UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONIA NÚCLEO DE SAÚDE CENTRO INTERDEPARTAMENTAL DE BIOLOGIA EXPERIMENTAL E BIOTECNOLOGIA/CIBEBI EFEITOS ADVERSOS A POLIQUIMIOTERAPIA ANTI-HANSÊNICA NOS CASOS NOVOS DA POLICLÍNICA OSWALDO CRUZ - PORTO VELHO – RONDÔNIA NO PERÍODO DE 2006-2007 Mestranda: Kazue Narahashi Porto Velho 2009 Kazue Narahashi EFEITOS ADVERSOS A POLIQUIMIOTERAPIA ANTI-HANSÊNICA NOS CASOS NOVOS DA POLICLÍNICA OSWALDO CRUZ - PORTO VELHO – RONDÔNIA NO PERÍODO DE 2006-2007 Dissertação de Mestrado, apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Experimental da Universidade Federal de Rondônia – UNIR Orientadora: Profª. Drª. Maria Manuela da Fonseca Moura Porto Velho 2009 Kazue Narahashi EFEITOS ADVERSOS A POLIQUIMIOTERAPIA ANTI-HANSÊNICA NOS CASOS NOVOS DA POLICLÍNICA OSWALDO CRUZ - PORTO VELHO – RONDÔNIA NO PERÍODO DE 2006-2007 Dissertação Programa de de Experimental Mestrado, Pós-Graduação da Universidade Rondônia – UNIR. Aprovada por ____________________________________ Profª Drª Maria Manuela da Fonseca Moura (Presidente da banca examinadora) _____________________________________ Profª Drª Maria Kátia Gomes Membro Titular _____________________________________ Profª Drª Ana Escobar Membro Titular Porto Velho, RJ- Brasil 2009 apresentado em ao Biologia Federal de 2009 by Kazue Narahashi Catalogação na Fonte elaborada pela Bibliotecária: Marta de Lucia Silva – CRB-11ª/335 NARAHASHI,Kazue. Efeitos Adversos a Poliquimioterapia Anti-Hansênica nos N218e casos novos de uma unidade de Referência em Porto Velho – Rondônia../ Kazue P397p Narahashi. – Porto Velho. RO. 2009. 65p.. Dissertação (Mestrado) – Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR – Programa de Pós-Graduação em Biologia Experimental: Mestrado em Biologia Experimental., 2009. Orientadora: Profª. Drª. Maria Manuela da Fonseca Moura. . 1. Hanseníase. 2. Terapêutica. 3. Quimioterapia. 4.Efeitos Adversos . I. Título CDU 616.002.73 Dedico a: Renan, meu esposo Luiky e Érico, meus filhos Meus irmãos e irmãs Meus amigos e todos colegas (trabalho e estudo) E especialmente, aos meus pacientes A memória dos meus pais AGRADECIMENTOS Antes de todos, a Deus e a vida, por colocar em meu caminho, pessoas maravilhosas e oportunidades que proporcionaram meu crescimento pessoal e profissional. A Dra. Celina M T Martelli, pela amizade, incentivo e colaboração. A Dra. Maria Kátia Gomes, pela amizade, incentivo e colaboração. Ao João, Dr. Maurício Barcelos e Dra. Mariene Stefani da Universidade Federal de Goiás. Ao Dr. Elifaz Cabral. À equipe Coordenação Estadual de Controle de Hanseníase de Rondônia. Ao Sebastião Sena, pela amizade e colaboração. Àos colegas do Hospital Dr. Marcello Cândia, em especial, ao Geraldo e Gilbete. À maravilhosa equipe do Serviço de Controle da Hanseníase da Policlínica Oswaldo Cruz. Ao Dr. Adalberto Rezende e Dra. Maria Eugênia Novinski da Fiocruz – RJ. As Irmãs Lina e Inês das Obras Sociais Santa Marcelina de Porto Velho Rondônia. As Irmãs Cláudia, Otília e Maura do Hospital Dr. Marcello Cândia. Aos colegas Denise Rezende e Roger Asevedo dos Santos Universidade Federal de Rondônia. da A Dra. Maria Manuela da Fonseca Moura da Universidade Federal de Rondônia. A Dra. Ana Escobar da Universidade Federal de Rondônia. Ao Dr Mauro Tada, do Centro de Pesquisas de Rondônia. A Marta de Lúcia Silva, amiga e bibliotecária do TRE-RO. A todos os professores do mestrado em Biologia Experimental Universidade Federal de Rondônia. da A todos os colegas do mestrado em Biologia Experimental da Universidade Federal de Rondônia. LISTA DA ABREVIATURAS BB – Borderline Borderline BL – Borderline Lepromatoso BT – Borderline Tuberculóide CLO - Clofazimina DDS - Dapsona GIF – Grau de Incapacidade Física LL – Lepromatoso MB – Multibacilar M.leprae – Mycobacterium leprae MH – Moléstia de Hansen MHD – Moléstia de Hansen Dimorfa MHI – Moléstia de Hansen Indeterminada MHT – Moléstia de Hansen Tuberculóide MS – Ministério da Saúde MHV – Moléstia de Hansen Virchoviana OMS – Organização Mundial da Saúde PAC – Programa de Aceleração do Crescimento PB – Paucibacilar POC – Policlínica Oswaldo Cruz PQT – Poliquimioterapia RMP - Rifampicina RO – Rondônia ROM – Rifampicina + Ofloxacino + Minociclina TT – Tuberculóide LISTA DOS GRÁFICOS E FIGURAS Figura 1 – Localização dos 10 primeiros clusters de hanseníase no Brasil. Gráfico 1 – Evolução dos coeficientes de prevalência e de detecção no Brasil, no período de 1994-2007. Gráfico 2 - Série histórica da taxa de prevalência e detecção de hanseníase em Rondônia, 1990 – 2007. Gráfico 3 – Efeitos adversos apresentados. Gráfico 4 –Distribuição de acordo com o sexo. Gráfico 5 - Distribuição de acordo com a cor. Gráfico 6 - Distribuição de acordo com a faixa etária. Gráfico 7 - Distribuição de acordo com a baciloscopia. Gráfico 8- Distribuição de acordo com a forma clínica. Gráfico 9 - Distribuição de acordo com o esquema terapêutico. Gráfico 10 - Distribuição de acordo com o GIF. Gráfico 11 – Distribuição de acordo com presença neurite, reação tipo 1 e 2 no diagnóstico. Gráfico 12 - .Distribuição de acordo com o desfecho. . LISTA DAS TABELAS Tabela 1 – Países que ainda não tinham alcanádo a meta de eliminação no início de 2004. Tabela 2 - Brasil – prevalência e detecção de hanseníase, 2007, por região. Tabela 3 – Casos novos e coeficiente de detecção de casos novos de hanseníase na faixa etária < 15 anos, segundo as regiões geográficas. Brasil: dezembro de 2005. Tabela 4: - Grau de incapacidade física, classificação operacional dos casos novos de Rondônia, Porto Velho e POC. Tabela 5: Caracterização dos casos novos da POC 2006/2007 e dos que apresentaram efeitos adversos à PQT. Tabela 6– Esquemas alternativos adotados nos casos que apresentaram efeitos indesejáveis à PQT. Tabela 7 – Presença de outras patologias associadas nos pacientes que apresentaram efeitos adversos a PQT em 2006/2007 Tabela 8 - Casos novos da POC em 2006/2007 – distribuição de acordo com a saída RESUMO TÍTULO: Efeitos adversos a poliquimioterapia anti-hansênica nos casos novos da Policlínica Oswaldo Cruz - Porto Velho – Rondônia, no período de 2006/2007. Introdução: Apesar da disponibilidade de drogas eficazes no combate a hanseníase, observa-se um número significativo de irregularidade e ou abandono no tratamento, o que coloca em risco o controle e a eliminação da hanseníase. Uma das causas citadas é o efeito colateral das medicações e o período relativamente longo requerido para o tratamento (6 meses a 12 meses). Objetivo: Averiguar se há correlação entre a ocorrência de efeitos adversos a PQT e abandono do tratamento nos pacientes atendidos na Policlínica Oswaldo Cruz (POC) no período de 2006 a 2007. Descrever a coorte de pacientes recém diagnosticados de hanseníase em relação as características clínico epidemiológicas, efeitos adversos à PQT, mudanças do esquema PQT e desfecho do caso. Metodologia: Descritivo e retrospectivo para avaliação dos casos novos incluídos nos registros clínicos do Serviço de Controle da Hanseníase da POC, cidade de Porto Velho, Estado de Rondônia, região Norte do Brasil, no período de 2006 e 2007. Critérios de inclusão: pacientes que apresentaram sintomas adversos à PQT anti-hansênicas e que entraram no registro ativo do serviço de controle de hanseníase da POC, como caso novo nos anos de 2006 e 2007. Critério de exclusão: pacientes que entraram no registro ativo do serviço de controle de hanseníase da POC que vieram transferidos de outras unidades e, os pacientes que pediram transferência logo no início de PQT/MB. Coleta de dados: consulta aos registros clínicos dos pacientes, anotando em planilha Excel-2003, o número do prontuário, nome, data nascimento, sexo, ocupação, peso, baciloscopia, forma clínica, esquema terapêutico, início do tratamento, grau de incapacidade inicial, data do presença de neurite no diagnóstico, reação tipo 1 no diagnóstico, reação tipo 2 no diagnóstico, prescrição de prednisona junto com a 1ª. dose de PQT, prescrição e talidomida na 1ª. dose de PQT, presença ou queixas de sintomas adversos à PQT, Resultados: Dos 50 pacientes entre 207 casos novos, 24,1% (IC95%,18,530,6), apresentaram efeitos adversos, com 40 (80%; IC95% 66,3-90,0) casos de mudança do esquema terapêutico. Dapsona foi a causadora da maioria desses efeitos. O sexo feminino mostrou-se mais susceptível a efeitos adversos a poliquimioterápicos (X21 = 9,427, p = 0,0021). Seis casos com efeitos adversos abandonaram o tratamento contra três casos que não apresentaram efeitos adversos (X23 = 13,17, p = 0,004). Conclusão: Uma parcela importante dos pacientes (24,1%) em uso da PQT tem risco de padecer dos efeitos adversos das drogas componentes do esquema. A ocorrência de efeitos adversos a PQT favorece o abandono do tratamento. A Dapsona foi, de longe, a droga que mais causou efeitos adversos (96%). A maioria dos efeitos adversos são detectáveis do 1º para o 3º..mês de tratamento, sinalizando que a equipe de saúde deverá estar atenta para detecção desses casos, principalmente, nos primeiros meses do tratamento. Palavras chaves: hanseníase – poliquimioterapia – efeitos adversos ABSTRACT TITLE: Adverse effects of the multi-drug therapy (MDT) against Hansen's disease in the new cases of the Policlínica Oswaldo Cruz - Porto Velho Rondônia, in the period of 2006/2007. Introduction: In spite of the availability of effective drugs in the combat against Hansen’s disease, a significant number of irregularity is observed and or abandonment of the treatment, what puts at risk the control and the elimination of the Hansen’s disease. One of the mentioned causes is the side effect of the medications and the period relatively long requested for the treatment (6 to 12 months). Objective: Find out if there is correlation between the occurrence of adverse effects to MDT and abandonment of the treatment in the patients assisted at the Policlínica Oswaldo Cruz (POC) in the period from 2006 to 2007. Describe the recently diagnosed of Hansen’s disease patients' cohort concerning to the epidemic clinical characteristics, adverse effects to MDT, changes of the outline MDT and ending of the case. Methodology: Descriptive and retrospective for evaluation of the new cases included in the clinical registrations of the Hansen’s disease POC Service of Control, city of Porto Velho, State of Rondônia, North region of Brazil, in the period of 2006 and 2007. Inclusion criteria: patient that presented adverse symptoms to the MDT antiHansen’s disease and who entered in the active registration of the service of control of Hansen’s disease of POC, as a new case in the years of 2006 and 2007. Exclusion criteria: patient that entered in the active registration of the service of control of Hansen’s disease of POC who had been transferred from other units and, the patients who had asked to be transferred as soon as they began PQT/MB. Data collection process: consultation to the patients' clinical records , writing down in spreadsheet Excel-2003, the number of the handbook, name, dates birth, sex, occupation, weight, baciloscopia, clinical forms, therapeutic outline, dates from the beginning of the treatment, degree of initial incapacity, neuritis presence in the diagnosis, reaction type 1 in the diagnosis, reaction type 2 in the diagnosis, prednisona prescription with 1st. dose of MDT, prescription and talidomida in the 1st. dose of MDT, presence or complaints of adverse symptoms to MDT, Results: Of the 50 patients among 207 new cases, 24,1% (IC95%,18,5-30,6), presented adverse effects, with 40 (80%; IC95% 66,3-90,0) cases of change of the therapeutic outline. Dapsona was the cause of most of those effects. Women proved to be more susceptible to adverse effects to poly-chemotherapy medicines (X21 = 9,427, p = 0,0021). Six cases with adverse effects abandoned the treatment against three cases which didn't present adverse effects (X23 = 13,17, p = 0,004). Conclusion: An important portion of the patients (24,1%) in use of MDT runs risks of suffering of the adverse effects of the component drugs of the outline. The occurrence of adverse effects to MDT favors the abandonment of the treatment. Dapsona was, by far, the drug that caused most of the adverse effects (96%). Most of the adverse effects is detected from the 1st to the 3rd.. month of treatment, signaling for the team of health to be attentive for detection of those cases, mainly, in the first months of the treatment. