento autônomo e ativo com o texto impresso e destaca o papel do indivíduo no gerar, receber e atribuir interpretações independentes às mensagens. A criança vai à escola principalmente para aprender a ler e escrever. É coerente que a criança que usa a língua de sinais possa aprender a ler e escrever nessa mesma língua. A língua é a face mais visível de uma cultura. A língua de sinais é parte da cultura surda que compreende ainda outros fatores. Desde que comecei a trabalhar com a escrita das línguas de sinais utilizando o sistema SignWriting, adaptado à libras em 1996, essa escrita tornou-se cada vez mais mencionada e pesquisada, não só no Brasil mas em um grande número de países, onde o ressurgimento da visibilidade das pessoas surdas pelo reconhecimento de suas línguas, tem apontado como caminho natural a busca de uma escrita para essas línguas. Esse crescimento não tem acontecido apenas por razões políticas, muito mais, por razões empíricas. Conformes com os resultados das pesquisas que, quando focadas na aquisição da escrita de sinais mostram muito mais resultados positivos do que negativos. A aprendizagem da escrita dos sinais, comprovadamente, permite aos surdos a realização de processos metacognitivos e aperfeiçoamento dos conhecimentos sobre sua própria língua. Os sistemas de escrita existentes destinados a representar as línguas de sinais mostraram muitas falhas. O sistema SignWriting parece ser o melhor sistema entre os existentes, visto que apesar de sua aparente complexidade, parece ser fácil de usar por usuários treinados surdos embora necessite muitas melhorias . Os conceitos de interlíngua e de construção criativa permitem supor que abordagens mais eficientes que incluam um melhor conhecimento da língua natural, ancorada em sua escrita, possa aumentar o acesso do surdo também à língua oral de seu país em sua forma escrita. Referências 1. Quadros, r. 2000.. Alfabetização e o ensino da língua de sinais. Textura, Canoas, 3, 53-62. 2. Calgliari, luiz. 2002.Alfabetização & Linguística. São Paulo: Editora Scipione,. 3. Capovila, f. Raphael, W. 2001.Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue Língua de Sinais Brasileira – VOL. II: M a Z, USP. 4. Chomsky, N. Language and Responsibility. 1979. New York, Pantheon, Trad. Fr. Langue linguistique politiqye: dialogues avec Mitsou Ronat, Paris, Flammarion, I Ed. 1977. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 107 Aspects of reading and signwriting: case studies with deaf students of basic education and deaf and hearing university Marianne Rossi Stumpf* Universidade Federal de Santa Catarina Abstract The signwriting is a system that records the sign language as the first language used by deaf people and so can be called, in some cases, the second language used by hearing individuals. The development general goal of the research is to identify the elements that compose the comprehension and production of texts in signwriting, which contributed to the preparation of this dissertation. There were six specific objectives in this research: (1) compare children who are learning to read and write in sign language with adult college students learning to read and write in Sign Language, (2) compare deaf and hearing college students who are learning to read and write the Sign Language, (3) identify the elements that constitute the reading of a written sign(hand configurations, movements, non-manual marking, the marking of space, punctuation), (4 ) to identify which elements are produced in a written sign, (5) analyze the relationship of phonological awareness with the signwriting texts production, (6) analyze the structure of a text produced in signwriting considering aspects of cohesion and coherence. These goals contribute to the learning of that referred writing and reading, as well in the analysis of the observations and researches conducted through questionnaires administered in the mentioned categories, while in the classroom. From the results obtained, we identified important elements such as: text organizing, facilitating communication of readers, relevant answers, and especially the creative output of each individual which contributed to achieve the main specific goal of this dissertation, that is the form and method of the ludic to be adopted in the literacy of people in “SignWriting.” References 1. Quadros, r. 2000.. Alfabetização e o ensino da língua de sinais. Textura, Canoas, 3, 53-62. 