Memorial da Resistência de São Paulo PROGRAMA LUGARES DA MEMÓRIA RUA MARIA ANTONIA A Rua Maria Antonia foi um espaço de mobilização estudantil nos anos 1960. Cravado no centro da cidade, em que estava simbolicamente inscrita uma das palavras de ordem de 1968: “Sejamos realistas, peçamos o impossível”. 1. Introdução A Rua Maria Antonia é uma referência à Dona Maria Antônia da Silva Ramos (1815 - 1902), senhora da sociedade paulistana e, filha do senador do Império João da Silva Machado, o Barão de Antonina. Uma parte desta chácara foi vendida ao reverendo Chamberlain, em 1874, área que futuramente viria a ser o campus da Universidade Mackenzie, sendo homenageada com o edifício de número 47: o Edifício Baronesa Maria Antônia. Na década de 1950 o bairro da Vila Buarque começou a receber uma grande quantidade de investimentos imobiliários que levaram à demolição de grande parte dos antigos casarões que o caracterizavam. Período este, que estudantes de duas universidades passaram a dividir a mesma rua: a Universidade Presbiteriana Mackenzie e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. A Universidade Presbiteriana Mackenzie localizada entre a Rua Maria Antônia e a Rua Itambé desde 1870, é uma instituição regida pela fé cristã evangélica prebisteriana, que começou suas atividades com um casal de missionários, George Chamberlain e Mary Chamberlain. Gettúlio Vargas, em 1952, por meio de um decreto o Mackenzie passa a ser reconhecido como uma universidade. Do outro lado da Rua Maria Antonia estava a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade e São Paulo. Fundada em 1934, foi transferida para o prédio somente a partir do ano de 1949, onde lecionaram e estudaram muitas das principais personalidades brasileiras em vários campos da política, da cultura e da ciência. Além das duas universidade nos arredores, havia Uma rua na contramão. Vindo da Consolação, o prédio da Faculdade de Filosofia ficava do lado direito da rua. Do esquerdo estava uma das alas da Universidade Mackenzie. Situação Topográfica oposta nessa perspectiva, à posição político-cultural das duas instituições. João Quartim de Moraes. outras faculdades se espalhavam pelo quarteirão, a Faculdade de Economia e Administração na Rua Dr. Vila Nova; A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) na Rua Maranhão; a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), a Santa Casa, na Cesário Mota Júnior; A Faculdade de Medicina, na Dr. Arnaldo; além da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Isso sem citar os colégios de ensino regular que circundavam as Faculdades. ações simultâneas demonstram o crescimento da preocupação com a educação. Já em 1927 nasce a Universidade de Minas Gerais. Nesse sentido, na rua havia uma grande concentração de estudantes que se reuniam naquele local para discussões políticas, etílicas, além desse período ser marcado intensa produção cultural. Este espaço era chamado pelos estudantes carinhosamente de “Maria Antonia”, que se estendia para os bares, livrarias e as próprias faculdades. No Governo Getúlio Vargas, em 1931 foi instituído o Estatuto das Universidades Brasileiras, que centralizava a educação superior. Nesse sentido, havia uma proposta de que as Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras fossem o centro das Universidades, onde os intelectuais se debruçariam e proporiam soluções para os problemas nacionais. Mas para aprofundarmos a análise desse espaço, que foi um dos epicentros da resistência política e cultural dos estudantes, precisamos entender profundamente o histórico da universidade no Brasil e, os embates que o movimento estudantil e a juventude travaram naquele período. Com isso, o projeto da USP, gestado desde os anos 20, concebia a Universidade de São Paulo tendo como núcleo uma Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que deveria ser o lugar da “produção do universal”. Visando a formação das elites dirigentes, deveriam expressar o “saber desinteressado”, a partir do qual teriam a visão integrada da totalidade da sociedade. A Universidade brasileirai No Brasil, a Coroa Portuguesa restringiu o ensino superior a uma série de colégios superiores dirigidos por jesuítas. Somente com a vinda da Família Real, 1808, que foi estruturado um ensino superior (como as Academias de Direito de Olinda e São Paulo), mas apenas “para fins utilitáriosii”. Segundo Florestan Fernandes, “a sociedade escravista não precisava mais do que isso [escola superior isolada], pois a função maior que a escola superior devia atender consistia em servir de elo entre o desenvolvimento interior da civilização e o fluxo do saber importado de fora pronto e acabadoiii”. Maria Ligia Coelho Prado cita algumas justificativas dadas na época pelos estudiosos para a inexistência de universidades no país até o início do século XX – para Anísio Teixeira, se deve pela relação estabelecida entre a universidade e o sistema colonial, de inspiração positivista. No ano de 1920 foi criada a primeira universidade do país, a Universidade do Rio de Janeiro, pela junção de três institutos de formação superior (Medicina, Direito e Engenharia). No início do século XX, na década de 1910, a ideologia positivista perde seu espaço e, com isso, a questão da educação foi ganhando mais evidência (na perspectiva liberal, “a educação é a melhor maneira de formar e, ao mesmo tempo, disciplinar o cidadãoiv”). Em 1926, foi fundada no Rio a Associação Brasileira de Educação (ABE) e