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 1 1.1 Epidemiologia ................................................................................. 1 1.1.1 A hanseníase no contexto mundial ................................... 1 1.1.2 Hanseníase no Brasil ......................................................... 6 1.1.3 Hanseníase em Rondônia .................................................. 9 1.2 O agente etiológico: Mycobacterium leprae .............................. 11 1.3 Transmissão ................................................................................ 12 1.4 Aspectos imunológicos da hanseníase .................................... 13 1.5 Classificação .............................................................................. 13 1.6 Reações hansênicas ................................................................... 14 1.7 Diagnóstico da hanseníase ........................................................ 16 1.8 Tratamento específico da hanseníase ...................................... 16 1.9 Efeitos adversos de medicações anti-hansênicas ................... 19 1.10 Hanseníase na era pós genômica ........................................ 28 2. JUSTIFICATIVA ................................................................................ 30 3. OBJETIVO GERAL ............................................................................. 31 3.1 Objetivos específicos ............................................................... 31 4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................... 32 4.1 Delineamento do estudo ............................................................ 32 4.2 Critérios de inclusão ................................................................ 32 4.3 Critérios de exclusão ................................................................. 32 4.4 Coleta de dados ....................................................................... 32 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................... 34 5.1 Geral ....................................................................................... 34 5.2 Freqüência de efeitos adversos ........................................... 36 5.3 Sexo 5.4 Cor ..................................................................................... 40 ......................................................................................... 41 5.5 Ocupação ............................................................................... 41 5.6 Faixa etária ............................................................................... 42 5.7 Baciloscopia ............................................................................ 42 5.8 Forma clínica ............................................................................. 43 5.9 Esquema terapêutico .............................................................. 44 5.10 Grau de Incapacidade Física .............................................. 45 5.11 Reações hansênicas e/ou neurite no início do tratamento 46 5.12 Quanto a mudança de esquema terapêutico .................... 48 5.13 Outras patologias associadas ............................................ 49 5.14 Tempo ................................................................................... 49 5.15 Quanto às saídas dos casos .............................................. 50 CONCLUSÕES .................................................................................. 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................ 54 ANEXOS ............................................................................................. 65 1 – INTRODUÇÃO A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa de evolução crônica que tem afetado a humanidade desde a antiguidade. O agente etiológico é o Mycobacterium leprae (M. leprae), que apresenta tropismo pela pele e nervos periféricos, podendo causar deformidades e incapacidades. A hanseníase tem afligido a humanidade desde tempos imemoriais. Esteve presente em todos os continentes e deixou atrás de si uma terrível imagem na história e na memória da humanidade – de mutilação, rejeição e exclusão da sociedade. Essa doença era bem conhecida das antigas civilizações da China, Egito e Índia (YAWALKAR, 1994), sendo difícil calcular o número de pessoas que padeceram deste mal através dos tempos. Desde a antiguidade a hanseníase tem sido considerada uma doença mutilante e incurável. Esses aspectos levaram a uma intensa reação da comunidade, fazendo-a temer mais as pessoas acometidas pela doença do que a doença propriamente (OMS, 1995). 1.1. Epidemiologia 1.1.1. A hanseníase no contexto mundial Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), houve realizações significativas na redução da carga global da hanseníase nas últimas duas décadas que resultaram em dois eventos importantes na história da luta contra a hanseníase. O primeiro evento ocorreu em 1981, quando o Grupo de Estudos sobre Quimioterapia da Hanseníase da OMS recomendou o uso de Poliquimioterapia (PQT) como tratamento padrão para a hanseníase. O êxito da PQT levou ao segundo evento, em 1991, quando a 44ª Assembléia Mundial da Saúde aprovou a resolução WHA 44.9 declarando seu compromisso com a eliminação da hanseníase como problema de saúde pública até o fim de 2000, isto é, alcançar uma prevalência inferior a um caso em cada 10.000 habitantes. Infelizmente essa meta não foi atingida por alguns países, entre eles o Brasil. Os principais eventos nesse período foram (OMS, 2005): Entre 1985 e o início de 2005, mais de 14 milhões de casos de hanseníase foram diagnosticados e completaram um curso de PQT, com muito poucas notificações de recidiva. O número de países que notificaram coeficientes de prevalência acima de um em cada 10.000 habitantes foi reduzido de 122 em 1985 para nove no início de 2004. Nas duas últimas décadas, a carga global de casos diminuiu em quase 90%. No início de 2004, apenas 460.000 pacientes, aproximadamente, estavam registrados para tratamento, sendo que, durante o ano de 2003, aproximadamente 500.000 novos casos foram detectados em nível global. Houve um aumento considerável na cobertura dos serviços de hanseníase em áreas remotas e junto a populações marginalizadas. A partir de 1995, os medicamentos necessários para a PQT têm sido disponibilizados gratuitamente, em todos os países endêmicos, através da OMS. Há maior conscientização e compromisso político em todos os países endêmicos. Há maior aceitação da idéia de integrar os serviços de controle da hanseníase aos serviços gerais de atenção à saúde, o que está sendo implementado como política na maioria dos países. Uma diminuição anual, em torno de 4%, na detecção de casos novos, a nível mundial. Atualmente a OMS coletam regularmente dados sobre a prevalência registrada e a detecção de novos casos nas diferentes regiões e países. Sabese que esses dados são afetados por diversos fatores operacionais como mudanças na metodologia de detecção, tratamento e registro de casos. A Tabela 1 apresenta a prevalência da hanseníase no início de 2004 e a detecção de casos durante 2003 para os nove países onde a prevalência de casos de hanseníase registrados para tratamento ainda está acima da meta de eliminação de um caso em cada 10.000 habitantes. Juntos, esses países representam aproximadamente 88% dos novos casos detectados durante o ano de 2003, e 84% dos casos registrados no início de 2004. Nessa relação, encontra-se o Brasil. Tabela 1 - Países que ainda não tinham alcançado a meta de eliminação no início de 2004. No.de casos registrados No.de casos detectados País no início de 2004 durante 2003 (coeficiente /10.000) (coeficiente/100.000) Angola 3.776 (2,8) 2.933 (22,1) Brasil 79.908 (4,6) 49.206 (28,6) 952 (2,6) 542 (14,7) 6.891 (1,3) 7.165 (13,5) 265.781 (2,4) 367.143 (34,0) Madagascar 5.514 (3,4) 5.104 (31,1) Moçambique 6.810 (3,4) 5.907 (29,4) Nepal 7.549 (3,1) 8.046 (32,9) Rep. Unida da Tanzânia 5.420 (1,6) 5.279 (15,4) 382.601 451.325 Rep. Central Africana Rep.Dem. do Congo Índia Total Fonte: OMS Em 2006, a Índia oficialmente, comunicou que ao final daquele ano atingiria a prevalência de menos de um caso para 10.000 habitantes (0,75/10.000 habitantes), passando o Brasil a liderar como o país de maior prevalência no mundo. O número de casos novos detectados, mundialmente, durante 2007 foi de 254.525, houve uma redução de cerca de 4% em relação a 2006. No início de 2008, apenas três países ainda não tinham atingido a meta de eliminação: Brasil, Nepal e Timor Leste. A prevalência global no início de 2008 foi de 212.802. Em número absoluto, a Índia continua sendo o país com maior número de casos de hanseníase detectados anualmente, seguido pelo Brasil. A campanha da OMS para eliminação mundial da hanseníase tem sofrido críticas quanto a sua proposta devido a: O parâmetro adotado foi o coeficiente de prevalência e não o de detecção, por exemplo. A prevalência, por definição, é o numero de doentes existentes em determinada área e tempo. No caso da hanseníase, que é uma doença crônica e com tipos diferentes de esquema terapêutico: PQT/PB com duração de seis meses, PQT/MB com duração de 12 meses, ROM/dose única para PB/Lesão Única que é somente uma única dose e o doente é considerado curado (tem serviços de saúde que não chegam a registrar esses casos). Se, por exemplo, for tomada a prevalência de 31 de dezembro, os casos PB que foram