S E M A N A Porto Alegre / 20 de julho de 2007 / nº 29 / Ano XII / www.fiergs.org.br E D I T O R I A L A tragédia aérea ocorrida em São Paulo, na terçafeira, atingiu a sociedade gaúcha como um todo. Perdemos pessoas que faziam parte das diversas representações sociais, como a política, o empresariado, o sindicalismo, o esporte, profissionais liberais, etc. Dentre elas, estava o amigo, parceiro de lutas, e vicepresidente Attilio Bilibio. As suas qualidades pessoais e a trajetória industrial devem ficar como estímulo e inspiração para os nossos atos. Será difícil não lembrar do “Bilibio” de Nova Bassano, que estava no auge de sua vida, tendo internacionalizado a sua indústria e ao mesmo tempo contava para todos nós a sua vida interior. As passagens mais marcantes da sua história e os conceitos gerenciais que aplicava estão no livro que deixou, lançado há apenas três semanas, e na entrevista que concedeu à edição deste mês de julho da revista “Indústria em Ação”, editada pela Unidade de Comunicação do Sistema FIERGS. No mesmo acidente, também perdemos o industrial Vitacir Paludo, do Grupo Vipal, irmão do companheiro e diretor da Casa, Idir Paludo. Enfim, são perdas irreparáveis, que sempre nos desafiam pela fragilidade da vida e pela força com que souberam viver. Paulo Fernandes Tigre, presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul Entidade perde vice-presidente O acidente aéreo, em São Paulo, causou para os gaúchos a perda de industriais atuantes. Entre eles, Attilio Bilibio, presidente da Medabil e vice-presidente do Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul (CIERGS). Bilibio, que completaria 63 anos em outubro, transformou a empresa líder em sistemas construtivos metálicos no Brasil e na América Latina. A capacidade para administrar tornou Bilibio um empreendedor de sucesso. Em junho, lançou o livro “Como Começar uma Indústria com Pouco Dinheiro e Muita Paixão”, no qual relatou em 191 páginas sua trajetória profissional. Bilibio tinha conceitos inovadores na área de gestão. “O planejamento estratégico é um subproduto do pensamento estratégico. Planejar de forma científica e dentro dos parâmetros recomendados pelos livros e consultores, num país de tantas incertezas, pode trazer muitas frustrações”, dizia. “Não sou contra o planejamento, mas minha paixão se chama pensamento estratégico. Do pensamento, parte-se direto para a ação, sem intermediários. Nesse conceito cabem os sonhos, a intuição, o trabalho intenso e as qualidades morais.” Em 1996, Bilibio foi escolhido o Homem do Aço pela Associação do Aço do Rio Grande do Sul. Fundada em 1967, a Medabil tem 1.400 colaboradores e faturou R$ 267 milhões em 2006. Com três fábricas em Nova Bassano e Nova Araçá, a empresa possui uma capacidade produtiva de 50 mil toneladas por ano. Em quatro décadas, a empresa chegou a fazer joint ventures com grupos internacionais e construiu mais de 35 milhões de metros quadrados em edifica- Foto:Cláudio Bergman Attilio Bilibio ções na América do Sul, África e Ásia. Quinto de oito irmãos, Bilibio nasceu em Nova Bassano e trabalhou com a família em uma pequena propriedade rural até os 20 anos. Antes de ter a própria serraria, origem de sua empresa, foi chapeador numa mecânica. Casado com Lourdes, teve três filhos, César, Lires e Márcia, e dois netos, Christiano e Giovana. Trechos da entrevista na revista da FIERGS, Indústria em Ação Início “Trabalhei desde cedo, ajudando meu pai e meus irmãos derrubando mato a machado na plantação de milho. Cheguei a fazer vinhos esmagando a uva com os pés.” Franqueza “Jogar com franqueza, até quando se está em desvantagem, reverte em benefícios e estreita relacionamentos.” Fracasso “O fracasso não é ruim, se ele ensina e sobra a chance de tentar outra vez. O maior erro é não arriscar.” Risco “O risco faz parte do negócio e querer ter apenas certezas trava o pensamento e a vocação empresarial. O lucro é o outro lado da moeda da perda.” Futuro “No longo prazo, a abertura de capital é a melhor maneira de uma empresa crescer e perpetuar. Governança corporativa também é fundamental.” Sucessão “A