em São Paulo, o jornal O Estado de São Paulo realiza um inquérito sobre o ensino secundário – essas duas Para Fernando de Azevedo, um dos pensadores do ensino universitário, a elite intelectual deveria ser educada antes das massas, “pois cabia às primeiras a educação das segundas (...); da universidade, idéias e verdades se disseminariam e se irradiariam, transformando-se em correntes de opinião de toda a sociedadev”. Segundo Antonio Candido, nos primeiros anos o posicionamento da Faculdade era de uma atitude neutra e um olhar relativamente comtemplativo. Já no fim da década de 1950 começou a fermentar um empenho da faculdade em mobilizar-se para participar dos problemas do contexto socio-cultural vivido. Movimento Estudantil e a década de 1960 Maria Paula Araújo em Memórias Estudantis – da fundação da UNE até os nossos dias traz um panorama da década de 60, que acabou ficando marcada como um período de florescimento do movimento estudantil, e acabou promovendo uma importante revolução comportamental, que afetou jovens do mundo todo. Essa década alcançou seu auge no ano de 1968, quando em diversos países do mundo, de culturas políticas distintas e por motivos variados, os jovens realizaram manifestações de caráter político e cultural contra a ordem vigente. O movimento mais importante deles foi o mês de maio de 1968 na França, que consistiu em uma greve geral dos estudantes da Sorbonne, a universidade mais tradicional de Paris, que gerou um violento choque com a polícia, além de tomar proporções nacionais e mundiais. Liderados por Daniel CohnBendit, as correntes ideológicas seguidas pela maior parte dos estudantes eram a maoísta e a trotskista, mais à esquerda do Partido Comunista Francês e desaprovados por este. Apesar de não ter alcançado seus objetivos e, na conclusão, ter gerado a vitória dos partidos conservadores nas eleições, o Maio de 68 se tornou um símbolo emblemático do movimento estudantil em todo o mundo e da repercussão que ele poderia ter. A autora destaca a importância das lideranças esquerdistas desses movimentos, que assumiam posições mais radicais que os Partidos Comunistas (PCs) de seus países. Além disso, é o período em que intelectuais e militantes passam a questionar os caminhos tomados pela URSS e passam a elaborar críticas contundentes ao Governo de Stalin e os caminhos da Revolução de 1917. Sendo assim, esses jovens acusando os PCs de conservadores e criticando o imobilismo de suas ações, grande parte dos militantes rompe ou acabam expulsos do Partido e passam a buscar novas formas de organização. Nas palavras da autora, “junto com essa liderança surgia também um movimento estudantil mais radical, desejoso de passar para a açãovi”. Boa parte dessa radicalidade pode ser justificada pela influência das revoluções de caráter comunista, como a Revolução Cubana (1959), a Revolução Chinesa (1949) e a Cultural (1966) e as guerras anticolonialistas da Argélia e do Vietnã. Seus ídolos eram Che Guevara, Mao Tsé-tung e Ho Chi Minh. Além da postura política, a década de 60 determinou um período de revolução dos valores, quando a “as causas revolucionárias que dividiram a sociedade global racharam a universidades em várias partes, soltando o que estava simplesmente justaposto e fazendo explodir pelos ares um barril de pólvora que alcançara a combustão inevitável”. Florestan Fernades. juventude passou a ter um olhar mais crítico em relação à sociedade. Surgem movimentos a favor das minorias, como os Panteras Negras (nos Estados Unidos) e o feminismo. Além disso, o movimento hippie, nascido na Universidade de Berkeley, que negava a sociedade de consumo e pregava a paz (contra a guerra do Vietnã) e o amor (em prol do amor livre). Esse movimento ditou a moda e o comportamento de toda uma geração. A popularização da pílula anticoncepcional abriu a possibilidade para a liberdade sexual feminina e uma discussão mais aprofundada sobre o machismo e a inserção das mulheres nessa sociedade. Nos quatro cantos do mundo a década de 60 determinou um período de revolução e na América Latina não seria diferente. Ou seja, paulatinamente após a instauração dos regimes autoritários na América Latina, em especial, se torna impossível permanecer neutro. Os estudantes revolucionários ou reformistas se posicionam contra a ditadura e acreditam que a volta ao sistema democrático é possível, mesmo que seja pelo uso da força. Já os jovens mais conservadores se colocaram ao lado do governo, assumindo um posicionamento anti-revolucionário. Essa realidade pode ser estendida para outros países latinoamericanos que viveram sob um governo ditatorial ou autoritário nesse período. A juventude se viu impelida a tomar um partido e a se definir politicamente. Nesse cenário, a militância passa a ser vista como uma opção atraente, tanto para a esquerda quanto para a direita (como no caso do CCC no Brasil). A militância partidária, especialmente de ideologias de esquerda, foi muito praticada pelos estudantes universitários na década de 1960 e 1970. No Brasil, a declaração do AI-5 mina as ações do movimento estudantil e, com isso, muitos jovens, que antes participavam do movimento, entraram para grupos guerrilheiros urbanos e partiram para a clandestinidade. Para muitos homens e mulheres da década de 60, militância e a revolução se tornaram uma forma de pertencer e agir no mundo. O compromisso, a adesão a uma causa, medida por motivações pessoais, mas também por ideologias, místicas, utopias, nas quais