SEMINÁRIO ESTADUAL
RUMOS NA LUTA CONTRA O DESERTO VERDE
“ESTA TERRA TEM DONO”
“DANOS REAIS E POTENCIAIS DAS
MONOCULTURAS DE ARVORES EXÓTICAS
SOBRE AS COMUNIDADES E A BIOTA
REGIONAL”
Patrícia Binkowski
Engenheira Agrônoma
Mestranda em Desenvolvimento Rural/UFRGS
Santa Maria, 01 de junho de 2007.
OBJETIVO GERAL
DESPERTAR A CONSCIÊNCIA E
pensar sobre alguns fatores.
PROVOCÁ-LOS
PERGUNTAS PERTINENTES AO DEBATE:
• o porquê da vinda das empresas de celulose pro País
e RS?
•políticas públicas estaduais para a atividade florestal?
•que tipo de “desenvolvimento” estamos falando?
•quais os atores envolvidos nessa questão?
BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DO SETOR
FLORESTAL BRASILEIRO
• Início década de 60;
• 1967 e 1987 - grandes investimentos no sentido de elevar
a produção florestal;
• governo militar visava a “modernização” da agricultura
(“Revolução Verde”);
• empresas de capital estrangeiro;
• mas o que estavam realmente buscando?
- menor custo de produção e mão-de-obra;
- melhores condições climáticas para a produção
dessa arbórea exótica;
-próprios incentivos fiscais dedicados ao setor.
A PARTIR DE 2000...
• novos incentivos e políticas públicas federais e estaduais
foram criadas para o setor
• 2000 - Programa Nacional de Florestas (PNF) - Federal;
• 2002 - Programa de Plantio Comercial e Recuperação de
Florestas (PROFLORA);
• Programa Nacional de Agricultura Familiar - PRONAF
Florestal (órgão financiador BNDES);
• 2005 – “BB Florestal” Banco do Brasil com objetivo de criar
novas oportunidades de investimentos florestais de longo
prazo.
►OBJETIVO: direcionadas para incentivar pequenos,
médios e grandes produtores a plantarem eucaliptos.
CONSEQÜÊNCIAS
SOCIAIS, ECONÔMICAS,
AMBIENTAIS E ECONÔMICAS
SOBRE AS
POPULAÇÕES LOCAIS
MINAS GERAIS
• peculiaridade plantios estabelecidos propósito lenha para a
siderurgia;
• principalmente regiões do Vale do Rio Doce e Vale do Aço;
• estudo realizado em 1998 - UFMG, constatou mudanças na a
dinâmica
socioeconômica desta região:

“fragilização do espaço rural local, no sentido de uma
desestruturação social, onde a perda da posse da terra
provocou conseqüências como migração e piores condições
de vida”
 Isso se deve, principalmente à:
• rápida industrialização destas áreas;
• às mudanças que foram sendo introduzidas-exigidas em
termos de uso da terra pelos agricultores.
ESPÍRITO SANTO
O CASO DA ARACRUZ
• Invasão de terras indígenas e quilombolas (34 comunidades –
São Mateus e Conceição da Barra);
• multa R$ 40 mil corte de mata nativa no município de Linhares;
• estudo da FASE: 1 emprego a cada 122 hectares;
• aumento desemprego;
• setembro de 2006: conflitos ARACRUZ X INDÍGENAS
• ARACRUZ parceria com a CNA, CNI, ABRAF, manifesto ao
Ministro da Justiça:
“declarando preocupação quanto à forma como a FUNAI
vem definindo os direitos sobre a terra das comunidades
indígenas e o processo arbitrário de demarcação das terras
indígenas”
OUTDOORS DA ARACRUZ NO ESPÍRITO SANTO
OUTDOORS DA ARACRUZ NO ESPÍRITO SANTO
OUTDOORS DA ARACRUZ NO ESPÍRITO SANTO
OUTDOORS DA ARACRUZ NO ESPÍRITO SANTO
Em outubro de 2006 o Ministério Público Federal entrou na
Justiça Federal com uma ação de racismo;
FASE (Federação de Órgãos para Assistência
Social e Educacional)
“AONDE AS ÁRVORES SÃO UM DESERTO: HISTÓRIAS DA
TERRA” (2003)
• aumentou o índice de desemprego;
•
• geração
de pobreza;
• concentração de população vinda do meio rural entorno das
cidades grande – formando um “cinturão de fome”;
• alto índice de intoxicação humana por agrotóxicos;
1.700 processos criminais de trabalhadores intoxicados;
• e muitos mutilados por motoserra.
