Modernismo 2ª geração A poesia da Geração de 30 demonstra tanto uma liberdade formal que cultivava tanto os versos brancos e livres quanto as formas tradicionais. Surgem novos poetas e os autores da primeira fase literária apresentam uma obra mais madura. Características a ironia, a reflexão sobre o destino do ser humano, a poesia lírica, o regionalismo, verso livre em paralelo a formas fixas, como o soneto. . Estrutura Verso livre soneto Madrigal. Sintonia com as outras artes e mesmo com as outras esferas da cultura; Influência da pesquisa do inconsciente a livre associação de idéias, TEMAS Cotidiano problemas sociais e históricos, inquietações existenciais. “Momento poético", isto é, a "notação rápida de um instante emocional ou de um aspecto do mundo". Retomada de elementos simbolistas, principalmente pelo grupo de poetas que se agrupou em torno da revista carioca Festa, entre os quais Cecília Meireles Os principais poetas Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima, Vinícius de Moraes, Cecília Meireles e Murilo Mendes Cecília Meireles Características da obra leveza, delicadeza Temática da passagem do tempo , a transitoriedade da vida, a fugacidade dos objetos, Influência de filosofias orientais linguagem predominantemente sensorial e intuitiva, herdando a linguagem musical do Simbolismo. Sentimento de saudade, melancolia e do tempo que passa, marcada por nota de tristeza e desencanto, revelase como uma das mais significativas expressões do lirismo moderno. Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: -Em que espelho ficou perdida a minha face? Ou isto ou aquilo Ou se tem chuva e não se tem sol ou se tem sol e não se tem chuva! Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva! Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares. É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo em dois lugares! Vinicius de Moraes Crítico cinematográfico, Diplomata. Um dos poetas mais famosos do Brasil, Ligado à Bossa Nova. Poesia denota certa impregnação religiosa, com poemas longos, de acentos bíblicos, mas que abandonou pouco a pouco em favor de sua tendência natural: A poesia intimista, pessoal, voltada para o amor físico, com uma linguagem ao mesmo tempo realista, coloquial e lírica. Soneto de Separação De repente do riso fez-se o pranto silencioso e branco como a bruma e das bocas unidas fez-se a espuma e das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento que os olhos desfez a última chama e da paixão fez-se o pressentimento e do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente fez-se de triste o que se fez amante e de sozinho o que se fez contente fez-se do amigo próximo o distante fez-se da vida uma aventura errante de repente, não mais quis que de repente. Poética De manhã escureço De dia tardo De tarde anoiteço De noite ardo. A oeste a morte Contra quem vivo Do sul cativo O este é meu norte. Outros que contem Passo por passo: Eu morro ontem Nasço amanhã Ando onde há espaço: Carlos Drummond de Andrade Investigação da realidade humana. visão crítica das relações sociais e humanas, frequentemente expressa em tom irônico, e certo desencanto com relação à vida, recusando-se a um envolvimento sentimental. Durante os anos da Segunda Guerra Mundial, sua poesia participante revelou a necessidade de se integrar no seu tempo, de caminhar de "mãos dadas". Visão cada vez mais desiludida, a esperança num novo tempo é substituída por uma resignação madura diante da falta de solidariedade e justiça. O poeta mergulha em seu passado, buscando na infância as origens desse seu modo introspectivo; isso se manifesta claramente nos poemas em que trata do pai, da vida antiga em Itabira (Cidade mineira em que nasceu). Poema de Sete Faces Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida. (...) Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração. No meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra. Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra. Congresso internacional do medo Provisoriamente não cantaremos o amor, que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos. Cantaremos o medo, que estereliza os abraços, não cantaremos o ódio, porque este não existe, existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro, o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos, o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte. Depois morreremos de medo e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas. Jorge de Lima Há quatro fases na evolução poética de Jorge de Lima: a parnasiana do livro XIV Alexandrinos, do qual se destaca o soneto "O acendedor de lampiões"; 1927 a 1932, o tema das recordações da infância passada no nordeste. Exemplo é o poema "Nega Fulô". Passou a escrever poemas de caráter religioso e místico; esta temática continuou em textos esparsos e nos livros A túnica inconsútil, Anunciação e Encontro de Mira-Celi. O tema das recordações dos escravos e do misticismo africano reapareceu em Poemas negros. Sua última obra, Invenção de Orfeu, é um longo poema com características épicas que expressa simbolicamente uma profunda reflexão sobre a vida humana e o universo. Negra Fulô Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo) no bangüê dum meu avô uma negra bonitinha, chamada negra Fulô. Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) — Vai forrar a minha cama pentear os meus cabelos, vem ajudar a tirar a minha roupa, Fulô!