SUMÁRIO PANORAMA 6 PRODUTOS E SERVIÇOS 8 Notícias envolvendo o universo condominial. Auxiliadora Predial em expansão pelo interior do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Telecompras: há 15 anos proporcionando vantagens na compra de produtos de limpeza e utilitários para o condomínio. abr/mai/jun 2013 Edição Nº 199 CONSELHO EDITORIAL Ingo Voelcker, Christian Voelcker, Antonio Azmus, Marjorie Albuquerque, Fátima Rama e Luciene Machado ENTREVISTA Nelson Souza Fernandes, síndico do Condomínio San Rafael, na Zona Sul de Porto Alegre. 10 12 COORDENAÇÃO Fátima Rama (Especialista de Marketing) EDITORA EXECUTIVA Luciene Machado jornalista responsável - MTb 4480 [email protected] PRODUÇÃO EDITORIAL reportagem e fotografia capa Fátima Rama COMERCIALIZAÇÃO DE ANÚNCIOS Artesul - 51 3228.0787 - 9981.3176 [email protected] PROJETO gráfico E EDIÇÃO GRÁFICA Paica Estúdio Gráfico - Tiba DISTRIBUIÇÃO divulgação conta justa Palavra-Prima - 51 9808.7497 [email protected] Clarissa Thones – Mtb 12.688 Luciene Machado – Mtb 4480 Luísa Medeiros – Mtb 12.724 Tatiana Gappmayer – Mtb 8888 gestão 16 Monitoramento do consumo d’água pelos hidrômetros é medida utilizada para promover economia. 26 Lei da Capital exige que edificações tenham obra de arte em suas instalações. geral 19 Em vigor novas normas sobre a publicidade (outdoors, tabuletas e placas) nos condomínios. 28 Conheça até onde vai a autonomia do síndico na aprovação das despesas. 34 capa 22 trabalhista 30 segurança 36 Problemas que circundam a inadimplência e a melhor forma de negociar o pagamento dos valores em atraso. A legislação que envolve as assembleias condominiais e as dicas para garantir a presença dos moradores. Faster Mail Logística em Postagem A Revista Síndico não se responsabiliza pela qualidade dos serviços prestados e pelos produtos oferecidos pelos anunciantes, sendo As atribuições do profissional de Serviços Gerais, de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações. os mesmos de inteira responsabilidade das empresas anunciantes. Não é permitida a reprodução de textos desta publicação sem autorização da editora, por escrito. O que é necessário saber antes de contratar os profissionais que farão a vigilância de rua. Abril-Maio-Junho/2013 3 panorama Ideia criativa, colorida e sustentável Pisotapita é o produto de uma empresa argentina que desenvolveu superfícies cuja matéria prima são tampinhas de garrafas pet usadas. Tanto podem ser aplicadas em pisos, quanto paredes e são indicadas para interiores e exteriores. Devido a grande variedade de cores das tampas existentes, até objetos e imagens de personagens conhecidos foram produzidos. Podem ser serem aplicados onde se desejar. São vendidas por metro quadrado e os pedidos podem ser feitos pelo site. Além do apelo de atenção ao meio ambiente, o Sabe onde descartar medicamentos vencidos? produto é bom isolante térmico e acústico. Confira: http://www.pisotapitas.com.ar A sobra de medicamentos que não serão utilizados, ou mesmo aqueles que saíram de seu prazo de validade, agora têm um destino adequado. Em uma iniciativa de várias entidades, entre elas, a rede Panvel, Walmart, UFRGS, o Programa Descarte Consciente instalou estações coletoras para facilitar o descarte dos variados tipos de medicamentos. Há um espaço separado para pomadas e comprimidos, líquidos e sprays, caixas e bulas. De forma interativa e fácil de utilizar, a tela do equipamento instrui como deve ser feito o depósito. Para estimular ainda mais, após inserir os itens nos Auxiliadora Predial confirma destaque como marca mais lembrada do segmento imobiliário Realizada há 15 anos, a pesquisa compartimentos os itens, a pessoa recebe a Marcas de Quem Decide, mais uma informação dos benefícios alcançados. É o vez destacou a Auxiliadora Predial Preservômetro, que detalha quanto da natureza como a empresa mais lembrada no foi poupado com aquela ação. Mais detalhes no segmento imobiliário. O estudo, que é site: www.descarteconsciente.com.br desenvolvido pelo Jornal do Comércio e Qualidata aponta as empresas mais lembradas e preferidas em 100 setores Antonio Azmus e Ingo Voelcker de produtos e serviços no Rio Grande do Sul, divididos em três categorias. Os resultados foram anunciados no início de março. Os dados desta edição foram coletados entre novembro de 2012 e janeiro de 2013, por meio de mais de 500 entrevistas com empresários, executivos e profissionais liberais, sendo ouvidos mais de 60% de donos ou sócios de empresas em 47 dos principais municípios do Estado, incluindo aqueles com participação de 0,5% ou mais no PIB gaúcho, cobrindo todas as regiões do Estado. 6 síndico 199 Abril-Maio-Junho/2013 7 produtos & serviços Foco na seleção de franqueados e na capacitação das equipes mantém crescimento da Auxiliadora Predial Empresa planeja alta significativa nas vendas e o aumento da equipe de corretores A Auxiliadora Predial entrou 2013 com o pé direito, confirmando uma tendência que vem sendo observada e comprovada pelos números desde 2009: crescimento. 2012 fechou com um percentual de 60% de aumento nas vendas e 40% lojas a mais em todo o Brasil. Toda essa superação, que poderia indicar uma fase de estabilização, é impulso para metas mais ousadas a cada novo ano. “É realmente difícil vermos uma empresa que já está voando alto, crescer nestes patamares. Sabemos que as metas que definimos para o nosso trabalho são ousadas”, fala o diretor de Marketing, Vendas e Franquias, Antonio Azmus. A chave para todo esse processo de crescimento contínuo, conquistado com planejamento e metas bem definidas, está no forte investimento em qualificação das pessoas que trabalham na área de expansão e em um minucioso trabalho de seleção de franqueados por todo o Brasil. Não basta investir na abertura de novas franquias, é necessário encontrar o perfil exato para que estas prosperem e tragam bons resultados. “A estruturação da equipe começou no ano passado, com um aumento do time de vendas e franquias. Também priorizamos a qualificação desses profissionais com fortes treinamentos”, explica Azmus. A Auxiliadora Predial implantou uma nova estrutura de gerentes, que permite um salto na prospecção de franquias e um melhor comando da equipe de vendas. “Estamos aumentando o quadro e o objetivo é termos gerentes em todos os estados onde estamos presentes. No ano passado tínhamos um gerente em São Paulo e outro no Rio Grande do Sul. Hoje, temos dois em nosso estado e dois em São Paulo, e um em Santa Catarina e no Paraná”, declara Azmus. O processo de seleção e contratação de toda essa nova força de prospecção iniciou em dezembro último. Para o ano todo, os planos da empresa incluem novamente uma alta significativa no volume de vendas e o aumento da equipe de corretores. 8 síndico 199 Agência Lajeado, inaugurada em fevereiro de 2013 Mercado aquecido Além de questões internas, que contemplam a qualificação dos gerentes de expansão e de toda a equipe de vendas na busca de perfis adequados de franqueados, o visível aquecimento do mercado nos primeiros meses deste ano também impulsionou os resultados satisfatórios da Auxiliadora Predial. “O mercado deu uma aquecida em relação ao segundo semestre do ano passado, que estava mais travado. Essa soma de fatores acelerou nossas vendas, permitindo que seguíssemos com perspectivas bastante audaciosas. Temos certeza que vamos conseguir novamente atingir as metas, como temos feito todos os anos. Para 2014, pensaremos em um voo ainda mais alto”, declara Azmus. Antônio Azmus (à esquerda), Christian Voelcker (ao fundo), Luis Demori e Vagner Fleck durante a inauguração da Agência Lajeado Novas franquias Em 2013, as novidades são as duas novas lojas de Florianópolis, que estão em processo de contratação, com a busca de ponto adequado e posterior início de obras. “Santa Catarina é um estado potencial para a Auxiliadora Predial, sendo que cidades como Blumenau e Itajaí merecem até mais de uma franquia, por seu potencial imobiliário e característica populacional”, lembra Azmus. A nova estrutura de gerentes de expansão em Santa Catarina já garante a identificação de franqueados em potencial, o que resultará, ao longo do ano, em novas franquias na região. No Rio Grande do Sul existem regiões de interesse a serem exploradas. E mesmo com mais de 40 lojas em Porto Alegre, ainda vem novidade por aí. “Estamos com lojas nas avenidas Borges de Medeiros e Bento Gonçalves quase em fase de finalização. Teremos ainda novos pontos em Porto Alegre, pois mesmo com muitas franquias abertas, ainda temos candidatos sendo avaliados”, explica. Viamão também está