diagnosticados e tratados no início do ano, não serão incluídos. É importante ressaltar que a prevalência sofre muitas variações conforme enfoque operacional adotado (FINE, LOCKWOOD; MARTELLI & COLS, 2006). Em algumas regiões o coeficiente de detecção é maior que a prevalência. Com o objetivo de alcançar a meta de eliminação estabelecida, foi simplificada ao extremo, a classificação da hanseníase, massificando o diagnóstico e o tratamento de uma doença complexa. Houve também alterações dos critérios de inclusão e exclusão dos casos no registro ativo de hanseníase, prejudicando em muito uma avaliação epidemiológica criteriosa (FINE, 2007: LOCKWOOD & SUNEETHA, 2005). O lançamento da campanha, sem o conhecimento total da história natural da doença, vem mostrando que a grande diminuição da prevalência não é acompanhada pela diminuição da detecção e transmissão da hanseníase, de imediato, como era esperado. Atualmente, um dos desafios da hanseníase é encontrar uma explicação para a baixa significativa da prevalência, a nível mundial e nacional, mas não da detecção que, em alguns locais, até aumentou mas, em outros, diminuiu mesmo antes da implantação do programa. Atribui-se à melhora e aumento das unidades de saúde nas situações de aumento da detecção e, a melhora das condições sócio-econômicas no caso de diminuição espontânea da detecção. Outro fator seria que os portadores sadios do M. Leprae tem importância na cadeia epidemiológica, uma vez que a hanseníase é uma doença crônica ou, persistência de reservatórios da doença e, novos casos de resistência às drogas utilizadas no tratamento (MEIMA et al., 2004). As causas prováveis para persistência da alta detecção são o longo período de incubação da doença ou a manutenção de fontes de infecção e a baixa efetividade dos programas de controle (MEIMA et al., 2004; LOCKWOOD & SUNEETHA, 2005), ficando ainda várias lacunas a serem preenchidas e comprovadas (FINE, 2007) Desde o lançamento da campanha de eliminação, houve treinamento massivo de mão de obra específica (trabalhadores da saúde) e voluntários leigos, muita divulgação, incentivos a pesquisa nos meios acadêmicos, e atualmente, existe o temor de desmobilizações dos técnicos e da comunidade acadêmica pelo fato de ser oficialmente eliminada, a hanseníase volte a recrudescer mundialmente (LOCKWOOD & SUNEETHA, 2005; TALHARI, 2004.). A OMS tem enfoque em populações (epidemiológico) e tem encarado a hanseníase como uma simples doença infecciosa, porém, a hanseníase é uma afecção que tem muita transcendência devido a conseqüência da neuropatia periférica característica, que pode afetar o indivíduo mesmo depois da alta “curado”. Existem quimioterápicos eficazes capazes de matar o M. Leprae, porém não destrói a sua capacidade antigênica que persiste por muito tempo (meses a anos) depois de sua morte (restos bacilares). Entidades, focadas no indivíduo, tem demonstrado muita preocupação com a possibilidade de desmobilização de governos e técnicos de áreas onde a hanseníase era problema, pois visualizam o risco de multidões de seqüelados. Para os especialistas, a hanseníase e as incapacidades a ela associadas não desaparecerão, persistindo ainda por muito tempo (FINE, 2007), como também foi reconhecido na Estratégia Global p/ 2006-2010 da OMS. Apesar de ter conseguido notável mobilização a nível mundial, da comunidade científica, leiga, das organizações não governamentais (ONGs), dos governos, dos trabalhadores da saúde, etc., houve grande redução da carga bacilar, mas, por não alcançar a meta em 2000, e depois, em 2005, há o risco de desmobilização da sociedade científica e leiga, além da perda de recursos financeiros governamentais e não governamentais através de fundações particulares como aconteceu com a Fundação de Bill Gates (LOCKWOOD & SUNEETHA, 2005). Lamenta-se que uma importante revista, especializada em hanseníase, nos últimos 70 anos, o “International Journal of Leprosy”, publicou o seu último número em março de 2005 (FINE, 2007). 1.1.2. A Hanseníase no Brasil O Brasil registrou no final de 2005 um coeficiente de prevalência de hanseníase de 1,48 casos/10.000 habitantes (27.313 casos em curso de tratamento em dezembro de 2005) e um coeficiente de detecção de casos novos de 2,09/10.000 habitantes (38.410 casos novos em dezembro de 2005). Apesar da redução na taxa de prevalência observada no período compreendido entre 1985 e 2005 de 19 para 1,48 doentes em cada 10.000 habitantes (Tabela 2), a hanseníase ainda constitui um problema de saúde pública no Brasil, o que exige um plano de aceleração e de intensificação das ações de eliminação e de vigilância resolutiva e contínua nas áreas com maior concentração de casos (clusters). Os níveis de magnitude da doença, segundo as regiões geográficas, demonstram a necessidade de se dar continuidade à execução de atividades que impactem a transmissão da doença, de modo a atingir taxas inferiores a um caso/10.000 habitantes em cada município. Tabela 2: Brasil - prevalência e detecção da hanseníase 2007, por região (por 10.000 habitantes) REGIÃO PREVALÊNCIA PARÂMETRO DETEÇÃO PARÂMETRO NORTE 5,21 Alto 5,45 Hiperendêmico NORDESTE 3,16 Médio 3,22 Muito alto SUDESTE 0,89 Baixo 0,99 Médio SUL 0,53 Baixo 0,64 Médio CETRO-OESTE 6,23 Alto 4,77 Hiperendêmico BRASIL 2,19 Médio 2,11 Muito alto Fonte: SINAN/DATASUS/MS. Os dados de 2005 revelam a necessidade de focalizar e agilizar o diagnóstico de hanseníase em menores de 15 anos que podem ser os contactantes de casos ainda não assistidos e não-identificados pelo sistema de saúde, portanto, essa é uma ação da maior significância para as estratégias subseqüentes. Atualmente, o Ministério da Saúde (MS) tem dado como prioridade, para o controle de hanseníase no Brasil, o monitoramento com rigor da detecção em menores de 15 anos, por indicar focos de infecção ativos e transmissão recente. O Brasil ainda apresenta uma alta magnitude da endemia de hanseníase em menores de 15 anos, com um coeficiente de detecção de 0,6 em cada 10.000 habitantes. Embora o maior número absoluto de crianças detectadas com hanseníase tenha sido na Região Nordeste, o maior coeficiente de detecção em menores de 15 anos foi na Região Norte, com 1,62 casos em cada 10.000 habitantes, demonstrando a manutenção da endemia naquela região. Norteado pela distribuição geo-espacial de aglomerados (clusters) de casos de hanseníase, o MS vem direcionando ações para essas regiões, pois os 10 clusters abrangem 1.024 municípios, com taxa de detecção média de 97/100.000 habitantes, 60% dos casos em menores de 15 anos, 50,8% do total de casos e 15,4% da população brasileira (PENNA, 2006). Ver figura 1. Figura 1: Localização dos 10 primeiros clusters de hanseníase no Brasil Estimados com base na estatística scan espacial para os casos novos detectados por municípios de 2005 a 2007 e a população no mesmo período 10 clusters 1.173 municípios 53,5% dos casos novos 17,5% da população Penna, MLF/MS,2008 Na inexistência de uma vacina eficaz, o controle da hanseníase é baseado no diagnóstico precoce de casos, seu tratamento e cura, visando eliminar fontes de infecção e evitar seqüelas. A detecção de casos novos de hanseníase, em menores de 15 anos, foi adotada como principal indicador de monitoramento da endemia, com meta de redução estabelecida em 10%, até 2011 e está inserida no Programa Mais Saúde: Direitos de Todos – 2008-2011 / Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Outro indicador útil para avaliar a prevalência oculta e a eficiência dos serviços de saúde é o percentual grau de incapacidade física (GIF) 1 e 2 entre os casos novos e o percentual de casos novos com GIF avaliados. O GIF está relacionado com o tempo de doença (MS, 2008). Parâmetros: Percentual de grau 2 de GIF entre os casos novos: > 10,0% - alto; 5,0 a 9,9% - médio e < 5,0% - baixo. Percentual de GIF avaliados entre os casos novos > 90% - bom; entre 75 a 89,9% - regular e, < 75% - precário. A Hanseníase apresenta tendência de estabilização dos coeficientes de detecção no Brasil, mas ainda em patamares muito altos nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste. Essas regiões concentram 53,5% dos casos detectados em apenas 17,5% da população brasileira. 1.1.3. Hanseníase em Rondônia. Em Rondônia, houve uma intensa mobilização dos serviços de controle da hanseníase, envolvendo os gerentes municipais, trabalhadores da saúde e sociedade a partir da década de 90, incentivado pelo Ministério da Saúde e com apoio logístico de uma ONG. Houve treinamento e implantação de atividades de suspeição, diagnóstico e tratamento de hanseníase em todos os municípios, além da organização dos registros de hanseníase. Como aconteceu em todo o país, o gráfico da série histórica (gráfico 2), mostra a alta prevalência no início da década de 90 com uma diminuição rápida até a década seguinte e depois vem se mantendo estável e, em nível semelhante ao da taxa de detecção. Rondônia tem se mostrado uma região hiperendêmica, na detecção de casos novos, ao longo dos anos. Taxa de Prevalência e Detecção de Hanseníase - Rondônia - 1990 a 2007 Taxa / 10.000hab. 50 40 30 20 10 0 90 91 92 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 4,2 5,8 8,3 10,1 9,8 10,3 13,4 11,0 8,8 9,4 8,3 7,1 8,0 9,4 9,4 8,3 8,3 7,4 Prevalência 25,2 39,4 39,0 35,6 30,0 21,8 19,4 14,0 12,1 12,2 11,4 11,1 9,0 8,8 8,8 8,0 8,6 8,1 Detecção 93 94 95 96 97 Deteção: parâmetro OMS > 4/10.000hab. Hiperendêmico Prevalência: parâmetro OMS 20,0 --| 10,0/10.000hab. Muito alto FONTE: CECH/AGEVISA/SESAU/RO FONTE: SINAN/AGEVISA-RO Gráfico 2 – Série histórica da taxa de prevalência e detecção de hanseníase em Rondônia, 1990 – 2007 De acordo com o estudo de aglomerados de casos de hanseníase do Ministério da Saúde, Rondônia faz parte do cluster três. Em 2008, o coeficiente de detecção em menores de 15 anos foi de 18,62/100.000, e o de detecção geral foi de 72,64/100.000 habitantes, considerado também, hiperendêmico (MS, 2009). 