Tópicos Especiais em Economia Aplicada - Crescimento Econômico 5/9/2005 UNIVERSIDADE FEDRAL DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA Disciplina: Crescimento Econômico Prof.: Dr. Sabino da Silva Junior Doutorando Agosto de 2005 José Antonio Gonçalves dos Santos Education and Economic Growth: Some cross-sectional evidence from Brazil Journal of Development Economics, v. 41, p. 45-70, North-Holland, 1993 Lawrence J. Lau Stanford University, USA Dean T. Jamison University of California, USA Shu-Cheung Liu Stanford University, USA Steven Rivkin University of California, USA 2 Aluno: José Antônio Gonçalves dos Santos 5/9/2005 1 Tópicos Especiais em Economia Aplicada - Crescimento Econômico 5/9/2005 1. Introdução Objetivo do estudo Investiga a relação entre educação e crescimento econômico no Brasil, com dados cross-sectional dos estados brasileiros individuais, nos anos 1970 e 1980. Análise econométrica do impacto que o número médio de anos de educação da força de trabalho causa no crescimento. 3 5/9/2005 1. Introdução: justificativas do estudo 1.1. Importância relativa das principais fontes de crescimento econômico dos países capital físico capital humano progresso técnico trabalho ¾ Trabalho: fator de menor participação no crescimento econômico A taxa de crescimento do trabalho, geralmente limitada pela taxa de crescimento populacional, raramente ultrapassa 2% em países desenvolvidos e 5% nos países em desenvolvimento. 4 Aluno: José Antônio Gonçalves dos Santos 5/9/2005 2 Tópicos Especiais em Economia Aplicada - Crescimento Econômico 5/9/2005 1. Introdução Y = ( K , L , ED , t ) Onde: Y: quantidade da produção real; K: quantidade de capital físico L: quantidade de trabalho; ED: quantidade de capital humano; t: tempo cronológico Taxas de crescimento econômico de um país pode ser expressa na equação de contabilidade do crescimento d lnY σ ln F d ln K σ ln F d ln L σ ln F dED σ ln F = + + + . σ ln K σdt σ ln L dt σED dt dt dt 5 5/9/2005 1. Introdução Estimativa da elasticidade da produção com relação à quantidade da força de trabalho Grupo de países Elasticidade Estimada Crescimento da Força de Trabalho (%) Crescimento econômico (%) Industrializados 0,6 ≤2 ≤ 1,2 Em desenvolvimento 0,3 ≤5 ≤ 2,0 Em termos de estados, a quantidade de força de trabalho pode variar muito mais do que a do país como um todo, em virtude da possibilidade de migração interestadual. 6 Aluno: José Antônio Gonçalves dos Santos 5/9/2005 3 Tópicos Especiais em Economia Aplicada - Crescimento Econômico 5/9/2005 1. Introdução Justificativa 2 Lau et al. (1990) estimam uma função de produção agregada relacionando o PIB real agregado com estoque de capital, força de trabalho, terra e educação média da força de trabalho com base em dados anuais a partir de uma amostra de 58 países em desenvolvimento, inclusive o Brasil, para o período de 1960-1986: ¾ estimativas positivas e estatisticamente significativas para as elasticidades de produção em relação à educação formal individual da força de trabalho ¾um ano adicional média para a força de trabalho brasileira aumenta a produção em 5,5%, mantendo-se os demais fatores constantes. 7 5/9/2005 1. Introdução Justificativa 2 Grupo de países Elasticidade Estimada África Subsaariana 0,03 Oriente Médio 0,10 Leste Asiático 0,13 América Latina 0,17 Para o Brasil, em 1970, um ano adicional de educação média aumenta a produção em 5,5 (0,17/3,0). ¾ Lau et. Al (1990) identificam um efeito limiar (transitório) coletivo da educação média da PEA em cerca de 4 anos. ¾ O presente estudo propõe uma análise do efeito limiar sobre a educação média individual da PEA. 8 Aluno: José Antônio Gonçalves dos Santos 5/9/2005 4 Tópicos Especiais em Economia Aplicada - Crescimento Econômico 5/9/2005 2. Abordagem Teórico-conceitual e metodológica • Estimativa das funções de produção agregada, a partir de dados temporais e transversais dos estados brasileiros em 1970 e 1980, relacionando a produção real de cada estado ao capital, trabalho, educação média e tempo. Baseia-se no trabalho de Lau e Yotopoulos (1989), que propõe uma modificação do conceito de função objetivo, introduzido por Hayami e Ruttan (1970, 1985), através do uso de fatores de aumento variáveis temporalmente e específicos em relação aos produtos e estados. LAU, L. J.; YATOPOULOS, P. A. The meta-production approach to tecnological change in world agriculture. Journal of Development Economics, 31, p. 241-269. 1989. 