em processo de procura de ponto e início de obra. A loja de Lajeado, que começou suas operações no final de 2012 e já está com vendas satisfatórias, foi formalmente inaugurada em fevereiro deste ano. Premiando resultados André Henz e Jair Dessanti, gerentes da Agência Caxias do Sul Os bons resultados também foram comemorados em alto estilo pela franquia que mais cresceu no ano de 2012: a de Caxias do Sul. O “nosso objetivo é premiar o trabalho de expansão, impulsionando todas as nossas franquias a seguirem nesse ritmo de crescimento”, diz Azmus. Em termos de número de vendas, o primeiro lugar de 2012 ficou com a loja Petrópolis, em Porto Alegre; o segundo lugar com a da Vila Clementino, em São Paulo; e o terceiro para a Menino Deus, também em Porto Alegre. Abril-Maio-Junho/2013 9 produtos & serviços Telecompras: 15 anos de sucesso junto aos condomínios Rotina dos serviços de limpeza é facilitada com a utilização do serviço da Auxiliadora Predial R apidez e segurança da entrega dos itens solicitados, qualidade e bons preços foram os motivos destacados pela escolha do Telecompras por João Carlos Gonçalves Vieira, síndico dos condomínios Arachane, Galeria Vicenza, Maison Louvre, e Maximus, todos no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Telecompras é o serviço de entrega de produtos de higiene e limpeza nos edifícios, evitando perda de tempo com deslocamentos ao supermercado. Com cerca de mil ligações recebidas por mês, o Vantagens do Telecompras Rapidez: produtos entregues em até 24 horas. Comodidade e ganho de tempo: as mercadorias chegam direto no condomínio. Não é preciso se deslocar ao supermercado, nem até a Auxiliadora Predial para ressarcimento das despesas. Débito automático na conta do condomínio. Controle: quando o síndico delega a compra para outra pessoa, nem sempre recebe os produtos que deseja. Com o Telecompras ele tem a oportunidade de escolher as marcas e especificações dos produtos e a certeza de que receberá o que solicitou. O rientação técnica gratuita prestada por consultor. Preços competitivos e economia: embalagens com apresentações econômicas. Listagens encartadas na Revista Síndico asseguram a validade dos preços por três meses. 10 síndico 199 O síndico João Carlos Vieira utiliza o Telecompras para todos os condomínios os quais administra serviço completa 15 anos de atividades em 2013. A completa linha de materiais de limpeza é o carro-chefe, mas também é possível adquirir uma gama de produtos, que facilitam o dia a dia de quem mora ou trabalha em condomínio. Den- tre os itens mais procurados estão: quadro de avisos, coletores de lixo, cinzeiros, carrinhos com trava de cartão. O síndico Vieira, que faz as compras sempre por telefone, lembra a assessoria técnica recebida para limpezas maiores ou mais difíceis, requeridas em áreas condominiais. “Eu utilizo esse serviço em todos os condomínios nos quais sou síndico, sempre com um excelente atendimento, sem reclamações sobre a agilidade ou os itens entregues. É uma comodidade dispor dele”, opina. Carmen Lúcia Ribeiro Maciel, síndica do Edifício Praça das Nações, também na Capital, é outra usuária frequente do Telecompras. Ela destaca a praticidade do serviço e também a consultoria oferecida. “Compro mensalmente os produtos de limpeza e, sempre que tenho qualquer dúvida quanto à escolha de itens, esclareço com a Rita ou outro profissional do Telecompras. Da limpeza do inox dos elevadores, aos mármores do hall, recebo orientações muito valiosas”, diz Carmen, que já adquiriu carrinho para transportar compras e contêineres de lixo, entre outros. Valéria Santos, supervisora da Central de Atendimento e do Telecompras lembra que a Imobiliária procura nos parceiros comerciais qualidade, comprometimento, seriedade e agilidade, reforçando a busca permanente pelos melhores preços disponíveis no mercado. Condições de pagamento lientes da Auxiliadora Predial: 30 dias com débito na conta do condomínio C Não clientes: 15 dias para pagamento (DOC bancário ou cheque) Pedidos e horário de atendimento De segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Fone (51) 3216-6166 ou pelo site www.auxiliadorapredial.com.br Abril-Maio-Junho/2013 11 entrevista “Contar com uma boa retaguarda é fundamental para o sucesso da gestão” Saber se colocar no lugar do outro – esse é um dos conse- frente do Condomínio San Rafael, no Campo Novo, Zona lhos mais dados àqueles que pretendem ter um bom rela- Sul de Porto Alegre, sua tarefa era cuidar da portaria de cionamento interpessoal. Imaginem para quem lida dia- prédios residenciais. A experiência acumulada nessa fase, riamente com inúmeras pessoas, de diferentes personali- aliada a um perfil atuante e disponível para escutar e com- dades e objetivos, mas que precisa entrar constantemente preender as necessidades do outro, fazem deste síndico em consenso? Para o síndico Nelson Souza Fernandes, 66 um exemplo para todos que querem encarar o desafio de anos, essa tarefa é simples, já que antes de colocar-se a comandar um condomínio. Quando surgiu a ideia de ser síndico? Meu envolvimento com esse mundo começou há mais de 35 anos, fornecendo produtos como vendedor para condomínios clientes da Auxiliadora Predial. Depois de meu desligamento, comecei a atuar em portaria, de 1999 até o ano passado, quando me aposentei. Durante todo esse tempo trabalhando em portaria, fiquei envolvido com o dia a dia des- se universo, acumulando experiência. Até brinco hoje com os funcionários: “Não venham me conversar, porque eu já estive no lugar de vocês”. Como o senhor se tornou síndico do Condomínio San Rafael? Tudo começou quando conheci minha atual esposa, que comprou uma unidade aqui. Quando nos mudamos, automati- camente comecei a me envolver com as questões do condomínio, porque já tinha sido síndico e gostava da área. Os síndicos anteriores eram marinheiros de primeira viagem e acabei naturalmente sendo um orientador, que conversava e dava ideias. Então, nos últimos dias antes da assembleia, apresentei-me como candidato. Somente entreguei um papel para as pessoas me apresentando e falando que tinha 24 horas de disponibilidade, já que ser atuante é imprescindível para o cargo. Não fiz promessas de grandes obras, porque ainda não temos receita para isso. Mas o que mais me preocupava eram as questões de manutenção, que começavam a ser necessárias, já que o condomínio estava entrando em seu terceiro ano. Fui eleito em novembro e, desde lá, estou me dedicando a fazer um bom trabalho. Qual é a estrutura do Condomínio San Rafael? É um condomínio de 19 prédios com 20 apartamentos cada um, totalizando 380 apartamentos em 17 mil metros quadrados que também contam com dois salões, área de lazer, cancha de esportes e pracinha para as crianças. Qual é a composição administrativa? Síndico, subsíndico e três conselheiros fiscais. 12 síndico 199 dida e molhando a sua janela. Ou pela furadeira que não pode funcionar no domingo. Minha esposa se surpreende de como tenho paciência, mas é isso, eu converso com as pessoas, lido bem. É minha forma de ser. Nelson Fernandes, junto ao playground do Condomínio San Rafael Como é a sua rotina no condomínio? Encaro como um trabalho, porque são 24 horas de dedicação. E me coloco à disposição do condomínio o tempo todo mesmo. Você precisa gostar do que faz, senão é um problema. Não adianta desligar o interfone para não ser solicitado. Estou sempre por aqui, conversando com os funcionários, que hoje são seis na portaria, três para serviços gerais e um zelador que é meu braço direito. Ao mesmo tempo que sou muito envolvido, confio no trabalho de todos, e tenho certeza que se sair pelo portão, tudo continuará acontecendo da forma certa. O senhor é muito solicitado? Sim, para questões diversas. Ligam para falar da roupa do vizinho que está esten- O síndico Nelson, ao lado dos funcionários da portaria, Cristiano Guedes (à direita) e Emerson Alves (à esquerda) O senhor conta com o auxílio da sua equipe? Conto com parceiros muito importantes: o subsíndico, Jorge, que sempre que solicitado me assessora e está atento às rotinas do condomínio e ao cumprimento do Regimento Interno; sua esposa, Magnólia, que é responsável pelas reservas dos salões (tarefa nada fácil, pois tem que manter a ordem durantes as festividades); os conselheiros: a senhora Gilsa, que é responsável pelas reclamações que se referem à limpeza, Leciane é nossa “mediadora”. Por ser assistente social, ela tem experiência, e colabora quando temos problemas com moradores que não cumprem o Regimento Interno; Alexandre, que por trabalhar na área de informática auxilia