Alexandre Antônio Alves TREINAMENTO POLICIAL BÁSICO A DISTÂNCIA NA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS: DIAGNÓSTICO, VISÃO PROSPECTIVA E DESAFIOS. BELO HORIZONTE 2011 Alexandre Antônio Alves TREINAMENTO POLICIAL BÁSICO A DISTÂNCIA NA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS: DIAGNÓSTICO, VISÃO PROSPECTIVA E DESAFIOS. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado à Academia de Polícia Militar (APM) e Fundação João Pinheiro (FJP) como requisito parcial para conclusão do Curso de Especialização em Gestão Estratégica de Segurança Pública (CEGESP 2011). Orientador: Coronel PM Juarez Nazareth. BELO HORIZONTE 2011 Monografia intitulada “Treinamento Policial Básico a distância na Polícia Militar de Minas Gerais: diagnóstico, visão prospectiva e desafios.”, de autoria do aluno Alexandre Antônio Alves, aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores: ____________________________________________________ Juarez Nazareth – Coronel PM - Orientador _____________________________________________________ Ricardo Luiz Campos Rosa – Coronel PM– APM/PMMG ______________________________________________________ Cláudia Beatriz Machado Monteiro de Lima Nicácio – Doutora – EGPNG/FJP Belo Horizonte, 17 de novembro de 2011 Dedico este trabalho, À Deus, nosso criador, por ter me dado forças e pela iluminação necessária para trilhar meu caminho e, em especial nessa missão, permitido vencer mais esse degrau na escalada do conhecimento, dentre tantos outros que já passei e que terei de passar. À minha amada esposa, Lívia e filhos André e Ana Beatriz, as luzes do meu caminho e sentido da minha existência, pelo apoio, carinho e compreensão pela minha ausência. Saibam que sempre estaremos juntos. Ao meu Pai (in memorian), por nunca ter me abandonado, sempre manifestando a sua presença protetora ao meu lado e que me enche o peito de orgulho e dá forças para sempre enfrentar as adversidades da vida. À minha mãe, Maria Joana e irmãs, Alcíone e Alessandra, pelo irrestrito apoio nos momentos difíceis, sempre me acolhendo e, principalmente, socorrendo nos atropelos da dura jornada. Agradecimentos especiais, Ao Exmo. Sr. Cel PM Juarez Nazareth, primeiramente, por ter aceitado o convite para ser meu orientador nesse trabalho, e pela paciência, incentivo, brilhantismo, atenção e sabedoria, que permitiram que eu pudesse chegar à conclusão dessa pesquisa. Ao Exmo. Sr. Cel PM Eduardo de Oliveira Chiari Campolina, meu digníssimo comandante, pelo incentivo, compreensão, orientações e apoio em todos os momentos, que me permitiram ter a calma e tranquilidade necessárias para concluir a tarefa. Ao Maj PM Márvio Cristo Moreira, pela dedicação e entusiasmo que conduziu seus trabalhos frente ao CTP, respondendo ao chamado com primazia em minha ausência, me propiciando o suporte necessário para dedicação à pesquisa. À Professora Isabel e Cap QOS Fabrízia pela disponibilidade e inestimável ajuda, desde o início da pesquisa, disponibilizando seus conhecimentos e experiências, pois sem isso o caminho seria muito mais difícil. À Cap QOR Denise pela grande ajuda e contribuição na revisão ortográfica do trabalho. Ao 2º Ten PM Vítor Foureaux, pelo apoio, disponibilidade e entusiasmo das contribuições feitas ao trabalho. À todos os professores do CEGESP, tanto da PMMG, quanto da Fundação João Pinheiro, pela contribuição na construção de novos saberes. RESUMO O objetivo dessa pesquisa científica foi avaliar os critérios de desenvolvimento e a eficiência do Treinamento Policial Básico (TPB) a distância na Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), realizado no período de 2002 à 2009, nas Frações destacadas das Unidades do interior do Estado de Minas Gerais. Objetivou, ainda, levantar informações sobre a evolução do TPB a distância na PMMG, a partir de sua implementação; descrever os critérios de desenvolvimento do TPB a distância na PMMG; analisar o resultado do TPB a distância executado pelos militares nas Frações destacadas no período delimitado; reunir base conceitual e teórica que permitiu apresentar tecnologias e metodologias educacionais aplicáveis ao TPB a distância na busca de sua otimização. Foram aplicados 112 questionários, tendo retornado 96. Complementando a pesquisa quantitativa, foram também realizadas três entrevistas, visando alcançar o seu aspecto qualitativo. A pesquisa quantitativa foi direcionada aos Adjuntos e Auxiliares de Ensino e Treinamento (Adj. e Aux. ET) das Unidades da 4ª à 18ª Regiões de Polícia Militar (RPM). Quanto à qualitativa, foram aplicadas, por meio das entrevistas, junto aos gestores da PMMG envolvidos no processo de realização da educação a distância, sendo os Chefes da Seção de Treinamento e de Educação a Distância, ambas da Academia de Polícia Militar (APM), e o Chefe do Centro de Tecnologia e Sistemas (CTS). Verifica-se nesse estudo a importância do treinamento nas instituições e, especialmente na PMMG, principalmente no tocante à manutenção da capacitação dos profissionais de gerir suas tarefas rotineiras. Foco é dado ao treinamento realizado nas Frações destacadas das Unidades do interior do Estado, mormente o TPB realizado na modalidade a distância. Por intermédio da pesquisa realizada, conclui-se que a metodologia aplicada a esse treinamento, isoladamente, não oferece plenas condições de manutenção da capacidade técnica dos Policiais Militares nas atividades operacionais. Com base no resultado da pesquisa são apresentadas sugestões para melhoria das condições de treinamento nas Frações destacadas da PMMG. Palavras Chave: Treinamento. Treinamento Policial Básico. Treinamento a distância. Polícia Militar de Minas Gerais. ABSTRACT The objective of this research was to evaluate the scientific criteria development and efficiency of distance training of the Basic Police Training (BPT) in PMMG, carried out from 2002 to 2009, in fractions of Units outstanding in the state of Minas Gerais. The objective also gather information about evolution of the BPT in PMMG from its implementation, describe the development of BPT criteria in the distance in the PMMG; analyze the results of distance BPT run by the military in fractions highlighted in the period defined; together theoretical and conceptual basis to submit educational technologies and methodologies applicable to distance BPT in search of its optimization. We used 112 questionnaires and 96 returned. Complementing the quantitative research were also conducted three interviews in order to achieve its qualitative aspect. Quantitative research was directed to the Deputy and Assistants Education and Training Units from the 4th to the 18th Military Police Regions. As for the qualitative, were applied interviews with the managers of PMMG involved in the process of implementing distance education, and the Section Heads of Training and Distance Education, both from the Academy of Military Police, and Chief Center for Technology and Systems. It can be seen in this study the importance of training institutions, and especially in the Military Police of Minas Gerais, mainly for the maintenance of trained professionals to manage their routine. Focus is given to the training carried out in fractions of Units outstanding in the state, especially the Basic Police Training conducted in the distance. Through research, it is concluded that the methodology applied to this training alone does not fully capable of maintaining the technical capability of the military police operating activities. Based on the outcome of the research are suggestions for improvement of training in the fractions separated from the PMMG. Key words: Training. Basic Police Training. Distance Training. Minas Gerais Military Police. LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 – Pontos de mudança na política de recursos humanos................ 29 FIGURA 2 – Um modelo sistêmico para a educação a distância (EAD)......... 47 FIGURA 3 – Cinco gerações de educação a distância ................................... 51 FIGURA 4 – Tipologia e formas de aplicação da instrução em 1988.............. 86 FIGURA 5 – Descrição esquemática do TPB atual......................................... 91 FIGURA 6 – Estratégia alternativa de métodos mistos – Projeto exploratório sequencial................................................................................... QUADRO 1 115 – Comparativo entre as etapas do treinamento: ciclo de Deming e Chiavenato............................................................................... 24 QUADRO 2 – Níveis de treinamento na concepção de Chiavenato.................. 27 QUADRO 3 – Níveis de interatividade em EAD................................................. 62 QUADRO 4 – Tipos de interação em EAD......................................................... 63 QUADRO 5 – Síntese do funcionamento do treinamento.................................. 76 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Caracterização dos respondentes segundo a função que ocupam...................................................................................... TABELA 2 – Caracterização dos respondentes segundo o tempo na atual função........................................................................................ TABELA 3 122 – Caracterização das Unidades pesquisadas segundo seu efetivo total................................................................................ TABELA 7 121 – Caracterização dos respondentes segundo o tipo de Unidade que servem................................................................................ TABELA 6 119 – Caracterização dos respondentes segundo a RPM a que pertencem.................................................................................. TABELA 5 119 – Caracterização dos respondentes segundo a participação em cursos e treinamentos............................................................... TABELA 4 118 123 – Caracterização da execução do TPB da 4ª à 18ª RPM no período de 2002 a 2009............................................................. 124 TABELA 8 – Situação de execução do TPB a distância do biênio 20082009 para as Frações destacadas, segundo a opinião dos Adj. e Aux. ET............................................................................ TABELA 9 126 – Aspectos considerados na decisão quanto a modalidade do TPB do biênio 2008-2009 para as Frações destacadas, segundo a opinião dos Adj. e Aux. ET....................................... 127 TABELA 9A – Aspectos considerados na decisão pela não execução do TPB a distância do biênio 2008-2009 para nenhuma Fração destacada, segundo a opinião dos Adj. e Aux. ET.................... 129 TABELA 9B – Aspectos considerados na decisão pela execução do TPB a distância do biênio 2008-2009 para todas Frações destacadas, segundo a opinião dos Adj. e Aux. ET.................. TABELA 10 131 – Ações efetivadas na execução do TPB a distância do biênio 2008-2009 para as Frações destacadas, segundo a opinião dos Adj. e Aux. ET..................................................................... TABELA 11 – Percepção dos Adjuntos e Auxiliares de Ensino 132 e Treinamento sobre ter o modelo de TPB a distância, realizado biênio 2008-2009 para as Frações destacadas, proporcionado condições de manutenção da capacidade técnica para as atividades operacionais dos Policiais Militares treinados.......... TABELA 12 133 – Percepção dos Adj. e Aux. ET sobre os fatores que mais influenciam no alcance dos objetivos do TPB a distância, realizado biênio 2008-2009 para as Frações destacadas......... TABELA 13 135 – Percepção dos Adj. e Aux. ET sobre os aspectos que mais dificultaram a realização do TPB a distância, realizado no biênio 2008-2009 para as Frações destacadas......................... 138 TABELA 14 – Percepção dos respondentes sobre a evolução do TPB a distância na PMMG................................................................... TABELA 15 140 – Percepção dos Adj. e Aux. ET sobre os aspectos que mais evoluíram no TPB a distância, realizado entre os biênios 2002-2003 e 2008-2009 para as Frações destacadas.............. TABELA 16 142 – Percepção dos Adj. e Aux. ET quanto a situação de existência de computador com acesso a internet nas Frações destacadas................................................................................ 143 TABELA 17 – Opinião dos Adj. e Aux. ET quanto às possibilidades de acesso a computador com internet fora das Frações destacadas................................................................................ TABELA 18 – Opinião dos Adj. e Aux. ET quanto à afirmativa ligada à hipótese da presente pesquisa.................................................. TABELA 18A 147 – Justificativas dos Adj. e Aux. ET para a total concordância a respeito da hipótese da presente pesquisa............................... TABELA 19 146 – Justificativas dos Adj. e Aux. ET para a parcial concordância a respeito da hipótese da presente pesquisa............................ TABELA 18B 145 Opinião dos Adj. e Aux. ET sobre sugestões 148 para oportunidades de melhoria do TPB a distância das Frações destacadas da PMMG............................................................... TABELA 20 149 Situação de desempenho dos Policiais Militares no TPB realizado no período 2002-2009 para as Unidades da 4ª à 18ª RPM........................................................................................... 151 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12 2 TREINAMENTO PROFISSIONAL ................................................................... 18 2.1 Treinamento na administração pública ......................................................... 28 2.2 Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no treinamento ............... 33 2.3 Educação a distância (EAD) como ferramenta do treinamento ................... 41 2.3.1 Evolução da EAD ........................................................................................ 50 2.3.2 EAD no Brasil .............................................................................................. 56 2.3.3 Referenciais de qualidade para EAD ......................................................... 60 3 TREINAMENTO POLICIAL NA PMMG ............................................................ 70 3.1 A importância do treinamento de Polícia Militar............................................ 77 3.2 Evolução histórica do treinamento de Polícia Militar .................................... 80 3.3 Normatização do treinamento na PMMG ...................................................... 89 3.4 O advento do Treinamento Policial Básico (TPB)......................................... 92 3.5 TPB a distância na PMMG............................................................................. 99 4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS ......................................................104 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA ............................................117 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................153 REFERÊNCIAS ..................................................................................................159 APÊNDICES .......................................................................................................167 APÊNDICE A ......................................................................................................167 APÊNDICE B ......................................................................................................173 12 1 INTRODUÇÃO Constitui-se foco dessa pesquisa o treinamento profissional 1 planejado e executado ao longo dos anos na Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), sob o enfoque da sua realização nas Frações destacadas das Unidades do interior do Estado. O treinamento profissional na PMMG foi submetido, ao longo de sua existência, a uma série de transformações e adaptações. Tal situação ocorreu devido à grande necessidade de capacitação dos policiais militares para o exercício de suas funções rotineiras, frente à missão institucional da PMMG de preservação e manutenção da ordem pública, visando à paz social. Uma das ações mais significativas na busca da eficiência e do aprimoramento do treinamento profissional da PMMG foi a criação do Treinamento Policial Básico (TPB) no ano de 2002. Sua implementação mudou os conceitos, o foco e a metodologia de aplicação da antiga „instrução intensiva‟ e trouxe um treinamento focado na atuação policial do dia a dia junto à comunidade. Além disso, padronizou, de forma efetiva, as ações de execução deste treinamento em todo o Estado de Minas Gerais, inclusive nas Frações destacadas, onde, devido ao reduzido efetivo policial local, as ações de treinamento são dificultadas pela necessidade de atendimento ininterrupto às demandas operacionais rotineiras. Para estas subunidades existe a possibilidade de realização do TPB na modalidade a distância. Assim, tem-se como tema do presente trabalho o „Treinamento Policial Básico a distância na Polícia Militar de Minas Gerais: diagnóstico, visão prospectiva e desafios‟. O seu foco é o TPB desenvolvido na modalidade a distância e realizado nas Unidades interiorizadas da PMMG. Delimita-se o tema com o enfoque no nível operacional representado pelas Unidades do interior do Estado pertencentes a quinze Regiões da Polícia Militar (RPM) 2, tendo-se em vista as suas características de uma articulação operacional bastante desconcentrada no nível territorial, fator 1 2 “[...] educação profissional que adapta a pessoa para um cargo ou função.” (CHIAVENATO, 2006, p. 402). As regiões delimitadas são da 4ª a 18ª RPM, segundo o Detalhamento e Desdobramento do Quadro de Organização e Distribuição (DD/QOD) da PMMG, aprovado pela Resolução nº 4.118, de 23 de novembro de 2010, e publicado no Boletim Especial da Polícia Militar (BEPM) nº 04, de 3 de dezembro de 2010. (MINAS GERAIS, 2010d) 13 determinante para o uso da EAD como ferramenta de sua aplicação. No tempo delimita-se nos anos de 2002 a 2009. A motivação da determinação temporal está fundamentada no fato de que 2002 é o ano em que foi implementado o modelo de TPB a distância na PMMG, e de que 2009 foi o ano de fechamento da execução do último ciclo deste treinamento. O período corresponde a quatro ciclos bienais de treinamento na PMMG. O estudo foi tratado a partir de duas abordagens. A primeira teve cunho diagnóstico e visou à pesquisa sobre os aspectos de sua realização nas Frações destacadas das Unidades do interior do Estado. A segunda tratou o assunto sob o foco prospectivo, baseado em uma perspectiva de seu desenvolvimento futuro na Instituição. A justificativa para o tema está na sua importância que vem respaldada em duas vertentes: uma geral, que trata da manutenção da capacitação profissional de todos os policiais militares, realizada na forma de treinamento profissional, que tem fulcro na eficiência3 dos serviços prestados pela PMMG; e outra específica, referente à necessidade de otimizar o uso dos recursos, das tecnologias e das metodologias de treinamento de forma a manter a qualidade desta capacitação em larga escala na PMMG, atingindo todo o Estado de Minas Gerais. O objetivo geral da pesquisa foi avaliar os critérios de desenvolvimento e a eficiência do TPB a distância na PMMG, em busca de alternativas para sua otimização4. Para se atingir o objetivo geral proposto, foram definidos os seguintes objetivos específicos: 1) levantar informações que permitam mostrar a evolução do TPB a distância na PMMG, a partir de sua implementação; 2) descrever os critérios de desenvolvimento do TPB a distância na PMMG; 3 4 “[...] ação, força, virtude de produzir um efeito” (BATISTA JÚNIOR, 2004, p. 111). otimização é “processo pelo qual se determina o valor ótimo de uma grandeza.” Otimizar significa tornar ótimo ou excelente, de qualidade superior; dar a algo um rendimento ótimo, criando-lhe as condições mais favoráveis ou tirando dele o melhor resultado possível. (Extraído do Dicionário Michaelis. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra =otimização>. Acesso em: 05jun. 2011.) 14 3) analisar o resultado do TPB a distância executado pelos militares nas Frações destacadas no período delimitado; 4) reunir base conceitual e teórica que permita apresentar tecnologias e metodologias educacionais aplicáveis ao TPB a distância na busca de sua otimização. A conceituação de termos foi diluída no decorrer do texto, na medida em que se fez necessária, sendo remetida, inclusive, para as notas de rodapé. Fator relevante envolvido na pesquisa é o fato de que o autor do presente trabalho exerceu durante aproximadamente sete anos a chefia da Seção de Treinamento e Extensão da APM, setor responsável pelo assessoramento ao Comando da APM nos assuntos relativos às atividades de treinamento e extensão de Polícia Militar. Durante esse período, teve a sua atenção despertada para os vários problemas vinculados à execução do TPB nas Frações destacadas das Unidades do interior do Estado, uma vez que, à época, a estrutura de acesso às TIC não eram disponíveis para uma grande parte dessas Frações. Importante, ainda, ressaltar que o assunto, em vários momentos da história recente da PMMG, foi alvo de pesquisas institucionais, tendo cada qual o seu foco específico e abordagens próprias, sendo que a questão ligada à dificuldade de realização nas Frações interiorizadas sempre foi uma barreira para a implementação das propostas, quer devido às dificuldades orçamentárias e falta de efetivo, quer por outras questões particulares. Isto posto, para iniciar as pesquisas do presente trabalho, foi realizado um levantamento bibliográfico sobre os trabalhos científicos realizados na PMMG cujos temas relacionam-se ao treinamento a distância, tendo sido encontrados oito trabalhos que o tratam de maneira consistente. Resta esclarecer que vários outros trabalhos vincularam seus temas às atividades de treinamento, porém sob foco diverso da sua execução na modalidade a distância. Os trabalhos encontrados demonstram que há muito tempo o treinamento a distância é uma das grandes preocupações institucionais. O primeiro trabalho pesquisado foi de Colomarte (1985), que traçou um estudo para verificar a viabilidade do treinamento a distância. Em seu estudo, apesar de, à época, ser recente o uso das TIC na educação, foram apresentadas experiências de empresas e concluiu-se que o caminho para a eficiência na educação profissional da PMMG passava pelo uso dessas TIC. 15 No ano de 1987 foram duas pesquisas, Lopes e Souza (1987) e Castro e Andrade (1987). No primeiro trabalho os autores traçaram um diagnóstico da situação do treinamento na PMMG e relacionaram os problemas da execução à falta de motivação para a sua realização, propondo um incentivo denominado „estímuloinstrução‟, que seria um tipo de abono pecuniário para os policiais militares que fossem aprovados no treinamento. Dentre as suas propostas estava a realização do „treinamento intensivo‟ na modalidade a distância, por meio da distribuição de apostilas. A segunda pesquisa partiu do princípio de que o treinamento aplicado à época não era eficaz e propôs a sua realização por meio de „tutoria de ensino a distância‟. Os trabalhos apresentados pelos autores, Gonçalves et al. (1988) e Dematté et al. (1988), trataram também sobre o tema do treinamento a distância, porém no primeiro referenciaram seus estudos na proposição de um treinamento por correspondência, com o encaminhamento de apostilas para os locais mais distantes. Na segunda pesquisa, os autores trataram de uma análise do diagnóstico apresentado em outras pesquisas e reforçaram a motivação como foco central do problema. As propostas foram voltadas à criação de uma motivação para discentes e professores e para a disponibilização de materiais adequados para a eficiência do treinamento. Os demais trabalhos de pesquisa encontraram uma situação de treinamento na PMMG onde a modalidade a distância já estava consolidada, uma vez que as Normas para o Planejamento e Conduta da Instrução (NPCI), que datam do ano de 1988, já previam esta modalidade de treinamento para as Frações interiorizadas, como pode ser constatado em capítulo específico desse trabalho. Na pesquisa de Bracarense (1992), o autor utilizou dos estudos já realizados e de sua pesquisa de campo para concluir que existiam deficiências de ordem técnica e estrutural no modelo adotado pela PMMG, propondo então a correção dos aspectos verificados. A pesquisa dos autores Silva Neto et al. (1995), apresenta um diagnóstico da situação do treinamento a distância da época, propondo medidas para correções de falhas verificadas. No mais recente dos trabalhos, os autores 16 Toledo et al. (1998) apresentam uma nova proposta de treinamento a distância fundada na plataforma WEB5. Considerando os estudos citados e as alterações do treinamento policial desde então, a pergunta norteadora da pesquisa foi no sentido de investigar se o atual modelo de TPB a distância aplicado na PMMG tem atingido a sua eficiência para os policiais militares lotados nas Frações destacadas. Como hipótese básica formulou-se que na medida em que modernas tecnologias e novas metodologias educacionais são incorporadas ao modelo de TPB a distância, maior se torna a possibilidade de alcançar a efetividade6 desta modalidade de treinamento na PMMG. Quanto à metodologia, trata-se de uma pesquisa exploratória, de natureza quantitativa e qualitativa, pelo método de abordagem hipotético-dedutivo, desenvolvido por intermédio de procedimento monográfico. Como elemento de investigação, foi feita pesquisa de campo com questionários aos Adj. e Aux.ET das Unidades da PMMG do interior do Estado e entrevistas com os gestores da PMMG responsáveis pela EAD. O presente trabalho foi estruturado em seis seções. Na primeira foi abordada a definição e foi apresentada a delimitação do tema, os objetivos da pesquisa, as justificativas de realização do trabalho, por meio de uma breve contextualização sobre o tema. Foram ainda citados os estudos já realizados sobre o assunto na PMMG e a estrutura do presente trabalho. Na segunda seção foi abordado o treinamento profissional como um todo, tendo sido dado enfoque específico para o treinamento na administração pública. A seção ainda trata das TCI no treinamento profissional, dando ênfase a sua utilização no desenvolvimento da manutenção da capacidade técnica dos funcionários. Finaliza a seção com uma abordagem sobre a EAD como ferramenta do treinamento profissional, sua evolução na capacitação dos recursos humanos e sua atual estruturação no Brasil. A terceira seção trata sobre o Treinamento de Polícia Militar (TPM) sua importância, evolução e normatização atual na PMMG. A seção detalha o advento 5 6 Sistemas que funcionam através de browser e sistema de navegação na internet, de forma integrada. (conceito extraído do site Webroom soluções interativas, acessado pelo endereço: <http://webroom.com.br/conteudo.aspx?cont=120&pai=66>. Acesso em 03set11). A efetividade é a qualidade daquilo que se manifesta por um efeito real e que mereça confiança. (BATISTA JÚNIOR, 2004) 17 do TPB na PMMG e da sua modalidade a distância, traçando um paralelo entre as suas realidades institucionais. Na quarta seção foram apresentados os procedimentos metodológicos adotados na pesquisa, com caracterização do objeto e descrição do problema, hipóteses, variáveis, tipo, natureza, métodos e procedimentos de abordagem, técnicas utilizadas, universo e a aplicação do tratamento estatístico. A quinta seção foi elaborada com a análise dos resultados da pesquisa, apresentação de um diagnóstico da situação do treinamento a distância na PMMG e as opiniões dos pesquisados sobre diversas questões relevantes sobre o tema. Foram ainda apresentados os resultados das entrevistas e da pesquisa documental realizada no presente trabalho. Por fim, na sexta seção, à guisa de conclusão, estabelecem-se algumas considerações finais sobre os resultados obtidos e apresentados na seção de análise dos resultados da pesquisa, e apresentam-se algumas contribuições e sugestões sobre o tema para o seu aprimoramento institucional, visando a otimização do treinamento na PMMG. Ao final, constam as referências e os apêndices. 