Introdução ao séc. XX* (1) • No século XX, a história das relações internacionais revelou quatro tendências principais: 1. Entre 1900 e 2000 assistiu-se a uma era em que o crescimento do comércio e da finança criaram uma economia verdadeiramente global. De outro modo, os avanços nas comunicações e nos transportes reduziram as limites de tempo e espaço. (*) Best, Antony et al. (2008 [2004]). International history of the twentieth century and beyond. New York: Routledge. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 1 Introdução ao séc. XX* (2) Mais: o contacto estreito e independência entre comunidades políticas levou à formação permanente de instituições intergovernamentais e de um número crescente de instituições não-governamentais. 2. O século XX também foi moldado por confrontações e inovações ideológicas: desde o utopia progressista do comunismo até às visões aparentemente nostálgicas do islão político. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 2 Introdução ao séc. XX* (3) 3. Outra tendência relevante foi a da perda da supremacia da Europa no século XX, que era a potência hegemónica no início da centúria. A Europa foi postergada pelos Estados Unidos e a União Soviética depois da 2ª Guerra Mundial. No mundo bipolar que se seguiu às duas Guerras Mundiais, assistiu-se a uma luta titânica entre duas grandes potências (E.U.A. e Rússia) em que cada uma dispunha de potencial bélico suficiente para acabar com a vida humana. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 3 Introdução ao séc. XX* (4) Por outro lado, em África e na Ásia haverá uma proliferação de novos estados, que adquiriram soberania com a desintegração dos impérios coloniais europeus. 4. O século XX testemunhou igualmente uma tendência muito frequente para os estados se envolverem em conflitos providos pela ideologia, nacionalismo, progressos tecnológicos e da administração institucional. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 4 Introdução ao séc. XX* (5) Nenhum século anterior poderá reclamar uma cifra maior de mortes violentas que o vigésimo. Nesta época ,as vidas foram dissipadas na guerra mas também em actos bárbaros de violência estatal organizada. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 5 Introdução ao séc. XX* (6) • Normalmente situa-se o começo efectivo do século XX não em 1900, mas em 1914, quando despoleta a Primeira Guerra Mundial que destrói o Concerto da Europa (sistema de regulação dos negócios estrangeiros pelas grandes potências no século XIX). • O século (nos seus temas principais) também não terá acabado no ano 2000, mas em 1991, com a resolução da Guerra Fria. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 6 A bomba nuclear: Hiroxima e Nagasáqui, 1945 Fonte: britannica 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 7 A Queda do Liberalismo**(1) • Segundo Hobsbawm, de todos os factos que marcaram a Era da Catástrofe, o que mais marcou os sobreviventes do século XIX foi a derrocada dos valores e instituições da civilização liberal cujo progresso o seu século tomara como certo. • Esses valores escoravam-se numa desconfiança da ditadura e do governo absoluto e a anuência a um governo constitucional com os respectivos executivos e assembleias representativas livremente eleitos. (**) Hobsbawm, Eric (1996). A Era dos Extremos. Breve história do século XX: 19141991. Lisboa: Editorial Presença. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 8 A Queda do Liberalismo**(2) • Tais instituições salvaguardavam a lei e um conjunto de direitos e liberdades dos cidadãos (liberdade de expressão, publicação e reunião). • «O Estado e a sociedade deviam ser enformados pelos valores da razão, do debate público, da educação, da ciência e da capacidade de melhoria (embora não necessariamente da perfeição) da condição humana.» [Hobsbawm] 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 9 A Queda do Liberalismo**(3) • Parecia um dado assegurado que tais progressos iriam campear durante todo o século. Os últimos países autocráticos da Europa, a Rússia e a Turquia já haviam feito concessões no sentido de um governo constitucional. • As instituições da democracia liberal tinham progredido politicamente e a eclosão da Primeira Guerra Mundial, aparentemente acelerou o processo. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 10 A Queda do Liberalismo**(4) • Com excepção da Rússia soviética, todos os Regimes que assomaram da Primeira Guerra Mundial, novos e velhos, eram essencialmente regimes parlamentares representativos eleitos (até a Turquia). • No mundo, a tendência liberal replicava-se, ainda que, nessa época, dos cerca de 65 estados independentes, um terço da população mundial vivesse sob domínio colonial. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 11 A Queda do Liberalismo**(5) • Todavia, os 20 anos entre a dita Marcha sobre Roma de Mussolini e o auge do sucesso das potências do Eixo na Segunda Guerra Mundial [2ª GM] testemunharam o célere eclipsar das instituições políticas liberais. • Entre 1918-20, assembleias legislativas foram dissolvidas ou tornaram-se estéreis em dois Estados Europeus, nos anos 20 em seis, nos anos 30 em nove, ao passo que a ocupação alemã derrubava o poder institucional em outros cinco durante a 2ª GM. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 12 A Queda do Liberalismo**(6) • Os únicos países europeus cujas instituições democráticas funcionaram sem percalços de maior foram a Grã-Bretanha, a Finlândia (minimamente), o Estado livre Irlandês, a Suécia e a Suíça. • No Japão, a um regime liberal moderado, sucedeu um nacionalista-militarista em 1930-31. A Turquia assistiu a emergência do regime do «modernizador militar progressista Kemal Ataturk» no começo dos anos 20. [Hobsbawm]. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 13 A Queda do Liberalismo**(7) • O Canadá, os E.U.A., a Austrália e Nova Zelândia eram países consistentemente democráticos nesta altura. • Até 1945 e ao irromper da Guerra Fria, a ameaça às instituições liberais vinha exclusivamente da direita política, de acordo com Hobsbawm, historiador marxista. • A Rússia soviética (a partir de 1922 U.R.S.S.) estava isolada e depois da ascensão de Estaline não queria nem estava habilitada a propagar o comunismo. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 14 A Queda do Liberalismo**(8) • Depois da 1ª GM, os movimentos sociais-democratas (marxistas) serviram mais de forças sustentadoras do Estado que forças sediciosas e não se duvidava do seu compromisso com a democracia, diz este historiador britânico. • Contudo, o medo da revolução social e do papel dos comunistas na sua prossecução era bastante realista «como provou a segunda onda de revolução durante e após a Segunda Guerra Mundial.» [Hobsbawm] 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 15 A Queda do Liberalismo**(9) • Porém, nos vinte anos de depauperação do liberalismo este regime não foi fortemente abalado pela esquerda na Europa Ocidental. • O perigo vinha essencialmente da direita extremista, que ameaçava ideologicamente a civilização liberal. Contudo, nem todos os movimentos que eliminavam os regimes liberais eram fascistas. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 16 A Queda do Liberalismo**(10) • O fascismo na sua forma original italiana e posteriormente na variante nacional-socialista alemã inspirou outras forças anti-liberais, apoiou-as e granjeou à direita um «sentimento de confiança histórica. Nos anos 30 parecia a onda do futuro» [Hobsbawm] • As forças que derrubavam os regimes liberaisdemocráticos pugnavam contra a revolução social e uma subversão contra a velha ordem social prevalecente em 1917-20 estava no seu âmago. Todos estes movimentos eram autoritários e hostis às instituições políticas liberais. