Governador Cid Ferreira Gomes Vice Governador Domingos Gomes de Aguiar Filho Secretária da Educação Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Secretário Adjunto Maurício Holanda Maia Secretário Executivo Antônio Idilvan de Lima Alencar Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Cristiane Carvalho Holanda Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC Andréa Araújo Rocha INTRODUÇÃO A HIDROMETALURGIA PROFESSOR JOSÉ INACIO DE SOUZA 2013 SUMÁRIO 1.HIDROMETALURGIA.......................................................................................3 1.1.Introdução .............................................................................................................................................3 1.2.Preparação .............................................................................................................................................4 2.LIXIVIAÇÃO......................................................................................................5 2.1.Solução Lixiviante..................................................................................................................................5 2.1.1. Escolha do Reagente.......................................................................................................................5 2.1.2. Principais Solventes........................................................................................................................6 2.2.Viabilidade Econômica da Lixiviação..................................................................................................8 2.3.Métodos de Lixiviação...........................................................................................................................9 2.4.Resumo dos Processos de Lixiviação..................................................................................................11 2.5.Definição e Plano de Produção de Níquel Laterítico aproveitado através Rota de Lixiviação Ácida sob Pressão.......................................................................................................................................13 2.5.1.Introdução......................................................................................................................................14 2.5.2.Metodologia, resultados e discussão..............................................................................................15 2.5.2.1.Definição do depósito típico e inventário de reservas............15 2.5.3.Plano de aproveitamento................................................................................................................17 2.5.4.Conclusão.......................................................................................................................................19 2.5.5.Referências Bibliográficas.............................................................................................................19 3.SEPARAÇÃO SÓLIDO / LÍQUIDO.................................................................20 4.TRATAMENTO DA SOLUÇÃO......................................................................20 4.1.Extração por Solvente..........................................................................................................................21 4.1.1.Considerações gerais......................................................................................................................21 4.1.2.Termodinâmica da extração por solvente......................................................................................23 4.1.2.1.Distribuição de um solvente entre dois solutos......................23 4.1.2.2.Equilíbrio em estágios.............................................................24 5.RECUPERAÇÃO DO METAL ........................................................................26 5.1.Eletrólise...............................................................................................................................................26 29 5.2. Eletrorrefino (E)..................................................................................................................................30 5.3.Eletrorrecuperação..............................................................................................................................31 5.4.Células Eletrolíticas.............................................................................................................................34 Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 2 5.5.Eletrólitos..............................................................................................................................................35 6.PERSPECTIVAS ............................................................................................36 7.APLICAÇÕES.................................................................................................36 ......................................................................................................................................................................36 1.HIDROMETALURGIA 1.1. Introdução O termo Hidrometalurgia designa processos de extração de metais nos quais a principal etapa de separação metal-ganga envolve reações de dissolução do mineral-minério (mineral(is) contendo os metais de interesse) em meio aquoso. As aplicações tradicionais da Hidrometalurgia incluem a produção de alumina, ouro, urânio, zinco, níquel, cobre, titânio, terras-raras, dentre outros. Um fluxograma genérico de processo hidrometalúrgico é mostrado abaixo: Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 3 1.2. Preparação A preparação envolve operações clássicas de tratamento de minérios. •Cominuição, •Classificação, •Concentração e •Separação sólido-líquido. A primeira etapa, preparação, ajusta as propriedades físico químicas do sólido, para a etapa seguinte (lixiviação), tais como: •Granulometria, •Composição, •Natureza química e •Porosidade. Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 4 Em alguns casos, entretanto, a preparação para a lixiviação requer modificações químicas do minério ou concentrado. Nesses casos são utilizados processos Piro metalúrgicos, tais como: •Ustulação (na oxidação de ZnS em ZnO ou na oxidação de minérios refratários de ouro2), •Redução (lateritas de Ni no processo de lixiviação amoniacal), ♣Hidrometalúrgicos •oxidação sob pressão de minérios refratários de ouro e ♣Biohidrometalúrgicos •bio-oxidação de minérios refratários de ouro. Nos processos biohidrometalúrgicos, as reações são mediadas por microrganismos, guardadas as condições operacionais necessárias para a atuação eficaz desses microrganismos (i.e., potencial redox, pH, temperatura, concentração de oxigênio e nutrientes). Nos exemplos anteriores, o pré-tratamento do minério facilitará a extração do metal, seja, por exemplo, pela obtenção de uma nova fase de mais pronta dissolução ou pela criação de acesso (porosidade) para os reagentes na matriz sólida que contém o metal a ser lixiviado. A seletividade, em alguns casos, é também melhorada. 2.LIXIVIAÇÃO Após a preparação do minério, tem-se a etapa de lixiviação. Esta e a recuperação do metal constituem as etapas mais características do fluxograma hidrometalúrgico. A lixiviação consiste na dissolução seletiva de minerais contendo o metal ou metais de interesse através do contato do sólido (minério ou concentrado) com uma fase aquosa contendo: •ácidos (frequentemente o ácido sulfúrico), •bases (como hidróxidos de amônio e sódio) ou •agentes complexantes (como o cianeto de sódio e o hidróxido de amônio), Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 5 em condições variadas de pressão e temperatura (usualmente de 25 a 250°C). 2.1. Solução Lixiviante Fatores Importantes 1) A solução lixiviante depende da natureza física e química do minério a ser lixiviado; Ex: 1.a) O Cu da Caraíba metais - descartar a água. 1.b) Calcário para cimento - descartar o ácido. 2) O custo e a disponibilidade da solução; 3) A ação corrosiva (HCl); 4) Seletividade do solvente; 5) Facilidade de regeneração (recuperação); 6) Toxidez; 7) Purificação da lixívia - se a recuperação do metal vai ser difícil ou não. 2.1.1. Escolha do Reagente Os fatores que mais influem na seletividade do reagente são: •Temperatura; •Concentração do reagente (pH); •Tempo de contato. 2.1.2. Principais Solventes Água - Re207(s) + H2O -> 2HRe04(l) (Natural) Ácidos [ H2SO4 ] -> Ácido sulfúrico - usado diluído, concentrado ou sob ácido hidroflorídrico. Malaquita: CuCO3Cu(OH)2 Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 6 CuCO3Cu(OH)2(s) + 2 H2SO4(aq) -> 2CuSO4 + CO2(g) + 3 H2O(aq) -> 2Cu++ + 2SO4= Willemita: ZnO ZnO(s) + H2SO4(aq) -> ZnSO4(aq) + H2O Óxidos de ferro: Fe2O3 Fe2O3(s) + 3H2SO4(aq) -> 2Fe3+(aq) + 3SO42-(aq) + 3H2O -> Fe2(SO4)3 Calcita: CaCO3 CaCO3(s) + H2SO4(l) -> Ca2+(aq) + SO42-(aq) + CO2(g) + H2O [ HCl ] -> Ácido clorídrico - muito caro e bastante corrosivo. Schelita: CaOWO3 CaOWO3(s) + 2HCl(aq) -> Ca++(aq) + 2Cl-(aq) + WO3H2O(l) [ HNO3 ] -> Ácido nítrico - a sua única aplicação é feita para dissolver urânio a partir do "Yellow Cake" [HF] -> Ácido fluorídrico - usado como agente complexante. Columbita: Nb2O5 Nb2O5(s) + 14HF(aq) -> 4H+(aq) + 2NbF72- + 5H2O Bases Vantagens -> {Corrosão - desprezível; {ganga - carbonática; {seletividade alta- (não costuma lixiviar o Ferro impureza mais presente); Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 7 {valor - mais barato que os ácidos. [ NaOH ] -> Hidróxido de sódio Bauxita - Al2O3H2O Al2O3H2O(s) + 2NaOH(aq) -> Na+ + 2AlO2- + H2O + H+ [ Na2CO3 ] -> Bicarbonato de sódio Minério de Urânio: UO3 (ganga carbonática). UO3(s) + 3Na2CO3(aq) + H2O -> 6Na+(aq) + UO2(CO3)34-(aq) +2OH-(aq) Sais [ Fe2(SO4)3 ] -> Sulfato de Ferro - usado para lixiviar Sulfeto de Cobre. CuS(s) + Fe2(SO4)3(aq) -> CuSO4 + 2FeSO4 + S [ NaCl ] ->Cloreto de Sódio - usado para lixiviar Sulfeto de Chumbo. PbSO4 + 2NaCl -> Na2SO4 + PbCl2 [ NaCN ] ->Cianeto de Sódio - usado para lixiviar Ouro. Observações: •Trabalhar com pH>10 ; •O HCN é mortífero ao reagir com ácidos. 4Au(o)(s) + 8NaCN(aq) + O2(g) + 2H2O -> 8Na+(aq) + 4Au(CN)2-(aq) + 4OH-(aq) [ Na2S ]->Sulfeto de Sódio - usado na lixiviação de Antimônio. SbSO3(s) + 3Na2S(aq) -> 2Na3[SbSO3](aq) Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 8 [ Na2S2O3 ] ->Tiossulfato de Sódio - usado na lixiviação de Cloreto de Prata. 2AgCl(s) + Na2S2O3(aq) -> Ag2S2O3(aq) + 2NaCl(aq) [ NH3 ] -> Amônia (complexante) - usada para lixiviar Sulfeto de Cobre. CuS(s) + 2O2(g) + 4NH3(aq) -> Cu[NH3]42+(aq) + SO42-(aq) 2.2. Viabilidade Econômica da Lixiviação •Valor do metal •Custo da Lavra •Custo do transporte do material lavrado •Custo da Britagem •Custo da Moagem •Custo da preparação •Velocidade-{Granulometria (mais fino mais veloz) -{Aceleração (proporcional à reação química) -{Temperatura (proporcional à reação química) -{Concentração (aumentando uma aumenta a outra) -{Densidade da polpa (é inversamente proporcional) •Seletividade - é afetada pelo processo e não pelo método. 2.3. Métodos de Lixiviação Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 9 1º) Lixiviação "In Situ" - Leaching "In Place" -> realizada no próprio depósito no solo, sem necessidade de desmonte do minério. Em que casos se aplica? •Jazidas de baixo teor; •Jazidas subterrâneas por métodos de Câmaras e Pilares; •Áreas perigosas; •Áreas profundas de difícil acesso. Vantagens •Baixo custo de capital e de operação; •Redução no tempo de desenvolvimento; •Mínima perturbação ao meio ambiente; •Menor índice de poluição. Incoveniências •Baixa recuperação do metal; •Baixa recuperação do agente lixiviante •Velocidade do processo (lenta) Sucesso da lixiviação "in situ" •Existência de um metal facilmente dissolvido naquele mineral; •Existência de um depósito naturalmente permeável ou que seja permeabilizado; Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 10 •Existência de camadas impermeáveis que facilitem o direcionamento da lixívia para posterior recolhimento. 