FACULDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO EM TERAPIA DE FAMÍLIA
ANA LÚCIA QUEIROZ DE SOUZA
TERAPIA FAMILAR NA PERSPECTIVA
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA
CIDADE
2010
ANA LÚCIA QUEIROZ DE SOUZA
TERAPIA FAMILAR NA PERSPECTIVA
DA PSICOLOGIA ANALÍTICA
Monografia apresentada à Universidade Cândido
Mendes como requisito parcial para a obtenção do
título de Especialista em Terapia de Família.
Orientador Prof.º Fabiane Muniz
CIDADE
2010
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, pelo discernimento e sabedoria
para que com humildade eu fosse formando o meu caráter em todas as etapas de
minha vida até agora.
Agradeço aos meus familiares pelo apoio e encorajamento contínuos durante a
realização deste curso.
Aos colegas de turma pela amizade e companheirismo.
À minha orientadora professora Fabiane Muniz pelos conhecimentos transmitidos.
À Diretoria do curso de especialização em Terapia de Família da Universidade Cândido
Mendes pelo apoio institucional para a execução deste trabalho.
O encontro de duas personalidades
assemelha-se
ao
contato
de
duas
substâncias químicas: se alguma reação
ocorre, ambos sofrem uma transformação.
Carl Custav Jung
RESUMO
Os relacionamentos interpessoais são influenciados pela dimensão psíquica de cada
indivíduo e refletem diretamente no cotidiano das pessoas. No contexto familiar sempre
surgem conflitos que fazem parte da dinâmica da vida social, uma vez que a família é
composta por teias complexas de relações entre seus membros. No relacionamento
familiar a existência de conflitos é comum e expressam as angústias subjacentes. A
terapia familiar tem por objetivo esclarecer como o funcionamento mental de cada
membro da família e da condição do outro, como um movimento subjetivo que é
realizado inconscientemente pelos dois, embora ambos se queixam e sofram.Uma das
vertentes da terapia de familia é a Psicologia Analítica fundadada pro Carl Gustav
Jung,se concentra em estabelecer e promover o relacionamento entre os processos
conscientes e inconscientes.Isto posto, o objetivo deste estudo será demonstrar
pressupostos da terapia familiar na perspectiva da psicologia analítica.
Palavras-chaves: Psicologia Analítica; Terapia de Família; Individuação.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 08
METODOLOGIA ....................................................................................................... 09
CAPÍTULO I – CONHECENDO CARL GUSTAV JUNG..............................................10
1.1. Dados biográficos ....................................................................... 10
1.2. Sua obra ..................................................................................... 14
CAPÍTULO II –. PSICOLOGIA ANALÍTICA.................................................................16
2.1. Conceito ..................................................................................... 16
CAPÍTULO III – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA PSICOLOGIA DE JUNG..........18
3.1. Arquétipo .................................................................................... 18
3.2. Complexo .................................................................................... 19
3.3. Persona ...................................................................................... 21
3.4. Sombra ...................................................................................... 23
3.5. Sizígia: animus-anima ................................................................ 25
3.6. Si-mesmo ou Self ....................................................................... 26
3.7. Mito ............................................................................................. 27
3.8. O símbolo.................................................................................... 28
3.9.Inconsciente Coletivo ................................................................... 28
3.10. Inconsciente pessoal................................................................. 29
3.11. Consciência/Ego ....................................................................... 30
CAPÍTULO IV – TERAPIA FAMILIAR NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA
ANALÍTICA.......................................................................................31
CONCLUSÃO............................................................................................................ 37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................39
8
INTRODUÇÃO
A abordagem do campo junguiano é indiscutivelmente complexa, pois, nele
se entrelaçam diversas áreas do conhecimento humano , como mitologia, religião,
antropologia, sociologia, mitologia . A análise de Jung sobre a natureza humana
inclui investigações de religiões orientais e ocidentais, alquimia, parapsicologia, e
mitologia. Isto ocorre porque ao longo de sua vida Jung, buscou tecer uma série de
articulações entre os conceitos de psicologia e outros campos do conhecimento, a
fim de conhecer alma humana.
Além disto, cabe salientar que Jung fundamentou a Psicologia Analítica, a
partir da ciência e de sua própria experiência, por isso busca resgatar o sentido da
experiência.
A psicologia junguiana concentra-se em estabelecer e promover o
relacionamento entre os processos conscientes e inconscientes.
O diálogo entre o consciente e o inconsciente de aspectos da psique
enriquece a pessoa, e Jung acreditava que, sem este diálogo, os processos
inconscientes podem enfraquecer e até mesmo pôr em risco a formação da
personalidade.
Hoje, a crescente preocupação com a consciência humana e do potencial
humano causou um ressurgimento do interesse nas idéias de Jung.
As idéias de Jung têm vindo a crescer continuamente em popularidade e
influência. A prática da análise junguiana tem continuado a desenvolver desde a
morte de Jung.
Percorrendo a produção junguiana, é necessário um esforço de abstração
para a compreensão de conceitos e a aplicação na prática clínica da terapia familiar.
Isto posto, o objetivo deste estudo será demonstrar pressupostos da terapia
familiar na perspectiva da psicologia analítica.
9
METODOLOGIA
A realização desta investigação científica foi elaborada a partir de uma
pesquisa bibliográfica descritiva, que visou o levantamento de informações para
obter conhecimento existe sobre o tema.
A pesquisa bibliográfica/documental tem por objetivo explicar o problema
com base em contribuições teóricas publicadas em documentos (livros, revistas,
jornais,etc.) De acordo com Gil (2002, p.20) “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida
com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos
científicos”.
Este tipo de pesquisa foi adotado, porque o pesquisador não tem por
objetivo interferir nos dados do fenômeno estudado. Com este tipo de pesquisa,
busca-se gerar mais conhecimentos sobre o assunto a partir da análise de fontes
bibliográficas existentes.
O levantamento bibliográfico visou buscar em fontes documentais
(documentos impressos e arquivos eletrônicos) informações relevantes para a
elaboração deste estudo. O percurso metodológico consistiu nas seguintes etapas:
Definição do tema
Formulação do problema da
pesquisa
Definição da metodologia
Levantamento bibliográfico
Leitura das fontes bibliográficas
Redação do TCC
10
CAPÍTULO I – CONHECENDO CARL GUSTAV JUNG
A análise de psicologia na ótica de Jung revela que ele é foi um grande
estudioso e pesquisador de temas que versam sobre o ser humano. A partir do início
do século XX ele recebeu reconhecimento internacional, e passou a ser considerado
o pai da Psicologia Analítica.
Jung viveu 86 anos. Sua vida foi marcada por fatos importante, como a
aproximação a Freud. Ele também produziu uma vasta obra no campo da psicologia.
O presente estudo não comporta a análise pormenorizada da vida e obra de Jung,
portanto, o objetivo do presente capítulo é realizar uma breve exposição de alguns de
seus dados biográficos e apresentar de forma sucinta suas obras.
1.1. Dados biográficos
Carl Gustav Jung, psicólogo e psiquiatra nasceu em 26 de julho de 1875, na
no vilarejo suíço de Kesswil. Na infância ele conviveu em ambiente religioso
conflituoso, na qual vários membros familiares eram pastores, inclusive seu pai.
Relatos da literatura demonstram que por ter vivido filho único, sobrevivente de vários
irmãos, ele teve uma infância solitária (MARCONDES, 2008).