1.2. O agente etiológico: Mycobacterium leprae Desde a antiguidade é observado a agregação familial de casos de hanseníase e, baseado nesse fato, acreditava-se que a doença era hereditária até 1874, quando Gehardt Amauer Hansen, demonstrou que o causador da doença era um microorganismo. Foi a primeira bactéria relacionada a uma doença humana. É um bastonete reto ou ligeiramente encurvado de 2 a 8 µ de comprimento, Gram positivo. Nos tecidos humanos, podem apresentar-se isolados, mas, quando muito numerosos, têm a tendência de dispor-se em feixes paralelos ou a formar grandes aglomerações denominadas globias (OPROMOLLA & BAPTISTA, 2000). O M. leprae ou bacilo de Hansen é parasita intracelular obrigatório (pertence à ordem Actinomycetales e à família Mycobacteriaceae e ao gênero Mycobacterium), predominante em macrófagos onde pode ser observado formando aglomerados ou globias, em arranjos paralelos que lembram um maço de cigarros. Reproduz pelo processo de divisão binária, é gram positivo e álcool-ácido resistente quando submetido à coloração de Ziehl Neelsen, na qual se apresentam, a maioria deles, corados de forma irregular ou granular. As formas granulares são consideradas bacilos em degeneração, ou seja, bacilos mortos. Até a presente data, o bacilo de Hansen não é cultivável in vitro, porém pode ser cultivado in vivo em tatus de nove bandas, Dasypus novecintus, e em camundongos (muito trabalhoso e oneroso). O tempo de geração do bacilo é lento, sendo aproximadamente de 11 a 13 dias, durante a fase logarítmica de multiplicação bacilar em coxim plantar de camundongos imunocompetentes, porém em 1971, Rees relatou que em camundongos imunodeficientes o tempo de geração era o mesmo (MADEIRA, 2000). A localização das lesões hansênicas no corpo dos pacientes (pele, mucosa nasal e nervos periféricos) sugere que o bacilo tenha preferência por temperatura menor que 37 º.C. Fora do organismo humano, em fragmentos de biópsias ou suspensão, o bacilo pode manter-se viável por até 10 dias. Temperatura de tradicionais meios de esterilização como autoclavação e pasteurização são eficientes para matar o bacilo de Hansen. Em secreção nasal, o bacilo pode sobreviver até sete dias à temperatura de 20,6 ºC e umidade de 43,7%, porém com o aumento da temperatura e umidade, a viabilidade tende a diminuir. (MADEIRA, 2000). Embora o homem seja considerado o principal reservatório, há evidência de que o chipanzé (Pan troglodites), o macaco mangabei (Dercocebus torquatus atys) e o tatu de nove bandas (Dasypus novemcinctus) também possam ser considerados prováveis reservatórios, tendo sido observado, nestas três espécies de animais, hanseníase naturalmente adquirida (WALSH, 1981). Fine, considera que nos Estados Unidos, nos estados de Lousiana e Texas, a hanseníase pode ser considerado uma zoonose associado com tatu de nove bandas. 1.3. Transmissão A hanseníase é transmitida, principalmente, através do contato íntimo e prolongado com pacientes das formas multibacilares (virchoviana e/ou dimorfa) não tratados. Acredita-se que a principal via de entrada da bactéria no organismo seja o trato respiratório superior, que também seria a principal via de eliminação da bactéria (BARTON, 1974; GREEN e cols., 1983). As portas alternativas de infecção são a pele ou as mucosas, desde que haja uma solução de continuidade (erosão, fissura, etc.). Após a invasão do organismo, os bacilos se dirigem para os gânglios linfáticos, e nos casos e que o organismo não consegue destruir os bacilos, eles poderão passar para a corrente sanguínea e daí disseminar para a pele, nervos e/ou vísceras. O aparecimento da sintomatologia clínica leva normalmente, em média, 2 a 5 anos depois da infecção (HASTINGS, 1985), dependendo da resposta imune do paciente. 1.4. Aspectos imunológicos da hanseníase Menos de 10% dos contatos domiciliares de pacientes com as formas multibacilares da hanseníase ou pessoas que vivem em locais de alta endemicidade desenvolve a doença, ou seja, 90% ou mais das pessoas são capazes de desenvolver uma forte e/ou eficiente resposta imune contra o M. leprae (GODAL & NEGASSI, 1993). O curso evolutivo, após a infecção pelo M. leprae, é determinado pela resposta imune do hospedeiro. A ativação da via celular está presente nos indivíduos expostos sem manifestações clínicas e naqueles que apresentam a doença de forma localizada, com poucas e bem definidas lesões de pele, com tendência à cura espontânea e persistência de pouco ou nenhum bacilo nas lesões (pólo tuberculóide). Por outro lado, em alguns indivíduos há um defeito, específico para M. leprae, na imunidade mediada por células, com depressão da atividade macrofágica, e conseqüente evolução da doença de forma sistêmica, lesões disseminadas e de alta carga bacilar, constituindo-se no pólo virchoviano (MODLIN et al, 1988; BRITTON et al, 1993; FOSS, 1997; SAMPAIO E SARNO, 1998). As diferentes respostas do ponto de vista imunológico do hospedeiro, à presença do bacilo são definidas por suas características genéticas. Nos indivíduos nos quais predomina o padrão de antígenos HLA do fenótipo HLADR2 e HLA-DR3, a doença desenvolve-se para o pólo tuberculóide, enquanto nos virchovianos polares, o fenótipo HLA-DQ1 é responsável pela susceptibilidade à disseminação da doença, assim como nos dimorfos virchovianos (FOSS, 1997; SILVA, AS & cols., 2009). 1.5. Classificação O primeiro conceito de polaridade na hanseníase foi proposto por Rabello em 1937. A partir da forma indeterminada (I), os pacientes sem tratamento, evoluiriam para uma das formas polares, sendo tuberculóide (T) quando tinham uma boa imunidade celular ou virchoviana (V) se não tinham nenhuma imunidade celular, dependendo do seu perfil imunológico. Em 1953, foi estabelecida a classificação de Madri, que dividia a hanseníase em 2 grupos instáveis o Indeterminado (I) e o Borderline (B) ou Dimorfo (D), e dois tipos estáveis, o Tuberculóide (T) e o Lepromatoso (L) ou Virchoviano (V). Houve críticas porque não reconheciam uma forma máculo anestésica e a neurítica pura. clínicos e bacteriológicos. Essa classificação era baseada em critérios Em 1966, Ridley e Jopling, propuseram uma classificação espectral, baseada em critérios imunológicos, bacteriológicos e histopatológicos. Eles consideraram as formas clínicas como um espectro em que as extremidades eram constituídos pelos pólos tuberculóide (TT) e lepromatoso (LL) e a região intermediária, de borderline que foi subdividido em borderline tuberculóide (BT), borderline borderline (BB) e borderline lepromatoso (BL). Nesta classificação não foram consideradas as formas indeterminadas, reacionais e as neuríticas puras (OPROMOLLA, 2000). Admite-se que todas as formas clínicas mencionadas, polares ou não, originam-se a partir da hanseníase indeterminada (HI ou MHI) (TALHARI, 1996). Para fins operacionais, com a introdução da poliquimioterapia (PQT), a OMS em 1988, simplificou a classificação da hanseníase em: paucibacilares (PB) que incluiu os casos de hanseníase indeterminada, tuberculóide e BT com baciloscopia negativa; e, multibacilares (MB) os casos de hanseníase BB, BL e LL. A forma neurítica pura com lesão de um só tronco nervoso foi considerado como PB e com dois troncos ou mais como MB. 1.6. Reações hansênicas Outro aspecto da hanseníase é a ocorrência de reações hansênicas, que são episódios inflamatórios de agudização no curso crônico da doença, mediado pela instabilidade imunológica do hospedeiro. Reações hansênicas são observadas no momento do diagnóstico da doença, durante o tratamento específico e, também, após a alta do tratamento. Estudos têm demonstrado que, durante esses episódios, há maior risco da ocorrência de neurite periférica que tem grande potencial incapacitante. As reações hansênicas são classificadas em Reação Tipo I ou Reação Reversa (RR) e Reação Tipo II ou Eritema Nodoso Hansênico (ENH). A Reação Tipo I é observado em HT e HD, mediado por resposta imune células (resposta Th 1), clinicamente, caracteriza-se por: Infiltração, alterações de cor e edema nas lesões antigas; Surgimento de novas lesões dermatológicas (manchas ou placas); Comprometimento de nervos periféricos (neurite), com ou sem lesões cutâneas agudas; Tratamento: corticosteróides em doses imunossupressoras. A Reação Tipo II ou ENH ocorre em HD e HV, mediado por resposta imune humoral (resposta Th 2), caracterizada por: Apresentar nódulos subcutâneos dolorosos, acompanhados geralmente de febre; Dores articulares e mal-estar generalizado; Irite ou iridociclite; Orquiepididimite; Mãos e pés reacionais; Glomerulonefrite; Comprometimento de nervos periféricos (neurite). Tratamento: talidomida e/ou corticosteróides. Marcadores preditivos de grupos de risco de reação têm importância na abordagem precoce e adequada, visando evitar incapacidades permanentes, e têm sido objetos de pesquisa (STEFANI, MMA e cols., 2003; GUERRA e cols., 2004; SMITH, S. e cols., 2009), mas, até o momento sem aplicação clínica. 1.7. Diagnóstico da hanseníase Segundo Comitê de Especialistas em Hanseníase da OMS (1997). É considerado um caso de hanseníase a pessoa que apresenta uma ou mais características listadas a seguir, com ou sem história epidemiológica, e que requer tratamento específico: Lesões ou áreas da pele, com alteração de sensibilidade; Acometimento neural com espessamento de nervo, acompanhado ou não de alteração de sensibilidade e/ou de força muscular; Baciloscopia positiva para Mycobacterium leprae. E completa o MS (2001): Num país endêmico como o Brasil, um indivíduo que apresenta lesão de pele com perda bem definida de sensibilidade deve ser considerado um caso de hanseníase. Cerca de 70% dos casos de hanseníase apresentam-se com lesões de pele e, o restante 30%, somente com acometimento neural e, ou infiltração difusa da pele sem alteração de sensibilidade patente em que a baciloscopia confirmaria o caso (OMS, 2002). Portanto, o diagnóstico da grande maioria dos casos de hanseníase é baseado exame clínico dos pacientes e, sempre que possível, é realizado baciloscopia de raspado dérmico no início do tratamento. Em alguns casos, são complementados com exame histopatológico. O teste de Mitsuda tem aplicação na avaliação da imunidade celular do portador de hanseníase, tem valor prognóstico. Os pacientes que apresentam resposta positiva ao teste apresentam imunidade celular contra a hanseníase e os negativos, ao contrário. A Mitsudina ou lepromina é uma suspensão preparada a partir de lesões de pacientes altamente bacilíferos, contendo M.leprae e componentes teciduais. Inocula-se intradermicamente 0,1 ml de lepromina e a leitura é realizada 4 semanas depois. O teste de Mitsuda há muito não é utilizado na rede pública, de rotina, devido à dificuldade de se conseguir a matéria prima e, também, por questões de biosegurança na sua manipulação com o advento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. 