2º) Lixiviação em Pilha - "Dump" ou "Heap Leaching" •Este método envolve no máximo uma britagem primária. 3º) Lixiviação em Tanque - "Vat Leaching" •É necessário, neste caso, uma britagem e classificação das partículas para facilitar a percolação [3/8" e 3/4"]. •Capacidade dos tanques de 12.000 toneladas de minério. •Ciclo médio de (10 a 14) dias. •Equação de Darcy -> Q = -(KA/µ) x P/h onde: Q - velocidade de percolação µ - viscosidade da lixívia A - área da seção do tanque P - pressão h - altura K - coeficiente de permeabilidade Vantagens do Método • Consumo mínimo de solventes •Conteúdo do metal com elevado teor •Elimina as etapas de espessamento e filtragem. Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 11 Exemplo: Mina de cobre de Anaconda nos (EUA). Lixiviação de 12.500 ton / dia com recuperação de (80 a 90%). Resultados obtidos: {15 g/l Cu++ {7 g/l de Fe (total) {5 g/l de Fe+++ {6 g/l de Al+++ 2.4. Resumo dos Processos de Lixiviação As operações de lixiviação podem ser classificadas em dois grandes grupos: •leito estático ou percolação e •tanques agitados ou agitação. O primeiro inclui a lixiviação in situ, em pilhas (de rejeito, estéril ou minério) ou em tanques estáticos (vat leaching). Leito Estático ou percolação -Em situ -Em pilhas -Em tanques estáticos Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 12 Esta última, em desuso, foi utilizada até a última década na mina de cobre de Chuquicamata, Chile. O segundo grupo compreende a lixiviação em tanques agitados - abertos ou sob pressão. Tanques Agitados (Abertos ou Sob pressão) Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 13 ♣A lixiviação pode ser mediada também por microrganismos (biolixiviação), sendo a grande aplicação desta na dissolução de sulfetos. 2.5. Definição e Plano de Produção de Níquel Laterítico aproveitado através Rota de Lixiviação Ácida sob Pressão. Resumo Definiu-se um depósito hipotético de níquel laterítico de tamanho médio a partir dos dados dos projetos em desenvolvimento e implementação. Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 14 Estabeleceram-se os planos de produção para uma operação com aproveitamento do depósito através de rotas de processo de lixiviação ácida sob pressão, respeitando-se parâmetros que se observam na indústria. Estudaram-se escalas de produção entre 45000 t/ano Ni e 300000 t/ano Ni, estabelecendo-se indicadores técnicos que foram utilizados para avaliação de capacidade. Palavras-chave: Plano de produção, definição de capacidade, níquel laterítico, lixiviação ácida sob (alta) pressão (PAL, HPAL, HiPAL). 2.5.1. Introdução As lateritas de níquel, em especial aquelas em que o aproveitamento é feito através de rotas de lixiviação ácida sob pressão, são a maior fonte potencial para o crescimento da oferta do metal e os projetos em desenvolvimento e implementação que utilizam essa tecnologia constituem a parcela mais expressiva da capacidade a ser colocada no mercado nos próximos anos. O aproveitamento de níquel laterítico através de rotas de lixiviação ácida sob pressão (em inglês: pressure acid leaching - PAL, também, high-pressure acid leaching HPAL, HiPAL) foi desenvolvido no final da década de 50 e, primeiramente, aplicado em Moa Bay, Cuba, que permaneceu, por muitos anos, como a única operação a utilizar esta rota de processo. A tecnologia foi retomada no final da década de 90 com a implementação de três operações na Austrália Ocidental. Um esquema simplificado do processo é mostrado na Figura 1. Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 15 Figur a 1 - Diagrama simplificado do processo de lixiviação sob pressão. A Figura 2 mostra a planta de Murrin Murrin, da Minara Resources, na Austrália Ocidental. O minério é alimentado na planta e segue para a lixiviação ácida em autoclaves sob alta temperatura e pressão. O ácido sulfúrico dissolve o Ni e Co em conjunto com uma série de outros metais. Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 16 Figura 2 - Visão da planta de Murrin Murrin. Fonte: Anaconda Nickel (2002). Na neutralização primária, a adição de calcário à temperatura e pressão ambientes aumenta o pH da solução, precipitando Fe, Al e Cr através de decantação em contracorrente. É feita uma neutralização secundária, com cal, para a remoção de Fe residual e Cu e correção do pH, e os rejeitos são enviados à barragem. A solução clarificada da neutralização primária segue para a precipitação de um produto intermediário - hidróxido ou sulfeto misto de Ni e Co impuro - com cerca de 50% de Ni, que é refinado ao catodo. O cobalto é um subproduto importante do aproveitamento de níquel laterítico através das rotas hidrometalúrgicas. 2.5.2. Metodologia, resultados e discussão 2.5.2.1. Definição do depósito típico e inventário de reservas Tamanho do depósito Uma relação de depósitos de Ni laterítico apresentada pelo USGS (USGS, 2003) foi estudada, selecionando-se os projetos em que o aproveitamento será feito através de rota hidrometalúrgica, correspondentes aos depósitos em que há predominância de minérios limoníticos, ou aqueles cuja rota ainda não foi definida. Foram excluídos, portanto, os projetos cuja rota já tenha sido definida como sendo através de processos piro metalúrgicos, correspondentes a depósitos em que predominam minérios saprolíticos. Essa seleção define um perfil para o depósito-tipo no qual os teores de níquel são, em geral, mais baixos, refletindo com maior aderência as condições de aproveitamento dos projetos cuja rota de processo é de lixiviação sob pressão. A Figura 3 mostra o conteúdo metálico e os teores das reservas mais recursos inferidos para o conjunto de depósitos em estudos e implementação. Adotaram-se como referência para o tamanho do depósito-tipo, a mediana da soma da tonelagem de reservas mais recursos inferidos e a mediana do conteúdo metálico de Ni e Co encontrada para o conjunto de depósitos selecionados. Inventário de reservas Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 17 As espessuras das unidades litológicas que compõem o depósito e os teores de Ni, Co, Fe e Mg nas várias unidades foram definidas a partir de um perfil típico de depósitos de Ni laterítico apresentado por Elias (2002, p. 4 e p. 7), desenvolvendo-se a Tabela 1 e a Tabela 2, o que define o inventário de reservas. Os teores adotados para os elementos são mostrados na Tabela 1. Tabela 1 - Reservas do depósito típico - teores. Calculando-se as massas dos elementos a partir de seus teores, estabeleceram-se os conteúdos metálicos relativos a cada elemento e a massa de todo o depósito foi fatorada, de forma que a tonelagem total e os conteúdos metálicos de Ni e Co correspondessem aos valores medianos. O inventário de reservas resultante é mostrado na Tabela 2. Tabela 2 - Tamanho do depósito típico. Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 18 Figura 3 - Reservas e recursos inferidos dos depósitos em estudos e implementação. Adaptado de USGS (2003, op. cit.). 2.5.3. Plano de aproveitamento O plano de aproveitamento e o sequenciamento de produção foram estabelecidos a partir do inventário de reservas. Foram feitos estudos de aproveitamento para cinco escalas de produção diferentes (em 1000 t/ano Ni): 45, 60, 120, 200 e 300. A estratégia de sequenciamento de produção obedece às várias restrições simultâneas quanto à capacidade das seguintes unidades do sistema, enumeradas por ordem de importância: - Lixiviação (PAL). - Refinarias de Ni e Co. - Planta de ácido. - Planta de beneficiamento. - Lavra. A fim de antecipar fluxos de caixa mais elevados, maximizando o aproveitamento dos recursos, foi implementada uma estratégia através da imposição de teores de corte mais elevados no início da operação, os quais decrescem com o tempo (Lane, 1988), resultando um teor médio de alimentação e, por consequência, um patamar de produção, inicialmente mais altos. Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 19 A estratégia está fundamentada na baixa proporção dos custos de lavra no total dos custos. Utilizou-se uma taxa de lavra de cerca de 150% daquela da alimentação da planta, o que visa a expor e a alimentar a planta de maior quantidade de minério das unidades mais ricas - que estão na base do depósito - mais cedo. Assim, as unidades mais ricas - o saprolito da base e o material de transição sobreposto - são utilizadas para alimentação direta, estocando-se os excedentes de limonita, que são alimentados pela planta no final da vida do empreendimento. O perfil de produção na lavra para a escala de 45000 t/ano Ni é mostrado na Figura 4. Portanto a lavra é feita em 32 anos, para um aproveitamento do depósito feito em 53 anos (até o ano 56). Figura 4 - Perfil de produção - lavra - 45000 tpa Ni. Figura 5 - Ni produzido por origem - 45000 tpa Ni. Figura 6 - Ni Produzido por origem - 120000 tpa Ni. Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 20 Considerada a recuperação da hidrometalurgia - 90% -, resulta o perfil de produção de Ni metálico mostrado na Figura 5, onde se verifica que a contribuição das unidades mais ricas é muito maior que aquela das limonitas do topo do depósito, razão do aproveitamento destas últimas ser postergado. Por outro lado, a capacidade da planta de ácido - e os custos deste - limitam a alimentação das unidades mais ricas, que têm mais Mg. Na primeira fase da operação, em que se alimenta minério das unidades basais blendado com limonita ocre, a produção corresponde à capacidade nominal: 45000 tpa Ni. Na segunda fase, em que se alimenta apenas limonita vermelha, a produção cai para cerca de 16000 tpa Ni. Para as demais escalas, a vida útil é menor e o perfil de produção é semelhante. A Figura 6 mostra o perfil de produção de Ni metálico para a escala de 120000 tpa Ni. O consumo de ácido sulfúrico foi obtido a partir de adaptação do consumo específico conforme computado por Marshall e Buarzaiga (2004), partindo-se de um consumo específico de 385 kg de ácido por tonelada de minério seco alimentada pela lixiviação, que foi ajustado proporcionalmente pela variação dos teores de magnésio e níquel alimentados. O controle do teor de magnésio e, por consequência, do consumo de ácido é feito limitando-se a alimentação de unidades de saprolito e transição, que são blendadas com as limonitas. 2.5.4. Conclusão A metodologia utilizada para definir o tamanho e as características de qualidade do depósito-tipo e para desenvolver os planos de aproveitamento para as várias escalas assegura aderência ao comportamento provável dos depósitos em desenvolvimento e implementação e permite a avaliação econômica da escala de produção (Rodrigues, 2007) sob condições realistas. 2.5.5. Referências Bibliográficas ANACONDA NICKEL. Murrin Murrin Operations - Business Overview - Presentation to Secured Creditors - 15 March 2002. Anaconda Nickel. Disponível na internet <s.n.a>. Acesso em: 24 mar. 2002. ELIAS, M. Nickel laterite deposits: Geological overview, resources and exploitation. In: COOKE, D., PONGRATZ, J. (eds.). Giant ore deposits: Characteristics, genesis and Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 21 exploration. CODES Special Publication 4. Hobart, Tasmania: Centre for Ore Deposit Research, University of Tasmania, 2002. p. 205-220. LANE, K.The economic definition of ore. London: Mining Journal Books Ltd, 1988. MARSHALL, D., BUARZAIGA, M. Effect of magnesium content on sulfuric acid consumption during high pressure acid leaching of laterite ores. In: IMRIE, W. , LANE, D. (eds.). International Laterite Nickel Symposium. Charlotte, NC, U.S.A, Proceedings. Warrendale, PA, USA: TMS (The Minerals, Metals & Materials Society), 2004. p. 263-271. RODRIGUES, R. Definição de capacidade de um depósito médio de níquel laterítico aproveitado através de rota de lixiviação ácida sob pressão. Ouro Preto: Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral, Universidade Federal de Ouro Preto, 2007. (Dissertação de Mestrado em Engenharia Mineral), . USGS - U.S. Department of the Interior. U.S. Geological Survey. Mineral Commodity Summaries 2003 Nickel: Disponível em: <http://minerals.usgs.gov/minerals/pubs/commodity/nickel/nickemyb03.pdf> Acesso em: 02 nov. 2005. 