Após concluir os estudos do colégio ingressou no curso de medicina na
Universidade de Basiléia. Silveira (1981, p.7) relata que “seu pai obteve que a
Universidade concedesse ao jovem estudante uma bolsa, pois a família era
demasiado pobre para enfrentar as despesas de um curso superior”.
No ano de 1902, formou-se tendo adquirido conhecimentos em diversas
áreas como: biologia, zoologia, paleontologia e arqueologia.
Ele se tornou professor de psiquiatria da Universidade de Zurich, em 1905.
Neste período também exercia a profissão de médico Hospital Burgholzli de Zurique.
Segundo Silveira (1981, p7) “este hospital vivia na ocasião um período de
intensa atividade cientifica, sob a direção de Eugen Bleuler, sem dúvida um dos
maiores psiquiatras de todos os tempos. A carreira de Jung, no Burgholzli, foi das
mais brilhantes”.
Marcondes (2008, p.1) relata que:
11
Em 1900 graduou-se com honras em medicina e foi trabalhar como
Assistente no Hospital Burgholzli de Zurique com Eugen Bleuler famoso psiquiatra que o convida para integrar sua equipe de
pesquisa. Jung rapidamente destacou-se na psiquiatria e passa a
escrever artigos científicos de grande repercussão.
Em 1902, Jung defendeu sua primeira tese de doutorado intitulada
“Psicologia e patologia dos fenômenos ditos ocultos”, no qual apresenta um estudo
de uma jovem médium espírita (SILVEIRA, 1981).
O contato com pacientes esquizofrênicos levou-o a ampliar seus estudos no
campo da psiquiatria foram reconhecidos mundialmente, sendo que em 1910 foi
eleito presidente da Sociedade Psicanalítica Internacional.
Perrone (2008, p.14) destaca que:
Quando dá início à especialização em psiquiatria e exercício
profissional, Jung já tem conhecimento da psique inconsciente e
pretende encontrar um modo de se desenvolver naquilo que vem
acalentando: o estudo de um campo que não encontra legitimidade
e sistematização na ciência psiquiátrica de seu tempo.
Provavelmente é com ele que pretende tentar expandir os
conhecimentos da ciência psiquiátrica até então conquistada e
buscar respostas às questões que permanecem sem solução.
Em 1905 assumiu o segundo cargo mais importante no hospital Burgholzli
de Zurique e no mesmo ano foi nomeado Privat-Dozent, na Universidade de Zurique.
No hospital, Jung foi colaborador incansável de Bleuler e um grande pesquisador
(SILVEIRA, 1981).De acordo com Silveira (1981, p.8):
Marcaram época suas experiências sobre as associações verbais.
Essas experiências, iniciadas com o intento de trazer
esclarecimentos concernentes à estrutura psicológica da
esquizofrenia, em breve transformavam-se, nas mãos do jovem
pesquisador, num método de exploração do inconsciente.
Conduziram-no à descoberta dos complexos afetivos.
A trajetória de Jung foi marcada pela vivência que teve com Sigmund Freud,
a partir de 1907. Inicialmente Jung nutria uma admiração pelo “pai da Psicanálise”, e
Freud por sua vez reconhecia nele um herdeiro para perpetuar sua teoria.
Contudo, o convívio pacífico, envolto de estudos, reuniões, viagens e
encontros que giravam em torno dos estudos de psicanálise, entrou em crise devido
12
às divergências teóricas e metodológicas entre o seu pensamento e a teoria
freudiana.Nas palavras de Silveira (1981, p. 9):
Em 1910 foi fundada a Associação Psicanalítica Internacional. Freud
usou toda sua influência para que Jung fosse eleito presidente
dessa Associação e assim aconteceu. Mas, já em 1912, o livro de
Jung, METAMORFOSES E SÍMBOLOS DA LIBIDO marcava
divergências doutrinárias profundas que o separaram de Freud.
Eram ambos personalidades demasiado diferentes para
caminharem lado a lado durante muito tempo. Estavam destinados a
defrontar-se como fenômenos culturais opostos.
Acerca do rompimento tanto profissional quanto pessoal com Freud, Jung (
1993, p.150) declara que:
Posso dizer que sou o único que prosseguiu o estudo dos dois
problemas que mais interessaram Freud: o dos ‘resíduos arcaicos’ e
o da sexualidade. Espalhou- se o erro que não vejo o valor da
sexualidade. Muito pelo contrário, ela desempenha um grande papel
em minha psicologia, principalmente como expressão fundamental –
mas não a única – da totalidade psíquica. Minha preocupação
essencial era, no entanto, aprofundar a sexualidade, além do seu
significado pessoal e seu alcance de função biológica, explicandolhe o seu lado espiritual e o sentido numinoso.
Em 1912, Jung deixa o cargo de médico-assistente para a qual se
inscrevera, para fazer a especialização na clínica psiquiátrica da Universidade de
Burghölzli em Zurique, no Hospital Mental. Neste período inicia estudos sobre a teoria
da libido, vindo a concluí-la em 1928 (PERRONE, 2008).Em 1914, Jung renuncia ao
cargo de presidente da Sociedade Psicanalítica Internacional, motivado pelos
conflitos com Freud. De acordo com Pizzinga (2008, p.11-12) Jung, para justificar
esta renúncia alegou que:
Tentara por duas vezes anteriores a renúncia, tendo permanecido
como presidente apenas devido a pedidos dos representantes inglês
e holandês, somente se retirando quando foram interrompidas as
comunicações internacionais e a sua permanência não era mais
necessária.
Em 1930 se tornou vice-presidente da Sociedade Médica Internacional de
Psicoterapia. Alguns anos deposi , recebeu da Universidade de Harvard (EUA) o
título de doutor honoris causa. Ele recebeu outros títulos como este na Universidade
13
de Oxford, índia e Genebra (AGOSTINHO, 2008).O instituto Carl Gustav Jung de
Zurique foi fundado em 1948. Foi membro assíduo do grupo de estudos e pesquisas
denominado “Eranos”.De acordo com Marcondes (2008, p.2):
“Eranos” foi o único evento cultural que Jung fez questão de
participar até o final de sua vida, reunião de pesquisadores de várias
áreas do conhecimento humano. Essas conferências representavam
uma excelente oportunidade para encontrar antigos amigos e
conhecer novos intelectuais. Jung participou como conferencista de
1933 a 1951. Sua ultima palestra foi sobre o tema “Sincronicidade” –
o princípio das relações não-causais.
Até o ano de sua morte em 1961, ele atuou como psicoterapeuta, médico, e
escritor. Após a crise com Freud, ele construiu seu próprio campo teórico dentro da
psicologia. Por esta razão passou a ser reconhecido como fundador da escola
analítica de Psicologia (AGOSTINHO, 2008).
A investigação sobre a psique humana, levou Jung a desenvolver uma teoria
de caráter transdisciplinar, pois pesquisou diversas áreas do conhecimento construir
os preceitos da psicologia analítica.Pizzinga (2008, p.12) expõe que:
No Brasil, Jung teve uma conhecida aluna, a Dra. Nise da Silveira,
fundadora do Museu de Imagens do Inconsciente. Ela escreveu,
entre outros livros, Jung: Vida e Obra, publicado em primeira edição
em 1968.