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 17 A Queda do Liberalismo**(11) • O estado da sociedade parecia beneficiar os militares e promover a polícia, ou outros grupos de homens que pudessem intimidar a rebelião social. Estes grupos foram muitas vezes o sustentáculo para a direita extremista chegar ao poder. • Todos estes movimentos se reviam no nacionalismo: 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 18 A Queda do Liberalismo**(12) • «em parte por causa do ressentimento contra Estados estrangeiros, guerras perdidas ou impérios insuficientes e em parte porque agitar bandeiras nacionais era um caminho tanto para a legitimidade como para a popularidade.» [Hobsbawm] • Regimes Autoritários : almirante Horthy (Hungria); marechal Mannerheim (Finlândia); marechal Pilsudski (Polónia); o rei Alexandre (Jugoslávia); Francisco Franco (Espanha). 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 19 A Queda do Liberalismo**(13) • Estes não tinham qualquer programa ideológico particular, «para além do anticomunismo e dos preconceitos tradicionais da sua classe.» [Hobsbawm] • Um segundo tipo de direita é a dos regimes conservadores, que não advogavam tanto a ordem tradicional, quanto recriavam os seus princípios como forma de resistir ao individualismo liberal e à ameaça do trabalhismo e socialismo. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 20 A Queda do Liberalismo**(14) • Demonstravam uma certa nostalgia de uma Idade Média e de uma sociedade feudal idealizadas. • A existência de classes e grupos económicos e a perspectiva de uma luta de classes era uma carga alijada pela aceitação voluntária de uma hierarquia social, pela assunção de que cada classe tinha o seu papel a desempenhar numa sociedade orgânica que integra todos. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 21 A Queda do Liberalismo**(15) • Esta concepção da sociedade estabeleceu vários tipos de teorias corporativistas, «que substituíam a democracia liberal pela representação de grupos de interesse económico e ocupacional.» [Hobsbawm] • Esta corrente estava conexa a regimes autoritários e a Estados fortes governados de cima, eminentemente por burocratas e tecnocratas. Tal regime cerceava ou abolia a democracia eleitoral. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 22 A Queda do Liberalismo**(16) • Estes Estados corporativos prevaleciam em alguns países católicos: • Em Portugal (Salazar, foi o mais longevo dos chefes de Estado de regimes anti-liberais da direita na Europa 1927-74), mas também a Áustria desde o fim da democracia até ao Anschluss (anexação) de Hitler (1934-38) e em, certa medida, na Espanha de Franco. • Nos países católicos, os fascistas podiam emergir do catolicismo integrista (fundamentalismo católico). 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 23 A Queda do Liberalismo**(17) • O que, segundo Hobsbawm, ligava a Igreja a regimes autocráticos e fascistas era um ódio comum ao Iluminismo do século XVIII, à Revolução Francesa e por tudo que dela derivava: democracia, liberalismo e o comunismo ateu. • Por outro lado, o antifascismo, ou a resistência patriótica ao invasor estrangeiro «dava pela primeira vez legitimidade ao catolicismo democrático (democracia cristã) dentro da Igreja.» 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 24 A Queda do Liberalismo**(18) • Em 1891, através da encíclica rerum novarum, já havia formulado uma política social onde vincava a necessidade de dar aos trabalhadores aquilo que lhes é de direito, mantendo simultaneamente o «carácter sagrado da família e da propriedade privada.» • Em Espanha, o grupo de católicos que apoiou a República foi reduzido, o seu apoio privilegiou sobretudo Franco. «No período em que o liberalismo caiu, a Igreja, com raras excepções, rejubilou-se com a sua queda.» [Hobsbawm] 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 25 A Queda do Liberalismo**(19) • O triunfo da democracia cristã na Europa e, posteriormente, em algumas partes da América Latina, pertence a um momento ulterior. • O primeiro movimento fascista foi o de Benito Mussolini. Contudo, sem o triunfo de Hitler em 1933, o fascismo não se teria tornado um movimento universal. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 26 A Queda do Liberalismo**(20) • Estes movimentos, teoricamente pouco elaborados, estavam «dedicados às insuficiências da razão e do racionalismo e à superioridade do instinto e da vontade.» [Hobsbawm] • Esta corrente não é monolítica. O racismo está ausente do fascismo italiano até 1938 e o Estado corporativista não foi adoptado pela Alemanha Nazi. • O fascismo, porém compartilha nacionalismo, anticomunismo, antiliberalismo e uma preferência pela violência de rua como política com o nacional-socialismo. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 27 A Queda do Liberalismo**(21) • O fascismo diferenciava-se da direita reaccionária já que ele vibrava com a mobilização das massas e como os comunistas «mantinha-as simbolicamente sob a forma de teatro público.» [Hobsbawm] • Os fascistas apelavam às vitimas da sociedade e chegavam mesmo a adoptar símbolos e nomes de revolucionários sociais (Hitler institui o 1º de Maio comunista como feriado em 1933). 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 28 A Queda do Liberalismo**(22) • Os fascistas, embora usassem a retórica do retorno ao passado tradicional, não eram tradicionalistas (não apelavam à Igreja e ao Rei), ainda que defendessem valores tradicionais: era combatida a emancipação da mulher e a cultura moderna. • O passado que relevam é uma invenção e as suas tradições eram fabricadas. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 29 A Queda do Liberalismo**(23) • O nazismo recorria a um ramo da genética, o eugenismo para tentar criar uma super-raça humana através da reprodução selectiva e da eliminação dos alógenos (i.e. aqueles que são de raça, língua, religião ou nacionalidade diferentes.) • Antecipando o séc. XX, o fim do século XIX viu a «xenofobia em massa», da qual o racismo se vulgarizou: «a protecção do indígena contra a contaminação «pelas hordas invasoras sub-humanas [e.g. as migrações em massa de polacos ou emigrantes nos E.U.A.]» [Hobsbawm]. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 30 A Queda do Liberalismo**(24) • O substrato desses movimentos era o ressentimento desses sectores da sociedade que se sentiam asfixiados pelo capitalismo infrene das grandes empresas e o recrudescimento dos movimentos trabalhistas. • Estes sectores encontraram nos judeus, que estavam presentes em quase toda a Europa, os bodes expiatórios para o que de mais injusto e odioso havia no mundo. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 31 A Queda do Liberalismo**(24) • O «seu compromisso com as ideias do Iluminismo e da Revolução Francesa que os tinham emancipado» [Hobsbawm] podiam fazer deles símbolos «do odiado capitalista/financeiro; do agitador revolucionário; da corrosiva influência dos intelectuais sem raízes. • Igualmente lhes censuravam a competição que lhes conferia um quinhão desproporcionado dos empregos em certas profissões. Acrescendo ainda a isto a visão passadista de certos cristãos de que os judeus haviam matado Jesus. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 32 A Queda do Liberalismo**(25) • Na Europa de Leste, no século XIX, momentos de explosão social levaram aos pogroms, que os reaccionários do império do czar estimulavam, principalmente depois do assassínio do czar Alexandre II em 1881 por revolucionários sociais. • Era um anti-semitismo de base rural e provincial que assolava os antigos territórios dos Romanov (Rússia) e dos Habsburgos (Áustria e Hungria). 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 33 A Queda do Liberalismo**(26) • Os novos movimentos de direita radical que instigam sentimentos antigos de intolerância ecoavam sobretudo nos grupos inferiores e médios das sociedades europeias. • Em países como os E.U.A., a Grã-Bretanha e a França, a tradição revolucionária inibiu a emergência de movimentos fascistas de massa relevantes. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 34 A Queda do Liberalismo**(27) • Na Alemanha, o duplo golpe da inflação, que tornou a moeda insignificante, e a posterior Grande Depressão, levou a que uma parte da classe média apoiasse estes novos partidos. • A ascensão da direita radical após a 1ªGM foi uma resposta ao perigo da revolução social e do jugo operário em geral, à Revolução de Outubro, designadamente ao leninismo. «Sem estes não teria havido fascismo.» [Hobsbawm] 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 35 A Queda do Liberalismo**(28) • O soldado da linha da frente (frontsoldat) da 1ª GM iria desempenhar um papel muito relevante na mitologia dos movimentos da direita extremista (o próprio Hitler era um deles) e prover de efectivos os primeiros esquadrões violentos de ultranacionalistas. • «Esses Rambos da época eram recrutas naturais da direita radical.» [Hobsbawm] • Por outro lado, havia um ressentimento pelos tratados de paz de 1918-20, para muitos lesivos para a Alemanha (derrotada da guerra) e para a Itália (vencedora da guerra). 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 36 A Queda do Liberalismo**(29) • Por outro lado, o que ofereceu uma oportunidade para o fascismo crescer foi o colapso dos velhos regimes e com eles das velhas classes dominantes e da sua máquina de poder. • Em países em que o regime liberal manteve a sua sanidade (e.g. Grã-Bretanha), não houve precisão do fascismo. • Com todo o tumulto social que se abateu sob a Europa «as elites governantes desamparadas se sentiam tentadas a recorrer aos ultra-radicais.» [Hobsbawm] 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 37 A Queda do Liberalismo**(30) • Tal como fizeram os liberais italianos com os fascistas de Mussolini em 1920-22 e os conservadores alemães com os nacionais-socialistas de Hitler em 1932-33. • Porém, em nenhum dos dois Estados o fascismo alcançou o poder de forma constitucional. Uma vez no poder, o fascismo «tomava posse completamente onde podia» [Hobsbawm]. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 38 A Queda do Liberalismo**(31) • A transferência total de poder ou a eliminação dos seus contendores, afastou os escolhos políticos internos e abriu o caminho para uma ditadura de um supremo líder populista (Duce, Fuhrer). • O nazismo teve mérito de debelar os efeitos da Grande Depressão mais eficazmente do que qualquer outro governo. O nazismo, ao contrário do fascismo italiano, conseguiu uma evidente dinamização do seu sistema industrial. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 39 A Queda do Liberalismo**(31) • Embora não tivesse a eficiência no planeamento técnico-científico arrojado a longo prazo como tinham as democracias ocidentais. • O nazismo serviu de reacção às convulsões da Grande Depressão e à inércia dos governos da República de Weimar em os enfrentar. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 40 A Queda do Liberalismo**(32) • O fascismo italiano, ao produzir um governo mais centralizado e robusto «continuou o processo de unificação italiana do século XIX», «sendo o único regime a suprimir a Máfia siciliana e a Camorra napolitana.» [Hobsbawm]. • Contudo, o fascismo italiano tem no seu pioneirismo, mais do que nas suas realizações, o seu significado histórico. Mussolini influenciou Hitler. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 41 A marcha sobre Roma Fonte: wikipédia 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 42 O comunismo e a União Soviética*** (1) • Enquanto as democracias liberais foram sendo postas na defensiva no período entre guerras, aparecem outras forças com o vigor da novidade, «já que a experiência não lhes revelou ainda as insuficiências ou os defeitos.» [Rémond] • A Revolução de Outubro de 1917 marca o início de uma corrente histórica cujas consequências ainda são visíveis nos dias de hoje. • Segundo Rémond, a revolução soviética é análoga à francesa. (***) Rémond, René (1994). Introdução à História do Nosso Tempo: do Antigo Regime aos Nossos Dias. Lisboa: Gradiva. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 43 O comunismo e a União Soviética*** (2) • Ambas as revoluções modificaram os respectivos países, transformando as suas estruturas e fundaram uma nova ordem política e social. • As duas revoluções, Russa e Francesa, superaram o estrito âmbito nacional, acrescentando a um significado nacional uma dimensão internacional. • Tal como a Revolução Francesa a partir de 1792, também a revolução soviética foi votada ao ostracismo pela Europa civilizada. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 44 O comunismo e a União Soviética*** (3) • Contudo, também como a Revolução Francesa que havia granjeado manifestações de apreço em todos os países da Europa, a revolução divide os países estrangeiros: Exerce uma influência duradoura em importantes partes das suas populações e nelas recruta adeptos. • A Revolução de 1917, anunciava-se já havia muito tempo: 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 45 O comunismo e a União Soviética*** (4) A instabilidade era grande, o regime havia sido atingido por muitas «forças de desagregação, oposições políticas, forças sociais, partidos socialistas minorias alógenas resistindo à política de russificação.» [Rémond] • As reformas levadas a cabo pelo czar tinham sido contra-producentes. Os reveses militares da guerra russo-japonesa, em 1904-1905, tinham debilitado o regime. Uma primeira revolução (1905) havia terminado subitamente sem lograr renovar o império. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 46 O comunismo e a União Soviética*** (5) • Depois de 1914, a continuação da guerra cedo reactivou o mal-estar e a desafeição ao regime: Os desaires, as provações infligidas ao povo russo, superiores às suportadas por outros países, contribuíram para o período turbulento que termina com a abdicação do czar, em Março de 1917. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 47 O comunismo e a União Soviética*** (6) • Estabelece-se, então, «uma república de facto, um governo provisório da burguesia liberal constitucional. Mas este regime será apenas de transição: não possui autoridade, carece de apoios, não tem pessoal habilitado para enfrentar uma situação excepcional» [Rémond] • O governo pretende manter os seus compromissos com a guerra (1ªGM), mas o povo anseia a paz: o povo esperava que à queda do czar se seguisse o adeus às armas. O poder muda sucessivamente de mãos: dos liberais para os democratas e destes para os socialistas. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 48 O comunismo e a União Soviética*** (7) • Os bolcheviques (facção dissidente do Partido Operário Social-Democrata Russo que defende a ditadura do proletariado) mantêm uma oposição irredutível e escoram-se num poder de facto: os sovietes (conselho de operários) • Os bolcheviques, em Outubro, despoletaram uma terceira revolução, a decisiva, e tomaram pacificamente o poder. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 49 O comunismo e a União Soviética*** (7) • Distinguem-se 3 fases da revolução soviética: 1. A do comunismo de guerra, vai da revolução de Outubro a 1921; 2. A da NEP (Nova Política Económica) decorre entre 1922 e 1927-28. 3. A fase dominada pela personalidade de José Estaline e pela edificação do socialismo num só país, finda em 1939. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 50 O comunismo e a União Soviética*** (8) • A fase do comunismo de guerra é dominada pela guerra interna e externa. • Em 1918, pelo Tratado de Brest-Litowsk, o Conselho dos Comissários do Povo decide fazer a paz com os Alemães a despeito da alta factura a pagar. • Em casa sobrevém a guerra civil que antagoniza exército vermelho (bolcheviques, com programa revolucionário e defendendo a luta clandestina) e exército branco (mencheviques: defendiam a actuação dentro da legalidade participando em eleições para órgãos representativos). 