3.SEPARAÇÃO SÓLIDO / LÍQUIDO Seguem-se a essa etapa, as operações de separação sólido líquido para a obtenção da fase aquosa ou licor (contendo o metal de interesse): •Ciclonagem, •Espessamento e filtragem A eficiência desta etapa é determinante para a minimização das perdas de metal solúvel na polpa, que constituirá o rejeito, e de consumo de água nova no processo. Entretanto, as características dos sólidos a serem descartados também serão determinantes nos custos de disposição do rejeito e no risco potencial de impactos ambientais. 4.TRATAMENTO DA SOLUÇÃO A etapa de tratamento do licor produzido na lixiviação visa à purificação da solução (através da separação de elementos provenientes da dissolução da ganga e que podem Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 22 afetar a etapa posterior de recuperação do metal) e à concentração da solução contendo o metal dissolvido até os níveis adequados à etapa seguinte de recuperação. Eventualmente esta etapa pode levar à obtenção de subprodutos. O tratamento do licor envolve processos tais como: •Precipitação, •Adsorção em carvão ativado, •Adsorção em resinas poliméricas de troca iônica e •Extração por solventes - SX. ♣É importante destacar que os processos utilizados nessa etapa podem ser aplicados ao tratamento de efluentes, visando à concentração e à remoção de contaminantes. 4.1. Extração por Solvente O que é? É a transferência de íons, específicos, desde uma solução aquosa pouco concentrada até outra (mais concentrada), por meio de uma solução orgânica (o processo se utiliza do fenômeno de um soluto se distribuir entre dois solventes imiscíveis postos em contato). Emprego A extração por solvente é executada para se atingir o objetivo de separação. Conforme já salientado, a lixiviação não é tão seletiva quanto seria desejável. Por ser capaz de extrair da solução aquosa (lixívia) apenas o íon do metal de valor, a extração por solvente é um processo levado em consideração sempre que o objetivo de separação é importante. Paralelamente, o processo é capaz de efetuar simultaneamente o enriquecimento de soluções diluídas – esse fato é muito importante, pois trabalhar com volumes reduzidos de solução significa: (i) menores investimentos em capital (com a supressão da compra de mais equipamentos, ou equipamentos maiores ou mais potentes); e (ii) abertura para aplicação de processos extrativos hidrometalúrgicos que exigem soluções com elevada concentração do soluto. 4.1.1. Considerações gerais Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 23 Na extração por solvente, a solução aquosa é colocada em contato com um solvente orgânico específico. Nesse contato, o metal de valor transfere-se da solução aquosa inicial (lixívia) para o solvente (o solvente ‘carregado’, ‘rico’ leva o nome de extrato). Na sequencia, há um novo contato com uma segunda solução aquosa (final), para a qual ele será transferido. Dela, o metal de valor será normalmente extraído por meio de outro processo. O líquido intermediário – uma fase orgânica insolúvel nas duas fases aquosas – é escolhido por ser uma substância onde o metal desejado possui alta solubilidade. Como resultado – tomando-se os cuidados para que a solução aquosa final seja de pequeno volume – obtém-se uma solução aquosa com uma concentração dos íons do metal de valor muito mais elevada e livre dos íons nocivos. A transferência do soluto entre a lixívia e a fase orgânica é chamada de extração e, a sua transferência, dessa para a solução aquosa final, chama-se esgotamento (stripping na literatura inglesa); a solução aquosa inicial torna-se o rafinado à medida que dela se extrai o soluto, e a fase orgânica, contendo o metal de valor, o extrato, Figura 7. Figura 7. Diagrama esquemático da extração por solvente com um único estágio para cada uma das fases de extração e esgotamento. Alguns líquidos orgânicos podem ser usados diretamente como solvente. Outros, contudo, são muito viscosos e devem ser diluídos em líquidos orgânicos inertes (diluentes), também imiscíveis em água como, por exemplo, a querosene; nesse caso, a substância ativa é denominada genericamente de extratante. Nem sempre o extratante é totalmente solúvel no diluente; para melhorar essa propriedade, adiciona-se outra substância: o modificador. Independentemente do grau de complexidade da sua constituição, a fase orgânica resultante é sempre chamada de solvente (estritamente, a fase aquosa também é um solvente). Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 24 Os mecanismos de transferência de metais da fase aquosa para a orgânica podem ser de vários tipos; contudo, como os metais existem na solução aquosa normalmente na forma iônica, dois pré-requisitos básicos devem ser preenchidos: (i) a neutralização da carga o íon; e (ii) a troca da (possível) água de solvatação por ligações do tipo covalente (mesmo as espécies que consideramos ser do tipo ‘simples’ apresentam, de fato, maior complexidade; o cátion Fe3+, por exemplo, é, na realidade, Fe(H2O)63+ ). Desse modo, a espécie química portadora do metal de valor perde a 'semelhança' com a água (fator que provoca a diminuição da sua solubilidade na fase aquosa) ficando mais próxima do tipo de substância que compõe o solvente orgânico, aumentando, consequentemente, a probabilidade de nele se dissolver. A dissolução propriamente dita se efetua por algum dos seguintes mecanismos: por formação de um composto coordenado sem carga; por troca iônica; ou por solvatação, com associação entre íons; Um exemplo do primeiro tipo é a extração do alumínio com aminas (Re: 8-Hidroxiquinolina): Al(H2O)63+ + 3 R = Al(R)3 + 3 H+ + 6 H2O; Um exemplo do segundo caso é a extração do Zn por meio do ácido versático: 2 R1R2CH3COCOOH + Zn2+ = (R1R2CH3COCOO)2Zn + 2 H+. 