Na perspectiva de Perrone (2008) as concepções de Jung nasceram da
experiência e dos estudos em psiquiatria. Estas concepções se voltam com ênfase
na cultura ocidental, abrangendo conhecimentos da filosofia, mitologia, biologia,
física. Com a junção destas disciplinas, Jung buscou respostas para questões da
psicanálise e outras áreas que tratam de compreender a psique humana. Contudo
ele vai além da psicologia no intento de refletir e buscar soluções para questões
tipicamente humanas.
1.2. Sua obra
A produção escrita de Jung é tão complexa quanto extensa. Durante seus 86
anos de vida, ele trabalhou para ampliar as visões da psicologia.
14
Agostinho (2008, p.1-2) declara que:
Por toda sua vida foi pesquisador, escritor, palestrante, médico e
psicoterapeuta. Morreu aos 86 anos de idade, em 1961, dez dias
depois de ter escrito seu último livro “O homem e seus símbolos”.
Embora tenha tido uma vida longa, Jung não se preocupou com
esse aspecto ao escrever [...] Jung é considerado uma das
vigorosas expressões da ciência contemporânea. Não há,
praticamente, campo do saber humano que não tenha sido
pesquisado por ele no afã de reunir material possível para revelar os
meandros profundos da psique humana.
Cabe ressaltar que a elaboração das obras de Jung,
fazem emergir a
Psicologia Analítica são fruto das experiências internas vivenciadas pelo próprio
autor, aliado aos estudos do comportamento de povos primitivos, como também ao
vasto conhecimento filosófico, científico e médico que já possuía. De acordo com
Silveira (1981, p.12):
Em 1920, aparece Tipos Psicológicos. Poder-se-á dizer que este
livro funciona como uma compensação ao período de excessiva
introversão, forçada pelas experiências interiores, pois trata de
entender as relações do homem com outros homens, com as
coisas e com o mundo.
Tabela 1- Cronologia das obras de Jung
TÍTULO
Sobre A Psicologia e Patologia
ANO
1902
dos Fenômenos Chamados
Ocultos
Distimia Maníaca
1903
Erros Histéricos da Leitura
1904
Criptomnésia
1905
Estudos Experimentais
1904 a 1910
A Psicologia da Demência
1907
Precoce.
O Conteúdo das Psicoses.
1908
15
Metamorfoses e Símbolos
1912
da Libido
As Relações Entre o Ego
1916
e o Inconsciente
Sobre o Inconsciente
1918
Os Tipos Psicológicos
1920
Psicogênese das Doenças
1921
Mentais
O Eu e o Inconsciente
1928
Psicologia e Religião
1940
Psicologia do Inconsciente
1943
Publica Psicologia e Alquimia
1944
Psicologia da Transferência
1946
Resposta a Job e Sincronicidade
1952
Arquétipo Mãe
1954
Misterium Coniunctionis
1955
Publicação de Presente e Futuro
1957
Um Mito Moderno.
1958
Memórias, Sonhos, Reflexões
1957-1959
O homem e seus símbolos
1961
CAPÍTULO II – PSICOLOGIA ANALÍTICA
16
O objetivo do presente capítulo é apresentar o conceito e os fundamentos da
Psicologia Analítica, a fim de melhor compreender a teoria juguiana no processo de
terapia de família.
2.1. Conceito
A Psicologia Analítica foi elaborada no final do século XIX e início do século
XX por Carl Gustav Jung, por isto é conhecida também Psicologia Junguiana.Outra
denominação é Psicologia Complexa que se deve ao fato de Jung ter iniciado e
posteriormente aprofundado os estudos sobre o conceito de “complexos”.
Conforme Pizzinga (2008, p.12):
Anterior mesmo ao período em que se comunicava com Freud, Jung
começou a desenvolver um sistema teórico que chamou,
originariamente, de Psicologia dos Complexos, mais tarde
denominando-a de Psicologia Analítica, como resultado direto de seu
contato prático com seus pacientes
Desta forma, observa-se que o arcabouço teórico da psicologia Analítica foi
construído a partir das experiências e estudos de Jung no campo da psiquiatria, nos
estudos da teoria de Freud, nos conhecimentos sobre mitologia, religião e filosofia.
Ela se distingue da teoria de Freud porque apresenta uma visão mais
aprofunda sobre a libido humana.
Segundo Pizzinga (2008, p.13) “ela se distingue da Psicanálise propriamente
dita por uma noção alargada da libido e pela introdução do conceito de inconsciente
coletivo”. Outra diferença é para Jung existe o inconsciente coletivo. Além disto, Jung
entendia a psique como um “repositório das memórias e das pulsões reprimidas e
também como uma instância da dinâmica da divindade”. (PIZZINGA, 2008).
De acordo com Macedo (2009, p.1):
17
Para Jung, o desenvolvimento humano se dá através do
conhecimento de si mesmo, de sua Persona e sua Sombra, de suas
habilidades e potencialidades, buscando o processo de individuação
e expressão de sua totalidade.Individuação é a realização de algo
único, próprio e exclusivo de cada indivíduo, que irá salientar a sua
autonomia e responsabilidade no mundo com seu jeito particular de
sentir, expressar e lidar com as diferentes influências ambientais,
biológicas e psíquicas. Jung acreditava que a única coisa capaz de
dar significado à vida é o desenvolvimento do potencial inerente ao
espírito humano.
Após sua estruturação, a Psicologia Analítica se desenvolveu plenamente no
século XX, sendo que a partir da década de sessenta, época que Jung faleceu, os
pós-junguianos, contribuíram para ampliar os conceitos elaborados por seu fundador,
levando este ramo da Psicologia a ter grande alcance nos dais atuais.
Os fundamentos da Psicologia Analítica influenciaram e continuam
influenciando diversos campos do saber como: Antropologia, Religião e Sociologia,
dentre outros. Para conhecer a psique humana, Jung extrapolou os conhecimentos
pertinentes ao campo da psicologia. Vieira (2006, p.2) ressalta que:
A história é um dos fundamentos da obra de Jung, sua importância
aparece já em 1909, durante a viagem aos Estados Unidos feita com
Freud para as conferências na Clark University. Nesta viagem Jung
(1961) teve um sonho.
Estay (1994) considera a obra de Jung é especial, pois é o primeiro
psicólogo que incorpora elementos importantes do reino espiritual em seu trabalho.
Ao elaborar a Psicologia Analítica ele aumenta modelos de conhecimento
emergentes dos estreitos limites do racionalismo puro e biólogo, incorpora dimensões
que têm sido sempre na consciência do ser humano e que, portanto, não são
suscetíveis de serem abandonadas ou negligenciadas se tentar aprender em
profundidade e detalhe as motivações dos pacientes e dos terapeutas. De acordo
com este autor, Jung pode ser chamado o precursor direto da psicologia humanista e
transpessoal.
CAPÍTULO III – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA PSICOLOGIA DE JUNG
3.1. Arquétipo
18
Jung criou o termo “arquétipo”1 como conceito para abarcar a essência dos
fenômenos da psique humana. Ele representa uma estrutura psíquica da mente
humana. Os arquétipos são responsáveis por padrões de comportamentos comuns
(NOVAES, 2004).