conflui o individual e do coletivovii. Com isso, os militantes viam maior importância nas questões políticas e sociais do que em si mesmo. A entrada para a militância, muitas vezes, exigia a renuncia do “eu” e do individualismo, além do perigo constante das prisões, torturas e assassinatos. Movimento Estudantil no Brasil Durante os primeiros quatro anos da ditadura militar, até dezembro de 1968, o movimento estudantil, encontrou espaço para respirar, ao contrário do movimento sindical que foi brutalmente reprimido. Entretanto, durante esse período a ditadura buscou mecanismos que freassem o Movimento, empurrando-o para a clandestinidade e enfrentandoo com violência. Com isso, na década de 60 passa a se refletir sobre os rumos das universidades no país, e como ela poderia ser melhorada. Segunda Laura da Veiga, as discussões se centraram em três questões centrais: autonomia universitária, a estrutura organizacional e o conteúdo do ensino. Diversas propostas de reforma universitária foram apresentadas, entre elas a de Darcy Ribeiro, que gerou a criação da Universidade de Brasília, a UnB, que era altamente politizada. Esse projeto era uma junção do modelo europeu com o norte-americano. A proposta estudantil era mais radical e propunha “a extinção das cátedras, a organização do ensino e pesquisa em torno dos departamentos, a modificação do vestibular, alteração e planejamento rigoroso da aplicação do orçamento, e a representação [estudantil] de 1/3 nos órgãos colegiadosviii”. Entretanto, com o golpe militar de 1964, o projeto adotado para a reforma foi imposto e se adequava a ideologia do novo governo. Com a instauração da ditadura, a repressão, especialmente direcionada aos órgãos estudantis, aumentou e a construção de um diálogo foi abolida. Uma série de leis alterou a cara do movimento estudantil e da Universidade brasileira. Já em 1964, o Decreto-Lei 4.464 (9/11/64), conhecido como a Lei Suplicy, batizada em homenagem ao Ministro da Educação Flávio Suplicy Larceda determina que qualquer atividade política estava proibida e define pré-requisitos para a representação estudantil. Esse mesmo decreto substitui a UNE (União Nacional dos Estudantes) pelo DNE (Diretório Nacional dos Estudantes). A lei, essencialmente visava inibir a liberdade organização livre dos estudantes, fazendo com que as instâncias de representação estudantil tivessem que se submeter ao Ministério da Educação. Levando a UNE a agir na ilegalidade e atrelando o movimento estudantil à órgãos do Estado. Sendo assim, foi implantado: o Decreto-Lei 228 (2/2/67) extinguia as entidades estudantis, em nível federal e estadual; e o Decreto-Lei 477 (26/2/69), já após o AI-5, determina uma posição mais repressiva, ao proibir qualquer membro de Universidade de se envolver em atividade antigoverno e estabelece punições pesadas para os que desobedeciam as leisix. A atividade estudantil contra a ditadura ganha corpo em 1966, quando um confronto entre a polícia do Rio e estudantes assume um caráter violento, e fica conhecido como o Massacre da Praia Vermelha. Assim como em outros países que formaram o movimento estudantil de 1968, ocorreram “rachas” no Partido Comunista Brasileiro (PCB), desde o início da década de 60, gerando uma radicalização da esquerda no país. Dois desses grupos foram muito importantes para o movimento estudantil, a Ação Popular (AP) e a Dissidência Comunista da Guanabara (DC-GB, futuro MR-8), que disputavam sua liderança. Muitos líderes do Movimento militavam para esses grupos e compartiam de suas ideologias. O Movimento se tornou mais popular ao longo dos anos de 1966 e 1967, até alcançar a força que teria em 1968. Foi de fundamental importância o papel que UME assume no Rio de Janeiro, que, ao enfocar os interesses mais particulares dos universitários, ganhou maior amplitude, pois “o movimento teve a capacidade de articular reivindicações políticas gerais com um programa que os estudantes passaram a compreenderx”. Entretanto, aponta Araújo, que o movimento estudantil não ganhou as mesmas proporções nem o mesmo semblante em todo o país. Cidades como Rio de Janeiro e São Paulo apresentaram um movimento mais bem estruturado, enquanto em Belo Horizonte, por exemplo, o movimento “se esvaziou tremendamentexi”, pois não conseguiu sair do discurso estritamente político. “o choque da PM foi enviado ao restaurante para impedir uma manifestação de protesto contra a guerra do Vietnã e que os policiais foram surpreendidos por um individuo que estava infiltrado entre os estudantes”. Estudante Morto em Choque no Rio. Folha de São Paulo. 29 de março de 1968 O primeiro incidente brasileiro a sensibilizar a opinião pública para o movimento estudantil foi a morte de Edson Luís de Lima Souto (1950 – 1968). Neste dia, cerca de 300 jovens estavam no Restaurante Central dos Estudantes, no centro da Guanabara e os fregueses decidem iniciar uma „passeata-relâmpago‟ de protesto pela qualidade e o preço da refeição e pelas más condições de higiene do estabelecimento que faziam jus ao seu apelido: Calabouço. No meio da tarde, soldados da Policia Militar (PM) invadiram o recinto e entraram em embate corporal com os estudantes. Na tentativa de fuga, muitos estudantes foram perseguidos pelas tropas policiais, seis acabaram feridos e, o secundarista de 18 anos, Edson Luís de Lima Souto, foi atingido com um tiro no peito. O corpo do estudante é levado por seus colegas a Santa Casa da Misericórdia, porém, não conseguiram salválo. O