1.8. Tratamento específico da hanseníase O tratamento comprovadamente eficaz contra hanseníase só surgiu depois de 1940, com a introdução da dapsona e seus derivados. Que possibilitou o tratamento dos casos a nível ambulatorial. Porém, mesmo com a descoberta da dapsona, os casos lepromatosos eram tratados por toda a vida (OMS, 1995). As dificuldades do tratamento prolongado, gerando altas taxas de abandono; o surgimento de cepas de M. Leprae resistentes à dapsona e a persistência bacilar conduziram a procura e adoção de esquema combinado de drogas no tratamento da hanseníase. Os critérios para seleção das drogas foram a eficácia, toxicidade e aceitabilidade. A associação de drogas bacteriostáticas e bactericidas permite a administração de esquemas quimioterápicos de mais curta duração (GALLO, 1996). Em 1982, a OMS recomendou o tratamento com o esquema poliquimioterápico (PQT/OMS), que estabeleceu a alta por cura, uma vez concluído o esquema terapêutico. Para os pacientes MB as drogas eram rifampicina (600mg – única droga bactericida do esquema) e clofazimina (300 mg) administradas uma vez ao mês supervisionado nos serviços de saúde durante 24 meses ou até a negativação baciloscópica, acrescidos de uma dose de clofazimina 50 mg diário e dapsona 100 mg diário auto-administrada pelo paciente durante, também, 24 meses ou até a negativação baciloscópica. Para os casos PB preconizou-se 6 doses mensais de rifampicina 600 mg e doses diárias de dapsona por 6 meses (OMS, 1982). O esquema para MB foi inicialmente implantado por no mínimo dois anos e sempre que possível até a negativação baciloscópica. Vários trabalhos demonstraram que a limpeza bacilar após as 24 doses de terapêutica específica guardava relação com a imunologia e não com a quimioterapia (BECX-BLEUMINK, 1991; CUNHA, 1993; GANAPATI, 1994). Em 1993, a OMS recomenda a suspensão do tratamento baseado no critério de regularidade (ingestão das 24 doses em até 36 meses). A partir de 2004, o Ministério da Saúde vem recomendado 12 doses em até 18 meses, baseados em estudos que mostram diferenças não significativas se tratados com 12 ou 24 meses (M. S., 1998; JI, 1998) Até 1994, as taxas de recidivas foram menores que 0,1% por ano nos pacientes PB e menos de 0,06% nos pacientes MB (OMS, 1994). A prevalência global estimada reduziu em mais de 80% nos últimos dez anos. Estima-se que, se comparada com a monoterapia sulfônica, a PQT em 1995, preveniu entre 500 mil e1 milhão de casos de recidiva (OMS, 1995). No Brasil, o tratamento PQT atingiu a cobertura ideal (36% em 1987 para 99% em 1997). A eficácia do tratamento baseado no percentual de cura nos estudos de coorte em MB e PB foi de 62%, 72%, respectivamente (MS, 1998). A hanseníase PB de lesão única, isto é: somente uma lesão com alteração de sensibilidade, sem acometimento de nervo periférico, baciloscopia negativa, foi considerado como um grupo especial, abrangendo as formas TT, BT e I (JOB & cols.,) e foi realizado um estudo multicêntrico, na Índia, que instituía um esquema terapêutico em dose única: ROM (Rifampicina+Ofloxacino+Minociclina) em dose única para PB lesão única. Baseado no estudo indiano, a partir de 1997, o MS implantou nas Unidades de Referência um novo esquema terapêutico: Rifampicina, Ofloxacino e Minociclina em dose única para pacientes de hanseníase paucibacilares de lesão única. No Brasil, Martelli et al, desenvolveu estudo multicêntrico com o propósito de verificar o perfil clinico, imunológico, epidemiológico e histopatológico dos pacientes de hanseníase paucibacilar de lesão única (PB/LU), com três anos de seguimento. Este estudo mostrou que os pacientes PB/LU imunologicamente e eram compostos por grupos heterogênicos, histopatologicamente (COSTA, M .B. & cols., 2001; SOUZA, A. L. M. & cols., 2007; GOMES, M. K. & cols., 2008), e que uma parcela dos pacientes evoluíram com reações hansênicas, e sugeriu que este esquema continuasse liberado somente para as Unidades de Referência e não para rede básica em geral. 1.9. Efeitos adversos de medicações anti-hansênicas Rifampicina É um derivado da Rifamicina SV, que tem um efeito altamente bactericida contra o bacilo da hanseníase, inibindo a síntese protéica em todos os níveis, impedindo a formação do ARN mensageiro, ribossomal e de transporte, formando complexos com o ARN polimerase ADN dependente ao se ligarem a subunidade ß da enzima (ligação firme e irreversível) conduzindo à morte celular. Por seu mecanismo primário de ação, as rifocinas exercem ação inicialmente bacteriostática, mas devido a ligação irreversível com o ARN polimerase, todos os processos de síntese protéica, inclusive ADN (por bloquear a formação de nucleotídeos) ficam comprometidos, morrendo a célula pela não renovação de seus constituintes vitais (TAVARES, 1985). A rifampicina é metabolizada parcialmente, sofrendo desacetilação hepática por ação do citocromo P 450. Em pacientes com hepatopatias graves e alterações no fluxo biliar, a substância ativa e seu metabolismo, sofrem retenção no organismo levando a hepatotoxicidade. A rifampicina deve ser evitada nos pacientes com insuficiência hepática grave (ascite, icterícia). A droga não é cumulativa em pacientes com insuficiência renal, devendo ser utilizada nas doses e fracionamento normais. Interações medicamentosas: a rifampicina induz a produção hepática de enzimas que inativam diversas substâncias, entre os quais a metadona, hipoglicemiantes orais, corticosteróides, dapsona, anticoncepcionais orais, derivados digitálicos e anti-coagulantes orais. Efeitos Adversos: Cutâneos: rubor de face e pescoço, prurido e “rash” cutâneo generalizado; Gastrointestinais: diminuição do apetite e náuseas. Ocasionalmente, podem ocorrer vômitos, diarréias e dor abdominal leve, principalmente se o medicamento for ingerido em jejum; Hepáticos: mal-estar, perda de apetite, náuseas, podendo ocorrer também, icterícia. Há dois tipos de icterícias: a leve ou transitória e a grave, com danos hepáticos. Hematopoiéticos: púrpuras ou sangramentos anormais, como epistaxes. Poderão ocorrer, também, hemorragias gengivais e uterinas. Anemia hemolítica: tremores, febre, náuseas, cefaléia e, às vezes, choque, podendo também ocorrer icterícia leve. Raro. Síndrome Pseudogripal: febre, calafrios, astenia, mialgias, cefaléia e, ocasionalmente, dores ósseas. Pode também apresentar eosinofilia, nefrite intersticial, necrose tubular aguda, trombocitopenia, anemia hemolítica e choque. É raro, aparece a partir da 2ª. a 4ª. dose supervisionada, devido ä hipersensibilidade, quando a rifampicina é utilizado em dose intermitente. Clofazimina É um corante fenazínico com discreta ação bactericida. Inibe a multiplicação de microorganismo e tem importante ação anti- inflamatória. Age lentamente sobre o M. leprae, matando 99,95% das bactérias de um paciente bacilífero em cerca de 5 meses. Tem eficácia similar à sulfona. A clofazimina é utilizada como droga de primeira linha nos esquemas PQT/MB para pacientes MB. No tratamento de pacientes PB constitui-se uma droga de segunda linha, no caso de haver intolerância à dapsona. O mecanismo de ação é desconhecido. A clofazimina, pela sua ação antiinflamatória é útil no tratamento das reações hansênicas de difícil controle pela talidomida e/ou corticosteróides (OPROMOLLA, 2000; TALHARI, 1997). Efeitos Adversos: Cutâneos: ressecamento da pele, que pode evoluir para ictiose, alteração na coloração da pele, da urina, do suor e da secreção respiratória. Os efeitos da clofazimina ocorrem mais acentuadamente nas lesões hansênicas e regridem, lentamente, após a suspensão do medicamento, ocorre em praticamente todos os pacientes em tratamento. Hipersensibilidade lumínica. Gastrointestinais: diminuição da peristalse e dor abdominal, devido ao depósito de cristais de clofazimina nas submucosas e gânglios linfáticos intestinais, resultando na inflamação da porção terminal do intestino delgado. O medicamento deve ser interrompido e reiniciado após regressão completa do quadro clínico. Esses efeitos aparecem com maior freqüência na utilização de doses de 300mg/dia em períodos prolongados, superiores a 90 dias. Dapsona A dapsona (4,4'- diaminodifenil sulfona) é também conhecida como DDS, DADPS, diadifenilsulfona, sulfonildianilina, disulfona e sulfona mãe. A dapsona é uma droga pertencente ao grupo das sulfonas, tem ação bacteriostática e baixa ação bactericida e vem sendo utilizada no tratamento da hanseníase desde o meado do século XX. Exerce sua ação através da competição com o ácido paraminobenzóico, impedindo a formação de ácido fólico da parede bacteriana (OPROMOLLA, 2000, TAVARES, 1985). A dapsona, quando administrada oralmente, possui absorção lenta e quase totalmente gastrintestinal, mostrando ser de 70 a 80% da dose ingerida e, eliminada principalmente pelos rins. Distribui-se amplamente no organismo e está presente em todos os tecidos, com tendência a se concentrar na pele, músculos e principalmente no fígado e rins. O pico de concentração plasmática é alcançado entre 4 e 8 horas. Com o uso continuado da dapsona, níveis sanguíneos são demonstrados até 35 dias após a interrupção da droga (TAVARES, 1985), devido ao fato de ser organodepositária, concentrando-se principalmente no fígado e rins, além de haver um ciclo enterobiliar. A dapsona liga-se às proteínas plasmáticas em cerca de 70 a 90%. A biotransformação da dapsona, em humanos, se dá através de dois principais mecanismos: acetilação e hidroxilação. Efeitos adversos da dapsona: Cutâneos: síndrome de Stevens-Johnson, dermatite esfoliativa ou eritrodermia, foto dermatite, urticária, eritema polimorfo, eritema pigmentar fixo, tem sido descritos, porém, não são freqüentes (TALHARI, 1997; RAO, 2001; RANAWAKA, 2008); Gastrintestinais: dores epigástricas, anorexia, náusea e vômitos podem ocorrer. A administração da droga com protetores gástricos (hidróxido de alumínio, por exemplo) ou ingestão da medicação após a refeição pode resolver esses sintomas; Hepáticos: icterícias, náuseas e vômitos. Hematológicos: anemia hemolítica, tremores, febre, náuseas, cefaléia, às vezes choque, podendo também ocorrer icterícia leve. Agranulocitose tem sido descrita com relativa raridade e pode originar um quadro pseudo-leucêmico. Meta-hemoglobinemia: cianose, dispnéia, taquicardia, cefaléia, fadiga, desmaios, náuseas, anorexia e vômitos, Os indivíduos com deficiência genética da enzima glicose 6 fosfato desidrogenase (G6PD) fazem graves crises de meta-hemoglobinemia com as doses habituais ou menores, pois o organismo não consegue metabolizar a droga. Neuropsíquicas: cefaléia e fadiga são comuns. As psicoses ocorrem raramente na dose de 100mg por dia; são mais freqüentes com doses diárias de 200 a 300mg. Os portadores de distúrbios psíquicos prévios são mais predispostos a psicoses, que são reversíveis com a suspensão da dapsona; Neuropatias periféricas: são raras, surgem em doentes com outras enfermidades, sob tratamento prolongado e com doses altas de 200 a 300mg diário de dapsona. São manifestações motoras, sendo o “pé caído” a mais comum. Nas mãos, fraquezas e amiotrofias dos músculos intrínsecos. Os sintomas desaparecem com a retirada da sulfona, podendo levar meses ou vários anos (TALHARI, 1997). Insuficiência renal: essa reação indesejável pode ser conseqüente à dose (e/ou hipersensibilidade (CARRAZZA, 1998; LETA et al. 2003). Alguns autores têm observado que, a partir de 1980, poucos casos de reações adversas foram registrados, enfatizando que a diminuição da dose de 300 para 100 mg/dia foi o fator fundamental (SMITH, 1996; TAVARES, 1985; OPROMOLLA, 2000). Por outro lado, Rao (2001), sugere que as ocorrências de síndrome de hipersensibilidade ä dapsona tem aumentado desde o início da PQT. Síndrome de Hipersensibilidade a Dapsona ou Síndrome de Hipersensibilidade à Drogas (SHD): clinicamente, em sua forma completa, esta síndrome inclui erupção grave, febre, linfoadenopatia, hepatite, anormalidades