O Dicionário Crítico de Análise Junguiana (2003, p 4) afirma que os
arquétipos:
São percebidos em comportamentos externos, especialmente
aqueles que se aglomeram em torno de experiências básicas e
universais da vida, tais como nascimento, casamento, maternidade,
morte e separação. Também se aderem à estrutura da própria psique
humana e são observáveis na relação com a vida interior ou
psíquica, revelando-se por meio de figuras tais como Anima, Sombra,
Persona, e outras mais. Teoricamente, poderia existir qualquer
número de arquétipos.
Ele
une
emoções
e
sensações
físicas,
portanto
é
um
conceito
psicossomático. Ele se constitui numa imagem que ocorre na mente, que funciona
inconscientemente, podendo se manifestar sonhos, mitos, fantasmas etc..
Para Jung ( 1956, p. 56):
O arquétipo é um modo do comportamento psíquico e, como tal, é
um fator irrepresentável que ordena inconscientemente os
elementos ou conteúdos psíquicos de forma a assumirem
configurações típicas (...). As associações específicas, as imagens e
representações da memória que compõem essas configurações
variam indefinidamente de pessoa para pessoa.
Na concepção de Chevalier & Gheerbrant, (1996) os arquétipos são
definidos enquanto fonte primária de energia e de padronização psíquica, possuindo
um caráter dinâmico. São responsáveis por pela formação da cultura humana, pois
representam os conteúdos comuns de todo ser humano.
Na visão de Silva (2006, p.7):
1
A teoria junguiana sobre os arquétipos inicia-se em 1912, quando relata a manifestação de imagens
primordiais em pacientes e em sua auto-análise, cujas temáticas centrais repetiam-se nos mitos de
diversas culturas (RAFAELLI, 2002).
19
O arquétipo foi definido por Jung como uma potencialidade inata de
comportamento. Os arquétipos se constituem como uma matriz
psíquica comum a toda humanidade e por seu intermédio somos
impulsionados a repetir algumas situações típicas e viver
experiências, funcionando como um pano de fundo destas mesmas.
Somos de certa forma guiados pelo arquétipo, herdamos não a
experiência e sim o potencial para viver a experiência daquela forma
ou repetir papéis.
Marcondes (2008,) compreende que os arquétipos são conteúdos do
inconsciente coletivo. Eles possuem natureza arcaica e não se relacionam com a
experiência imediata de cada indivíduo, mas constituem estruturas do inconsciente
impessoal, uma vez que representam todas as grandes situações humanas. É,
portanto, algo vivenciado pela humanidade como um todo, por isso é denominado de
coletivo.
A forma do arquétipo é apenas parcialmente determinada. Seu conteúdo é
uma imagem primordial que só pode ser dado forma quando se tem consciência e,
portanto, tornou-se cheia com o material do consciente.
Arquétipos não podem ser ignorados. Eles sempre se manifestam. Quando
uma sociedade passa por uma mudança as manifestações dos arquétipos irá se
modificar também. Eles ganham uma outra forma, uma nova imagem.
3.2. Complexo
Complexo é um conceito psicológico criado pro Jung com a finalidade de
compreender a psique humana. Segundo o fundador da Psicologia Analítica, os
complexos atuam diretamente no inconsciente do indivíduo e influenciam a sua
conduta, interferindo em seus relacionamentos sociais.
Os complexos interferem na vida consciente dos indivíduos, eles influenciam
seus atos, vontades e os desejos, levando a cometer lapsos (CHAGAS & CAMPOS,
2008).
Para Wagner et al (2009, p.1) “Os complexos são interpretações e
representações particulares intimamente relacionados às imagens arquetípicas, que
são o conteúdo básico do inconsciente coletivo”.
Marcondes (2008) explica que os “complexos” são conteúdos do
inconsciente pessoal que apresentam um tom emocional. Estão relacionados à vida
20
emocional e subjetiva de cada indivíduo e exercem importante influência sobre o
psiquismo humano, podendo comprometer seu funcionamento saudável.Silveira
(1981, p. 28) expõe que:
Os complexos são agrupamentos de conteúdos psíquicos
carregados de afetividade. Com põem-se primariamente de um
núcleo possuidor de intensa carga afetiva. Secundariamente
estabelecem-se associações com outros elementos afins, cuja
coesão em torno do núcleo é mantida pelo afeto comum a seus
elementos. Formam-se assim verdadeiras unidades vivas, capazes
de existência autônoma. Segundo a força de sua carga energética, o
complexo torna-se um imã para todo fenômeno psíquico que ocorra
ao alcance de seu campo de atração.
Silveira (1981) ainda argumenta que palavra “complexo”, atualmente se faz
parte do vocabulário do cotidiano das pessoas, pois frequentemente ouve-se dizer
que alguém tem complexo.
Contudo, a autora explica que este é um uso errôneo do significado
psicológico desta expressão criada por Jung, pois “não somos nós que temos o
complexo, o complexo é que nos tem que nos possui” (p.28).
Figura 1- Modelo Junguiano de Psique
Fonte: BREHONY (2007)
3.3. Persona
21
Na Psicologia Analítica, “Persona”2 é a máscara com que cada indivíduo se
apresenta para a sociedade, sendo que é por meio dela que ocorrem os
relacionamentos sociais. Por isto, ela é considerada um arquétipo da personalidade
relacionada aos papéis sociais que cada um assume ( BUENO, 2009), ou seja, “é
uma estrutura de personalidade responsável pelo relacionamento do indivíduo no
meio social” (SILVA, 2006, p.6).
De acordo com Bueno (2009, p. 5):
A persona pode ter aspectos positivos e negativos. Ela serve para
proteger o Ego e a psique das diversas forças e atitudes sociais que
nos invadem. Nesse caso, o indivíduo adota conscientemente uma
personalidade artificial ou mascarada, contrária aos seus traços de
caráter, para se proteger, se defender ou para tentar se adaptar ao
seu círculo. Quando estamos isolados, em silêncio, sozinhos, nossa
persona se manifesta de modo distinto de quando estamos na rua,
no trabalho. Há assim uma persona para o convívio social e outra
para quando estamos sozinhos.
Pode-se considerar que a “persona” diz respeito aos conteúdos do
inconsciente que o ego admite e que se revela nos comportamento das pessoas.
Figura 2- IIustração de máscara
Fonte: BOEREE (2007)
2
Originalmente persona significa máscara utilizada por um ator que irá interpretar seu papel
(MIYAHIRA, 2005).
22
Conforme Silva (2006), a persona na verdade é um papel social, que
apresenta aspectos positivos e negativos e, através dela é possível estabelecer a
comunicação humana.
Para Jung (2003, p. 32) a persona “nada tem de real; ela representa um
compromisso entre o indivíduo e a sociedade, acerca daquilo que alguém parece ser:
nome, título, ocupação, isto ou aquilo."
Embora a persona se manifeste de maneira individual e se apresente como
uma característica peculiar em cada indivíduo, para Jung ela se origina do
inconsciente coletivo, à medida que os indivíduos buscam adaptar-se às normas e
aos padrões para serem aceitos socialmente.
O personagem representa a sua imagem pública. A palavra é, obviamente,
relacionada com a palavra pessoa e personalidade, e vem de uma palavra latina que
significa máscara. Assim, a persona é a máscara que o indivíduo coloca em diversas
situações sociais, ou seja, é um complexo funcional que permite ao ego apresentarse e adaptar-se a situações externas ligadas à convivência (BOEREE (2007).
A Persona, embora intimamente ligada ao consciente, também pode ser um
arquétipo. O perigo psicológico é identificar muito intimamente com um papel
especial.
