Veterinarian Docs www.veterinariandocs.com.br Anestesiologia Ventilação Mecânica -Definição: suporte ventilatório para tratamento de pacientes com insuficiência respiratória aguda. A ventilação mecânica é executada através da utilização de aparelhos que intermitentemente insuflam os alvéolos. -Objetivos: -Manutenção das trocas gasosas; -Correção da hipoxemia; -Correção da acidose respiratória relacionada a hipercapnia; -Aliviar o trabalho da musculatura respiratória; -Reverter fadiga da musculatura respiratória; -Usos: -Cirurgias torácicas; -Animais de grande porte devido ao decúbito visando prevenir a atelectasia pela pressão sobre o pulmão dependente (pulmão debaixo, dependendo do decúbito); -Quando se faz uso de bloqueadores neuromusculares (geralmente para cirurgias oftálmicas); -Pressões Transpulmonares: -Pressão Intrapleural: sempre negativa (variando de -3 a -7); Fisiologicamente -Pressão Alveolar: positiva e negativa (variando entre 1 e -1); 1 www.veterinariandocs.com.br *Na ventilação mecânica a pressão alveolar é sempre positiva e a pressão intrapleural varia entre positiva e negativa; **Manobra de Valsalva: é executada quando se força o ar contra os lábios fechados e nariz tapado, forçando o ar em direção ao ouvido médio se a tuba auditiva estiver aberta. Esta manobra aumenta a pressão intratorácica, diminui o retorno venoso ao coração e aumenta a pressão arterial. -Diferenças entre Ventilação Espontânea e Ventilação Mecânica Controlada: Ventilação Espontânea Ventilação Mecânica Controlada Diminuição do Volume Minuto Volume Minuto constante Diminuição do pH pH normal e constante Aumento da PaCO2 PaCO2 normal ou diminuída Aumento do retorno venoso Diminuição do retorno venoso* *Essa diminuição no retorno venoso pode levar a uma baixa na pressão arterial; Modos de Ventilação VPPI (Ventilação com Pressão Positiva Intermitente) -4 fases: -Inspiratória; -Transição da inspiratória para expiratória; -Expiratória; -Transição da expiratória para inspiratória; 01-Fase Inspiratória: o ventilador deverá insuflar os pulmões do paciente, vencendo as propriedades elásticas e resistivas do sistema respiratório. Ao final desta fase pode-se utilizar um recurso denominado pausa inspiratória com a qual pode-se prolongar esta fase de acordo com o necessário para uma melhor troca gasosa. A maneira de como tem início a fase inspiratória depende do modo de ventilação mecânica escolhido, que será discutido adiante. 02-Transição da Inspiratória para a Expiratória: esta fase também é chamada de ciclagem do ventilador, pois o aparelho interrompe a fase inspiratória após a pausa inspiratória e permite o início da fase expiratória. A forma como o aparelho cicla será discutida adiante. 2 www.veterinariandocs.com.br 03-Fase Expiratória: de forma passiva, o ventilador permite o esvaziamento dos pulmões. Nesta fase, o ventilador pode permitir apenas o esvaziamento parcial dos pulmões mantendo uma pressão positiva residual no final da fase expiratória e aumentando a capacidade residual funcional (CRF) do indivíduo, este recurso é denominado PEEP (positive end-expiratory pressure ou pressão positiva expiratória final - PPEF). *O PEEP é utilizado a fim de se manter os alvéolos abertos mesmo durante a expiração e com isso, aumentar a PaO2 e diminuir a concentração de oxigênio oferecida ao paciente ou fração inspirada de oxigênio (FiO2). A manutenção de uma PaO2 adequada é obtida pelo uso de altas frações inspiradas de oxigênio (FiO2) sem gerar danos ao paciente uma vez que o período de utilização é curto. 