quando temos que verificar gravações e manutenções do computador e, por último, minha esposa, Adriana, que contribui na parte burocrática, buscando orçamentos e gerenciando os e-mail’s. E qualquer problema disponho de minha assessora e outros profissionais da Auxiliadora Predial. Tenho uma boa retaguarda e isso é muito importante para um síndico. Como é estimulada a participação dos condôminos? Logo que assumi decidi fazer reuniões entre os blocos, misturando-os, sem seguir localização, aleatoriamente, para que eles pudessem se conhecer melhor. E nessas reuniões eu realmente pedi a ajuda de todos, pois se cada um fizer um pouco no seu próprio bloco, não preciso contratar ainda mais funcionários. Notei a mudança: um grupo de pessoas pediu materiais para fazer um mutirão de limpeza. Outros doaram holofotes para colocar em partes que estavam sem iluminação. Isso é bonito de se ver! Outra estratégia é convidar pessoas para participar dos primeiros 30 minutos das nossas reuniões de equipe administrativa, Abril-Maio-Junho/2013 13 entrevista Nelson Fernandes é o síndico do Condomínio Solar San Rafael, um complexo de 19 prédios, totalizando 380 apartamentos, em 17 mil metros quadrados que acontecem mensalmente. Eles trazem sugestões, reclamações e elogios. Sabemos que essas pessoas ficam conhecendo melhor nosso trabalho e disseminam para seus vizinhos. Que desafios encontrou no condomínio? Um dos maiores desafios é que a maioria dos condôminos daqui está vivendo em condomínio pela primeira vez na sua vida. Sabemos que todos compraram seu espaço com muito sacrifício, mas muitos não sabem muito como viver em comunidade. O lixo é um exemplo: as pessoas ainda agem como se estivessem em casas e, simplesmente, precisassem deixar o lixo na calçada e esperar o lixeiro passar. Mas se fizermos isso aqui, teremos uma montanha de lixo na frente do nosso condomínio. Então, estamos fazendo um trabalho de conscientização, indo de porta em porta e entregando o regimento, educando sobre a vida em condomínio. Tivemos também alguns problemas de vandalismo e depredação interna. Com ajuda de condôminos, estamos propondo atividades para os jovens que ficam ociosos, enquanto seus pais trabalham. Compramos as tintas e chamamos os moradores para pintarem o que havia sido pichado. 14 síndico 199 Há registros de inadimplência? Sim, enfrentamos um problema sério de inadimplência. Tenho conversado e tentado fazer acordos e conto com a ajuda do departamento jurídico da Auxiliadora Predial. Algumas obras precisam ser feitas, mas a inadimplência nos limita a resolver os problemas de manutenção. Ainda precisamos estabilizar a saúde financeira do condomínio para, no futuro, começarmos a projetar obras e outras realizações. Perfil Um lugar especial A minha casa Viagem que pretende fazer Um sonho um livro Nordeste Depois de ver o condomínio funcionando bem, quero poder descansar e morar na praia Livros ligados ao Direito, gosto muito dessa área Uma personalidade N o Um filme Como o senhor aconselharia um síndico de primeira viagem? Procure ler muito e conhecer a administradora. É preciso ir lá, conversar com os assessores, ter uma relação próxima. Não existem perguntas idiotas, não fique inibido, pergunte tudo o que for preciso. Não é fácil ser síndico, a responsabilidade é grande. Se você está pretendendo se candidatar, já comece a buscar informações agora. Leia muito, principalmente sobre questões legais. passado, Mandela; na atualidade, Obama Doutor Jivago O vizinho ideal Parceiro, amigo, educado Uma alegria Meu bisneto, que nasceu há 15 dias O futuro Morar em uma praia pequena e tranquila, mas com infraestrutura Ser síndico é Ter disponibilidade, educação e saber tratar as pessoas. Ser atuante e disposto Abril-Maio-Junho/2013 15 gestão Como enfrentar a inadimplência sem traumas C ada vez é mais raro encontrar um síndico que não precise lidar diariamente com as consequências negativas que sucedem a falta de pagamento das taxas condominiais. O problema, que deveria ser pontual, cresce muito e, surpreendentemente, torna-se uma prática trivial no universo da habitação brasileiro. Depois do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi/SP) apontar um aumento de 6,81% no número de ações de cobrança por falta de pagamento da taxa condominial, o Secovi-RS/Agademi confirmou a mesma tendência entre os gaúchos: o índice de inadimplência aumentou de 12, 68% para 17,08% em um ano (índices medidos em novembro de 2011 e novembro de 2012 pela pesquisa do Mercado Imobiliário – Inadimplência nos Pagamentos das Quotas Condominiais em Porto Alegre publicada em novembro de 2012). Mas porque a inadimplência é tão difícil de ser combatida? Segundo Pedro Becker, consultor jurídico da Becker & Engel – Advogados Associados, parceira da Auxiliadora Predial, desde a redução do percentual da multa por atraso ou falta de pagamento da taxa condominial de 20% para 2%, instituída em 2003 pelo novo Código Civil, o boleto do condomínio é facilmente deixado de lado quando o dinheiro falta. “As pessoas preferem pagar dívidas com juros maiores, como o cheque especial e cartão de crédito, o que contribui para o atraso do condomínio”, opina. Como lidar com a inadimplência Já que a inadimplência é realidade, os síndicos tentam equacionar o problema para os demais condôminos não sejam onerados. Segundo o advogado Pedro Becker, a busca da solução por acordo tem sido uma boa opção por respeitar as 16 síndico 199 dificuldades do inadimplente.“Aconselha- se sempre, em todas as questões do condomínio, muito diálogo”. Becker atenta ainda para a questão da negociação de valores: mesmo podendo ajustar prazos que facilitem o pagamento por parte do condômino inadimplente, não deve, sem a autorização da Assembleia, abater valores e fazer descontos. “O síndico não tem autonomia para isso, pois o crédito não é seu, e sim do condomínio”, reitera. Qual a hora de ajuizar uma ação? E quando a conciliação não é possível, qual o momento de ajuizar uma ação? “É interessante que a assembleia defina o prazo de ajuizamento da cobrança, desvinculando esta decisão do síndico. Na maioria dos casos, os condomínios definem esse prazo em três meses, porém, poderá ser menor ou maior. Essa medida evita o constrangimento do síndico em decidir o ajuizamento de ação contra vizinho ou amigo. Independente da possibilidade de conciliação, convém a administradora notificar o devedor por cartas lembrando-o do débito, solicitando o pagamento e, por último, informando as possíveis consequências”, explica Becker. Um alerta É ilegal a divulgação em locais públicos da relação de inadimplentes e a privação dos devedores da utilização das coisas ou serviços do condomínio em decorrência da inadimplência. “Não é aconselhável pressionar o inadimplente, o que, além de dificultar um acordo, pode reverter em uma ação por danos morais contra o condomínio ou contra o síndico”. Como argumentos para que as dívidas sejam saldadas, o consultor da Becker & Engel lembra que o débito condominial é considerado uma dívida do imóvel, podendo o mesmo responder pelo débito, inclusive ser penhorado e, por fim, leiloado. “De outra sorte, é dívida que cresce pelo vencimento de novas quotas mês a mês, multa, juros, correção monetária e honorários advocatícios podendo o devedor, ao final e a cabo, não conseguir pagar e perder seu imóvel. Além disso trata-se de situação constrangedora do devedor perante os demais condôminos”, argumenta Becker. Abril-Maio-Junho/2013 17 18 síndico 199 geral A obra de arte do Condomínio Praça das Nações foi totalmente restaurada há três anos, na administração da síndica Carmen Lúcia Ribeiro Maciel Artes plásticas integradas à arquitetura dos condomínios Lei municipal prevê que construções da Capital tenham obras de arte visíveis aos condôminos e à população O s condomínios de Porto Alegre têm um papel importante no incentivo à arte. Desde outubro de 2011, há uma lei municipal que exige que as edificações com mais de 2 mil metros quadrados tenham, em local visível à população, uma obra de arte original. Pode ser escultura, vitral, pintura, mural ou qualquer outra forma de manifestação artística – desde que seja acessível a moradores, vizinhos ou apenas a pes soas que passam pelo condomínio. E “A arte continuará sendo o lugar onde nosso olhar pode ser mais questionado e, consequentemente, mais inteligente. Esta lei aproxima as pessoas deste lugar chamado arte.” Eduardo Venzon, artista plástico essa norma pode ser ampliada em breve. Um projeto da vereadora Sofia Cavedon pede que as edificações públicas com mais de 500 metros quadrados