Artigo Original CIRURGIA VÍDEO-ENDOSCÓPICA AA LARINGE SOB ANESTESIA LOCAL E SEDAÇÃO CONSCIENTE: PROPOSTA DE NOVA TÉCNICA VIDEOENDOSCOPIC LARYNGEAL SURGERY (VELS) WITH LOCAL ANESTHESIA AND CONSCIOUS SEDATION: A NEW TECHNIQUE PROPOSAL. SEBASTIÃO CONRADO-NETO EDER RICARDO BIAZOLLA RESUMO Introdução: A técnica da Cirurgia VídeoEndoscópica da Laringe (CVEL) vem sendo utilizada na prática hospitalar, principalmente em biópsias e ressecções de pequenas lesões da região glótica, substituindo o uso do microscópio cirúrgico. Essa técnica, quando realizada sob anestesia geral, apresenta dificuldades devido à presença do tubo endotraqueal, principalmente para a visualização direta da comissura anterior e da infraglote. As técnicas de anestesia local para microcirurgia da laringe usando bloqueios nervosos regionais da orofaringe e laringe associado ao advento de novos instrumentais cirúrgicos têm constituído uma alternativa útil quando comparados à anestesia geral. Objetivo: Avaliar a ressecção de pequenas lesões glóticas sob anestesia local com sedação consciente através do emprego de novos instrumentos, bem como seus benefícios. Pacientes e método: Foram selecionados seis pacientes, caucasianos, com idade entre 45 e 60 anos, pesando entre 52 e 87 Kg e portadores de lesões localizadas na glote, matriculados no Centro de Oncologia Bucal da Faculdade de Odontologia do Campus de Araçatuba da Universidade Estadual Paulista UNESP, de novembro de 2004 a setembro de 2005. Todos foram submetidos à CVEL sob anestesia local com sedação para remoção de lesões, como edema de Reinke, nódulos bilaterais e pólipo. Para o bloqueio anestésico, foi empregado o cloridrato de lidocaína a 2% injetável sem vasoconstrictor, lidocaína a 10% spray e, para a sedação, foram utilizadas a associação de diazepam 10 mg com meperidina 100 mg diluídos e administrados lentamente por via intravenosa fracionadas a cada 3 ml. Resultados: A nova técnica avaliada para a CVEL sob anestesia local e sedação consciente mostrou ser Instituição: Centro de Oncologia Bucal Unidade Auxiliar da Faculdade de Odontologia do Campus de Araçatuba Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” UNESP, Rua José Bonifácio, 1193 16015-050 Araçatuba, SP. e-mail: [email protected] Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v. 35, nº 1, p. 32-36, janeiro / fevereiro / março 2006 promissora e seus benefícios foram, com a utilização dos instrumentos desenvolvidos, melhor acesso para ressecção das lesões de comissura anterior, visualização completa da laringe e da mobilidade das pregas vocais no intra-operatório, com redução dos custos hospitalares e do investimento em equipamento. Palavras-chave: cirurgia telescópica; microcirurgia da laringe; cirurgia vídeo-endoscópica; bloqueio anestésico; anestesia local. ABSTRACT Introduction: The technique of the Videoendoscopic Laryngeal Surgery (VELS) has been employed in the hospital practique, specially for biopsy and resection of small lesions of the glottic region, as an alternative to the use of the surgical microscope. When this technique is used under general anesthesia, the presence of the endotracheal tube presents difficulties due to the hiding visualization of the anterior commissure and subglottis. The technique of local anesthesia for microlaryngosurgery employs regional blockade of larynx and oropharynx associated with the advent of new surgical instruments has shown to be an useful alternative when compared to general anesthesia. Objective: To evaluate the resection of small glottic lesions under blockade anesthetic and conscious sedation through the use of new tools, as well as its benefits. Patients and methods: Six Caucasian patients were selected for this study. Their ages varied from 45 to 60, weighing from 52 to 87 Kg, and with lesions located in the glottis. They were registered at the Oral Oncology Center at the São Paulo State University UNESP Araçatuba Campus, from November, 2004 to September, 2005. VELS was 32 employed under local anesthesia and conscious sedation in the patients with bilateral nodular lesions, Reinke's edema and polypus. For the anesthesic blockade lidocaine 2% without vasoconstrictor, and lidocaine 