Abertura Boas Vindas Tema do Congresso Comissões Sessões Programação Áreas II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores Títulos Trabalho Completo A PERSPECTIVA DE ALUNOS DO CURSO DE LICENCIATURA SOBRE O ESTÁGIO NA FORMAÇÃO INICIAL Karina Soledad Maldonado Molina Pagnez, Daniella Zanellato Eixo 1 - Formação inicial de professores para a educação básica - Relato de Pesquisa - Apresentação Oral O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados de uma pesquisa a respeito da experiência de estágio na formação inicial para cursos de Licenciatura. A questão central desta investigação: como os alunos de cursos de Licenciatura compreendem os estágios desenvolvidos durante o curso e quais as suas sugestões para torná-los mais significativos? A pesquisa foi realizada com alunos da disciplina de Didática que tem como obrigatório um estágio de 20 horas. O instrumento de coleta de dados foi adaptado do Balanço de Saberes, desenvolvido por Charlot, sendo aplicado a 105 alunos, integrantes de 13 diferentes cursos de licenciatura de uma universidade pública estadual. As produções textuais dos alunos passaram por uma análise de conteúdo que resultou, a partir do subsídio teórico adotado para a investigação, categorias de análise quais sejam: (1) Condições de implementação e limitações enfrentadas no desenvolvimento do estágio, (2) Impressões sobre o processo de avaliação do estágio e (3) Possibilidade indicada para potencializar as experiências de estágio. Palavras-chave: Formação Inicial, Estágio Supervisionado, Licenciatura 1829 Ficha Catalográfica A PERSPECTIVA DE ALUNOS DO CURSO DE LICENCIATURA SOBRE O ESTÁGIO NA FORMAÇÃO INICIAL Karina S. M. M. Pagnez; Daniella Zanellato. FE, USP Introdução Esta pesquisa pretende subsidiar a discussão a respeito da formação de professores a partir das percepções dos alunos em relação aos estágios e como este é compreendido pelos alunos. O interesse por esta temática resulta da experiência de dez anos com disciplinas oferecidas a cursos de Licenciatura em diferentes áreas. Muito tem sido escrito e discutido, mas basta entrar em uma sala de aula com alunos de cursos de licenciatura para vislumbrar a problemática presente em sala de aula, as angústias e inseguranças expressas pelos alunos ao possibilitar uma fala livre e uma escuta cuidadosa. Diferentes autores consolidaram no campo acadêmico discussões a respeito da função do estágio para a formação inicial dos professores (PIMENTA e LIBÂNEO, 1999; LÜDKE, MOREIRA e CUNHA, 1999; PEREIRA, 1999; PIMENTA e LIMA, 2004). Pereira (1999) faz referência aos dois modelos de formação docente adotados no Brasil ao longo do tempo. O primeiro deles é, segundo o autor, o modelo da racionalidade técnica, no qual o professor é tido como um "[...] técnico, um especialista que aplica com rigor, na sua prática cotidiana, as regras que derivam do conhecimento científico e do conhecimento pedagógico" (p. 111-112). Em relação à formação do profissional assim concebido, ressalta Pereira (1999) que: [...] para formar esse profissional, é necessário um conjunto de disciplinas científicas e um outro de disciplinas pedagógicas, que vão fornecer a base para sua ação. No estágio supervisionado, o professor aplica tais conhecimentos e habilidades científicas e pedagógicas às situações práticas de aula (p. 112). Nesta concepção de formação, o estágio adquire importância como possibilidade de vivência de situações de aprendizagem por imitação, conforme indicam Pimenta e Lima (2004): O pressuposto dessa concepção é que a realidade do ensino é imutável e os alunos que frequentam a escola também o são. [...] Ao valorizar as práticas e os instrumentos consagrados tradicionalmente como modelos eficientes, a escola resume seu papel a ensinar; se os alunos não aprendem, o problema é deles, de suas famílias, de sua cultura diversa daquela tradicionalmente valorizada pela escola (p. 35-36). 