falta de equacionamento ou a fuga do problema da sucessão está na raiz da alta mortalidade das empresas aparentemente sólidas.” Semana FIERGS A G E N D A Lei Geral O Conselho Permanente da Micro e Pequena Empresa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Conselho da Pequena e Micro Indústria (Copemi) da FIERGS farão encontro conjunto nesta segunda-feira (dia 23), às 13h, na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul. Na pauta, apresentação do projeto que modifica a Lei Geral (PLC 43/ 2007) e do anteprojeto de regulamentação do Consórcio Simples. Segurança no Trabalho O Contrab realiza dia 26 de julho, na Associação Comercial e Industrial de Santa Cruz do Sul, o seminário técnico do Circuito Gestão em Saúde e Segurança no Trabalho, às 16h. Informações: (51) 3347-8871. Excelência Industrial O IEL-RS e o Senai-RS promovem o workshop Melhores Práticas para Excelência Industrial, dia 26, a partir das 18h, na sede da ACI de Panambi, que apóia o evento. Fatec/Senai A Faculdade de Tecnologia do Senai (Fatec) está lançando o curso PróDesign – Assistente de Desenvolvimento de Produtos Industriais. O curso será desenvolvido de 7 de agosto a 6 de novembro, das 19h às 22h, na Fatec. Estágio Empreendedor Os estudantes gaúchos que buscam uma preparação profissional prática podem contar com os estágios oferecidos pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL-RS), integrante do Sistema FIERGS. O programa Estágio Empreendedor oferece vagas na indústria para quem cursa o ensino técnico ou superior. Desde março, data do lançamento do programa, até agora, 156 estagiários foram contratados. O processo de seleção inclui entrevistas, aplicações de testes e parecer técnico de psicólogos. Entre as áreas com mais vagas disponíveis no momento, estão marketing, direito, pedagogia, letras, administração, técnico em mecânica e em informática. Para participar da seleção, é preciso preencher os dados nos site www.iel.org.br/estagio. Ano XII - Nº 29 FIERGS apresenta vantagens de pequenos projetos de energia O presidente da FIERGS, Paulo Tigre, apresentou na terça-feira (dia 17), em Brasília, para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, informações sobre o potencial dos pequenos projetos para aumentar a oferta de eletricidade necessária para acompanhar o crescimento da economia gaúcha. A FIERGS entregou a lista do potencial de geração de energia no Estado. Em Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), a capacidade a ser viabilizada, através dos projetos existentes, é de 1.639 megawatz, com investimentos de R$ 6,5 bilhões em oito anos. No longo prazo, o potencial eólico supera os 1.100 megawatz. O documento entregue por Paulo Tigre contempla os seguintes projetos de expansão da geração energética no Estado: USINAS HIDRELÉTRICAS – RIO GRANDE DO SUL POTÊNCIA EM MEGAWATZ (MW) 16 empresas disputando 25 rios em busca de novos aproveitamentos hidrelétricos 100 2 empresas e 1 cooperativa identificaram novos aproveitamentos e estão inventariando os rios 250 4 cooperativas e 6 empresas estão com novos inventários dos rios em análise na ANEEL 240 Há inventários já aprovados e com potenciais a serem explorados 242 4 novos projetos básicos foram entregues na ANEEL e estão aguardando aprovação 40 15 novas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) estão com seus projetos em análise na ANEEL e aguardando licenciamento ambiental 225 13 Pequenas Centrais Hidrelétricas estão autorizadas aguardando licenciamento ambiental 153 8 Pequenas Centrais Hidrelétricas autorizadas e com licenças ambientais aguardando leilão de energia ou então comercialização para consumidores livres 130 Ainda há 3 Pequenas Centrais Hidrelétricas aguardando licenças ambientais para serem iniciadas 128 Total do potencial do Rio Grande do Sul já identificado e a ser construído INVESTIMENTO ESTIMADO EM ATÉ 8 ANOS 1.639 R$ 6,5 bilhões Foto:Divulgação 20/07/2007 Paulo Tigre entregou trabalho realizado pela FIERGS à ministra Dilma Rousseff 20/07/2007 Semana FIERGS Ano XII - Nº 29 Mercosul: não há integração política sem integração física, diz Tigre o