também disponham de obras de arte. Os benefícios de viver em um lugar onde a arte está presente é sentido pela síndica Carmen Lúcia Ribeiro Maciel, do Edifício Praça das Nações, em Porto Alegre. Quando assumiu a administração, o mural já existia, e é referência para os moradores, mas precisava de atenção. Abril-Maio-Junho/2013 19 geral “Fizemos a restauração da obra há três anos, e com isto valorizamos tanto a obra, quanto o próprio prédio”, conta Carmen, que tem formação em Arquitetura de Interiores e seu bom gosto está expresso nas reformas pelas quais o edifício têm recebido em sua gestão e que será objeto de reportagem futura. Artista plástico defende o projeto O artista plástico e diretor do Museu de Arte Contemporânea do RS, André Venzon, participou dos debates que originaram a lei e enfatiza que o projeto faz com que a arte assuma uma importância no espaço urbano, a exemplo do que ocorre desde a época do Renascimento nas cidades europeias. “A arte não é uma coisa natural, é necessário criá-la e, por meio da educação, conhecê-la, para depois transformá-la em cultura. Esta lei chama atenção para isto, colocando a arte e o público face a face, no seu cotidiano imediato, mas ampliando a esfera do ser, do seu campo estético, passando da experiência individual frente a uma obra de arte para o coletivo”, afirma. Como escolher essas obras? A lei prevê que seja mantido um cadastro de artistas na Secretaria Municipal de Cultura. André Venzon defende a determinação: “Até para vender cachorro- O que diz a Lei nº 10.036, de 8 de agosto de 2006, regulamentada por decreto em 11 de outubro de 2011 Toda edificação com área adensável igual ou superior a 2 mil metros quadrados deverá conter, em local visível à população, uma obra de arte original (escultura, vitral, pintura, mural, relevo ou outra forma artística) sem caráter publicitário. quente na rua tem que ter um cadastro na prefeitura. Logo, para edificar uma obra de arte isto é mais que necessário. Considero este cadastro uma grande conquista dos artistas visuais, pois também é uma forma do município reconhecer estes agentes do campo artístico que voltam a ser construtores da cidade”, diz. Para fazer parte deste cadastro, o artista tem que comprovar sua atuação profissional mediante inscrição e documentos específicos junto à prefeitura. O novo projeto Tramita na Câmara Municipal de Porto Alegre, desde outubro de 2012 e ainda sem previsão de aprovação, um projeto de lei de autoria da vereadora Sofia Cavedon que pede o aprimoramento da Lei 10.036. A proposta é estender a lei às edificações públicas com área adensável igual ou superior a 500 metros quadrados. O projeto sugere, também, a realização de concurso para definir quais obras de arte integrarão as construções públicas. Em defesa do projeto, a vereadora justificou que o objetivo é fazer com que os trabalhos dos artistas sejam vistos pela população, disponibilizando, para isso, locais de grande circulação de pessoas. “Não queremos que as obras fiquem expostas apenas em shoppings centers ou condomínios de luxo, mas também em construções públicas localizadas em regiões menos privilegiadas de cultura, como escolas, creches, centros de saúde e centros comunitários”, declara. 20 síndico 199 A obra de arte será executada por artista plástico cadastrado na prefeitura, que é responsável por manter um cadastro aberto à consulta pública. A obra deverá ter a chancela do autor do projeto arquitetônico e compatível com a edificação A obra não pode ser executada em material facilmente perecível. A conservação da obra de arte será de responsabilidade dos proprietários da edificação. É preciso obter uma Carta de Habitação, que deve ser encaminhada ao Poder Executivo com o projeto da obra de arte, contendo o nome do artista, a chancela do responsável técnico pelo projeto, a descrição da obra e o local de sua colocação. A obra de arte será vinculada à edificação e não poderá ser retirada ou substituída sem autorização prévia do Poder Executivo. Se a edificação for demolida, a obra de arte reverterá ao Poder Executivo. Abril-Maio-Junho/2013 21 capa Decidindo os rumos do condomínio As assembleias são o momento para os moradores debaterem os temas relacionados ao local onde vivem. Torná-las eficientes e participativas é um desafio para os síndicos A história segue o mesmo roteiro na maioria dos prédios: vizinho novo muda-se e quer acompanhar a reunião de condomínio e discutir as melhorias em seu patrimônio. A empolgação com o primeiro encontro vai desaparecendo nas assembleias seguintes, até que não compareça mais. O motivo para o desinteresse é a falta de objetividade e de resultados e os bate-bocas entre condôminos que acabam surgindo. Modificar esse cenário e manter a presença dos moradores é um trabalho que vem motivando os gestores a adotarem posturas diferentes e mais eficazes na condução dos assuntos em análise. No Condomínio Miraflores, por exemplo, o síndico 22 síndico 199 João Rafael Tissot aposta na conversa informal do dia a dia para incentivar as pessoas a se envolverem com os temas da edificação. “Lembro sempre que quanto mais participação, melhor será a decisão, e isso tem funcionado”, comenta. Já a convocação oficial é feita pela Auxiliadora Predial e divulgada também nos murais e no grupo interno criado por ele na internet. Localizado no bairro Cristal, em Porto Alegre, o Miraflores possui 204 unidades divididas em três torres e conta com a presença de cerca de 70 apartamentos nas reuniões, algo em torno de 120 pessoas. Tissot relata que, por ser um prédio novo – menos de dois anos –, os primeiros encontros foram mais tumultuados, os vizinhos não se conheciam e muitos nunca haviam morado em condomínio. Porém, a partir da segunda assembleia, ele conseguiu organizar os debates e separar aquilo que fazia parte da pauta e o que poderia ser resolvido com comunicação interna, fosse por meio dos murais ou virtualmente, como separação do lixo e horários para o descarte. A tecnologia, inclusive, vem ajudando o gestor, que é analista de sistemas, a conduzir as reuniões. “Faço uma exposição visual em um telão, utilizando o projetor para demonstrar os assuntos, com fotos e dados, de maneira clara”, Está no Código Civil (Alguns artigos relativos ao assunto) afirma o síndico, que já está em seu segundo mandato. Em 2012, foram realizados quatro encontros e neste ano, já houve um. Tissot adianta que se prepara para as assembleias definindo, antes de tudo, o que será abordado com os condôminos. Com isso determinado, foca na busca de informações para orientar as pessoas da melhor forma possível. Além dis- Art. 1.348. Compete ao síndico: I - convocar a assembleia dos condôminos; IV - cumprir e fazer cumprir a Convenção, o Regimento Interno e as determinações da assembleia; VIII - prestar contas à assembleia, anualmente e quando exigidas. Art. 1.350. Convocará o síndico, anualmente, reunião da assembleia dos condôminos, na forma prevista na Convenção, a fim de aprovar o orçamento das despesas, as contribuições dos condôminos e a prestação de contas, e eventualmente eleger-lhe o substituto e alterar o regimento interno. § 1º Se o síndico não convocar a assembleia, um quarto dos condôminos poderá fazê-lo. Art. 1.351. Depende da aprovação de 2/3 (dois terços) dos votos dos condôminos a alteração da Convenção; a mudança da destinação do edifício, ou da unidade imobiliária, depende da aprovação pela unanimidade dos condôminos. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004) Art. 1.352. Salvo quando exigido quórum especial, as deliberações da assembleia serão tomadas, em primeira convocação, por maioria de votos dos condôminos presentes que representem pelo menos metade das frações ideais. Parágrafo único. Os votos serão proporcionais às frações ideais no solo e nas outras partes comuns pertencentes a cada condômino, salvo disposição diversa da convenção de constituição do condomínio. Art. 1.353. Em segunda convocação, a assembleia poderá deliberar por maioria dos votos dos presentes, salvo quando exigido quórum especial. Art. 1.354. A assembleia não poderá deliberar se todos os condôminos não forem convocados para a reunião. Art. 1.355. Assembleias extraordinárias poderão ser convocadas pelo síndico ou por um quarto dos condôminos. Parágrafo único. Para ser oponível contra terceiros, a Convenção do condomínio deverá ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Fonte: Advogado Pedro Guilherme Becker Abril-Maio-Junho/2013 23 capa João Rafael Tissot, síndico do Condomínio Miraflores, em Porto Alegre lembra que as assembleias iniciais foram tumultuadas. Ele faz uso da melhor tecnologia para conduzir as assembleias com exposições visuais atraentes so, tira o dia da reunião para montar e se concentrar na apresentação e planejar como irá acontecer. Para otimizar o tempo, ele procura objetivar os temas e as discussões paralelas, o que nem sempre é fácil. “Tento ser imparcial e a favor do Condomínio nessas ocasiões, baseando-me nas regras internas e tentando controlar os ânimos e minimizar os conflitos”, enfatiza. Obrigatório por lei Pelo menos um encontro por ano – a Assembleia Geral Ordinária (AGO) – deve ser realizado nas edificações, esclarece o advogado Pedro Guilherme Becker. Nesse momento, é feita a prestação das contas anuais da gestão, eleição da administração e definição do orçamento para o próximo período. Além da AGO, podem ocorrer a Assembleia Geral de Instalação, que trata do nascimento do condomínio, e as Assembleias Gerais Extraordinárias, envolvendo matérias de interesse dos moradores. “Nas reuniões extraordinárias são deliberados temas como despesas não previstas no orçamento, tomar conhecimento de ações judiciais em que o prédio seja parte, estabelecer normas ad24 síndico 199 lo presidente da assembleia. “Há condomínios que as registram em cartório, o que não é obrigatório. Porém, é conveniente, pois dessa forma permanecerão garantidas quanto à publicidade e sua manutenção. Existem órgãos públicos que exigem isso da ata de eleição para aceitar a representação em registros e nos referidos órgãos”, argumenta. O advogado frisa ainda que todos os moradores precisam ser convocados para as reuniões e que, de acordo com ao assuntos a serem apreciados, devem ser atingidos quóruns específicos regulamentados na legislação ou na Convenção (detalhes no box da pág. 23). Com relação à votação, Becker destaca que, pela Lei 10.406/02, podem participar e votar os condôminos que estiverem quites. Aqueles que possuírem dívidas têm o direito de estarem presentes, mas sem direito a manifestação ou voto. ministrativas de convívio, apreciar recursos interpostos por condôminos, entre outros”, descreve Becker. A organização condominial tem como fundamento a legislação, em especial o Código Civil (Lei 10.406/02), a Convenção, o Regulamento Interno e as determinações das assembleias. O advogado explica que o Código Civil estabelece as regras genéricas a serem seguidas nos encontros. Já a Convenção estipula as normas específicas de cada edifício. “A assembleia é o órgão máximo de deliberação para a gestão do condomínio. Suas resoluções – desde que não contrariem a lei, a Convenção e o Regimento Interno – obrigam a todos os condôminos e possuidores de economias a cumpri-las, independentemente de sua participação nas discussões”, pondera. Sobre a condução das reuniões, Becker informa que elas devem ser presididas conforme definido na Convenção, normalmente por um condômino escolhido pelos presentes. Atas em cartório A partir do encontro, uma ata será redigida, retratando com fidelidade o que foi debatido e aprovado, o que, em geral, é efetuado por um secretário indicado pe- Roberta Castro é supervisora de Condomínios na Auxiliadora Predial Dicas de quem entende do assunto Os supervisores de Condomínio da Auxiliadora Predial Roberta Castro e Diego Teixeira e conhecem as dificuldades enfrentadas pelos gestores quando se trata de participação nas assembleias. Eles dão sugestões para tornar as reuniões eficientes e aumentar a presença. Diego Teixeira é supervisor de Condomínios na Auxiliadora Predial Reuniões setorizadas Desde que assumiu a gestão do Condomínio Residencial San Rafael, na capital gaúcha, Nelson Fernandes vem fazendo um trabalho que ele mesmo classifica de formiguinha para envolver os vizinhos nas decisões sobre o local, onde há 380 apartamentos distribuídos em 19 blocos. Para dar conta de tudo, o síndico encontrou uma solução: encontros específicos com os moradores de cada torre. Em um dia, ele faz quatro reuniões. “E estou tendo bons resultados”, comemora Fernandes, que é aposentado e aproveita o tempo mais livre para transitar pelo San Rafael e conversar com as pessoas. “Esse contato direto motiva os condôminos a participarem das discussões”, ressalta. Nos encontros, são abordadas questões cotidianas, como pequenos consertos, reclamações, separação do lixo e eventuais conflitos entre vizinhos. Sua preparação para esses momentos envolve a busca de informações, aprofundando o conhecimento sobre os temas da pauta, e seguir a ordem do dia, evitando que os assuntos sejam desvirtuados e terminem em desavenças. “Não deixo ir para o lado pessoal. Recentemente, passei por uma situação de divergência entre moradores que resolvemos em uma reunião do bloco”, diz. Mesmo sendo informais, o síndico revela que cada evento tem sua ata. Outra ação de Fernandes para melhorar a convivência é a de entregar o Regimento Interno de porta em porta para que todos conheçam as regras e respeitem os outros. Ele afirma também que tem uma longa parceria com a Auxiliadora Predial, que oferece a retaguarda necessária em distintas situações. Estar preparado e informado sobre a pauta que será abordada, procurando subsídios e mais dados. A administração precisa falar a mesma linguagem. Antes da assembleia, síndico e Conselho Fiscal devem trocar ideias sobre os temas que serão tratados, alinhando as visões. Previamente, debater a pauta com o assessor de condomínio, verificando os assuntos mais delicados e as questões jurídicas. Pautas longas tendem a assustar os moradores. Contar com um resumo das principais ações concretizadas ao longo do ano é importante para responder a eventuais questionamentos. Escolher um presidente, que não seja o gestor, para conduzir a reunião. A pessoa indicada deve ter o perfil para conseguir coordenar os debates e evitar que se fuja da ordem do dia. Indicar um secretário para escrever a ata da assembleia. Reuniões harmônicas e eficazes mantêm a participação elevada. É a qualidade do encontro que assegura que os condôminos irão estar presentes na próxima. Usar recursos tecnológicos, como apresentações em Power Point e data show, auxiliam na exposição e centram a atenção das pessoas no interlocutor. Em assembleias com temas mais polêmicos, é recomendado que seja feita a inscrição antecipada dos moradores que desejarem se manifestar. Em casos de conflito, basear-se sempre no Regimento Interno e na Convenção. É gentil oferecer água, chá, café e pipoca ou biscoitos. Assim, a reunião já começa com um clima amistoso, o que contribui para o seu bom andamento. Abril-Maio-Junho/2013 25 manutenção Sem sustos na conta de água Verificar periodicamente os hidrômetros do condomínio impede desperdícios e gastos desnecessários C om 192 apartamentos divididos em três torres, o Condomínio Alizé Parc Residence, no bairro Jardim Europa, em Porto Alegre, adotou a individualização dos hidrômetros para assegurar o pagamento de água correto para cada unidade e, também, como medida preventiva. A mudança de sistema, relata o síndico Rui Gilberto Leitzke, foi aprovada durante assembleia e a proposta vencedora foi a da empresa Conta Justa, que utiliza tecnologia de telemetria para medir o consumo. Além dos leitores para as residências, foram instalados equipamentos na entrada geral de água do Alizé. “A iniciativa já auxiliou a detectar problemas de vazamento e a checar algumas contas de condôminos”, comenta Leitzke. Ele reforça que, agora, as pessoas são cobradas exatamente pelo que usam de água, além de existir uma facilidade operacional maior e uma precisão de leitura dos relógios. O custo de implantação, informa o gestor, foi arcado pelos moradores e o serviço, após ser realizado gratuitamente por um ano, tem hoje uma pequena taxa. O responsável pela Coordenação de Inspeção Predial do Departamento Mu- nicipal de Água e Esgotos (Dmae) da capital gaúcha, engenheiro Luiz Fernando Alves da Silva, salienta que a maioria dos edifícios não possui uma gestão do consumo de água. O ideal, segundo ele, seria que o síndico contasse com um funcionário para fazer o acompanhamento periódico dos hidrômetros, identificando os níveis de água gastos pelo imóvel. “É comum ouvirmos dos administradores que o consumo está muito elevado. Porém, ao serem questionados sobre a média de metros cúbicos utilizada mensalmente, grande parte deles não sabe responder”, observa. Uma dica do engenheiro é que, uma vez por semana ou quinzenalmente, seja feita a leitura dos Valor na medida certa A Conta Justa, uma franquia de serviços de fábrica francesa de hidrômetros, instala esses equipamentos com um dispositivo eletrônico