10% spray were used, and for the conscious sedation, the patients got the intravenous association of diazepan 10 mg, meperidine 100 mg, with doses of 3 ml. Results: The new technique evaluated for the VELS with local anesthesia and conscious sedation presents advantages and its benefits had been, with the used of the developed instruments, good access for resection of the lesions of the anterior commissure, complete visualization of the larynx and the mobility of the vocal folds during the surgery, with reduction of the hospital costs and the investment in equipment. KEYWORDS: microscopic laryngeal surgery; telescopic surgery; videoendoscopic surgery; blockade anesthesia; local anesthesia. INTRODUÇÃO Algumas técnicas cirúrgicas realizadas por via endoscópica, em diferentes localizações do corpo humano, vêm-se modernizando rapidamente e têm-se mostrado promissoras e efetivas no tratamento de patologias específicas. A técnica da Cirurgia Vídeo-endoscópica da Laringe (CVEL) vem sendo utilizada recentemente na prática hospitalar1,2, empregadas principalmente em biópsias e ressecções de pequenas lesões da região glótica, substituindo o uso do microscópio cirúrgico. Entretanto, a técnica da CVEL apresenta dificuldades, como a presença do tubo endotraqueal, quando realizada sob anestesia geral, principalmente para a visualização direta da comissura anterior e da infraglote em alguns pacientes 3,4 . Outros fatores importantes são observados pela impossibilidade de verificar a qualidade da mobilidade e coactação das pregas vocais durante o ato cirúrgico, o tempo de recuperação pós-operatória e o elevado custo, tanto hospitalar quanto dos equipamentos utilizados para essa técnica. As técnicas de anestesia local para microcirurgia da laringe usando bloqueios nervosos regionais da orofaringe e laringe5,6,7 e o advento de novos instrumentais cirúrgicos têm constituído uma alternativa útil quando comparados à anestesia geral, principalmente quando se deseja: conferir a qualidade da mobilidade das pregas vocais durante o ato operatório, reduzir a resposta ao estresse da anestesia, reduzir o tempo cirúrgico, reduzir os riscos de complicações pós-anestésicas e operatórias, reduzir os custos hospitalares e rapidez na recuperação pós-operatória em regime ambulatorial. A indicação da técnica sob anestesia local deve obedecer a um critério importante que é a familiaridade do cirurgião com o uso em outras aplicações, principalmente quando usadas nas laringoscopias diretas para colheita de biópsias da região glótica e nas ressecções de pequenas lesões de difícil exposição pela abordagem direta do laringoscópio sob visão microscópica. Esse trabalho visa avaliar a ressecção de pequenas lesões glóticas sob anestesia local com sedação consciente, através do emprego de novos instrumentos, bem como seus benefícios. CASUÍSTICA E MÉTODO 33 Foram selecionados seis pacientes, sendo dois do gênero masculino e dois do feminino, todos caucasianos, com idade entre 45 e 60 anos, pesando entre 52 e 87 Kg e altura entre 1,65 e 1,82; portadores de lesões localizadas na glote, matriculados no Centro de Oncologia Bucal da Faculdade de Odontologia do Campus de Araçatuba da Universidade Estadual Paulista UNESP, no período de novembro de 2004 a setembro de 2005. Esses pacientes foram submetidos à CVEL sob anestesia local com sedação para remoção de lesões, como edema de Reinke grau II, nódulos bilaterais e pólipo. Para o bloqueio anestésico foi utilizado cloridrato de lidocaína a 2% injetável sem vasoconstritor, lidocaína a 10% spray e, para a sedação, foi a associação de diazepam 10 mg com meperidina 100 mg, diluídos em uma seringa de 20 ml e q.s.p. de soro fisiológico administrados lentamente por via intravenosa fracionada a cada 3 ml. Foi administrada hidrocortizona 500 mg por via intravenosa e adrenalina 1:1000 tópica na superfície da lesão. Os pacientes foram monitorados durante todo o procedimento operatório com anotações sobre a pressão arterial, oximetria e eletrocardiografia. Para a exérese das lesões pela CVEL, foi utilizado um “laringoscópio de suspensão modelo Conrado-Neto”, uma lente de fibra óptica rígida de 30° (4x162 mm) marca Taimin acoplada a uma