1 1830 Sendo o professor considerado como um: [...] aprendiz que aprende o saber acumulado. Essa perspectiva está ligada a uma concepção de professor que não valoriza sua formação intelectual, reduzindo a atividade docente apenas a um fazer que será bem sucedido quanto mais se aproximar dos modelos observados (PIMENTA e LIMA, 2004, p. 36). Este modelo de formação dos professores tem sido questionado e contestado, mas há estruturas em diversos cursos de licenciatura que obedecem a essa lógica, pois o aluno cursa o bacharelado e posteriormente é matriculado na licenciatura. Portanto, esse modelo com a lógica da divisão das disciplinas ainda está presente em currículos de diferentes universidades. Ainda segundo Pereira (1999): As principais críticas atribuídas a esse modelo são a separação entre teoria e prática na preparação profissional, a prioridade dada à formação teórica em detrimento da formação prática e a concepção da prática como mero espaço de aplicação de conhecimentos teóricos, sem um estatuto epistemológico próprio (p. 112). O outro modelo de formação é chamado de modelo da racionalidade prática. Nele, o professor é considerado: [...] um profissional autônomo, que reflete, toma decisões e cria durante sua ação pedagógica, a qual é entendida como um fenômeno complexo, singular, instável e carregado de incertezas e conflitos de valores (PEREIRA, 1999, p. 113). Afirma-se como necessária nesta concepção a associação entre teoria e prática, para Pimenta e Lima (2004) [...] o estágio é teoria e prática (e não teoria ou prática) (p. 41, grifos das autoras). Neste movimento de associação, identificado pelas autoras, no movimento teórico recente sobre a concepção de estágio, destacam-se duas perspectivas: uma que toma o estágio como atividade teórica que permite conhecer e se aproximar da realidade e outra, que o toma como pesquisa (PIMENTA e LIMA, 2004, p. 44). Na primeira perspectiva, o estágio curricular é considerado: "[...] atividade teórica de conhecimento, fundamentação, diálogo e intervenção na realidade, esta, sim, objeto da práxis" (PIMENTA e LIMA, 2004, p. 45). Porém, como indicam as autoras esta perspectiva aponta para alguns questionamentos, tais como: "O que se entende por realidade? Que realidade é essa? Qual o sentido dessa aproximação?" (p. 45). Ou seja, as autoras chamam a atenção para o fato de que essa aproximação à realidade ganha 2 1831 sentido quando os professores orientadores dos estágios têm participação ativa nesta análise e neste questionamento crítico à luz das teorias (PIMENTA e LIMA, 2004, p. 45). Na segunda perspectiva, o que se propõe é que o estágio seja desenvolvido em forma de pesquisa: A pesquisa no estágio, como método de formação de futuros professores, se traduz, de um lado, na mobilização de pesquisas que permitam a ampliação e análise dos contextos onde os estágios se realizam; por outro, e em especial, se traduz na possibilidade de os estagiários desenvolverem postura e habilidades de pesquisador a partir das situações de estágio, elaborando projetos que lhes permitam ao mesmo tempo compreender e problematizar as situações que observam. [...] Supõe que se busque novo conhecimento na relação entre as explicações existentes e os dados novos que a realidade impõe e que são percebidos na postura investigativa (PIMENTA e LIMA, 2004, p. 46). Trata-se de se pensar o estágio como espaço para que os alunos confrontem os conhecimentos teóricos que apreendem ao longo do curso e mesmo as suas convicções de bases diferenciadas. Ou seja, como indicam Libâneo e Pimenta (1999): [...] os alunos precisam conhecer o mais cedo possível [desde o início do curso] os sujeitos e as situações com que irão trabalhar. Significa tomar a prática profissional como instância permanente e sistemática na aprendizagem do futuro professor e como referência para a organização curricular (p. 268). Diante dos pressupostos téoricos apresentados, a presente investigação buscou apresentar os resultados de uma pesquisa com 105 sujeitos a respeito da experiência de estágio na formação inicial para cursos de Licenciatura. Teve como questão central a indagação: Como os alunos de cursos de Licenciatura compreendem os estágios desenvolvidos durante o curso e quais as suas sugestões para torná-los mais significativos? É no âmbito dessas reflexões que se insere a presente pesquisa. Busca-se levantar a forma pela qual os professores em formação descrevem suas experiências de estágio, de forma a identificar as concepções de estágio que podem estar norteando as escolhas dos docentes na Universidade, marcando a formação inicial desses sujeitos. Metodologia O universo da pesquisa foi composto por 105 sujeitos do sexo masculino e feminino, alunos oriundos de 13 diferentes cursos de Licenciatura de uma universidade pública estadual e matriculados na disciplina de Didática, que tem como obrigatório um estágio de 20 horas. O instrumento de coleta de dados foi adaptado do Balanço de 3 1832 Saberes, desenvolvido por Charlot (2000). Este instrumento consiste num cabeçalho a partir do qual os sujeitos da pesquisa devem dar continuidade ao texto. Para os fins a que se propõe esta pesquisa, o Balanço de