04-Transição da Expiratória para Inspiratória: o ventilador interrompe a fase expiratória e permite o início da fase inspiratória do novo ciclo. Esta fase de mudança pode ser determinada pelo próprio aparelho, de acordo com a freqüência respiratória pré-determinada ou pelo paciente. Para que o paciente consiga desencadear novo ciclo ele deve abrir a válvula do ventilador ao fazer uma pressão negativa ou um fluxo inspiratório, como na respiração normal. Assistido Controlada (A/C) -Aparelho permite que o paciente inicie o ciclo, mas o aparelho vai controlar e finalizar o ciclo. -Aparelho inicia a inspiração a partir do esforço respiratório do paciente; -É um sistema seguro, pois o aparelho dispara um ciclo sempre que o paciente não esboçar nenhum esforço; Assistida Controlada Paciente iniciou o esforço respiratório, mas a pressão estava negativa e o aparelho auxiliou. Esta pressão negativa é determinada no aparelho de anestesia, para quando chegar num certo limiar a ventilação mecânica ligar. 3 www.veterinariandocs.com.br Mandatória Intermitente Aparelho de ventilação mecânica liga somente quando paciente não respirar, caso contrário, permanece desligada. Modos de Ciclagem Modos: -Volume; -Pressão; -Tempo; -Fluxo (velocidade); 01-Tempo: a transição inspiração/expiração ocorre de acordo com um tempo inspiratório predeterminado, não importando as características elástico-resistivas do sistema respiratório do paciente. Normalmente os aparelhos ciclados a tempo são limitados a pressão, ou seja, existe uma válvula de escape impedindo altos níveis de pressão inspiratória 02-Volume: neste modo de ciclagem o final da fase inspiratória é determinado pelo valor de volume corrente ajustado. Há um sensor no aparelho que detecta a passagem do volume determinado e desliga o fluxo inspiratório. A pressão inspiratória não pode ser controlada e depende da resistência e da complacência do sistema respiratório do paciente, de modo que este tipo de ventilação pode provocar barotrauma (Ex.: quando se tem atelectasia, obstrução ou edema). Ao mesmo tempo, este tipo de ventilação é bastante segura uma vez que garante o volume corrente para o paciente, principalmente para aqueles em que se deve fazer um controle rigoroso da PaCO2, como nos pacientes portadores de hipertensão intracraniana. -Fluxo constante; -Pressão inspiratória altera de acordo com a resistência e complacência; 4 www.veterinariandocs.com.br 03-Pressão: a fase inspiratória é determinada pela pressão alcançada nas vias aéreas. Quando o valor predeterminado é alcançado interrompe-se o fluxo inspiratório, independente do tempo inspiratório ou do volume utilizado para se atingir esta pressão. Desta forma, este tipo de ventilação também não garante um volume corrente adequado e pode ser ineficaz caso haja grandes vazamentos de ar como nos casos de fístulas bronco-pleurais. -Freqüência e pressão constantes; -Fluxo inspirado variável (volume pode variar dependendo da resistência e complacência); 04-Fluxo: neste tipo de ciclagem, o tempo inspiratório é interrompido quando o fluxo inspiratório cai abaixo de um valor pré-ajustado como foi descrito na ventilação com pressão de suporte. Neste tipo de ciclagem, o paciente exerce total controle sobre o tempo e fluxo inspiratórios e sobre o volume corrente. Parâmetros a Serem Controlados -Freqüência Respiratória: 10 a 12 mov/min (1 a cada 6s) -Relação Tempo Inspiração:Expiração: 1:2 ou 1:3 (2s de inspiração e 4s de expiração); -Pressão Inspiratória: 10 a 20cm.H2O (geralmente 8cm.H2O é o suficiente); -Volume Corrente: 10 a 15ml/kg (geralmente 8ml/kg é suficiente); *Volume Corrente Fisiológico: entre 6 e 8ml/kg; -Capnografia: deve-se manter entre 35 e 45mmHg – ETCO2 *Caso o paciente entre em hipercapnia deve primeiramente aumentar a freqüência ventilatória, posteriormente modificar a relação inspiração:expiração, depois modificar a pressão e por último pode-se usar o PEEP (evitando o colabamento do alvéolo); Regras gerais do suporte ventilatório -Testar e regular o ventilador antes de conectá-lo ao paciente. -Estabelecer os parâmetros ventilatórios do paciente: volume corrente, freqüência respiratória e relação entre a duração das fases inspiratória e expiratória. -Manter a ventilação e a oxigenação do paciente em níveis adequados, de acordo com o exigido pelo ato cirúrgico ou pela fisiopatologia da doença. -Evitar ao máximo as possíveis lesões estruturais do sistema respiratório escolhendo o modo ventilatório adequado. 