corpo de Edson Luís foi transferido para a Assembleia Legislativa pelos próprios estudantes, impedindo assim que a PM de a ele “outro destino”, sua necropsia foi feita na própria Assembleia, após demoradas negociações, na presença do secretário de Saúde do Estado. Juntamente com ele, é também levado um dos feridos, Benedito Frazão Dutra, atingido no supercílio e inconsciente, dado como morto. Enquanto estavam sendo velados no saguão do prédio, o colega de sala de Edson desperta e, sentado na lápide improvisada começa a dizer frases desconexas. A Ressurreição do rapaz causara um tremendo alvoroço entre os presentes. O enterro do secundarista é realizado no dia 29 de março e acompanhado por cerca de 50 mil pessoas em passeata até o Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Em todo o país acontecem manifestações protestando contra a morte de Edson Luís e, obviamente, tais protestos foram violentamente reprimidos. Sua missa de sétimo dia ocorreu no dia 4 de abril de 1968, na Igreja da Candelária. Na saída da missa, os presentes foram reprimidos pela Polícia Militar. A morte do estudante comoveu todo o país. O estudante paraense, que havia chegado no Rio para tentar concluir o segundo grau, se transformou em uma espécie de mártir da resistência a ditaduraxii. A morte de Edson Luís de Lima Souto foi apenas o primeiro passo para que a participação popular na luta de rua em todo o país se ampliasse e se revoltasse em virtude da violência e repressão vindas da polícia. Com isso, o ponto máximo da mobilização estudantil foi a passeata dos cem mil, uma manifestação pacífica que contou com amplo apoio da população carioca. Entretanto, para a autora, “a partir daí o movimento perdeu o fôlego e o regime começou a recuperar sua iniciativa políticaxiii”. - A Reforma Universitária de 1968 Esse foi o maior golpe implantado pela Ditadura, o Acordo MEC-USAID (Ministério da Educação e Cultura-United States Agency Internarional for Development). O convênio entre os dois países tinha como principal objetivo implantar o modelo norte-americano nas universidades brasileiras, ao passo que nossa tradição de ensino era européia. A intenção era formar quadros técnicos alinhados ao projeto econômico brasileiro e as políticas americanas. Assessores dos Estados Unidos foram contratados para conduzir a substituição do humanismo europeu pela profissionalização do modelo americano, que no limite, havia um processo claro de privatização do ensino brasileiro. Os anos de 1967 e 1968 marcaram a busca da recuperação de espaço político pelas forças que lutavam contra o regime ditatorial, tendo o movimento pela Reforma Universitária bastante destaque. A Universidade enfrentava ameaças como a submissão a uma tutela exterior cega e inflexível, o radicalismo intelectual era focalizado como um mal em si mesmo e como perigo à sociedade e, por último, os professores enfrentavam o fortalecimento da tentativa de excluir o jovem do fluxo de reconstrução da sociedade. Com esse acordo MEC-USAID criaram impasses para o desenvolvimento do movimento estudantil brasileiro, que esteve amordaçado por muitos anos. Neste sentido a Rua Maria Antônia teve um papel crucial na vida destes estudantes. Maria Antonia como espaço de resistência de Educação de Base), o MCP (Movimento de Cultura Popular), alfabetização de adultos método Paulo Freire. Essa articulação orgânica com a sociedade, o que é antes de qualquer coisa era uma realidade concreta, de proximidade física, se traduzia numa participação dos estudantes em movimentos que se articularam com o povo. Este espaço adquiria uma A Rua Maria Antonia foi personalidade própria, um centro de grande contaminada pela agitação política e cultural. “A Maria Antonia se tornou um dos centros de efervescência que tomava Na rua se estabeleceu uma mentalidade renovada, que a ligou em conta da faculdade, da uma trincheira de profundidade a outros grupos sociais. À noite, participação ativa dos resistência à ditadura, em sobretudo, dava a impressão de ser quartel-general professores, que cedo que se configurava de que enquadrava a convivência inquieta de jovens da haviam constituído no certa maneira o lugar da casa e de fora, estes atraídos pela sua capacidade de Brasil a primeira escola cumplicidade dos que aglutinar, e enchendo calçadas e os bares vizinhos sociológica marxista, sob a questionavam a ordem com debates sem fim. Por isso mesmo, quando veio iniciativa e orientação do burguesa. Era o palco o gole militar de 1964, ela foi imediatamente professor Florestan onde se ensaiavam invadida, depredada, com alunos e professores Fernandes. atitudes e detidos, inquéritos abertos num vasto movimento de comportamentos que A Maria Antônia tornaraintimidação e repressão”. deveriam concretizar a se um espaço estratégico Antonio Candido. Maria Antonia: uma rua na recusa da ordem do movimento estudantil contramão estabelecida. E acima de brasileiro, formando tudo havia o exagero, a lideranças paulistas que, afetação, pairava como ainda que não fossem algo importante essa estudantes da Faculdade, modalidade de contestação derivava de ideias que costumavam, pelo menos, frequentá-la, às vezes com visavam à transformação da sociedade. Cada um maior assiduidade do que alguns alunos. julgava que a participação política na transformação A instituição se prolongava, física e espiritualmente, do mundo exigia viver concretamente os valores que “na trindade etílica” constituída pelo Cientísta, pelo Bar