que possibilita o armazenamento das informações de consumo e a leitura é feita por meio de um aparelho que funciona por radiofrequência, como um celular. “Um colaborador vai até o condomínio e da rua mesmo, com um equipamento portátil, capta os dados, que são enviados à administradora ou ao gestor por e-mail e de maneira individualizada”, conta o engenheiro da empresa, Cláudio Touguinha. Com a tecnologia, é possível analisar o gasto de água, se há vazamentos ou fraudes. Médias de consumo Unidades a partir de três dormitórios consumem entre 15 a 20 m³/mês. Unidade de um a dois dormitórios: 10 a 12 m³/mês. Fonte: Luiz Fernando Alves da Silva, engenheiro do Dmae 26 síndico 199 equipamentos e os números registrados em uma planilha de Excel. Ele lembra ainda que um metro cúbico equivale a 1.000 litros de água. Nos condomínios em que não há relógios individualizados, o consumo médio por apartamento pode ser obtido por meio do total de metros cúbicos do mês divididos pela quantidade de unidades. Dessa forma, qualquer alteração é facilmente percebida, inclusive, vazamentos. Silva explica que problemas nos encanamentos, em geral, representam um aumento de 30% a 40% no gasto com água. “Dificilmente ocorrem erros nos hidrômetros, que possuem uma vida média de oito anos. Nos processos de aferição abertos no Departamento, mais de 90% deles são ocasionados por vazamentos”, descreve. Nas situações em que o escape de água não é aparente, o síndico pode ir até uma loja do Dmae, com os documentos da empresa que realizou o conserto, e solicitar a revisão das últimas três contas. Dicas para não desperdiçar água Ao usar mangueira, preferir as que têm um gatilho para liberar a água. Na medida do possível, recolher água da chuva para lavar pátios, garagens e paredes. Não utilizar a mangueira para varrer folhas ou lixo. Devem ser empregados baldes na limpeza dos vidros. Verificar se as torneiras das áreas comuns estão fechadas e, quando foi viável, trocá-las por modelos com temporizador. Limpar a caixa d’água a cada seis meses e verificar se ela está bem vedada. Fonte: Gustavo Falcão, coordenador de Educação Ambiental do Dmae Abril-Maio-Junho/2013 27 gestão Publicidade em condomínios: novas regras, de olho no meio ambiente Colocação de outdoors, tabuletas ou placas devem obedecer a nova legislação em Porto Alegre J á está em vigor, na Capital, as novas regras de licenciamento ambiental para a colocação de outdoors e materiais promocionais em espaços como os condomínios. As determinações são compatíveis com o novo Plano Diretor de Porto Alegre e merecem atenção especial dos síndicos. A partir da publicação do Decreto n°18.097, em dezembro, ficou proibida a instalação de materiais publicitários em áreas puramente residenciais – são permitidos somente os letreiros indicativos de estabelecimentos comerciais. Nas áreas mistas, mas que haja predominância residencial, são permitidas placas de impacto moderado. Já nas áreas predominantemente comerciais são liberados, mas com regras específicas e bem mais rígidas. O decreto previa que todo o material já instalado se adequasse às normas até o dia 4 de março. E os novos equipamentos devem ser autorizados pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), cujo requerimento prevê a apresentação de uma série de documentos como planta do terreno, levantamento fotográfico do local, planta do terreno ou do prédio e descrição detalhada de dimensões, materiais, iluminação e fixação. Somente assim será dada autorização para o condomínio alugar o espaço comercial. Em busca de receita para o condomínio De olho nessa possibilidade e cumprindo à risca as novas regras, a síndica Sonia Lopes Soares, do Edifício Condomínio Laçador, fez uma parceria com uma empresa de divulgação, para instalar um outdoor na área externa do condomínio, que fica em uma área mista. A documentação já foi encaminhada 28 síndico 199 Em áreas mistas com predominância residencial é permitida a instalação de outdoors com até 27 metros quadrados para a prefeitura e a gestora aguarda o aval do poder municipal para iniciar a colocação da estrutura. “Nossa ideia é aumentar a receita e, com isso, melhorar a qualidade de vida do condômino. Com essa verba podemos investir em otimizar a iluminação e a acessibilidade, instalar câmeras de segurança ou até instalar novos equipamentos de lazer – tudo sem aumentar a taxa condominial”, afirma Sonia. Depois da instalação deste outdoor, a síndica também estuda uma maneira de utilizar o espaço da caixa d’água para colocar material publicitário e, assim, obter ainda mais ao prédio. Arquiteta alerta para a importância das regras A questão é vista com cuidado pela arquiteta Andressa Venturini. Ela avalia que toda a parte estrutural de fachada, altura e recuo integram o projeto arquitetônico da construção, seguindo uma série de determinações dos planos diretores dos municípios. “Na hora de decidir por instalar ou não um outdoor, por exemplo, deve-se levar em consideração o recuo que há no prédio, que se for colocado qualquer outro objeto pode-se fazer uma barreira, saindo do projeto original. A questão de altura também deve ser observada com atenção, para não burlar as regras pré-determinadas pelo município”, explica. Andressa exemplifica que no caso da região central de Porto Alegre, o passeio público é estreito, mas que em áreas mais novas, já há a exigência de que a calçada tenha, no mínimo, quatro metros de largura. Uma peça publicitária portanto, também deve obedecer esse espaço do passeio, localizando-se no recuo da construção. Arquiteta Andressa Venturini Poluição visual também deve ser observada A arquiteta também avalia que a colocação de material publicitário, especialmente em áreas residenciais, interfere muito no visual do entorno. “Não se pode levar em consideração apenas a parte comercial. Nós, arquitetos, quando formatamos um projeto, pensamos em como ele vai se encaixar no entorno, se vamos ou não interferir na paisagem, se vamos impulsionar a polui- ção visual ou contribuir para um ambiente mais limpo. Até a fachada é pensada com o conjunto do entorno”, afirma. E complementa: “Não podemos simplesmente transformar os condomínios em um grande outdoor. Precisamos dar atenção à beleza da cidade que, por muito tempo, foi esquecida.” Mesmo os condomínios mistos ou totalmente comerciais devem ter cuidado na escolha de tapumes ou materiais promocionais, alerta Andressa, dizendo que o próprio prédio pode se desvalorizar por estar escondido atrás de publicidade. O que dizem as novas regras Letreiros Zoneamento Ficam estabelecidas proporcio Em determinadas áreas, os veículos de divulgação promocionais terão tamanho nalidades do tamanho dos letreiros em relação à largura da frente dos estabelecimentos e limitadas de acordo com a largura da via. Somente serão autorizados totens e placas do tipo “pirulito” em estruturas com frente maior de 10 metros, que não possuam edificação, que estejam recuadas mais de 6 metros ou que, em função de suas linhas arquitetônicas, não permita a fixação na fachada. limitado de acordo com a largura da via e distanciamento maior, no caso de painéis, e limitação na quantidade por lote, no caso de outdoors, para reduzir o impacto visual. Os tamanhos estabelecidos são os já comumente encontrados, hoje (painéis com 26m² ou 18m² e outdoors com 27m²). Em áreas predominantemente residenciais, fica proibida a instalação desses veículos (painéis, tabuletas, outdoors). Em áreas mistas com predominância residencial, fica permitida a instalação de veículos de impacto moderado (medidas descritas acima). Em áreas predominantemente produtivas e mistas com estímulo à atividade produtiva, fica permitida a instalação de todos os tipos de veículos de divulgação previstos na Lei (outdoors poderão ter até 30m², empenas cegas até 40m² e com distânciamento mínimo das vias). Qualquer veículo de divulgação deve obedecer a distância mínima de 10 metros em relação a maciços vegetais expressivos. Abril-Maio-Junho/2013 29 trabalhista Serviços gerais: funcionários que cuidam do condomínio As principais funções desses colaboradores são as de limpeza e conservação das edificações C om a figura do zelador cada vez menos presente nos prédios, uma nova categoria vem sendo bastante requisitada pelos síndicos: a dos serviços gerais. Apesar de suas tarefas serem mais abrangentes que a de outros funcionários, o foco de sua atuação está na limpeza e na execução de alguns pequenos reparos no condomínio, explica a supervisora de Administração de Pessoal da Auxiliadora Predial, Margarete Quevedo. As funções desses