Jung (1977, p.134) expressa que “ela é uma simples máscara que aparenta
uma individualidade, procurando convencer aos outros e a si mesma que é individual,
quando na realidade não passa de um papel ou desempenho através do qual fala a
psique coletiva”.
3.4. Sombra
Para Jung “ sombra” são os conteúdos irracionais que não são expostos .
Ela é o contrário de persona. Segundo Whitmont (2007, p.36) “o termo sombra referese àquela parte da personalidade que foi reprimida em benefício do ego ideal. Uma
vez que todas as coisas inconscientes são projetadas, encontramos a sombra na
projeção — na nossa visão do "outro".”
Para Aranha (2004), a sombra contém traços da personalidade humana, que
podem ser negativos ou positivos. Muitas vezes os traços positivos permanecem
obscuros pro toda a vida, pois o indivíduo conviveu num meio ambiente que não
23
favoreceu o afloramento deste lado positivo. Sexo e os instintos de vida em geral, são
representados em algum lugar da psique humana.. Eles são parte do arquétipo
chamado “sombra”. Ela deriva do nosso passado pré-humano animal, quando as
nossas preocupações se limitavam a sobrevivência e reprodução, e quando não
eram auto-consciente. De acordo com Zweig & Abrams (2007, p.27):
.
Entendemos por sombra aquela parte da psique inconsciente que
está mais próxima da consciência, mesmo que não seja
completamente aceita por ela. Por ser contrária à atitude consciente
que escolhemos, não permitimos que a sombra encontre expressão
na nossa vida; assim ela se organiza em uma personalidade
relativamente autônoma no inconsciente, onde fica protegida e
oculta. Esse processo compensa a identificação unilateral que
fazemos com aquilo que é aceitável à nossa mente consciente
É o "lado negro" do ego, e o mal que somos capazes de muitas vezes é
armazenado lá. Do ponto - de- vista humano, o mundo animal é brutal, desumano, de
modo que sombra se torna algo que o ser humano não é capaz de admitir.De acordo
com Rocha (2006, p.8):
O conceito de Sombra, dentro da teoria junguiana é representada
por conteúdos incompatíveis com a vivência do indivíduo, ou seja,
ela pode englobar em si conteúdos que dizem respeito a qualidades,
virtudes, defeitos, conflitos, etc. Dessa forma, ela não deve ser
visualizada como sendo apenas composta por conteúdos pura e
simplesmente negativos, mas sim como positivo/negativo
Símbolos da sombra incluem a serpente (como no jardim do Éden), o
dragão, monstros e demônios. Muitas vezes, os guardas da entrada de uma caverna
ou uma poça de água, que é o inconsciente coletivo. As sombras têm o caráter de
pulsões inferiores e emergem do inconsciente, mas como seu conteúdo é irracional,
ele é reprimido pelo ego, pois este só admite o que pode ser aceito socialmente, ou
seja, que está em concordância com as normas sociais. Ela sombra é projetada nos
sonhos e nas fantasias, sendo reflexo do inconsciente.
24
Figura 3 - IIustração de sombra
Fonte: BOEREE (2007)
Na perspectiva de Silveira (2003, p.81):
A sombra pode apresentar qualidades valiosas que não se
desenvolveram devido a condições externas desfavoráveis ou
porque o indivíduo não dispôs de energia suficiente para levá-las
adiante, quando isso exigisse ultrapassar convenções vulgares.
A Sombra são todos os desejos incivilizados e emoções que são
incompatíveis com as normas da sociedade e com a nossa personalidade ideal. É
tudo o que envergonha, que o indivíduo não deseja ser.
Na Psicologia Analítica compreender a sombra é conhecer o lado sombrio da
personalidade humana. Quando o homem se conscientiza do seu lado sombrio ela
pode entrar em equilíbrio, pois na concepção de Jung a união de opostos é que torna
o ser humano um ser completo. Ao se tornar consciente de seu lado sombrio o
homem é capaz de criar formas de no mundo (ROCHA, 2006).
A Sombra é um arquétipo. Assim sendo, significa que é típico na consciência
de todos. Todo mundo tem uma sombra. Isso não é algo que uma ou duas pessoas.
Todos ser humano tem uma sombra e um confronto com a Sombra é essencial para
o auto-conhecimento. O ser humano não pode aprender sobre ele mesmo se não
aprender sobre a sua Sombra.
25
3.5. Sizígia: animus-anima
A sizígia anima/animus é uma estrutura especial da psique humana que
incluem imagens arquétipicas e os complexos. Para Jung a anima se refere à
estrutura do ser humano mais sensível e intuitiva e animus se refere à estrutura da
racionalidade. Estas duas estruturas estão presentes no aparelho psíquico do
homem e da mulher (COSTA, 2008). Wagner et al (2009, p.1) explicam que:
Sizígia anima/animus, refere-se à constelação em torno da imagem
contra-sexual: uma imagem masculina (animus) no caso da mulher, e
uma imagem feminina (anima), no caso do homem. Estas imagens
contêm aquelas qualidades culturalmente definidas como impróprias
à identidade sexual do ego, como, por exemplo, o lado sensível
masculino, e o lado intelectual e racional feminino.
Compreende-se que anima/animus são características coletivas que podem
permanecer inconscientes ou não. Elas são indiferenciadas e inferiores.Anima e
animus são mediadores entre o consciente eo inconsciente do psiquismo. Eles
podem ser compreendidas quando aparecem, personificado, nas fantasias, sonhos,
visões.
Os
arquétipos
de
animus
e
anima
são
polaridades
opostas
e
complementares, que se manifestam no cotidiano de homens e mulheres. De acordo
com Jung os relacionamentos amorosos são movidos por estes dois arquétipos.
Dessa forma, no homem a imagem do inconsciente será feminina (anima) e na
mulher a imagem será masculina (animus) (GASPARELLO, 2006).
3.6.Si-mesmo ou Self
Na concepção junguiana, o Self é um arquétipo. Ele é o centro da
personalidade humana. O Self é muitas vezes confundido com o ego. Como o ego
é apenas uma estrutura temporal que nos dá uma identidade nesta vida, o Self é de
uma ordem superior ao ego. Samuel et al (2003, p.4) explica que:
26
Inicialmente o ego está fundido com o self, porém, depois, dele se
diferencia. Jung descreve uma interdependência dos dois: o self
possui uma visão mais holista e é, portanto, supremo, mas a
função do ego é confrontar ou satisfazer às exigências dessa
supremacia. O confronto entre o ego e o self foi identificado por
Jung como característico da segunda metade da vida. O ego
também é visto por Jung como resultante do choque entre as
limitações corporais da criança e a realidade ambiente
O Self organiza os processos psíquicos e dele emana toda a energia para
o funcionamento da psique humana. Em termos psicológicos, engloba o consciente,
o inconsciente e o ego. Para Rafaelli (2002, p.4):
Na conceituação junguiana, o eu pode ser entendido como um
repositório de imagens que se agrupam por significado, oriundas
tanto da percepção quanto da memória, formando um complexo de
idéias e sentimentos que conferem uma unidade e identidade
pragmáticas ao self, em especial nas relações sociais. Mas essa
unidade é composta de imagens cambiantes que não possuem
realidade em si, o que equivale a dizer que o eu é uma solução de
compromisso entre as imagens prevalentes (sensoriais ou
mnemônicas) num determinado momento.