2. Calgliari, luiz. 2002.Alfabetização & Linguística. São Paulo: Editora Scipione,. 3. Capovila, f. Raphael, W. 2001.Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue Língua de Sinais Brasileira – VOL. II: M a Z, USP. 4. Chomsky, N. Language and Responsibility. 1979. New York, Pantheon, Trad. Fr. Langue linguistique politiqye: dialogues avec Mitsou Ronat, Paris, Flammarion, I Ed. 1977. * [email protected] 108 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Desenvolvimento bilingue bimodal de crianças surdas com implantes cocleares: estudo longitudinal de vários casos Ritva Takkinen* Department of Languages / Sign Language Centre, University of Jyväskylä, Finland Resumo Nesta comunicação discute-se a aquisição bilingue bimodal de crianças surdas com implantes cocleares. Os pais das crianças que participaram no estudo iniciaram a aprendizagem da língua gestual após ser diagnosticada a perda auditiva das crianças. Depois das crianças terem recebido o implante coclear, iniciaram a aprendizagem da língua oral. Após a implantação, os pais utilizaram em casa mais a língua oral que a língua gestual, embora, a língua gestual fosse utilizada em determinadas situações, e frequentaram 3 a 4 vezes por ano um programa de língua gestual. Este é um estudo longitudinal que acompanha as mudanças das capacidades da linguagem e da comunicação, e o uso das línguas no ambiente das crianças. Esta comunicação apresenta o percurso de desenvolvimento durante um período de cinco anos e responde às questões: Como é que duas línguas de modalidades diferentes se desenvolvem em crianças com implantes cocleares? Que tipo de características individuais são detetadas no período de desenvolvimento durante os cinco anos? Que tipo de fatores parecem afetar o desenvolvimento em cada criança? As idades das crianças durante este período de acompanhamento foram: 7;06 -12;06, 4;06 – 9;03, e 2;09 – 7;06. Os dados em FinSL (Língua Gestual Filandesa) foram recolhidos com recurso a filmagens de conversas entre a criança e o adulto surdo gestuante nativo, e os dados recolhidos na língua finlandesa resultam de filmagens entre a criança e o adulto ouvinte falante nativo de finlandês. Os dados da língua gestual foram anotados com o programa ELAN e os dados do finlandês com o CLAN. A análise incidiu sobre os seguintes aspetos de ambas as línguas: vocabulário, extensão dos enunciados, flexão verbal e nominal, articulação, compreensão da fala/gesto do adulto e interação. Após cinco anos de acompanhamento, as duas crianças mais velhas não apresentavam nenhuma das línguas a um nível normal para a sua idade. O finlandês mostrou ser a língua mais forte, embora as crianças tenham demonstrado ter boas capacidades comunicativas em FinSL. Na terceira criança, a mais nova, o finlandês desenvolveu-se com normalidade, mas as suas capacidades de compreensão e de comunicação em FinSL eram fracas, correndo o risco de se perderem. Serão discutidos com maior pormenor fatores de ambiente linguístico, como também outros aspetos que afetem o desenvolvimento de cada língua. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 109 Bimodal bilingual development of deaf children with a cochlear implant: a longitudinal multi-case study Ritva Takkinen* Department of Languages / Sign Language Centre, University of Jyväskylä, Finland Abstract This paper discusses the bimodal bilingual acquisition of deaf children using a cochlear implant. The parents of the children who participated the research started to study sign language after the hearing loss of their child was diagnosed. After the children received cochlear implants the children have also started to acquire a spoken language. After the implantation, the parents have focused more on spoken language signing at home, however, they have still used sign language in certain situations and attended to a sign language project 3 to 4 times a year. This is a longitudinal study that follows the changes of the language and communication skills, and also the use of these languages in the environment of these children. This paper presents the course of development during the period of five years and answers the questions: How do the two languages of different modalities develop beside each other in children with CI? What kind of individual features are seen in the course of development during five years? What kind of factors seem to affect the development in each child? The