colaboradores são descritas na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), e detalhadas no Artigo 5.52 e na subdivisão 5.52.15, acrescenta o advogado Pedro Guilherme Becker. Pela tabela, os contratados como serviços gerais realizam o trabalho rotineiro de conservação, manutenção e limpeza de pátios, jardins, vias, dependências internas e externas, patrimônio e bens imóveis. Margarete Quevedo, supervisora de Administração de Pessoal e Elaine Fanfa, analista de Administração de Pessoal da Auxiliadora Predial 30 síndico 199 Pela variedade de atividades que podem desempenhar, Margarete e Becker salientam a relevância de deixar previsto em contrato exatamente aquilo que caberá ao funcionário de serviços gerais cumprir, para que não ocorra nenhum acúmulo ou excesso de tarefas e,também, para que ambas as partes tenham suas necessidades atendidas. A analista de Administração de Pessoal da Imobiliária, Elaine Fanfa, reforça ainda a importância de pagar o adi- Jornada de trabalho cional de insalubridade de 20% sobre o salário mínimo nacional, para os casos em que os colaboradores manipulam o lixo. Já para o Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios e Condomínios do Estado do Rio Grande do Sul (Sindef/RS), não existe o cargo de serviços gerais na Convenção Coletiva da Categoria, e sim o de faxineiro, zelador, vigia, porteiro, ascensorista e garagista. “A pessoa contratada como serviços gerais (enquadrada pelo Sindicato como faxineiros/faxineiras) acaba englobando várias funções, ela vira o faz tudo. Para que ninguém seja sobrecarregado, na contratação, as obrigações precisam ser bem definidas”, enfatiza o presidente do Sindef, Edison Feijó. Além disso, ressalta o dirigente, para cada atividade deve ser buscado o profissional adequado, com o conhecimento e as capacidades correspondentes. Rotina estabelecida Com apenas 10 meses na agência Petrópolis da Auxiliadora Predial, em Porto Alegre, Fátima Cristina Martins Abati foi promovida a líder de serviços gerais, comandando uma equipe de cinco colaboradores. “No dia do meu aniversário ganhei a unidade de presente”, brinca Tia Fátima, como é mais conhecida no local. Parada há mais de dez anos, após trabalhar como autônoma, ela achou que estava na hora de retornar ao mercado. “Estava me sentindo inútil em casa. Ter uma ocupação de novo foi como voltar a viver”, conta. Entre as funções atuais estão a de orientar os funcionários de serviços gerais da filial, solicitar materiais e visitar os condomínios e conversar com as gestoras, repassando dicas sobre as atividades que realizam. Toda manhã, ela faz o café que será consumido na agência, conversa com os colegas sobre os serviços do dia e verifica como está a limpeza. “Sempre utilizando os equipamentos de proteção individual, como as luvas”, lembra. Conforme o advogado Pedro Becker, a carga horária determinada pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para a pessoa contratada como serviços gerais é de 44 horas semanais, com folga aos domingos. De acordo com o presidente do Sindef/RS, a Convenção Coletiva de Trabalho de 2012/2013 da categoria estabelece o piso salarial mínimo para esses colaboradores – qualificados pelo Sindicato como faxineiros – na capital gaúcha em R$ 706,00 e R$ 700,00 para o interior. Valores esses válidos até março deste ano, quando deve ocorrer o reajuste previsto para os funcionários que atuam em condomínios. Quanto às horas extras, elas devem ser pagas quando o funcionário extrapolar as 44 horas semanais com o adicional de 60%. Edison Feijó destaca que os empregados que trabalharem aos domingos e feriados, sem o correspondente repouso semanal, receberão as horas extras cumpridas acrescidas de um adicional de 100%. Fátima Cristina Martins Abati atua como serviços gerais na Agência Petrópolis da Auxiliadora Predial Abril-Maio-Junho/2013 31 trabalhista Principais atividades dos serviços gerais Fátima Cristina Martins Abati é líder de serviços gerais na Auxiliadora Predial e orienta uma equipe de cinco colaboradores 32 síndico 199 A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) divide os cargos em grandes grupos e dentro desses, em subgrupos e grupos de base. Nessa organização, os colaboradores de serviços gerais estão inseridos no grupo de base formado por trabalhadores de serviços de conservação, manutenção e limpeza de edifícios, empresas comerciais, indústrias, áreas verdes e logradouros públicos. Entre as funções descritas pela CBO que podem ser exercidas por eles estão as de: Varrer, lavar e manter em boa ordem as dependências internas e externas das edificações. Limpar fachadas, janelas, basculantes e partes altas dos edifícios. Fazer a limpeza de ruas, jardins, áreas verdes e outros locais de acesso público. Adubar, plantar, podar e combater pragas. Separar entulhos, lixo seco e orgânico. Realizar pequenos serviços de reparos elétricos e hidráulicos e de restauro de alvenarias e pinturas. Trocar lâmpadas e luminárias. Zelar pela conservação de máquinas, ferramentas e equipamentos usados. Auxiliar na distribuição e orientação de pessoal e de empreiteiros, observando a programação diária estabelecida. Executar a distribuição de carga e transporte de pequenas mudanças internas. Abril-Maio-Junho/2013 33 geral Despesas de condomínio: até onde vai a autonomia do síndico? As despesas ordinárias e extraordinárias têm grau de autonomia diferenciado para aprovação S índico que é síndico está sempre envolvido com orçamentos, notas fiscais e contratação de serviços. Isso porque lidar com despesas é corriqueiro em condomínios, já que além de gastos programados, sempre surge algum imprevisto que precisa ser resolvido. No entanto, a autonomia do síndico tem limite na hora de contratar serviços e fazer compras em nome do condomínio. Estar bem informado é a melhor forma de evitar problemas. O Código Civil classifica as despesas em duas categorias: as ordinárias e as extraordinárias. Como o nome diz, as ordinárias são aquelas que estão no orçamento do condomínio e foram aprovadas em assembleia. “O Código Civil deixa expresso que o síndico precisa convocar assembleia para aprovar o orçamento das despesas (art. 1.350) pois este servirá de base para o cálculo do Manutenção do porteiro eletrônico é uma despesa ordinária e precisa ser prevista em assembleia rateio das despesas comuns mensais”, explica Pedro Becker, consultor jurídico da Becker & Engel – Advogados Associados, parceira da Auxiliadora Predial. É importante o síndico conhecer a rotina do condomínio para poder aprovar Despesas ordinárias (Art. 23, XII, parágrafo 1, Lei 8.245/91) Salários, encargos trabalhistas, contribuições previdenciárias e sociais dos empregados do condomínio; consumo de água e esgoto, gás, luz e força das áreas de uso comum; limpeza, conservação e pintura das instalações e dependências de uso comum; manutenção e conservação das instalações e equipamentos hidráulicos, elétricos, mecânicos e de segurança de uso comum; manutenção e conservação das instalações e equipamentos de uso comum destinados à prática de esportes e lazer; manutenção e conservação de elevadores, porteiro eletrônico e antenas coletivas; pequenos reparos nas dependências e instalações elétricas e hidráulicas de uso comum; rateios de saldo devedor; reposição do fundo de reserva, total ou parcialmente, utilizado no custeio ou complementação das despesas anteriores. Despesas extraordinárias (Art. 22, X, Lei 8.245/91) Obras de reforma ou acréscimo que interessem à estrutura integral do imóvel; pintura das fachadas, empenas, poços de aeração e iluminação, bem como as esquadrias externas; obras destinadas a repor as condições de habitabilidade do edifício; indenizações trabalhistas pela dispensa de empregados; instalação de equipamentos de segurança e de incêndio, de telefonia, de intercomunicação, de esporte e lazer; despesas de decoração e paisagismo de uso comum e constituição do fundo de reserva. 