fonte de luz fria, uma microcâmera ligada a um conjunto de monitor e vídeo, um “tubo guia para óptica com três canais modelo Conrado-Neto” (figura 1), instrumentos microcirúrgicos tipo Conrado-Neto e conjunto de instrumental microcirúrgico tradicional marca Ferrari. As etapas da CVEL sob anestesia local e sedação consciente consistem, inicialmente, na administração de medicações por via endovenosa, como diazepan, meperidina e hidrocortisona, seguido pela assepsia e o posicionamento da cabeça e do pescoço com ligeira elevação do dorso. Essa etapa encerra-se com a pulverização da cavidade oral e orofaringe com a lidocaína spray. Figura 1 - Aparelhos utilizados para o procedimento cirúrgico. Da esquerda para direita, tubo guia para óptica com três canais modelo Conrado-Neto, lente de fibra óptica rígida de 30° (4x162 mm) marca Taimin e laringoscópio de suspensão para cirurgia videoendoscópica modelo Conrado-Neto. Na etapa seguinte, é feito o bloqueio anestésico do nervo laríngeo superior, introduzindo-se uma agulha perpendicularmente à pele, até que repouse sobre a borda súpero-lateral da cartilagem tireóide. Nesse momento, traciona-se ligeiramente a seringa, reposicionando a agulha mais superiormente na direção do espaço entre o osso hióide e o corno lateral da cartilagem tireóide, atravessando a membrana tireohioidea, onde se injeta entre 2 ml e 2,5 ml de lidocaína sem vasoconstrictor. Esse procedimento é repetido do lado oposto (figura 2). Do mesmo modo, procede-se ao bloqueio anestésico dos ramos do nervo glossofaríngeo, iniciando-se com a introdução da agulha perpendicularmente à pele até atingir a superfície mediana do osso hióide, retornando-a ligeiramente e avançando-a superiormente no sentido da base da língua, lateralmente em direção às lojas amigdalianas e inferiormente para o espaço pré-epiglótico, onde é injetado cerca de 1 ml a 1,5 ml de lidocaína a 2% sem vasoconstritor em cada ponto descrito (figura 2). A próxima anestesia é a trans-crico-traqueal tópica, introduzindo-se uma agulha perpendicularmente à pele ultrapassando a membrana cricotireoidea, até sentir o espaço infraglótico, momento em que é realizada a manobra para aspiração de ar, para se confirmar o posicionamento da agulha no interior do espaço subglótico, em seguida injeta-se de 2 ml a 3 ml lidocaína a 2% sem vasoconstritor (figura 2). Figura 2 - Diagrama apresentando os pontos anatômicos para realização do bloqueio anestésico: (1) nervo laríngeo superior, (2) ramos do glossofaríngeo e (3) trans-crico-traqueal. óptica com três canais modelo Conrado-Neto” (figura1), posicionando-o lateralmente ao laringoscópio e progredindoo pela parede posterior da orofaringe, até a visualização completa da lesão no monitor. A partir dessa etapa, o instrumentador cirúrgico passa a movimentar o conjunto óptico (figura 3). Figura 3 - Diagrama esquemático mostrando: o paciente com o laringoscópio de suspensão posicionado, a extensão do pescoço, o levantamento da epiglote e a introdução da óptica externamente ao tubo. - Área do bloqueio produzido pela anestesia do nervo laríngeo superior, glossofaríngeo e trans-crico-traqueal - Ângulo de visão obtido através da fibra óptica com visualização completa da laringe. A sensibilidade das pregas vocais é testada mantendo sobre sua superfície novelos de 0,5 cm de algodão umedecidos em adrenalina 1:1000, introduzidas com auxílio de micropinça com a finalidade de vasoconstrição tópica. Nesse momento, a ausência de reflexo e o mínimo desconforto são sinais clínicos do sucesso do bloqueio anestésico. A partir dessa etapa, a técnica da CVEL para ressecção da lesão deverá ser utilizada os instrumentais microcirúrgicos tipo Conrado-Neto integrados aos instrumentais tradicionalmente disponíveis. No final do procedimento operatório, solicita-se ao paciente que emita fonemas para verificação da qualidade da mobilidade e coactação das pregas vocais. Os pacientes são mantidos na sala de recuperação pós-operatória por período necessário até que tenham as condições clínicas para alta ambulatorial, sendo prescrito somente dipirona ou paracetamol no pós-operatório imediato. RESULTADOS Após a realização das etapas da anestesia, é feita a proteção