hematológicas com eosinofilia e linfócitos atípicos, e pode envolver outros órgãos (LETA et al.,2003; CRIADO et al., 2004). Este envolvimento multivisceral é o que a diferencia de outras reações cutâneas às drogas comuns. O reconhecimento desta entidade é de suma importância, uma vez que a taxa de mortalidade é de cerca de 10% e uma terapia específica pode ser necessária. A síndrome desenvolve-se dentro de dois meses após a introdução da droga, com maior freqüência entre duas a seis semanas após, ou de forma breve, caso constitua uma re-administração. O diagnóstico torna-se difícil uma vez que há quadros clínicos incompletos ou menos característicos, por exemplo, hepatite sem erupção cutânea, ou infiltrado pulmonar com eosinofilia de forma isolada. O mecanismo fisiopatológico que determina esta síndrome não se encontra totalmente elucidado, parecendo envolver aspectos metabólicos das drogas, bem como eventos imunes desencadeados. Haveria uma alteração da estrutura do citocromo P450 (CYP) com o desencadeamento de uma agressão auto-imune contra órgãos-alvo onde os citocromos são produzidos como no estômago, fígado, intestino e pulmões, nos pacientes predispostos à incapacidade de detoxificar os metabólitos tóxicos. As reações idiossincrásicas adversas a drogas, no fígado, ocorrem sob duas categorias: a que resulta de um metabolismo alterado da droga, com produção excessiva de metabólitos tóxicos nos indivíduos susceptíveis e a que envolve uma agressão direcionada ao hepatócito, mediada via imune, desencadeada pela droga (hepatite alérgica). As diferenças observadas entre os diferentes indivíduos na população em geral, quanto ao metabolismo das drogas devem a alterações na expressão das enzimas envolvidas no seu metabolismo. Estas diferenças podem ser decorrentes de polimorfismos genéticos (em geral: ausência de um gene; existência de um mutante; genes não funcionais ou parcialmente ativos; duplicação de genes, etc.) ou a expressão de um fenótipo diferente. Os polimorfismos genéticos podem ser encontrados nos genes do CYP (CYP2D6, CYP2C19, CYP2A6, CYP2C9 e CYP2E1), genes da glutathione-Stransferase (GST-M1 e GST-T1) e no gene da N-acetiltransferase (NAT2). Desta forma a variabilidade geno-fenotípica nestas enzimas é responsável pelas diferenças na metabolização das drogas, geração de metabólitos intermediários reativos, constituindo uma causa relevante de reações adversas às drogas. Outra hipótese que envolve a etiopatogenia da SHD é a proposição que ela seja mediada por vírus, particularmente o herpes vírus humano tipo 6 (HHV 6), de forma semelhante à associação do vírus de Epstein-Barr e a ampicilina ou a hipersensibilidade à sulfa nos pacientes portadores do HIV. Este tipo de reação é também observado com o uso de agentes antiepilépticos aromáticos (fenitoína, carbamazepina e fenobarbital), porém foram relatados casos com alopurinol, sais de ouro, sulfasalazina, talidomida, lamotrigine, bloqueadores dos canais de cálcio, ranitidina, mexiletine, sorbinil, dipirona e drogas utilizadas no tratamento da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana adquirida (HIV) como o indinavir, nevirapina e zalcitabina.2-7 Com os anticonvulsivantes aromáticos estima-se sua ocorrência em 1 caso para cada 1.000 a 10.000 pessoas expostas à droga, sendo especialmente mais comum entre pacientes da raça negra.. A incidência desta síndrome nos parentes de primeiro grau é elevada e estes indivíduos devem ser orientados sobre a possibilidade de reações semelhantes, com a mesma droga ou droga correlata (CRIADO et al.). Ofloxacina É uma fluorquinolona que exerce seu efeito bactericida sobre os germes sensíveis por interferir na síntese do ADN cromossômico, inibindo a ação da ADN girase (TAVARES, 1985). É a quinolona mais ativa contra o Mycobacterim tuberculosis, e tem ação contra Mycobacterium leprae. A dose empregada de 400mg/dia, devendo ser evitada a monoterapia para evitar resistência medicamentosa. Segundo Talhari, estudos laboratoriais evidenciaram que 22 doses diárias de ofloxacina matam 99,99% das Mycobacterium leprae viáveis. A ofloxacina é a quinolona que apresenta menor metabolização hepática, em torno de 5% da dose administrada. Sua principal via de eliminação é renal, sendo excretada na urina 70 a 90% como droga inalterada. Em pacientes com insuficiência renal, a dosagem desta droga deve ser ajustada. Entre os principais efeitos adversos da ofloxacina são citados: náuseas, foto dermatite, pigmentação cutânea, diarréia e outras manifestações gastrintestinais; alterações do sistema nervoso central como insônia, cefaléia, nervosismo e alucinações; mas efeitos colaterais graves que indiquem interrupção da droga são raros (TALHARI, 1997). Minociclina É uma tetraciclina que é administrada na dose de 100mg/dia para o tratamento da hanseníase e possui propriedades lipofílicas que são responsáveis pela sua excelente ação terapêuticas. Os efeitos adversos mais freqüentes são pigmentação de pele e mucosas e distúrbios gastrointestinais. Excepcionalmente, são relatadas reações graves como: hepatite, pancreatite, síndrome de Stevens-Johnson e necrólise epidérmica tóxica. Efeitos Adversos dos medicamentos utilizados nos estados reacionais Corticosteróides: Metabólicos: aparecimento e agravamento de diabetes, elevação de triglicérides, aumentam peso e deposição típica de gordura, com predomínio no tronco e na face, a chamada “fácies de lua cheia”. Pode ocorrer redução de sódio e depleção de potássio, aumento das taxas de glicose no sangue, alteração do metabolismo do cálcio, levando à osteoporose e à Síndrome de Cushing. Músculos-esqueléticos: freqüentes, principalmente alterações em músculos-esqueléticos mulheres após a são menopausa, osteoporose. Hematológicos: aumento de plaquetas, diminuição de eosinófilos e linfócitos. As complicações mais importantes são as tromboses, particularmente as tromboflebites. Oculares: pode surgir catarata, principalmente em doentes usando corticoterapia por mais de 1 ano, em doses superiores a 10mg/dia. Endócrinos: supressão do eixo-hipotálamo-hipófise-suprarrenal. Alterações menstruais são freqüentes e há prejuízo do crescimento em crianças. Gastrointestinais: esofagite, agravamento ou desencadeamento de úlcera péptica e sangramentos gastrointestinais. Cutâneos: atrofia, púrpuras, estrias, hirsutismo, acne cortisônica. Imunológicos: agravamento das infecções por fungos, bactérias, vírus e, até mesmo, parasitas. Cardiovasculares: hipertensão decorrente da retenção do sódio. Sistema Nervoso Central: agitação, euforia ou depressão, podendo desenvolver quadros psicóticos. Talidomida: A talidomida pode provocar os seguintes efeitos colaterais: teratogenicidade, sonolência, edema unilateral de membros inferiores, constipação intestinal, secura de mucosas e, mais raramente, linfopenia e neuropatia periférica. É importante, para o êxito do controle da hanseníase, que todos os casos detectados sejam tratados e curados. Vários estudos têm sido realizados para tentar compreender a irregularidade e o abandono de tratamento pois, em algumas regiões, são em número significante (HEYNDERS, 2000; ARAÚJO, 2003; FOGOS, 2000; IGNOTTI & Cols., 2001). Essas situações propiciam a manutenção de focos, alimentando a transmissão da doença, além de possibilitar a emergência de cepas de M. leprae resistentes aos quimioterápicos.. 1.10. Hanseníase na era pós genômica A doença hanseníase é produto da interação entre o M. leprae, hospedeiro susceptível em um ambiente favorável. Estudos são realizados na tentativa de desvendar essa multicausualidade da doença, com enfoques no M. leprae, determinantes genéticos de susceptibilidade e resistência do hospedeiro, quimioterápicos anti-hansênicos e as relações ambientais. Com o avanço da biologia molecular, o genoma do M. leprae foi completado em 2001 por Cole & cols., e mostrou que o bacilo tem sofrido sucessivas deleções evolutivas, com perda de grande número de genes em comparação com o Mycobacterium tuberculosis desde que essas duas espécies divergiram de um ancestral comum, com manutenção de um conjunto mínimo de genes o que pode explicar algumas características peculiares do M. leprae, tais como a incapacidade de ser cultivado em meio artificial, o longo período de incubação, e a altíssima especificidade por seus alvos celulares, os macrófagos e as células de Schwann do sistema nervoso periférico (PREVEDELLO, 2007). Estudos genéticos têm sido desenvolvidos na tentativa de identificar antígenos protéicos potenciais para fins diagnósticos da hanseníase em si (FITNESS & cols., 2004; ARÁOZ & cols., 2006; BÜHRER-SÉKULA, 2008); como também para os de reações hansênicas e neurites (STEFANI & cols.; MENDONÇA & cols., 2008). Pesquisa genética para determinar polimorfismos bacterianos envolvidos na resistência e susceptibilidade aos antibióticos (MATSUOKA & cols., 2007, 2008), possibilitando estudo para monitorar a emergência de resistência medicamentosa. Deposita-se também, na genética, a esperança de encontrar um epíteto no M. leprae que sirva de base para desenvolver uma vacina eficaz contra hanseníase. Em relação ao hospedeiro, procura-se marcadores celulares e séricos para identificar infecções hansênicas e para reações hansênicas tipo 1 e 2 (STEFANI & cols., 2009). Estudo genético para determinar os mecanismos imunogenético envolvidos nos efeitos adversos às drogas anti-hansênicas tais como deficiência de enzimas como glicose 6 fosfato desidrogenase, Nacetiltransferase2 (NAT2), 2. JUSTIFICATIVA Apesar da disponibilidade de drogas eficazes no combate a hanseníase, tem-se observado um número significativo de irregularidade e ou abandono no tratamento, o que coloca em risco o controle e a eliminação da hanseníase. Uma das causas citadas é o efeito colateral das medicações e o período relativamente longo requerido para o tratamento (6 meses a 12 meses) (GOULART, 2002, ARAÚJO, 2003). Este trabalho pretende averiguar se há correlação entre a ocorrência de efeitos adversos a PQT e abandono do tratamento nos pacientes atendidos na POC no período de 2006 a 2007. 3. OBJETIVO GERAL Estudar o perfil dos pacientes que apresentaram efeitos adversos à PQT atendidos na Policlínica Oswaldo Cruz (POC) no período de 2006 e 2007, uma vez que carece de trabalho nesse sentido. 3.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 3.1.1. Descrever a coorte de pacientes recém diagnosticados de hanseníase, em relação a características clínico-epidemiológicas, efeitos adversos à PQT, mudanças do esquema PQT e desfecho do caso. 3.1.2. Comparar as características clínico-epidemiológicas da coorte de pacientes recém-diagnosticados de hanseníase atendidos na Policlínica Oswaldo Cruz com os atendidos na cidade de Porto Velho com os do estado de Rondônia. 4. MATERIAL E MÉTODOS . 