Esboço da Jornada do Herói no Livro Vermelho de Jung: análise de O caminho daquele que virá Willian Perpétuo Busch UFPR/TN Dr. Leandro Neves Cardim Investigação do Livro Vermelho de Carl Jung, com ênfase na primeira parte da obra: O caminho daquele que virá. Tratou-se de relacionar a estrutura de monomito e jornada do herói proposta por Joseph Campbell com os diversos momentos de passagem presentes na sessão recortada. Tal relação possibilitou a problematização filosófica que emerge do panorama de pensamento junguiano. A extensão da obra Livro Vermelho demandou a operação de restrição conceitual específica, isto é, do primeiro grande bloco textual conhecido como Liber Novus. De maneira com que se focou, exclusivamente em O caminho daquele que virá. Tal estratégia possibilitou uma maleabilidade do trabalho com a bibliografia geral, assim como um direcionamento mais intenso em momentos específicos da obra do autor tomada como todo. CAMPBELL, Joseph. O herói de mil faces . São Paulo: Pensamento, 2007. JUNG, Carl Gustav. O Livro Vermelho: edição sem ilustrações . Rio de Janeiro: Vozes, 2013 O movimento teórico e epistemológico do texto se revela mais significativo mediante a introdução do autor de dois espíritos diferentes: espírito da época e espírito das profundezas. O espírito da época, ao ser interpretado como o conceito muito comum no pensamento do final do século XIX e do começo do século XX, visa a compreensão estreita e racional do conhecimento. A tensão de oposição está dada: o espírito da profundeza, que se lança diretamente contra o espírito da época, ao mesmo tempo realiza o chamado, isto é, convida o herói para a aventura à frente. Essa situação de embate demonstra que o discurso científico do início do século XX é entendido pelo autor como o discurso que está sob o domínio do espírito da época, porém, para o processo de individuação, é necessário dar voz a este outro espírito. Cabe ao espírito das profundezas fornecer a sedimentação para um pensamento que não se regula nos modelos epistêmicos desenvolvidos tradicionalmente. A obra de Jung possibilita o estabelecimento de um diálogo que atende às demandas do espírito da profundeza rompendo assim o território teórico psicológico do autor e trazendo à tona uma visão crítica da abordagem científica. Tal abertura está ligada ao processo da jornada do herói, realizado pelo autor a fim de expandir sua compreensão dos mecanismos inconscientes.