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 51 O comunismo e a União Soviética*** (9) • A guerra civil é simultaneamente uma guerra estrangeira: as nacionalidades alógenas aproveitam a oportunidade para se libertarem da tutela de Moscovo; os exércitos brancos têm o apoio das Grandes Potências: Grã-Bretanha, França e Japão. • Trotsky organiza o exército vermelho para repelir o inimigo externo e eliminar o interno. Estabelece-se um regime de direcção autoritária que inflige uma coacção económica: 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 52 O comunismo e a União Soviética*** (10) «requisitam-se produtos nos campos, destacamentos de operários armados vão para os campos e apoderam-se das colheitas que os camponeses recusam entregar.» [Rémond] – é a ditadura do proletariado. • Em 1921, os exércitos brancos estão exangues e a guerra está quase ganha, os aliados desistem da luta e a União Soviética impõe aos vizinhos o seu reconhecimento e a delimitação das fronteiras. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 53 O comunismo e a União Soviética*** (11) • A NEP inicia um momento de apaziguamento e liberalização em tudo diverso do anterior. A fome havia causado milhões de vítimas durante a guerras internas e externas. Era imperioso fazer uma pausa na revolução. • Por outro lado, a produção era quase nula. A economia estava desarticulada e a coacção era incapaz de a reactivar. É hora de liberalizar: é preciso estimular a iniciativa e reavivar a confiança. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 54 O comunismo e a União Soviética*** (12) • Julgava-se que a Rússia ainda não estava pronta para criar uma sociedade sem classes no imediato. • Regressa-se à liberdade económica fazendo coexistir dois sectores: um do Estado e outro privado (o comércio interno, o artesanato). Recorre-se também aos capitalistas e técnicos estrangeiros. • Os efeitos da liberalização são notórios: a produção recupera o desemprego diminui. A condição camponesa melhora. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 55 O comunismo e a União Soviética*** (13) • Sobre as cinzas da sociedade pretérita edifica-se uma classe nova. Uma burguesia de comerciantes, de artesãos, de proprietários: os NEPmen (homens da NEP). • Os kulaks, grandes ou médios proprietários abonados, são quem mais beneficia com a destruição da antiga ordem social. • Lenine morre em 1924 e trava-se uma competição pela sua sucessão. Perfilam-se dois candidatos: Trotsky e Estaline. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 56 O comunismo e a União Soviética*** (13) • Trotsky dos dois era o mais reputado, era um símbolo da revolução, parecia destinado a ser o sucessor de Lenine. Conhecia o estrangeiro e era o criador do exército vermelho, o cérebro por detrás da vitória. • «A seu lado Estaline fazia fraca figura. Nunca saíra da Rússia senão para breves viagens, só sabia russo, tinha subido no interior do partido. Mas tinha a seu favor o controle do aparelho, trunfo capital.» [Rémond] 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 57 O comunismo e a União Soviética*** (14) • Trotsky, mais voltado para o exterior, almejava a revolução permanente e universal. Defende que a presente situação apresentava uma oportunidade que os comunistas deviam explorar de imediato para exportarem a revolução ao mundo inteiro. • Na Europa, sobretudo na Alemanha e na China, parecia-lhe que a situação estava madura e passível de aproveitamento político. O comunismo cingido à Rússia estaria «condenado ao estrangulamento.» [Rémond] 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 58 O comunismo e a União Soviética*** (15) • Estaline é o oposto: calculista, realista, prudente. Prefere realizar gradualmente a construção do comunismo, consolidando-o na Rússia, para depois, quando a situação o aconselhar, exportar a doutrina. • Em 1927, Trotsky fica isolado e é derrotado, sendo levado ao exílio dois anos mais tarde. Trotsky é ainda um escolho para Estaline até ao dia em que este último o manda assassinar no México em 1940. • De 1927-28 até à sua morte em 1953, Estaline assume o poder absoluto na União Soviética. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 59 O comunismo e a União Soviética*** (16) • A terceira fase da revolução vai de 1928 a 1939: do derrube de Trotsky ao Pacto Germano-Soviético. No que concerne às estruturas económicas e sociais, caracteriza-se pelo estabelecimento do socialismo. • Politicamente, neste período, há lugar à «instauração de um poder de Estado concentrado, praticamente absoluto, totalitário» [Rémond] • A construção do socialismo (aplicar uma doutrina e tornar a União Soviética uma grande potência) pela colectivização dos campos e pelos planos quinquenais. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 60 O comunismo e a União Soviética*** (17) • Os três planos quinquenais têm um desiderato comum: dotar a Rússia de uma poderosa indústria pesada. Consubstanciam a opção pela indústria pesada de equipamento a despeito da indústria ligeira de consumo. • Pretende-se garantir a segurança e a independência da União Soviética. • Esta planificação é inteiramente original. Ainda nenhum país havia feito a experiência de uma direcção autoritária da economia, nem a definição de objectivos a médio prazo. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 61 O comunismo e a União Soviética*** (18) • «A mística do plano exalta o domínio do homem sobre a Natureza, sobre a matéria, sobre a energia», as potencialidades do homem soviético. • Por outro lado, assiste-se à colectivização dos campos. Em 1929-30, Estaline desencadeia um operação de deskulakização. Aos kulaks são-lhes confiscadas as propriedades e são sujeitos ao trabalho assalariado ou colectivo. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 62 O comunismo e a União Soviética*** (19) • Em toda a Rússia, os camponeses são instados a integrar a colectividade kolkhoziana (kholkoz: cooperativa agrícola de produção). As sovkhozes (herdades do estado) são criadas mas constituem uma excepção. • A operação levada a cabo com grande violência leva a que muitos camponeses prefiram abater o seu gado a entregá-lo á colectividade. Consequentemente, os rendimentos provenientes do trabalho da terra diminuem num momento inicial. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 63 O comunismo e a União Soviética*** (20) • A colectivização triunfa, é o fim da NEP. • No que é atinente à defesa, o regime de Estaline, para assegurar a segurança da União Soviética, amplia o exército vermelho. • «Prezam-se de novo os valores militares e patrióticos (…) o patriotismo é reabilitado (…) a disciplina é restabelecida, reaparecem as hierarquias militares (…) e os valores familiares» [Rémond], ainda que de forma condicional. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 64 O comunismo e a União Soviética*** (21) • Estaline, senhor absoluto da União Soviética, não detém qualquer cargo no aparelho de Estado, tendo somente a função de secretário-geral do partido. Só com a guerra tomará a seu cargo funções governamentais. • Porém, ele é plenipotenciário porque o Estado é dominado pelo partido. Na União Soviética, o Estado é dominado pelo proletariado de quem o Partido Comunista é a vanguarda. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 65 O comunismo e a União Soviética*** (22) • O Estado não é, em princípio, unitário, mas sim federativo, a sua denominação é disso indicativa: União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. • Considera-se que a União federa repúblicas que beneficiam do direito de optarem pela secessão da União se tal decidirem. Cada república tem o seu governo, a sua personalidade e autonomia a nível cultural e linguístico. • Com isto se pretendia solucionar o problema das nacionalidades. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 66 O comunismo e a União Soviética*** (23) • Sobreposta a estas repúblicas munidas de instituições próprias, a União prevalece com as suas instituições comuns. • O Soviete Supremo associa as duas câmaras (o Conselho da União, onde a população da U.R.S.S. está representada respeitando a proporcionalidade demográfica) e o Conselho das Nacionalidades, onde as nacionalidades estão representadas em igualdade. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 67 O comunismo e a União Soviética*** (24) • «Esta aparência de federação é equilibrada pelo peso dominante da República da Rússia, que detém a maioria nas instâncias federativas.» • «Sobretudo o Partido Comunista conserva uma coesão extremamente rígida. A sua hierarquia paralela assegura um controle que previne qualquer veleidade de sucessão.» [Rémond] 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 68 O comunismo e a União Soviética*** (25) • Prevalece uma democracia e uma descentralização de fachada. É o partido o detentor do poder. • Ele é pouco numeroso, disciplinado, constituído por uma elite, à qual se acede por recomendação e que frequentemente é alvo de depurações «destinadas a conservar-lhe o dinamismo e pureza.» [Rémond] • A partir de 1934, a URSS entra num «período de terror crónico» [Rémond], caracterizado por uma sucessão de processos, por purgas generalizadas e pela implementação de um poder cada vez mais concentrado. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 69 O comunismo e a União Soviética*** (26) • Segundo Rémond, não é a primeira vez que se havia recorrido ao terror policial na União Soviética: o comunismo de guerra tinha-se socorrido dele para esmagar a insurreição contra-revolucionária. • A originalidade reside agora no facto de a guerra civil já não dilacerar o país e a repressão alvejar essencialmente comunistas: 70% dos membros do comité central dos primórdios da revolução vão desaparecer. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 70 O comunismo e a União Soviética*** (27) • «O terror toma a forma de purgas repetidas que depuram o partido, a administração, o exército, e que liquidam fisicamente os protagonistas.» [Rémond] • Paralelamente, banaliza-se o trabalho forçado e milhões de cidadãos soviéticos são condenados aos campos de trabalho. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 71 O comunismo e a União Soviética*** (28) • Como resultado deste terror estabelece-se, em benefício de Estaline, um poder altamente concentrado «o mais temível de toda a história russa e um dos regimes mais despóticos da história da humanidade.» [Rémond] • A ideologia comunista é internacionalista, a sua acção exerceu-se em duas direcções: nas sociedades industrializadas e, por outro lado, nos países subdesenvolvidos e nas sociedades coloniais. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 72 O comunismo e a União Soviética*** (29) • Nas sociedades industrializadas, o comunismo acende o rastilho da luta de classes do proletariado contra a burguesia capitalista. • No sentido de subverter a ordem social e tomar posse do Estado dominado pelos ricos e destruir «o simulacro de democracia parlamentar» [Rémond]. • Para os comunistas, a colonização representava uma das formas de exploração do homem pelo homem, sendo o imperialismo para Lenine o estádio supremo do capitalismo. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 73 O comunismo e a União Soviética*** (30) • Aos líderes nacionalistas (e.g. na China existe uma aliança entre o partido nacionalista e a União Soviética até 1927, antes de Mao, portanto), aos defensores de movimentos de emancipação, a União Soviética suscita um sentimento de emulação. • Não tanto pela sua revolução política como por ter sido o primeiro país a libertar-se do domínio dos capitais estrangeiros. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 74 A Revolução Russa de 1917, o exército branco: «defendam Petrogrado até ao fim!» Fonte: spencer.lib.ku.edu/.../ColorImages/J14.jpg 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 75 A Era da Guerra Total** (1) • A humanidade sobreviveu aos grandes abalos provocados pelas duas GMs, porém os alicerces da civilização europeia foram fortemente abalados por estes conflitos. • Até 1914, não tinha havido guerras mundiais. Desde 1815, nenhuma grande potência tinha combatido outra fora da sua região imediata, embora houvesse escaramuças de impérios ou putativos impérios contra inimigos mais fracos no ultramar. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 76 A Era da Guerra Total** (2) • Tudo isto se alterou em 1914. A 1ª GM envolveu todas as grandes potências, bem como todos os Estados Europeus, com excepção da Espanha, dos Países Baixos, da Escandinávia e da Suíça. • Tropas extra-europeias (e.g. americanos, indianos, africanos, chineses) foram, pela primeira vez, remetidas para lutar e operar fora das próprias regiões. • A guerra naval foi global na 1ª GM. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 77 A Era da Guerra Total** (3) • A 2ª GM envolveu quase todos os países do mundo, exceptuando a Irlanda, a Suécia, a Suíça, Portugal, Turquia e Espanha e, fora da Europa, eventualmente o Afeganistão. A América Latina teve uma participação essencialmente nominal. • «Em suma. 1914 inaugura a era do massacre.» [Hobsbawm] • A 1ª GM começou sendo eminentemente europeia: opôs a tripla aliança da França, Grã-Bretanha e Rússia às Potências Centrais, i.e. Alemanha e Áustria-Hungria. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 78 Alianças militares em 1914 Fonte: upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/... 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 79 A Era da Guerra Total** (4) • A Sérvia e a Bélgica, ao serem alvo do ataque austríaco e depois alemão, são chamadas a entrar na guerra. A Turquia e a Bulgária juntam-se às Potências Centrais. A Tripla Aliança é também engrossada pela Itália, Grécia, Roménia e Portugal. • O Japão também entrou para tomar posições alemãs no Extremo-Oriente e no Pacífico Ocidental, mas não extrapolou o seu âmbito regional. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 80 A Era da Guerra Total** (5) • O plano alemão era liquidar celeremente a França a Ocidente, para posteriormente esmagar a Rússia a Oriente, numa campanha relâmpago evitando a mobilização atempada do numeroso exército russo do czar. O plano quase que era bem sucedido. • A Frente Ocidental tornou-se uma «máquina de massacre sem precedentes na história da guerra» [Hobsbawm]. A batalha de Verdun, em 1916, tragou 1 milhão de vidas. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 81 A Era da Guerra Total** (6) • Os franceses perderam quase 20% dos seus homens em idade militar; os alemães 13%; os britânicos perderam uma geração, meio milhão de homens com menos de 30 anos. • Os Americanos perderam 116.000 soldados, contra 1.6 Milhões de soldados franceses, quase 800.000 ingleses e 1,8 milhões de alemães. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 82 A Era da Guerra Total** (7) • O facto de os eleitores de países democráticos europeus não tolerarem uma repetição do massacre da 1ª GM ajudou os alemães a ganharem a 2ª GM até 1940. • A própria bomba atómica sobre Hiroxima e Nagasáqui, em 1945, justificou-se não pela sua inevitabilidade para ganhar a guerra, mas sim pela necessidade de impedir mais mortes de soldados americanos. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 83 A Era da Guerra Total** (8) • Ambos os campos se procuram suplantar recorrendo à tecnologia. Os alemães trouxeram o gás venenoso, «bárbaro e ineficaz» [Hobsbawm] para o campo de batalha. O seu uso para fins bélicos foi interditado pelos governos através da Conferência de Genebra de 1925. • Os britânicos foram os primeiros a usar (ainda que de forma titubeante) os tanques. Ambos os lados, ensaiaram o uso dos novos ainda frágeis aeroplanos. A guerra aérea amadureceu na 2ª GM onde servia o propósito de aterrorizar civis. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 84 A Era da Guerra Total** (9) • O submarino foi a única arma tecnológica relevante na guerra de 1914-18. Os alemães utilizaram-nos para alvejar os navios britânicos que eram o meio utilizado para abastecer as Ilhas Britânicas. • Durante a 1ª GM e a 2ª GM, a Alemanha estava mais bem apetrechada militarmente do que qualquer dos outros contendores e só foi derrotada pela entrada dos E.U.A. na guerra, em 1917. Este país dispunha de recursos quase ilimitados. