0000000 Farmacovigilância em hanseníase Camila de Melo Marçal Pinto Andreia Sanches dos Santos Maria Leide Wand Del Rey Oliveira Serviço de Dermatologia, Curso de Graduação e Pós-Graduação HUCFF-UFRJ, Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio de Janeiro Farmacovigilância em hanseníase INTRODUÇÃO • • • • • O diagnóstico e o tratamento da hanseníase são realizados na atenção básica de saúde, mas a identificação e o tratamento de eventos adversos envolvem diferentes esferas da atenção à saúde. Relatam-se dois casos de hanseníase em uso de poliquimioterapia multibacilar (PQT-MB), hospitalizados com anemia severa, impondo transfusões sanguíneas. A dapsona é a droga com maior frequência de efeitos adversos e a reação de hipersensibilidade quando identificada tardiamente pode levar a desfecho fatal. Talidomida e corticoesteróides apresentam efeitos adversos conhecidos e, recentemente, estudos apontam a associação de ambos com a fisopatogenia de trombose venosa profunda (TVP). Os autores discutem a farmacovigilância no uso de dapsona, talidomida e corticoterapia. Farmacovigilância em hanseníase RELATO DE CASO • Caso 1 – Homem, 60 anos, Hanseníase Virchowiana e reação hansênica tipo 2, em 18 dose de PQT-MB. Exames laboratoriais evidenciaram reação leucemóide, Hto 19,8% e Hb 5,9g/dl. • Caso 2 – Homem, 58 anos, Hanseníase Virchowiana em uso de PQTMB, prednisona e talidomida, apresentando Ht 17,4%, Hb 5,2g/dl, eritema nodoso em membros superiores (Figura 1) e trombose venosa profunda em membro inferior esquerdo (Figura 2). • A anemia foi atribuída à dapsona em ambos, recuperados com transfusão e suspensão da droga. • Caso 2 – Questiona-se a associação talidomida e corticoesteroide na fisiopatogenia da trombose. Figura 1: Nódulos dolorosos em membros superiores. Figura 2: Edema assimétrico de membros inferiores. Farmacovigilância em hanseníase DISCUSSÃO • • • • • A história clínica dos pacientes, com especial atenção para alergias a medicamentos, interação de drogas e doenças associadas, merece atenção desde o início do tratamento da hanseníase. A administração de dose supervisionada mensal permite a avaliação clínica e a detecção oportuna dos possíveis efeitos adversos, que nos casos apresentados foi muito tardia. A dapsona pode induzir efeitos adversos graves, como reação de hipersensibilidade, anemia hemolítica e metemoglobinemia. Estudos recentes apontam risco de trombose venosa profunda com associação de talidomida e glicocorticóides. Ressaltam-se a teratogenicidade da talidomida e as comorbidades pela corticoterapia prolongada na hanseníase. Justifica-se a adoção de procedimentos de farmacovigilância e capacitação das equipes de saúde. Farmacovigilância em hanseníase REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o Controle da Hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. 2. Goulart IMB, Arbex GL, Carneiro MH, et al. Efeitos adversos da poliquimioterapia em pacientes com hanseníase: um levantamento de cinco anos em um Centro de Saúde da Universidade Federal de Uberlândia. Rev Soc Bras Med Trop. 2002; 35(5):453-60. 3. Kato A, Takano H, Ichikawa A, Koshino M, Igarashi A, Hattori K, Nagata K. A retrospective cohort study of venous thromboembolism (VTE) in 1035 Japanese myeloma patients treated with thalidomide; lower incidence without statistically significant association between specific risk factors and development of VTE and effects of thromboprophylaxis with aspirin and warfarin. Thromb Res. 2013 Feb;131(2):140-4. 4. Criado PR, Criado RF, Avancini Jde M, Santi CG. Drug reaction with Eosinophilia and Systemic Symptoms (DRESS) / Drug-induced Hypersensitivity Syndrome (DIHS): a review of current concepts. An Bras Dermatol. 2012 May-Jun;87(3):435-49. 5. Teixeira RL, Morato RG, Cabello PH, et al. Genetic polymorphisms of NAT2, CYP2E1 and GST enzymes and the occurrence of antituberculosis drug-induced hepatitis in Brazilian TB patients. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2011 Sep;106(6):716-24.