dos dentes incisivos superiores com gazes, posiciona-se o “laringoscópio de suspensão modelo ConradoNeto” (figura 1) na orofaringe, evoluindo de maneira progressiva e suave sob visão direta através da iluminação frontal (fronto-lux), até que ocorra o levantamento da epiglote e visualização das aritenóides. Nesse momento, o laringoscópio de suspensão modelo Conrado-Neto é fixado com a haste de suspensão com apoio torácico. Após o adequado posicionamento do aparelho é introduzida uma lente óptica de 30° acoplada ao sistema de vídeo por dentro do laringoscópio para que se obtenha a visualização detalhada da lesão através da tela do monitor (figura 3). Retira-se a lente óptica e reintroduz-se, dessa vez, por fora do laringoscópio com o auxílio do “tubo guia para A pressão arterial dos pacientes variou entre 150 mmHg de máxima e 60 mmHg de mínima, o eletrocardiograma não apresentou alterações no traçado em nenhum dos casos durante o intra-operatório, a freqüência cardíaca variou entre 63 e 125 batimentos por minutos e a saturação medida pela oximetria apresentou pequenas oscilações, não ultrapassando a mínima de 90% de SpO2, sendo mantida através das respostas ás solicitações de hiperventilação pulmonar. A sedação mostrou-se eficaz e manteve os pacientes conscientes durante todo período cirúrgico. O bloqueio anestésico foi suficiente para a anestesia e não houve queixas relevantes com relação à analgesia e à dispnéia. O tempo cirúrgico variou entre 20 e 50 minutos. Os 34 instrumentais desenvolvidos por Conrado-Neto, próprios para essa intervenção, forneceram aporte adequado, facilitando o procedimento de remoção das lesões, principalmente aquelas localizadas no segmento anterior da região glótica. Ao final do procedimento cirúrgico, todos os pacientes foram avaliados quanto à qualidade da fonação e apresentaram boa mobilidade e coactação das pregas vocais. Os pacientes receberam alta ambulatorial em média após três horas do término da intervenção, com prescrição exclusiva de analgésico. DISCUSSÃO Uma vez feito o diagnóstico topográfico da lesão, o paciente deverá receber as orientações detalhadas do procedimento cirúrgico, principalmente a ausência do risco de obstrução respiratória e a necessidade de ficar imóvel e sem a emissão de ruídos durante a intervenção. A partir da habilidade técnica do cirurgião, é feita a escolha entre a anestesia geral ou local com sedação, com a atenção voltada para a preferência do paciente. Importante também é a consideração, por parte do cirurgião, de alterações clínicas de risco, graus de hiperreflexia da orofaringe, grau de cooperatividade do paciente sob sedação consciente e o estado emocional durante o ato da intervenção. Deve ser considerado que a técnica da CVEL sob anestesia local e sedação não é aplicável a todos os pacientes ou procedimentos. É importante relatar que a não cooperação ou quando se deseja obter uma melhor exposição cirúrgica ou uma maior profundidade anestésica, essa técnica deverá ser mantida sob anestesia geral ou sedação profunda. Podem ser citados ainda aqueles pacientes portadores da síndrome do pânico, os alcoólatras em crise de abstinência ou ainda, a presença de fatores anatômicos que dificultam a laringoscopia4,8, necessitando de especial atenção para o grau de mobilidade cervical, o espaço entre o hióide e a mandíbula, trismo, micrognatias, macroglossias, hipertrofias das amígdalas e da base da língua. Nesses casos, é necessária a associação de outras técnicas para se obter uma profundidade anestésica adequada com uso de anestésicos injetáveis e/ou inalatórios, indicação de ventilação a jato de alta freqüência9 ou intubação, indicando ou não o uso de relaxantes musculares3. Assim, torna-se importante a perfeita integração cirurgião-anestesista. Entre outras indicações, podem ser relacionadas as intubações extremamente difíceis de pacientes que necessitam de anestesia geral4-8 e, nesses casos, utiliza-se como rotina a técnica descrita de anestesia local, associando o uso de fibras ópticos flexíveis (nasofaringoscópios ou broncoscópios) para introdução do tubo endotraqueal10. A técnica de bloqueio anestésico para realização de laringoscopia direta já é amplamente