Mercosul ainda possui um difícil caminho até poder atingir seu pleno potencial. “A Nova Agenda de Integração deve reconhecer a necessidade de ampliar a infra-estrutura para aumentar a competitividade do Bloco e prover condições adequadas para o aprofundamento dos acordos bilaterais, em especial com a União Européia”, disse ele. Conforme o dirigente, independente da velocidade dos avanços do fortalecimento do Merco- sul e do andamento das negociações, “é indispensável que a voz da iniciativa privada e das indústrias seja ouvida e que haja a participação na tomada das decisões, proporcionando profundas reflexões sobre o melhor caminho para se atingir os resultados em termos de políticas de infra-estrutura de integração, de Coesão Social, assim como o equilíbrio ambiental e dos cidadãos dos países membros”, afirmou. Foto:Divulgação A integração física é um elemento fundamental da integração regional, uma vez que a redução das barreiras por si só não é suficiente para o aumento do fluxo de comércio. É necessário que haja boas condições de infra-estrutura para que os produtos sejam transportados a baixos custos, garantindo a competitividade e aumentando o valor agregado do bloco. A conclusão é do presidente da FIERGS, Paulo Tigre, no seminário A União Européia e o Mercosul: Contribuição das Instituições da Sociedade Civil para o Desenvolvimento Nacional e Regional, realizado nesta quarta-feira (dia 18) no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), em Brasília. Paulo Tigre, que falou sobre a Integração da Infra-estrutura no Mercosul e na União Européia: Reforço da Coesão Econômica e Social, salientou que o Bloco deve adotar medidas que possam facilitar o processo de integração, como melhoria em trechos rodoviários, ações de fronteira, inclusão digital, dragagem em portos, e principalmente, “uma matriz energética confiável e de cooperação entre países, buscando um desenvolvimento sustentável que contemple aspectos sociais, culturais e econômicos para todos”. O presidente da FIERGS salientou que Presidente da FIERGS (E) falou em seminário realizado em Brasília Cenário econômico favorece queda d a taxa de juros da O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu nesta quarta-feira (dia 18) a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 0,5 ponto percentual, passando de 12% para 11,5%. O presidente da FIERGS, Paulo Tigre, destaca que os juros baixos são necessários para aproximar as condições de competitividade da economia brasileira das observadas nos demais países. “Os cenários interno e externo continuam positivos e devemos aproveitálos”, alerta ele. Entre os fatores que levam à redução da Selic de 0,5 p.p. estão a baixa inflação dos últimos 12 meses (IPCA de 3,69%) e a expectativa para 2007 de 3,7%, ambas abaixo da meta estipulada de 4,5%. Conforme Tigre, a taxa de juros real ainda continua elevada e há espaço, portanto, para reduções maiores. A próxima reunião do Copom será nos dias 4 e 5 de setembro. Seminário debate Seguro de Acidente do Trabalho O Grupo de Gestão do Ambiente do Trabalho (Geat) do Contrab analisa o Nexo Técnico Epidemiológico, em decorrência de notícias da Previdência Social que mudariam os critérios do Seguro de Acidente do Trabalho (SAT). E o seminário Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP) e Fator Acidentário de Prevenção, segundo o coordenador do Conselho de Relações do Trabalho e Previdência Social (Contrab) da FIERGS, Ayrton Giovannini, foi realizado para ajudar a esclarecer as alterações e mostrar os reflexos às empresas. A coordenadora do Geat, Beatriz Gomes, salientou que as indústrias devem agir de forma cautelosa, a fim de amenizar riscos. O evento foi promovido pelo Contrab, na quinta-feira (dia 19), na FIERGS. Com a adoção do “NTEP”, basta que o trabalhador apresente o atestado médico com o Código Internacional de Doenças (CID) para que o INSS identifique o nexo epidemiológico relacionado à atividade profissional exercida. O texto do decreto atribui ao empregador a responsabilidade de comprovar que o acidente ou doença não é decorrente do exercício da atividade.