18 2 TREINAMENTO PROFISSIONAL Antes de iniciar os comentários a respeito do treinamento profissional propriamente dito são necessários esclarecimentos a respeito de alguns termos e questões relativas ao assunto. A sociedade moderna vive um período de grandes e significativas transformações. A informação, cada vez mais, é a mola propulsora dos negócios e a fonte do sucesso dos empreendimentos das instituições que pensam no futuro. Nesse contexto, os níveis de competitividade e de exigência são maiores a cada dia, exigindo talentos humanos ainda mais criativos e operosos à frente de suas tarefas. Em uma sociedade como a descrita acima, toda instituição deve primar por um corpo de funcionários que possua as habilidades e competências para atender às demandas organizacionais. Nesse sentido, a capacitação profissional é fundamental para criar e manter um nível adequado de qualidade e de satisfação de seus clientes, alcançado por meio da eficiência na produção dos serviços. A palavrachave para tudo isso é o treinamento. O treinamento apresenta-se como de grande importância nas instituições. Capacitar as pessoas e torná-las mais eficientes e atualizadas é o maior dos investimentos que uma organização pode fazer. Dessa forma, os funcionários sentem-se valorizados e buscam seu aprimoramento e desenvolvimento cultural e profissional. Diversos autores tratam do assunto treinamento e desenvolvimento de pessoal, sendo a grande maioria enfática em denominá-lo, de forma geral, somente como treinamento. O termo treinamento possui vários significados, conforme consta na obra de Chiavenato (2006). O autor busca, nos conceitos de alguns especialistas da área de administração de pessoal, aquele que melhor se encaixa, e tece comentários sobre eles na busca de uma construção adequada sobre o conceito de treinamento. Chiavenato (2006) cita os conceitos de renomados autores, como o de Yoder (1956 citado por CHIAVENATO, 2006, p. 401) que considera o treinamento como “[...] um meio para desenvolver a força de trabalho das organizações [...]”, e Whitehill Jr. (1955 citado por CHIAVENATO, 2006, p. 401) que o entende como sendo “[...] o preparo da pessoa para o cargo [...]”. 19 Para Rosini (2007, p. 115) treinamento “[...] é qualquer atividade que visa melhorar a habilidade de uma pessoa no desempenho de um determinado cargo e/ou função em uma organização.” Complementa o autor esclarecendo que o ato de treinar “[...] é aprender a desenvolver o potencial oculto dentro de cada indivíduo [...]”. De maneira mais ampla, tem-se o termo educação como uma atividade que engloba e amplia o conceito de treinamento. Segundo Chiavenato (2006, p. 401), educação “[...] é toda influência que o ser humano recebe do ambiente social, durante a sua existência, no sentido de se adaptar a normas e valores sociais vigentes e aceitos”. Esclarece o autor que a educação é, simplesmente, o preparo do ser humano para a vida pela própria vida. A relação colocada pelo autor refere-se ao conjunto de experiências vividas por cada um ao longo de sua convivência na escola, igreja, grupos sociais, no lar, entre outros. Ainda sobre o termo educação, Whitehill Jr. (1955) esclarece que, de forma diversa da função do treinamento que se vincula à preparação para um cargo, a educação é apresentada tendo como propósito “[...] preparar a pessoa para o ambiente dentro ou fora do seu trabalho”. (Whitehill Jr., 1955 citado por CHIAVENATO, 2006, p. 401). Dentre os tipos de educação encontra-se a educação profissional que segundo Chiavenato (2006, p. 401) “[...] é a educação, institucionalizada ou não, que visa ao preparo do homem para a vida profissional.” O autor esclarece que a educação profissional compreende três fases interdependentes, mas distintas, que são a formação profissional, o desenvolvimento profissional e o treinamento. Na concepção do autor, a primeira fase é definida como destinada ao preparo do homem para a vida profissional e tem como alicerce a inclusão deste em determinada profissão. A segunda refere-se ao aperfeiçoamento da pessoa para seu crescimento profissional em determinada carreira na organização. Finalmente, a terceira que se destina-se à adaptação da pessoa para determinado cargo ou função, reportando a aspectos essenciais para o seu exercício. Essa é o foco de estudo utilizado nessa pesquisa. Apresentado o ambiente macro onde se posiciona o treinamento pode-se ter uma noção de como o treinamento figura dentro da educaç ão, agregando desta, conceitos e significados próprios para a sua concepção formal. 20 Para Carvalho (1988) existe a seguinte relação entre educação e treinamento. A educação denomina-se „instrução‟ quando o indivíduo recebe formação escolar em seus vários graus de ensino. Mas a instrução continua a ser parte atuante da educação sob perspectiva formal. E o treinamento, dando continuidade à educação, prepara o empregado para melhor exercer suas funções profissionais. (CARVALHO,1988 citado por MAGALHÃES et al., 2007, p. 61) Segundo Milioni (2001 citado por MAGALHÃES et al., 2007, p. 61), treinamento é “[...] a ação sistematizada de educação para a capacitação, o aperfeiçoamento e o desenvolvimento do indivíduo”. Na concepção de Gil (2001 citado por MAGALHÃES et al., 2007, p. 61), treinamento é “[...] o meio para adequar cada pessoa a seu cargo, com vista no alcance dos objetivos da organização”. Magalhães et al. (2007, p. 62), também estrutura seu próprio conceito de treinamento como sendo aquele que “[...] refere-se a qualquer ação sistematizada, que busca oferecer, ao indivíduo, conhecimentos e habilidades para o adequado desempenho de suas tarefas no cargo que ocupa”. Para Flippo (1970 citado por CHIAVENATO, 2006, p. 402), “[...] treinamento é o ato de aumentar o conhecimento e perícia de um empregado para o desenvolvimento de determinado cargo ou trabalho”. Na mesma linha, Boog (1999) conceitua treinamento como [...] um processo educacional, através do qual pessoas adquirem conhecimentos, atitudes e habilidades em função dos objetivos preestabelecidos. Nas organizações o treinamento é voltado para a transmissão de conhecimentos específicos ao ambiente de trabalho, às tarefas desempenhadas pelo funcionário. (BOOG, 1999, p. 210, grifo nosso) Segundo McGehee (1961), treinamento [...] significa educação especializada. Compreende todas as atividades que vão desde a aquisição da habilidade motora até o fornecimento de conhecimentos técnicos, desenvolvimento de aptidões administrativas e de atitudes referentes a problemas sociais. (MCGEHEE, 1961 citado por CHIAVENATO, 2006, p. 402). Na concepção de Chiavenato (2006, p. 402), o treinamento pode ser definido como um “[...] processo educacional de curto prazo, aplicado de maneira 21 sistemática e organizada, através do qual as pessoas aprendem conhecimentos, habilidades e competências em função de objetivos definidos”. O autor explica, ainda, que o treinamento é um processo de transmissão de conhecimentos específicos relacionados ao trabalho, de atitudes frente a aspectos da organização, da tarefa e do ambiente e de desenvolvimento de habilidades e competências. Apesar da multiplicidade de conceitos, todos convergem para um objetivo único que é denominar o treinamento como sendo uma atividade voltada para o aprimoramento ou preparo das pessoas para uma determinada atividade profissional. Apesar de todas as dificuldades, principalmente as orçamentárias e financeiras, para a execução de atividades de treinamento, a PMMG, ou qualquer organização do setor publico ou privado, não pode deixar de investir nesta área. Corroborando este pensamento Ferreira (1975) esclarece: O treinamento implica o sucesso e a sobrevivência de qualquer instituição. Tem-se como certo que o treinamento é imprescindível a todo tipo de organização, tanto as de maior como as de menor estrutura. Aliás, não é necessariamente o tamanho da empresa que justifica ou não a conveniência do treinamento, mas sim, a natureza da atividade que nela se desenvolve. (FERREIRA, 1975 citado por SILVA NETO et al., 1995, p.15, grifo nosso) Na mesma linha de pensamento, Hoyler (1970 citado por CHIAVENATO, 2006, p. 402) considera treinamento como um “[...] investimento empresarial destinado capacitar a equipe de trabalho a reduzir ou eliminar a diferença entre o atual desempenho e os objetivos e realizações propostos [...].” O autor complementa seu raciocínio afirmando que se trata de um esforço direcionado para a equipe, com vistas a fazê-la atingir, o mais economicamente possível, os seus objetivos institucionais. Tal conceito reporta estreita relação com o princípio constitucional da eficiência na administração pública, tratado a frente neste trabalho. Complementa, ainda, Chiavenato (2006, p. 402) que “[...] o treinamento não é despesa, mas um investimento cujo retorno é altamente compensador para a organização”. Neste sentido, o autor indica que o caminho para o sucesso das organizações passa pelo treinamento de seus funcionários, focando tal atividade na melhoria da qualidade dos serviços e produtos. Confirmando essa idéia, Rosini (2007, p. 115) cita que “[...] o investimento feito em treinamento de pessoal tem retorno garantido na maioria das vezes, porém 22 depende [...] do comprometimento do indivíduo.” Assim, para investir em treinamento deve-se investir também na motivação das pessoas para que estejam preparadas para receber as informações e aplicá-las nas suas atividades profissionais. A partir da definição do que é o treinamento e sua importância nas organizações, Chiavenato (2006) traça os principais objetivos do treinamento 1) preparar as pessoas para a execução imediata de diversas tarefas do cargo. 2) proporcionar oportunidades para o contínuo desenvolvimento pessoal, não apenas em seus cargos atuais, mas também para outras funções mais complexas e elevadas. 3) mudar a atitude das pessoas, seja para criar um clima mais satisfatório entre elas ou para aumentar-lhes a motivação e torná-las mais receptivas às novas técnicas de gestão. (CHIAVENATO, 2006, p. 403) Para alcançar esses objetivos, Chiavenato (2006) esclarece que o conteúdo do treinamento envolve quatro tipos de mudança de comportamento, quais sejam: a transmissão de informações que visam a aumentar o conhecimento das pessoas; o desenvolvimento de habilidades que atua na melhoria das habilidades e destrezas na operação de tarefas e manejo de equipamentos ; o desenvolvimento ou modificação de atitudes que atua na esfera comportamental e altera atitudes negativas para positivas; e, finalmente, o desenvolvimento de conceitos que objetivam elevar o nível de abstração no desenvolvimento de ideias em termos globais e estratégicos. Enfatiza o autor que a utilização dos conteúdos em determinado treinamento pode ser isolada ou conjunta, dependendo dos objetivos traçados e das metas elencadas para a atividade. Sobre os objetivos do treinamento, Chiavenato (1985 citado por SILVA NETO et al., 1995, p. 16) esclarece que, no treinamento, os objetivos devem sempre “[...] estar ligados intimamente às necessidades da organização. O treinamento é, portanto, feito sob medida, de acordo com as necessidades da organização [...]”. Desse modo, cada demanda organizacional gera treinamentos específicos para o seu atendimento, devendo ser esse o foco do planejamento. Ainda segundo o mesmo autor, para se chegar aos objetivos elencados para o treinamento, deve-se fornecer os meios adequados para possibilitar a 23 aprendizagem7. Desta forma o treinamento deve conter uma sequência de atividades programadas que representem um processo contínuo e cíclico. Segundo Hinrichs (1976 citado por CHIAVENATO, 2006) o processo de treinamento assemelha-se a um modelo de sistema aberto, com os seguintes componentes: as entradas, representadas pelos treinandos, conhecimento, recursos organizacionais, informação, entre outros; o processamento ou operação como os processos de ensino, aprendizagem individual, programa de treinamento, entre outros; as saídas, exemplificados pelo pessoal habilitado, conhecimentos, competências, sucesso ou eficácia organizacional, entre outros; e a retroação que significa a avaliação dos procedimentos e resultados do treinamento. Nesse sentido, Chiavenato (2006) enfatiza que o processo de treinamento envolve quatro etapas: o levantamento das necessidades de treinamento, a programação do treinamento, a implementação e execução, e a avaliação dos resultados. Confirmando o pensamento de Chiavenato (2006), Borges e Andrade (1982), também consideram o processo de treinamento em quatro etapas e afirmam que ele é [...] um conjunto de atividades interdependentes ou um subsistema, no qual são levantadas as necessidades de treinamento, por meio das quais é elaborado o planejamento, que permitirá uma orientação para a execução e avaliação do treinamento. A avaliação possibilitará um feedback com os ajustes necessários para os outros componentes do sistema. (BORGES; ANDRADE, 1982 citado por MAGALHÃES et al., 2007, p. 62, grifo nosso) Esclarece, ainda, Chiavenato (2006), que as etapas do processo de treinamento citadas anteriormente são fundadas em conceitos já consolidados e largamente utilizados no meio educacional, como por exemplo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), no tocante a ISO 100158, que utiliza o ciclo de Deming ou PDCA 9. A norma define o treinamento como um processo de quatro etapas, quais sejam: analisar, planejar, fazer e avaliar, o que, na verdade corrobora 7 8 9 Processo de mudança de comportamento. Para Moraes (1997 citado por Rossini, 2007, p. 60), aprender é “saber realizar”. é uma norma de gestão da qualidade – diretrizes para treinamento. A norma foi editada em 1999 pela International Organization for Standardization (ISO). No Brasil foi editada em 2001ABNT NBR ISO 10015:2001 Gestão da Qualidade - Diretrizes para o treinamento. (ABNT, 2001) Ciclo de Deming ou PDCA: Ciclo de desenvolvimento que tem como foco a melhoria contínua. Ferramenta de gestão da qualidade (Plan, Do, Check, Act). Conceito extraído do site: <http://www.datalyzer.com.br/site/suporte/administrador/info/arquivos/info80/80.html>. Acesso em 25 de agosto de 2011. 24 as quatro etapas postuladas no parágrafo anterior, mudando-se apenas os termos, conforme relacionado no quadro 1. Quadro 1 Comparativo entre as etapas do treinamento: Ciclo de Deming e Chiavenato. Etapas Ciclo de Deming ou PDCA Processo de treinamento de Chiavenato 1 analisar diagnosticar as necessidades de treinamento 2 planejar programar o treinamento 3 fazer executar o programa de treinamento 4 avaliar avaliar os resultados do programa de treinamento Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Chiavenato (2006, p. 413). Cada etapa requer atividades e cuidados especiais na sua execução, visando a uma correlação adequada com a real situação da organização. Segundo o autor, a primeira etapa corresponde a um diagnóstico preliminar sobre a situação vigente na organização e as necessidades que podem advir dessa. Nesses termos, Carelli (1973 citado por CHIAVENATO, 2006) esclarece que os principais meios de levantamento de necessidades de treinamento são: avaliação de desempenho, observação, questionários, solicitação de servidores e gerentes, entrevistas com supervisores e gerentes, reuniões interdepartamentais, exame de empregados, modificação do trabalho, entrevista de saída, análise de cargos e relatórios periódicos. Ressalta Chiavenato (2006) que existem outros meios de levantamento de necessidades, como os indicadores „a priori‟ e „a posteriori‟, sendo que o primeiro é direcionado por eventos que, se ocorrerem, proporcionarão necessidades futuras na organização, enquanto que o segundo se manifesta por necessidades de treinamento não atendidas. Ainda segundo o mesmo autor, a segunda etapa do processo de treinamento envolve a escolha dos meios de tratamento para sanar as necessidades levantadas na primeira etapa. A segunda etapa consiste da elaboração ou construção do programa de treinamento. Essa fase deve desenvolver-se de forma sistematizada e fundamentada em aspectos que respondem as seguintes perguntas: o que deve ser ensinado? quem deve aprender? quando deve ser ensinado? onde 25 deve ser ensinado? como se deve ensinar? quem deve ensinar? e , principalmente, por que ensinar? Nessa mesma etapa, Hinrichs (1976 citado por CHIAVENATO, 2006) orienta que a elaboração do plano de treinamento requer uma programação que consiste na abordagem pautada nos seguintes aspectos: abordagem de uma necessidade de cada vez, definição clara dos objetivos, divisão do conteúdo em módulos ou ciclos, determinação do conteúdo, escolha dos métodos e da tecnologia disponível, definição dos recursos necessários, do público alvo, do local de realização e da época e da periodicidade, previsão da relação custo benefício e avaliação dos resultados. Ainda segundo Chiavenato (2006), uma vez definido o plano de treinamento passa-se para a escolha das técnicas a serem utilizadas no cumprimento do programa, visando a otimizar a sua execução e alcançar um maior volume de aprendizagem com menor dispêndio de esforço, tempo e dinheiro. As técnicas se dividem em três tipos: quanto ao uso, tempo e local de aplicação. Nesse contexto também deve ser considerada a evolução da tecnologia de treinamento que interfere de forma decisiva na definição dos meios a serem utilizados para exposição do conteúdo previsto no plano. Atualmente, várias são as opções de recursos, que interferem nos métodos de treinamento e reduzem os custos para a sua implementação. Dentre os mais usados destacam-se: os recursos audiovisuais, como o CD-ROM e o DVD, que permitem gravar programas de treinamento e distribuí-los para apresentação em diversos locais; a teleconferência, que permite a realização de reuniões, com recursos de áudio e vídeo, mesmo quando as pessoas estão distantes umas das outras; as comunicações eletrônicas, que permitem acesso por correio de voz a diversas pessoas dentro de uma organização; o correio eletrônico, que permite o envio de arquivos eletrônicos e mensagens de texto, através das redes de computadores; e as tecnologias multimídia, que integram voz, vídeo e texto, todos transportados nas redes de fibra ótica. A terceira etapa do processo de treinamento é a execução do plano de treinamento elaborado na fase anterior. Nessa etapa estão envolvidos dois atores principais, o aprendiz e o instrutor. O primeiro traz consigo a demanda de aprendizado para melhoria de seu desempenho profissional. O segundo possui a experiência em determinada área de atuação da organização e se encarrega de 26 orientar a aprendizagem desses conhecimentos para o aprendiz (CHIAVENATO, 2006). Nessa importante etapa se concretiza o processo ensino-aprendizagem, porém, Chiavenato (2006) assinala diversos fatores que interferem de forma significativa nesse processo, a saber: a real adequação do programa de treinamento às necessidades levantadas na organização; a qualidade do material de treinamento que deve facilitar a compreensão pela utilização dos meios audiovisuais e aumentar o rendimento do treinamento; a cooperação dos gerentes e dirigentes da organização para facilitação da execução do programa; a qualidade e preparo dos professores, previamente selecionados, de acordo com seus conhecimentos, interesse e gabarito e a qualidade dos aprendizes, baseada em seleção para obtenção de grupos homogêneos. Finalmente, a quarta etapa do processo de treinamento trata da avaliação dos resultados obtidos. Todo processo de treinamento deve ter uma avaliação de sua eficiência, principalmente em se falando do setor público, por tratar-se de um dos princípios da administração pública, conforme se vê na próxima subseção deste trabalho. Na concepção de Chiavenato (2006), a avaliação deve considerar dois aspectos: 1) verificar se o treinamento produziu as modificações desejadas no comportamento dos empregados; 2) verificar se os resultados do treinamento apresentam relação com o alcance das metas da empresa. Além dessas duas questões, é preciso verificar se as técnicas de treinamento são eficazes no alcance dos objetivos propostos. (CHIAVENATO, 2006, p. 419) Ainda segundo o autor, os resultados dos treinamentos devem ser verificados em três níveis, conforme demonstrado no QUADRO 2. 27 Quadro 2 Níveis de treinamento na concepção de Chiavenato. Ordem Nível de treinamento Resultados esperados a) aumento da eficácia organizacional b) melhoria da imagem da empresa c) melhoria do clima organizacional 1 Avaliação ao nível organizacional d) melhor relacionamento empresa X empregados e) facilidade nas mudanças e na inovação f) aumento da eficiência, entre outros a) redução da rotatividade de pessoal b) redução do absenteísmo c) aumento da eficiência individual dos empregados Avaliação ao nível dos recursos 2 d) aumento das habilidades das pessoas humanos e) aumento do conhecimento das pessoas f) mudanças de atitudes e de comportamento das pessoas, entre outros a) aumento da produtividade b) melhoria da qualidade dos produtos e serviços c) redução no fluxo da produção Avaliação ao nível das tarefas e 3 d) melhor atendimento ao cliente operações e) redução do índice de acidentes f) redução do índice de manutenção de máquinas e equipamentos, entre outros Fonte: Elaborado pelo autor baseado em Chiavenato (2006, p. 419). Assim, pode-se constatar que o treinamento é uma importante ferramenta para o desenvolvimento institucional, quando age na melhoria da qualidade do capital humano 10 das organizações, resultando em significativa contribuição para o sucesso das ações. Contribui, ainda, para qualidade dos serviços e dos produtos de uma instituição, acarretando melhoria da sua eficiência. Confirmando essa ideia, Chiavenato (2006) trata o treinamento como uma estratégia de intervenção e afirma que o sucesso do treinamento não é medido apenas porque as pessoas melhoram suas competências individuais, mas também porque elas passam a contribuir positivamente para o desempenho organizacional. (CHIAVENATO, 2006, p. 413). Assim, em se tratando de treinamento nas organizações, nas quais os esforços individuais são combinados em prol de uma realização coletiva, fica evidenciada a necessidade de manutenção da capacitação profissional de seus funcionários para que o resultado do trabalho produzido atenda às demandas dos 10 “[...] é o capital de gente, de talentos e de competências. A competência de uma pessoa envolve a capacidade de agir em diversas situações [...]”; “[...] é basicamente constituído de talentos e competências das pessoas [...]”. (CHIAVENATO, 2006, p. 53) 28 clientes e proporcione satisfação no atendimento prestado, tanto pela qualidade, quanto pela oportunidade do atendimento. Portanto, o treinamento é uma ferramenta de potencial imenso dentro das organizações, sendo o caminho para o desenvolvimento humano e profissional. Porém requer atenção no cumprimento de suas etapas e atendimento de seus requisitos básicos. Por ser sistematizado, o treinamento depende de planejamento e investimentos para que os objetivos institucionais sejam alcançados. 2.1 Treinamento na administração pública A importância do treinamento nas organizações está vinculada à questão de que este tem íntima relação com a qualidade e eficiência 11 na prestação de serviços por qualquer funcionário e no desenvolvimento da instituição. Nas organizações públicas tal assertiva também é fator de preocupação, uma vez que o capital humano, no caso o servidor público, sempre deve estar em condições de atender às demandas que o seu cargo exigir. Nesse contexto, Magalhães et al. (2007), sobre a importância do treinamento no serviço público, afirmam que [...] uma política de recursos humanos imprescindível para o êxito das reformas é o treinamento, que possibilita a capacitação do funcionário para um melhor desempenho na prestação de serviços aos cidadãos. (MAGALHÃES et al., 2007, p. 56) Os autores esclarecem que, nos últimos anos, o assunto passou a ser discutido pelos governos, visando mudanças no gerenciamento do setor público para torná-lo mais eficiente, ágil, reduzir custos e melhorar a satisfação no atendimento às necessidades da sociedade. Para Marconi (2005) [...] há necessidade de desenvolvimento da área de recursos humanos no setor público, de modo a criar condições para solução de alguns problemas ainda presentes, como a desmotivação dos funcionários e a precariedade no atendimento aos cidadãos. (MARCONI, 2005 citado por MAGALHÃES et al., 2007, p. 57) 11 Princípio Constitucional da Administração pública, nos termos do artigo 37, I da Constituição da Republica de 1988. 