“O EUCALIPTO FOI REGADO A SANGUE” diz seu Antônio,
testemunha dos envenenados por agrotóxicos e mutilados por motoserra.
BAHIA
“A BESTA DO APOCALIPTO!”
 Caravelas – 83% dos plantios foram feitos em terras
agricultáveis;
 Desvio do Rio Doce (aval da prefeitura – mero expectador!);
►Que tipo de poder sobre a natureza tem essas empresas?
►Que tipo de poder sobre o Homem tem essas empresas?
 Eunápolis - de 1996 a 2000 saíram quase 7.000 famílias da
cidade (FONTE IBGE);
► para onde foram essas famílias? vão encontrar trabalho
onde?
 Porto Seguro – em 10 anos criou-se um bairro/hoje com 39
mil famílias;
► de onde vieram essas famílias?
URUGUAI
 plantio florestal iniciou no final dos anos 60;
· governo uruguaio subsidiado o setor florestal e deixa de
subsidiar setores tradicionais como o agropecuário;
· atualmente 700 mil ha plantados com eucaliptos;
· concentrações de terras;
• 55% da área plantada pertence a apenas quatro empresas;
· aumento do desemprego e pobreza;
· despovoação rural = ÊXODO RURAL
· substituição da criação de gado extensiva geraram:
•- pior qualidade das condições de trabalho
•- baixos salários
ARGENTINA
Revista SCIENCE de Dezembro/2005:
• apenas 1 ano após o plantio;
• houve contaminação das fontes de água;
• salinização e acidificação do solo;
• o fluxo dos cursos d’água próximos aos plantios diminuíram
52%;
• 13% dos córregos e riachos simplesmente secaram.
•exemplos reais de impactos sociais, econômicos,
ambientais e culturais que os plantios de eucaliptos estão
ocasionando;
•E os impactos na África, no Chile, na Colômbia, entre
outros
países
que
também
passam
por
essa
“eucaliptalização” frenética!!!!!!?????
RIO GRANDE DO SUL
O QUE ESTÁ AÍ E O QUE AINDA ESTÁ POR VIR!!!???
As justificativas do Governo Estadual:
• que essa atividade trará desenvolvimento
econômico;
• geralmente se traduz como:
- mais empregos;
- arrecadação de impostos;
- melhoria da infraestrutura local;
• já que a produção agrícola e pecuária vem se
enfraquecendo ao longo dos anos.
METADE SUL
• a realidade é de uma região pobre;
• implicando mão-de-obra barata;
• estrutura agrária baseada no latifúndio, o que torna
a compra e o arrendamento de terras facilitadas;
• situação econômica precária dos produtores de
gado da região, o que permite o discurso do
“desenvolvimento” da Metade;
• proximidade com o Mercosul e com as outras
“novas” fronteiras de eucalipto, como o Uruguai.
O DITO DESENVOLVIMENTO!?
• 2004 - políticas públicas específicas, voltadas para o plantio dessas
arbórea;
• Programa de Plantio Comercial
(PROFLORA) - Caixa/RS.
e
Recuperação
de
Florestas
Objetivo: gerar renda e emprego em regiões menos desenvolvidas
do Estado.