9 5/9/2005 Hipóteses Básicas i. Todos os estados têm acesso à mesma tecnologia Mesma função de produção agregada subjacente F(.) Yit* = F (kit* , L*it , EDit* ), i = 1,..., n, (2.1) Onde: e * * * it it it São as quantidades de eficiência equivalentes do produto, do capital e do trabalho respectivamente do estado i momento t. EDit* é uma medida de eficiência equivalente do capital humano no estado i, no momento t, representado pelo número médio de anos de educação da força de trabalho, e n é o número de estados. Y ,K 10 L Aluno: José Antônio Gonçalves dos Santos 5/9/2005 5 Tópicos Especiais em Economia Aplicada - Crescimento Econômico 5/9/2005 Hipóteses Básicas ii. Há diferenças nas eficiências técnicas de produção e nas quantidades e nas definições dos fatores entre os estados Insumos e produtos são convertidos em unidades padronizadas, ou eficiência equivalente Para a produção medida, capital físico e trabalho, a conversão dá-se através da multiplicação de fatores de aumento. Para o capital humano medido, a conversão é através da adição de tais fatores de aumento. as funções de produção agregada são as mesmas em todos os lugares do Brasil em termos de unidades de produção e insumos padronizadas ou de eficiência equivalente. 11 5/9/2005 Hipóteses Básicas A função de produção é reescrita como: Yit = Aio (τ ) F ( K it* , L*it , EDit* ), i = 1,..., n, −1 Aio (2.6) Recíproca do fator de aumento de produção os fatores de aumento de commodities para produção, capital físico e trabalho presumivelmente têm a forma exponencial constante em relação ao tempo. O fator de aumento do capital humano teria a forma linear em relação ao tempo. O estudo assume a função Cobb-Douglas lnYit =lnY0 +lnAio* +ak lnKit +aL lnLit +aEEDit +cio*t 12 Aluno: José Antônio Gonçalves dos Santos (2.13) 5/9/2005 6 Tópicos Especiais em Economia Aplicada - Crescimento Econômico 5/9/2005 Hipóteses Básicas A derivada de primeira ordem de (2.13): * lnYit = lnYit −lnYit−1 = cio* io +ak (lnKit −lnKit−1) +aL(lnLit −lnLit−1) +aE (EDit − EDit −1). (2.14) É utilizada, a partir da hipótese que a taxa de progresso técnico é idêntica em todos os estados, isto é: c * io = C * io 13 5/9/2005 3. Os Dados e o modelo estatístico 3.1. Dados Os dados foram todos coletados no IBGE. Dados para capital humano disponíveis apenas para os anos de recenseamento, 1970 e 1980. Estado do Acre é omitido, por causa de dados incompletos 3.1.1. Variáveis 14 Produção real (Y): PIB a custo de fator + taxas de juros, a preços de 1970. (taxa de crescimento 10,66% a.a. Entre os estados as taxas variam entre 4,9% e 17,7%); Capital (K): substituído por quantidades anuais de consumo industrial de energia elétrica em cada estado. Taxa de crescimento extremamente rápida, sendo a média anual mais baixa 10%. Aluno: José Antônio Gonçalves dos Santos 5/9/2005 7 Tópicos Especiais em Economia Aplicada - Crescimento Econômico 5/9/2005 3. Os Dados e o modelo estatístico 3.1.1. Variáveis Trabalho (L): número de pessoas na PEA. Cresceu rapidamente, numa média de 4,7% para o Brasil; Capital humano (ED): número médio de anos de educação formal por pessoa da força de trabalho; Tempo (t): medido cronologicamente . em termos de décadas, onde τ 0 : 1970 e τ 1 : 1980 15 5/9/2005 3. Os Dados e o modelo estatístico 3.2. Modelo estatístico Método dos Mínimos Quadrados: ao introduzir termos de perturbação estocástica, os autores constataram que não havia correlação entre os estados: a variável educação não é afetada pela produção atual. 3.3. Equação de estimativa usada lnYit* − lnYit−1 = c0* + ak (lnKit − lnKit−1) + aL (lnLit − lnLit−1) + aE (EDit −1EDit−1) 16 Aluno: José Antônio Gonçalves dos Santos (2.16) 5/9/2005 8 Tópicos Especiais em Economia Aplicada - Crescimento Econômico 5/9/2005 4. Resultados empíricos 4.1. Testes das hipóteses As hipótese de nenhum efeito educacional e de retornos constantes para medir insumos físicos, capital e trabalho foram rejeitadas a um nível de significância de 10%. 4.2. Estimativas empíricas efeito estimado da educação média: 0,21 e estatisticamente significativo a um nível de 10%. Sem educação média, a taxa estimada de progresso técnico aumenta de 4,3% a.a. para 7,2%; Sem progresso técnico, o efeito estimado da educação aumenta de 21% por ano de educação média adicional para 48%. 17 5/9/2005 4. Resultados empíricos 4.2. Estimativas empíricas A estimativa da elasticidade do rendimento do trabalho é 0,4; A estimativa do rendimento do capital é 0,1, considerado baixo. 9 Boskin e Lau (1990) obtiveram esta estimativa para cinco países industrializados, em torno de 0,2. 4.3. Fontes de crescimento Progresso técnico: a mais importante, respondendo por 40%; Capital humano: responde por 25%. 18 Aluno: José Antônio Gonçalves dos Santos 5/9/2005 9 Tópicos Especiais em Economia Aplicada - Crescimento Econômico 5/9/2005 5. Comparação com outros estudos O efeito estimado da educação média sobre a produção de quase 21% por ano adicional é considerado alto pelos autores, quando comparado com resultados de outros estudos. Explicação:efeito transitório. Na década de 70 ocorreu um efeito limiar (período de educação média entre 3 e 4 anos). Para períodos mais longos: o efeito seria bem menor. 19 5/9/2005 6. Conclusões Educação média da força de trabalho tem um efeito amplo, positivo e estatisticamente significativo sobre a produção real em cerca de 20%. 20 Aluno: José Antônio Gonçalves dos Santos 5/9/2005 10