34 síndico 199 em assembleia todas as despesas previsíveis e imprescindíveis à vida condominal. Aqui vão entrar os gastos com o pagamento de funcionários, serviços de manutenção das áreas comuns e outras despesas rotineiras. A Lei do Inquilinato (art. 23, XII, parágrafo 1, Lei 8.245/91) enumera o rol de despesas ordinárias (ver box). E se um cano estourou? E se uma pintura urgente precisa ser feita? É claro que surgirão despesas de manutenção imprevistas, inovações e benfeitorias. Essas são as despesas extraordinárias. Mas não confunda: nem todas as despesas extraordinárias são urgentes! Algumas delas também deverão ser previstas e submetidas à aprovação de assembleia. Somente as urgentes poderão ser realizadas e aprovadas posteriormente. Segundo Becker, a orientação geral na hora de fazer despesas usar o bom senso, guardando notas fiscais e orçamentos e evitando gastos excessivos, sempre conferindo a disponibilidade financeira do condomínio. “Aprove as despesas em assembleia, pois em caso de recorrer ao judiciário, essa é uma prova necessária. Dificilmente as decisões de assembleia serão reavaliadas, salvo se contrárias à lei”, alerta Becker. Abril-Maio-Junho/2013 35 segurança O que é indispensável saber na hora de contratar a vigilância de rua Contratação de vigilância externa em condomínios exige atenção dos síndicos E quipamentos de segurança, funcionários qualificados e cuidado constante dos condôminos. Manter o condomínio seguro contra a violência, hoje em dia, é um desafio e tanto para os síndicos. Um desses itens, no entanto, merece uma atenção diferenciada: a contratação de segurança externa, que possui uma série de exigências legais a serem observadas. O assunto não é simples – e demanda cuidados. Funcionários mal preparados ou até mal intencionados representam enorme risco ao condomínio, seja na própria segurança dos moradores ou em aspectos legais da contratação. No comando do Edifício Saint Address há menos de um ano, o síndico Luciano Pereira dos Santos logo percebeu problemas no sistema de vigilância. “Quando assumi o condomínio, em 2012, tínhamos um guarda de rua que emitia apenas um recibo, gerando um custo baixo, mas arriscado”, narra. A preocupação com as questões trabalhistas, compartilhada com os moradores do condomínio, levaram Santos a tomar uma atitude. Com o apoio dos 18 apartamentos, substituiu, então, o guarda autônomo por um profissional de uma empresa formalizada. “A despesa passou a ser um pouco maior, pois temos que incluir o valor dos impostos, mas traz tranquilidade e segurança para todos”, afirma. O síndico conta que chegou à empresa por indicações de síndicos vizinhos que utilizam os serviços de vigilância e portaria. Nenhum documento de legalização da empresa foi solicitado no momento do contrato do guarda, que fica apenas do lado de fora do prédio. O barato que sai caro O advogado trabalhista e imobiliário Ricardo Dettmer, que presta assessoria à 36 síndico 199 Auxiliadora Predial, avalia que é preciso tomar alguns cuidados na escolha do profissional, pois muitas vezes o que representa uma economia no momento da contratação, pode se tornar uma despesa enorme para o condomínio no futuro. Não há dúvidas quanto a importância de se manter um funcionário – seja terceirizado ou não – em condições legais de trabalho, para evitar processos trabalhistas. A exemplo da atitude tomada pelo síndico Luciano Pereira dos Santos, aumenta-se o custo mensal para garantir problemas futuros aos condôminos. Há, no entanto, outros fatores a serem observados. Empresas terceirizadas x contratação direta O síndico José Molina, do Condomínio Edifício Solar da Liberdade, com 28 apartamentos, teve cuidado na hora de escolher os vigilantes: “Quando substi- Luciano Pereira dos Santos, síndico do Edifício Saint Address identificou problemas na segurança e tomou medidas para solucioná-los Antes de contratar serviços de segurança ou vigilância privada, esteja atento a alguns itens Verifique a idoneidade da empresa e contrate apenas aquelas que estão registradas junto ao Grupamento de Supervisão de Vigilância e Guarda (GSVG). A Brigada Militar alerta que existem, atualmente, muitas empresas atuando de forma clandestina. Além de comprovar o registro junto ao GSVG, a empresa prestadora do serviço deverá apresentar o Alvará de Funcionamento, com prazo de validade até 31 de março do ano seguinte. Todos os funcionários da empresa devem possuir uma credencial fornecida pela Brigada Militar. Os perigos de contratar uma empresa não regulamentada Sua residência pode ser objeto de observação desses vigilantes irregulares. Se o trabalho for realizado por pessoas armadas, além de mais caro, maior será o risco de que esses vigilantes não estejam preparados (nem autorizados) a utilizar essas armas. Gera-se um vínculo empregatício entre os vigilantes e os contratantes. Em caso de morte ou invalidez, os encargos trabalhistas como FGTS, INSS e PIS, entre outros, serão de responsabilidade do contratante. Lesões corporais ou morte a terceiros, praticadas durante o serviço, poderão ser de responsabilidade solidária do contratante. Há uma ilusória sensação de segurança causada por indivíduos que não estão preparados tecnicamente para esta atividade. Benefícios ao contratar uma empresa de segurança legalizada Em caso de crime ou contravenção penal durante a execução do serviço, o empregador não corre o risco de responder solidariamente perante a Justiça. O controle de pessoal e os encargos sociais e trabalhistas também serão de responsabilidade da empresa contratada, sem criar vínculo empregatício com o condomínio. Todos os empregados de uma empresa cadastrada passam por uma averiguação de sua vida pregressa, só sendo admitidos àqueles que não possuem antecedentes policiais ou criminais. A empresa passa pelo controle e fiscalização da Brigada Militar e está, conforme a legislação, capacitada a desenvolver tal atividade. Abril-Maio-Junho/2013 37 segurança tuímos a portaria 24 horas, por meio de cooperativa, pelo serviço de vigilância, pedimos uma assessoria à Auxiliadora Predial e tivemos um aval de que toda a documentação estava correta. Mas ainda assim tenho curiosidade quanto às implicações legais, caso rompamos o contrato”, narra Molina. O advogado Ricardo Dettmer explica que as implicações para quem contrata são de ordem trabalhista, explica o advogado. “Conforme a legislação, o condomínio que contrata os serviços tem responsabilidade pelas obrigações trabalhistas do vigia ou porteiro. Se a contratação for por intermédio de uma empresa, a responsabilidade é secundária. Se for funcionário direto do condomínio, a responsabilidade é totalmente do condomínio”, define. Ou seja, se a empresa que o condomínio mantém contrato não pagar o fundo de garantia, as horas extras ou qualquer outro benefício, o condomínio pode vir a ser penalizado. Estar atento e bem informado ao cumprimento das regras, portanto, é fundamental. Em relação aos processos civis, no entanto, há diferenças importantes. Se houver algum caso de constrangimen- Síndico José Molina aboliu o sistema de cooperativa que era o adotado para a portaria do Condomínio Edifício Solar da Liberdade to ou agressão, por exemplo, que parta do vigia, o contratante direto será responsabilizado – a empresa de segurança, em caso de terceirizado, ou o próprio condomínio. Cooperativas A contratação de vigia por meio de cooperativas, desde que essas obedeçam a lei que rege o sistema de cooperativas, não representa problema algum. “O que acontece muito, é que algumas pessoas utilizam a cooperativa para re- crutar profissionais a fim de fraudar a legislação trabalhista. O porteiro não é empregado da cooperativa, é apenas um sócio e não recebe, portanto, nenhum benefício”, alerta Dettmer. Se houver algum problema trabalhista, o juiz vai descaracterizar a relação de cooperativismo e vai decidir que aquela é uma relação de emprego – e o condomínio vai ser co-responsável por aquele vigia ou porteiro. “Eu, particularmente, não aconselho cooperativa”, diz. As regras para a ação de um vigilante A atividade de vigilante não permite a abordagem de pessoas na rua. Isso é ato ilícito, previsto como usurpação da função pública, já que apenas policiais têm essa função. O vigilante não pode assumir o papel da Brigada Militar, tais como: andar armado em via pública, estar munido de apitos e perturbar o sossego das pessoas. 38 síndico 199 DICA No site http://www.brigadamilitar.rs.gov.br/estrutura/gsvg é possível consultar uma lista de empresas regulares em todos os municípios gaúchos. ADVOGADOS CAIXA D’ÁGUA - LIMPEZA ALARMES alimentos BOMBAS E MOTORES construção - produtos ELEVADORES CAIXA D’ÁGUA - IMPERMEABILIZAÇÃO EXTINTORES DE INCÊNDIO FACHADAS CAIXA D’ÁGUA - LIMPEZA Abril-Maio-Junho/2013 39 FACHADAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS LAUDOS - MARQUISES filmes para controle solar FERRAGENS hidrômetros material de limpeza IMPERMEABILIZAÇÕES materiais INCÊNDIO - PREVENÇÃO 40 síndico 199 monitoramento de alarmes PINTURAS PAINÉIS DE MEDIDORES PINTURAS portaria e limpeza Abril-Maio-Junho/2013 41 portaria e limpeza PORTEIROS ELETRÔNICOS RECUPERAÇÃO ESTRUTURAL TELHADOS portas automáticas PORTEIROS ELETRÔNICOS tintas imobiliárias e industriais 42 síndico 199