29 Segundo os autores, a maioria das instituições públicas ainda não possui políticas para o desenvolvimento dos servidores pelo treinamento, o que repercute na realização de trabalhos aquém do exigido pela sociedade que demanda suas tarefas. Assim, como já comentado anteriormente, o treinamento deve ser considerado nas instituições como uma estratégia de intervenção. Corroborando isso, Chiavenato (2006) esclarece que [...] é importante que cada organização saiba direcionar suas decisões para melhorar seu desempenho. O sucesso do treinamento não é medido apenas porque as pessoas melhoram suas competências individuais, mas também porque elas passam a contribuir para o desempenho organizacional. (CHIAVENATO, 2006, p. 213, grifo nosso) Segundo Gaetani (1998) [...] apenas com as macrotransformações (sic) iniciadas nos anos 80, direcionadas para a reforma do aparato governamental, a problemática de recursos humanos no setor público começou a ser focalizada com atenção especial. (GAETANI, 1998 citado por MAGALHÃES et al., 2007, p. 58) Os autores comentam que a grande questão envolvida na política de recursos humanos é associada à profissionalização da administração pública, elencando os principais pontos de mudança (FIG.1). institucionalização do princípio do mérito nas políticas de recrutamento POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS PONTOS DE MUDANÇA seleção e promoção de funcionários gerenciamento da força de trabalho, bem como das suas necessidades de alocação e dimensionamento gestão integrada recursos envolvidos dos implementação de políticas de recursos humanos realização de investimentos em recursos humanos pela promoção de programas de capacitação, orientados para dirigentes, quadros de carreira e empregados públicos em geral adoção de mecanismos de avaliação de desempenho, ligados à remuneração diferenciada para resultados satisfatórios Figura 1 – Pontos de mudança na política de recursos humanos Fonte: Elaborado pelo autor e adaptado do conteúdo de Magalhães et al. (2007, p. 59). 30 Na concepção de Marconi (2005 citado por MAGALHÃES et al., 2007, p. 57), as mudanças voltadas ao aperfeiçoamento da área de recursos humanos no setor público tiveram seu marco inicial na década de 1990 com a criação do Plano Diretor da Reforma do Estado. Sobre esse avanço Pacheco (2002 citado por MAGALHÃES et al., 2007), afirma que o objetivo do plano era modernizar a administração, até então excessivamente burocrática, por meio de uma política de profissionalização do serviço público, aqui incluídas as políticas de carreiras, de concursos públicos anuais, de programas de educação continuada, de administração salarial e da criação de uma cultura gerencial, baseada na avaliação de desempenho. Ainda segundo Magalhães et al. (2007), a implementação das citadas ações no setor público pode contribuir para a criação de uma política de recursos humanos integrada. Tal integração visa à gestão dos recursos humanos por meio de uma política de organização e planejamento para o desenvolvimento profissional de seus servidores, permitindo espaço para a motivação como elo entre a eficiência para o exercício de suas atividades rotineiras e a satisfação dos clientes usuários dos serviços públicos. Nesse sentido, Magalhães et al. (2007), corrobora o pensamento de autores como Farias e Gaetani (2002), e destacam que [...] o grande desafio é formular uma política integrada e abrangente de recursos humanos, de modo a proporcionar maior organização e coesão à gestão pública. Ressaltam a existência de muitos temas que ainda não estão bem organizados na área de RH, como a avaliação de desempenho, a competitividade dos salários, a institucionalização de programas de aperfeiçoamento, progressão nas carreiras e a incorporação da área de RH nos processos de planejamento das organizações públicas. (MAGALHÃES et al., 2007, p. 59) Assim, o treinamento entra na pauta de ações prioritárias, já que “[...] as mudanças na área de recursos humanos, com a reforma do Estado, englobam um trabalho efetivo no sentido de dar atenção especial à capacitação permanente dos servidores pelo treinamento” (MAGALHÃES et al., 2007, p. 64). Fica evidenciado que a estratégia para se alcançar o desempenho desejável das instituições públicas é o investimento no setor de recursos humanos. A ação envolve o treinamento, pois, conforme confirmado pelos autores citados 31 nesse trabalho, essa é a ferramenta que leva ao desenvolvimento institucional e à eficiência dos serviços. Para Maximiano (2009), [...] duas palavras são usadas para indicar que uma organização tem desempenho de acordo com as expectativas dos usuários e das pessoas que mobilizaram os recursos: eficiência e eficácia. (MAXIMIANO, 2009 citado por VIEIRA, 2010, p. 17) Muito cuidado se deve ter ao utilizar esses termos, uma vez que, grande parte das pessoas os emprega como sinônimos. Nesse contexto, cabe ressaltar que, em se tratando de instituições públicas, existem princípios que norteiam suas atividades como integrantes da administração pública. Dentre esses princípios está o da eficiência. Assim, a melhoria do desempenho organizacional está lastreada no princípio da eficiência. Conforme consta em Brasil (1988), tal princípio foi acrescido ao caput do artigo 37 da Constituição da República pela Emenda Constitucional nº 19, de 04 de junho de 1998, passando seu texto para Art. 37. a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, [...]. (BRASIL, 1988, grifo nosso) Para um correto entendimento sobre o que vem a ser eficiência são necessários esclarecimentos sobre alguns conceitos. Especificamente deve-se entender a diferença entre eficácia, eficiência e efetividade. Na concepção de Batista Júnior (2004) a eficácia é uma medida de obtenção de resultados, não considerados os meios ou custos para alcançá-los. A eficiência representa a razão entre os recursos aplicados e o resultado, ou melhor, a relação entre os meios e os fins. Nessa relação procura-se otimizar os recursos disponíveis. A efetividade significa a qualidade daquilo que se manifesta por um efeito real e que mereça confiança. A efetividade transcende a organização, manifestandose de forma externa, ou seja, é o resultado verdadeiro. Para o autor “[...] buscar a efetividade, em outras palavras, é perseguir a satisfação das necessidades do cidadão, o bem comum.” (BATISTA JÚNIOR, 2004, p. 114). 32 Para Marques (2008 citado por VIEIRA, 2010, p. 18) eficácia é atingida “[...] quando determinada pessoa faz aquilo que deve ser feito, cumpre as metas estabelecidas, e atinge o objetivo pretendido”. Já no tocante à eficiência, “[...] implica a realização de tarefas com o mínimo de perdas e/ou desperdícios”. Segundo Maximiano (2009 citado por VIEIRA, 2010, p. 18), eficácia “[...] está relacionada ao alcance final dos objetivos da organização, com vistas à satisfação dos clientes, acionistas, impacto na sociedade e aprendizagem organizacional”, enquanto que eficiência “[...] não representa simples medida numérica de desempenho, pois é atingida quando a administração alcança um objetivo com a utilização mínima de recursos”. Um conceito de eficiência que abarca plenamente o que foi dito até agora, é o de Batista Júnior (2004) quando afirma que [...] a eficiência representa a relação entre os recursos aplicados e o produto final obtido, ou seja, a razão entre o esforço e o resultado, entre o custo e o benefício resultante (relação entre meios e fins). [...] preocupa-se com os meios, com os métodos e procedimentos mais indicados que precisam ser devidamente planejados e organizados, a fim de assegurar a otimização da utilização dos recursos disponíveis. (BATISTA JÚNIOR, 2004, p. 112) Partindo desse conceito, o princípio constitucional da eficiência na administração pública, por si só, retrata a importância, e, até mesmo, a obrigatoriedade das organizações públicas em manter seus servidores bem treinados para atender a sociedade nas suas funções rotineiras, visando alcançar resultados com recursos mínimos. Assim, segundo Vieira (2010, p. 20) “[...] a eficiência deve ser buscada em todas as atividades de uma organização”. Portanto, o treinamento apresenta fundamento consistente para solução de problemas comuns e rotineiros nas instituições públicas. Tal estratégia potencializa o processo de desenvolvimento institucional, quando torna o capital humano foco dos investimentos e mola mestra da alavancagem para a eficiência institucional. Nesse sentido, pode-se citar um exemplo recente de aplicação da gestão administrativa nas ações governamentais que ocorre no Estado de Minas Gerais. A estratégia tem como meta estabelecer uma forma de resposta aos anseios da população, por meio da implantação, a partir do ano de 2003, de uma nova e ousada forma de gestão governamental. As ações foram divididas em três fases 33 denominadas: Choque de Gestão, Estado para Resultados e Gestão para a cidadania12. Cada fase teve a sua função precípua visando à organização das finanças públicas por meio do equilíbrio fiscal, a melhoria do desempenho gerencial , em prol de resultados e a criação de um „Estado em rede‟. Assim, com base nessa nova forma de gestão pública, ficou evidenciada a necessidade da ação da PMMG nas diversas áreas de sua atuação para que, também na segurança pública, houvesse a efetivação de resultados satisfatórios. Medidas de peso foram adotadas para possibilitar a melhoria do desempenho institucional, como a estruturação de uma assessoria de gestão para resultados no Comando Geral, a elaboração de planos estratégicos definidores de metas e ações por áreas de resultado, os investimentos em modernas formas de gestão e sistematização de ações nas esferas administrativas e operacionais, dentre outras. Todas essas medidas objetivavam uma administração pública voltada para resultados efetivos, pautados em um melhor funcionamento dos setores do Estado na busca pela tão almejada eficiência do serviço público. Como pode-se esperar, tais objetivos vinculam-se e lastreiam-se na capacitação de seus recursos humanos, aumentando o potencial da máquina estatal e tornando a sua administração mais eficiente e proativa na execução de suas tarefas. 2.2 Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no treinamento No cenário atual de globalização, em que as informações são disseminadas com uma velocidade muito rápida, as grandes instituições devem adotar instrumentos que possibilitem o seu fluxo adequado e oportuno. É neste sentido que as instituições, cada vez mais, têm se preocupado com o trato das informações no âmbito de suas atividades. Neste sentido Praxedes et al. (1997, p. 4) afirmam que “[...] a chave para a condução de uma empresa do porte da PMMG, [...] é o domínio da informação”. Ou 12 extraído do site oficial do governo do Estado de Minas Gerais no endereço eletrônico: http://www.mg.gov.br/governomg/ecp/comunidade.do?app=governomg, acesso em 29set11. 34 seja, possuir a informação é o primeiro requisito para a definição de como tratá-la e utilizá-la durante a execução das atividades institucionais. Corroborando o pensamento dos autores, Rosini (2007, p.3) cita que “[...] a utilização da tecnologia e dos sistemas de informação nas empresas é condição estritamente vital para o seu sucesso [...]”. Esclarecem os autores Praxedes et al. (1997) que [...] não basta deter a informação, mas esta deve ser íntegra, atualizada, organizada e oportuna, motivo pelo qual se necessita de ferramentas que permitam organizá-las, acessá-las e disponibilizá-las rapidamente [...]. (PRAXEDES et al., 1997, p. 5) Desse modo, o trato da informação também requer um cuidado especial no sentido de avaliar o grau de importância desta para a instituição e a forma como transmiti-la aos seus servidores, haja vista que uma informação mal interpretada pode obter resultados adversos aos pretendidos. O terceiro passo é a definição dos meios ou instrumentos que serão utilizados para disseminar a informação na instituição, propiciando que ela seja atualizada e oportuna, e que o processo de fluxo seja economicamente viável e eficiente. Nessa concepção citam os autores que Com o avanço da tecnologia e disponibilização de meios de disseminação de informações que possibilitem a racionalização do fluxo informacional dentro das organizações, com uma favorável relação custo x benefício, verifica-se que as organizações poderão minimizar as dificuldades de comunicação interna, com redução de tempo e elevação de ganhos na qualidade e produtividade, com vistas a modernização administrativa. (PRAXEDES et al., 1997, p. 13, grifo nosso) Confirmando essa afirmativa Rosini (2007, p. 1) esclarece que “[...] tecnologia é empregada nas organizações para reestruturar atividades no trabalho, bem como no nosso cotidiano”. O autor relata que o uso da tecnologia sempre é fator de motivação, mas a grande questão é confirmar se há aumento na produtividade dos funcionários. Neste contexto Goodman et al. (1990 citado por ROSINI, 2007, p. 1) definem tecnologia como “[...] o conhecimento de relações de causa-efeito contidas nas máquinas e equipamentos utilizados para realizar o serviço ou fabricar um produto”. 35 Para Fleury (1990 citado por ROSINI, 2007, p.1) a tecnologia é “[...] um pacote de informações organizadas, de diversos tipos, provenientes de várias fontes, obtidas por diversos métodos e utilizadas na produção de bens”. Para Gonçalves (1994 citado por ROSINI, 2007, p. 1) a tecnologia é “[...] muito mais que apenas equipamentos, máquinas e computadores”. O autor complementa citando a existência de dois sistemas interdependentes, sendo um técnico, formado pelas ferramentas e técnicas utilizadas em cada tarefa, e outro social, formado pelas necessidades e expectativas a serem satisfeitas. Segundo ele ocorre a otimização dos sistemas ocorre quando os requisitos de tecnologia e as necessidades das pessoas são atendidos conjuntamente. Assim, o uso da tecnologia está agregado à necessidade das pessoas em obter as informações atualizadas oportunamente. Nesse sentido, Rosini (2007) esclarece que o uso generalizado da informática, aqui incluídas as TIC, criou uma demanda de evolução das pessoas no manuseio destas ferramentas, tanto na vida cotidiana quanto nas relações de trabalho. Nas obras dos autores pesquisados fica evidenciado o valor da tecnologia como fator de evolução das empresas. Confirmando essa assertiva, Rosini (2007) afirma que a evolução das empresas deve considerar três aspectos fundamentais: Visão estratégica: a forma como a empresa percebe a evolução do ambiente em que atua e como se vê no cenário futuro. Cultura organizacional: como os valores e pressupostos básicos das pessoas que atuam na organização interagem com essa visão estratégica e como as pessoas se posicionam diante da inovação. Tecnologia: como os recursos tecnológicos disponíveis podem ser usados pela empresa na realização de sua visão estratégica, considerando sua cultura organizacional. (ROSINI, 2007, p. 14) Observadas as considerações dos autores citados, pode-se inferir que as TIC se configuram como ferramentas tecnológicas utilizadas para o trato e para a disseminação de informações no âmbito institucional. Na PMMG a preocupação com o fluxo das informações já é bastante antiga, tendo sido retratada, conforme Praxedes et al. (1997), no Programa de Ação de Comando 1995/1998. Desde então, muito foi realizado em prol da disseminação de informações na instituição. Uma questão muito importante e foco de preocupação institucional é quanto à eficiência no tocante à forma de disseminação das informações para que 36 fluam até os mais longínquos setores. Nesse sentido Praxedes et al. (1997) citam que [...] detectou-se que o esforço empreendido pela Corporação para disseminar suas informações entre os diversos níveis de sua estrutura, não tem atingido plenamente os objetivos da PMMG, pois há retrabalho, alto custo, e arquivamento deficiente, o que dificulta a recuperação dessas informações, quando necessárias. (PRAXEDES et al., 1997, p. 146, grifo nosso) Corroborando as conclusões dos autores, Toledo et al. (1998) também percebem essa dificuldade e confirmam a necessidade de investimentos em uma estrutura de rede de comunicação com vistas à melhoria do processo. Feitos esses esclarecimentos, passa-se o foco ao uso das TIC no treinamento profissional. Para um melhor entendimento sobre o que são as TIC e a sua função no treinamento profissional, Toledo et al. (1998) consideram que [...] são instrumentos para apoio a educação, mostrando-se como alternativas para a melhoria na padronização e disseminação do ensino. A escolha adequada da tecnologia a ser utilizada deve ser considerada, visando nivelar as alternativas disponíveis no mercado às reais necessidades e às tecnologias já existentes na Corporação. A escolha das tecnologias deve, ainda, levar em conta a utilização e o acesso fácil pelos alunos em todos os níveis da organização. (TOLEDO et al., 1998, p. 39) Nesse contexto, verifica-se que para alcançar a eficiência em instituições complexas como a PMMG, que guarda características de um diversificado portfólio de serviços e um grande número de servidores dispersos nos 853 municípios mineiros, é necessário o investimento em um modelo de treinamento profissional alternativo e voltado ao alcance dos objetivos institucionais. Assim, as TIC, que são instrumentos de relevante apoio na área da educação, representam uma ferramenta importante para o sucesso do treinamento profissional na PMMG. O uso de TIC tem sido fator preponderante para a melhoria da fluidez na transmissão das informações nos diversos tipos de atividades educacionais, principalmente quando a necessária capilaridade institucional no Estado impõe características de grande distribuição do público-alvo do treinamento. Nesse contexto, deve-se sempre ter em mente que o uso das TIC como medida isolada não é a solução para todos os problemas relativos ao treinamento profissional na PMMG. Segundo Teodoro e Freitas (1992) 37 [...] a introdução das tecnologias de informação na educação não pode, portanto, ser considerada apenas uma mudança tecnológica. Não se trata simplesmente de substituir o quadro preto ou livro pelo ecrã (sic) do computador. A introdução das tecnologias da informação na educação pode estar associada à mudança do modo como se aprende, à mudança das formas de interação entre quem aprende e quem ensina, à mudança do modo como se reflete sobre a natureza do conhecimento. (TEODORO; FREITAS, 1992 citado por TOLEDO et al., 1998, p. 39) As mudanças citadas pelos autores são fundamentadas no deslocamento do foco do processo ensino aprendizagem, antes fundado no docente e agora direcionado ao discente. Nesta direção, Teodoro e Freitas (1992) detalham que a educação [...] apresenta desafios que as tecnologias de informação podem ajudar a resolver: ao disponibilizarem ferramentas que ajudam a deslocar o centro do processo ensino aprendizagem para o aluno, favorecendo a sua autonomia e enriquecendo o ambiente onde a mesma se desenvolve. (TEODORO; FREITAS, 1992 citado por TOLEDO et al., 1998, p. 41) Assim, o uso das TIC no treinamento profissional, além de possibilitar uma estratégia de amplitude do alcance da informação, torna-se uma ferramenta de interação do docente com o discente, que facilita a assimilação do aprendizado em prol da eficiência dos serviços prestados à comunidade. Aprofundando sobre as tecnologias, um cuidado especial deve ser tomado ao diferenciar tecnologia de mídia, uma vez que não se tratam de sinônimos. Segundo Moore e Kearsley (2010, p. 7) “[...] tecnologia é que constitui o veículo para comunicar mensagens e estas são preparadas em uma mídia”. Os autores explicam que existem quatro tipos de mídia, sendo o texto, imagens (fixas ou em movimento), sons e dispositivos. A grande questão envolve a qualidade da mídia disponível para atender ao objetivo proposto na atividade educacional. Nesse sentido as tecnologias funcionam para fazer as mídias chegarem aos seus destinatários. Resta, então, descrever quais são as tecnologias e as mídias que potencializam a disponibilização do conhecimento para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem: 38 a experiência em cursos presenciais não é suficiente para assegurar a qualidade de materiais educacionais que serão veiculados por diferentes meios de comunicação e informação. Cada recurso utilizado – material impresso, vídeos, programas televisivos, radiofônicos, videoconferências, páginas da Web e outros – tem a sua própria lógica de concepção, de produção, de linguagem e de uso de tempo. Seu uso combinado deve ser harmônico e traduzir a concepção de educação da instituição de ensino, possibilitando o alcance dos objetivos propostos. (ROSINI, 2007, p. 76) Sobre a escolha da tecnologia adequada à realidade da instituição, esclarece ainda o autor que [...] não há modelo único para o Brasil. Com sua pluralidade cultural e diversidade socioeconômica, o país pode conviver com diferentes projetos, desde os mais avançados em termos tecnológicos até os mais tradicionais, como os impressos. O importante na hora de definir a mídia é pensar naquela que chega ao aluno onde quer que ele esteja. (ROSINI, 2007, p. 77, grifo nosso) Referindo-se às tecnologias, especificamente no tocante ao material impresso, que é comumente utilizado tanto no ensino presencial quanto na EAD, tratam-se dos livros, artigos, apostilas, periódicos, folhetos, cartilhas, enfim, textos impressos utilizados pelos docentes como referencial para a aplicação dos conteúdos. Segundo Introdução (1998), a utilização do texto na forma impressa ainda é muito comum, pois [...] muitos cursos a distância continuam utilizando, basicamente, material impresso, pelo fato de os alunos estarem mais familiarizados com a linguagem, formato e manuseio desta tecnologia. (INTRODUÇÃO, 1998 citado por TOLEDO et al., 1998, p. 55) A facilidade do uso da forma impressa vem da não necessidade de suporte ou equipamento, podendo ser acessado a qualquer hora e local. A tecnologia impressa, além de incorporar a mídia de textos, também pode agregar a mídia de imagens fixas, conjugando-as de forma harmônica para alcançar o objetivo proposto para a atividade educacional. A segunda tecnologia é o vídeo, que usa basicamente as mídias de imagens (fixas e em movimento) e sons. Nessa forma deve-se tomar muito cuidado na sua preparação, uma vez que permite uma menor interatividade entre docente e discente, necessitando de agregar outros meios para a consolidação dos objetivos educacionais. 