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 85 A Era da Guerra Total** (10) • A Alemanha a Leste assegurou a vitória incondicional sobre a Rússia exarada no tratado de Brest-Litowsk (Março de 1918). • Com a intervenção dos E.U.A. a permanência dos alemães em guerra tornou-se inviável: as Potências Centrais admitiram a derrota e desmoronaram-se. Como consequência nenhum dos velhos governos ficou de pé no Sudeste e Centro da Europa. • O que originou a guerra? E porque foi ela travada como um tudo ou nada? 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 86 A Era da Guerra Total** (11) • Esta guerra ao contrário das anteriores, que correspondiam a objectos específicos e limitados, travava-se por metas ilimitadas. Na época de Impérios, que precedeu o deflagrar da 1ª GM, política e economia tinham-se concatenado. • Posteriormente, na 2ª GM, o mesmo objectivo de vitória total, de rendição incondicional animava o esforço de guerra. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 87 A Era da Guerra Total** (13) • A rivalidade política internacional era razão do crescimento e da competição económica entre as Grandes Potências europeias, que não parecia ter limites: «a Alemanha queria uma política e posição marítima globais como as que então ocupava a Grã-Bretanha, o que automaticamente relegaria uma Grã-Bretanha já em declínio para um status inferior.» 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 88 A Era da Guerra Total** (14) • A França pretendia compensar a sua crescente e irrevogável inferioridade demográfica e económica face à Alemanha. Jogava-se o futuro da França como grande potência. • Depois do fim da 1ª GM, a Inglaterra jamais voltou a ter uma economia como a que tinha anteriormente. • Com o fim da 2ª GM, França, Grã-Bretanha e Alemanha Federal são definitivamente relegadas para figurantes no palco das Grandes Potências - onde a U.R.S.S. e os E.U.A. são agora protagonistas. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 89 A Era da Guerra Total** (15) • O desejo de vitória total, de paz punitiva, depois da 1ª GM, «arruinou as escassas possibilidades existentes de restaurar algo que se assemelhasse a uma Europa estável, liberal, burguesa (…)» [Hobsbawm] • O acordo de paz imposto pelas grandes potências que triunfaram na 1ª GM (E.U.A., Grã-Bretanha, França e Itália), o Tratado de Versalhes, era dominado por 5 considerações: 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 90 A Era da Guerra Total** (16) 1. O colapso de diversos regimes europeus e a emergência do regime bolchevique na Rússia, apostado em entabular uma revolução universal. 2. Havia necessidade de vigiar a Alemanha que sozinha quase havia desbaratado toda a coligação aliada. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 91 A Era da Guerra Total** (17) 3. O mapa da Europa deveria ser redesenhado para enfraquecer a Alemanha e «para preencher os grandes espaços vazios deixados na Europa e no Médio Oriente pela derrota e colapso simultâneos dos impérios russo, Habsburgo e otomano.» [Hobsbawm] Na Europa reinava o princípio de reordenar o mapa criando Estados-nação étnico-linguísticos, respondendo à crença do direito à autodeterminação. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 92 A Era da Guerra Total** (18) A tentativa foi desastrosa com repercussões ainda nos anos 90 (a guerra nos Balcãs foi um produto do Tratado de Versalhes). Quanto ao reordenamento do Médio Oriente este correspondeu a reivindicações imperialistas de britânicos e franceses. A Palestina «onde o governo britânico, ansioso por apoio internacional judeu durante a guerra tinha prometido estabelecer um lar nacional para os judeus (…) seria outra relíquia problemática e não esquecida da 1ª GM.» [Hobsbawm] 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 93 A Era da Guerra Total** (19) 4. Os atritos e jogos políticos nas grandes potências vencedoras (E.U.A., França, GrãBretanha) que suscitaram diferendos entre eles; como a recusa do Congresso americano em ratificar o acordo de paz. 5. A porfia das potências vitoriosas em firmar um acordo de paz que tornasse impossível uma outra guerra mundial revelou-se um tremendo fracasso. Vinte anos depois o mundo estava outra vez mergulhado no horror da guerra. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 94 A Era da Guerra Total** (20) • Pretendia-se igualmente isolar a Rússia bolchevique criando um cordon sanitaire de Estados anticomunistas que haviam sido em grande parte ou integralmente ex-terras russas: A Finlândia, três novas pequenas repúblicas bálticas (Estónia, Letónia, e Lituânia), sem precedente histórico; a Polónia novamente devolvida à condição de Estado independente após 120 anos e uma Roménia largamente ampliada. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 95 A Era da Guerra Total** (21) • A Aústria e a Hungria cindiram-se, a Sérvia foi expandida para integrar uma nova e grande Jugoslávia a que foi juntada a Eslovénia (ex-austríaca); e a Croácia (ex-húngara) e o pequeno estado tribal anteriormente independente do Montenegro. • Formou-se uma nova Checoslováquia que com a Jugoslávia eram «meras construções de uma ideologia nacionalista que acreditava na força da etnicidade e na indesejabilidade de Estados-nação pequenos de mais.» [Hobsbawm] 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 96 Divisão da Europa após a 1ª GM Fonte: http://historiablog.files.wordpress.com/2008/10/mapaguerra21.jpg 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 97 A Era da Guerra Total** (22) • Os novos estados nacionais subtraídos à Rússia e ao Império Habsburgo, todavia, não eram menos multinacionais que os precedentes. • Impôs-se à Alemanha uma paz punitiva, considerando que este país era o único responsável pelo deflagrar da guerra. Para enfraquecer este país, retirou-se-lhe a Alsácia e a Lorena, que voltou à França e uma boa porção da região leste que era teutónica foi outorgada à Polónia. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 98 A Era da Guerra Total** (23) • Por outro lado, limitou-se o seu exército a 100 mil homens; privou-se a Alemanha de uma marinha e de uma força aérea eficazes impondo pagamentos de custos de guerra (reparações) virtualmente ilimitadas. Ocupou-se militarmente parte da Alemanha Ocidental (Renânia). • As possessões ultramarinas alemãs foram-lhe retiradas sendo redistribuídas principalmente entre britânicos e franceses. • Com excepção das cláusulas territoriais, já nada sobejava do tratado de Versalhes nos anos 30. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 99 A Era da Guerra Total** (24) • A constituição da Liga das Nações organismo precursor da ONU, que visava resolver problemas que surgissem entre países de forma pacífica e democrática redundou num fracasso, já que os E.U.A., que estiveram na sua origem, se recusaram depois a dela fazerem parte. • Os E.U.A. e a Rússia revolucionária entrariam nesta época num período de isolacionismo. De outra forma, estando duas potências europeias postergadas (a Rússia soviética e a Alemanha), o acordo de Versalhes não se constituiu como base para uma paz estável. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 100 A Era da Guerra Total** (25) • A França receando um vizinho militarmente pujante, necessitava e forcejava por ter a seu lado uma Alemanha anémica. • Em virtude do colapso económico vivido durante a Grande Depressão, e a convulsão social que a acompanhou, na Alemanha e no Japão «forças políticas do militarismo e da extrema-direita subiram ao Poder na Alemanha e no Japão.» [Hobsbawm] 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 101 A Era da Guerra Total** (25) • Estas forças empenharam-se em alterar o status quo decorrente do tratado: o confronto tornou-se uma inevitabilidade. • A Alemanha, o Japão e a Itália (mais tíbia) foram quem iniciou as hostilidades que originaram a 2ª GM. Adolf Hitler foi o grande dínamo da guerra, malgrado os esforços da maioria para a evitar. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 102 A primeira guerra mundial Fonte:http://www.memo.fr/Media/Ypres_masques_gaz.jpg 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 103 A Era da Guerra Total** (26) • Se na Alemanha, que saiu derrotada da guerra, todo o espectro político (de comunistas a nacionaissocialistas) condenou o Tratado de Versalhes como iníquo. Também a Itália e o Japão, que saíram vencedores da 1ª GM, manifestaram insatisfação: «os japoneses com um realismo de certa forma maior que os italianos, cujos apetites imperiais excediam em muitíssimo o poder independente do seu Estado para as satisfazer.» [Hobsbawm] 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 104 A Era da Guerra Total** (27) • A Itália embora tivesse integrado no seu seio territórios dos Alpes, do Adriático e até do mar Egeu; viu indeferida a recompensa que lhe havia sido prometida pelos aliados aquando da sua entrada a seu lado na 1ª GM em 1915. O fascismo soube exponenciar essa insatisfação. • O Japão, nesta época, era a grande potência militar do Extremo-Oriente. A industrialização nipónica progredia rapidamente. Assim, os japoneses procuravam incrementar o seu quinhão no Extremo-Oriente. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 105 A Era da Guerra Total** (28) • O Japão, sendo uma ilha carente de recursos naturais indispensáveis à actividade industrial, estava dependente das importações intermitentes da marinha estrangeira. As suas exportações, por seu turno, estavam à mercê do mercado dos E.U.A. • Havia, assim, a tentação de criar um império territorial na vizinhança, ou seja na China, «que encurtasse as linhas de comunicação japonesas tornando-as assim menos vulneráveis.» [Hobsbawm] 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 106 A Era da Guerra Total** (29) • Assim, foi a agressão destas potências insatisfeitas, unidas por diversos tratados desde meados da década de trinta, que esteve na origem do conflito: «Os marcos milenários na estrada para a guerra foram a invasão da Manchúria pelo Japão em 1931; a invasão da Etiópia pelos italianos em 1935; a intervenção alemã e italiana na Guerra Civil Espanhola em 1936-39(…);» 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 107 A Era da Guerra Total** (30) «(…) a invasão alemã da Áustria no início de 1938; a mutilação posterior da Checoslováquia em Março de 1939 (seguida da ocupação italiana da Albânia); e as exigências alemãs à Polónia que levaram de facto ao início da guerra.» [Hobsbawm] • O Japão se pudesse, decerto teria preferido erigir o seu império asiático oriental evitando o deflagrar de uma guerra mundial. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 108 Período Entre-Guerras: as anexações alemãs (1933-1940) 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 109 A Era da Guerra Total** (31) • A Alemanha, por sua vez, necessitava de uma guerra ofensiva rápida, uma vez que a conjugação dos recursos dos seus adversários seria muito superior aos seus. • O Japão só em 1941 iniciou as hostilidades contra a Grã-Bretanha e os EUA, mas não contra a URSS. Contudo, os recursos americanos eram-lhe largamente superiores. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 110 A Era da Guerra Total** (32) • A 2ª GM, começa em 1939, como um conflito exclusivamente europeu (ocidental). O primeiro acto vê a Alemanha atacar e derrotar a Polónia, que foi rapidamente dividida com a, então, neutral URSS. • Em 1940, a Alemanha subjuga de seguida e sem grande esforço a Noruega, Dinamarca, Países Baixos, Bélgica e França, ocupando os quatro primeiros países e dividindo a França: 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 111 Avanço das forças do eixo 1939-40 Fonte: http://clioemquestao.files.wordpress.com 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 112 A Era da Guerra Total** (33) • «numa zona directamente ocupada pelos franceses e administrada pelos alemães vitoriosos e num estado satélite francês [governado por reaccionários franceses e com capital nas termas provincianas de Vichy]». [Hobsbawm] • Neste momento, só a Grã-Bretanha, sob a égide de Winston Churchill, permaneceu em guerra com os alemães, recusando-se a negociar com Hitler. Paralelamente, a Itália toma o partido dos alemães. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 113 A Era da Guerra Total** (34) • Estava-se num impasse, ainda que a Alemanha não conseguisse invadir a Grã-Bretanha, devido ao impedimento que constituía o mar e a Real Força Aérea, o inverso também era verdadeiro. • No Leste da Europa, a URSS, por acordo com Hitler, ocupou as áreas europeias do império czarista perdidas em 1918 – de acordo com o Tratado Germano-Soviético de 1939. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 114 A Era da Guerra Total** (35) • A difusão da guerra aos Balcãs por iniciativa britânica, levou à conquista de toda a península pelos Alemães, incluindo as ilhas gregas. • O cenário de guerra alastrou-se ainda a África onde a Itália esteve na iminência de ser expulsa do continente pelos britânicos, que conduziam as suas operações a partir da sua base principal no Egipto. A Alemanha socorrer a sua aliada em apuros. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 115 A Era da Guerra Total** (36) • O Africa Korps alemão, chefiado pelo grande general alemão Erwin Rommel, fez perigar toda a posição britânica no Médio Oriente. • Em Junho de 1941, Hitler invade a Rússia, envolvendo, assim, a Alemanha numa guerra em duas frentes. Este passo imponderado justifica-se pelo desejo de Hitler de formar um vasto império oriental, próspero em recursos e trabalho escravo. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 116 A Era da Guerra Total** (37) • Depois de rápidos avanços iniciais que levam os exércitos alemães às imediações de Moscovo. A marcha dos exércitos germânicos foi travada e obrigada a render-se em Estalinegrado (Verão de 1942-Março de 1943). • A partir de 1943, era certo para os contendores que a derrota da Alemanha seria apenas uma questão de tempo. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 117 2ª GM: Frente Russa: 1941-1942 Fonte: wikipédia 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 118 A Era da Guerra Total** (38) • A guerra havia-se tornado global. Primeiro «pelas agitações anti-imperialistas entre os súbditos e dependentes da Grã-Bretanha.» [Hobsbawm] • Depois pela amplidão do poder das potências do Eixo (Japão, Itália, Alemanha) no Sudeste Asiático, que suscitou represálias económicas dos EUA sobre o Japão, cujo comércio e suprimento estava dependente das ligações marítimas. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 119 A Era da Guerra Total** (39) • O ataque japonês a Pearl Harbor tornou a guerra global: «Dentro de poucos meses, os japoneses tinham tomado todo o Sudeste Asiático, continental e insular, ameaçando invadir a Índia a partir da Birmânia a ocidente e o vazio Norte da Austrália a partir da Nova Guiné.» [Hobsbawm] 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 120 2ª GM: Áreas sob domínio japonês Fonte: http://media.maps.com 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 121 A Era da Guerra Total** (40) • A opinião pública americana via no Pacífico, ao contrário da Europa, uma zona de acção normal para os Estados Unidos, o isolacionismo americano pretendia somente se eximir dos assuntos europeus. • Contudo o que constitui para Hobsbawm um enigma é: «por que razão Hitler, já inteiramente esgotado na Rússia declarou gratuitamente guerra aos EUA, dando assim ao governo de Roosevelt a oportunidade de entrar no conflito europeu ao lado da Grã-Bretanha sem enfrentar esmagadora resistência política dentro do seu país?» 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 122 A Era da Guerra Total** (41) • Como havia a percepção entre a Administração americana que o Japão constituía uma ameaça menos séria e candente que a Alemanha, à posição global dos EUA, concentraram-se os recursos consentaneamente. • Hitler, como havia feito com os soviéticos, subestimou a capacidade económica e tecnológica, bem como de acção dos EUA, uma vez que duvidava da idoneidade das democracias liberais. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 123 A Era da Guerra Total** (42) • O Eixo atinge o zénite do seu êxito em meados de 1942 e só em 1943 o sucesso é revertido. Os aliados só reentram na Europa em 1944. Entrementes, o exército aliado utiliza o poder aéreo para rechaçar os nazis. • A Ocidente, a resistência alemã mostrou-se coriácea, mesmo depois do desembarque da Normandia em Junho de 1944. O regime não suscitou nenhuma rebelião por parte do povo alemão e somente os generais alemães conspiraram, pagando com a vida, para derrubar Hitler. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 124 A Era da Guerra Total** (43) • No Extremo Oriente, perante a irredutibilidade nipónica, os EUA foram forçados a lançar as bombas atómicas de Hiroxima e Nagasáqui. «A vitória de 1945 foi total e a rendição incondicional.» [Hobsbawm] • Os estados vencidos foram inteiramente ocupados pelas potências vencedoras. Excepção feita à Itália, que mudou de facção e de regime em 1943 e, portanto, não foi integralmente tratada como território ocupado, mas sim como país derrotado com governo reconhecido. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 125 A Era da Guerra Total** (44) • Nas conferências de 1943 a 1945 as potências aliadas – EUA, Grã-Bretanha e URSS – decidiram a partilha dos despojos da vitória. Foi igualmente estabelecida a ideia das Nações Unidas. • A 2ª GM, segundo Hobsbawm, era, ao contrário da 1ª GM, uma guerra de ideologia: • «era também uma luta de vida ou de morte para a maioria dos países envolvidos. O preço da derrota frente ao regime nacional-socialista alemão (…) era a escravidão e a morte. Daí a guerra ser travada sem limites.» 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 126 A Era da Guerra Total** (45) • As mortes causadas nesta guerra cifram-se em cerca de três a quatro vezes o número estimado para a 1ª GM: 10% a 20% da população da URSS, Polónia e Jugoslávia; e entre 4% a 6% da população da Alemanha, Itália, Áustria, Hungria, Japão e China. • As baixas na Grã-Bretanha e França foram muito inferiores às da 1ª GM, cerca de 1%, embora nos EUA este valor seja ligeiramente superior. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 127 A Era da Guerra Total** (46) • A guerra moderna envolve todos os cidadãos, mobilizando a maioria. O armamento utilizado obriga a uma reorientação de toda a economia para sua fabricação em larguíssima escala. A guerra «produz uma indizível destruição.» [Hobsbawm] • Até ao século XX, as guerras raramente abrangem toda a sociedade. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 128 A Era da Guerra Total** (47) • Porém, a partir de 1914, as guerras são indubitavelmente conflitos de massa. Na 1ª GM, a Grã-Bretanha mobilizou 12,5% dos seus homens para as Forças Armadas, a Alemanha 15,4% e a França quase 17%. • Na 2ª GM, a percentagem de homens mobilizados foi de cerca de 20%. Tal esforço de guerra só pode ser apoiado por «uma economia industrializada de alta produtividade (…) em grande parte nas mãos dos sectores não combatentes da população.» 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 129 A Era da Guerra Total** (48) • «As economias agrárias não podem em geral mobilizar uma proporção tão grande da sua força de trabalho.» [Hobsbawm]. As guerras mundiais levaram a uma revolução no emprego das mulheres fora do lar, temporariamente na 1ª GM e constantemente na 2ªGM. • A guerra reclamava a produção em massa. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 130 A Era da Guerra Total** (49) • A guerra vai ter um efeito benéfico para a tecnologia, já que a guerra não opunha só exércitos, mas também capacidade tecnológica para fornecer aos exércitos armamento eficaz e outros serviços fundamentais. • A bomba atómica surgiu do medo de que a Alemanha pudesse aceder à física nuclear. Outras descobertas para fins primordialmente bélicos tiveram aplicação em época de paz: e. g. a aeronáutica e os computadores. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 131 A Era da Guerra Total** (51) • Os polacos, mas sobretudo os russos e os judeus, não raro foram usados pelos nazis praticamente como mão-de-obra escrava cuja vida era dispensável. A mão-de-obra escrava chegou a perfazer um quinto da força de trabalho na Alemanha em 1944. • Os governos vão avocar a fabricação de material bélico. Os executivos tinham de tomar as rédeas da economia, sendo fundamentais para o planeamento e logística da mesma. A guerra revolucionou a administração. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 132 A Era da Guerra Total** (52) • A guerra foi extremamente depredatória para os recursos produtivos: na Rússia a agricultura foi arruinada, bem como a industrialização tentada pelos Planos Quinquenais. • Contudo, as guerras vieram beneficiar a economia americana: a sua taxa de crescimento nas duas guerras foi excepcional, mormente na 2ª GM, em que aumentou 10% ao ano, uma taxa nunca antes alcançada. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 133 A Era da Guerra Total** (53) • Os EUA beneficiaram de estarem longe dos confrontos, de serem o principal arsenal dos seus aliados, bem como pelo potencial da sua economia para ampliar a produção de modo mais eficiente do que nenhuma outra. • Como resultado da guerra, os EUA vão assumir a hegemonia económica global durante o resto do século XX. Em 1914, este país já era a maior economia industrial. As guerras, ao enfraquecerem os seus concorrentes, trouxeram benefícios à sua economia. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 134 A Era da Guerra Total** (54) • O aumento da ferocidade da guerra deve-se à democratização mesma - já que os civis, que a propaganda tratava de demonizar - foram tomados como alvos a abater. • E «à nova impessoalidade da guerra, que transformava o matar ou o estropiar numa consequência remota de apertar um botão ou uma alavanca. A tecnologia tornava as suas vítimas invisíveis.» [Hobsbawm] 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 135 A Era da Guerra Total** (55) • O mundo acostumou-se à palavra genocídio: a 1ª GM esteve na origem da matança estimada de 1,5 arménios pela Turquia, que foi a primeira tentativa moderna de eliminação física de toda uma população. • Seguidamente, na 2ª GM, calcula-se que 5 milhões de judeus tenham sido exterminados às mãos dos nazis. • A 1ª GM e a Revolução Russa levaram à migração de milhões de refugiados, ou a permutas de população entre estados. 1,3 milhões de gregos, oriundos da Turquia, foi repatriado para a Grécia. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 136 2ª GM: mortes Fonte: wikipédia 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 137 A Era da Guerra Total** (56) • Por outro lado, como consequência da Revolução Russa, 1,5 ou talvez 2 milhões de nacionais russos fiéis ao lado perdedor da Guerra Civil fugiram, tornando-se apátridas. • Calcula-se que os anos de 1914-22 tenham gerado 4 a 5 milhões de refugiados e em 1945 houvessem cerca de 40,5 milhões de pessoas desenraizadas na Europa. • Aproximadamente 13 milhões de Alemães foram expulsos das partes da Alemanha anexadas pela Polónia, URSS e Checoslováquia, sendo reintegrados pela Alemanha Federal. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 138 A Era da Guerra Total** (56) • Com o fim da 2ª GM, o colapso dos impérios coloniais tornou-se irreversível. • Ao contrário do que aconteceu na 1ª GM, os derrotados Japão e Alemanha reintegraram-se na economia mundial. • A URSS, por seu turno, alcançou o estatuto de superpotência, mas a sua capacidade de concorrer com os países capitalistas ocidentais era uma quimera que cedo a desvaneceu. 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 139 A Segunda Guerra Mundial Fonte: http://www.cynical-c.com/archives/bloggraphics/assault_6.jpg 05-11-2015 História Geral da Civilização GAT: 1º ano - IPCA 140