4.1. Delineamento do estudo: retrospectivo para avaliação dos casos novos incluídos nos registros clínicos do Serviço de Controle da Hanseníase da Policlínica Oswaldo Cruz (POC), cidade de Porto Velho, Estado de Rondônia, região Norte do Brasil, no período de 2006 e 2007. A Policlínica Oswaldo Cruz, uma unidade de referência estadual para tratamento de hanseníase, e presta atendimento para a maioria dos pacientes de hanseníase do município de Porto Velho. Essa unidade de saúde diagnostica, trata, e acompanha, clinicamente, os pacientes da capital e de municípios vizinhos, além de confirmar o diagnóstico dos casos duvidosos e em menores de 15 anos, propiciando resolução aos casos com complicações hansênicas e reações hansênicas graves de todo o estado. 4.2. Critérios de inclusão: pacientes que apresentaram sintomas adversos à PQT anti-hansênica e que entraram no registro ativo do serviço de controle de hanseníase da POC, como caso novo nos anos de 2006 e 2007. 4.3. Critério de exclusão: pacientes que entraram no registro ativo do serviço de controle de hanseníase da POC que vieram transferidos de outras unidades e, os pacientes que pediram transferência logo no início de PQT/MB. 4.4. Coleta de dados: consulta aos registros clínicos dos pacientes, anotando em planilha Excel-2003, o número do prontuário, nome, data nascimento, sexo, ocupação, peso, baciloscopia, forma clínica, esquema terapêutico, data do início do tratamento, grau de incapacidade inicial, presença de neurite no diagnóstico, reação tipo 1 no diagnóstico, reação tipo 2 no diagnóstico, prescrição de prednisona junto com a 1ª. dose de PQT, prescrição e talidomida na 1ª. dose de PQT, presença ou queixas de sintomas adversos à PQT, período em que surgiram os sintomas, mudança de esquema terapêutico, desfecho do tratamento como um todo (alta por cura, transferência, abandono ou óbito, ou irregularidade. Considerações Éticas Obtido o consentimento da Secretaria de Saúde do Estado de Rondônia para desenvolvimento da pesquisa utilizando espaço físico, materiais e pessoal na medida do possível. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética, sob no 213122. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. Geral: Entraram no registro ativo como “caso novo” do Serviço de Controle da Hanseníase da POC, no período entre 1º janeiro de 2006 e 31 de dezembro de 2007, 207 pacientes, comparando com os dados do município de Porto Velho e do estado de Rondônia, que são apresentados na tabela 3. Tabela 3: Distribuição dos casos novos conforme local, grau de incapacidade física, classificação operacional em Rondônia, Porto Velho e POC – 2006/2007 LOCAL CASOS GRAU DE INCAPACIDADE PB MB IGN NOVOS 0 1 2 N/A Ign RONDÔNIA 2.532 1769 321 119 74 249 1370 1157 5 PORTO VELHO 241 161 49 24 7 0 96 145 0 POC 207 146 50 11 0 0 76 131 0 Pela tabela acima apresentada, os casos de Porto Velho representam cerca de 10% dos casos detectados no Estado de Rondônia. Enquanto a POC detecta cerca de 80 a 90% dos casos de Porto Velho, porém, é necessário ressaltar que como esta clínica é unidade de referencia estadual, detecta e acompanha muitos casos de Porto Velho e municípios próximos como Candeias do Jamary, Itapuã do Oeste e alguns casos do sul do estado de Amazonas como Humaitá e Manicoré, de acordo com a preferência dos pacientes. Como Unidade de Referência recebe pacientes do interior para diagnóstico de casos duvidosos, validação do diagnóstico em menores de 15 anos e auxilia no diagnóstico, tratamento de reações hansênicas e efeitos adversos às drogas utilizadas no tratamento da hanseníase e complicações. Porto Velho é a capital do estado de Rondônia, além de ser o município com maior extensão territorial possuindo vários distritos afastados da cidade, alguns distantes 200 a 300 km da capital, outros com acesso somente pelo rio. A taxa de detecção do estado de Rondônia em 2007 foi de 73,96/100.000 habitantes e de Porto Velho foi de 31,18/100.000 habitantes. O total de 207 casos novos foram distribuídos de acordo com gênero, cor, faixa etária, baciloscopia, forma clínica, esquema terapêutico, dose média de dapsona (mg/kg de peso), GIF, presença de neurite e reações (tipo 1 e 2) no diagnóstico, uso de prednisona e /ou talidomida no início da PQT, efeitos adversos e desfecho que são resumidos na tabela 4. Tabela 4 – Caracterização dos casos novos da POC 2006/2007 e dos que apresentaram efeitos adversos à PQT Variáveis Casos Novos 2006+2007 Sem Efeitos Adversos Com Efeitos Adversos Teste Estatístico 207 157 (75,85%) 50 (24,15%) IC 95%: 18,5-30,6 Masculino 129 (62,32%) 107 (68,15%) 22 (44%) X21 = 9,427 Feminino 78 (37.68%) 50 (31,85%) 28 (56%) P = 0,0021 Branco 83 (40,10%) 62 (39,49%) 21 (42%) Sem diferença significativa Pardo 112 (54,12%) 84 (53,50%) 28 Negro 8 (3,86%) 8 (5,10%) Não consta. 4 (1,93%) 3 (1,91%) 1 ((2%) < 15 14 (6,76%) 12 (8,65%) 2 (4%) 15 a 34. 77 (37,20%) 53 (33,76%) 24 (48%) 35 a 54 76 (36,71% 63 (40,13%) 13 (26%) 55 e mais 40 (19,32%) 29 (18,47%) 11 (22%) Positivo 54 (26,09%) 47 (29,94%) 7 (14%) Negativo 151 (72,94%) 110 (70,06%) 41 82%) Não realizado 2 (0,97%) 0 I 26 (12,56%) 11 (7,01%) 15 (30%) X23 = 18,958 T 50 (24,15%) 40 (25,48%) 10 (20%) P = 0,00028 D 107 (51,69%) 85 (54,14%) 22 (44%) para a forma I 24 (11,60%) 21 (13,37%) 3 Sexo (56%) Cor 0 Sem diferença significativa Faixa etária Baciloscopia Forma Clínica V . 2 X12 = 4,464 P = 0,03 (4%) (6%) Tabela 4 – Caracterização dos casos novos da POC 2006/2007 (continuação) Variáveis Casos Novos 2006+2007 Sem Efeitos Adversos Efeitos Adversos PQT/PB 72 (34,78%) 46 (29,30%) 26 (52%) X21 = 7,923 PQT/MB 131 (63,29%) 107 (68,15%) 24 (48%) P = 0,0049 OUTROS 4 (1,93%) 4 (2,55%) 0 Masculino 1,50 1,50 1,48 Feminino 1,67 1,64 1,69 0 146 (70,53%) 105 (66,88%) 41 (82%) 1 50 (24,16%) 43 (27,39%) 7 (14%) 2 11 (5,31%) 9 (5,73%) 2 (4%) Neurite inicial sim 76 (36,71%) 66 (42,04%) 10 (20%) Reação tipo 1 sim 46 (22,22%) 40 (25,48%) 6 Reação tipo 2 sim 10 (4,83%) 8 (5,,10%) 2 (4%) Prednisona sim 54 48 (30,57%) 6 (12%) Talidomida sim 5 3 (1,91%) 2 (4%) Mudança de Esquema sim - - 40 (80%) Alta p/cura 159 (76,81%) 119 (75,80%) 40 (80%) Alta p/ transferência 32 (15,45%) 29 (18,47%) 3 (6%) Alta p/abandono 9 (4,35%) 3 (1,91%) 6 (12%) X23 = 13,17 Irregular 7 (3,38%) 6 (3,82%) 1 (2%) P = 0,004 Esquema Terapêutico Dose média de Dapsona mg/kg Grau de Incapacidade Física Teste Estatístico Sem diferença signiticativa (12%) IC95%: 66,3-90,0 Desfecho 5.2. Freqüência de efeitos adversos Aproximadamente um quarto, 24,15% (IC95%,18,5-30,6), dos casos novos apresentaram efeitos adversos a poliquimioterapia entre os pacientes atendidos na POC, sendo este dado subestimado pois, principalmente nos casos MB em que a clofazimina entra no esquema, quase todos os pacientes queixam-se da mudança da cor (hipercromia) e ressecamento da pele, como é um efeito esperado em todos que ingerem esta droga, é de costume a equipe de saúde orientar os pacientes a hidratarem a pele e evitar exposição solar, minimizando esses sintomas. No relato de Gallo em 1995, apenas 1,8% da sua casuística de 980 casos apresentaram efeitos adversos a PQT que impossibilitaram a continuação do tratamento. Anemia é definida como uma redução abaixo do normal no volume de eritrócitos agrupados, como é feito no exame chamado hematócrito, ou uma redução na concentração de hemoglobina no sangue. Na tabela 5 é apresentado os limites de referência de eritrócitos no sangue. Tabela 5: Limites de referência para adultos para eritrócitos no sangue (*) Medida (unidades) Hemoglobina (mg/dl) Hematócrito (%) Contagem de eritrócitos (106/µl) Contagem de reticulócitos (%) Homens Mulheres 13,6 -17,2 12,0 – 15,0 39 - 49 33 - 43 4,3 – 5,9 3,5 – 5,0 0,5 – 1,5 Volume celular médio (µm³) 82 - 96 Hemoglobina corpuscular média (pg) 27 - 33 Concentração de hemoglobina corpuscular média (mg/dl) 33 - 37 Variação do tamanho dos eritrócitos (%) 11,5 – 14,5 (*) Faixas de referência variam entre laboratórios. As faixas de referência do laboratório fornecedor dos resultados devem ser usadas na interpretação dos resultados Fonte: Robbins & Cotran Os sintomas de anemia variam muito de acordo com a causa, velocidade de instalação, doença de base, etc., mas de maneira geral, os sintomas estão relacionados à hipóxia tecidual: dispnéia aos esforços, tontura, cefaléia, zumbido, palpitações, síncope, fácil fatigabilidade, alterações dos padrões do sono, diminuição da libido, distúrbios do humor e diminuição da capacidade de concentração (NATHAN, 1992). A anemia foi uma alteração laboratorial freqüente entre os que apresentaram efeitos adversos à PQT. Essa alteração pode ser classificada de várias maneiras. De acordo com o mecanismo de ação, o tipo que está relacionado às medicações é a anemia hemolítica (taxa elevada de destruição das hemácias por deficiência de enzimas de eritrócitos piruvato quinase, hexoquinase, G6 DP desidrogenase, e/ou por lesão química por doses altas de dapsona). Apesar de ser administrada na dose padrão de 100mg de dapsona para um adulto, a biodisponibilidade dessa droga pode ser alterada por defeitos de enzimas eritrocitárias e hepáticas (N Acetil Transferase 2 – NAT2) e, também pelo ciclo entero-hepático. Relação dos efeitos adversos apresentados abaixo (ver gráfico 3): Cefaléia – 20 vezes Anemia – 18 vezes Fraqueza – 10 vezes Nervosismo e ansiedade - 9 vezes Tontura - 7 vezes Cianose e acrocianose - 6 vezes Inapetência – 6 vezes Dor no corpo - 5 vezes Epigastralgia – 4 vezes Náuseas – 4 vezes Cansaço – 3 vezes Palpitações – 3 vezes Emagrecimento – 3 vezes Febre – 2 casos Formigamento – 2 casos Icterícia – 2 casos Sudorese em mãos – 2 casos Alteração de comportamento, artralgias, boca amarga, depressão, dor abdominal, empachamento, eritrodermia generalizada, foto dermatite, fotofobia, lacrimejamento, mal-estar, pele seca, prurido, tremor nas mãos e pancitopenia - 1 caso de cada. (*) Somatório de sintomas e sinais únicos: alteração de comportamento, artralgias, boca amarga, depressão, dor abdominal, empachamento, eritrodermia generalizada, foto dermatite, fotofobia, lacrimejamento, mal-estar, pele seca, prurido, tremor nas mãos e pancitopenia Na série de Goulart e cols. (2002), em relação aos efeitos colaterais pela dapsona, a gastrite foi mais freqüente (18 casos em 80 pacientes), seguida de anemia e cefaléia. Enquanto na nossa casuística, sintomas relacionáveis ã gastrite não foram tão marcantes. Na nossa série, também, a maioria dos efeitos colaterais são atribuíveis à dapsona, a contraprova é o desaparecimento dos sintomas e/ou normalização de alterações de exames laboratoriais com a suspensão ou substituição da dapsona por outro medicamento. Nervosismo e ansiedade e outros sintomas podem traduzir a não aceitação do diagnóstico, sendo importante a participação de psicólogo na equipe de atendimento aos portadores de hanseníase. 