5 www.veterinariandocs.com.br -Avaliar as possíveis repercussões negativas da ventilação mecânica sobre o sistema cardiovascular. Verificar se a introdução de droga vasoativa pode ser útil para a otimização da oferta de oxigênio aos tecidos. -Evitar complicações como infecção pulmonar, atelectasias, barotrauma e toxicidade do oxigênio. 6 www.veterinariandocs.com.br Anestesia em Eqüinos -Considerações: -Deve-se ser feito o exame pré anestésico da mesma forma que em pequenos animais; -Quando em decúbito dorsal há grande compressão dos pulmões e vasos causando grande depressão cardiorespiratória. Há também a compressão da musculatura e nervos periféricos, causando miosites e neuropatias periféricas respectivamente; -Alguns fármacos podem causar diminuição da motilidade gastrointestinal, causando cólicas no pós-operatório; -Deve ser feito jejum de 12 horas (exceto neonatos o qual também necessita de solução glicosada no transcirúrgico); -Nunca deve-se subestimar o peso do animal (ideal é ter conhecimento do peso aproximado do paciente); -Nenhuma M.P.A. derruba um eqüino (a não ser que haja administração na artéria). No máximo o animal abaixa a cabeça e apresenta ataxia (quanto maior a dose maior a deficiência motora e maior a ataxia do paciente). Medicação Pré-Anestésica (M.P.A.) 01-Fenotiazínicos: -Mecanismo de Ação: -Atuam seletivamente em algumas regiões do SNC: núcleos talâmicos, hipotálamo, vias aferentes sensitivas, estruturas límbicas e sistema motor. Induzem alterações no funcionamento da neurotransmissão dopaminérgica (bloqueio do receptor pós-sináptico e pré-sinápticos, D1 e D2). -Bloqueiam receptores noradrenérgicos e serotoninérgicos centrais e periféricos. -Exercem efeitos serotoninérgico e anticolinérgico. α-adrenolítico, anti-histaminérgicos H2, anti- -Agem no sistema cardiovascular (coração e vasos sanguíneos). Causam hipotensão principalmente pro bloqueio α-adrenérgico periférico e central também, levando a uma taquicardia reflexa. Promovem uma queda da temperatura corpórea *Não se deve usar em animais epiléticos, pois o limiar é diminuído. -São classificados como antipiscicóticos ou neurolépticos e promovem tranquilização leve, sem que ocorra desligamento do animal ao ambiente; 7 www.veterinariandocs.com.br -O incremento nas doses não aumenta o grau de tranquilização, apenas os efeitos adversos, portanto, quando se almeja uma tranquilização mais intensa, devem-se associar os agentes fenotiazínicos a outra classe de agentes como os opióides, agonistas α2-adrenérgicos, entre outros. -Efeitos: -Efeitos extra-piramidais (movimentos involuntários); -Hipotensão (bloqueio α-adrenérgico); -Sedação mais leve que α2-agonístas; -Potencialização dos anestésicos gerais; -Efeito anti-emético (receptor 5-HT3); -Efeito anti-histamínico (receptor H2); -Efeito atropina-like (redução de secreções); -Outros: aumento de prolactina, hipotermia e efeitos anticolinérgicos. -Efeitos Cardiovasculares: hipotensão, bradicardia sinusal, taquicardia sinusal reflexa. Efeitos anti-arritimogênico (em doses baixas), efeito inotrópico e a contratilidade é ou não afetada podendo reduzir o débito cardíaco e o volume sistólico. -Efeitos Respiratórios: depressão respiratória. -Efeitos Gastrointestinais: motilidade diminuída, supressão da êmese (bloqueio dos receptores dopaminérgicos na zona disparadora quimio-receptoras). -Efeitos no Sangue: hematócrito diminuído (seqüestro de hemácias pelo baço). -Efeitos Metabólicos: diminuição da temperatura corporal (vasodilatação, depressão do centro termo-regulador). 