Título: Releitura da Arte Moderna através do Graffiti Alunas: Débora Cozini Silva e Jociara Silva dos Santos Curso: Artes Visuais. Disciplina: Prática de Ensino da Arte no Ensino Médio Professora: Gerda Margit Schütz Foerste. Escola: “ Clóvis Borges Miguel” Endereço: Rua dos Estudantes s/n.º- Serra - SEDE Público alvo: 16 alunos até 17 anos Período: 24/11 e numa carga horária de 09 horas Introdução: O Graffiti surgiu em um bairro de Nova York do Bronx no fim dos anos 60, os primeiros grafiteiros escreviam não apenas em muros, como também em laterais de ônibus, pois visavam passar sua mensagem para o maior número de pessoas possível. Estes artistas urbanos estavam ligados não somente a cultura Hip Hop como também ao contexto da dança de rua conhecida como Break. No Brasil o movimento tomou força a partir da década de 80, fortalecendo-se ainda mais nos anos 90. Apesar de ter sido vista em um primeiro momento como um ato de vandalismo, essa linguagem passou a ser conhecida como uma forma de comunicação artística, com forte caráter de contestação e imersa dentro do cenário das grandes metrópoles. Contudo a força desta forma de expressão não se limitaria aos espaços urbanos públicos, de fato o que se observou foi o surgimento de artistas plásticos ligados a este contexto. Um exemplo do reconhecimento desta estética pôde ser constatado quando o norte-americano Kenny Scharf participou da Bienal de São Paulo de 1983 e nesse mesmo ano realizou no MAC-USP um painel com cores fortes e sua gestualidade característica. A legitimidade do grafite no circuito oficial da arte tornou conhecidos em nível internacional nomes como Keith Haring e Jean-Michel Basquiat. No Brasil, as imagens de Alex Vallauri, do grupo Tupi não dá, Hudinilson Júnior, entre tantos outros, tomaram as ruas espalhando enigmas pelos muros da cidade. Ao abordar este tema os educadores também podem estimular uma referência à pintura muralista da Arte Românica, visto que neste significativo momento da história da arte os muros das construções eram utilizados intensamente como espaços a serem preenchidos com pinturas. Na verdade o próprio termo Graffiti vem do italiano graffiti que é plural de grafito. Grafito significa em latim e italiano escritas feitas em carvão. Na Roma antiga eram feitas escritas com carvão nos muros de suas construções que variavam desde manifestações de protesto até divulgação de leis ou acontecimentos públicos, ou seja, esta era uma forma de comunicação válida. Justificativa: Esse projeto visa promover uma iniciativa cultural, onde os alunos mostrem suas preocupações, esperanças, valores e as memórias da comunidade em que vivem. A exposição será composta por painéis, todos releituras grafitadas de obras clássicas do Modernismo. A idéia de grafitar os painéis de madeiras na escola surgiu porque o grafite está nas ruas, nos becos e não em espaços fechados. A escolha do Movimento Moderno do Brasil se deu pelo seu teor de crítica social: a denúncia da miséria contida nas obras de Portinari e a Antropofagia, nas obras de Tarsila, etc. O Modernismo foi importante para o resgate e para a busca de uma linguagem muito particular das artes plásticas, trabalhando elementos da cultura nacional. O graffiti feito no Brasil não tem elementos que o caracterizem e o diferenciem de outros feitos no exterior. O projeto propõe uma discussão desse aspecto e realizar avanços nesse sentido, de agregar ao graffiti nacional elementos da cultura brasileira. Com o Modernismo os alunos poderão descobrir elementos plásticos e temáticos próximos à realidade vivenciada por eles, pois o graffiti está presente nas vidas dos alunos, é uma expressão da periferia e o Modernismo, como o graffiti, é uma expressão artística contemporânea e nelas são abordados muitos temas sociais. A exposição, as releituras e as obras brasileiras podem ter um resultado significativo das ações de arte muito além das mostras, efetuando um processo de conscientização e possibilitando a reflexão sobre a estética urbana, com o objetivo de valorização da arte no espaço publico e privado. Objetivo Geral: Estimular um novo olhar para o meio urbano, contribuindo com uma experiência prática e artística de transformação desse meio, no caso a escola, através do graffiti. Objetivo Específico: Tomar conhecimento de alguns artistas e obras da arte Moderna brasileira Escolher entre as obras a mais significativa para iniciar a releitura Estudar sobre as novas formas de linguagem da pintura contemporânea Despertar a consciência de cada integrante do projeto em relação ao seu meio Promover os valores: prazer, respeito, estético e a criatividade Conteúdo: Arte Moderna. Técnica do Graffiti Metodologia: 24/11 das 8:00 às 17:00 8: 10 Iniciaremos a aula nos apresentando e depois falaremos sobre a diferença de uma pichação e um Graffiti mostrando alguns exemplos através do Data show. A pichação em nossa sociedade possui uma conotação de vandalismo, pois não é mais uma contestação como na década de 60, é apenas um diálogo mudo entre gangues de adolescentes, em busca de um poder sem sentido. O que acontece nesse caso é um monólogo, ou seja, um código reconhecido apenas dentro de um grupo. Já o Graffiti é uma forma dos integrantes de um determinado grupo se comunicar com a sociedade em que vivem, tornando-se hoje até mesmo um meio de capacitação profissional, através da criatividade e de muita preocupação estética, sempre elaborando com elementos que se integram na pintura como elementos externos a ela, como as fuligens das ruas, a integração corporal do pedestre junto ao barulho dos automóveis. Logo após essa explicação mostraremos o DVD “Cores Urbanas”. Depois mostraremos as imagens da Arte Moderna falaremos o que representou o movimento, e sobre a proposta e explicaremos o que é releitura. 