propunha, a consciência crítica somente seria real se do Meio e pelo Bar do Zé, angulando ainda para a fosse vital. parte do edifício que avizinhava, na Dr. Vila Nova, A universidade era um meio de existir, uma razão de com o Bar sem Nome. Essa contiguidade apenas ser e de pensar, que servia de catalisador de toda uma simbólica definia uma continuidade real e intrínseca, fermentação ideológica e social, em que característica da vida universitária. “conscientização” e “participação” eram as palavras A Maria Antonia foi uma trincheira de resistência à de ordem. Faculdade de Filosofia servia de ditadura. Segundo Frei Beto, essa resistência se fez catalisador de toda uma fermentação ideológica e em três etapas: primeiro, de crítica acadêmica ao social, em que “conscientização” e “participação” novo modelo político e econômico imposto pela eram as palavras de ordem. ditadura. Numa segunda do enfrentamento para se Naquela atmosfera desenvolviam-se projetos que evitar a reforma proposta pelo MEC-USAID. Essa integravam estudo-arte-povo: os CPCs (Centro reivindicação se materializou em mobilizações de rua Populares de Cultura) da UNE, o MEB (Movimento e confronto com as forças repressivas: passeatas e incêndio de viaturas. Numa terceira, já não mais a contestação ao regime, mas a própria natureza do sistema capitalista, correspondendo à passagem de muitos estudantes à clandestinidade e a sua inserção em movimentos de guerrilha. Em reivindicação contra os acordos MEC-USAID, os estudantes reivindicavam antes de tudo, a abertura de vagas, a ampliação co corpo docente, o aumento de verbas, recursos e recursos para educação, além de criar cursos básicos para integração de toda universidade. No limite, as reivindicações pretendiam acabar com a tirania do sistema de cátedras e visavam instaurar os departamentos com seus colegiados. Marilena Chauí aponta que se lutava contra uma universidade elitista e de classe. O que se visava era uma Universidade Crítica, Livre. E, a partir de junho de 1968, os estudantes passam a ocupar o prédio da Faculdade de Filosofia, e nesse espaço se discutia apaixonadamente se discute dia e noite, a universidade que se tinha e a universidade que era almejada. Rafael Rosa Hagemeyer, esta rua era “vista como uma verdadeira entidade dotada de espírito, a Maria Antônia tinha um coração, um centro de circulação de todo o movimento - e, portanto, centro de difusão imagética. Esse centro era o saguão central, donde partiam duas grandes escadarias para as Outubro de 1968. Domingo dia 3. Fervilha a Universidade Crítica: seminários, mesas, mesas-rendodas, conferências, grupos de trabalho analisam os caminhos abertos pela guerrilha, inventam-se codinomes em segredo passa-se o “ponto”. Isolada por guarnições militares que ocupam suas duas pontas, a Maria Antonia está inundada de sol e pelos acordes da Internacional. Será a luta final. Mas não aquela que libertaria os filhos da terra. Marilena Chauí. Maria Antonia: Uma rua na contramão salas de aula. No vão da escadaria, naqueles dias de ocupação, pendia um enorme pano vertical, trazendo em vermelho o desenho de um homem armado de uma baioneta e a frase: „A UNE luta, o povo luta‟. (...). Entre os vizinhos da Maria Antônia, eram os donos dos bares os que pareciam mais satisfeitos com a ocupação, pois garantia o movimento comercial num período considerado normalmente fraco como o das férias de julho. Lá os estudantes bebiam, discutiam e cantavam principalmente sambas antigos „ou de Chico Buarque‟, o que para os padrões estéticos, de acordo com a produção musical do autor deste período, eram sambas que soavam também bastante antigosxiv” Batalha da Maria Antônia A rua Maria Antonia foi um centro de grande agitação política e cultural, por conta de sua localização que haviam duas Universidades de posições opostas em relação ao Regime que se instalara em 1964. De um lado o Mackenzie traduziu muito bem a posição da fina flor da burguesia que começava a desfrutar do “milagre” econômico da ditadura e tinha o reduto ideológico de formação de seus melhores quadros, tendo apoio do aparelho repressivo. Do outro a extinta Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências da Universidade de São Paulo, onde borbulha o espírito revolucionário da época, escapando daquilo que no fundo sempre fora a tradição brasileira, de escolas estanques e poderosas (Direito, Medicina, Politécnica), na Maria Antonia acontecia uma universidade. O histórico de desentendimentos e provocações entre a Faculdade de Filosofia e a Universidade Mackenzie é longo, mais se intensificaram com o Golpe de 1964. No mesmo ano o CCC passou a se sentir fortalecido com essa mudança e invadiu a Faculdade de Filosofia quebrando vidraças, móveis e espancando estudantes. Em 1966, quando Luís Travassos foi eleito da UEE (extinta na época) repetiu-se a invasão e foi destruída uma urna de votação. Quando José Dirceu assumiu a presidência da UEE também houve brigas. Sendo assim, a vivência das duas universidades eram mundos completamente distintos, separados por uma única linha, a Rua Maria Antônia. Em outubro de 1968, esta linha foi rompida, conflito conhecido como “Batalha da Maria Antônia”. A discussão que se fazia no ano de 1968 aludia sobre o futuro do movimento estudantil. Em outubro, algumas semanas antes do XXX Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), os estudantes da USP realizavam na rua, um pedágio para arrecadar fundos para a entidade. Alguns estudantes