Saberes foi assim estruturado: “A disciplina de didática propõe a realização de um estágio de 20h, concomitantemente ao desenvolvimento de seu programa. Essa experiência me possibilitou…” Escreva a respeito de suas percepções, situações positivas ou adversas e como esta experiência auxiliou em sua formação no curso de Licenciatura. A ferramenta escolhida para a análise do material produzido foi a análise de conteúdo proposta por Franco (2005). Segundo a autora, o ponto de partida dessa proposta é a mensagem, que pode ter diferentes formas, mas necessariamente expressa um significado e um sentido. O significado de algo pode ser compreendido e generalizado a partir de suas características definidoras; já o sentido é justamente... [...] a atribuição de um significado pessoal e objetivado, que se concretiza na prática social por meio de representações sociais, cognitivas, valorativas e emocionais, necessariamente contextualizadas. (FRANCO, 2005, p. 15). Diante disso, as produções textuais dos alunos passaram por uma análise de conteúdo que resultou, a partir do subsídio teórico adotado para a investigação, nas seguintes categorias de análise: (1) Condições de implementação e limitações enfrentadas no desenvolvimento do estágio, (2) Impressões sobre o processo de avaliação do estágio e (3) Possibilidade indicada para potencializar as experiências de estágio. Resultados e Discussão Os dados coletados sobre o perfil dos 105 alunos matriculados na disciplina de Didática do curso de Licenciatura, que realizaram estágio e participaram da pesquisa, levantou aspectos sobre o sexo, a faixa etária e o curso de origem. Quando ao sexo declarado 45,71% dos alunos correspondem ao sexo feminino e 54,29% ao sexo masculino. A faixa etária dos alunos tem predominância na idade entre 20 e 25 anos com 50,48%, seguido por 26,67% dos participantes com idade entre 26 e 30 anos e 22,86% dos alunos com idade superior a 30 anos. 4 1833 Tabela 1: Participantes por sexo M F Total Sexo 48 57 105 Total 45,71% 54,29% 100% Gráfico 1: Participantes por sexo Tabela 2: Participantes por categorias de faixa etária Faixa Etária 20 a 25 25 a 30 Quantidade Total 53 28 50,48% 26,67% acima 30 Total 24 105 22,86% 100% Gráfico 2: Participantes por categorias de faixa etária Quanto aos dados que revelaram os cursos de origem dos alunos, identificou-se 13 diferentes carreiras, onde há prevalência para as Licenciaturas que atendem ao ensino básico. No entanto, carreiras como Enfermagem, Geociências e Educação 5 1834 Ambiental (LIGEA) apresentaram uma participação efetiva dos alunos matriculados na disciplina de Didática. A amostra apresenta, por ordem crescente, a participação dos alunos nas Licenciaturas em História (18,10%), seguido por Enfermagem (15,24%), Matemática/ Letras (12,38%) e Física (10,48%), que correspondem a mais de 50% dos dados. Tabela 3. Participantes por curso de origem: Curso de Origem Qtdd aluno Biologia/C.Biologicas Enfermagem 8 % 7,62% 16 15,24% Educação Fisica 3 2,86% Letras 13 12,38% Fisica 11 10,48% C. Sociais 6 5,71% Psicologia 3 2,86% Matematica 13 12,38% Geografia 4 Historia 3,81% 19 18,10% Filosofia 1 0,95% Geociências 5 4,76% LIGEA 2 1,90% Quimica 1 0,95% 105 100% TOTAL Gráfico 3. Participantes por curso de origem: 6 1835 Quanto aos aspectos que dizem respeito ao desenvolvimento do estágio de 20 horas realizado durante a disciplina de Didática, as respostas dos alunos foram categorizadas a partir da análise do instrumento aplicado, conforme explicitado na metodologia. Assim, a primeira categoria de análise investigou as condições de implementação e as limitações enfrentadas no desenvolvimento do estágio. Neste sentido, os alunos apontaram para a importancia do papel formativo do estágio enquanto possibilidade de aproximação e confronto com as práticas em sala de aula, vivenciadas tanto nos sistemas público, quanto no privado. Categoria 1. Condições de desenvolvimento do estágio implementação e limitações enfrentadas no (A86) “A experiência do estágio fez uma retrospectiva no que se refere ao modo como eu vinha atuando em minhas aulas. Ao preparar algo novo para o estágio, percebi o quanto estava acomodado em minha rotina e métodos de ensino. Esta experiência funcionou, para mim, como um despertar.” (A7) “Essa experiência me possibilitou ver os alunos e a escola sem nenhum filtro. A observação direta tem um valor inestimável para a formação do futuro professor, porque a experiência não é editada, nem ‘higienizada” por terceiros”. (A37) “Antes da realização do estágio, minha visão era