01.1-Acepromazina (Acepram 1% - VETNIL®) -Características: -Não causa uma tranquilização muito intensa, deve ser utilizado para animais tranqüilos; -Não tem poder analgésico; -Administração pela via endovenosa; -Utilizar em animais hígidos; -Dose 8 www.veterinariandocs.com.br 0,03 – 0,05mg/kg : EV -Vantagens: -Sedação prolongada; -Desvantagens: -Contra indicado: para animais chocados, animais extremamente excitados (estresse causa grande liberação de adrenalina e todos os receptores α estão ocupados e a acepromazina ocupando receptores β também, o que acaba derrubando o animal), garanhões com priapismo (pode causar exposição permanente do pênis – pois as fibras do músculo retrator do pênis é fortemente inervado por fibras α e quando bloqueadas acarretam em relaxamento muscular local); 02-α2-Agonistas: -Mecanismo de Ação: estimulação de receptores α2-adrenérgicos no sistema nervoso central e periférico provoca: sedação, analgesia (principalmente visceral) e relaxamento muscular. -Receptores pós-sinápticos: causam vasoconstrição e hipertensão; -Receptores pré-sinápticos: neurotransmissores e hipotensão; causam bloqueio da liberação de -Efeitos: -Cardiovasculares: causam hipertesão inicial pelo estímulo do receptor α2-pós sináptico, redução tardia da pressão arterial pelo receptor α2-pré-sináptico e bradicardia reflexa (via barorreceptores) diminuindo o débito cardíaco. Esta bradicardia pode persistir mesmo após o final da sedação. Pode causar bloqueio atrioventricular de 2º grau ou bradicardia sinusal. 9 www.veterinariandocs.com.br -Respiratório: diminuição da freqüência respiratória e do volumeminuto. -Sistema Nervoso Central: sedação dose-dependente, relaxamento muscular, ataxia e analgesia (principalmente visceral); hipnose, -Outros: prolapso peniano, ataxia, ptose labial, abaixamento de cabeça, anorexia, glicosúria, diminuição da motilidade intestinal, redução do hematócrito (devido a vasodilatação esplênica) e aumento da glicemia (por inibição da secreção de insulina); 02.1-Xilazina: -Características: -Promove uma sedação mais intensa; -Tem poder analgésico; -Causa diminuição da motilidade; -Dose: 0,2 – 1,0mg/kg EV 0,2: para animais mais debilitados e calmos; 1,0: animais agitados; *Nunca deve-se induzir um cavalo mal sedado; 02.2-Romifidina: -Característica: -Efeito mais prolongado que xilazina; -Provoca menor ataxia em relação a xilazina; -Pode ser administrada para transporte (ao contrário da xilazina); -Dose: 0,02 – 0,1mg/kg : EV 02.3-Detomidina: -Características: 10 www.veterinariandocs.com.br -Promove sedação mais intensa que xilazina (animal encosta cabeça no chão – necessita de um suporte para a cabeça) e duração é a mesma; -Dose: 10 - 30μg/kg : EV 03-Opióides: 03.1-Butorfanol: -Características: -Agonista κ e Antagonistas μ; -Ideal para analgesia visceral; -5 vezes mais potente que a morfina; -Duração: entre 1 e 2 horas; -Discreta alteração cardiovascular; -Reduz a CAM dos anestésicos inalatórios; -Pequeno efeito sobre a respiração e motilidade intestinal; -Reverte o efeito sedativo e respiratório de agonistas μ puros, resultando em analgesia residual; -Dose: 0,02 – 0,1mg/kg EV 03.2-Morfina: -Características: -Causa depressão do centro respiratório medular; -Ideal para analgesia osteomuscular; -Pequeno efeito cardiovascular; -Liberação de histamina com vasodilatação periférica quando adminstrada rapidamente pela via endovenosa; -Duração: entre 2 a 4 horas e até 16 horas (epidural) -Dose: 0,1mg/kg IM,SC,EV ou Epidural 11 www.veterinariandocs.com.br *Cavalos PSI necessitam doses maiores e cavalos Quarto-de-Milha doses menores; **Animais pesados (entre 800 e 900kg) deve-se calcular a massa magra (cerca de 600kg no máximo); Anestesia Local 01-Cabeça: -Nervos: -Supraorbitário; -Infratroclear; -Lacrimal; -Zigomático; -Aurículo-Palpebral; -Mentoniano; -Mandibular; -Infraorbitário N. Auriculo-Palpebral N. Supraorbital N. Infraorbital