39 Uma forma comum de utilização do vídeo na atividade educacional é por meio de vídeo-aula. Geralmente conjuga-se a vídeo-aula com material impresso de apoio, buscando-se detalhamento e expansão do conteúdo audiovisual. Segundo Toledo et al. (1998, p. 58) “[...] considerar o contexto sócio-cultural (sic) onde a vídeo-aula será utilizada dará a dimensão macro necessária para que o aprendizado seja efetivo”. Os autores complementam que a pouca flexibilidade da vídeo-aula pode ser compensada inserindo-a no cotidiano do usuário, o que cria uma identificação deste com o conteúdo e pode suprir a falta de participação direta no processo. Outras tecnologias são os programas radiofônicos e televisivos. No primeiro o som é a mídia explorada, no segundo ocorre uma conjugação entre imagens (fixas e em movimento) e sons. A busca pela interatividade entre doc ente e discente é o cerne da questão. No caso em pauta ela pode ocorrer por meio de mensagens enviadas a uma coordenação que encaminha para o docente que apresenta o conteúdo. A limitação dessas tecnologias é a limitação espacial no caso dos meios radiofônicos, que possui abrangência limitada, e a disponibilização do sinal somente onde existe uma estrutura previamente instalada de antena parabólica no caso do meio televisivo, conforme detalham Toledo et al. (1998). Para a tecnologia da videoconferência, também chamada por „TV Interativa‟, uma vez que conjuga as mesmas mídias dos programas televisivos e permite a abordagem em tempo real dos discentes em relação ao docente, tanto o docente transmite a sua mensagem como os discentes podem fazer suas perguntas e discutir o tema, criando um ambiente de total troca e interatividade. Segundo Barcia et al. (1996) [...] este sistema é adequado para as instituições que queiram criar programa de formação de redes de ensino e pesquisa, implantar processos de educação a distância para atividades de formação e treinamento. (BARCIA et al., 1996 citado por TOLEDO et al., 1998, p. 60) Complementam os autores que é o meio que mais se aproxima da sala de aula tradicional, pois permite a interação entre docente e discente em tempo real. Outro tipo de tecnologia é a dos cursos via Web que também integram as formas de criação de ambientes educacionais. O que ocorre é que existem diversas formas de aplicação dessa tecnologia em prol da educação. Segundo Toledo et al. 40 (1998, p. 63) “[...] a tecnologia por si própria não garante que a qualidade do treinamento seja boa. O que importa é como a tecnologia ou mídia que provê o treinamento seja utilizada”. Sobre as possibilidades que o uso dessas tecnologias propiciam, complementam os autores que a possibilidade de interação e navegação do aluno varia de acordo com o software e os equipamentos disponíveis para uso. A utilização de som, imagens animadas, gráficos, ilustrações, vídeos, links, etc, propicia um ilimitado número de alternativas. (TOLEDO et al., 1998, p. 66) No caso dos cursos via Web a interatividade ocorre quando do uso de ferramentas do tipo „chat‟ ou „fórum de discussões‟, quando os discentes têm a oportunidade de enviar suas perguntas e sanar as dúvidas sobre o assunto em estudo. Em alguns casos as perguntas não são respondidas online e são enviadas via correio eletrônico posteriormente. Na tecnologia dos softwares educativos a dinâmica é um pouco parecida com os cursos via Web, porém não contemplam nenhuma interatividade com o docente, uma vez que não há veículo de comunicação aberto para esse contato. Em alguns casos é disponibilizado um banco de perguntas frequentes para sanar as dúvidas mais comuns dos discentes em curso. A tecnologia compreende uma complexa etapa de desenvolvimento do software que, com o passar do tempo, torna-se obsoleto e pouco prático. Assim, a evolução das TIC tem sido fundamental na caminhada para o desenvolvimento de ferramentas que propiciem a interação do discente com o docente no ambiente educacional. Para as instituições, essa evolução permite o atendimento de necessidades que potencializam suas ações por meio da capacitação e treinamento de sua mão de obra, proporcionando eficiência na sua atividade-fim. Segundo Moore e Kearsley (2010) o uso das tecnologias nas atividades de treinamento das empresas visa 41 acesso crescente a oportunidades de aprendizado e treinamento; proporcionar oportunidades para atualizar aptidões; melhorar a redução de custos dos recursos educacionais; apoiar a qualidade das estruturas educacionais existentes; melhorar a capacitação do sistema educacional; nivelar desigualdades entre grupos etários; direcionar campanhas educacionais para públicos-alvo específicos; proporcionar treinamento de emergência para grupos-alvo importantes; aumentar as aptidões para a educação em novas áreas de conhecimento; oferecer uma combinação de educação com trabalho e vida familiar; agregar uma dimensão internacional à experiência educacional. (MOORE; KEARSLEY, 2010, p. 8) Atualmente, o processo de aquisição de TIC tem sido facilitado para as instituições que pretendem implementar treinamentos para o aprimoramento técnico de seus funcionários. Nesse sentido, Rosini (2007) esclarece que [...] com o avanço e a disseminação das TICs e o progressivo barateamento dos equipamentos, as instituições podem elaborar seus cursos a distância com base não só em material impresso, mas também, na medida do possível, em material sonoro, visual e audiovisual, incluindo recursos eletrônicos e telemáticos. (ROSINI, 2007, p. 77) A facilitação do processo acarreta a possibilidade de investimentos, agora viáveis, para a implantação de um sistema de treinamento profissional pautado no real desenvolvimento tecnológico da atualidade, acarretando uma disseminação maior de informações no âmbito institucional e um fluxo dessas, fazendo-as chegar ao seu objetivo atualizada e com oportunidade. Tal conjugação de fatores possibilita que a EAD seja uma oportunidade de crescimento para as instituições, principalmente aquelas caracterizadas pela grande distribuição de seus funcionários, tendo nessa capilaridade e distanciamento físicos um elemento adverso para o desenvolvimento institucional. 2.3 Educação a distância como ferramenta do treinamento Diante do avançado estágio tecnológico alcançado mundialmente muitas são as possibilidades de soluções para os diversos setores que utilizam TIC nas 42 suas rotinas diárias. Apesar da situação atual, muito ainda vem sendo feito para o desenvolvimento e utilização das TIC. Na área educacional, o uso e o desenvolvimento de TIC voltadas ao aprimoramento dos métodos e rotinas envolvidos em suas atividades possibilitam uma vasta gama de oportunidades. As tecnologias têm função precípua na apresentação de soluções para os problemas que dificultam ou, até mesmo, impedem o desenvolvimento da atividade educacional em seus diversos níveis. O grande desenvolvimento e expansão da internet e a evolução das TIC, segundo Chiavenato (2006), tem explicado a grande utilização da EAD, principalmente no mundo corporativo e [...] as empresas e as universidades estão intensificando o ensino a distância em detrimento de aulas presenciais. Por meio da Web, uma pessoa de qualquer lugar do mundo pode fazer um curso sem sair de casa ou da empresa. Cursos on line, MBAs e treinamento virtuais ajudam a capacitar e reciclar funcionários com baixíssimos custos. (CHIAVENATO, 2006, p. 421) Os cursos online permitem capacitar funcionários com custos muito baixos. Não há necessidade de salas de aulas, professores em tempo integral, deslocamentos de funcionários ou mesmo de perda do potencial produtivo destes, que continuam trabalhando durante o período do curso. Nesse sentido é que surge a ideia de EAD, com discentes e docentes dispostos em locais diferentes e com disponibilidades diversas de tempo para aprender e ensinar, respectivamente. Tendo as divergências de local e horário, a tecnologia é utilizada para transmitir informações e possibilitar um meio adequado para a interação entre estes atores do processo educacional. Corroborando essa ideia, Toledo et al. (1998, p. 13) explicam que “[...] a eficiência na arte de educar torna-se uma busca constante nos tempos atuais e um forte aliado para tal objetivo é a tecnologia”. Rosini (2007, p. 25) concorda com esses autores e esclarece que “[...] embora algumas pessoas pensem que a educação a distância teve início apenas com a invenção da internet, isso é errado”. A ideia de que a tecnologia é algo novo que está sendo agregado agora à educação, especificamente na modalidade a distância, não é verídica, pois o uso de tecnologias na área educacional é bastante antigo, conforme afirmam Rosini (2007) e Alves (2009). 43 O uso das tecnologias na EAD não é simples e muito menos fácil. Segundo Moore e Kearsley (2010) [...] usar essas tecnologias e técnicas para a educação a distância exige mais tempo, planejamento e recursos financeiros. Ser um aluno a distância também é diferente; a pessoa precisa ter aptidões distintas para o estudo e habilidades de comunicação diferentes; comumente, esse modo de educar agrada a um setor da população diferente daquele que frequenta escolas tradicionais. Consequentemente, esses alunos precisam de diferentes tipos de suporte e de auxílio para diferentes problemas. Além disso, é preciso identificar meios para gerenciar e administrar programas oferecidos desse modo. À medida que instituições, e mesmo Estados e nações, tentam realizar isso, constatam ser necessário desenvolver novas políticas. (MOORE; KEARSLEY, 2010, p. 1, grifo nosso) Para implementar a EAD, muitas implicações devem ser pensadas e o estabelecimento de uma política institucional para treinamento de pessoal deve ser elaborada visando à superação de todas as dificuldades que o processo impõe para o seu sucesso. Com vistas a um melhor entendimento sobre o que é a EAD, na concepção de Moore e Kearsley (2010) [...] é o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local do ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais. (MOORE; KEARSLEY, 2010, p. 2) Para Paiva et al. (2004) EAD é a [...] situação de ensino/aprendizagem em que o instrutor e o aluno estão separados no tempo ou no local, ou em ambos. Os materiais de aprendizagem são fornecidos de forma remota, síncrona ou assíncrona, por correio, e-mail, vídeo ou áudioconferência, TV, etc. (PAIVA et al., 2004, p. 56) Os autores afirmam, também, que a EAD é identificada pela separação física entre docente e discente e que o processo de ensino e aprendizagem ocorre em regime de autoaprendizagem. Relatam, ainda, que também é conhecida pelo termo e-learning, que significa „aprendizagem eletrônica‟. Moore e Kearsley (2010, p. 3) quando tratam das definições dadas à EAD corroboram a definição para o termo e-learning aplicado por Paiva et al. (2004): 44 [...] expressões comuns mais recentes incluem „aprendizado eletrônico‟ (elearning) e „aprendizado assíncrono‟. O prefixo „e‟ significa „eletrônico‟, porém, aqueles que o utilizam usualmente não se referem a todas as formas de comunicação eletrônica, incluindo rádio, videogravadores e assim por diante. Comumente, o aprendizado eletrônico refere-se à educação a distância pela internet. (MOORE; KEARSLEY, 2010, p. 3) Leobons (1989, citado por SILVA NETO et al. 1995) descreve as vantagens e desvantagens da utilização da educação a distância como ferramenta educacional nas instituições. Dentre as vantagens se destacam o alcance de um grande número de pessoas, adaptação do aprendizado ao ritmo do aluno, custos com materiais didáticos (inicialmente elevados, mas diluídos quando aplicados a grande número de pessoas), versatilidade, favorecimento ao autodidatismo e do uso de múltiplas mídias (TV, rádio, CD, DVD, computador, internet, etc). Quanto às desvantagens, destaca a existência de uma clientela abundante e dispersa e a necessidade de interesse e dedicação dos alunos. Cita ainda, a dificuldade de participação ativa dos alunos e de criação de uma consciência crítica e complementa ressaltando a dificuldade apresentada pela cultura do povo brasileiro que ainda não acredita no modelo em que não há a presença física do professor. Segundo Martins (2009) [...] a noção de treinamento como componente do desenvolvimento de pessoal é coetânea à consagração da categoria capital humano, no sentido de que esta tem no fator humano um ativo no qual é preciso investir. Cabe aqui essa categoria como referência para localizar a importância hoje imputada ao treinamento na efetivação de estratégias gerenciais que exigem formação/conformação dos chamados recursos humanos. (MARTINS, 2009, p. 224, grifo nosso) O autor explicita as mudanças nas empresas, decorrentes das tendências mundiais ligadas à globalização no mundo corporativo, onde o „treinamento e desenvolvimento‟ estão intimamente ligados a questões de qualidade e produtividade. Destaca que “[...] a preparação de pessoal qualificado, com maior escolarização, em menor tempo e ao menor custo, não seria possível na modalidade presencial”. (MARTINS, 2009, p. 225) 45 Foi nesse contexto que as grandes empresas desenvolveram suas Universidades Corporativas 13, proporcionando a mudança de paradigma do treinamento nas instituições. Tal mudança sinaliza para uma tendência do uso das TIC como recurso de aprendizagem nas empresas. Confirmando essa tendência, levantamentos realizados pelo Portal e-learning Brasil14 com 155 empresas apontaram que 62% dos treinamentos corporativos são desenvolvidos em plataformas de educação a distância, utilizando as diversas ferramentas ou mídias. Ainda segundo Martins (2009, p. 226), “[...] uma das maiores contribuições da educação a distância ao treinamento é o incremento de soluções tecnológicas .” A TIC agrega uma série de fatores para a capacitação profissional. A exploração desses meios pelas empresas garante uma gama imensa de possibilidades e perspectivas Apesar de grande parte dos conceitos e regras estar fundamentado na iniciativa privada, segundo Moore e Kearsley (2010), nos Estados Unidos é muito comum a existência de programas de educação a distância para as instituições públicas, especificamente as militares. Detalha o autor que, mais de dois bilhões de dólares foram alocados para a educação a distância no período de 1997 a 2007, o que demonstra a importância dessa modalidade na capacitação daquele setor. Durante o estudo sobre a EAD, uma questão que fica evidenciada é referente à interatividade necessária aos treinamentos. A comunicação do docente com o discente é fator fundamental no processo de ensino e aprendizagem. Segundo Martins (2009), o treinamento não pode ser dissociado dos recursos de EAD, sendo o ponto central dessa relação a conectividade e as possibilidades pedagógicas que a EAD apresenta. Dentre as possibilidades os autores citam 13 14 "[...] um sistema de desenvolvimento de pessoas pautado pela gestão por competências, cuja missão consiste em formar e desenvolver talentos na gestão do negócio, promovendo a gestão do conhecimento organizacional, por meio de um processo de aprendizagem ativo e contínuo". Marisa Eboli [entre 1996 e 2011]. Disponível em: <http://www.catho.com.br/cursos/index.php?p=pec_o_que_e_universidade_corporativa>. Acesso em: 15 Out. 2011. Site de gerenciamento de cursos online e notícias sobre educação via internet (http://www.portalelearning.com.br/). O conceito de e-Learning é aquela atividade educacional, realizada via internet, que possui uma forma de aprendizado interativo, com conteúdo disponível on-line e feedback automático das atividades de aprendizagem do aluno, por meio de ferramenta de gerenciamento de ensino. Adaptado dos conceitos de Rogers Pereira [2011]. Disponível em : http://www.slideshare.net/Rogers_jci/conceitos-elearning. Acesso em: 15out. 2011. 46 Aprendizagem assíncrona, ou seja, outra dimensão do processo ensinoaprendizagem sem a necessidade de interlocução física em tempo real. Interatividade, como novo padrão de aprendizagem levando o treinando a construir o percurso do conhecimento. Conhecimento compartilhado (ou colaborativo), por meio da formação de comunidades virtuais de prática em bate-papos, fóruns e „orkuts‟ corporativos, inclusive abrindo o treinamento para o público externo à organização. Objetos de aprendizagem, ou seja, a produção de conteúdos orientada para a construção de pequenos blocos lógicos. Pílulas de conhecimento, com a idéia de um „pequeno corpo redondo‟ que se materializa na construção de um grupo sólido de competências previamente necessárias a partir de pequenas atividades disponibilizadas ao grupo com o auxílio de um tutor. Diagnóstico e mapeamento das competências desenvolvidas com base em recursos como LMS e data marts, que possibilitam o cruzamento dos dados de treinamento com os dados do negócio. (MARTINS, 2009, p. 226) Deve-se também considerar a EAD como um sistema de educação. Segundo Moore e Kearsley (2010) [...] um sistema de educação a distância é formado por todos os processos componentes que operam quando ocorre o ensino e o aprendizado a distância. Ele inclui aprendizado, ensino, comunicação, criação e gerenciamento. (MOORE; KEARSLEY, 2010, p. 9) A ideia de sistema citada pelos autores significa que cada parte integrante do chamado sistema de EAD depende uma da outra, já que umas têm relação direta com o funcionamento do sistema e outras têm função periférica, mas todas com a sua importância no funcionamento global. Os autores detalham, a título de exemplificação o modelo geral com os principais componentes de um sistema de EAD (FIG. 2). O esquema apresentado pelos autores facilita a compreensão da EAD como um sistema integrado a vários subsistemas que o compõem. 47 Gerenciamento -Avaliação das necessidades -Prioridades Recursos -Alocação -Administração Fontes de conteúdo Organização -individual -finalidade dupla -finalidade única -consórcio Gerencia os especialistas em conteúdo Avalia as necessidades Decide o que ensinar Criação do programa/curso Equipe do curso -especialista em conteúdo -responsável pelo módulo de instrução -designer gráfico -programador de internet -produtores de áudio/vídeo -editor -avaliador -gerente de equipe do curso Pessoal -Recrutamento -Treinamento Política Controle -Monitoramento -Avaliação Mídia -texto -imagens -som -dispositivos Tecnologia gravada -impressa/on line -áudio:CD/fita/on line -vídeo:CD/fita/on line Transmitida -áudio:radio -vídeo:televisão Interativa -audioconferência -vídeoconferência -satélite/cabo -computador de mesa -computador/internet/ www Interação -instrutores -conselheiros -equipe administrativa -bibliotecários -centro/local de aprendizado -outros alunos Ambiente de aprendizado -local de trabalho -residência -sala de aula -viagem Figura 2 - Um modelo sistêmico para a educação a distância Fonte: Extraído de Moore e Kearsley (2010, p. 14). Moore e Kearsley (2010) descrevem, ainda, os principais processos componentes de um sistema de EAD, que são: uma fonte de conhecimento que deve ser ensinada ou aprendida; um subsistema para estruturar esse conhecimento em materiais e atividades para os alunos, e que denominaremos cursos; outro subsistema que transmita os cursos para os alunos; professores que interagem com alunos, à medida que usam esses materiais para transmitir o conhecimento que possuem; alunos em seus ambientes distintos; um subsistema que controle e avalie os resultados, de modo que intervenções sejam possíveis, quando ocorrerem falhas; uma organização com uma política e uma estrutura administrativa para ligar estas peças distintas. (MOORE; KEARSLEY, 2010, p. 12) O primeiro processo é sobre as fontes de conhecimento. A responsabilidade pela decisão sobre o que ensinar é da instituição que oferece o programa de EAD, devendo haver especialistas em conteúdo que conheçam o campo e sua literatura, teoria, prática contemporânea e problemas. Como se trata de um programa de EAD, o uso de TIC é essencial, e aos técnicos nessa área, cabe decidir qual meio a ser utilizado, sempre observando os custos da produção destes meios. (MOORE; KEARSLEY, 2010) 48 O segundo processo é a criação de cursos. Ressaltam Moore e Kearsley (2010) que ter um conteúdo não é ter um curso. O grande desafio é organizá-lo em uma estrutura cuidadosamente elaborada para tornar mais fácil a aprendizagem daquele tema. Explicam os autores que além do especialista em conteúdo a instituição gestora da EAD deve ter especialistas na área de treinamento, que possam organizar o conteúdo de acordo com a teoria e prática do gerenciamento da informação e da teoria do aprendizado. Devem-se conciliar os especialistas de três áreas específicas na criação de cursos: os de conteúdo, os de treinamento e os de tecnologia. Devido à necessidade de diversas habilidades distintas, os melhores cursos de EAD são criados por equipes compostas por especialistas nas diversas áreas e coordenadas por um gerente. Como terceiro processo, os autores detalham a disponibilização do material do curso e a interação via tecnologia. O grande destaque desse processo é a comunicação do discente com o docente. Atualmente, a tecnologia mais comentada para realização deste processo é a do computador conectado à internet. Diversas outras tecnologias podem ser utilizadas, como: livros, CD-ROM, rádio, televisão, software de computador e áudio/videoconferência. A mídia a ser escolhida deve trazer compatibilidade com os objetivos do curso, principalmente no tocante a necessidade de interatividade entre discentes e docentes. Outro processo, igualmente importante, é a interatividade associada ao papel do docente. A importância do professor está em transformar as matérias e conteúdos disponibilizados por meio da tecnologia em conhecimento para os alunos. A chamada fase interativa é muito significante, pois permite o desenvolvimento de temas previamente elencados pela equipe de criação do curso, e agora abordados e acompanhados ou monitorados pelos professores. A função dos professores é de corrigir, comentar, avaliar e comunicar as suas observações, além de incentivar aos discentes quanto à participação nas atividades educacionais do curso. O próximo processo trata do ambiente dos alunos. Dependendo de quais são as mídias e tecnologias envolvidas no curso esse ambiente mudará. Os ambientes mais comuns são o trabalho, residência, sala de aula, centro de aprendizado, hotel, ou mesmo um avião. Aprender no local de trabalho ou em casa não é muito fácil, pois existem muitas distrações. Deve-se orientar aos discentes a criar hábitos de disciplina e concentração. Os criadores de cursos, em sua maioria, 49 acreditam serem mais produtivos os cursos elaborados em módulos curtos e completos. Outro processo é o gerenciamento e administração. Tal atividade consiste em fazer todo o sistema de EAD funcionar, por meio do acompanhamento de cada peça ou engrenagem do sistema. A tarefa não é simples devido à considerável complexidade e sofisticação gerencial. Os gerentes são os responsáveis por todos os subsistemas que conduzem à criação, veiculação e implementação do programa de EAD. Nesse processo estão envolvidos os aspectos de gestão de recursos financeiros, de pessoal e de política da instituição. Por fim, tem-se a interdependência dos subsistemas em um sistema de EAD. Como explicado, cada processo é um subsistema do programa de EAD. Os subsistemas interagem entre si e dependem uns dos outros de acordo com a finalidade do curso e as características de cada um. Cada subsistema tem a sua importância no contexto geral da EAD e investir isoladamente em um ou outro é um erro que deve ser evitado. Assim, pode-se verificar uma grande complexidade para a implementação de EAD nas instituições, uma vez que a sua correta aplicação passa por um complexo processo financeiro, logístico, político e conceitual, em que a mudança de paradigmas é essencial para o desenvolvimento de novos métodos. Portanto, para se obter os resultados desejados com o treinamento nas instituições são necessários investimentos direcionados aos setores de tecnologia e recursos humanos, além de um detalhado planejamento das ações a serem desencadeadas. Tal afirmação não significa que a solução de todas as questões educacionais nas empresas, relativas ao aprimoramento e atualização técnica de seu capital humano, estão relacionadas à implementação da EAD. Trata-se apenas de uma alternativa que possibilita vencer obstáculos institucionais por meio do uso das TIC para alcançar os objetivos das organizações. O ensino tradicional, ou seja, presencial não está descartado e, dependendo das metas e objetivos elencados no projeto institucional, ainda é a melhor opção de capacitação técnica das pessoas. Assim, observar e analisar corretamente sobre quais são as metas e objetivos a serem alcançados é a grande questão que envolve a decisão sobre quando e como utilizar as TIC na capacitação dos funcionários. Não restam dúvidas 50 de que a EAD é uma boa estratégia para alcançar resultados na capacitação de pessoas, dependendo das circunstâncias que o cenário institucional apresenta. Portanto, cabe sempre uma reflexão sobre o uso da EAD em detrimento da forma tradicional, uma vez que cada modalidade educacional cumpre objetivos e expectativas diferentes, devendo, ambas, conviver harmoniosamente no projeto de desenvolvimento das habilidades técnicas dos funcionários de qualquer setor. 2.3.1 Evolução da educação a distância Conforme já mencionado anteriormente, não é correto acreditar que a EAD teve início com a invenção da internet. A internet é apenas umas das tecnologias que a EAD pode utilizar como ferramenta para a transmissão dos dados referentes ao conhecimento que se pretende disseminar. A EAD evoluiu obedecendo a um contexto tecnológico disponibilizado ao longo dos anos, o que permitiu a viabilização de atividades educacionais quebrando barreiras antes intransponíveis de tempo e espaço. Ressalta-se que não é somente de TIC que depende a EAD. Para Nunes (2009) [...] para maximizar as vantagens da educação a distância, há necessidade de utilizar um arsenal específico (meios de comunicação, técnicas de ensino, metodologias de aprendizagem, processos de tutoria, entre outros) obedecendo a certos princípios de básicos de qualidade. (NUNES, 2009, p. 2) Autores como Moore e Kearsley (2010) detalham a evolução da EAD dividindo-a em gerações, conforme demonstrado a seguir (FIG. 3). 