VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1437-1445 LEVANTAMENTO DOS ÍNDICES DE PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO MANIFESTADOS EM ESCOLAS PÚBLICAS DE DOURADOS/MS ALINE MAIRA DA SILVA1 Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) ALINE NUNES RAMOS2 Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) LETICIA MARIA CAPELARI TOBIAS VENÂNCIO Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) LUAN FERNANDO SCHWINN SANTOS Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) MARY CRISTINA OLIVEIRA Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) Resumo Problemas de comportamento prejudicam o processo de ensino e aprendizagem e devem ser alvo de intervenções desenvolvidas na escola. Considerando que os problemas de comportamento ocasionam impacto negativo no ambiente escolar, é muito importante a identificação e caracterização dos alunos que manifestam esse quadro. Em vista disso, o objetivo da pesquisa foi levantar os índices de problemas de comportamento internalizante e externalizante manifestados pelos alunos no ambiente escolar. O estudo foi realizado em duas escolas municipais de ensino fundamental localizadas na cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul. Participaram 13 professoras, de turmas de primeiro e segundo ano, que apontaram informações sobre as características comportamentais de 131 alunos, por meio do Inventário dos Comportamentos de Crianças e Adolescentes 6-18 anos/Relatório para Professores (TRF). Entre os resultados, foi observado que as escalas nas quais os alunos foram classificados com maior frequência na categoria clínica foram: isolamento/depressão, problemas de atenção, comportamento agressivo, comportamento de quebrar regras e problemas sociais. Além disso, índices elevados de comportamentos tanto internalizantes (27,48% dos alunos) quanto externalizantes (29,77% dos alunos) foram apresentados. Os dados levantados são úteis para basear programas de intervenção voltados para a prevenção de problemas de comportamento na escola. Palavras-chave: Problemas de Comportamento; Inventário dos Comportamentos de Crianças e Adolescentes; Ensino Fundamental. Introdução Uma das dificuldades enfrentadas atualmente pelos professores é a questão dos problemas de comportamento manifestados no ambiente escolar, que interferem o processo de ensino e 1 Doutora em Educação Especial. Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Grande Dourados (FAED/UFGD). 2 Acadêmicos do curso de Psicologia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). 1437 VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1437-1445 aprendizagem, prejudicam a rotina da sala de aula, o relacionamento entre os alunos e, principalmente, o desenvolvimento do aluno assim como seu desempenho acadêmico. Problemas comportamentais podem ser definidos como uma necessidade educacional especial, que se caracteriza por respostas comportamentais diferentes das respostas de uma idade apropriada, cultura ou normas éticas (KAUFFMAN, 2005). De acordo com Silva (2000 apud PESCE, 2009), [...] os problemas de comportamento são considerados como comportamentos socialmente inadequados representando déficits ou excedentes comportamentais que prejudicam a interação da criança com os pares e adultos de sua convivência (SILVA, 2000 apud PESCE, 2009 p.20). Segundo Pesce (2009), é comum um comportamento caracterizado como não aceitável socialmente ocorrer durante o desenvolvimento padrão da criança. Diante disso, o quadro de problemas de comportamento é determinado pela frequência na qual eventos (como comportamentos disruptivos e prejudiciais para a vida em sociedade) ocorrem. Isso quer dizer que o diagnóstico só é possível quando um padrão de repetição desses comportamentos inadequados à convivência em sociedade é apresentado. Ainda no que diz respeito à conceituação dos problemas de comportamento, Rios e Denari (2008) apresentam uma definição cujo foco é a função do comportamento inadequado em interação com o ambiente. Tal definição apresenta uma análise dos problemas de comportamento como déficits e/ou excessos comportamentais que dificultariam saltos comportamentais, isto é, repertórios que prejudicam o acesso da criança a novas contingências de reforçamento, que por sua vez, facilitam a aquisição de repertórios relevantes de aprendizagem (RIOS; DENARI, 2008, p.116). É possível identificar dois tipos de problemas comportamentais: internalizante e externalizante. Segundo Gresham e Kern (2004), o comportamento internalizante refere-se a todos os comportamentos problema que são direcionados interiormente e que representam problemas que o indivíduo tem consigo mesmo. Problemas de comportamento do tipo internalizante são frequentemente impostos pelo próprio indivíduo e envolve déficits comportamentais e padrões de isolamento social. Podem ser citados como exemplos de comportamentos internalizantes: apresentar níveis de atividade baixo ou restrito, não falar com outras crianças, timidez, falta de assertividade, isolamento de situações sociais, preferência por ficar sozinho, agir de modo assustado, não participar de jogos e atividades, não apresentar respostas para interações sociais iniciadas por outras pessoas, não se posicionar. O tipo internalizante é mais difícil de ser identificado, pois não interfere diretamente o ambiente no qual o aluno está inserido, deixando assim de ser foco de atenção em sala de aula já que ele não incomoda as outras pessoas (CIA; PAMPLIN; DEL PRETTE, 2006). 