“A necessidade de revitalizar a metade sul do estado é um
estímulo para os projetos de reflorestamento...as grandes
vantagens que trarão: emprego e garantia de áreas preservadas
(pois devem preservar 20%)” FLORIANO ISOLAN (CAIXARS)
• Estado tem disponibilizado os serviços da EMATER:
- para auxiliar os produtores através de assistência técnica
especializada;
- e para a elaboração de projetos de plantios de eucaliptos.
ARTICULAÇÕES E ESTRATÉGIAS DAS EMPRESAS
• contratação de agências de pesquisa:
- investiguem locais onde poderiam ser realizados os
plantios;
- prestem assistência técnica aos produtores;
• parcerias com centros de excelência localizados em
universidades particulares e públicas, (COMO É O CASO
AQUI DA UFSM, DA UFPEL);
Universidade pública deve ser voltado para atender
interesses sociais dos brasileiros e não interesses de
empresas privadas estrangeiras;
• Discurso de que tudo isso é com o intuito de não
provocar impactos ao ambiente e à população local nas
regiões escolhidas para a implantação de eucaliptos.
“TÁTICAS DE MARKETING”
ARACRUZ QUER VISIBILIDADE NA SOCIEDADE
• parceria com o Viveiro Municipal – mudas em todo o percurso
da 3º perimetral (liga zona norte a zona sul);
• placas com o logotipo da empresa;
• OUTDOORS falando sobre: preservação do meio ambiente e
desenvolvimento sustentável;
► AQUI A MINHA GRANDE DÚVIDA: ISSO SERÁ MESMO
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL!?
• patrocínio de um programa de rádio – Radio Ipanema
“A RADIO QUE NÃO SE VENDE!”;
• Shows culturais;
“TÁTICAS DE MARKETING”
ARACRUZ QUER VISIBILIDADE NA SOCIEDADE
• concurso em escolas públicas – sobre o destino do
lixo e do consumo de água;
“A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CELULOSE”;
• financiamento de campanhas eleitorais;
PT, PSDB. PSB, PFL,PDT, PSC, PTB, PPS e PP
• busca firmar uma parceria de convênio com a
UFRGS (Faculdade de Agronomia).
BUSCA LEGITIMAÇÃO DA UNIVERSIDADE
QUAIS SÃO (OU SERIAM) OS RISCOS
POTENCIAIS PARA AS POPULAÇÕES LOCAIS?
• quanto ao aspecto socioeconômico:
“o avanço da monocultura de eucalipto na Metade Sul do
RS deve gerar uma ruptura de duas tradições produtivas: a
pecuária
extensiva,
realizada
principalmente
nos
latifúndios e a produção da agricultura de subsistência,
realizada nos interstícios das grandes propriedades.”
SUERTEGARAY (2006),
• mudanças nas dinâmicas de produção e de reprodução social
das populações;
• perda da identidade cultural (pecuarista, camponês, agricultor
familiar....”GAÚCHO”) = os vínculos tradicionais rompidos;
• desequilíbrios do ecossistema podem prejudicar a permanência
dessas populações locais de certas regiões;
• influências diretas na ocupação da terra;
PROVOCAÇÕES
• Como se dará a adaptação dessas populações
locais ao novo modelo de uso da terra?
• Que transformações sócio-econômicas-culturais
podem ocorrer com essas populações?
• As comunidades foram questionadas sobre a nova
política de eucaliptalização do espaço rural?
• O bioma pampa suportará tantos hectares de
silvicultura?
• Esse projeto/modelo/política de “desenvolvimento”
interessa realmente a quem?
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E a partir dessas mobilizações que a sociedade civil tem
VOZ...
“Os inconformistas quase nunca tem razão
nos precisos termos em que se manifestam.
Mas quase sempre tem razão na identificação
do problema que os inconforma e no sentido
geral da solução que eventualmente lhe será
dada.”
Boaventura de Souza Santos
“ESSA TERRA TEM DONO”
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