51 1ª 2ª Correspondência Transmissão por rádio e televisão 3ª 4ª Universidades abertas 5ª Teleconferência Internet/web Figura 3 – Cinco gerações de educação a distância. Fonte: Extraído de Moore e Kearsley (2010, p. 26). Para um melhor entendimento sobre a evolução da EAD deve-se compreender um pouco mais detalhadamente como se desenvolveu cada uma das suas gerações e suas principais características. A primeira geração foi o estudo por correspondência. A base da educação por correspondência foi a utilização dos correios como ferramenta de comunicação entre o docente e o discente. A mídia utilizada era a impressa, com textos e imagens. Existem divergências entre os autores quando atribuem uma data e um criador para o estudo por correspondência. Segundo Nunes (2009), provavelmente, a primeira notícia da criação do estudo por correspondência ocorreu em março de 1728 e é atribuída a Caleb Philips, que anunciava aulas por correspondência no periódico „Gazette‟ de Boston/EUA, sendo que as aulas eram enviadas semanalmente aos alunos inscritos. Para Moore e Kearsley (2010), o início dessa geração de EAD ocorreu em decorrência do surgimento dos serviços postais, que eram baratos e confiáveis. Um marco importante dessa geração ocorreu em 1892, quando Willian Rainey Harper, voluntário em Chautauqua e responsável pela introdução do estudo por correspondência naquela instituição, então nomeado primeiro presidente da nova Univesity of Chicago, criou um programa de estudos por correspondência, sendo o primeiro programa formal de EAD no mundo. Um dos motivos para a criação de um sistema educacional a distância, especificamente por correspondência, era a ideia de usar a tecnologia, no caso o serviço postal, para levar conhecimento para aqueles que não tinham oportunidades de acesso a ela, sendo que naquela época isso incluía as mulheres, fator importante na história da EAD. 52 O sucesso dos cursos por correspondência foi tão grande que, segundo, Moore e Kearsley (2010) [...] no ano de 1930, 39 universidades norte-americanas ofereciam cursos por correspondência; [...] existiam cerca de dois milhões de alunos matriculados todo ano em escolas de correspondência... quatro vezes o número de todos os alunos matriculados em todas as faculdades, universidades e escolas profissionais nos Estados Unidos. (BITTNER; MALLORY, 1933 citado por MOORE; KEARSLEY, 2010, p. 27) Com o crescimento do método de estudo por correspondência, várias foram a instituições públicas e privadas que investiram na sua metodologia, sendo que em 1968, um dos estudos mais completos já realizado sobre os cursos por correspondência, denominado Correspondência, divulgou que, Projeto de Pesquisa aproximadamente, três em Educação milhões de por norte- americanos estavam estudando por meio desse método em todo país. Desse total de alunos, 50% estavam estudando nas Forças Armadas (MOORE; KEARSLEY, 2010). O grande legado do desenvolvimento do estudo por correspondência nas Forças Armadas norte-americanas foi a inovação criada pela informatização das notas das tarefas, disponibilização de serviço de orientação e uso de grupos de orientadores vinculados ao currículo do curso por correspondência. Em 1974, os cursos por correspondência das Forças Armadas dos EUA foram terceirizados para universidades e escolas privadas. Grandes foram os ganhos provenientes do estudo por correspondência nas instituições militares dos EUA, devido às peculiaridades de suas missões e distribuição das pessoas nas diversas localidades de emprego. A segunda geração é a EAD por meio da transmissão por rádio e televisão. Inicialmente utilizando a tecnologia da transmissão via rádio, que em meados do início do século XX teve a seu surgimento como nova tecnologia de comunicação. Segundo Moore e Kearley (2010), já em 1921, ocorreu a primeira autorização para uma emissora educacional nos Estados Unidos, sendo a Latter Day Saints’ da Univesity of Salt Lake City. Ainda segundo os autores, em 1925, a State University of Iowa também ofereceu seus primeiros cursos por rádio. Conforme 53 Nunes (2009), em 1928, na Grã-Bretanha a BBC 15 iniciou-se a promoção de cursos para adultos usando a radiodifusão. Apesar das grandes expectativas na radiodifusão como tecnologia da EAD, a nova metodologia não despertou o interesse devido e a falta de capacitação e investimentos no setor, além do interesse unilateral das emissoras em arrecadar anúncios para o setor, provocou a sua estagnação. A televisão educativa iniciava o seu desenvolvimento em 1934, quando a State University of Iowa transmitia temas sobre higiene oral e astronomia. Cinco anos após a estação da universidade havia realizado mais de 400 programas educacionais. Iniciavam também as experiências com a televisão em salas de aula, uma escola de ensino médio em Los Angeles naquele mesmo ano (MOORE; KEARSLEY, 2010). Ainda segundo Moore e Kearsley (2010), nas décadas de 1950 e 1960 muitos foram os investimentos no setor em prol da televisão educativa, que foram decisivos para o desenvolvimento da tecnologia para campos mais avançados: sendo as doações da Fundação Ford em 1950 e o financiamento estatal da instalação de estações de televisão educativa em 1962. Outro aspecto foi o desenvolvimento da televisão educativa buscando alcançar maiores distâncias e um maior público. Em 1952, iniciou-se a disseminação da tecnologia de transmissão televisiva via cabo. Já em 1972, todas as operadoras de televisão a cabo eram obrigadas a manter canal educativo, os denominados „telecursos‟. Em 1981, mais de 200 telecursos eram veiculados, proporcionando educação para mais de 600 mil alunos (MOORE; KEARSLEY, 2010). Na terceira geração, iniciada no final da década de 1960 e início da de 1970, foi a vez das Universidades Abertas, sendo esse considerado um período de mudanças importantes para a EAD, tanto no tocante à nova organização de tecnologias quanto de recursos humanos. Moore e Kearsley (2010) destacam as experiências do Projeto Mídia de Instrução Articulada (AIM – Articulated Instructional Media Project) da Universidade de Wisconsin em Madison/EUA e da Universidade Aberta da Grã-Bretanha. No projeto AIM a ideia central era agrupar ou articular várias tecnologias de comunicação com o objetivo de propiciar um ensino de alta qualidade e custo reduzido. Conforme Moore e Kearsley (2010), no projeto 15 BBC (British Broadcasting Corporation) – maior emissora do mundo, sendo uma instituição britânica de serviço público de radiodifusão do Reino Unido. 54 [...] as tecnologias incluíam guias de estudo impressos e orientação por correspondência, transmissão por rádio e televisão, audioteipes gravados, conferências por telefone, kits para experiência em casa e recursos de uma biblioteca local [...].(MOORE; KEARSLEY, 2010, p. 35) A justificativa de seu idealizador, Charles Wedemeyer, para o uso de várias mídias e tecnologias era ser seu conteúdo [...] mais bem apresentado do que por qualquer mídia isoladamente, mas também que pessoas com estilos de aprendizado diferentes poderiam escolher a combinação específica que fosse mais adequada para suas necessidades. (MOORE; KEARSLEY, 2010, p. 35) O uso das várias mídias no projeto foi o seu grande diferencial e o AIM “[...] representou um marco histórico e um ponto de inflexão na história da educação a distância. Este foi o primeiro teste da ideia de educação a distância como um sistema total”. (MOORE; KEARSLEY, 2010, p. 35). O projeto, segundo seu idealizador, apresentava também falhas relativas à falta de controle de seu corpo docente e, consequentemente, sobre o currículo, pois não ocorria o controle sobre os recursos financeiros e o resultado acadêmico dos discentes. Assim, por ser um projeto experimental, a exposição das falhas demonstraram falta de autonomia e controle do projeto. A segunda experiência foi a Universidade Aberta da Grã-Bretanha, que surgiu, em 1967, a partir da designação pelo governo britânico de um comitê para planejar uma nova instituição educacional. Segundo Moore e Kearsley (2010), ao conhecerem o projeto do AIM convidaram seu idealizador para participar de seu projeto. Dois anos após, surgiu a Universidade Aberta. Nas palavras de Moore e Kearsley (2010) [...] o que surgiu foi a primeira universidade nacional de educação a distância, que se valeria de economias de escala, tendo mais alunos do que qualquer outra universidade, com um nível de financiamento elevado e empregando a gama mais completa de tecnologias de comunicação para ensinar um currículo universitário completo a qualquer adulto que desejasse receber tal educação. (MOORE; KEARSLEY, 2010, p. 36) Com um potencial invejável, tanto no âmbito interno quanto internacional, a Universidade Aberta mantém mais de 200 mil alunos matriculados e expede dois mil diplomas por ano, demonstrando o potencial da EAD para prover oportunidades 55 independentemente da localização do aluno e com a transmissão da educação com elevada qualidade, sem deixar de considerar os custos reduzidos a 40% do valor da educação formal. (Moore e Kearsley, 2010) A quarta geração de EAD surgida é a teleconferência. Criada nos Estados Unidos em 1980 era baseada na tecnologia da teleconferência, pensada para o uso de grupos. Conforme detalha Moore e Kearsley (2010), a grande novidade era o direcionamento dado ao novo conceito, uma vez que se aplicava ao uso em grupos, como nas classes do ensino tradicional e não para o autoestudo. Nessa nova tecnologia era possível uma interação entre o docente e o discente, uma vez que a comunicação permitia o contato on line. No início o sistema criado foi o de audioconferência, mas com a evolução tecnológica, principalmente da transmissão via satélite as teleconferências logo tomaram o seu lugar. Na nova tecnologia permanecia a interatividade do docente com o discente e agregava-se a imagem. Essa novidade tecnológica, teleconferência via satélite, trouxe novamente os Estados Unidos da América ao centro o desenvolvimento da EAD, uma vez que a grande vedete da EAD, até então, era a Universidade Aberta do Reino Unido. (MOORE; KEARSLEY, 2010) No início das transmissões por teleconferência, elas eram realizadas com comunicação de vídeo em um sentido e de áudio em dois. Isto quer dizer que o docente era visto pelos discentes, mas não podia vê-los, porém o áudio era ouvido nos dois sentidos, para perguntas e respostas. Em meados de 1990, a transmissão de vídeo nos dois sentidos passou a ser mais disponível melhorando significativamente a interatividade do sistema. Isto foi possível a partir do desenvolvimento das linhas telefônicas de fibra ótica que permitiam a transmissão de uma maior quantidade de dados. (MOORE; KEARSLEY, 2010) Finalmente, surge a quinta geração, composta de aulas virtuais baseadas no computador e na internet. Com o desenvolvimento da informática e seu consequente barateamento, a disseminação dos computadores pessoais ocorreu rapidamente. Nesse sentido, Moore e Kearsley (2010) detalham o surgimento do computador com recurso educacional por meio de softwares educativos e, posteriormente, por meio da internet. Na primeira fase os softwares educativos eram um grande empreendimento comercial, sendo divulgados milhares de programas. A segunda e mais importante fase dessa geração foi a EAD baseada na internet. Com o surgimento da internet e dos navegadores de web apareceu uma 56 grande oportunidade de aprimoramento da EAD. Com o avanço da tecnologia e a disseminação de sua utilização em todo mundo, as possibilidades de tornar-se uma ferramenta para EAD ficaram evidentes. Para Moore e Kearsley (2010) [...] do mesmo modo que cada geração anterior de tecnologia, isto é, cursos por correspondência, transmissão por rádio e televisão, vídeo interativo e audioconferência, produziu sua modalidade específica de organização de aprendizado a distância, a disseminação da tecnologia da internet estimulou novas idéias a respeito de como organizar o ensino a distância. (MOORE; KEARSLEY, 2010, p. 47) Assim, percebe-se que a EAD vive um momento distinto de agregação das novas TIC e novos conceitos de organização virtual. A congregação destes meios no âmbito educacional pode gerar, e já está gerando, condições especiais para um aprendizado mais interativo, em que o discente trilha seu próprio caminho, determinando seu ritmo e ajustando as suas demandas de tempo e localização. O contexto virtual das salas de aula propicia um estudo disciplinado pelo discente que, assim, ajusta a sua disponibilidade. 2.3.2 Educação a distância no Brasil De maneira similar ao ocorrido em todo o mundo, guardadas as devidas proporções, a EAD no Brasil teve o seu desenvolvimento marcado por períodos de avanços e retrocessos. Os avanços foram marcados pela disponibilização de recursos tecnológicos que sempre estão presentes nos programas de EAD. Já as estagnações foram marcadas por períodos de instabilidade política que impossibilitavam o avanço de questões voltadas à liberdade dos meios de comunicação e, consequentemente, representaram um momento de rompimento com o desenvolvimento das TIC. Segundo Alves (2009), estudos realizados demonstram que em 1900 já circulavam periódicos que veiculavam anúncios que ofereciam cursos profissionalizantes por correspondência. Geralmente, tratavam-se de cursos de datilografia oferecidos por docentes particulares. Apesar de serem iniciativas não 57 oficiais, representaram um grande avanço para a educação daquela época. As escolas internacionais, instaladas em 1904, são consideradas o marco inicial e disponibilizavam cursos profissionalizantes voltados ao público que opera na busca de emprego. Nessa época, o ensino era por correspondência com remessa dos materiais didáticos pelos correios. Passados vinte anos de experiência no ensino por correspondência como representante nacional da EAD, o rádio surge como uma nova tecnologia que pode ser agregada às ações educacionais. Em 1923, foi fundada a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, uma iniciativa privada, mas não muito bem vista pelos governantes, devido ao conturbado momento político vivido no Brasil à época e à ameaça de transmissão de assuntos subversivos. Apesar das constantes ameaças, a rádio operava com o objetivo de possibilitar a educação popular. Fortes pressões mudaram o contexto da rádio, quando, em 1936, sem condições de atender às exigências criadas para a sua manutenção, foi doada para o Ministério da Educação e Saúde. A partir de 1937 vários foram os programas criados, especialmente privados, devido à criação do Sistema de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação, destacando-se a Escola Rádio-Postal e a Voz da Profecia. (ALVES, 2009). O sistema educacional por correspondência continuou a ser praticado no Brasil, apesar de a nova tecnologia da radiodifusão já estar implantada e efetivamente em funcionamento. Destaque deve ser dado ao Instituto Monitor (1939) e ao Instituto Universal Brasileiro (1941) na disponibilização de cursos voltados à capacitação profissional básica. Voltando à educação via rádio, em 1946, o Serviço Nacional do Comércio (SENAC) iniciou suas atividades criando a Universidade do Ar, que, em 1950, já era difundida em 318 localidades. Projetos como o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), do Governo Federal, também tiveram grande representatividade por ser veiculados nacionalmente. O declínio do sistema ocorreu em 1969, quando a instabilidade política exerceu papel decisivo no sistema de comunicação e a censura enterrou diversas iniciativas que surgiam na época, liquidando a rádio educativa brasileira. (ALVES, 2009) Com isso, “[...] o desmonte da EAD via rádio foi um dos principais causadores de nossa queda no ranking internacional”. (ALVES, 2009, p. 10) O Brasil perdeu, então, a posição de um dos 58 principais países em desenvolvimento de EAD, posição considerada até o final da década de 1960, quando houve a interrupção do processo no país. (ALVES, 2009). Destaque também é dado pelos autores a três organizações: a Associação Brasileira de Teleducação (ABT), o Instituto de Pesquisas e Administração da Educação (IPAE) e a Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED). A ABT, criada em 1971, é divulgadora de seminários e periódicos técnicos sobre EAD. O IPAE foi fundado em 1973 e é um dos influenciadores na reflexão sobre EAD no Brasil e no mundo, ajudando a formular as disposições normativas da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação nacional. A ABED, criada em 1995, auxilia no desenvolvimento da EAD no Brasil, promovendo articulação com instituições e profissionais da área. (ALVES, 2009) Seguindo a tendência mundial, a televisão educativa foi a terceira tecnologia aplicada na EAD no Brasil. Inicialmente essa tecnologia teve diversos incentivos e foi bem empregada nas atividades educacionais. No final da década de 1960 os incentivos eram advindos da obrigatoriedade das emissoras em ceder espaços em suas programações para realização de programas educativos ; porém, em 1990, esse incentivo foi desfeito, representando para os autores um novo retrocesso. A partir de então poucos foram os avanços na criação de programas educacionais na televisão, uma vez que eram disponibilizados horários incompatíveis com a disponibilidade dos discentes, exceção feita à iniciativa da Fundação Roberto Marinho, denominada „Telecurso‟. (ALVES, 2009). O Telecurso foi lançado em 1995, tratando-se de um programa de educação destinado a jovens e adultos, com a proposta de formação para o mundo do trabalho. As aulas podem ser assistidas diariamente ou uma vez por semana (reprise) ou acessadas por fitas de vídeo gravadas. Existe material impresso de apoio ao estudo, com conteúdo e exercícios para fixação. (TOLEDO et al., 1998). A evolução da EAD no Brasil, ocorre com o surgimento dos computadores e da internet. Os primeiros computadores voltados para a educação chegaram ao Brasil em 1970. Esses computadores ainda eram grandes e representavam um custo muito elevado. Com a popularização dos recursos da informática, esses se tornaram mais acessíveis à população por terem o seu custo reduzido. Com a popularização dos computadores pessoais surgiu a internet, que, segundo Alves (2009, p. 10), “[...] ajudou a consolidar a propagação do ensino a distância para todo o sistema educativo brasileiro [...].” 59 No tocante à evolução da legislação educacional no Brasil, primeiramente, a Constituição da República, promulgada em 1988, em seu artigo 206, inciso II, retrata o direito a liberdade de ensinar e aprender. De forma mais específica a norma nacional de maior peso sobre a educação é a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação nacional, cuja versão original é de 1961. Em 1971 foi acrescida da possibilidade de realização de ensino supletivo, que pode ocorrer mediante o emprego das tecnologias da correspondência, do rádio, da televisão, dentre outros meios. Em 1996 ocorreu uma reformulação significativa e a LDB passou a contemplar a EAD em todos os níveis, admitindo a possibilidade de cursos livres em „Universidades Corporativas‟. (ALVES, 2009). Os autores ressaltam, ainda, que os atos normativos inferiores são o grande problema da legislação nacional, constituídos de decretos, portarias, resoluções e pareceres. Essa documentação apresenta qualidade duvidosa e entrava o crescimento da EAD no Brasil. Na concepção de Alves (2009) [...] existe uma inflação legislativa que entrava o funcionamento das organizações. O emaranhado de atos normativos impede a expansão dos cursos de educação básica e superior (impedindo também, por falta de norma específica, os mestrados e doutorados a distância). O crescimento da EAD é notado, assim, em maior escala nas entidades que atuam de maneira livre. (ALVES, 2009, p. 12) A grande verdade constatada nesse estudo é que a burocracia e a falha no ordenamento jurídico, decorrente da legislação restritiva e, até mesmo, a falta de normatização, afetam significativamente a evolução da EAD no Brasil. As entidades têm extrema dificuldade de legalização de seus cursos, o que impede a validação das certificações e o reconhecimento da capacitação para fins de acesso funcional nas empresas. (ALVES, 2009). Segundo Alves (2009), existem no Brasil mais de 150 instituições credenciadas pelo governo para realizar cursos de graduação e pós-graduação lato sensu na modalidade a distância. Ainda não existem cursos de mestrado e doutorado credenciados no Brasil. No campo da educação básica são, aproximadamente, outras cem instituições, além de outras tantas que realizam cursos livres, totalizando em torno de 500 entidades. Essa síntese da situação da EAD no Brasil tem o objetivo de permitir uma fundamentação legal para aplicação no contexto do presente trabalho, no qual se 60 busca relacionar o contexto nacional com aspectos ligados a evolução da EAD nas instituições brasileiras. Apesar das dificuldades normativas, percebe-se uma situação bastante promissora devido ao Brasil possuir um mercado bastante amplo e ávido por novos investimentos que apresentem qualidade e competência nas suas disposições. As novas tecnologias sempre trazem grandes possibilidades e o decréscimo dos custos abre novas janelas de investimentos para o setor. 2.3.3 Referenciais de qualidade para EAD Como referencial teórico sobre a modalidade de educação a distância tomou-se como base o documento do Ministério da Educação intitulado „Referenciais de Qualidade para Educação Superior a Distância‟. Embora seja um documento sem força de lei, é um referencial imprescindível para nortear a elaboração e implementação de cursos nessa modalidade, independente do nível de ensino. O respaldo legal da EAD no Brasil se encontra na Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) que estabelece, em seu artigo 80, “[...] a possibilidade de uso orgânico da modalidade de educação a distância em todos os níveis e modalidades de ensino.” Regulamenta esse artigo, o Decreto n. 5.622, de 19 de dezembro de 2005 ( BRASIL, 2007, p. 5). O Decreto supracitado estabeleceu a política de garantia de qualidade no âmbito da EAD, no que diz respeito, entre outros, aos processos de credenciamento da instituição que se propõe a oferecer cursos nessa modalidade, bem como sobre o acompanhamento e avaliação de tais cursos. Dos itens trazidos nesse Decreto destacam-se: a) a caracterização de EAD visando instruir os sistemas de ensino; b) o estabelecimento de preponderância da avaliação presencial dos estudantes em relação às avaliações feitas a distância; c) [...] d) [...] g) institucionalização de documento oficial com Referenciais de Qualidade para a educação a distância (BRASIL, 2007, p. 5). 61 Segundo BRASIL (2007) o curso em EAD deve contemplar, de maneira interdependente, os seguintes tópicos: (i) Concepção de educação e currículo no processo de ensino e aprendizagem; (ii) Sistemas de Comunicação; (iii) Material didático; (iv) Avaliação; (v) Equipe multidisciplinar; (vi) Infraestrutura de apoio; (vii) Gestão Acadêmico-Administrativa; (viii) Sustentabilidade financeira (BRASIL, 2007, p. 8). Nessa visão, o projeto do curso deve trazer, de maneira clara, qual a fundamentação teórica utilizada para nortear as ações educacionais em relação ao currículo e sua organização, ao processo de ensino e aprendizagem, ao perfil de egresso do curso, aos materiais e recursos didáticos, ao papel do professor e do aluno, e ao processo de avaliação. Nesse norte, é importante que o aluno seja visto como centro do processo e que os conteúdos sejam trabalhados de forma contextualizada e interdisciplinar, rompendo-se com a ideia de que as disciplinas, por si só, dialogam entre si. É na prática do professor e do tutor que esse processo se efetiva. Por isso, os recursos tecnológicos devem permitir, ao máximo, a interação do aluno com professores e com os colegas do curso, de forma a enriquecer o processo de ensino e aprendizagem, oportunizando a construção de conhecimentos relevantes para o aluno. Sobre o sistema de comunicação, tem-se que o curso deve garantir oportunidade do aluno de inteirar com todos os envolvidos no processo educacional. Somente dessa forma pode-se garantir o estabelecimento da interação e da interatividade (BRASIL, 2007, p. 10). Sobre isso, Mattar (2009) enfatiza que a complexidade é ainda maior em EAD, já que diversos agentes interagem de diferentes maneiras, utilizando inúmeras ferramentas e com expectativas e objetivos bastante distintos. Para complicar ainda mais, com o progresso constante da tecnologia, novas formas de interação são criadas a todo momento, obrigando-nos a revisar o conceito com freqüência. (MATTAR, 2009, p. 112) Ainda segundo o autor, a interatividade na EAD envolve os atributos da tecnologia utilizada, ou seja, como a ferramenta tecnológica propicia a troca de 62 conhecimentos entre os diversos focos envolvidos no sistema, não somente entre discente e docente. Nesse sentido, não é objeto do estudo avaliar a interação do discente com o computador ou qualquer outra tecnologia que disponibiliza a EAD, mas a interatividade entre discente e docente nos seus diversos níveis. Para Mattar (2009), os vários níveis de interatividade envolvem uma série de conceitos que podem ser usados na EAD, conforme pode ser verificado no QUADRO 3. Quadro 3 Níveis de interatividade em EAD. Nível de Interatividade dos objetos linear de suporte Objetivo Apresentação de funções ou etapas clicando-se em objetos. Passagem de páginas de um conteúdo digital. Mensagens de ajuda ou tutorial. As respostas dos discentes são consideradas pelo programa para de atualização apresentação dos conteúdos. O usuário não consegue progredir ou terminar uma tarefa no programa de constução a menos que usa uma sequência correta. As respostas de outros discentes, inclusive de outros autores é refletida mostrada para reflexão do discente sobre a sua resposta. O discente pode escolher um parâmetro para simular um objeto ou de simulação situação. O discente pode navegar por uma diversidade de informações, por de hiperlinks meio de links sugeridos. contextual não imersiva Reúne os níveis anteriores em ambiente rico. virtual imersiva Característica dos mundos virtuais. Fonte: Elaborado pelo autor com base em Mattar (2009, p. 113). Segundo Mattar (2009) vários são os tipos de interação, conforme descrito no QUADRO 4. 