N. Zigomático N. Lacrimal N. Facial N. Mentoniano 01.1-Bloqueio do Nervo Auriculo-Palpebral: -Efeito: acnesia palpebral; 12 www.veterinariandocs.com.br -Utilização: exames oftálmicos e remoção de corpos estranhos localizados na córnea; *Não deve ser utilizado em cirurgia palpebrais sem o bloqueio sensitivo dos ramos craniais do trigêmio ; -Quantidade: 5 a 8mL de Lidocaína 2% sem epinefrina -Localização: sobre borda dorsal do arco zigomático (entre o canto lateral do olho e a base da orelha); *Caso não faça o bloqueio deste nervo, pode-se fazer o bloqueio dos nervos: supraorbitário, inftratroclear e lacrimal, os quais também levam a acnesia palpebral; 01.2-Bloqueio do Nervo Supraorbital: -Efeito: bloqueio motor da pálpebra superior e sensitivo do terço médio da pálpebra superior. -Utilização: exames oftálmicos; -Quantidade: 5 a 8mL de Lidocaína 2% sem epinefrina -Localização: forame supraorbitário; 01.3-Bloqueio do Nervo Infraorbital: -Efeito: insensibilização da cavidade nasal, do lábio superior, dos dentes incisivos superiores, seio maxilar e pele até canto medial do olho; -Quantidade: 5 mL de Lidocaína 2% sem epinefrina -Localização: forame infraorbitário (entre comissura nasomaxilar e crista facial); 01.4-Bloqueio do Nervo Mentoniano: -Efeito: anestesia local dos lábios inferiores e da mucosa gengival rostral até os caninos inferiores; -Quantidade: 3 a 5 mL de Lidocaína 2% sem epinefrina 13 www.veterinariandocs.com.br -Localização: forame mental (espaço interdentário, entre canino inferior e primeiro pré-molar); 01.5-Bloqueio Ocular Retrobulbar: -Efeito: inibição do reflexo oculocardíaco para cirurgias perioculares e intraoculares. Tem-se como objetivo o bloqueio do nervo óptico e os músculos levantador da pálpebra, reto dorsal, ventral, medial e lateral do olho, oblíquo inferior e superior, retrator ocular e orbicular ocular. -Quantidade: 10 a 15 mL de Lidocaína 2% sem epinefrina -Localização: uma agulha de 15cm é introduzida no canto lateral ou medial do globo ocular, ou pela pálpebra superior ou inferior. O importante é manter a curvatura acompanhando a órbita. **Bloqueio do nervo mandibular em eqüinos só é feito com o animal anestesiado. 02-Membros: (anestesia para cirurgias em membros ou para diagnóstico de claudicação); 02.1-Bloqueio Distal Membro Anterior/Posterior: -Nervos: -Palmar/Plantar; -Digital palmar/plantar (ramo ventral – talão e dorsal - pinça); -Metacarpiano/Metatarsiano; -Sesamoideano abaxial; -Outras estruturas: -Tendão flexor digital superficial; -Tendão flexor digital profundo; -Ligamento suspensório do boleto 02.2-Bloqueio Proximal Membro Anterior: -Nervos: 14 www.veterinariandocs.com.br -Ulnar; -Mediano; -Músculo-cutâneo N. Mediano N. Músculo-cutâneo N. Ulnar Caudal Cranial Membro Anterior Esquerdo (fase medial) 15 www.veterinariandocs.com.br 02.3-Bloqueio Membro Posterior: -Nervos: -Fibular superficial e profundo; -Safeno; -Tibial; N. Fibular N. Safeno N. Tibial Membros Posteriores (face lateral e medial) 03-Peridural: -Localização: intercoccígea ou sacrococcígea; -Dose: 0,012 a 0,015ml/kg lidocaína 2% com epinefrina *Geralmente utiliza-se o volume de 6 a 7,5mL para um eqüino de 500kg; **Pode-se associar xilazina (potencialização do efeito); ***Morfina epidural deve ser diluída em 15mL de solução fisiológica e tem duração de 16 horas aproximadamente; -Duração: cerca de 1h e 30 minutos; 16 www.veterinariandocs.com.br Anestesia Geral Endovenosa em Eqüinos -Tipos (à campo): -Curta duração (entre 10 a 15 minutos); -Longa duração por infusão contínua (até 90 minutos); 01-Anestesia de Curta Duração: 01.1-Éter Gliceril Guaiacol (EGG): -Características: -Miorrelaxante de ação central; -Promove mínima alteração cardiovascular; -Usado em associação com o tiopental ou cetamina; -Não pode ser administrada extravenosa; -Evitar o uso de concentrações acima de 10%, pois causa