1438 VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1437-1445 O tipo externalizante engloba os comportamentos inadequados que são direcionados para o ambiente social (GRESHAM; KERN, 2004). Bolsoni-Silva e Del Prette (2003) destacam que problemas de comportamento do tipo externalizante estão relacionados com comportamentos sociais desviantes, tais como comportamentos agressivos. Koch e Gross (2005) explicam que comportamentos externalizantes são caracterizados por comportamentos antissociais que se referem a qualquer comportamento relacionado com a violação das regras sociais e/ou atos contra os outros. Podem ser citados como exemplos de comportamentos do tipo externalizante: agressão, roubo, mentiras e vandalismo. Diferentemente do tipo internalizante, o tipo externalizante é facilmente notado, pois age diretamente no ambiente causando incômodo, pois as atitudes estão sempre contrariando as regras sociais, o que leva o professor a notar mais facilmente esse desvio de comportamento (RIOS; DENARI, 2008). É importante esclarecer que tanto o tipo internalizante quanto o tipo externalizante prejudicam o desenvolvimento do aluno, já que ambos dificultam ou impossibilitam uma interação de qualidade entre o aluno e as pessoas que fazem parte dos ambientes dos quais ele participa, ou seja, seus pares, familiares, educadores, entre outros (BOLSONI-SILVA et al., 2006). Além disso, problemas de comportamento acarretam graves consequências quando nenhum tipo de intervenção preventiva é realizada, como por exemplo, quadros de depressão e suicídio, no caso do tipo internalizante, e envolvimento em atos delinquentes e drogadição, no que se refere ao tipo externalizante. Existem vários fatores que podem contribuir para a manifestação dos problemas de comportamento: fatores biológicos, culturais, familiares e escolares. Entre os fatores biológicos, Kauffman (2005) destaca a) a predisposição genética para determinadas características comportamentais; b) lesões ou disfunções cerebrais que podem influenciar em algum nível a ocorrência de comportamentos problemáticos; c) má alimentação, já que a desnutrição severa afeta tanto o desenvolvimento físico quanto o desenvolvimento cognitivo; d) alergias, que podem interferir no grau de concentração do aluno nas atividades escolares; e) temperamento difícil, ou seja, diferenças inatas em relação ao nível de atividade, adaptabilidade e humor. No que diz respeito aos fatores familiares, Bolsoni-Silva e Marturano (2002) afirmam que a forma como os pais interagem e educam seus filhos é crucial à promoção de comportamentos socialmente adequados. Pais que disciplinam seus filhos de modo efetivo são sensíveis para as necessidades dos mesmos, são empáticos e atenciosos. Eles estabelecem com seus filhos um padrão de interações positivas e recíprocas, e utilizam o entusiasmo, a cordialidade e a reciprocidade como base para estabelecer vínculos emocionais ou compromissos entre adulto e criança. Esses pais também monitoram seus filhos por meio de supervisão apropriada, e enfrentam comportamentos inadequados diretamente e constantemente ao invés de tentar manipular ou coagir seus filhos. Tais pais fornecem instruções não ambíguas e fazem exigências de modo firme, mas não hostil, e apresentam consequências negativas, mas não abusivas, para comportamentos inadequados. Esses pais fornecem reforço positivo na forma de encorajamento, elogio, aprovação e outras recompensas para os comportamentos desejáveis de seus filhos (GOMIDE, 2004; WEBER, 2007). Quanto aos fatores escolares associados com a manifestação de problemas de comportamento, Kauffman (2005) aponta as expectativas inapropriadas que os professores cultivam em 1439 VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1437-1445 relação ao desempenho dos alunos. Segundo o autor, é preciso ter expectativas positivas e claras em relação ao desempenho acadêmico do aluno para encorajar comportamentos apropriados, já que uma discrepância entre as habilidades do aluno e as expectativas dos professores contribui diretamente para a indisciplina em sala de aula. Dessa forma, expectativas muito altas ou muito baixas podem fazer com que os alunos tornem-se desinteressados, desanimados, perturbados e frustrados. Além disso, o