de faixa etária entre 15 e 16 anos pediam dinheiro para o congresso que, supostamente, teria de ser clandestino. Em meio ao pedágio, os secundaristas pararam o carro de alguns estudantes do Mackenzie, estes reagiram com muita indignação. Houve aqueles que ameaçaram descer do carro e partir para briga. Começaram os insultos e as agressões verbais, eis que então aparece o ovo, “estourou na cabeça de uma estudante (da filosofia). Depois vieram outras explosões, de coquetéis Molotov, bombas, rojões, mais tiros de revólver, para transformar um pedaço da Rua Maria Antônia, no centro de São Paulo, num campo de batalha”. Os estudantes da USP possuíam o apoio das organizações de esquerda (principalmente da ALN) e os estudantes do Mackenzie recebiam o apoio das organizações de direita (principalmente o CCC). A direita contava com um arsenal maior de armas e munição, optando inclusive por ácidos e armas de fogo. Entretanto, com o avanço dos estudantes da filosofia para os portões da universidade rival, a reitora do Mackenzie, Esther de Figueiredo Ferraz, em contato com o governador Abreu Sodré, sentiu necessidade de solicitar a presença da polícia. Nesse telefonema, ela dizia que a universidade estava prestes a ser invadida e que o patrimônio seria depredado. Imediatamente um contingente com mais de cem homens da Guarda Civil dirigiu-se à Maria Antônia, munidos de todo o aparato repressivo (cassetetes, bombas de efeito moral, máscaras de gás, gás lacrimogêneo, entre outros). Todavia, o objetivo da Guarda parecia não ser o de apartar uma briga de estudantes, mas sim proteger o patrimônio do Mackenzie, e para isso centenas de homens da guarda entram na universidade e perfilam-se por toda sua extensão, posicionando-se em cima dos muros, perto dos portões e por todo o pátio. Aos poucos, os estudantes de esquerda sentiram-se obrigados a recuar. Não havia como enfrentar o CCC e a polícia de uma só vez e, além disso, foi um momento oportuno para que os estudantes apagassem o fogo que se alastrava pelo prédio da USP, provocado por bombas incendiárias vindas do Mackenzie. Como resultado, a batalha entre as universidades terminou com um grande numero de feridos e um estudante morto: seu nome era José Guimarães(4 de julho de 1948 – 3 de outubro de 1968), era um estudante secundarista do Colégio Maria Cintra (que anteriormente havia estudado no Colégio Mackenzie), foi morto por um membro do CCC e alcaguete policial do Deops de nome Osni Ricardo. José Dirceu procurou conferir significado àquela morte. Da janela de um prédio da Rua Maria Antônia, tomando a camisa ensanguentada do colega, ele discursava: ‟Jorge, o rapaz morto, é um segundo Édson Luís. Vamos às ruas!xv‟. Convocando os estudantes, a sair da Maria Antônia e ganhar às ruas da cidade em uma manifestação com caixões vazios, velas e uma bandeira negra, partindo da Praça da República às 5 horas da tarde. Não foi uma decisão aceita por todos, pois sair de lá seria entregar a vitória ao CCC. Após muita discussão, muitos ficaram, porém não havia mais como salvar o ilustre prédio da Maria Antônia e o orgulho da Não é o caso de avaliar o que se perdeu. Nada seria mais terrível do que as gerações repetiremse umas às outras. Mas há que se constar também que tudo isso que tentamos descrever e compreender não se acabou naturalmente, no ritmo dissolvente do tempo. Houve a ação violenta daqueles que usurparam lugares na história, o que nos impele de lembrar a Maria Antonia com a tranquilidade com que se concede, na memória, um lugar àquilo que passou. Pelo contrário, aqui a memória sofre o desconforto da incompletude, como se lembrar fosse presentificar a ausência, procurar o vazio ou contemplar uma morte prematura. Assim, na impossibilidade de antecipar realidades, nada mais seria mais odioso, em relação à experiência da Maria Antonia procurar extrair ensinamentos ou avaliar resultados. Resta apenas a memória retorcida ante o inconclusivo e o sentimento – como estranho afeto suspenso no ar – da perda do irrealizado. Franklin Leopoldo. Maria Antonia: Uma rua na contramão esquerda estudantil. Os estudantes que seguiram José Dirceu, na presença da polícia em suas manifestações no centro da cidade, tombaram uma viatura da polícia e a queimaram, enquanto os policiais fugiam. Não foi a primeira invasão do CCC à Faculdade de Filosofia. Foi o primeiro enfrentamentos efetivos entre um grupo paramilitar, apoiado pela polícia, com a esquerda que discutia entre seus muros suas dificuldades e semelhanças. No fim da famosa batalha, a Rua Maria Antônia se transformou completamente. O antigo prédio, totalmente devastado, só voltou a ser ocupado muitos anos depois. Em 1985, o edifício principal foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) por sua importância histórica, e atualmente ele é o Centro Cultural Maria Antônia. Apesar desse ter sido um confronto importante, o acontecimento mais marcante desse ano para o movimento estudantil tenha sido o XXX Congresso da UNE, realizado em outubro em Ibiúna, interior de São Paulo, que decidiria a próxima liderança da organização “clandestina”. Logo em seus primeiros dias, o local foi descoberto pela polícia e todos seus participantes foram presos – incluindo praticamente toda a liderança estudantil do país. Essas prisões fizeram com que o movimento perdesse força e se dispersasse. Para concluir esse ano de efervescência política, o Ato Institucional n° 5 (conhecido por AI-5) foi decretado em dezembro, que autorizava