O Self é o arquétipo central no inconsciente coletivo, como o Sol é o centro
do sistema solar. Ele é o arquétipo da ordem, organização e unidade. Ele unifica a
personalidade. O Self é o nosso objetivo de vida, porque é a expressão mais
completa da unidade maior que chamamos de individualidade. Para Jung apud
Cortes (2008, p.5): “ Self não só é o centro, mas também a circunferência inteira
que abraça a consciência e o inconsciente; é o centro desta totalidade, da mesma
maneira que o ego é o centro de consciência.”
O Self é transcendente, pois aponta para uma futura expansão ilimitada e
criativa ilimitada do processo evolutivo. De acordo com Jung (1982, p.161): "o simesmo pode certamente tornar-se um conteúdo simbólico da consciência, mas é
também, sem dúvida, transcendental como grandeza inevitavelmente superior à
consciência."
3.7. Mito
A carreira profissional de Jung foi permeada pro diversas viagens para
conhecer diferentes culturas. Ele visitou povos primitivos e conviveu com eles no
27
intuito de apreender a existência do material simbólico da humanidade. Constatou
que na humanidade existe uma conexão universal e consequentemente uma
herança psicológica construída ao longo da evolução da humanidade ( CORTES,
2008). Cortes (2008, p.4) explica que:
O homem antigo dava sentido ao mundo através dos mitos. Com a
modernidade o homem perdeu sua capacidade de produção
simbólica, passando esta a ter uma importância psíquica, uma vez
que o inconsciente conserva essa capacidade. Deste modo, ligação
entre os mitos arcaicos e os símbolos do inconsciente é de grande
valor para o trabalho analítico, uma vez que permite interpretar os
símbolos tanto em seu aspecto histórico universal como no sentido
psicológico, como veremos na relação simbólica entre a saga do
herói e o desenvolvimento egóico.
Boechat, apud Cortes (2008, p.7) declara que:
Na perspectiva junguiana, o estudo do material mitológico, presente
na história da humanidade, é fundamental para um olhar mais
profundo do ser humano. Isso se deve ao fato do mito expressar
estórias simbólicas que transmitem imagens significativas, que
tratam das verdades dos homens de todos os tempos.
3.8. O símbolo
De acordo com Jung, o inconsciente se manifesta principalmente através de
símbolos. Nenhum símbolo específico ou imagem jamais pode representar
completamente um arquétipo (que é uma forma sem conteúdo específico).
Para Rafaelli (2002, p.9):
O símbolo tem um significado muito complexo porque ele desafia a
razão, que sempre pressupõe uma série de significados que não pode
ser compreendido mal a um único conceito lógico. O símbolo tem um
futuro. O passado não é suficiente para interpretá-lo, porque os germes
do futuro são incluídas em cada situação concreta É por isso que, na
elucidação de um caso, o simbolismo é espontânea aplicável, por
conter o futuro.
28
Jung apresenta dois tipos de símbolos: individual e coletivo. Os símbolos
individuais são produções espontâneas da psique individual.. Os símbolos coletivos
são imagens produzidas durante a evolução da humanidade e que está presente em
todos er humano.
Na perspectiva junguiana , o Símbolo apresenta potencial para modificar a
dinâmica do eu. Ele remete a um arquétipo ou imagem primordial, que transcende a
consciência, por isso é considerado expressão da natureza da alma.(RAFAELLI,
2002).
3.9. Inconsciente Coletivo
Jung dividiu o inconsciente em duas partes: o inconsciente pessoal e o
inconsciente coletivo. Cortes (2008, p.2) afirma que:
Através da concepção de inconsciente coletivo, Jung concebe que
todos os homens, primitivos ou modernos, compartilham de um
conhecimento arquetípico universal. O inconsciente coletivo rompe
com a linearidade espaço-tempo, ampliando a visão do psiquismo
para além da simples causalidade.
O inconsciente coletivo é um conceito importante na psicologia de Carl
Gustav Jung. O inconsciente coletivo é compartilhado por todos os homens. Isso
significa que ele está presente em cada ser humano, constituindo um vasto
reservatório de arquétipos da humanidade inteira. É acessível a todos.
Em geral, o inconsciente coletivo é composto de características que muitas
pessoas têm em comum e que cada um herdou no nascimento. Medo e felicidade,
por exemplo, são características humanas herdadas. Elas surgem sem motivos
conscientes, mas simplesmente surgem da necessidade interior.
Jung identifica o coletivo, transpessoal ou inconsciente, como o centro de
todo o material psíquico que não vem da experiência pessoal. Seu conteúdo e as
imagens parecem ser compartilhadas com pessoas de todos os países e todas as
culturas.
29
Jung postula que a mente da criança já possui uma estrutura que molda e
todos os canais desenvolvimento e interação com o ambiente. Essa estrutura básica
é essencialmente a mesma em todas as crianças. Apesar de desenvolver de forma
diferente e se tornam indivíduos únicos, o inconsciente coletivo é comum a todas as
pessoas.
Todo ser humano nasce com uma herança psicológica, bem como um
patrimônio biológico, de acordo com Jung. Ambos são importantes determinantes do
comportamento e da experiência. Conforme Jung (1964, p. 67):
Assim como o corpo humano representa um museu inteiro de
órgãos, cada um com um longo período evolutivo por trás
disso, então nós devemos esperar para descobrir que a mente
é organizada de forma semelhante. Ela não pode mais ser um
produto sem história que é o órgão em que ele existe .
O inconsciente coletivo resulta das experiências que são comuns a todas as
pessoas, também inclui material dos ancestrais pré-humanos e animais.
3.10. Inconsciente pessoal
A consciência pessoal só pertence a si mesmo. É o conjunto de percepções
subliminares, reprimidas ou esquecidas lembranças, desejos e emoções de um
indivíduo.
As memórias do inconsciente pessoal podem ser evocadas, embora elas não
possam ser totalmente controlados pela vontade. Às vezes, uma associação
acidental irá levá-los à luz. Às vezes, eles aparecem em sonhos e fantasias. A
hipnose também pode revelá-los.
3.11. Consciência/Ego
O ego é o centro da consciência.. É composto de caráter herdado,
disposição, e por meio das impressões aprenderam inconscientemente. À medida
que desenvolvemos a consciência do ego, achamos que nos conhecemos
totalmente. Na verdade, o ego só conhece o seu próprio conteúdo, não o conteúdo
do inconsciente. Para Jung o ego é o centro da mente consciente.Ele é a percepção
30
consciente, as lembranças, pensamentos e sentimentos. É o guardião da
consciência. O ego é seletivo, pois recebe muita informações, mas deixa apenas um
pouco ao alcance da consciência.
CAPÍTULO IV – TERAPIA FAMILIAR NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA
ANALÍTICA
A psicoterapia familiar na perspectiva junguiana é realizada a partir da teoria
sistêmica, na qual se concebe a família que está conectada fisicamente.
Jung nunca fez menção direta à terapia de familiar, contudo atribuía grande
relevância ao convívio familiar, buscando compreender as questões relacionais que
permeiam os membros familiares e que influenciam a dinâmica deste grupo social,
como também os conteúdos inconscientes expressos por estes indivíduos.