4.1.2. Termodinâmica da extração por solvente 4.1.2.1. Distribuição de um solvente entre dois solutos Em vários campos da metalurgia aparece o caso de um soluto se distribuir entre dois solventes insolúveis entre sí e em íntimo contato – por exemplo: o enxofre que se distribui entre o aço líquido e a escória sobrenadante em uma panela durante o refino do aço. Existem três modos básicos de se descrever esta situação: (i) pela constante de partição, (ii) pelo coeficiente de partição e (iii) pelo coeficiente de distribuição. A expressão: Pº = aiB / aiA Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 25 é a forma matemática da lei de partição onde , a constante de partição, é igual à razão das atividades de uma espécie química solúvel, em equilíbrio, nos solventes A e B. Já o coeficiente de partição, Pi , caracteriza a situação em termos de concentrações, mas também de uma única espécie presente nos dois solventes, isto é: Por exemplo, para a espécie química GeCl4, distribuída entre a água e o CCl4, o valor do coeficiente de partição é: onde A e B são os solventes citados. Uma expressão particularmente importante para a metalurgia extrativa é aquela que considera a lei de partição em termos da concentração total das espécies químicas nas quais um elemento que estamos particularmente interessados participa; assim, D, o coeficiente de distribuição, é igual ao quociente entre essas concentrações do elemento na fase A na fase B: Portanto, se considerarmos a extração da platina por meio de uma amina terciária (R3N, onde R= C8—C10) em uma fase orgânica, o valor do coeficiente de distribuição é dado por: normalmente [(R3NH)2PtCl6]A é pequena e pode ser desprezada 4.1.2.2. Equilíbrio em estágios Jackson nos mostra – para o caso de uma extração com um extratante quelante 3 representado por RH, que forma com os íons do metal, Me 2+, um quelato, R2Me –, que o coeficiente de distribuição pode ser expresso por: Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 26 normalmente é mantido constante –; e (ii), de forma muito significativa, o valor do pH da fase aquosa (os fatores secundários, agrupados sob uma constante k', são: o coeficiente de partição do quelato, o coeficiente de partição e a constante de dissociação do extratante, e a constante de estabilidade do quelato. 1 Como a fração de platina em cada uma das espécies químicas é constante, o coeficiente de distribuição fornece, em última instância, a razão entre as concentrações de platina na fase orgânica e na fase aquosa. 2 Jackson, E.: Hydrometallurgical extraction and reclamation, Ellis Horwood, Chichester, 1986 3 Quelantes são substâncias que se ligam a um substrato doando um par de elétrons – uma ligação dita ‘coordenada’. Essa ligação é covalente no caráter, mas é mais fraca do que uma ligação covalente legítima. Quando o valor do coeficiente de distribuição é apresentado em função do valor do pH da solução, se observa que ele aumenta significativamente acima de um dado valor de pH (ver Figura 8). No ponto de inflexão da curva, D é igual a unidade e o valor do pH correspondente é denominado pH0,5. Para valores de pH maiores do que esse, a extração é o passo dominante; para valores inferiores, acontece o esgotamento ou stripping. Por consequência, quando dois metais possuem valores diferentes de pH0,5 (para um mesmo extratante) é possível fazer-se a extração seletiva de um deles. Figura 8. Valor do coeficiente de distribuição, D = [i]O/[i]A, em função do valor do pH da solução e localização das regiões de carregamento (ou extração) e esgotamento (estripagem) em relação aos valores de D e do pH (esquemático). Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 27 A extração por solvente pode dar-se – como é o caso de muitos outros processos – por batelada ou de forma contínua. Para essa última, o uso de múltiplos estágios pode ser muito interessante, pois, em que pese o maior investimento de capital em vários reatores, a eficiência do processo tende a ser maior. Usa-se o diagrama de McCabe-Theile para se averiguar o número de estágios que devem ser empregados (tanto na extração quanto no esgotamento); este diagrama se baseia (i) na ‘linha de operação’ e (ii) na ‘isoterma de distribuição’ (ou simplesmente ‘isoterma’). Essa última é o lugar geométrico dos pontos (obtidos experimentalmente) que denotam as diferentes concentrações de equilíbrio do metal de valor na solução aquosa e no solvente orgânico. Idealmente esta linha é uma reta; na prática, devido a alguns fatores, apresenta-se, em geral, como uma linha curva. Em um sistema de extração de um único (ou de múltiplos) estágio(s) um balanço de massa dos íons metálicos (para um estágio n) mostra que: Yi O + Xi A = YF O + XF A (O é a vazão – ou volume – de solvente, A é a vazão – ou volume – da solução aquosa, Y é a concentração do soluto (metal de valor) no solvente e X é a sua concentração na água; os subscritos i e F indicam inicial e final). No (primeiro) estágio da extração entra a solução ‘rica’ provinda da lixiviação; do (último) estágio sai a solução ‘pobre’, ou rafinado – na verdade, uma solução de lixiviação esgotada, mas muito ácida, que retorna à lixiviação. Da mesma forma, no (primeiro) estágio do esgotamento entra a solução ‘pobre’ provinda da obtenção do metal (por exemplo, por eletrólise); do (último) estágio sai a solução ‘rica’, carregada de íons, para o processo de obtenção do metal. Entre as duas etapas circula o solvente: ele sai ‘carregado’ (como extrato) da etapa de extração e retorna ‘pobre’ da etapa de esgotamento. Idealmente, as três soluções circulam em regime de circuito fechado, Figura 7. Busca-se, normalmente, determinar o valor de Yi. O valor de Xi vem da lixiviação; já o valor de YF é estimado em função da experiência – pela associação com D, pode-se conhecer o valor de XF. 5.RECUPERAÇÃO DO METAL A última etapa do fluxograma hidrometalúrgico tem como objetivo a recuperação do metal. Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 28 Este pode ser obtido na forma de sal ou hidróxido metálico (como Al 2O3.nH2O e CuSO4), através de processos de precipitação/cristalização ou na forma metálica. No segundo caso, utiliza reações de redução em fase aquosa, como a: •cementação (redução via oxidação de um metal menos nobre), •a redução por hidrogênio ou •a eletrorrecuperação, que, por sua vez, é o principal processo utilizado na produção de metais de elevada pureza diretamente de soluções aquosas. Recuperação do Metal O processo de eletrorrecuperação envolve a aplicação de uma diferença de potencial entre cátodos-ânodos imersos em solução aquosa e é usado na obtenção de cobre, zinco, níquel, ouro, dentre outros. Para metais de potencial redox muito negativo, como o alumínio, este processo é realizado em banho de sais fundidos. 5.1. Eletrólise É um processo de purificação onde se aplica uma diferença de potencial numa célula eletrolítica, como na figura abaixo, e uma força eletromotriz funciona como uma bomba de sucção. Lama Anódica - parte do anodo que se constitui de impurezas. Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 29 2Na+ + 2e- <=> Na2 2Cl- <=> Cl2 + 2eEletrólise - se dá em: Sais fundido Meio aquoso Eletrodo Metal (Pt / Pb). Grafite / Carvão. Eletrólise em meio aquoso. Se em vez de sais fundido for uma solução aquosa H+ , OH- . O (H+) tem prioridade sobre os alcalinos, Mg e Al. O (OH-) tem prioridade sobre os ânions que têm oxigênio. O (F-) tem prioridade pelo (OH-) apesar de não ter oxigênio. Eletrólito em solução aquosa: Eletrólise: Solvente: I ̶ 4AB <=> 4A- + 4B+ Ia ̶ 4A- → 4A + 4eIb ̶ 4B+ + 4e- → 4B II ̶ 4H2O → 4H+ + 4OHIIa ̶ 4OH- → 4OH + 4e- → 2H2O + O2 + 4eIIb ̶ 4H+ + 4e- → 4H + 2H2__________________ H2O → H2 + ½O2 Dependendo da eletrólise pode-se ter: (galvanoplastia, recobrimento eletrolítico). Eletrorrecuperação Mineração – Introdução a Hidrometalurgia ou Eletrorrefino 30 O eletrodo de platina não participa da reação. 2NH4Cl → 2NH4+ + 2Cl2NH4+ + e- → 2NH4 → 2NH3 + H2 HCl → H+ + Cl- Ex: 2H+ + 2e- → H2 2Cl- → Cl2 + 2eZnCl2 → Zn++ <=> 2Cl- Ex: Zn++ + 2e- → Zno 2Cl- → 2Clo + 2e Solução aquosa de sulfato de sódio com eletrodos inativos: Na2SO4 → 2Na+ + SO4= Obs: Irá desprender gás hidrogênio e hidróxido de sódio no catodo e oxigênio no anodo + ácido sulfúrico. Eletrodo de cobre participa da reação. CuSO4 → Cu++ + SO4= Cuo → Cu++ + 2e- Eletrodo mergulhado num líquido: Equilíbrio; Oxidação = Redução Me <=> MeZ+ + Ze Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 31 ͞i = ͞׀i = ׀io → Densidade de corrente de troca. Ƞ ꞊ E - Ee → Polarização do eletrodo - diferença entre o potencial que eu tinha e o potencial que eu tenho. 1) Se E > Ee → Polarização anódica Me → MeZ+ + Ze ͞i < | ͞ i | ianodica = ͞ i - | ͞ i | > 0 2) Se E < Ee → Polarização catódica ic = | ͞ i | - | ͞ i | < 0 Me ← MeZ+ + Ze A sobretensão é uma grandeza da polarização Polarização é a força capaz de modificar o potencial de equilíbrio de um metal. Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 32 5.2. Eletrorrefino (E) E = (Ea)e + (Ec)e + Ƞa + Ƞc Lama Anódica - contém os metais mais nobres que aquele metal que foi refinado. As operações de eletrorrefino são executadas a baixas tensões energéticas em torno de 1V. Em soluções aquosas são eletrorrefinados: Au, Ag, Cu, Pb, Sn, Ni, Co. Em sais fundidos são eletrorrefinados: Ti, Nb, Ta, Al, Pb, U, Be, V, Zn, Volfrâmio e Molibdênio 5.3. Eletrorrecuperação Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 33 Anodo → 93 - 98% Catodo → 99,98 - 99,999% O metal que quero depositar está dissolvido no solvente inorgânico. O eletrodo deve ser inerte se possível de platina para não contaminar o processo. O potencial de eletrorrecuperação é bem maior que o de eletrorrefino em torno de 3 a 5V. Todo processo eletrolítico tem seu processo final com deposição do metal no catodo. Quanto mais impurezas tiver mais caro será o processo devido ao consumo energético. Os fatores que afetam o aspecto físico da deposição: 1) A velocidade de renovação dos íons na interface catodo-eletrólito. 2) Mobilidade dos ad-ions na superfície do catodo antes de serem incorporados a rede cristalina. 3) A presença de outros componentes na solução depende da polarização do catodo. Modificações na prática Alterando: a densidade de corrente, concentração e natureza do eletrólito, agitação e temperatura do banho e na adição de substâncias específicas. Efeito nas variáveis do processo і = I/S Ee = (Ea)e + (Ec)e I◄ Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 34 E = Ee + Ƞ + Rі Ƞ = Ƞ c + Ƞa 1) Tensão - aplicada à célula E = Ee + Ƞ + RI Ee = - ΔG/nF Eq. de Tafel → Ƞ = b (log і / log іo) b = constante ba = 2,303RT/αZF bc = 2,303RT/(1- α)ZF I = Intensidade de Corrente R=1/KxL/S K - condutância específica L - distância anodo-catodo S - superfície do eletrodo Valores Práticos Processo (solução aquosa) Eletrorrefino do Cu Eletrorrefino do Au Eletrorrefino do Ag Eletrorrecuperação Ni Eletrorrecuperação Mn Eletrorrecuperação Al (sais fundidos) Eletrorrecuperação Mg (sais fundidos) 2) Densidade de corrente (i) E (V) 0,2 - 0,3 0,5 - 3,5 2,0 - 3,8 2,8 - 4,0 5,0 5,0 - 7,0 6,0 - 7,0 Potência consumida numa célula = E x I Para isso o eletrodo deverá ter superfície maior possível para baixar o consumo energético. Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 35 Processo Eletrorrefino de Ni Eletrorrefino de Cu Produto de Álcalis Produto de Al e Mg i (A/cm2) 0,013 0,015 0,1 - 0,15 1,0 3) Produção horária do eletrodo em (Kg/h/cm2). Mth = (Ԑ x I / S) x 3.600 M = metal depositado. Mth = produção de metal teórica. Ԑ → equivalente eletroquímico da produção formal. Na prática: M ≤ Mth M / Mth = ρI ; ρI → rendimento de corrente (Ԑ x I / S) x 3600 = M / ρI I = (M / ρI x S / Ԑ x 1 / 3600) = M x S / K x ρI I = M x S / K x ρI Processo Eletrorrefino do Cu Eletrorrefino do Au Eletrorrefino do Nb (sais fundidos) Eletrorrecuperação Mn Eletrorrecuperação Ni Eletrorrecuperação Al (sais fundidos) ρI (%) 99 99 100 65 - 70 91 - 98 83 - 88 Produção Horária Rendimento de Corrente Consumo e Rendimento Energético Ⱳ = (E x I / M x S) x 10-3 ; (Kwh / kg) I = k (M x S / ρI) Ⱳ = (E x I / M x S) x 10-3 = K (M x E x S / M x S x ρI) x 10-3 Ⱳ = K (E / ρI) x 10-3 Wth = (Eth x I / Mth x S) x 10-3 Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 36 ρW = W / Wth = [(E x I / M x S) x 10-3 / (Eth x I / Mth x S) x 10-3] = E / Eth x Mth / M = (E / Eth) ρI ρW = (E / Eth) ρI ; ρW → Rendimento Energético Processo Eletrorrefino Cu Eletrorrefino Au Eletrorrefino Ag Eletrorrecuperação Al Eletrorrecuperação Mg W ( Kwh/kg) 0,14 - 0,20 0,28 0,56 16,4 17,0 5.4. Células Eletrolíticas Formato cilíndrico e retangular. Requisitos dos materiais 1) Resistente a ação do eletrólito e dos produtos da eletrólise. 