63 Quadro 4 Tipos de interação em EAD. Tipos de Interação Características -pode ser síncrona (online) ou assíncrona (offline); Aluno/professor -fornece motivação e feedback; -foco na tecnologia, principalmente da internet (som, texto, imagens, vídeo e realidade virtual); Aluno/conteúdo -ocorre de várias maneiras: navegando e explorando, selecionando, construindo, controlando, respondendo, dentre outras; -pode ser síncrona (online) ou assíncrona (offline); -denomina-se interação interpessoal (aprendizado colaborativo e Aluno/aluno cooperativo); -gera motivação e atenção (diminui a sensação de isolamento); -desenvolve o senso crítico e a capacidade de trabalho em equipe; Professor/professor -fonte de assistência e insights pedagógicos. -propicia o contato do aluno com o autor do conteúdo disponibilizado e não com autores que nunca interagem com eles; Professor/conteúdo -ocorre de várias maneiras: comentando, sugerindo fontes de consulta, propondo atividades, adicionando recursos, modificando o currículo ou o material do curso, dentre outras; -decorrentes de inteligência artificial, quando o programa é semiConteúdo/conteúdo autônomo, proativo e adaptativo; -tecnologia de mediação em EAD; Aluno/interface -ocorrem entre o aluno e a tecnologia; -intrapessoal (conversa do aluno consigo mesmo); -reflexões sobre o conteúdo, aprendizado, etc; Auto-interação -atividades de síntese, como: preparar resumo, revisão de notas e conhecimentos, etc; -interação silenciosa que parte da observação nos debates e Interação vicária discussões, sem participação ativa; Fonte: Elaborado pelo autor com base em Mattar (2009, p. 116). Alerta o autor sobre a importância do feedback aos discentes, esclarecendo que somente existe interação se essa resposta ocorrer, e do tempo que isso demora para acontecer, comprometendo assim a interatividade. Diante do exposto, como forma de obter comunicação efetiva, o curso deve prever diferentes modalidades de comunicação síncronas e assíncronas, promovendo interação em tempo real entre alunos, professores e tutores. Outro aspecto relevante é o planejamento da supervisão e da avaliação de todos os tutores e demais profissionais de forma a mensurar a qualidade dos serviços por eles prestados. Entende-se, ainda, que o curso: [...] deve prever vias efetivas de comunicação e diálogo entre todos os agentes do processo educacional, criando condições para diminuir a sensação de isolamento, apontada como uma das causas de perda de qualidade no processo educacional, e uma dos principais responsáveis pela evasão nos cursos a distância (BRASIL, 2007, p. 10) 64 Por fim, o ambiente computacional e o sistema de tutoria devem propiciar um contexto que atenda às necessidades dos alunos e dos tutores, criando um clima de cooperação (BRASIL, 2007, p. 13). Quanto ao material didático, os Referenciais de Qualidade do Ministério da Educação afirmam que ele deve estar em consonância com a proposta pedagógica do curso, de modo que possa subsidiar a relação entre professor, tutor e alunos. Alertam, ainda, que esse material deve passar por processo de avaliação como forma de pré-testar sua qualidade. Para que o material didático seja capaz de possibilitar o desenvolvimento das competências requeridas para o perfil do egresso de um curso, deve-se recorrer a mídias compatíveis com o público-alvo e coerentes com o projeto pedagógico. Aliado ao que foi dito, deve-se procurar utilizar diferentes mídias, por meio de sua integração, o que enriquece o aprendizado, através da interação de diversos atores. Também um guia geral do curso deve ser disponibilizado por meio impresso ou digital, contendo orientações sobre o que é um curso EAD, direitos e deveres de todos os envolvidos no curso e informações sobre o curso que está sendo oferecido (metodologia, formas de interação, infraestrutura física, recursos didáticos, sistema de avaliação, dentre outros). Cuidado especial deve ser dispensado ao se produzir material didático em EAD, visto que A produção de material impresso, vídeos, programas televisivos e radiofônicos, videoconferências, CD-Rom, páginas WEB, objetos de aprendizagem e outros, para uso a distância, atende a diferentes lógicas de concepção, produção, linguagem, estudo e controle de tempo (BRASIL, 2007, p. 3) Para tanto, os professores devem ser apoiados por uma equipe multidisciplinar, composta por especialistas em desenho instrucional, diagramação, ilustração, desenvolvimento de páginas web, entre outros (BRASIL, 2007). No que diz respeito ao conteúdo dos materiais didáticos, deve ser disponibilizado um guia contendo os assuntos que serão tratados e a metodologia para seu desenvolvimento e avaliação. Um cronograma que explicite o processo de acompanhamento e avaliação também deve ser disponibilizado. Deve ser dada atenção quando da elaboração do material didático para que seja garantida a unicidade dos conteúdos, que devem ser dispostos no material de forma sistêmica, 65 gradual, lógica, objetiva, com linguagem clara, e ainda, revestirem-se de linguagem dialógica, propiciando interação entre todos os envolvidos. O material didático deve prever um módulo introdutório, que pode ser obrigatório ou facultativo, para o desenvolvimento de competências básicas em relação à tecnologia a ser utilizada no curso, bem como uma visão geral do curso para que o aluno possa se programar para sua realização. Em cada Unidade, módulo ou disciplina, o material deve listar as competências a serem alcançadas pelo aluno e possibilitar acesso à autoavaliação. A bibliografia e os sites complementares devem ser oferecidos aos alunos, como forma de incentivo ao aprofundamento dos conteúdos e incentivo à pesquisa. O sistema de avaliação em EAD deve contemplar dois âmbitos: a aprendizagem do aluno e a instituição que oferece o curso. Em relação à avaliação da aprendizagem, essa deve contemplar mecanismos para que se faça um monitoramento contínuo do processo, de forma a estimular o crescimento do aluno, identificar as suas dificuldades e saná-las. As avaliações devem ser na modalidade a distância e presencial, e esta última, deve ser realizada com segurança, com controle de frequência, assegurando confiabilidade e legitimidade ao processo (BRASIL, 2007). A avaliação institucional é obrigatória para as Instituições de Ensino Superior, em consonância com o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). Porém, entende-se que qualquer instituição que se propõe a oferecer cursos, a distância ou presenciais, deve preocupar-se com a avaliação dos processos educacionais em todos as suas dimensões, a saber: didático-pedagógica, corpos docente, de tutores, técnico-administrativo e de discentes. Deve ainda avaliar a infraestrutura física e o seu próprio sistema de avaliação como um todo (BRASIL, 2007). A equipe multidisciplinar, independente do modelo de composição dos recursos humanos adotado pelo curso, deve contar com três categorias de profissionais: docentes, tutores e pessoal técnico-administrativo. Em relação aos professores eles devem ser capazes de: 66 a) estabelecer os fundamentos teóricos do projeto; b) selecionar e preparar todo o conteúdo curricular articulado a procedimentos e atividades pedagógicas; c) identificar os objetivos referentes a competências cognitivas, habilidades e atitudes; d) definir bibliografia, videografia, iconografia, audiografia, tanto básicas quanto complementares; e) elaborar o material didático para programas a distância; f) realizar a gestão acadêmica do processo de ensino-aprendizagem, em particular motivar, orientar, acompanhar e avaliar os estudantes; g) avaliar-se continuamente como profissional participante do coletivo de um projeto de ensino superior a distância (BRASIL, 2007, p. 20) O projeto deve trazer, também, um quadro com a qualificação do corpo docente e indicar ações de capacitação contínua. O sistema de tutoria do curso deve prever profissionais para atuação no módulo a distância e no presencial, sendo que esses tutores devem ser capacitados em, no mínimo, três dimensões: capacitação no domínio específico do conteúdo; capacitação em mídias de comunicação; e capacitação em fundamentos da EAD e no modelo de tutoria. Ressalta-se que o quadro de tutores do curso deve especificar a quantidade de alunos por tutor (BRASIL, 2007). O corpo técnico-administrativo tem a função de apoiar para que o curso seja realizado com qualidade, atuando, ao mesmo tempo, na sede da Instituição em conjunto com a equipe de docentes responsável pelo curso e atua também nos polos descentralizados de apoio presencial. As atividades de tutoria envolvem a dimensão administrativa e tecnológica (suporte técnico para laboratórios e bibliotecas, manutenção e zeladoria de materiais e equipamentos). As principais atribuições destes profissionais referem-se [...] ao auxílio no planejamento do curso, ao apoio aos professores conteudistas na produção de materiais em diversas mídias, e a responsabilidade pelo suporte e desenvolvimento dos sistemas de informática e suporte técnico aos estudantes. (BRASIL, 2007, p. 23) Na dimensão administrativa, a equipe deve atuar nas seguintes funções: [...] de secretaria acadêmica, no registro e acompanhamento de procedimentos de matrícula, avaliação e certificação dos estudantes, envolvendo o cumprimento de prazos e exigências legais em todas as instâncias acadêmicas; bem como no apoio ao corpo docente e de tutores nas atividades presenciais e a distância, distribuição e recebimento de material didático, atendimento a estudantes usuários de laboratórios e bibliotecas, entre outros (BRASIL, 2007, p. 24) 67 O coordenador do polo de apoio presencial, como principal responsável pelos processos administrativos e pedagógicos do curso deve conhecer o projeto pedagógico, [...] atentando para os calendários, especialmente no que se refere às atividades de tutoria presencial, zelando para que os equipamentos a serem utilizados estejam disponíveis e em condições de perfeito uso, enfim prezar para que toda a infraestrutura esteja preparada para a viabilização das atividades (BRASIL, 2007, p. 25) O coordenador do polo deve também supervisionar o trabalho da secretaria e providenciar para que o registro dos estudantes e os demais registros acadêmicos estejam organizados e realizados de forma tempestiva (notas, disciplinas ou módulos cursados, frequência, transferências, entre outros). A infraestrutura do curso é elemento primordial para que se assegure a sua qualidade e deve ser pensada de modo que atenda de maneira proporcional “[...] ao número de estudantes, recursos tecnológicos envolvidos e à extensão de território a ser alcançado, o que representa um significativo investimento para a instituição”. (BRASIL 2007, p. 24) A infraestrutura material refere-se aos recursos audiovisuais do curso: [...] equipamentos de televisão, videocassetes, audiocassetes, fotografia, impressoras, linhas telefônicas, inclusive dedicadas para Internet e serviços 0800, fax, equipamentos para produção audiovisual e para videoconferência, computadores ligados em rede e/ou stand alone e outros, dependendo da proposta do curso. (BRASIL 2007, p. 24) Já a infraestrutura física refere-se às instalações (sala de tutoria, secretaria, coordenadoria, laboratórios, biblioteca, entre outros) e deve estar disponível na sede da instituição (em sua Secretaria, núcleo de EAD) e nos pólos de apoio presencial. A gestão acadêmico-administrativa do curso a distância deve propiciar aos alunos as mesmas condições e suporte que os presenciais no que diz respeito à matrícula, inscrições, requisições, acesso às inf ormações institucionais, secretaria, tesouraria, entre outros. O referencial de qualidade do processo de gestão do curso deve prever o atendimento, em particular, a serviços básicos como: 68 a) um sistema de administração e controle do processo de tutoria especificando, quando for o caso, os procedimentos logísticos relacionados com os momentos presenciais e a distância; b) um sistema (logística) de controle da produção e distribuição de material didático; c) um sistema de avaliação de aprendizagem, especificando a logística adotada para esta atividade. d) bancos de dados do sistema como um todo, contendo em particular: cadastro de estudantes, professores coordenadores, tutores, etc; e) cadastro de equipamentos e facilidades educacionais do sistema; f) sistema de gestão dos atos acadêmicos tais como: inscrição e trancamento de disciplinas e matrícula; g) registros de resultados de todas as avaliações e atividades realizadas pelo estudante, prevendo-se, inclusive recuperação e a possibilidade de certificações parciais; h) um sistema que permita ao professor ter autonomia para a elaboração inserção e gerenciamento de seu conteúdo, e que isso possa ser feito de maneira amigável e rápida, com liberdade e flexibilidade. (BRASIL, 2007, p. 29-30) Quanto ao item „sustentabilidade financeira‟ apontado nos referenciais de qualidade do Ministério da Educação, o projeto deve prever os seguintes itens: a) Investimento (de curto e médio prazo) · produção de material didático (professores, equipe multidisciplinar, equipamentos,etc); · implantação do sistema de gestão; · equipamentos de comunicação, gestão, laboratórios, etc; · implantação dos polos descentralizados de apoio presencial e centro de educação a distância ou salas de tutoria e de coordenação acadêmicooperacional nas instituições. b) Custeio: · equipe docente: coordenador do curso, coordenadores de disciplinas, coordenador de tutoria e professores responsáveis pelo conteúdo; · equipe de tutores para atividades de tutoria; · equipe multidisciplinar; · equipe de gestão do sistema; · recursos de comunicação; · distribuição de material didático; · sistema de avaliação. (BRASIL, 2007, p. 31) Pelo que foi exposto infere-se que, ao planejar um curso a distância, a instituição deve atentar aos elementos supracitados, além de disponibilizar os mesmos recursos utilizados nos cursos presenciais. A mídia mais eficaz para a execução do curso é um computador com configurações mínimas necessárias para o acesso à internet, capaz de explorar os recursos de áudio e vídeo. Outra mídia necessária é um material impresso, direcionando as atualizações e reciclagens, tanto sobre a utilização do ambiente virtual quanto um guia com o conteúdo trabalhado. O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) ou Learning Management System (LMS) é definido como 69 [...] um software que automatiza a administração de eventos de treinamento. Este ambiente dispõe de ferramentas que facilitam a interação dos participantes, auxiliam na estruturação da informação, como por exemplo: área para material didático, repositório para arquivos, ambiente para discussões assíncronas e síncronas, entre outras (CHAMOVITZ, 2010, p. 10) A gestão eficiente de um curso de EAD pressupõe que o gestor conheça as mídias (meios) e tecnologias disponíveis, a saber: material impress o, correspondência, rádio, televisão, teletextos, videotextos, vídeo e audiocassetes, videodiscos, telefone, teleconferências, videoconferências, material didático – dispositivos e materiais para utilização doméstica, computadores para ensino da informática e tratamento de texto, correio eletrônico e conferências, assim como cursos assistidos pelo computador. Alguns desses meios podem ser utilizados de forma combinada. (CHAMOVITZ, 2010) 70 3 TREINAMENTO POLICIAL NA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) constantemente busca a melhoria da prestação de seus serviços à comunidade. Nesse aspecto, vários são os caminhos para o alcance desse objetivo, como: o aperfeiçoamento das técnicas e táticas operacionais, a atualização das normas e doutrinas de emprego, a aquisição de equipamentos modernos e eficazes, o uso das novas tecnologias para potencializar as ações policiais, a melhoria da capacitação de seus integrantes por meio de formação profissional de qualidade e treinamento efetivo, dentre outros. Nesse contexto se enquadra a importância da educação profissional na PMMG. Como é sabido, de nada adianta ter todos os recursos e tecnologias à mão se quem vai operá-los não tem a capacitação adequada para o seu correto manejo. Da mesma forma, nenhuma serventia têm as normas e doutrinas operacionais se aqueles que estão executando as ações de polícia ostensiva nas ruas não as conhecem ou não sabem como interpretá-las corretamente. Nos dias atuais, nos quais o mundo está globalizado, interligado por meio das redes sociais, e a população tem conhecimento de seus direitos, garantias e do papel das polícias junto à comunidade, não cabe mais o empirismo e o amadorismo. As ações dos órgãos governamentais são cada vez mais vigiadas e as cobranças são por resultados que realmente atendam aos anseios da população ordeira. Na área de educação profissional não poderia ser diferente. Vários foram os investimentos realizados para a adequação e modernização das atividades de formação, aperfeiçoamento, especialização e treinamento dos policiais militares da PMMG. Neste sentido, a Educação de Polícia Militar (EPM) teve profundas transformações no período em estudo, desde a elevação da Academia de Polícia Militar (APM) a órgão gestor da EPM na PMMG - atribuição antes executada pela Diretoria de Recursos Humanos (DRH) e, antes ainda, pela Diretoria de Ensino (DE) - até a criação de novas Unidades de execução do ensino e do treinamento, como é o caso dos Centros de Formação e Aperfeiçoamento de Sargentos (CFAS) e de Treinamento Policial (CTP). Vale ressaltar que as mudanças não se resumiram à estrutura dos órgãos, sendo verificada, ainda, a atualização metodológica e pedagógica na execução das atividades educacionais, bem como significativa 71 reforma normativa. Em 2005, é considerada Instituição de Educação Superior integrante do Sistema Estadual de Educação, conforme credenciamento contido no Decreto Estadual s/nº, de 29 de novembro de 2005, publicado no Diário Oficial de 30 de novembro de 2005. (MINAS GERAIS, 2010a) Mesmo com todas as transformações elencadas muitas são as demandas ainda pendentes na EPM para que essa atividade possa alcançar o patamar desejado para contribuir de maneira eficiente e incontestável para o sucesso pleno da PMMG. Vale ressaltar que a execução da ação policial militar demanda, por si só, necessita de constante aprimoramento e atualização de seus servidores, por tratarse de uma atividade complexa e tendo em vista que o Policial Militar tem o poder de interagir com o cotidiano da sociedade como um todo, tanto de forma preventiva como repressiva. No mundo atual, caracterizado pelo crescimento desordenado dos grandes centros urbanos, pelo aumento significativo da criminalidade e violência e pelo grande desequilíbrio econômico e social, as instituições policiais ganharam notoriedade, tornando-se foco das atenções da sociedade e vitrine das ações do Estado. Com o quadro de crise social instalado os governos se veem obrigados a adotar medidas para minimizar os efeitos da crise e restaurar o clima de tranquilidade e de paz social. Atenta às demandas de segurança decorrentes do cenário atual, o Comando da PMMG editou a sua Diretriz Geral para Emprego Operacional nº 3.01.01/2010 (DGEOp). O documento trata da necessidade de transformações urgentes nas polícias esclarecendo que [...] em decorrência das transformações sociais, as corporações policiais iniciaram o gradual e paulatino processo de rompimento com o modelo histórico até então estruturado, passando a se adequar à nova realidade social, às modernas práticas democráticas e ao exercício pleno da cidadania. Iniciou-se uma etapa de transição, buscando a conformação de uma polícia de controle para polícia cidadã. (MINAS GERAIS, 2010e, p. 11) Neste contexto, para que a ação policial seja exitosa, os seus aspectos diretivos de planejamento devem ser fundados nas normas e princípios que regem a administração pública, mormente os ligados à segurança pública. No caso específico da PMMG, tem ocorrido um grande esforço na consolidação de diretrizes para 72 orientar e direcionar as ações preventivas de contenção da violência e da criminalidade no Estado de Minas Gerais. A DGEOp reporta, como base de sua elaboração, ao artigo 144 da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, que trata da competência das polícias militares e ao princípio constitucional da eficiência na administração pública, previsto no caput do artigo 37 do mesmo diploma legal. Refere-se, ainda, ao Plano Estadual de Segurança Pública de Minas Gerais e aos eixos essenciais da segurança brasileira, definidos pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), em especial o desenvolvimento de ações preventivas, planejadas e focalizadas. O documento reforça, ainda, o objetivo e a importância do treinamento na vida de qualquer profissional de segurança pública e orienta as Unidades de direção intermediária quanto à real necessidade de empreender esforços para o alcance dos resultados planejados. o treinamento deve estar integrado à vida diária do militar como sustentação dos conhecimentos e das habilidades próprias da especialidade, adquiridos no período de formação, complementando conhecimentos, por intermédio da prática de novas técnicas, e mantendo o estado físico dos militares em nível adequado ao trabalho. [...] é necessário que o militar se mantenha sempre atualizado e receptivo a novos ensinamentos e técnicas, pilares da evolução e eficiência de qualquer profissional. O treinamento efetivo e a obtenção de equipamentos modernos constituem a base fundamental da atuação do militar, devendo as Regiões da Polícia Militar empreender os esforços necessários para que o militar tenha capacitação técnica suficiente para desempenhar, com eficiência e eficácia, as ações e operações típicas de sua atividade. (MINAS GERAIS, 2010e, p. 39) Assim, para a implementação de ações e operações policiais que ofereçam resultados para a segurança pública torna-se imperioso que o efetivo da instituição policial esteja alinhado com os seus preceitos normativos. Para tanto, o treinamento é uma importante e fundamental ferramenta institucional na preparação de seus integrantes para o cumprimento da missão institucional. Certo é que o planejamento institucional deve ser fruto de divulgação e treinamento de toda a tropa para a sua implementação. Nas Diretrizes para a Educação de Polícia Militar (DEPM) 16 fica clara essa estratégia da PMMG em 16 Aprovadas pela Resolução nº 4.068, de 09 de março de 2010. (MINAS GERAIS, 2010a) 73 associar seu planejamento operacional a uma fonte de divulgação para a capacitação de seus policiais, a saber: Art. 1º - A Educação de Polícia Militar é um processo formativo, de essência específica e profissionalizante, desenvolvido de forma integrada pelo ensino, treinamento, pesquisa e extensão, que permitem ao militar adquirir competências que o habilitem para as atividades de polícia ostensiva, preservação da ordem pública e defesa territorial, alicerçadas na lei e nos valores institucionais, com foco na preservação da vida e na garantia da paz social. (MINAS GERIAS, 2010a, p. 7) Na atual concepção das normas educacionais da PMMG, o Treinamento de Polícia Militar (TPM) segue uma rotina de execução regulamentada, especificamente, pelas Diretrizes de Educação da Polícia Militar (DEPM), pelo Regimento da Academia de Polícia Militar (RAPM) e pelo Regimento do Centro de Treinamento Policial (RCTP). O artigo 27 das DEPM, traz a definição de Treinamento de Polícia Militar (TPM) como sendo: Art. 27. O TPM, evento de educação continuada, compreende as atividades desenvolvidas posteriormente às de ensino, de maneira a fomentar a aquisição ou atualização, em curto prazo, de conhecimentos, habilidades e atitudes relativas à prática profissional, de forma a desenvolver competências específicas, de acordo com as tarefas e cargos existentes, sendo desenvolvido por meio dos seguintes tipos: I – Treinamento Extensivo (TE): a) Técnico (TT); b) Tático (TTa); c) Educação Física (TEF); d) Defesa Pessoal Policial (TDPP); II – Treinamento Intensivo (TI): a) Policial Básico (TPB); b) com Arma de Fogo (TCAF); c) Complementar (TC); (MINAS GERAIS, 2010a, p. 18) De forma similar, a Resolução nº 4.084, de 11 de maio de 2010 (MINAS GERAIS, 2010b), que trata do RAPM, e o RCTP, aprovado pela Resolução nº 4.095, de 26 de julho de 2010 (MINAS GERAIS, 2010c), trazem o mesmo conceito para o TPM, em seus artigos 23 e 6º, respectivamente. O TPM está devidamente definido na norma que trata de sua organização na PMMG, sendo detalhado de forma a contemplar ações que possam propiciar o aprimoramento dos conhecimentos, habilidades e atitudes, visando o desenvolvimento de competências voltadas para o exercício da ação policial dos 74 integrantes da PMMG. Percebe-se uma preocupação da norma em criar uma rotina de treinamento capaz de interligar diversas ações em prol do aperfeiçoamento profissional. Os diversos tipos de treinamento constantes das normas educacionais da PMMG revelam a intenção de propiciar um ambiente repleto de oportunidades para o desenvolvimento profissional de seus integrantes, apesar de possuírem objetivos, periodicidade e ações diferenciadas entre si, mas complementares, quando vislumbrada a capacitação profissional como um todo. Nesse sentido, o objetivo do treinamento na PMMG é o de propiciar a todos os policiais militares mineiros, quaisquer que sejam as suas atividades profissionais, oportunidades de manutenção da sua capacitação técnica. Para melhor entendimento da organização e estrutura do treinamento na PMMG é necessário reportar às normas educacionais. No tocante a estrutura, o Sistema de EPM é composto conforme previsto no artigo 6º da Resolução nº 4.068/2010 (DEPM): [...] I – em nível tático, pela Academia de Polícia Militar (APM), como Unidade central e gestora, considerada Instituição de Educação Superior integrante do Sistema Estadual de Educação, conforme credenciamento contido no Decreto Estadual s/nº, de 29 de novembro de 2005, publicado no Diário Oficial de 30 de novembro de 2005; II – em nível operacional, pelos Centro de Pesquisa e Pós-graduação (CPP), Centro de Ensino de Graduação (CEG), Centro de Ensino Técnico (CET), Centro de Treinamento Policial (CTP), Centro de Administração de Ensino (CAE) e pelas Unidades de Execução Desconcentrada: a) Companhias de Ensino e Treinamento (Cias ET); b) Núcleo de Formação Aeronáutica; c) Núcleo de Formação de Condutores; d) Núcleo de Treinamento de Inteligência; e) Adjuntorias de Ensino e Treinamento (Adjs ET). § 1º O EMPM, em nível estratégico, é responsável pela supervisão e acompanhamento do sistema de EPM. [...] (MINAS GERAIS, 2010a, p. 10) De forma similar, a estrutura do Sistema de EPM é retratada no RAPM e no RCTP, artigos 2º e 4º, respectivamente. A organização da EPM está retratada no artigo 7º e 8º das DEPM e detalhada nos artigos seguintes. 