ages of the children during this follow-up were 7;6 – 12;6, 4;6 – 9;3, and 2;9 – 7;6. The language data for FinSL were collected by videotaping the discussions between the child and a deaf adult native signer, and the language data for Finnish were collected by videotaping discussions between the child and a hearing adult native speaker of Finnish. The sign language data ware annotated by ELAN program and the data for Finnish by CLAN. The analysis focused on the following aspects in both languages: vocabulary, the length of utterances, the inflection of verbals and nominals, articulation, comprehension of adult’s speech/signing, and interaction. After five-year follow-up, for the two oldest children, neither of the languages was at the normal age level. Finnish was the stronger language but also in FinSL both of the children had fairly good communicative skills. For the third, the youngest child, Finnish was normally developed. Her comprehension and communication skills of FinSL were weak, and there is a risk of her losing the signing skills altogether. In the presentation, also the factors in the linguistic environment as well as other factors affecting the development of each language will be discussed more closely. * [email protected] 110 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 O caminho para a aprendizagem da língua é icónico: evidências da Língua Gestual Britânica Robin L. Thompson*, David Vinson, Bencie Woll, Gabriella Vigliocco Deafness, Cognition and Language Research Centre, Cognitive, Perceptual and Brain Sciences Research Department, UCL, London Resumo As línguas são sistemas altamente complexos que, no entanto, a maioria das crianças adquire com facilidade e na ausência de instrução formal. A ligação arbitrária entre a forma de uma palavra e o seu significado, geralmente considerada como uma característica universal da linguagem, aparece como uma característica particularmente desafiadora da aquisição. Arbitrariedade significa que a criança a adquirir uma língua deve resolver o problema de como mapear palavras, símbolos convencionados que não estão significativamente relacionados com o mundo, para a experiência humana ou significado. No entanto, mapeamentos icónicos (não-arbitrários) entre as propriedades do significado e as características fonológicas das formas das palavras também estão amplamente presentes em todas as línguas, especialmente nas línguas gestuais. Embora investigações recentes tenham revelado um papel para a iconicidade do gesto no processamento da linguagem, investigação sobre o papel da iconicidade no desenvolvimento da língua gestual tem sido variada. No presente estudo examinámos até que ponto a iconicidade desempenha um papel na determinação de que gestos as crianças mais novas (11-30 meses) compreendem e produzem. Analisámos uma grande amostra de relatos parentais (apenas de pais surdos) sobre a produção e compreensão de gestos de crianças surdas através do Inventário de Desenvolvimento Comunicativo (CDI, Woolfe, Herman, Roy, Woll, 2010) da Língua Gestual Britânica (BSL). Os resultados revelam que a iconicidade facilita a aprendizagem da língua gestual desde o início do desenvolvimento, tornando os gestos icónicos mais fáceis de aprender. Mais especificamente, a iconicidade prevê a compreensão e produção precoce do gesto, mesmo tendo em conta a familiaridade, a complexidade fonológica, transposição para imagem, características concretas, e o tipo de etiquetas que as crianças adquirem interlinguisticamente (usando dados do inglês britânico CDI, Hamilton et al., 2000). As ligações icónicas entre a nossa experiência percetivo-motora do mundo e a forma de um gesto provavelmente fornecem um mecanismo de imitação que sustenta a aquisição gestual precoce (i.e., destacando a semelhança motora e percetiva entre ações e gestos, tal como o gesto BEBER que é produzido pela inclinação de uma mão curvada para a boca, simulando o movimento de segurar um copo e beber a partir dele). É importante ressaltar que estes resultados da língua gestual também podem ser aplicados às línguas orais, onde gestos não linguísticos, tom de voz, flexão e comunicação face-a-face podem ajudar a tornar a ligação entre as palavras e os seus significados menos arbitrária. Sugerimos que, apesar do foco tradicional na arbitrariedade da língua, a iconicidade é também uma propriedade fundamental de todas as línguas, proporcionando estruturas (um meio termo) que ligam a “grande divisão” entre forma linguística e experiência física para a aprendizagem tanto de uma língua gestual como de uma língua oral. Referências 1. Hamilton, A., Plunkett, K., & Schafer, G. (2000). Infant vocabulary development assessed with a British Communicative Development Inventory. Journal of Child Language, 27, 689–705. 