2) Os produtos de corrosão quando existirem não devem purificar os produtos da eletrólise. 3) Deve ter baixo custo, fácil manutenção e resistência a quebra. Materiais que satisfazem as condições 1) Metais em Geral 2) Ferro e Aço (desvantagem - ataque dos eletrólitos) 3) Cerâmica ( facilmente quebrável, mas não sofre ataque) 4) Célula de Madeira ( desde que o eletrólito não seja muito ácido) 5) Concreto ( não podem ser usados eletrólitos ácidos) 6) Fibras de Vidro ( laminado de Poliester), e Vidro 7) Chumbo - no caso de revestimento de materiais mais fracos ( não pode ser usado em eletrólito com cloreto 8) Revestimento de asfalto e Betume ( pode atrapalhar a eletrolise e não aguenta altas temperaturas) Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 37 5.5. Eletrólitos 1) Solúvel (ouro impuro) - Anodo → (Deposita-se no catodo puro) Insolúvel (inerte) - não podem ser atacados pelos eletrólitos ou produtos da eletrólise. Características da eletrólise: - Boa resistência mecânica - Boa condutância elétrica - Baixa sobretenção para o processo de interesse - Baixo custo As principais aplicações de processos hidrometalúrgicos no Brasil são representadas pela extração de minérios: •de ouro (processo convencional, tal como na RPM Kinross, em Paracatu, e refratários) •de ouro em pirita e arsenopirita - como nas usinas da Anglo Gold Ashanti e São Bento); •níquel (lateritas, Votorantim Metais – VM, em Niquelândia); •zinco (minérios silicatados e sulfetados, VM em Três Marias e Juiz de Fora) e •Alumínio (processos Bayer e Hall-Heroult, diversas usinas). Em menor escala, os processos hidrometalúrgicos também são usados na extração de: •minério de urânio e •na produção de óxidos de terras-raras. Embora não designadas como tal, a produção de: •ácido fosfórico através da lixiviação da apatita com ácido sulfúrico e •a lixiviação in situ de NaCl (Braskem-Maceió) Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 38 Também poderiam ser incluídas dentre as aplicações de processos fundamentalmente hidrometalúrgicos. 6.PERSPECTIVAS As perspectivas de ampliação das aplicações da Hidrometalurgia são bastante promissoras, diante dos grandes investimentos previstos para o país, em especial para o cobre e níquel. Os projetos da VALE para o cobre, utilizando rotas bio e hidrometalúrgicas, pretendem transformar o Brasil em um dos grandes produtores mundiais do metal. A escala de produção desses metais, as características complexas dos minérios e a opção por rotas hidrometalúrgicas, algumas ainda não consolidadas em escala industrial, criam vários desafios, inúmeras oportunidades e, como consequência, condições reais para uma mudança de patamar na importância da Hidrometalurgia no país. 7.APLICAÇÕES Mineração – Introdução a Hidrometalurgia 39 Hino Nacional Hino do Estado do Ceará Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heróico o brado retumbante, E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Brilhou no céu da pátria nesse instante. Poesia de Thomaz Lopes Música de Alberto Nepomuceno Terra do sol, do amor, terra da luz! Soa o clarim que tua glória conta! Terra, o teu nome a fama aos céus remonta Em clarão que seduz! Nome que brilha esplêndido luzeiro Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro! Se o penhor dessa igualdade Conseguimos conquistar com braço forte, Em teu seio, ó liberdade, Desafia o nosso peito a própria morte! Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, um sonho intenso, um raio vívido De amor e de esperança à terra desce, Se em teu formoso céu, risonho e límpido, A imagem do Cruzeiro resplandece. Gigante pela própria natureza, És belo, és forte, impávido colosso, E o teu futuro espelha essa grandeza. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada,Brasil! Deitado eternamente em berço esplêndido, Ao som do mar e à luz do céu profundo, Fulguras, ó Brasil, florão da América, Iluminado ao sol do Novo Mundo! Do que a terra, mais garrida, Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; "Nossos bosques têm mais vida", "Nossa vida" no teu seio "mais amores." Ó Pátria amada, Idolatrada, Salve! Salve! Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado, E diga o verde-louro dessa flâmula - "Paz no futuro e glória no passado." Mas, se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte. Terra adorada, Entre outras mil, És tu, Brasil, Ó Pátria amada! Dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil! Mudem-se em flor as pedras dos caminhos! Chuvas de prata rolem das estrelas... E despertando, deslumbrada, ao vê-las Ressoa a voz dos ninhos... Há de florar nas rosas e nos cravos Rubros o sangue ardente dos escravos. Seja teu verbo a voz do coração, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte! Ruja teu peito em luta contra a morte, Acordando a amplidão. Peito que deu alívio a quem sofria E foi o sol iluminando o dia! Tua jangada afoita enfune o pano! Vento feliz conduza a vela ousada! Que importa que no seu barco seja um nada Na vastidão do oceano, Se à proa vão heróis e marinheiros E vão no peito corações guerreiros? Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas! Porque esse chão que embebe a água dos rios Há de florar em meses, nos estios E bosques, pelas águas! Selvas e rios, serras e florestas Brotem no solo em rumorosas festas! Abra-se ao vento o teu pendão natal Sobre as revoltas águas dos teus mares! E desfraldado diga aos céus e aos mares A vitória imortal! Que foi de sangue, em guerras leais e francas, E foi na paz da cor das hóstias brancas!