autor também aponta que a escola influencia a ocorrência de problemas de comportamento quando os professores deixam de ser sensíveis para as necessidades e potencialidades específicas dos alunos; não organizam a rotina dos alunos de forma estruturada e organizada; manejam o comportamento de forma inconsistente, ou seja, falham em oferecer consequências para comportamentos positivos e negativos; transmitem conteúdos sem tentar estabelecer alguma relação entre o conteúdo abordado e o uso do conhecimento na vida cotidiana do aluno. Kauffman (2005) também aponta que as condições físicas e organizacionais constituem fatores desencadeadores de problemas comportamentais, já que escolas e salas de aula lotadas e deterioradas estão associadas com agressões e falta de motivação por parte dos alunos. Considerando que os problemas de comportamento ocasionam impacto negativo no ambiente escolar, é muito importante a identificação e caracterização dos alunos que manifestam esse quadro ou que estão em condição de risco, para que intervenções direcionadas para esses alunos possam ser desenvolvidas e implementadas. Em vista disso, o objetivo da pesquisa foi levantar os índices de problemas de comportamento internalizante e externalizante manifestados pelos alunos no ambiente escolar. Método O estudo foi realizado em duas escolas municipais de ensino fundamental localizadas na cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul, escolas A e B. A escola A está localizada em uma região periférica da cidade e atende 1.069 alunos divididos em 38 turmas. O quadro de funcionários é composto por 62 professores e mais 31 funcionários (coordenadores pedagógicos, vice-diretor, diretor e setor administrativo). A escola B atende 555 alunos divididos em 24 turmas. A escola conta com um corpo docente composto por 34 professores, além de outros 36 funcionários (coordenadores pedagógicos, vice-diretor, diretor e setor administrativo). Participaram do estudo as professoras de primeiro e segundo ano do ensino fundamental, sendo cinco professoras da escola A e oito professoras da escola B. A idade das professoras variou entre 32 e 56 anos (média igual a 44 anos), com experiência docente mínima de oito anos e máxima de 25anos (média igual a 14,5 anos). Para levantar o índice de problemas de comportamento dos alunos matriculados nas salas de aula das professoras participantes, as mesmas preencheram o Inventário dos Comportamentos de Crianças e Adolescentes 6-18 anos/Relatório para Professores (TRF). O TRF faz parte do Sistema de Avaliação Empiricamente Baseado do Achenbach (ASEBA), sendo que a versão brasileira do instrumento foi elaborada pelo Laboratório de Terapia Comportamental do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. O TRF avalia o funcionamento adaptativo e problemas de comportamento em indivíduos de 6 a 18 anos, a partir de informações fornecidas pelos professores. O inventário é composto por 126 itens diferentes, 1440 VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1437-1445 sendo 13 itens relativos à avaliação do desempenho acadêmico e de características adaptativas e 113 itens referentes à avaliação de problemas de comportamento. Como procedimento de coleta de dados, foi efetuado contato com as diretoras das duas escolas e, após o aceite das mesmas em participar do estudo, foi realizada reunião com as professoras do primeiro e segundo ano do ensino fundamental de cada escola. Nessa reunião, os objetivos do estudo foram apresentados, assim como o procedimento de coleta de dados e o instrumento TRF. Foi explicado que as professoras que concordassem em participar do estudo deveriam preencher um instrumento sobre as características comportamentais de dez de seus alunos. As professoras que concordaram em participar preencheram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e receberam os instrumentos a serem preenchidos. Para selecionar os dez alunos de cada turma sobre os quais as professoras preencheriam o TRF, foi realizado sorteio. Uma das professoras preencheu onze instrumentos. Dessa forma, foram preenchidos instrumentos referentes a 131 alunos. Os escores obtidos com a aplicação do TRF foram analisados por meio do software Assessment Data Manager (ADM), que permite que os dados do inventário sejam digitados e analisados de acordo os parâmetros do instrumento. O software apresenta o escore total alcançado por cada aluno, assim como o escore T e o percentil do escore total. A análise foi realizada considerando quatro aspectos abordados pelo inventário: perfil das síndromes, comportamento internalizante, comportamento externalizante e problemas totais. Quanto ao perfil das síndromes, o instrumento permitiu a avaliação de oito escalas: ansiedade/depressão, isolamento/depressão, queixas somáticas, problemas sociais, problemas de pensamento, problemas de atenção, comportamento agressivo e comportamento