muito vaga da situação atual do ensino público. Fui com uma expectativa bem negativa com relação aos alunos e professores, tendo em vista os comentários de pessoas da comunidade, porém, para minha surpresa, encontrei professores esperançosos e alunos sedentos pelo saber (sem exageros).” (A50) “Com essa disciplina pude conhecer e compreender o papel do professor e, mais que isso, conhecer o papel do professor enfermeiro. O estágio me permitiu observar isso “mais de perto”, apesar de achar 20h de estágio pouco tempo. A minha única dificuldade com relação aos estágios foi encontrar tempo para realizá-lo, pelo fato da faculdade de Enfermagem ser em período integral.” (A92) “O estágio em uma escola particular facilitou fazer um contraste com a escola pública na qual trabalho como professor (…)O estágio serviu para replanejar minhas aulas e olhar com mais otimismo para uma possibilidade de futuro melhor, principalmente na escola pública.” (A68) “As horas de estágio solicitadas na composição da matéria de Didática são fundamentais para o enriquecimento das discussões efetuadas nas aulas. Creio que elas representam uma entrada dos estudantes na realidade da sala de aula muito diferente do ideal esperado na mente de um estudante que inicia sua vida como professor.” 7 1836 Na segunda categoria de análise, as impressões dos alunos sobre o processo de avaliação do estágio foram investigadas. Os dados revelaram que a postura dos profissionais das escolas e nos demais espaços educacionais, onde foram realizados os estágios, muitas vezes reforçam um distanciamento com relação aos estudantes, promovendo um sentimento de abandono frente às dinâmicas escolares. Além disso, o número de horas e as questões formais presentes nos registros desenvolvidos durante o estágio suscitam diferentes posicionamentos, ora quanto à adequação do formato, ora para o questionamento quanto a efetividade de tal estrutura para os fins a que se propõem. Categoria 2. Impressões sobre o processo de avaliação do estágio (A103) “Essa experiência me possibilitou descobrir como me virar sozinho em busca de um estágio. O maior problema do estágio curricular é as escolas não estarem preparadas para nos receber. Temos que desbravar sozinhos todas as etapas do estágio, desde a conversa para entrar na escola até os carimbos no final de tudo.” (A85) “O estágio é algo tradicional e complicado de se fazer, mas é parte importante para o processo de formação do professor; pois é por meio da observação dos erros dos colegas que já estão na ativa que nós, estagiários tentaremos não repetí-los quando chegarmos à docência.” (A105) “Não significa que o estágio é uma atividade necessariamente prazerosa, mas sim necessária em seus aspectos positivos e adversos. Acho totalmente ineficiente um modelo de licenciatura em que o aluno aprende vários tópicos teóricos, sem saber como utilizar este conhecimento e, depois de formado, passa a “aprender a dar aula, na prática”. (A100) “O pouco tempo de estágio é complicado e sem contar o fato de não ser na mesma escola, a burocracia é gigantesca, fico me questionando sobre a fragmentação dos estágios durante o curso.” (A30) “O estágio de 20 horas oferece uma visão muito restrita do cotidiano escolar. O ideal seria o aluno passar um ano na escola para se aprofundar em todos os seus aspectos e ter uma percepção mais real de todos os problemas que a educação enfrenta hoje. Porém, muitos alunos não tem tempo hábil para um estágio mais extendo porque trabalham.” 8 1837 (A46) “Considerando o esforço necessário à realização do estágio concomitantemente com a frequência às aulas da Licenciatura e do Bacharelado, trabalho em período integral e a leitura de textos, aliado ao fato da experiência de estágio pouco somar em termos de novas vivências, questiono-me se o estágio é realmente necessário. Sei que é uma exigência do MEC; refiro-me a necessidade em termos de ser adequado a promover uma formação melhor de professores. Acredito que a “experiência prática” poderia ser feita de outros modos. Um deles é tomar contato com registros significativos de bons e maus exemplos(…) Enfim, do modo como está configurado atualmente o estágio não propicia a necessária aliança téoria-prática.” Na terceira categoria, foram elencadas as possibilidades para potencializar as experiências de estágio. Os alunos destacaram a importancia da articulação dos saberes experienciados no estágio com as reflexões e discussões teóricas presentes nas aulas durante o desenvolvimento da disciplina de Didática. Além disso, o desejo