hemólise; -Diluí-se 1g para a cada 10kg de PV; (Ex.: um animal de 500kg receberá 50g de EGG diluído em 500ml de solução fisiológica); -Dose: 100mg/kg EV *Diluir EGG pó em NaCl 0,9% ou Glicofisiológico 5% e não diluir em Ringer Lactato pois pode precipitar cálcio; -Vantagens: -Baixo custo; -Fácil obtenção; -Segurança no uso; -Promove mínima alteração cardiovascular; -Desvantagens: -Preparo da solução estéril; -Instabilidade da solução (uso imediato); -Risco de trombose; 17 www.veterinariandocs.com.br 01.2-Tiopental: -Características: -Uso em associação com EGG; -Cuidado com administração extravenosa; -Não é bom do ponto de vista cardiovascular (diminui débito cardíaco e pressão arterial); -Não utilizar em debilitados; -Diluição de 10% geralmente; -Dose: 4 a 5mg/kg EV 01.3-Cetamina: -Características: -Nunca utilizada benzodiazepínicos); separadamente, sempre em associações (EGG ou -Promove mínima alteração cardiovascular; -Pode induzir fenômenos excitatórios (mioclonias e pedalagem) em animais não adequadamente sedados; -Casos de cólica é o agente de indução eleito; -Dose: 2 a 3mg/kg EV Associação com BZD: diazepam/midazolam (0,05 a 0,1mg/kg) 01.4-Associações: 01.4.1-Para até 15 minutos de procedimento: -Xilazina 1mg/kg EV (aguardar 15 minutos) + Cetamina 2-3mg/kg + Diazepam 0,1-0,15mg/kg EV (lento); *Para se aumentar o tempo em 10 a 15 minutos, pode-se usar doses adicionais de cetamina (um terço da dose anterior); 18 www.veterinariandocs.com.br -Utilização: castrações, suturas e técnicas simples; 01.4.2-Para procedimentos entre 20 e 30 minutos: -Xilazina 0,3-0,5mg/kg EV (aguardar 5 minutos) + EGG 100mg/kg + Cetamina 2mg/kg EV 02-Anestesia de Longa Duração (Infusão Contínua): -Características: -Duração de até 90 minutos; -Deve-se fazer suporte com oxigênio; -Cavalo piscando e com nistagmo não significa que está superficializando na infusão contínua endovenosa. Alterações (picos) de pressão significa superficialização do animal; -Vantagens: -Pouco equipamento; -Economia; -Indução rápida; -Ausência de poluição ambiental; -Associação: -Xilazina + EGG + Cetamina (GKX); 02.1-GKX em infusão: -M.P.A.: -Xilazina 1mg/kg EV -Indução: Cetamina 2,2mg/kg + Diazepam 0,05mg/kg EV -Manutenção: 500ml NaCl 0,9% + EGG 100mg/kg + Xilazina 1mg/ml (5ml de Xilazina 10%) + Cetamina 2mg/ml (10ml de Cetamina 10%) -Taxa de Infusão: 1ml/kg/h (na primeira hora) e 0,6ml/kg/h (na segunda hora); 19 www.veterinariandocs.com.br Posição -Decúbito lateral: membros dependentes (de baixo) podem acordar com paralisia, então deve-se posicionar o membros de baixo para frente, não deixando em contato com o membro de cima. Monitoração Á campo: monitora-se a pressão arterial (utilizando artéria metatarsiana, facial ou facial transversal) com manômetro. Pressão Arterial Ideal: 90mmHg durante a anestesia; *Variações na pressão arterial significa animal superficializando e P.A. abaixo de 70mmHg significa baixa perfusão sanguínea e pode predispor à miosites; Plano Anestésico -Reflexo palpebral medial e lateral, corneal e anal presentes à campo. -Na inalatória tem-se somente reflexo corneal e anal. Olhos encontram-se rotacionados mediamente;. Cuidados -Cobrir a cabeça (proteger córnea); -Suplementação de oxigênio nasal; -Cuidado no gotejamento; -Decúbito (evitar membro sobre membro); Anestesia Geral Inalatória em Eqüinos -Agentes: 01-Halotano: -Não utilizado atualmente; -Grande diminuição no débito cardíaco e pressão arterial; 02-Isoflurano: -Causa menor depressão do débito cardíaco; -Recuperação mais rápida; 03-Sevoflurano: -Alto custo; 20 www.veterinariandocs.com.br -Recuperação mais rápida que o isoflurano; -Considerações Anestesia Inalatoria: -Agentes inalatórios não proporcionam analgesia, então deve-se usar anestesia balanceada com infusão contínua com lidocaína, cetamina, opióides ou α-2-agonistas; Lidocaína: 1,5mg/kg bolus inicial + 50μg/kg/min