de quebrar regras. Ainda no que se refere ao perfil das síndromes, escores T maiores ou iguais a 70 são classificados na categoria clínica, escores T entre 65 e 69 são classificados na categoria limítrofe, indicando um número de problemas que causam preocupação, e escores T abaixo de 65 são classificados na categoria normal (LABORATÓRIO DE TERAPIA COMPORTAMENTAL/USP, 2006). O índice que indica comportamento internalizante é obtido por meio da soma dos escores dos problemas incluídos em três escalas do perfil das síndromes: ansiedade/depressão, isolamento/depressão e queixas somáticas. O índice indicativo de comportamento externalizante é obtido por meio da soma de duas escalas, comportamento de quebrar regras e comportamento agressivo. Finalmente, a escala de problemas totais é obtida pela soma dos 113 itens fechados do instrumento. Nas escalas comportamento internalizante, comportamento externalizante e problemas totais, escores T acima de 63 são incluídos na categoria clínica, entre 60 e 63 na categoria limítrofe e abaixo de 60 na categoria normal (LABORATÓRIO DE TERAPIA COMPORTAMENTAL/USP, 2006). Resultados e Discussão Serão apresentados os dados referentes ao escores alcançados pelos alunos, segundo as informações fornecidas pelas professoras no TRF, em cada uma das escalas correspondentes ao perfil das síndromes e também nos problemas de comportamento internalizante, externalizante e problemas totais. No que diz respeito aos escores alcançados quanto ao perfil das síndromes, conforme pode ser observado na Tabela 1, as escalas nas quais os alunos foram classificados com maior 1441 VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1437-1445 frequência na categoria clínica foram: isolamento/depressão, problemas de atenção, comportamento agressivo, comportamento de quebrar regras e problemas sociais. Dessa forma, na escala isolamento/depressão, 27,48% dos alunos foram classificados na categoria clínica para os comportamentos de demonstrar infelicidade, ficar isolado, não participar de diálogos, demonstrar timidez, ter ausência de energia e ter prazer com poucas atividades. Conforme esclarecem Del Prette e Del Prette (2005) o isolamento da criança associado com sintomas de depressão são bastante observados em alunos com problemas de comportamento do tipo internalizante, já que esses alunos apresentam repertório reduzido no que diz respeito às habilidades sociais relacionadas com expressividade emocional, fazer amizade e assertividade. Quanto à escala de problemas de atenção, foram classificados na categoria clínica 26,19% dos alunos que apresentaram os comportamentos de murmurar ou fazer barulhos estranhos em sala de aula, não terminar as atividades por ele iniciadas, exibir falta de concentração, inquietude e distração. Como aponta Silva (2010), inquietação e dificuldades dos alunos em se concentrar nas atividades escolares propostas e participar das aulas são descritas com frequência como comportamentos inadequados emitidos pelos alunos no ambiente escolar. Na escala comportamento agressivo, 25,96% dos alunos foram classificados na categoria clínica quanto aos comportamentos de dirigir ações hostis ao interlocutor, apresentar déficit em desempenho social e ter dificuldade para solucionar seus problemas. Por sua vez, na escala comportamento de quebrar regras, 22,14% dos alunos receberam classificação clínica para os comportamentos de não respeitar as regras da escola, enturmar-se com encrenqueiros, mentir, preferir a companhia de pessoas mais velhas, roubar e xingar. Comportamentos relacionados com agressão e violação de regras são apontados por Del Prette e Del Prette (2005) como característicos dos problemas de comportamento do tipo externalizante e, segundo os autores, indicam que tais alunos apresentam déficit no repertório de habilidades sociais relacionadas com autocontrole, habilidades de civilidade e soluções de problemas sociais. A última escala nas quais os alunos foram classificados com frequência elevada (acima de 20%) na categoria clínica, foi a escala de problemas sociais. Como pode ser observado na Tabela 1, 20,61% dos alunos demonstram ser antissociais, ciumentos, rejeitados pelos pares e preferir crianças mais novas. Na categoria limítrofe, as escalas nas quais os alunos foram classificados com maior frequência foram: isolamento/depressão e problemas de pensamento. Na primeira escala, 16,03% dos alunos receberam a classificação limítrofe e na segunda 13,74% dos alunos foram classificados na categoria limítrofe para os comportamentos de não conseguir livrar-se de determinados pensamentos, manifestar pensamento suicida, tiques, ter comportamento ou ideias estranhas. Tabela 1 – Classificação dos alunos nas escalas do perfil das síndromes CATEGORIAS normal limítrofe ESCALAS n % n % Ansiedade/Depressão 107 81,68 05 3,82 Isolamento/Depressão 74 56,49 21 16,03 Queixas Somáticas 104 