o governo a adotar medidas de exceção, como colocar o Congresso Nacional em recesso e legislar em seu lugar e a suspensão temporária dos direitos e garantias fundamentais. Durante os anos em que o AI-5 vigorou, a ditadura militar brasileira viveu seus anos mais repressivos. Até o ano 1969 diversas leis que diziam respeito às universidades foram aprovadas – elas restringiram as ações do movimento estudantil e reestruturaram o ensino superior. Alguns itens da proposta dos estudantes foram atendidos, como a definição dos departamentos como unidade básica de ensino e pesquisa (Decreto-Lei 252 de 67), a extinção das cátedras e a alteração do vestibular (Decreto-Lei 5.540 de 68). Tentou-se despolitizar o ambiente universitário, proibindo atividades políticas (DecretoLei 4.464 de 64) e a participação de um membro da comunidade universitária em ações antigoverno (Decreto-Lei 477 de 69)xvi. Portanto, a reforma universitária de 69, buscou-se unir três fontes de inspiração. A primeira delas retomava questões da época da criação da USP – nesta perspectiva, “a verdadeira Universidade deveria ser capaz de pesquisar e ensinarxvii”. Sua inspiração vinha da UnB, excetuando as propostas de democracia e participações internas. A segunda foi inspirada no Relatório Meira Matos, de 1967. Esse relatório apresentava a preocupação com a segurança nacional e demonstrava uma mentalidade repressivaxviii. A terceira fonte foi um acordo entre a UNAID (Agency for International Development dos Estados Unidos) e o MEC, que estabeleceria um relatório com uma avaliação das Universidades brasileiras e com propostas de aprimoramento. Eles estabelecem soluções inspiradas no modelo universitário norteamericano, que são aplicados aqui, como o curso semestral, o campus universitário e a extinção da cátedra. Além disso, muitos professores foram aposentados compulsoriamente por decreto, em especial professores da Universidade de São Paulo, como foi o caso de Fernando Henrique Cardoso, Paulo Singer, XXX Congresso da UNE “Cerca de mil estudantes que participavam do XXX Congresso da UNE, iniciado clandestinamente num sitio, em Ibiúna, no Sul do Estado, foram presos ontem de manhã por soldados da Força Publica e policiais do DOPS” (Folha de São Paulo, 13/10/68, p.16, “CONGRESSO DA UNE: TODOS PRESOS”). O XXX Congresso da UNE é realizado no dia 12 de Outubro de 1968, em um sítio do Bairro dos Alves, a uns vinte quilômetros do centro de Ibiúna pela estrada de São Sebastião. O local é invadido por agentes do DOPS, que prenderam os participantes, entre os quais, estavam Vladimir Palmeira, José Dirceu e Franklin Martins. Os mais de 700 estudantes foram levados para o Presídio Tiradentes. etc. Entretanto, a política nacionalista assumida pelo militares pôde ser aproveitada na Universidade, buscou-se aprimorar certos pontos do ensino superior, apesar da forte repressão, como com a criação de cursos de pós-graduação e da carreira de pesquisador. Como conseqüência dessa mentalidade, após os 21 anos de ditadura militar, a Universidade brasileira não teve dificuldades de se reerguer. Cidade Universitária Os anseios do Regime estava em excluir do centro da cidade, a Faculdade, e como era um plano antigo, ela foi paulatinamente sendo transferida para a Cidade universitária. O sonho de uma „cidade universitária‟ espontânea morreu. Na Maria Antonia acontecia uma universidade. Ela tinha uma escala humana, quando a não compartimentação geográfica entre os diferentes cursos metaforizava a convivência intelectual. A Universidade de São Paulo, a partir desse momento apressou sua mudança para a Cidade Universitária, no Butantã, onde permanece até os dias atuais Marilena Chauí, consegue em seu depoimento colocar em palavras o que significou organicamente a mudança da Universidade para o isolamento da Cidade Universitária. Entre uma escola e outra, terrenos vagos onde o olhar poderia encontrar repouso, se fizessem paisagem em vez de desolação. Avenidas que desembocam em praças circulares, curva atrás de curva. “Me disseram que é para os automóveis que poderão ser alcançados em caso de subversão e fuga”. O isolamento é a regra. Cada unidade centrada em si mesma, nada sabe do que vai pelas outras. Sem a bela recolhida quietude do claustro, sem o vívido burburinho da cidade, uma favela habitada por pequenos funcionários, num extremo a Escola de Polícia, na entrada, agora cercada de grades e portões, ergue-se o campus universitário. Nele não há relação com o mundo circundante. Apressadas as pessoas o atravessam rumo ao trabalho, uma divindade taylorista tendo tomado todas as precauções para que reine o ritmo de uma empresa”. Sobre o silêncio e o medo, entre 1969 e 1984, erguese a universidade modernizada, onde se fará dos conselhos departamentais e interdepartamentais, das congregações, das comissões, do Conselho Universitário, da administração, uma intricada rede de poder burocrático fortemente centralizado, em nome da eficiência, modernização, flexibilidade administrativa e formação de recursos humanos de alto nível para o desenvolvimento do país. Entretanto os estudantes buscavam e paulatinamente foram encontrando novas formas de organização dentro da Universidade para tentar, nos seus limites, se contrapor contra o regime ditatorial. A memória de luta na Maria Antonia, no entanto, é perpetuada em cada ato de autoritarismo que Atuem, exagerem, sejam justos e injustos. Aproximem a faculdade da realidade social. Essa é uma luta constante, para