por realizar a regência em sala, numa vivência enquanto “estágio pesquisa”, conforme apontado por Libâneo e Lima (2004) foram apontados por alguns alunos. A questão da ampliação, manutenção ou supressão da carga horária de 20 horas foi apresentada pelos alunos de forma conflituosa, por um lado destacam a importância da ampliação da carga como possibilidade de aprofundamento das vivências e discussões e, por outro lado, a manutenção ou supressão da carga horária por dificuldades de conciliar o estágio as demais atividades acadêmicas e profissionais. Categoria 3. Possibilidades indicadas para potencializar as experiências de estágio (A14) “O que senti falta, porém, foi de ter tido uma experiência mais prática. Nós temos a opção de regência, mas esta me pareceu um pouco “mal explicada” e não vi na escola o quanto essa opção seria viável realmente. Acho, no entanto, que seria de extrema importancia que nós, enquanto futuros professores, tivéssemos essa experiência, mas ainda com um suporte da universidade.” (A24) “Sem o estágio não me via em sala de aula, portanto, é uma grande contribuição para minha formação. Porém, o tempo é curto! Tudo o que preparamos para o estágio, desde leitura, pesquisa, desenvolvimento da proposta e atuação de fato, fica mal feito por ser pouco tempo disponiblizado.” (A34) “Acho que para uma boa formação como professora o ideal seria a ampliação da carga horária de estágio até para ter uma noção mais real do que acontece, de como as coisas se desenvolvem. Mas, falando a partir da minha condição de estudante – que é 9 1838 bem longe de ser a ideal – seria muito complicado conciliar um estágio longo com uma carga horária maior.” (A42) “Me agrada muito a idéia do estágio durante a disciplina porque podemos discutí-lo durante a própria disciplina e trocar informações entre os diferentes estágios realizados, nas diferentes áreas observadas. Além disso, particularmente, achei o fato de o trabalho da final da disciplina ser relacionado ao estágio interessantíssimo, pois me estimulou a focar em algum conteúdo específico e relacioná-lo com o conteúdo teórico.” Considerações Finais De acordo com a pesquisa, os dados revelaram que a realização do estágio é uma ação formativa importante que possibilitou aos alunos articularem os pressupostos teóricos da disciplina de Didática no curso de Licenciatura, com as experiências vivenciadas na sala de aula, onde as aproximações e confrontos nos diferentes espaços educacionais impactaram na formação inicial do professor. Tais questões também são disparadoras de indagações, angústias e reflexões pelos alunos para sua prática docente. De acordo com as falas, a aproximação pelo estágio aos sistemas de ensino público e/ou privado corroboraram para a construção de possibilidades quanto ao interesse ou não em atuar como docente e também auxiliando na opção pela atuação em sistema de rede pública ou privada de ensino. Outro apontamento corresponde as condições de implementação do estágio que devem ser desenvolvidas no sentido de oportunizar escolhas para a realização em espaços educacionais que sejam de interesse dos alunos, sendo vistas de forma positiva pelos participantes a realização do estágio em escolas técnicas e outros programas tal como o CIEJA. Também devem ser consideradas algumas limitações enfrentadas pelos alunos com relação à realização do estágio, dentre elas a dificuldade em relação ao turno e carga horária, considerada por alguns como insuficiente e para outros como adequada. Além disso, a possibilidade e necessidade de escuta dos alunos durante o curso e a mediação do professor para que se efetive a reflexão sobre as práticas presentes em sala de aula, considerando dois elementos fundamentais: quais seriam as bases teóricas que subsidiam essas práticas e quais seriam as ações e atitudes assumidas por eles diante dessas situações. 10 1839 Referências CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber. Elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. FRANCO, M. L. P. B. Análise de conteúdo. 2. ed. Brasília: Liber Livro Editora, 2005. LIBÂNEO, José C., PIMENTA, Selma G. Formação de profissionais da educação: visão crítica e perspectiva de mudança. Educação & Sociedade, ano XX, n. 69, Campinas: CEDES, p. 239-277. LÜDKE, Menga, MOREIRA, Antônio F. B., CUNHA, Maria Isabel. Repercussões de tendências internacionais sobre a formação de nossos professores. Educação & Sociedade, ano XX, n. 69, Campinas: CEDES, p. 278-298. PEREIRA, Júlio E. D. 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