79,39 14 10,69 clínica n 19 36 13 % 14,50 27,48 9,92 1442 VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1437-1445 Problemas Sociais Problemas de Pensamento Problemas de Atenção Comportamento de Quebrar Regras Comportamento Agressivo 90 98 86 90 85 68,70 74,81 64,65 68,70 64,88 14 18 12 12 12 10,69 13,74 9,16 9,16 9,16 27 15 33 29 34 20,61 11,45 26,19 22,14 25,96 Total de alunos = 131. A Figura 1 apresenta a incidência de cada uma das escalas do perfil das síndromes, considerando apenas a soma dos alunos classificados na categoria limítrofe e normal. Total de alunos = 131. Figura 1 – Incidência dos alunos classificados nas categorias clínica e limítrofe nas escalas do perfil das síndromes. Considerando as classificações clínica e limítrofe, os comportamentos apontados pelas professoras participantes como aqueles manifestados com maior frequência (acima de 50%) pelos alunos correspondem à escala isolamento/depressão. Quanto aos comportamentos internalizante, externalizante e problemas totais, a Figura 2 apresenta as classificações obtidas pelos alunos, segundo os dados fornecidos pelas professoras participantes. Como pode ser observado na Figura 2, índices elevados de comportamentos tanto internalizantes quanto externalizantes foram alcançados pelos alunos. No que diz respeito à categoria clínica, 29,77% dos alunos foram classificados nessa categoria no que se refere aos comportamentos externalizantes e 27,48% dos alunos quanto aos comportamentos internalizantes. Embora a diferença entre os dois tipos seja pequena, o tipo externalizante foi manifestado com frequência superior ao tipo internalizante. Na classificação limítrofe, 5,34% dos alunos foram classificados nessa categoria quanto aos comportamentos internalizantes e 4,58% dos alunos quanto aos comportamentos externalizantes. Em estudo cujo objetivo foi avaliar os efeitos de um programa de intervenção preventiva voltado para prevenir e minimizar problemas comportamentais Silva (2010) levantou as características comportamentais de 55 alunos do primeiro ano do ensino fundamental, por meio de informações fornecidas pelas professoras dos alunos que preencheram o TRF. Entre os resultados, observou-se que, quanto ao comportamento externalizante, 10,9% dos alunos 1443 VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1437-1445 foram classificados na categoria clínica e a mesma porcentagem dos alunos foi classificada na categoria limítrofe. Quanto aos comportamentos internalizantes, 5,45% dos alunos foram classificados na categoria clínica e 7,27% na categoria limítrofe. Total de alunos = 131. Figura 2 – Classificação dos alunos nas categorias comportamento internalizante, comportamento externalizante e problemas totais. Comparando os dados obtidos no presente estudo com os dados levantados por Silva (2010) é possível observar uma diferença significativa quanto à incidência de problemas de comportamento. Uma das razões para isso é o fato da amostra do presente estudo ter incluído alunos do segundo ano do ensino fundamental e não apenas do primeiro, ou seja, fizeram parte da amostra alunos expostos por um período maior de tempo, aos fatores escolares que contribuem para a manifestação de problemas comportamentais, tais como, contingências destrutivas de reforço, expectativas inapropriadas quanto ao desempenho do aluno, rotinas diárias não estruturadas e desorganizadas, falta de sensibilidade para as necessidades dos alunos, salas de aula com um número excessivo de alunos, escolas deterioradas, entre outros. Os índices manifestados pelos alunos na escala problemas totais também podem ser observados na Figura 2. Cabe lembrar que tais escores foram obtidos por meio da soma dos 113 itens fechados do instrumento. Como mostra a Figura, 14,5% dos alunos foram classificados na categoria limítrofe e 27,48% na categoria clínica. Conclusão Com base nos índices de problemas de comportamento do tipo internalizante e externalizante levantados, foi planejado um programa de intervenção voltado para as professores participantes da pesquisa, assim como para os coordenadores das escolas envolvidas. O programa de intervenção visa a prevenção de comportamentos problemáticos, assim como a minimização dos comportamentos identificados pelo presente estudo. 1444 VII ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISADORES EM EDUCAÇÃO ESPECIAL Londrina de 08 a 10 novembro de 2011 - ISSN 2175-960X – Pg. 1437-1445 Referências Bibliográficas BOLSONI-SILVA, A. T.; DEL PRETTE, A. Problemas de comportamento: um panorama da área. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v. 5, n. 2, 2003. BOLSONI-SILVA, A. T.; MARTURANO, E. M. Práticas educativas e problemas de comportamento: uma análise à luz das habilidades sociais. Estudos de Psicologia, v. 7, n. 2, 2002. CIA, F.; PAMPLIN, R. C. O.; DEL PRETTE, Z. A. P. 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