2. Woolfe, T., Herman, R., Roy, P., Woll, B. (2010). Early vocabulary development in deaf native signers: a British Sign Language adaptation of the communicative development inventories. Journal of Child Psychology, 51, 322-331. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 111 The road to language learning is iconic: evidence from British Sign Language Robin L. Thompson*, David Vinson, Bencie Woll, Gabriella Vigliocco Deafness, Cognition and Language Research Centre, Cognitive, Perceptual and Brain Sciences Research Department, UCL, London Abstract Languages are highly complex systems that, nonetheless, most children acquire easily and in the absence of formal instructions. The arbitrary link between a word’s form and its meaning, generally considered to be a universal feature of language, appears as a particularly challenging feature of acquisition. Arbitrariness means that a child acquiring a language must solve the problem of how to map words, conventionalized symbols that have no meaningful links to the world, onto human experience or meaning. However, iconic (non-arbitrary) mappings between properties of meaning and phonological features of word forms are also widely present across languages, especially signed languages. While recent research has shown a role for sign iconicity in language processing, research on the role of iconicity in sign language development has been mixed. In the present study we examined the degree to which iconicity plays a role in determining which signs very young children (11-30 months) comprehend and produce. We analysed a large sample of parental reports (from deaf parents only) of deaf children’s sign production and comprehension from the British Sign Language (BSL) Communicative Development Inventory (CDI, Woolfe, Herman, Roy, Woll, 2010). The results show that iconicity facilitates sign learning from early development, rendering iconic signs easier to learn. More specifically, iconicity predicts early sign comprehension and production even taking into account familiarity, phonological complexity, imagability, concreteness, and the type of labels children acquire cross-linguistically (using data from British English CDI, Hamilton et al. 2000). The iconic links between our perceptual-motor experience of the world and the form of a sign likely provide an imitative mechanism to support early sign acquisition (i.e., highlighting motor and perceptual similarity between actions and signs such as the sign DRINK which is produced by tipping a curved hand to the mouth simulating holding a cup and drinking from it). Importantly, these results from sign language can also be applied to spoken languages, where gestures, tone of voice, inflection, and face-to-face communication can help make the link between words and their meanings less arbitrary. We suggest that despite the traditional focus on arbitrariness in language, iconicity is also a fundamental property of all languages, providing scaffolding (a middle-ground) to bridge the “great divide” between linguistic form and bodily experience for both sign language and spoken language learners. References 1. Hamilton, A., Plunkett, K., & Schafer, G. 2000. Infant vocabulary development assessed with a British Communicative Development Inventory. Journal of Child Language 27, 689–705. 2. Woolfe, T., Herman, R., Roy, P., Woll, B. 2010. Early vocabulary development in deaf native signers: a British Sign Language adaptation of the communicative development inventories. Journal of Child Psychology 51, 322-331. * [email protected] 112 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Aspectos da leitura e escrita de sinais: estudos de caso com alunos da educação básica e de universitários e ouvintes Débora Campos Wanderley* Universidade Federal de Santa Catarina Resumo A escrita de sinais, SignWriting, é um sistema de escrita que registra a língua de sinais, como primeira língua usada por sujeitos surdos e assim pode-se denominar, em algumas vezes, a segunda língua usada por sujeitos ouvintes. O desenvolvimento do objetivo geral