75 Art. 7º A EPM compõe-se dos seguintes níveis: I – Técnico – destinado à formação e à atualização de Praças da Corporação; II – Superior – destinado à graduação e à especialização dos Oficiais da Corporação. Art. 8º A EPM é desenvolvida por meio das seguintes modalidades: I – presencial – pressupõe a presença física simultânea do discente e do docente no mesmo ambiente; II – semipresencial – implementada com a conjugação de atividades presenciais obrigatórias e outras formas de orientação pedagógica, desenvolvidas sem a presença física simultânea do discente e do docente, no mesmo ambiente; III – a distância – implementada para a autoaprendizagem do discente, com a mediação de recursos didáticos, sistematicamente organizados e apresentados em diferentes meios de comunicação; IV – continuada – implementada para ampliar e atualizar as competências desenvolvidas pelo militar nas atividades de ensino, pesquisa, treinamento e extensão da EPM, necessárias à qualificação para a ocupação e desempenho de cargos. (MINAS GERAIS, 2010a, p. 11) Os cursos e treinamentos são divididos em nível superior e técnico, podendo ocorrer nas diversas modalidades previstas nas normas. Dentre as modalidades é importante destacar a continuada, prevista no inciso IV do artigo 8º das DEPM, sendo [...] implementada para ampliar e atualizar as competências desenvolvidas pelo militar nas atividades de ensino, pesquisa, treinamento e extensão da EPM, necessárias à qualificação para a ocupação e desempenho de cargos. (MINAS GERAIS, 2010a, p. 11) Essa modalidade é o treinamento, ou, na linguagem das DEPM, trata-se do Treinamento de Polícia Militar (TPM). O TPM realizado na PMMG compreende especificidades próprias para cada um de seus tipos: extensivo e intensivo. O Treinamento Extensivo (TE) [...] consiste na transmissão de orientações e recomendações atualizadas acerca de qualidades específicas exigidas no trabalho policial, de modo a estimular e promover a efetividade operacional e administrativa. (MINAS GERAIS, 2010a, p. 21) Já o Treinamento Intensivo (TI) [...] consiste em atividades educacionais periódicas focadas na transmissão, em um curto período de tempo, de conhecimentos atualizados, acerca da atividade policial-militar, ou daqueles que com ela possuam afinidade, visando a potencializar os conhecimentos gerados nas atividades de ensino. (MINAS GERAIS, 2010b, p. 22) 76 Tanto o TE quanto o TI possuem conceituações próprias para cada um de seus tipos, tendo diferentes periodicidades e objetivos, próprios para cada tipo, conforme descrito no QUADRO 5. Quadro 5 Síntese do funcionamento do treinamento. Tipo Espécie Técnico EXTENSIVO Tático Detalhamento da Espécie Teórico ou prático Quinzenal Responsável pela Aplicação Adj.ET Treinamento pré-empenho Diário Oficial/Praça resp. p/ turno Treinamento Semanal Avaliação Bienal Frequência Educação Física Defesa Pessoal Policial - Quinzenal Treinamento Anual Avaliação Bienal com Arma de Fogo CTP, Cia.ET, Núcleo de Treinamento de Inteligência e Adj.ET 42 h/a Específico Bienal COMPLEMENTAR POLICIAL BÁSICO Itinerante 34 h/a INTENSIVO Oficial de Ed. Física da Unidade CTP, Cia.ET, Núcleo de Treinam. de Inteligência e Adj.ET Responsável pela Defesa Pessoal Policial da Unidade Oficial de Tiro da Unidade CTP, Cia.ET, Núcleo de Treinam. de Inteligência e Adj.ET Cia.ET e Adj.ET Especial 32 h/a Bienal CTP, Cia.ET e Adj.ET Diferenciado 20 h./a. a distância 80 h./a. Presencial Após convocação ou designação CTP, Cia.ET e Adj.ET Distância Vídeo treinamento Bienal Cia.ET e Adj.ET De acordo com programações específicas Unidades executoras do evento e entidades de ensino fora da PMMG Estágios, Cursos de Extensão/ Aperfeiç./ Especializ. Seminários / Congressos - Outros não previstos Fonte: Extraído do Anexo B das DEPM (MINAS GERAIS, 2010a, p. 164). Público a ser Treinado Todo efetivo Todo efetivo empenhado operacionalmente Todo efetivo Todo efetivo Todo efetivo Oficiais intermediários e subalternos e Praças (QOPM/QPPM/ QOA) Praças (QPPM Cia. e Pel. destacados) Oficiais Superiores do QOPM e Oficiais e Praças Especialistas (QOS, QOE, QOC e QPE) Militar reconvocado ou designado para funções operacionais (afastamento superior a um ano) Praças de Frações destacadas (Cia. e Pel., Dst. e Subdst.) PM aprovado em processo seletivo e/ou indicados pela PMMG 77 Como se pode observar, estrutura organizacional disponibilizada, conjugada com a vasta gama de treinamentos aplicáveis ao efetivo policial militar não deixam dúvidas quanto à preocupação e à importância dispensada para esta atividade na PMMG. Tal abrangência leva à conclusão de que qualquer demanda de treinamento pode ser enquadrada em um dos tipos citados, facilitando a sua organização e atribuindo, de imediato, regras próprias para o seu planejamento, execução e controle, além das competências para a sua realização. E isso não poderia ser diferente, uma vez que, em instituições como a PMMG, caracterizada pelo diversificado portfólio de serviços, com grande efetivo e ainda disperso nas mais longínquas localidades mineiras, tem-se que o treinamento deve propiciar uma padronização de ações e comportamentos para que a qualidade na atuação seja, no mínimo, de nível aceitável para a sociedade. Para que isto ocorra cuidados com a capacitação dos militares devem ser tomados, permitindo constantes atualizações e modernização dos conceitos e técnicas. Somente assim pode-se conquistar a confiança da população e garantir eficiência na prestação dos serviços de segurança pública. 3.1 A importância do Treinamento na Polícia Militar de Minas Gerais Nas instituições policiais militares, especificamente na PMMG, as necessidades de treinamentos são as mesmas das demais instituições. A Polícia Militar detém uma complexa gama de atribuições, advindas de sua missão constitucional. Neste contexto é que surge a importância do treinamento profissional na PMMG. Algumas características institucionais como a diversidade de atividades e funções, o grande número de pessoas que integram a instituição e a distribuição destas em todo Estado, demandam uma estratégia particular em relação ao desenvolvimento de seu capital humano. A Polícia Militar, como já dito, presente em todos os municípios mineiros, possui um sistema de educação continuada, previsto nas normas educacionais, que visa ao nivelamento do treinamento aplicado a todos os seus integrantes. Tal 78 situação se deve à necessidade de oferecer uma atualização intensiva aos seus policiais militares visando ao aprimoramento das técnicas e condutas voltadas à prática policial. A eficiência na aplicação desse treinamento é o grande desafio Institucional, pois depende de investimentos para a sua realização, inclusive desconcentrada nas inúmeras Frações destacadas 17 em todo Estado. Muitas são as dificuldades, principalmente as ligadas à falta de recursos orçamentários e financeiros e à falta de efetivo para suprir as demandas operacionais, quando da disponibilização de efetivo para o treinamento. Com vistas à superação desses desafios é que estão previstos nas normas educacionais da PMMG todos os tipos de treinamento já descritos neste trabalho. Na mesma direção, demonstrando a importância do treinamento na PMMG é que o Plano Estratégico18 2009 - 2011 da PMMG denota, por meio de suas estratégias e ações prioritárias, uma preocupação institucional com o treinamento, buscando o aprimoramento institucional do TPM para melhorar a eficiência de seus profissionais. No documento há a previsão de atividades institucionais voltadas ao treinamento profissional, delineadas como estratégias de gestão da educação profissional e seus desdobramentos em ações de comando que visam melhorar o desempenho do treinamento na PMMG, a saber: 17 18 é o termo genérico dado aos elementos de uma Organização Policial Militar que estão sediados fora do município sede da Unidade, podendo ser até o escalão Destacamento Policial-Militar (Dest. PM - é o módulo básico de atuação da Polícia Militar no interior) (MINAS GERAIS, 2010e) Plano estratégico é “[...] um documento elaborado para detalhar e governar o rumo da organização, com propósito de orientar o estabelecimento de ações táticas e operacionais, sendo um instrumental técnico que expressa a definição das decisões do nível estratégico dentro do processo de gestão”. (MINAS GERAIS, 2009, p. 10) 79 8.7.1 - Assegurar que a formação, a capacitação e o treinamento possam garantir os resultados finalísticos traçados pela Instituição. [...] 8.7.1.3 - Revisar as malhas curriculares dos diversos cursos e treinamentos, de forma a incorporar as inovações tecnológicas... [...] 8.7.1.5 - Reformular o Treinamento Policial quanto à forma de realização, seu conteúdo e [...] 8.7.1.6 - Elaborar e implementar treinamento complementar específico aos Comandantes de Cia., [...] 8.7.1.7 - Qualificar os integrantes do Estado Maior dos níveis estratégico, tático e operacional, [...] 8.7.1.8 - Realizar treinamento e acompanhamento permanente dos teleatendentes do 190, [...] [...] 8.7.1.10 - Elaborar capacitação de pessoal por área administrativa (P/1, P/3, P/4 e P/5), [...] [...] 8.7.1.13 - Implementar o Treinamento Complementar para as atividades especiais e especializadas, [...] 8.7.3 – Consolidar a Educação da Polícia Militar a distância. 8.7.3.1 – Estudar os modelos de EAD existentes nas diversas instituições de ensino e na própria PMMG. (MINAS GERAIS, 2009, p. 68, grifo nosso) Verifica-se, inclusive, a criação de uma estratégia voltada exclusivamente para o aprimoramento da EAD na PMMG, incluindo o treinamento como um dos focos do estudo, conforme abordado em seção específica deste trabalho. Quanto à importância do treinamento na PMMG, várias foram as mostras de sua valorização e do cuidado que a instituição tem no trato do assunto. Certo é que, apesar das grandes dificuldades do Estado em gerir suas receitas para maiores investimentos no setor, o treinamento da PMMG ainda mantém uma adequada estrutura e um razoável conceito junto às demais instituições públicas. Tudo isso se deve a uma cultura organizacional voltada a manutenção de valores institucionais que refletem o anseio por uma polícia sempre exemplar e que tem excelência nos seus serviços de proteção social. Nesse sentido, questões indissociáveis são a importância do treinamento e a qualidade e eficiência na prestação de serviços para a comunidade. O treinamento profissional “[...] é um processo de desenvolver qualidades nos recursos humanos para habilitá-los a serem mais produtivos e contribuir melhor para o alcance dos objetivos organizacionais”. (SANTOS, 2006, p. 18). No mesmo sentido e confirmando a importância do treinamento na qualidade e eficiência na prestação de serviços Meireles (1991) esclarece que 80 o dever de eficiência é o que impõe a todo agente público realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. A eficiência funcional é, pois, considerada em sentido amplo, abrangendo não só a produtividade do exercente do cargo ou da função, como a perfeição do trabalho e a sua adequação técnica aos fins visados pela administração, para o que se avaliam os resultados, e aperfeiçoa-se o pessoal através da seleção e treinamento. (MEIRELES, 1991, p. 86) Infere-se, pois, que o aprimoramento do desempenho do funcionário acarreta, consequentemente, na melhor produtividade deste e na maior eficiência da instituição junto ao seu público-alvo ou clientes potenciais. É sempre importante salientar que cada vez mais o capital humano se torna uma peça fundamental nas instituições, deixando de ser um mero meio de produção para assumir o papel de diferencial no desenvolvimento organizacional. Portanto, é por meio do treinamento que as organizações podem agregar valores e conhecimentos que possibilitam a sedimentação e o desenvolvimento de competências profissionais que são capazes de alavancar o processo produtivo na direção do avanço institucional. 3.2 Evolução histórica do Treinamento de Polícia Militar (TPM) Reportando à história recente das instituições policiais militares, mesmo antes das grandes alterações nas normas relativas à missão das Polícias Militares, que originaram alterações significativas na sua atuação, já havia uma preocupação em melhor capacitar os policiais militares para sua atuação junto à sociedade. Nesse contexto e, conforme citam historiadores, as primeiras manifestações nesse sentido ocorreram, em meados de 1900, no Estado de São Paulo, por intermédio de seu Presidente, à época Borges Tibiriçá, possibilitando a ampliação dessas ações para Minas Gerais. Segundo Marco Filho (1995, p. 19), “[...] além de dotar a Força Pública Paulista de excelente equipamento, não se esquecendo do adestramento de seus componentes, propiciou ao governo mineiro condições de, também, instruir sua tropa, com o envio de técnicos paulistas”. A visão de futuro do Governo Paulista da época propiciou um investimento em sua instituição policial militar, vindo a refletir na então Força Pública Mineira na forma de envio de técnicos para treinar a tropa. 81 Ainda segundo o autor, em 24 de dezembro de 1912, o governo de Minas Gerais, visando uma melhor capacitação dos militares, contratou, por dois anos, o Capitão Roberto Drexler, do exército suíço, comissionando-o ao posto de Coronel. (MARCO FILHO, 1995) A missão do oficial suíço era capacitar os instrutores para disseminação das técnicas, táticas e outros assuntos, e atribuir caráter mais profissional à atuação da instituição policial militar. Tamanha foi a importância e o sucesso da atuação do Coronel Drexler que o feito é considerado o marco histórico da atividade educacional na PMMG. Apontando para essa questão, Marco Filho e Almeida Júnior (1991, p. 10) citam que “[...] sendo 1912 o marco inicial da formação profissional sistematizada, com a contratação de Roberto Drexler, capitão do exército suíço, comissionado coronel da Força Pública [...]”, atribuindo ao feito o início da educação profissional na PMMG, sendo o embrião da denominada „instrução de tropa‟. De igual forma Cotta (2006), retrata o início da atividade de „instrução‟ na Força Pública de Minas Gerais, detalhando, ainda, que em 1913 foi também contratado Rodolpho Drexler, filho do Coronel Drexler, para auxiliá-lo na sua tarefa. Tal fato é confirmado por Marco Filho e Almeida Júnior (1991). Importante considerar que, no contexto institucional da época, quando da implantação das atividades educacionais na PMMG, o ensino e o treinamento, este último ainda denominado „instrução‟, eram tratados de forma similar e conjunta, e tinham conteúdo de cunho basicamente militarista, concomitante com as características da missão e competência das Polícias Militares vigentes à época. Conforme afirmam Marco Filho (1995) e Cotta (2006), devido às condições da época, não era possível treinar todo o efetivo da corporação de uma só vez, motivo pelo qual foram criados grupamentos de instrução, formados por uma companhia de cada um dos quatro batalhões da época, que recebiam treinamento durante um ano. Esse treinamento encerrou-se em 1920, quando todo o efetivo foi então instruído. Ressaltam os autores que o efetivo da cavalaria foi instruído por um Capitão da Polícia de São Paulo, contratado para este fim. Segundo Cotta (2006) o Coronel Drexler procurou organizar diversos manuais de instrução e foi o mentor do Decreto nº 4.380, de 11 de maio de 1915, que regulava a „instrução da Força Pública‟, subdividindo-a em moral, intelectual e técnica, sendo a última nas formas individual, de subdivisão, de unidade e de corpo. 82 Conforme Cotta (2006, p. 97) no ano de 1927 “[...] o Corpo Escola recebeu sua normatização e se destinaria ao preparo técnico do pessoal da Força Pública e suas instruções seriam dadas a oficiais e praças [...]”. A instrução era dividida em teórica e prática, conforme estabelecido pelo Coronel Drexler. Várias foram as evoluções na educação profissional da PMMG retratadas a partir de então, sendo uma das mais representativas a criação da Escola de Sargentos em 25 de fevereiro de 1928, criada por influência do Tenente do Exército Brasileiro em comissão na Força Pública, José Carlos Campos Cristo. A escola daria condições às praças de chegarem ao oficialato. Em 1931, devido a represálias políticas decorrentes da Revolução de 1930, a escola foi extinta. O Corpo Escola, destinado ao reenquadramento de militares, foi transformado em Batalhão Escola e assumiu as atividades da Escola de Sargentos. O professor João Batista Mariano elaborou o plano de curso que foi aprovado e a escola iniciou suas atividades (COTTA, 2006) Outra evolução foi a criação do Departamento de Instrução (DI) em 1934. Conforme Marco Filho e Almeida Júnior (1991) e Cotta (2006), os antecedentes da criação do DI começaram logo após a Revolução de 1930, quando um grupo de oficiais superiores convidou o professor João Batista Mariano para ministrar instruções aos oficiais. Tal fato se deu devido à preocupação quanto à carência técnica dos oficiais da época. Ao detectar a carência, o professor Mariano elaborou um „Plano de Curso Técnico-Militar e Propedêutico‟ que foi colocado em prática e logo disputado por diversos batalhões. Já no ano de 1932, o Presidente do Estado, em visita a uma Unidade da Força Pública, conheceu os bons resultados do curso e nomeou o professor João Batista Mariano ao cargo de professor complementar da Força Pública e determinou a criação de um Departamento de Instrução, aberto a todos os militares estudiosos. Assim, pelo Decreto nº 11.252, de 02 de março de 1934 foi criado o DI, ocupando as instalações onde já funcionava o Batalhão Escola. Em 16 de abril de 1934, iniciaram as aulas do Curso de Formação de Oficiais. Em 1936, foi formada a „missão militar instrutora‟ que, conforme Colomarte (1985), atuou no DI e era composta por um grupo de oficiais do Exército Brasileiro, atuando até 1948, nas atividades educacionais. Outro fato importante e que caracteriza a constante preocupação com o treinamento dos policiais militares, foi a preparação de uma coletânea de textos intitulada „Lições de Instrução Policial‟ que visava estabelecer diretrizes para o 83 treinamento policial nos destacamentos 19. O material foi elaborado pela equipe da Diretoria Técnica do Ensino Policial do DI. A estratégia consistia na apresentação do conteúdo pelo comandante do destacamento. (COTTA, 2006) Em 1955, quando da criação da Companhia de Policiamento Ostensivo em Belo Horizonte, que recebia a incumbência de realizar o policiamento ostensivo preventivo no município, novamente a Corporação deu mostras de sua preocupação com o treinamento. Devido à criação da Companhia de policiamento, comandada pelo Capitão Antônio Norberto dos Santos, foi criado um treinamento intensivo específico para os seus integrantes, cujo programa foi escrito pelo próprio Capitão Norberto. O treinamento durava dois meses e abordava temas como: ação policial, armas e instrumentos de crime, ataque e defesa, boas maneiras, conhecimento básico de leis e instrução militar. A Companhia somente iniciou os seus serviços em 20 de agosto de 1956 (COTTA, 2006). Em decorrência da experiência adquirida, dos vastos estudos e do entusiasmo pela atividade de treinamento na PMMG, o Capitão Norberto transformou seus escritos em manual, que foi publicado em 1961, aprovado pelo Comando da Corporação, publicado no Boletim do Comando Geral nº 59, de 14 de março de 1961. O livro é considerado um marco na produção doutrinária da PMMG, tornando-se “[...] um manual sagrado e veio a ser o principal instrumento de instrução para oficiais e praças [...]”. (RODRIGUES, 1994, p. 22) A grande questão que envolveu o Manual foi a descrição precisa das abordagens, principalmente em se tratando de um momento histórico em que se privilegiava a formação militar em detrimento da policial, além da evidente carência doutrinária que imperava à época. Segundo Rodrigues (1994), o manual criado foi uma grande antecipação no tempo, em referência à percepção do autor sobre os novos rumos que as instituições policiais militares assumiriam em breve. Em 1965 foi divulgada diretriz do Comando da PMMG, na qual o EstadoMaior da instituição orientava a criação de apostilas pelos comandos das Unidades que serviriam de fontes de consulta para o treinamento da tropa a distância, havendo, após algum tempo, uma avaliação do estudo por meio de uma prova escrita. (LOPES; SOUZA, 1987; BRACARENSE,1992) 19 é o módulo básico de atuação da Polícia Militar no interior. (MINAS GERAIS, 2010e). 84 Devido às mudanças da legislação nacional, referentes à competência para atuação das Polícias Militares, surgiu uma das grandes demandas por capacitação e treinamento nas instituições policiais brasileiras. Tais alterações foram impetradas pelo Decreto-Lei nº 317, de 13 de março de 1967, e acrescidas logo após pelo Decreto-Lei nº 667, de 02 de julho de 1969 e Decreto-Lei nº 1.072, de 30 de dezembro de 1969. Anteriormente, vigorava a Lei Federal nº 192, de 17 de janeiro de 1936, que tratava em seu artigo 2º da atribuição das Polícias Militares de exercer funções de vigilância e garantia da ordem pública, garantir o cumprimento da lei, a segurança das instituições e o exercício dos poderes constituídos e atender a convocação do governo federal em casos de guerra externa ou grave comoção. (BRASIL, 1936) Assim, a principal e mais significativa alteração criada pelo Decreto-Lei nº 317/67 consistia, em seu artigo 2º, na competência das Polícias Militares de realizar, em caráter preventivo, o policiamento ostensivo fardado. Passados apenas dois anos, o Decreto-lei nº 667/69, em seu artigo 3º, atribui caráter exclusivo nas atividades de policiamento ostensivo, dando, então, a redação do texto vigente até os dias atuais, conforme descrito a seguir: Art. 3º Instituídas para a manutenção da ordem pública e segurança interna nos Estados, nos Territórios e no Distrito Federal, compete as Polícias Militares, no âmbito de suas respectivas jurisdições: a) executar com exclusividade, ressalvadas as missões peculiares das Forças Armadas, o policiamento ostensivo, fardado planejado pelas autoridades policiais competentes, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos; b) atuar de maneira preventiva, como força de dissuasão, em locais ou áreas específicas, onde se presuma ser possível a perturbação da ordem; c) atuar de maneira regressiva, em caso de perturbação da ordem, precedendo o eventual emprego das Forças Armadas; d) atender à convocação do Governo Federal, em caso de guerra externa ou para prevenir ou reprimir grave subversão da ordem ou ameaça de sua irrupção, subordinando-se ao Comando das Regiões Militares para emprego em suas atribuições específicas de polícia militar e como participante da Defesa Territorial. (BRASIL, 1969b, grifo nosso) As mudanças necessárias na atuação das Polícias Militares, advindas do novo texto, trouxeram a necessidade de uma drástica mudança na forma de atuação destas, decorrente da competência de executar, de forma preventiva e com exclusividade, o policiamento ostensivo fardado. Até então, as Polícias Militares eram eminentemente aquarteladas e atuavam repressivamente nas situações de perturbação da ordem pública, tendo caráter exclusivamente militar na sua atuação. 85 Diante da necessidade da PMMG de manter o seu efetivo em plenas condições de emprego para concretizar, por meio de suas ações operacionais, os objetivos elencados na missão dada pela normativa federal, a preocupação institucional com a capacitação de seu efetivo foi uma constante da época. Segundo Lopes e Souza (1987, p. 5), “[...] assistiu-se, a partir de 1970, a um vertiginoso progresso, tanto na instrução como no ensino”. No mesmo sentido Rodrigues (1994, p. 22) cita que “[...] o que se viu na década de 70 foi a descentralização de frações e a necessidade de adequar-se às novas missões”. Para Bracarense (1992, p. 23), “[...] a missão da Corporação ficou bem delineada, o que exigia uma mudança no preparo do homem, para uma tarefa nova, muito diferente do acantonar, do matar. Era preciso inteirar, participar, socializar”. Os autores demonstram a grande mudança provocada pela alteração da competência das Polícias Militares. Completa Bracarense (1992), [...] a necessidade de reestruturar o currículo, tanto para a formação como para a instrução, levou a Corporação a editar novas diretrizes, à procura do modelo adequado a um treinamento novo, consentâneo com a nova realidade. (BRACARENSE, 1992, p. 23) Para Lopes e Souza (1987), a mudança era visível, pois naquela época era comum presenciar um grupamento de policiais militares no pátio do DI, pela primeira vez utilizando um uniforme diferente com boné e cinto de guarnição brancos, recebendo instruções de como proceder à fiscalização de trânsito nas ruas. Até então, como já citado, a instrução confundia-se com o ensino na organização das ações educacionais. Segundo Bracarense (1992), A partir do ano de 1979, a Corporação passa a editar anualmente, Normas para o Planejamento e Conduta da Instrução – NPCI, calcadas nas Diretrizes Gerais para o Ensino e a Instrução – DGEI, editadas pelo Exército Brasileiro [...]