transformar a sociedade.” Antonio Candido. Ato Público contra a Polícia Militar na Cidade Universitária em 2009. acontece na Universidade. A memória de uma universidade orgânica está na fala dos professores, como Antonio Candido, que em 2009 se posicionou contra a entrada da Polícia Militar na cidade Universitária. Apesar das grandes críticas levantadas contra os estudantes, estes ainda seguem buscando alternativas e formas de organização e de contraposição à uma sociedade injusta e de uma universidade ainda elitista e excludente, escondida sob o manto da meritocracia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMENDOLA, Gilberto; Maria Antônia. A história de uma guerra. Editora: Letras do Brasil, São Paulo, 2008. PASSOS, Júlia. Trabalho de Conclusão da Disciplina História das Ideias, Ministrada em agosto de 2007, pela Professora Maria Lígia Coelho Prado. CARDOSO, Irene de Arruda Ribeiro. Maria Antônia – a interrogação sobre um lugar a partir de depoimentos SEVILLANO, Daniel Cantinelli. Somos os filhos da revolução: Estudantes, Movimentos Sociais, Juventude e o fim do regime militar (1977 - 1985). Dissertação de Mestrado em História Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo - SP, 2010. FERNANDES, Florestan. A Questão da USP. São Paulo-SP. Brasiliense, 1984. HAGEMEYER, Rafael Rosa. Movimento Estudantil de 68: imagens da Paixão. Dissertação de Mestrado Curso de pós-graduação do Departamento de História da Universidade Federal do Paraná, Curitiba - Paraná, 1997. MÜLLER, Angélica. A Resistência do movimento estudantil brasileiro contra o regime ditatorial e o retorno da UNE à cena pública (1969-1979). Doutorado em História Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo - SP, 2010. PAULINO, Leopoldo. Tempo de Resistência. São Paulo - SP. 6ª Edição, 2006. SANTANA, Flávia de Angelis. Atuação política do movimento estudantil no Brasil: 1964-1984. Dissertação de Mestrado em História Social. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo - SP, 2007. SANTOS, Maria Cecília Loschiavo (org.). Maria Antonia: uma rua na contramão. São Paulo, Nobel, 1998. VALLE, Maria Ribeiro do. "1968: o diálogo é a violência. Movimento Estudantil e Ditadura Militar no Brasil". Campinas: Unicamp, 1999. Internet http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/capa_09101968.shtml GilbertoAmendola. A Guerra da Maria Antônia.v.22. Disponível em: http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/22/artigo150222-1.asp. O Triste Fim do Bar Riviera – Disponível em: http://josekuller.wordpress.com/2008/10/06/o-triste-fim-do-bar-riviera/ Acesso em: Janeiro/2011 Vídeos Florestan:Evocação na Contramão http://blip.tv/videotecabnm/florestan-fernandes-evoca%C3%A7%C3%A3o-nacontram%C3%A3o-4548895 Importante professor da Maria Antonia, que fora aposentado compulsoriamente pela Ditadura. Imagens que marcaram a vida de Florestan: o senado, a universidade, a família. O cordel revela o ponto de vista do povo sobre a história recente do Brasil, com suas lutas e desafios, que como Florestan, insistia em lutar contra as correntes. Memórias do Movimento Estudantil http://blip.tv/videotecabnm/mem%C3%B3ria-do-movimento-estudantil-4559033 A Batalha da Maria Antonia – Documentário http://www.youtube.com/watch?v=ijC0_1FnLhI Gênero: documentário longa-metragem Direção: Renato Tapajós Produtora: Tapiri Cinematográfica Vídeo sobre a Batalha da Maria Antonia http://www.youtube.com/watch?v=bqhdIDPYTnU&feature=related Video que retrata o inicio da revolução estudantil, ano marcado como o ano que não terminou, 1968, e sua ligação com a batalha ocorrida na Rua Maria Antônia entre alunos das Universidades Mackenzie e USP. Acervos Digitais Jornal da Tarde 04/10/1968 – “Até anoitecer tudo era guerra” O Estado de S. Paulo 04/10/1968 – “Conflito estudantil acaba em morte” 04/10/1968 – “Os conflitos duraram um dia inteiro” 08/08/1977–“Juristas divulgam hoje sua „Carta‟” Revista Veja: Edição n° 5 –09/10/1968- “A Batalha dos Estudantes” Júlia Passos. Trabalho de Conclusão da Disciplina História das Ideias, Ministrada em agosto de 2007, pela Professora Maria Lígia Coelho Prado ii FERNANDES, Florestan. “USP: passado e presente”. In: Vários, Universidade Brasileira: organização e problemas. Editora SBPC, São Paulo – 1985, p. 103. iii FERNANDES, Florestan, op.cit., p. 104. iv PRADO, Maria Ligia Coelho, op.cit.,p. 629. v PRADO, Maria Ligia Coelho, op.cit.,p. 631. vi ARAUJO, Maria Paula. Memórias Estudantis: da fundação da UNE até nossos dias. Editora Ediouro, Rio de Janeiro – 2007, p. 163. vii RUIZ, Esther e PARIS, Juana. “Ser militantes em los sesenta”. In: Vários. Histórias de la Vida Privada em el Uruguay. Ed. Taurus, p. 271. viii VEIGA, Laura da. “Reforma Universitária na década de 60: origens e implicações político institucionais”. In: Vários, Universidade Brasileira: organização e problemas. Editora SBPC, São Paulo – 1985, p. 93. ix VEIGA, Laura da., op. cit., p. 93. x ARAUJO, Maria Paula, op. cit., p. 172. xi ARAUJO, Maria Paula, op. cit., p. 173. xii Desta forma, no dia 28 de março de 2008, foi inaugurada no local de sua morte, uma escultura em homenagem aos 40 anos da morte de Edson Luís, por iniciativa da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. xiii ARAUJO, Maria Paula, op. cit., p. 180. xiv (HAGEMEYER, 1997, p.71-72). xv Maria Antonia. A história de uma Guerra. xvi VEIGA, Laura da, op. cit., p. 93. xvii VEIGA, Laura da, op. cit., p. 95. xviii VEIGA, Laura da, op. cit., p. 96. i