10:00 intervalo 10:30 falar sobre a técnica do grafite os meios de utiliza-la. 12:00 pausa para o almoço. 13:00 desenvolver os painéis. 15:00 intervalo de meia hora 17:00 finalização do projeto. Planilha de custos Material* Xerox colorida Cd Impressão P/B Impressão fotos coloridas Transporte Jociara Transporte Débora Quantidade 04 01 17 10 Valor unitário R$ 1,50 0,99 0,50 0,85 Valor total 6,00 0,99 8,50 8,50 08 1,85 14,80 08 1,85 14,80 Total geral 53,59 *Obs.: dentro do projeto Escola Aberta a Unesco paga todo o material de oficina. Cronograma físico - financeiro: Ações Mês 1 Mês 2 Mês 3 Total Observação 21,30 Estágio 22,29 Relatório 10,00 Total geral 53,59 Avaliação: A avaliação será feita com a análise da participação dos alunos, a elaboração dos painéis e da exposição dos mesmos. Bibliografia: AGUILAR, Nelson (org.). Mostra do redescobrimento: arte moderna. Fundação Bienal de São Paulo, São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000. FUNARI, Pedro Paulo. Cultura Popular na Antigüidade Clássica. Grafites e arte, erotismo, sensualidade e amor, poesia e cultura. São Paulo: Contexto, 1989. RAMOS, Célia Maria Antonacci. Grafite, pichação e cia. São Paulo: Anna Blume, 1994. SILVA, Fernando Pedro da. Arte pública: diálogo com as comunidades. Belo Horizonte: C/Arte, 2005. Vida de barro duro:cultura popular juvenil e grafite. Audiovisual / DVD TINOCO, Eliane de Fátima Vieira, coord. MARTINS, Mirian Celeste & PICOSQUE, Gisa. Cores Urbana/ Instituto Arte na Escola. São Paulo: Instituto Arte na Escola, 2005. Internet Os sites abaixo foram acessados em 04/10/2007 www.graffiti.org.br www.historiadaarte.com.br/graffiti.html http://www.artgaragem.com.br/grafite/index.htm Relatório Final Escola aberta (24/11) Quando chegamos à escola fomos muito bem recebidas pelos alunos que já se encontravam animados e curiosos pela a arte de grafitar. Demos assim então, inicio as atividades propostas. No primeiro momento apresentamos o nosso projeto aos alunos. Começamos a desenvolve nosso projeto por etapas. Na primeira etapa mostramos aos alunos a diferença de uma pichação para o Graffiti. Eles demonstraram muito interesse e algumas dúvidas, que ao longo da explicação foram esclarecidas. Logo após das explicações exibimos o DVD “Cores Urbanas”. Em seguida, mostramos as imagens da Arte Moderna falamos o que esse movimento representou e o que era fazer uma releitura. Com todos os conceitos já estabelecidos os alunos se separaram em dois grupos e cada grupo escolheu uma obra. As obras escolhidas foram o “Abaporu” (1928) de Tarsila de Amaral e “Meninos com carneiro” (1959) de Portinari. Escolhidas as obras, explicamos alguns conceitos básicos do manuseio e da utilização do material. Numa conversa nos propomos aos alunos que seria uma boa idéia optar pela elaboração do trabalho se fosse primeiramente desenvolvido e croqui antes de grafitarmos os painéis. Os adolescentes logo concordaram que seria mais fácil conseguir desenvolver melhor suas releituras se testassem representa depois de algumas tentativas. Com os croquis definidos os adolescentes começaram a elaboração dos painéis. Nesse processo colocamos música para o trabalho proceder melhor, já que sabemos que o graffiti tem uma forte influência do hip-hop que pode contribuir para o estudo de História da Arte na periferia e propiciar o diálogo entre diferentes movimentos culturais. Nesse processo nos achamos bastante interessante o envolvimento dos alunos que estavam bastante agitados e concentrados. Olhando os croquis perguntamos por que os grupos tinham definido que essa seria a releitura executada. O grupo que escolheu o “Abaporu” de Tarsila nos relatou que depois de discutirem a idéia decidiram expor seu trabalho com a seguinte frase “Olhamos a figura do Abaporu e imaginamos uma criança que vive nas periferias, marginalizado, por isso, retratamos ele desse jeito...” (Liliane, 15 anos). Já o grupo que escolheu a obra “Meninos com carneiro” de Portinari nos narrou que eles preferiram essa obra porque lembrava uma cena do cotidiano vivenciada por eles. “... Quando vi essa obra logo me lembrei dos meninos de rua que tentam ganhar dinheiro fazendo malabarismos nos semáforo...” (Mayara, 16 anos). O andamento do trabalho foi bem descontraído e o resultado final foi surpreendente, não só pelos desenhos dos painéis mais também pela releitura que os alunos conseguiram alcançar. Expomos os painéis na escola, para que todos do corpo estudantil, juntamente com os docentes e a comunidades possam se envolver e se aproximar da arte. O único problema que tivemos foi que planejamos grafitar no muro, mais a escola começou a reformar a quadra onde se localizava o muro que usaríamos para a realização do projeto. Anexos: “Abaporu”-1928 óleo/tela 85 X 73cm Assin.:"11-1-1928", Tarsila do amaral. Meninos com carneiro 1959 Obra original:Pintura a óleo/madeira172 x 112 cm, Portinari “Meninos com carneiro” – A releitura. Releitura feita no projeto. “Abaporu”- A releitura. Releitura realizada no projeto.