31
Carvalho & Sant’anna (2005, p.3) afirmam que “embora Jung (1995) nunca
tenha atuado diretamente como terapeuta de casais, foi um precursor no assunto ao
publicar em 1925 o artigo “O casamento como relacionamento psíquico”.
Para Jung a psicoterapia familiar é importante, pois possibilita que sejam
compreendidos os sentimentos e emoções entre os cônjuges e entre pais e filhos.
Segundo este psicólogo os pais exercem influência moldeladora sobre o caráter da
criança desde a mais tenra idade, principalmente no que diz respeito às emoções e
a atitudes inconscientes. Jung ( 1995 p.485) argumenta que:
A desarmonia latente entre os pais, uma preocupação secreta,
desejos secretos e reprimidos, tudo isso produz na criança um
estado emocional, com sinais perfeitamente reconhecíveis, que
devagar mas segura e inconscientemente vai penetrando na psique
dela, levando às mesmas atitudes e, portanto, às mesmas reações
aos estímulos do meio ambiente
Analisar o conteúdo relacional da família revela entraves da vida psicológica
da criança, pois existe uma identificação do estado psíquico da criança com o
inconsciente dos pais. Segundo Jung (1986, p. 43) “não chegaremos a compreender
nem a psicologia da criança nem a do adulto, enquanto as consideramos apenas
como assunto subjetivo do individuo, pois o mais importante é seu caráter de
relacionamento uns com os outros”.
O objetivo de tudo é fazer com que a família recupere seu equilíbrio
emocional. Quando um membro da família manifesta um sentimento de desconforto,
a família constrói um campo de força através de seus laços afetivos, permitindo que
sejam aflorados conteúdos inconscientes que são manifestados simbolicamente,
mesmo antes das palavras.
Segundo Scuoppo (2010, p.1):
Jung vê no símbolo uma ação mediadora, uma tentativa de encontro
de opostos, movida pela tendência inconsciente à totalização. Para
ele, quando se abrem fendas, demasiado largas, entre consciente e
inconsciente, surge uma neurose. Nenhum valor psíquico pode
desaparecer sem que seja substituído por outro, já que a energia
psíquica procura muitos caminhos. Manifestações somáticas são
reativações de conteúdos adormecidos no inconsciente. Entendemos
que os sintomas apresentados por um membro da família
constituem, antes de tudo, um fenômeno que também é expressão
da metamorfose da energia psíquica circulante. Assim como um
símbolo, o sintoma emerge antes das palavras.
32
Jung conduziu uma série estudos experimentais na constelação familiar.
Estas pesquisas ficaram conhecidas como experimentos de associação de Jung. A
partir disto, ele elaborou um método investigativo da psique inconsciente, visando
comprovar a existência de complexos inconscientes (CAMPELO, 2010).
Em seu livro Estudos Experimentais, Jung (1995), publica a pesquisa feita
por uma psiquiatra, Dra. Emma Früst. Ela aplicou o teste de associações em vinte e
quatro famílias. Nestes testes compostos por palavras escolhidas por Jung , as
palavras não tinham relação significativa entre si. Os sujeitos eram instruídos a
reagir com uma única palavra – a primeira que lhe viesse a cabeça – a cada palavra
pronunciada pelo aplicador (CAMPELO, 2010).
Com os resultados deste experimento Jung agrupou as pessoas de acordo
com família, tipo de parentesco, sexo, dentre outros. Os dados analisados revelaram
que mãe e filha partilham a mesma forma de pensar e ainda respondem de forma
semelhante aos estímulos dados, comprovando que os filhos partilham da mesma
forma de pensar que os pais (CAMPELO, 2010).
No contexto familiar a individualidade se manifesta, porém fortemente
determinado dentro dos limites da psique, das emoções e desejos dos pais.
Jung ( 1995 apud Campelo 2010, p.24) argumenta que:
[h] me parece importante compreender a influência do meio
ambiente e da educação. Vimos no exemplo acima o que passa da
mãe para a filha. Não é a vida honesta e piedosa, não é a inculcação
de verdades pedagógicas que exercem influência moldadora sobre o
caráter da pessoa em formação; o que tem maior influência é a
atitude emocional, pessoal e inconsciente, dos pais e educadores. A
desarmonia latente entre os pais, uma preocupação secreta, desejos
secretos e reprimidos, tudo isso produz na criança um estado
emocional, com sinais perfeitamente reconhecíveis, que devagar
mas segura e inconscientemente vai penetrando na psique dela,
levando às mesmas atitudes e, portanto, às mesmas reações aos
estímulos do meio ambiente .
Para a psicologia analítica, embora cada indivíduo seja único ele deve ser
compreendido, tendo como referencial o lugar que ocupa dentro de seu .Por esta
33
razão a compreensão dos processos familiares é de suma importância ampliar a
consciência individual.
A abordagem da Psicologia Analítica da terapia de casais adota duas
vertentes, sendo uma o modelo sistêmico, desenvolvido por Palo Alto
e o
psicanalítico, originado da teoria de relações objetais de Melanie Klein. No modelo o
casal é uma díade que forma um subsistema familiar e no modelo psicanalítico o
desenvolvimento intrapsíquico é que determina a relação do casal (CARVALHO &
SANT’ANNA, 2005).
Segundo Vargas (1994, p.108) a Psicologia Analítica pode ser inserida
nestes dois modelos, pois, “o que caracteriza o trabalho do analista junguiano de
casal não é um modo técnico de trabalhar, mas uma visão de ser humano”.
Ao adotar o modelo sistêmico, se pressupõe que há um sistema de
funcionamento da personalidade arquetipicamente estruturado. Já no modelo
psicanalítico são considerados aspectos inconscientes da psique.
Na visão de Hall (1987) a Psicologia Analítica a terapia familiar considera
relevante as deformidades de comunicação entre os conjugues, como também os
distúrbios vinculares que estes apresentam. A partir disto
o objetivo da terapia
familiar, segundo Hall ( 1987) é integrar os papéis de marido/mulher na persona,
fundamentando o relacionamento no padrão arquetípico da coniunctio.
Sharp (1993) explica que Coniunctio, é um termo alquímico que define uma
operação na qual os opostos de uma massa caótica são separados e depois
reunidos em uma forma estável.
De acordo com Carvalho & Sant’anna (2005, p.3).
O Arquétipo da Coniunctio que refere a união e separação, está na
base da instituição do casamento e geralmente é responsável pela
atração original entre duas pessoas no estágio de enamoramento.
Além do papel de homem e mulher, os parceiros exercem os papéis
sociais de marido/esposa e de pai/mãe, os quais têm como base as
vivências parentais de cada um.
Para Jung quanto maior for o grau de inconsciência do indivíduo a respeito de si
mesmo, menor a possibilidade de livre escolha do parceiro. Dessa forma, quando a
34
união entre dois indivíduos acontece na primeira metade da vida, esta escolha se
fundamenta na projeção de imagens inconscientes,
denominadas de anima e
animus (CARVALHO & SANT’ANNA , 2005, p.3).O homem carrega dentro de si
inconscientemente a imagem de mulher e mulher carrega uma imagem de homem
interna. Assim, a escolha matrimonial será plenamente diferenciada caso os
parceiros tenham estabelecido uma relação consciente com o seu processo de
Individuação.
O processo de individuação é um termo criado pelo famoso psicólogo Carl
Gustav Jung para descrever o processo de tornar-se consciente de si mesmo, e a
maneira de descobrir a verdade, o “ eu” interior. Embora a estrutura é básica e
simples, o conteúdo requer uma compreensão muito mais profunda.