Cetamina: 0,8 a 1mg/kg/h ou 0,2mg/kg a cada 15-30 minutos Butorfanol: 0,05mg/kg EV a cada 2 horas; -Complicações: 01-Hipotensão: deve ser mantida acima de 70mmHg. Pressão arterial abaixo deste limiar pode acarretar miosites e insuficiência renal aguda; *A pressão arterial é verificada pelo método invasivo com manômetro aneróide ou aparelho multiparamétrico; -Causas: hipovolemia, plano anestésico profundo, bradicardias (potro com uroperitôneo), acido severa (pH abaixo de 7,2 em cólicas por exemplo a qual diminui pré-carga, pressão arterial e débito cardíaco), endotoxemia (baixa pressão arterial pela vasodilatação) e distúrbios eletrolíticos (Ex.: hipocalemia); -Tratamento: -Estabilizar o paciente (reidratação) com solução de NaCl 0,9% ou hipertônica. Deve-se repor cerca de 30 a 40 litros por eqüinos. -Checar o plano anestésico (verificar se não está muito profundo); -Administração de inotrópicos (Ex.: Dobutamina); Taxa de Infusão (Dobutamina): 1 a 5μg/kg/min -Aumento da velocidade de administração de fluído (4ml/kg/h para 30ml/kg/h); -Corrigir distúrbios eletrolíticos; -Tratamento da hipocalcemia: *Gluconato de Cálcio 20%: 0,25 a 0,5ml/kg lento 21 www.veterinariandocs.com.br *Aumenta inotropismo; 02-Acidose Metabólica: (pH normal: 7,35 e 7,45); *Acidose moderada-severa causa diminuição da responsividade do miocárdio à catecolaminas; -pH entre 7,2 e 7,35 e déficit menor que -8mEq/L (Ringer Lactato reverte); -pH abaixo de 7,2 ou déficit maior que -8mEq/L (calcular déficit base de HCO3 e adicionar na fluído); **90% das cólicas tem-se acidose metabólica; 03-Bradicardia: (FC deve ser maior que 25-30bpm); -Causas: uso de α2-agonistas, estímulo cirúrgico do nervo vago, cirurgia oftálmica (reflexo oculocardíaco), hipoxemia severa e distúrbios eletrolíticos (Ex.: hipercalemia – potros com uroperitôneo); -Tratamento: caso a pressão arterial esteja adequada, não precisa intervir na freqüência cardíaca; *Hioscina (escopolamina): 0,1mg/kg *Interfere menos que a atropina na motilidade gastrointestinal; 04-Hipoxemia: (PaO2 entre 60mmHg indica +- SatO2 de 90%); *Hipoxemia é geral e hipóxia é local; -Causas: baixa fração inspiratória de oxigênio, sonda endotraqueal errada, desequilíbrio (shunts respiratórios), distensão abdominal, alterações pulmonares (Ex.: edema, enfisema e outras) e hipoventilação; Relação Fração O2 inspirada (FiO2) e Tensão de O2 arterial (PaO2) FiO2 (%) PaO2 (mmHg) 20% 95 a 100 40% 200 100% 500 -Tratamento: com PaO2 entre 50 e 60mmHg deve-se aumentar o volume inspiratório (10ml/kg/h para 15ml/kg/h), depois modificar a freqüência e por último PEEP; 22 www.veterinariandocs.com.br 05-Hipercapnia: (PaCO2/ETCO2 deve ser mantida entre 35 e 45mmHg); -Raças: Quarto de Milha: HYPP ou hipotensão maligna e há aumento da PaCO2 para mais de 90mmHg; -Tratamento: -Ventilação mecânica: quando PaCO2 estiver acima de 60mmHg e em cirurgias com decúbito dorsal; *Ventilação mecânica deprime débito cardíaco, pressão arterial e retorno venoso. Então deve-se associar a ventilação mecânica juntamente com infusão de dobutamina; **Sondas endotraqueias de 18 a 40mm de diâmetro e cerca de 60cm de comprimento; Recuperação Anestésica -Problemas: fraturas, miopatias e neuropatias periféricas (paralisia de nervo radial, facial ou femoral); *Pode-se fazer a sedação (Xilazina 0,1mg/kg) e/ou suplementação com oxigênio para potros ou animais com cólica; **Miosite pós-anestésica: tem-se sinais como sudorese, dor, taquicardia, taquipnéia e animal não consegue se levantar. CK elevada após a lesão ou AST elevada a longo prazo; -Métodos de Recuperação: -Recuperação assistida manualmente; -Recuperação com auxílio de cordas (cabresto e na cola do rabo); -Tilt Table; -Em piscina (Hydropool ou Pool-Raft-System); 23 www.veterinariandocs.com.br Anestesia em Ruminantes -Preparação para Anestesia; -Jejum de 24 horas (adultos) e 12 horas (terneiros) *Neonatos não necessitam jejum ou faz-se jejum de 1 a 2 horas; -Avaliação laboratorial; -Exame físico básico; -Colocação de cateter (16 a 18G); -Decúbito lateral direito ou esquerdo; -Posicionamento: cabeça elevada; Medicação Pré-Anestésica (M.P.A.) 01-Fenotiazínicos (Acepromazina): -Características: -Sedação moderada; -Anti-arritmico; -Em touros produz priapismo pelo aumento do aporte sanguíneo local; -Efeito: em 20 minutos (EV) ou 45 minutos (IM); -Causa hipotensão; -Usado em associação com α2-agonistas; -Dose: 0,025 a 0,05mg/kg EV 02-Benzodiazepínicos (Midazolan/Diazepam): -Características: -Proporciona leve tranquilização; -Excelente miorrelaxamento; -Causa pouca depressão cardiovascular; -Dose: 0,02 a 0,1mg/kg Ev 24 www.veterinariandocs.com.br 03-α2-Agonistas (Xilazina): -Características: -Proporciona boa sedação; -Inicio de ação rápida, cerca de 2 minutos (EV); -Pode ser usado IM; -Ação analgésica e miorrelaxante; -Dose: 0,01 a 0,1mg/kg EV/IM Não utilizar mais que 0,2mg/kg *Bovinos das raças Hareford, Brahmans e Zebuínos são mais sensíveis; Bloqueios Locais 01-Bloqueio do Nervo Cornual: -Localização: entre a comissura lateral do olho e base do chifre; -Técnica: faz-se o bloqueio com anestésico local sem vasoconstritor no ramo cranial do nervo zigomático-temporal (volume : 10ml) ou faz-se bloqueio com técnica infiltrativa circular subcutânea a 2cm ao redor da base do chifre (volume : 20ml); *Pode-se fazer a lavagem da cavidade após aberta; 02-Bloqueio do Nervo Aurículopalpebral: -Localização: faz-se o bloqueio com anestésico local sem vasoconstritor logo abaixo do local de bloqueio do nervo cornual; 03-Bloqueio Retrobulbar: -Bloqueio do nervo óptico; -Técnica: mesma técnica descrita para eqüinos com infusão de 20ml de anestésico local; 04-Bloqueio de Peterson: -Indicações: para retirada do globo ocular; 05-Bloqueios Paravertebral: -Proximal (com agulha em pé) – bloqueia ramo ventral e dorsal (abaixo e acima do ligamento); 25 www.veterinariandocs.com.br -Distal (com agulha deitada) – debaixo dos processos transversos -Nervos: -T13 (entre T13 e L1); Bloqueio Paravertebral Proximal -L1 (entre L1 e L2); -L2 (entre L2 e L3); -T13 (no L1); Bloqueio Paravertebral Distal -L1 (no L2); -L2 (no L4); -Quantidade: Até 250kg – 5mL (lidocaína 2% sem vasoconstritor) em cada ponto; Acima de 250kg – 10mL em cada ponto; 600kg – 20mL em cada ponto Paravertebral Distal Paravertebral Proximal Fonte: MUIR e HUBBELL, 2000. 26 www.veterinariandocs.com.br 06-Bloqueio em L-Invertido: -Linha vertical: junto a borda caudal da última costela; -Linha horizontal: próximo ao processo transverso das vértebras; -Técnica: infiltrativa em 3 planos (pele, subcutâneo e músculos); Fonte: MUIR e HUBBELL, 2000. 07-Epidural: -Cranial: promove decúbito; -Caudal: sem decúbito; -Localização: espaço sacrococcígeo ou entre Co1 e Co2; -Dose: 5ml/100kg (cranial); 1ml/100kg (caudal); 27 www.veterinariandocs.com.br 08-Bloqueio de Bier: -Técnica: deve-se inicialmente retirar o máximo de sangue do membro (empurrando sentido distal para proximal) e após isso faz-se o garroteamento do membro. Implanta-se um cateter na veia digital palmar ou plantar e a quantidade de anestésico varia entre 5 e 20ml (sem vasoconstritor); 28 www.veterinariandocs.com.br Referências Bibliográficas NATALINI C.C. Teoria e Técnicas em Anestesiologia Veterinária. 1ed. São Paulo: Artmed, 2007. SPINOSA, Helenice de Souza, et al. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. MARK P. G. Manual Saunders: Terapêutico Veterinário. 2. Ed. São Paulo: Editora MedVet, 2009. BARBAS, C.S.V.; ROTHMAN, A.; AMATO, M.B.P.; RODRIGUES Jr.,M. Técnicas de assistência ventilatória. In: KNOBEL, E. Condutas no paciente grave. São Paulo. Atheneu, 1994. p.312-346. MUIR, W. W., HUBBELL, J.A.E. Manual de Anestesia Veterinária. 3 ed. São Paulo: Artmed, 2000. 29 www.veterinariandocs.com.br