utilizada5-7 e deve-se dispensar atenção para o risco de pequenas intercorrências, como a possibilidade de hematoma local no espaço préepiglótico, levando à queda da epiglote, causando um desconforto temporário motivado pela sensação de dispnéia, o que é facilmente resolvido com o levantamento da epiglote pelo laringoscópio, a compressão local externa e colocação de oxigênio, se for necessário. No momento da anestesia tópica trans-cricotraqueal, observam-se dois mecanismos de ação. O primeiro é a verificação do posicionamento da agulha no interior do espaço infraglótico e o segundo é o desencadeamento do reflexo de tosse, causado pela injeção do anestésico, favorecendo a pulverização da lidocaína em toda traquéia, inclusive na região infraglótica, que são inervados pelo ramo sensitivo do nervo laríngeo inferior (recorrente)5. 35 Nos casos de hiperreflexia, pode-se optar pelo bloqueio do glossofaríngeo, realizando a infiltração anestésica lateralmente ao pilar amigdaliano posterior, utilizando-se uma agulha longa angulada, como nas cirurgias de amigdalectomias sob anestesia local7. Nesse trabalho, não foi necessário a utilização de oxigênio em nenhum paciente, apesar do tubo guia de três canais modelo Conrado-Neto possuir uma adaptação lateral. Na possibilidade de desconforto respiratório, é solicitado ao paciente que execute algumas inspirações profundas, tendo em vista que a técnica descrita prevê a sedação consciente. A vantagem de introduzir a óptica de 30° acoplada ao tubo guia externamente ao laringoscópio de suspensão é possibilitar melhor movimentação dos instrumentais com visão ampliada da lesão no monitor e pela possibilidade da instrumentação bimanual do cirurgião. Poderá também ser empregado outro modelo de lentes ópticas mais longas, utilizados para laringoscopia de contato ou para visualização da região infraglótica, o qual não se consegue sob visão no microscópio cirúrgico. A técnica de CVEL tem-se revelado um grande avanço tecnológico nas microcirugias da laringe1-2, necessitando de equipamentos acoplados com ópticas especiais e de sistema de lentes para magnificação de imagens, facilitando as técnicas microcirúrgicas, servindo também para documentação do procedimento, tanto para gravação em vídeo quanto para fotografias. Suas vantagens estão amplamente descritas no trabalho de Kantor et al1. No entanto, esses acessórios representam aquisição de um equipamento específico e de alto custo. A adaptação de ópticas de uso rotineiro nas cirurgias endoscópicas nasais (óptica rígida de 30°) e o desenvolvimento dos modelos de instrumentais por Conrado-Neto, mostroram-se eficaz para a realização dessa técnica com baixo custo. O uso da técnica sob anestesia local com sedação consciente apresenta redução de gastos com medicação necessária à anestesia geral, reduz custos com recuperação e permite a alta ambulatorial precoce no pós-operatório. Portanto, com essas considerações entende-se que haverá uma redução dos custos hospitalares. Embora este trabalho apresente pequeno número de casos, a técnica sob anestesia local e sedação apresentou resultados satisfatórios, foi eficaz e reduziu o tempo cirúrgico. Esses fatos corroboram para que sejam viabilizadas parcerias com outras instituições de ensino e pesquisa no sentido de aumentar a casuística, com conseqüente melhor avaliação desta técnica. CONCLUSÃO A nova técnica avaliada para a CVEL sob anestesia local e sedação consciente mostrou ser promissora e seus benefícios foram, com a utilização dos instrumentos desenvolvidos, a visualização completa da laringe e da mobilidade das pregas vocais no intra-operatório, redução dos custos hospitalares e do investimento em equipamento. REFERÊNCIAS 1. Kantor E, Berci G, Partlow E, Paz-Partlow M. A completely new approach to microlaryngeal surgery. Laryngoscope. 1991;101:676-9. 2. Carvalho RLT. Propedêutica com laringoscópio e videolaringosestroboscópio. In: Noronha MJR, Dias FL. Câncer de laringe: uma abordagem multidisciplinar. Rio de Janeiro, Revinter, 1997:(7) 40-6. 3. Feinstein R, Owens WD. Anestesia para ORL. In: Barash PG, Cullen BF, Stoelting RK. Tratado de Anestesia Clínica. 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