da pesquisa é identificar os elementos que constituem a compreensão e a produção dos textos em escrita de sinais, os quais contribuíram para a elaboração desta dissertação. Os objetivos específicos desta pesquisa foram seis: (1) comparar crianças, que estão aprendendo a ler e escrever a Língua de Sinais, com adultos universitários aprendendo a ler e escrever Língua de Sinais; (2) comparar surdos e ouvintes universitários, que estão aprendendo a ler e escrever a Língua de Sinais; (3) identificar quais os elementos que constituem a leitura de um sinal escrito (as configurações de mãos, os movimentos, a marcação não-manual, a marcação do espaço, a pontuação); (4) identificar quais os elementos que são produzidos em um Sinai escrito; (5) analisar a relação da consciência fonológica com a produção dos textos escritos em sinais; (6) analisar a estrutura de um texto produzido em escrita de sinais considerando aspectos da coesão e da coerência. Tais objetivos contribuíram para o aprendizado das pesquisas realizadas através de questionários, aplicados nas citadas categorias, em sala de aula. A partir dos resultados obtidos, foram identificados importantes elementos, como: organização de textos, facilitadores de comunicação dos leitores, respostas relevantes e, principalmente, a produção criativa de cada sujeito que contribuiu para alcançar o principal objetivo específico desta pesquisa, ou seja, a forma e o método do lúdico a ser adotado na alfabetização de pessoas em “Escrita de Sinais” Referências 1. Quadros, R. 2000. Alfabetização e o ensino da língua de sinais. Canoas: Textura n.3, 53-62. 2. Calgliari, L. 2002. Alfabetização & Linguística. São Paulo: Editora Scipione. 3. Capovila, F. Raphael, W. 2001. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue Língua de Sinais Brasileira. VOL. II: M a Z, USP. 4. Chomsky, N. 1977. Language and Responsibility. New York, Pantheon, 1979. Tradução. Francesa de Langue linguistique politiqye: dialogues avec Mitsou Ronat. Paris, Flammarion, I Ed. * [email protected] Cade rnos d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq u i si çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 1 3 113 Aspects of reading and signwriting: case studies with deaf students of basic education and deaf and hearing university Débora Campos Wanderley* Mestre de Linguística na Universidade Federal de Santa Catarina Abstract Signwriting is a system that records sign language as the first language used by deaf people and so it can be called, in some cases, the second language used by hearing individuals. The general goal development of the research is to identify the elements that compose the comprehension and production of texts in signwriting, which contributed to the grounding of this dissertation. There were six specific objectives in this research: (1) compare children who are learning to read and write in sign language with adult college students learning to read and write in Sign Language, (2) compare deaf and hearing college students who are learning to read and write Sign Language, (3) identify the elements that constitute the reading of a written sign (hand configurations, movements, non-manual marking, the marking of space, punctuation), (4) to identify which elements are produced in a written sign, (5) analyze the relationship of phonological awareness with the signwriting texts production, (6) analyze the structure of a text produced in signwriting considering aspects of cohesion and coherence. These goals contributed to the learning of that referred writing and reading, as well as the analysis of the observations and researches conducted through questionnaires administered in the mentioned categories, while in the classroom. From the results obtained, we identified important elements such as: text organization, facilitating communication of readers, relevant answers, and especially the creative output of each individual which contributed to achieve the main specific goal of this dissertation, that is the form and method of the ludic to be adopted in the literacy of people in "SignWriting." Keywords: Writing. Reading. Phonological Awareness. Textual process. References 1. Quadros, R. 2000. Alfabetização e o ensino da língua de sinais. Canoas: Textura n.3, 53-62. 2. Calgliari, L. 2002. Alfabetização & Linguística. São Paulo: Editora Scipione. 3. Capovila, F. Raphael, W. 2001. Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue Língua de Sinais Brasileira. VOL. II: M a Z, USP. 4. Chomsky, N. 1977. Language and Responsibility. New York, Pantheon, 1979. Tradução. Francesa de Langue linguistique politiqye: dialogues avec Mitsou Ronat. Paris, Flammarion, I Ed. * [email protected] 114 Cad e rn o s d e S a ú d e Vo l u m e 6 Aq ui s i çã o d a s L í n g ua s G es tua i s / S i g n La n g ua g e Acq ui s ti o n 2 0 13 Estatuto Editorial Os Cadernos da Saúde (Cadernos) são o órgão oficial do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa. O seu estatuto redactorial orienta-se pelos valores morais e deontológicos da Universidade Católica Portuguesa, e respeita a praxis ética da comunidade científica internacional. Os Cadernos são uma revista de periodicidade semestral, que tem por objectivo divulgar, de forma transversal e integrada, produção científica original nas áreas das ciências da saúde, da educação médica ou da intervenção social envolvendo o bem-estar das populações. Serão aceites para publicação artigos originais, artigos de opinião ou de revisão, cartas ao Editor, e resumos de projectos de investigação realizados no âmbito de pós-graduações, de dissertações de mestrado ou de doutoramento. Os artigos acatarão as recomendações éticas da Declaração de Helsínquia http:// www.wma.net/e/policy/b3.htm, e as normas internacionais de protecção animal. Os artigos submetidos serão avaliados por revisores escolhidos pelo Conselho Científico, assumindo-se que não foram aceites para publicação em outras revistas. Os artigos enviados a pedido dos Editores ficam apenas sujeitos ao estatuto editorial dos Cadernos. As opiniões expressas não são necessariamente coincidentes com as do Editor, Conselho Redactorial ou Proprietário dos Cadernos. Assim, estes não podem ser responsabilizados por quaisquer erros ou consequências resultantes do uso da informação impressa na revista. Instruções para os Autores O Manuscrito deve ser enviado por correio ou e-mail para: Cadernos de Saúde, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Católica Portuguesa, Palma de Cima, 1649-023, Lisboa, Portugal [email protected] Os direitos de publicação dos artigos publicados (copyright) passarão a ser propriedade dos Cadernos de Saúde, para permitir a sua mais larga difusão. 1. Preparação do artigo O artigo poderá ser publicado em português, espanhol ou inglês. O manuscrito deverá ser formatado em tamanho A4, fonte Arial, regular, corpo 12, espaçado a 2 linhas, com uma margem de 3cm em todos os contornos. Todas as páginas devem ser numeradas. Cada artigo não deve exceder 165.000 caracteres incluindo espaços. Gráficos, fotografias ou quadros correspondem aproximadamente a 1000 caracteres. Os Cadernos seguem as orientações dos “Requisitos Uniformes para Apresentação de Manuscritos e Revistas Médicas” – Normas de Vancouver, 5ª Edição, http:// www.icmje.org/. 2. Preparação dos Manuscritos A Primeira Página deverá incluir o título do manuscrito, o nome dos autores e respectivas Instituições, a morada de contacto, o E-mail, o telefone e o fax do primeiro autor, o resumo do artigo e as palavras-chave. Eventuais fontes de financiamento devem ser citadas. Deve também ser referido se o trabalho a publicar tiver sido realizado no âmbito de pós-graduação, mestrado ou doutoramento. O Título do artigo no idioma original e em inglês não deverá exceder os 150 caracteres. O Resumo será redigido no idioma original e em inglês. Serão apresentados, sempre que possível, a Introdução, os Materiais e Métodos, os Resultados e as Conclusões. As Palavras-chave (3 a 7) para indexação serão apresentadas segundo o normativo do Medical Subject Headings do Index Medicus, no idioma original e em inglês. O Texto Principal deverá individualizar sempre que possível a Introdução, os Materiais e Métodos, os Resultados, a Discussão e as Conclusões. Tratando-se de um trabalho experimental, este deverá ter sido aprovado pela Comissão de Ética da Instituição respectiva. Os Quadros ou Fotografias e as respectivas legendas serão enviadas como texto à parte. Numerados respectivamente em algarismos romanos e árabes, deverão ser apresentados um por página, assinalando-se no texto o local de inserção aproximada. Serão publicados a preto e branco. Os artigos submetidos para publicação que se socorram de quadros ou imagens não originais deverão ser devidamente referenciados, e acompanhados da respectiva autorização de publicação, a obter pelos