Na concepção junguiana a liberdade pessoal é possível, mas é preciso
percorrer um caminho: o caminho da individuação.
Individuação significa que uma pessoa se torna uma pessoa, um indivíduo,
uma personalidade totalmente integrada. É um processo de auto-realização, durante
o qual integra um desses conteúdos da psique que têm a capacidade de tornar-se
consciente.
É uma busca da totalidade. É uma experiência que pode ser formulado como
a descoberta do divino em si mesmo, ou a descoberta da totalidade do seu Self. Isso
não acontece sempre, sem dor, mas é necessário aceitar muitas coisas que
normalmente são evitadas.
Quando uma pessoa aceita o conteúdo da sua inconsciência e atinge o
objetivo do processo de individuação, ele está consciente de suas relações com tudo
o que vive com o cosmos inteiro.
Cortes (2008, p.5-6) expõe que:
O verdadeiro contato com o self seria obtido através do processo
deindividuação, que é único para cada ser humano. O processo de
individuação tem como objetivo desenvolver a personalidade
individual, o potencial que cada um tem dentro de si, a fim de
conseguir discernir as mensagens vindas do self que o guiarão à
auto-realização.
Individuação é um processo natural, inerente ao homem. Não pode ser
estimulada por algo externo, mas cresce a partir do interior. Assim como o corpo
35
possa ficar deformado ou doente por falta de alimentação ou o movimento, a
personalidade pode ser deformada pela falta de experiência ou instrução.
Jung salienta que o nosso mundo moderno não oferece oportunidade
suficiente para experimentar o arquétipo da sombra. Quando uma criança manifesta
seus instintos de animal, geralmente é punido por seus pais.
A punição não leva à extinção da Sombra (tendências reprimidas, mais sobre
isso mais tarde), que é impossível, mas que leva à supressão desse arquétipo.Isto
dificulta o processo de individuação, pois somente ao entrar ao conhecer seu interior
é que o homem conquistará a sua liberdade pessoal.
Segundo Jung, todo indivíduo procura naturalmente individuação ou autodesenvolvimento. Para ele a psique tem um impulso inato em direção à totalidade.
Para Jung (1928, p.171):
Individuação significa tornar-se um único, homogêneo a ser, e, na
medida em que individualidade "abraça os nossos mais íntimos, por
último, singularidade e incomparável, que implica também a tornar-se
seu próprio auto nós poderíamos, portanto, traduzir a individuação
como" vir a individualidade "ou" auto-realização .
Individuação é um processo natural, biológico. É o desdobramento de nossa
natureza básica, e é uma unidade fundamental em cada um de nós. Considerando
esta premissa, compreende-se que a liberdade pessoal só é possível à medida que o
homem conhece sua sombra e seus complexos, ou seja, quando ele toma
consciência daquilo que está oculto nele. Ao tomar consciência disto ele pode
modificar a si mesmo e atingir a felicidade. Contudo, este é um processo contínuo e
longo.
Individuação é processo por meio do qual a pessoa busca a sua autorealização e realmente o que é. Ela depende da interação e da síntese dos opostos,
por exemplo consciente e inconsciente, pessoal e coletiva, a psique e soma, divina e
humana, a vida e a morte.
O conceito de individuação é a pedra angular da psicologia de Jung.
Individuação requer o desenvolvimento de ego, mas não é sinônimo. Embora o
processo de desintegração e reintegração ocorre ao longo da vida, Jung afirmou que
existe uma diferença funcional no processo de individuação subjacentes mais tarde
na vida, em oposição à infância.
36
Diante desta análise, verifica-se que à medida que o processo de
individuação é o caminho para a auto-realização humana que conduz à liberdade
pessoal.
Neste sentido a terapia familiar na perspectiva junguiana, se constitui um
território na qual cada um se lançará para novos vôos em busca de sua liberdade
pessoal.
CONCLUSÃO
Com a realização deste estudo foi possível verificar que Carl Gustav Jung
foi o fundador da Psicologia Analítica.
A pesquisa bibliográfica demonstrou que a elaboração das obras de Jung,
que fazem emergir a Psicologia Analítica são fruto das experiências internas
vivenciadas pelo próprio autor, aliado aos estudos do comportamento de povos
primitivos, como também ao vasto conhecimento filosófico, científico e médico que já
possuía.
Constatou-se que o arcabouço teórico da psicologia Analítica foi construído a
partir das experiências e estudos de Jung no campo da psiquiatria, nos estudos da
teoria de Freud, nos conhecimentos sobre mitologia, religião e filosofia.
37
A partir da análise das idéias dos autores consultados pode-se observar que
Os fundamentos da Psicologia Analítica influenciaram e continuam influenciando
diversos campos do saber como: Antropologia, Religião e Sociologia, dentre outros.
Para conhecer a psique humana, Jung extrapolou os conhecimentos pertinentes ao
campo da psicologia.
Conforme os dados analisados na literatura o arquétipo une emoções e
sensações físicas, portanto é um conceito psicossomático. Ele se constitui numa
imagem que ocorre na mente, que funciona inconscientemente, podendo se
manifestar sonhos, mitos e fantasmas.
Outro dado relevante é que os complexos interferem na vida consciente dos
indivíduos, eles influenciam seus atos, vontades e os desejos, levando a cometer
lapsos
Os dados pesquisados evidenciaram que na Psicologia Analítica, “Persona”
é a máscara com que cada indivíduo se apresenta para a sociedade, sendo que é
por meio dela que ocorrem os relacionamentos sociais.
As considerações teóricas apontadas neste estudo demonstram que a
sombra contém traços da personalidade humana, que podem ser negativos ou
positivos. Muitas vezes os traços positivos permanecem obscuros pro toda a vida,
pois o indivíduo conviveu num meio ambiente que não favoreceu o afloramento deste
lado positivo.
Ficou demonstrado também que a sizígia anima/animus é uma estrutura
especial da psique humana que incluem imagens arquétipicas e os complexos.
Verificou-se que na concepção junguiana, o Self é o centro da
personalidade humana. O Self é muitas vezes confundido com o ego. Como o ego
é apenas uma estrutura temporal que nos dá uma identidade nesta vida, o Self é de
uma ordem superior ao ego.
Ao construir o arcabouço de sua psicologia, Jung constatou que na
humanidade existe uma conexão universal e conseqüentemente uma herança
psicológica construída ao longo da evolução da humanidade
Na perspectiva junguiana, o Símbolo apresenta potencial para modificar a
dinâmica do eu. Ele remete a um arquétipo ou imagem primordial, que transcende a
consciência, por isso é considerado expressão da natureza da alma.
Ao realizar esta pesquisa foi possível lançar um olhar diferenciado sobre
processo de individuação na concepção da Psicologia Analítica, pois se verificou
38
que a conquista da liberdade individual depende da busca que o indivíduo fará para
conhecer a si mesmo, seu “eu” interior. Somente conhecendo a si mesmo, é que lê
será verdadeiramente livre.
A partir disto pode-se concluir que a terapia familiar na perspectiva
junguiana tem por objetivo levar o indivíduo a aumentar sua consciência e promover
seu processo de individuação dentro do contexto familiar, conduzindo os conjugues
e seus filhos a uma vida verdadeiramente feliz.
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