5.3. Sexo Na nossa casuística, verificamos que o sexo masculino é mais freqüente como “caso novo” (gráfico 4) e concordantes com vários autores (KAUR & RAMESH, 1994; TALHARI, 1997 e 2006; URA, 2000, LASTÓRIA, 2003), enquanto na população dos que apresentaram efeitos adversos predomina os pacientes do sexo feminino, com incidência de 56% (X21 = 9,427; p = 0,0021), e incidência no sexo masculino de 44% concordante com o estudo de Kaluarachchi e cols. 5.4. Cor Não foi observada diferença significativa na distribuição entre o grupo com efeitos adversos (EA) e os sem efeitos adversos (S/EA). 5.5. Ocupação: Entre os casos novos, a ocupação mais freqüente foi agricultura (21/207), seguida de “do lar” (mais freqüente entre as mulheres – 21/207), estudante (mais freqüente as faixas etárias mais jovens – 9/207), serviços gerais (14/207), comerciante, aposentado, doméstica, mecânico e motorista. Nos casos em que apresentaram efeitos adversos, a ocupação mais freqüente foi “do lar” (8/50), seguida de estudante (8/50), agricultor (4/50), comerciante (4/50) e serviços gerais (4/50). 5.6. Faixa etária Vários estudos têm mostrado que a faixa etária mais atingida pela hanseníase é na faixa produtiva, isto é dos 15 a 54 anos (GOULART & cols., 2002; IGNOTTI & cols., 2001). A nossa amostra, também, mostrou predominância da faixa produtiva e não mostrou diferença significativa entre o grupo com efeitos adversos e sem efeitos adversos. 5.7. Baciloscopia: Nesse item, proporcionalmente, o grupo dos sem efeitos adversos mostrou a baciloscopia com maior positividade, X21 = 4,464, p=0,03. gráfico 7 Ver 5.8. Distribuição de acordo com a forma clínica O grupo dos que apresentaram efeitos adversos é composto de casos paucibacilares (50%) em relação ao grupo que não apresentou (32,5%). Sendo a forma I mais freqüente no grupo que apresentou efeitos adversos (X23 = 18,958, p = 0,00028). 5.9. Esquema terapêutico: A distribuição dos casos de acordo com o esquema terapêutico, representada no gráfico 9, mostra uma predominância do esquema PB em relação ao MB, no grupo dos que apresentaram efeito adverso, X 21 = 7,923, p = 0,0049. 5.10. Graus de incapacidade física A avaliação do grau de incapacidade física (GIF) dos pacientes é importante para um bom acompanhamento dos mesmos. O percentual de GIF avaliado entre os casos novos serve como parâmetro para aquilatar a qualidade do serviço de saúde e o percentual de GIF 1 e 2, detecção tardia e endemia oculta. Segundo MS (2009): % de avaliação de GIF entre os casos novos >90% - bom 75 a 89% - regular < 75% - precário % de grau 2 de GIF entre os casos novos > 10% - alto 5,0 a 9,9% - médio < 5% - baixo Característica predominante do grupo dos que apresentaram efeitos adversos: predominância do sexo feminino, PB, baciloscopia negativa, GIF zero, menor risco de apresentar reações e neurite 5.11. Reações hansênicas e/ou neurites no início do tratamento A presença de reações hansênicas no início do tratamento é importante pois, às vezes, esses episódios podem ser erroneamente diagnosticados como intoxicações medicamentosas e vice-versa. Muitas vezes, a reação hansênica tem caráter generalizado, sistêmico, com febre, prostração, inapetência, dores generalizadas pelo corpo, adenopatias e pele infiltrada. No caso de reação hansênica, a conduta recomendada é continuar com PQT e acrescentar corticosteróides e/ou talidomida. E, em caso de efeito adverso à PQT, deve ser suspenso a PQT e avaliar o paciente (solicitar hemograma, transaminases, bilirrubinas, função renal, investigar co-infecção por hepatite, HIV, etc.) e, ao mesmo tempo institui-se tratamento da intoxicação e/ou alergia e muitas vezes são administrados corticosteróides. Na presença de neurite aguda está indicada a corticoterapia também. O uso de corticosteróides com a PQT pode suprimir ou diminuir os efeitos adversos a PQT. A equipe de saúde deve, também, estar atento a possível não aceitação do diagnóstico, problemas de auto-rejeição e emocionais pois, quando mal conduzido afasta o paciente do tratamento. Muitas vezes é importante apoio psicoterápico. São situações que podem induzir ao diagnóstico de efeito adverso a PQT propriamente dito, uma vez que quaisquer sintomas desagradáveis, a tendência é atribuir a hanseníase ou as medicações administradas para combatê-la.. Na nossa casuística teve um caso de uma mulher que retornou com queixas de náuseas e mal estar que atribuiu a PQT, porém estava grávida. Prosseguiu com a PQT sem problemas, assim que melhorou da fase de náuseas. No gráfico seguinte está representada a freqüência de neurite e reações. 5.12. Quanto a mudança de esquema terapêutico: Nos casos que apresentaram efeitos adversos e que esquemas adotados são apresentados na tabela 9. Tabela 6 - Esquemas alternativos adotados nos casos que apresentaram efeitos adversos à PQT Dados Casos novos Total c/efeitos adversos Mudança de esq.: Não Mudança esq.: Sim TOTAL 207 (100%) 50 (24,15%;IC95%,18,5-30,6} 10 (20%) 40 (80%; IC95% 66,3-90,0) Esquema alternativo DDS > CLO 19 (38%) Suspenso DDS 11 (22%) DDS > OFLOXACINO 2 (4%) ROM 24 doses 6 (12%) ROM 6 doses 1 (2%) Suspenso Rifampicina 1 (2%) Droga causadora: Dapsona 48 (96%) Rifampicina 1 (2%) Clofazimina 1 (2%) Dos 50 casos com efeitos adversos, 40 (80%, IC 95% 66,3-90,0) mudaram o esquema terapêutico A dose de dapsona por quilograma de peso corporal no sexo masculino foi menor que o feminino em cerca de 10%, mas só esse fato não explica a maior ocorrência de efeitos adversos no gênero feminino, talvez o mecanismo envolvido tenha um braço imunológico pois, segundo observa Ura (2000), que as mulheres parecem ter uma resposta imune mais efetiva contra a infecção em nível subclínico pelo M. leprae do que os homens,como também para outras infecções tal como a tuberculose. 5.13. Outras patologias associadas: Alguns pacientes apresentaram outras doenças que foram detectadas no decorrer da PQT, que são apresentadas na tabela 7. Tabela 7– Presença de outras patologias associadas nos pacientes que apresentaram efeitos adversos a PQT em 2006/2007 Outras patologias associadas Neurótico, poliqueixoso prévio Hipert. Arterial Diabetes Malária. ITU Diverticulose intestinal 5.14. TOTAL 1 1 3 1 1 1 Tempo Intervalo de tempo entre o início da PQT e o aparecimentos dos efeitos adversos da PQT: 1º. mês : 38 casos 2º. mês: 3 casos 3º. mês: 1 caso > que 3 meses: 1 caso Não relatado: 6 casos. A grande maioria dos casos os efeitos adversos começaram a surgir no 1º. mês, alguns logo na 1ª. semana, outros as partir da 2ª. a 3ª. semana (38 de 50 casos = 76%), mostrando que uma atenção especial no primeiro retorno para a dose supervisionada, isto é, a 2ª.dose é importante. Caracteristicamente, os efeitos adversos à dapsona são mais precoces em relação às outras drogas constituintes da PQT, por exemplo, a síndrome da sulfona é conhecida como a “dermatite das seis semanas” (GOMES, 2003). Sintomas relacionados à hemólise, em alguns casos, podem surgir com algumas semanas. Referências de pacientes que apresentaram intolerância à(s) droga(s) anti-hansênicas tem sido descritos, em muitos levaram a mudança do esquema terapêutico, outros abandonaram o tratamento devido aos efeitos colaterais. Relato de casos tem sido publicado (BUCARETCHI, 2004, VIJAYAKUMARAN, 1997; AURORA, 1995), e alguns estudos sobre efeitos colaterais da PQT (GALLO e cols., 1995; GOULART e cols., 2002; CRIADO e cols., 2004; LETA e cols., 2003; RAO, 2001; KALUARACHCHI, 2001; KARR, 2008). Dentre as drogas anti-hansênicas utilizadas, a dapsona, é a responsável maior de muito desses efeitos colaterais. Os efeitos adversos à rifampicina ocorrem sempre relacionados à dose supervisionada mensal, aparecendo logo após a ingestão da dose e desaparecendo algumas horas após. Foi detectado um caso na nossa série e que teve que ser suspenso a droga. A clofazimina é uma droga bem tolerada e rara vez necessita ser suspensa. Aconteceu em um caso por apresentar foto dermatite e, como é uma droga de depósito, seus efeitos surgem mais tardiamente, com meses de uso. 5.15. Quanto às saídas dos casos: Verificou-se que dos 9 casos de abandono do tratamento da POC, 6 apresentaram sintomas adversos, podendo afirmar que esses pacientes são propensos a abandonar o tratamento, X23 = 13,17 (p=0,004) . Ver tabela 8 e gráfico 12. Tabela 8 – Casos novos da POC em 2006/2007 – distribuição de acordo com a saída ANO; SAÍDAS (ALTAS) 2006/2007 LOCAL RONDÔNIA PORTO CURA TRANS- ABAN- FERÊNCIA DONO ÓBITO ERRO IGNORA- IRREGU- DIAG DO LAR TOTAL 2153 163 120 21 11 64 ? 2532 194 13 18 0 2 14 ? 241 159 32 9 0 0 0 7 207 40 3 6 0 0 0 1 50 VELHO P.O.CRUZ P.O.CRUZ (C/SINT. ADVERSOS) Chama atenção que a Unidade de Referência, isto é a Policlínica Oswaldo Cruz, atende a maioria dos casos de Porto Velho, 80% ou mais, indicando a uma necessidade de municipalização efetiva das atividades de controle da hanseníase, facilitando acesso da população as unidades básicas de saúde, com conseqüente detecção mais precoce da hanseníase. CONCLUSÕES Uma parcela importante dos pacientes em uso da PQT tem risco de padecer dos efeitos adversos das drogas componentes do esquema. A ocorrência de efeitos adversos a PQT favorece o abandono do tratamento. A Dapsona, é de longe, a droga que mais causa efeitos adversos (80% ou mais). A maioria dos efeitos adversos é detectável do 1º para o 3º..mês de tratamento. É fundamental a orientação para que o paciente relate qualquer sintoma ou retorne ao serviço para ser reavaliado, dependendo da intensidade dos sintomas. A equipe de saúde deve estar sempre atenta na hora de administrar a dose supervisionada, principalmente a 2ª.dose, valorizar queixas como cefaléia, fraqueza, nervosismo, desânimo, perda de apetite; ao mesmo tempo observar a presença de palidez, icterícia ou cianose. O ideal seria que fosse colhido sangue para hemograma e exames bioquímicos (uréia, creatinina, TGO, TGP, Bilirrubinas, glicose) antes de administrar a 1ª.dose supervisionada e, repetido em caso de suspeita de efeitos adversos. Com exceção do esquema ROM/dose única, os demais esquemas demandam no mínimo 6 (seis) meses em uso de quimioterápicos, portanto acredito que não onera o serviço público a realização de hemograma e exames bioquímicos. O exame parasitológico de fezes é aconselhável, uma vez que os nossos clientes são pessoas de origem humilde e muitos oriundos da zona rural, além do fato de que, a qualquer momento, pode ser necessário administrar corticóide. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT. NBR 14724: 2001; NBR 10520:2001; 6023:2000. Informação e documentação – Trabalhos acadêmicos – Apresentação, apresentação de citações. Referência – elaboração ARÁOZ, R. & COLS. Antigen Discovery:a Postgenomic Approach to Leprosy Diagnosis. Infec. Immun. Jan 2006; 74 (1): 175-182. ARAÚJO, R.R.D.F.; OLIVEIRA, M.H.P.O. A irregularidade dos portadores de hanseníase ao Serviço de Saúde. Hansen.Int., 28(1):71-78, 2003. ARUNTHATHI, S.; SAMUEL, J.; EBENEZER, G.; JACOBS. M. Clinical and laboratory pointers to classifyinf single lesion in leprosy. Indian J. Lepr., 66: 132ª, 1994. ASTER, JC. 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