autores. A Bibliografia seguirá as orientações do Documento de Vancouver, apresentadas em http://www.icmje.org/. A Revisão anónima dos artigos submetidos será realizada por dois revisores. Os Autores receberão 3 exemplares gratuitos do artigo publicado. Editorial Policy Cadernos de Saúde (Cadernos) is the official journal of the Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa Its editorial policy follows the moral and deontological values of the University, and respects the ethical praxis of the international scientific community. Cadernos is a biannual journal, whose objective is to divulgate original scientific work in the areas of health sciences and medical education. It publishes original, revision or opinion articles, letters to the editor, or resumes of original research conducted during post graduation, M.Sc. or doctoral investigation in all areas of health science, education or social work related to promotion of healthcare of population. Articles will agree to the Ethical Principles for Medical Research Involving Human Subjects defined by the Declaration of Helsinki, http://www.wma. net/e/policy/b3.htm, as well as the international directives for the protection of animals used in experimental and other scientific purposes. Papers submitted to publication will be peer reviewed, assuming that they have not been submitted / accepted for publication or published in another scientific Journal. Papers presented by editorial invitation will only accord to the Cadernos’s Editorial Policy. The opinions expressed do not necessarily express those of the Publisher, Editor or the Editorial Board. Therefore, they cannot be held responsible for errors or any consequences arising from the use of information contained in this journal. Notes for Contributors Manuscript should be sent by post or e-mail to: Cadernos de Saúde, Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Católica Portuguesa, Palma de Cima, 1649-023, Lisboa, Portugal [email protected] Copyright of the articles published will be transferred to Cadernos de Saúde, to enable the publisher to fully disseminate the author’s work. 1. Submission of the Manuscript Articles may be published in Portuguese, English or Spanish. Manuscript should be formatted in size A4, font Arial; regular, size 12, double line spacing, 3cm margin. All pages should be numbered. The article should not exceed 165.000 characters (including spaces). Each table, graphic or image will be counted as 1000 characters. Cadernos follow the guidelines summarised in “Uniform Requirements for Manuscripts submitted to Biomedical Journals”, known as “Vancouver Rules”, 5th edition, http://www.icmje.org/. 2. Preparation of Manuscripts The Title Page will include the article’s complete title, the name(s) of the author(s) and their working Institutions; the contact address, telephone, fax and e-mail of the first author; the abstract and key words. Eventual Sponsorship and/or finance contributions should be mentioned. It should also mention if it summarizes investigation conducted during post graduation, or to obtain a M.Sc. or PhD degree. The Title should be written in English and in the original language, should not exceed 150 characters. The Abstract will be written in the original language and in English, organized whenever possible following the sequence: Introduction, Material and Methods, Results, Discussion and Conclusions. Key-words (3 to 7) will be presented according to Medical Subject Headings (MeSH) of the Index Medicus, in the original language and in English. Main Text will follow, whenever possible, the items: Introduction, Material and Methods, Results, Discussion and Conclusions. Experimental work must include reference to approval of the Ethic Committee of the Institution(s) involved. Tables and images, numbered in Roman and Arabic characters will be published in black and white. They should be presented separately, one per sheet, numbered and identifying the names of the main author. The authors should be indicated their approximate position in the Main Text. Non original tables, graphics or figures should clearly indicate the original source, and the authors should provide a document of authorization for using. Bibliography will follow the “Vancouver Rules”, presented in http://www. icmje.org/ Reviewing will be performed anonymously performed by two experts chosen by the Editors. Cadernos de Saúde NÚMERO ESPECIAL VOLUME 6