. (BRACARENSE, 1992, p. 24) Tratava-se da primeira norma educacional que orientava, exclusivamente, a execução do treinamento na PMMG, ainda denominado „instrução‟. No ano de 1981, criou-se nas Normas para o Planejamento e Conduta da Instrução (NPCI) daquele ano, a „instrução intensiva‟. Buscava-se um método de treinamento que atingisse a todo o efetivo da PMMG. (RODRIGUES, 1994) 86 A „instrução‟ era dividida em extensiva e intensiva. A extensiva era realizada diária e semanalmente, por meio da disseminação de informações operacionais e administrativas e atividade física (semanal). A intensiva consistia em treinamento realizado trienalmente com recolhimento de duas semanas para aulas específicas. (COLOMARTE, 1985) Com base no citado por Bracarense (1992), foi por meio da Resolução nº 1.477, de 29 de novembro de 1985, que a PMMG experimentou a sua primeira atividade educacional na modalidade a distância. A tecnologia adotada foi a correspondência (serviços postais). A iniciativa ocorreu nos Cursos Intensivos de Formação de Cabos e Sargentos. A metodologia consistia na aplicação de um módulo a distância, por meio de autoestudo com apostilas, e um período acadêmico. No ano de 1988, as NPCI foram editadas com a previsão, pela primeira vez de um treinamento a distância, que foi denominado de „Instrução Técnica Específica Intensiva a distância‟. (BRACARENSE, 1992) Para as NPCI de 1988, com base no descrito por Dematté et al. (1988), a instrução era assim dividida: TIPOS Instrução de Manutenção Instrução Complementar FORMAS DE APLICAÇÃO Extensiva Permanente Intensiva Tiro Educação Física Por recolhimento Técnica específica Itinerante A distância Operacional Administrativa Figura 4 – Tipologia e formas de aplicação da instrução em 1988. Fonte: Elaborado pelo autor com base em Dematté et al. (1988, p. 10). Nos dez anos que seguiram, percebe-se, por meio da análise dos documentos que regularam o treinamento no período, que poucas foram as alterações na concepção do treinamento propriamente dito. 87 A última NPCI que regulou o treinamento na PMMG foi relativa ao quadriênio 1996 a 1999, sendo uma novidade a vigência quadrienal. Nesse documento, várias são as alterações encontradas com relação às NPCI do final da década de 1980, a exemplo do aumento da vigência das normas educacionais, que antes eram editadas para ter validade no período de um ano e passaram para vigorar por quatro anos ou, até mesmo, por período indeterminado. Outras alterações foram a criação da instrução de defesa pessoal como um tipo de treinamento extensivo, a mudança da periodicidade da instrução técnica intensiva de trienal para bienal e a previsão de treinamento extensivo mensal, dentre outras. No ano de 1999, outra mudança significativa foi a substituição das NPCI pela denominada Diretriz para o Treinamento Profissional de Segurança Pública. A principal característica, considerada a mais significativa, pois prevalece até os dias atuais, foi a alteração da nomenclatura que designava a atividade, passando de „instrução‟ para „treinamento profissional‟20. Outra característica é que a norma de treinamento ganha aspecto mais técnico, aproximando-se do disposto nos documentos próprios da área educacional. Principalmente a composição e o planejamento do treinamento são reestruturados na PMMG. Pela primeira vez apareceu nas normas uma ferramenta de controle informatizado do treinamento. O Sistema Informatizado de Treinamento Profissional (SITP), que, inicialmente, seria denominado Sistema Informatizado de Controle da Instrução (SICI), não obstante esta sigla permaneça a mesma até os dias atuais. (MINAS GERAIS, 1999) Assim, as NPCI vigoraram até o ano de 1999, quando o novo formato de diretrizes as substituiu em definitivo. Vale ressaltar que as NPCI tinham força institucional, uma vez que eram assinadas pelo Comandante Geral da PMMG, assim como nas atuais diretrizes, que têm força de Resolução. No ano de 2001, uma significativa alteração ocorreu na estrutura da EPM. Foi a criação do Centro de Treinamento Policial (CTP) que assumiu uma função totalmente nova na estrutura da EPM da PMMG. Coube ao CTP a execução do antigo treinamento intensivo, agora denominado Treinamento Policial Básico (TPB) para todas as Unidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, além do 20 Resolução nº 3.511, de 14 de dezembro de 1999, revoga as Normas para o Planejamento e Conduta da Instrução (1996-1999) e cria as diretrizes para o treinamento profissional da PMMG. (MINAS GERAIS, 1999) 88 planejamento e execução do Treinamento Complementar (TC) para todo o Estado. A ideia era padronizar as ações de treinamento na PMMG por meio de uma execução concentrada dos principais tipos de treinamento existentes, o TPB e o TC. Em 2002, houve nova reestruturação da educação profissional na PMMG. A estrutura de composição do Sistema de Educação Profissional, até então, correspondia, no nível estratégico, à PM-1, no nível tático, a Diretoria de Recursos Humanos (DRH) e, no nível operacional, à APM, ao Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP) e às Companhias Escolas. Com a mudança, a DRH deixou de pertencer ao Sistema de Educação Profissional, dando lugar ao Instituto de Educação de Segurança Pública (IESP), que foi estruturado a partir da APM, passando a ser o órgão gestor da Educação de Polícia Militar na PMMG. Compondo o sistema, são criadas e renominadas as Unidades de execução e apoio à educação profissional. O CFAP passa a denominar-se Centro de Ensino Técnico (CET), cabendo a função de formação e aperfeiçoamento de praças de igual forma à prevista para o antigo CFAP. O Centro de Formação de Oficiais (CFO), antes uma fração da antiga APM, passa a ter autonomia de Unidade independente, sendo denominado Centro de Ensino de Graduação (CEG), mantendo-se as suas funções originárias do antigo CFO. De igual forma, o antigo Centro de Altos Estudos (CeAE), também fração da APM, ganha também sua autonomia administrativa, passando a denominação de Centro de Pesquisa e Pósgraduação (CPP) e mantendo as funções a ele antes designadas. Para compor a estrutura do Sistema, foi criado o Centro de Administração de Ensino (CAE) que visava concentrar as funções administrativas relativas à administração de pessoal e logística de todos os Centros de ensino e treinamento da nova estrutura da APM. Sua criação tinha o objetivo da aliviar as administrações dos demais Centros da APM, que cuidariam somente das questões relativas à EPM. As Frações interiorizadas de execução da educação profissional interiorizadas passam a denominar-se Companhias de Ensino e Treinamento (Cia. ET), sendo localizadas, prioritariamente, nas sedes das RPM. Nas demais localidades, o setor responsável pelo treinamento foi denominado Adjuntoria de Ensino e Treinamento (Adj. ET). Anos mais tarde, especificamente no ano de 2010, foi também criado o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Sargentos (CFAS), que passou a gerir 89 os processos de formação e aperfeiçoamento de Sargentos, antes atribuído ao CET. Este passou, então, a gerir somente o Curso Técnico de Segurança Pública. A evolução do Treinamento de Polícia Militar ao longo dos anos na PMMG, permite constatar que apesar de todas as dificuldades a instituição conseguiu uma boa estruturação do treinamento, possibilitando o crescimento dessa atividade e a obtenção de resultados significativos para a PMMG. 3.3 Normatização do treinamento na PMMG Para um melhor entendimento sobre a disposição das normas sobre treinamento na PMMG é necessária uma contextualização sobre a atual situação destas no cenário nacional e estadual. O objetivo é verificar como as normas internas da PMMG são recepcionadas no ordenamento jurídico nacional e estadual para todos os fins aos quais se destina. Ao observar o que a Carta Magna dispõe em seu artigo 205 21, constata-se que ela trata a educação como dever do Estado, devendo ainda ser promovida por todos os setores para o desenvolvimento da pessoa, dos direitos da cidadania e para a qualificação para o trabalho. Nesse sentido, a PMMG assume o seu papel de mantenedora da capacitação de seus funcionários, uma vez que dedica considerável atenção ao seu sistema de educação, sempre procurando o aprimoramento de seus integrantes e o aperfeiçoamento de suas atividades. No âmbito federal, não pode deixar de ser citada a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN), que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Já no seu artigo 1º, a Lei esclarece que a educação ultrapassa os limites da família e da escola, alcançando o âmbito profissional. A LDBEN trata da finalidade da educação em seu artigo 2º e cita que esta “[...] tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. (BRASIL, 1996) 21 Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988) 90 A LDBEN aborda, de forma particular, sobre a educação profissional voltada para o desenvolvimento de aptidões para o trabalho. Tal assertiva condiz com o apresentado nas normas educacionais da PMMG, o que mostra o alinhamento doutrinário das normas educacionais da instituição militar. Em seu artigo 83, a LDBEN estabelece que “[...] o ensino militar é regulado em lei específica, admitida a equivalência de estudos, de acordo com as normas fixadas pelos sistemas de ensino”. (BRASIL, 1996) Dessa forma, a citada norma permite que normas específicas regulamentem o ensino militar, aqui incluídas as atividades de treinamento, citadas na norma como educação continuada. Explorando a seara estadual, a norma que regulamenta a educação profissional na PMMG é a lei nº 6.260, de 13 de dezembro de 1973, que institui o sistema de ensino da PMMG e define, em seu artigo 4º, parágrafo 4º, o treinamento como atividade do Sistema de Ensino da PMMG. Ressalta-se que a referida Lei já está bastante defasada, inclusive com termos e nomenclaturas que já não existem, tais como: Departamento de Instrução, instruções, Batalhão Escola, dentre outras e que está em processo de atualização por parte da PMMG. Passando ao âmbito interno, na PMMG as normas que estabelecem as diretrizes para o planejamento e execução da EPM, conforme já citado anteriormente, são as DEPM. O documento é fruto de uma evolução normativa que vem de longos anos. Atualmente, vigora a Resolução nº 4.068, de 09 de março de 2010. O documento trata da estrutura e organização, níveis e modalidades da EPM na PMMG. É considerado o principal documento educacional da PMMG, pois rege e disciplina todas as questões voltadas para o seu planejamento, execução, coordenação e supervisão. As DEPM detalham todos os tipos de atividades educacionais possíveis de realização na PMMG e dividem a EPM em quatro pilares que funcionam de forma integrada: ensino, treinamento, pesquisa e extensão. Para este estudo o foco é o treinamento. Nas DEPM, o treinamento é tratado no capítulo IV do título III e é descrito conforme demonstrado no QUADRO 5 do presente trabalho. Especificamente neste trabalho, deve-se dar ênfase ao TPB que é detalhado na FIGURA 5. 91 Treinamento Intensivo Treinamento com Arma de Fogo Treinamento Policia Básico Presencial Específico Especial Itinerante Treinamento Complementar A distância Diferenciado Figura 5 – Descrição esquemática do TPB atual. Fonte: Elaborado pelo autor com base em Minas Gerais (2010a, p. 27). Cabe ressaltar essa particularidade do treinamento na EPM, pois ele, é planejado e executado em todas as Unidades da PMMG, inclusive nas respectivas Frações, ainda que descentralizadas. Tal particularidade dá ao treinamento uma característica muito especial e ao mesmo tempo complexa. Devido à dimensão territorial do Estado e à diversidade cultural, a coordenação e o controle da atividade de treinamento é dificultada, tornando-a passível de distorções das mais variadas. A saída encontrada para tal questão foi a padronização das atividades, que direciona a sua execução nas Unidades e Frações da PMMG. As formas de planejamento e execução das atividades de treinamento também estão delineadas nas DEPM. Fica evidente a tentativa dos criadores da norma de reunir cada detalhe para a padronização de comportamentos e de procedimentos. Trata-se da regra geral do treinamento na PMMG, ficando o detalhamento da sua execução para outros documentos normativos internos. Outra norma que compõe a legislação da EPM é o Regimento da Academia de Polícia Militar (RAPM). Instituído pela Resolução nº 4.084, de 11 de maio de 2010, o documento detalha as questões que envolvem as atividades educacionais. Além disto, a norma detalha a competência de cada setor da APM, seu funcionamento e suas atribuições. Sobre o TPM trata de forma superficial, uma vez que o detalhamento final será atribuído a outra norma que é o Regimento do Centro de Treinamento Policial (RCTP). O RCTP, homologado pela Resolução nº 4.095, de 26 de julho de 2010, desdobra o RAPM nos assuntos referentes ao TPM. O documento traz disposições 92 sobre o planejamento, o desenvolvimento, a coordenação e o controle do TPM na PMMG e, ainda detalha as atividades desenvolvidas pelo CTP, descrevendo as competências, atribuições e atividades correlatas a cada setor. Outros documentos de EPM compõem a legislação do treinamento na PMMG, a saber instruções, memorandos, dentre outros, que são expedidos pelo EMPM ou pela APM, que é a gestora da atividade educacional na PMMG No estudo percebe-se uma boa sintonia entre as normas citadas, o que permite o seu acompanhamento de forma adequada. 3.4 O advento do Treinamento Policial Básico (TPB) Ao longo dos anos, o treinamento foi alcançando o seu espaço na EPM. No início, tratava-se de apenas pequenos treinamentos com o fim de capacitar para um momento específico ou para uma nova atividade que surgia. Não havia uma preocupação com a continuidade das atividades de treinamento com o objetivo de manter a preparação constante para as missões rotineiras a cargo da Polícia Militar. A importância do treinamento foi evidenciada e as prioridades passaram a ter no treinamento um constante destaque. Com a evolução da sociedade, muito mais informada e sabedora de seus direitos e garantias, a necessidade de policiais cada vez mais capacitados é ainda maior e o treinamento foi a solução para o problema. Nas normas que regulam o TPM na PMMG, estão previstos diversos tipos de treinamento, conforme já foi detalhado neste estudo. Cada tipo de treinamento tem uma finalidade para cumprimento de uma meta institucional. Alguns preparam para o turno imediato em que o policial irá trabalhar, fornecendo informações acerca do que está ocorrendo naquelas imediações. Outros servem para cuidar da correção de desvios verificados no dia a dia da atividade policial. Enfim, cada um com o seu fim e características ligadas à metodologia, ao tempo, à abordagem prática, entre outros. No artigo 27 das DEPM, estão descritos os tipos existentes. Nos artigos que se seguem estão detalhados cada um dos tipos com suas características e 93 particularidades. Observando de forma mais atenta, um deles desperta maior curiosidade pelo destaque que lhe é dado nas normas. Trata-se do TPB. [...] compreende o processo de atualização intensiva das técnicas e doutrinas voltadas à prática policial, mesmo que de forma extraordinária ou especial, e será executado, bienalmente, no CTP, Cias ET ou Adjs ET por todos os militares, independente da atividade que exerçam, com foco na assimilação dos conhecimentos básicos ligados à atividade operacional. (MINAS GERAIS, 2010a, p. 27) O destaque do conceito deste tipo de treinamento está na obrigatoriedade de ter o seu foco na assimilação dos conhecimentos básicos ligados à atividade operacional. Para as NPCI, quando o treinamento similar ao TPB era a Instrução Técnica Específica (ITE) Intensiva, várias eram as diferenças: 1) a ITE Intensiva para as praças era somente na modalidade a distância com periodicidade anual; 2) os oficiais não participavam da ITE Intensiva da forma convencional, sendo que participavam mensalmente das reuniões de oficiais que era computada para fins deste treinamento; 3) a gestão do treinamento era a cargo da Terceira Seção do Estado-Maior 22. Sobre as questões relativas à periodicidade e exclusividade da ITE Intensiva na modalidade a distância para as praças, consta na Resolução nº 3511/1999. Art. 26 – O TI será desenvolvido anualmente, devendo dele participar todos os oficiais e praças da Corporação, independentemente das atividades que exercerem. [...] Art. 28 – A praça participará do treinamento intensivo através de auto estudo à distância, com o auxílio de uma apostila específica, num período de trinta dias, findo os quais deverá ser submetida a uma avaliação escrita, sem consulta, aplicada em noventa minutos. (MINAS GERAIS, 1999, grifo nosso) A título de exemplo, consta no mesmo documento sobre a participação dos oficiais no Treinamento Intensivo: 22 Terceira Seção do Estado Maior é uma seção que integra o Estado Maior da Polícia Militar (EMPM) sendo, atualmente, responsável pelo planejamento e doutrina operacionais da PMMG. 94 Art. 27 – Os oficiais deverão participar do treinamento intensivo através de reuniões mensais exclusivas, quando serão programadas atividades especificamente ligadas ao serviço operacional, devendo ser avaliados pelos respectivos comandantes, diretores ou chefes sobre a condição de apto ou inapto. (MINAS GERAIS, 1999, grifo nosso) Sobre a questão da gestão ser atribuição da Terceira Seção do EstadoMaior, a mesma norma trata em seu artigo 2º. Art. 2º – O planejamento, a coordenação, o controle e o gerenciamento do treinamento profissional de segurança pública na Corporação é realizado, em nível de unidade de direção intermediária, pela Diretoria de Pessoal (DP) e em nível de Estado Maior (EMPM), pela PM-3. (MINAS GERAIS, 1999, grifo nosso) Com o advento da Resolução nº 3.645, de 04 de fevereiro de 2002, norma que criou o TPB, muitas foram as alterações realizadas para corrigir questões que as normas anteriores não vislumbraram. A periodicidade do TPB passou a ser bienal, algo perfeitamente explicável devido à criação da forma presencial para esse treinamento, incluindo a obrigatoriedade de realização desta modalidade para a maioria do efetivo policial. Art. 28 – O TPB será desenvolvido bienalmente, devendo dele participar todos os oficiais e praças da Corporação, independentemente das atividades que exercem. Art. 29 – O treinamento policial básico poderá ser desenvolvido de duas formas: I – Treinamento por recolhimento [...] II – Treinamento orientado à distância [...] (MINAS GERAIS, 2002, grifo nosso) O artigo 29 da Resolução supracitada detalha, ainda,a forma de realização do TPB, de acordo com o perfil dos Policiais Militares: 95 Art. 29 – O treinamento policial básico poderá ser desenvolvido de duas formas: I – Treinamento por recolhimento a) treinamento policial básico específico, com uma carga horária de 36 horas/aulas, destinado a militares até o posto de 1º Tenente (QPPM/QOPM/QOA), conforme anexo „E‟; b) treinamento policial básico especial, com uma carga horária de 24 horas/aulas, destinado a oficiais intermediários e superiores do QOPM/QOA, bem como oficiais e praças especialistas, conforme anexo „E‟; c) treinamento itinerante, executado por uma equipe de professores da unidade que se desloca até a sede das companhias/pelotões destacados com a finalidade de ministrar o treinamento policial básico específico, com carga horária de 32 h/a, conforme anexo „E‟. II – Treinamento orientado à distância a) – destina-se aos militares de destacamentos e subdestacamentos, sendo de responsabilidade dos comandantes de fração em todos os níveis, o acompanhamento da assimilação dos conteúdos constantes no guia de treinamento. § 1º – O militar não poderá ser submetido a dois períodos de treinamento orientado a distância consecutivos, devendo haver alternância entre este e o treinamento por recolhimento. § 2º – O treinamento policial básico especial para oficiais superiores do QOPM, ocorrerá sempre na forma de recolhimento, devendo ser realizado no Centro de Treinamento Policial. § 3º – No interior, oficiais especialistas e demais oficiais do QOPM/QOA deverão realizar o treinamento, preferencialmente, na RPM. (MINAS GERAIS, 2002, grifo nosso) Observa-se que os oficiais finalmente foram incluídos no treinamento, participando de forma similar a das praças. Outra mudança foi que a gestão do treinamento passou a ser assunto ligado ao setor de recursos humanos, ou seja, a Primeira Seção do Estado-Maior. Outra alteração significativa com a criação do TPB foi a reformulação para os policiais militares que não alcançassem o mínimo necessário para aprovação no treinamento. Na situação anterior, o policial era submetido à ITE Intensiva na modalidade a distância (única opção) e, caso ficasse reprovado, seria matriculado em novo treinamento, presencial e com duração de dez dias úteis. Com a criação do TPB, a lógica foi alterada passando a ser rotina a participação no TPB presencial e somente nos casos de reprovação é que a modalidade a distância era utilizada. 96 Art. 30 – A avaliação escrita será elaborada por círculo, contendo quarenta questões de múltipla escolha, com quatro itens e com proposições independentes das demais, sendo 30% de questões fáceis, 60% médias e 10% difíceis, aplicada em 120 minutos. [...] § 5º – O militar que não atingir no mínimo o conceito „C‟ no TPB, deverá ser matriculado imediatamente em novo TPB, na forma de treinamento orientado à distância, realizado pela própria unidade onde serve, sem prejuízo para o serviço, durante dez dias úteis, findo os quais será submetido a nova avaliação escrita. (MINAS GERAIS, 2002) Uma das mais significativas alterações ocorridas com o TPB foi a concentração do gerenciamento deste tipo de treinamento com a padronização do material de estudo. Tanto as aulas quanto as avaliações eram realizadas nas próprias Unidades, muitas vezes por pessoal não qualificado para tal, acarretando distorções causadas pela proximidade do dia a dia entre avaliador e avaliado. Com a alteração, a avaliação passou a ser desenvolvida da seguinte forma: Art. 30 – [...] § 1º – O guia de treinamento para o auto estudo orientado será único em toda a corporação. § 2º - Após elaborado pelo CTP, tendo como base as disciplinas de comunicações operacionais, inteligência e contra-inteligência, armamento e equipamento policial, legislação institucional, relações públicas e humanas, técnica policial, direito aplicado às operações policiais, polícia comunitária e direitos humanos, e aprovado pelo IESP, será encaminhado a todas as unidades executoras do TPB. (MINAS GERAIS, 2002, grifo nosso) Comparando-se o TPB criado em 2002 com a sua situação atual, pode-se verificar que muitas alterações ocorreram e o aprimoramento das normas possibilitou avanços consideráveis na qualidade da atividade. Atualmente, existe controle da frequência dos discentes às aulas do TPB, sendo esse um dos critérios necessários para a aprovação no treinamento, conforme previsto no artigo 46 § 1º das DEPM. Art. 46. [...] § 1º Para aprovação no TPB, o militar deve obter resultado mínimo de 60% (sessenta por cento) na prova de conhecimentos, desempenho igual ou superior ao conceito „C‟ no TAF e na Prova Prática com arma de Fogo, e frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) em cada uma das disciplinas do treinamento. (MINAS GERAIS, 2010a, p. 28, grifo nosso) Outra questão aprimorada foi o estabelecimento de critérios para a convocação dos policiais militares para o TPB, no RCTP: 97 Art. 140. A matrícula no TPB estará condicionada à convocação prévia do militar pela sua Unidade, que deverá ser publicada em Boletim Interno. Parágrafo único. A convocação e a cientificação do militar para o TPB, bem como a sua publicação, são de responsabilidade da Adj de ET da Unidade do convocado, ou de sua apoiadora, e, o não cumprimento deste dispositivo, implica em responsabilização administrativa. Art. 141. Deverão ser obedecidas as seguintes rotinas, para matrícula no TPB: I – seleção, dentre os militares disponíveis, daqueles que participarão do TPB, observados, pela ordem, os seguintes critérios: a) os reprovados no biênio anterior; b) os aprovados no biênio anterior, mediante reavaliação; c) os aprovados no biênio anterior, mediante ato de „dispensa curso‟; d) aqueles com maior tempo de realização do TPB, no biênio anterior; [...] (MINAS GERAIS, 2010c, p. 96, grifo nosso) Outro avanço que merece ser mencionado foi o aprimoramento do quadro curricular do TPB, que passou a apresentar disciplinas mais relacionadas com o dia a dia da atividade operacional e a criação do tipo „Diferenciado‟ para os policiais militares reintegrados que ficaram mais de um ano afastados da atividade policial, conforme Anexo E das DEPM. Houve ainda, devido às necessidades operacionais e à falta de recursos para pagamentos de diárias de viagens para deslocamentos para a participação no TPB presencial na sede da Unidade, alteração na concepção do TPB a distância que tornou-se regulamentar somente para destacamentos e subdestacamentos, acrescentando-se também as Companhias e Pelotões destacados, conforme inciso II do artigo 47 das DEPM. Art. 47. O TPB poderá ser desenvolvido nas seguintes modalidades: I – presencial, que compreende: [...] II – a distância, que consiste na apresentação do conteúdo do TPB, por meio de videotreinamento, e destina-se, exclusivamente, aos militares pertencentes a Frações destacadas (companhias, pelotões, destacamentos e subdestacamentos). (MINAS GERAIS, 2010a, p. 28, grifo nosso) Ainda considerando as inovações do TPB deve-se acrescentar a exigência de distribuição do Guia de Treinamento como material de apoio educacional também para o TPB presencial, que contém todo o conteúdo programático das disciplinas ministradas a cada ciclo bienal, e ainda, a criação do Centro de Treinamento de Inteligência (CTInt) para realização do TPB e outras atividades de treinamento para o efetivo do Sistema de inteligência. 98 Art. 6º O sistema de EPM é assim composto: [...] II – em nível operacional, pelos Centro de Pesquisa e Pós-graduação (CPP), Centro de Ensino de Graduação (CEG), Centro de Ensino Técnico (CET), Centro de Treinamento Policial (CTP), Centro de Administração de Ensino (CAE) e pelas Unidades de Execução Desconcentrada: [...] d) Núcleo de Treinamento de Inteligência; [...] (MINAS GERAIS, 2010a, p. 10, grifo nosso) Hoje, o TPB está consolidado na instituição policial militar, sendo motivo de orgulho, devido à credibilidade alcançada pelo treinamento, assim como à acertada decisão de investir-se na ideia de sua concepção e manter-se firme diante das muitas dificuldades que surgiram ao longo de seu caminho. Pode-se inferir que grande parte da credibilidade que o treinamento na PMMG ostenta se deve à seriedade no planejamento e execução do TPB vigente. Sabe-se que muito ainda tem de ser alcançado para se chegar ao ideal, mas a semente foi lançada e parte dos frutos vem sendo colhida nestes anos de sua execução. A maior carga de conteúdos práticos do treinamento e a metodologia aplicada também asseguram parte do sucesso do TPB, haja vista todos os fatores adversos que são colocados, até mesmo pelos discentes, quando da convocação para o treinamento. Mas, mesmo diante destas questões, a manutenção de assuntos de interesse, os investimentos na capacitação de professores e a busca de incentivos para a motivação do público alvo do treinamento têm possibilitado o sucesso da atividade. Diante das informações abordadas até agora, pode-se inferir de forma superficial que o TPB recebeu tratamento normativo e doutrinário relevante e que se configura como um instrumento importante para disseminar a doutrina operacional básica da instituição. 99 3.5 Treinamento Policial Básico a Distância na PMMG Na atuação da PMMG, destaca-se a necessidade de padronização de técnicas, procedimentos e comportamentos operacionais na busca do cumprimento de normas específicas que tem como objetivo a segurança da população e dos próprios policiais em serviço. Nesse sentido, a PMMG tem no TPB uma ferramenta para a disseminação das atualizações referentes à doutrina e técnica policial. Tal tarefa, desde o ano de 2002, é coordenada pela APM que, por meio do Centro de Treinamento Policial (CTP), prepara material, divulga, bem como, capacita os agentes para atuarem como multiplicadores nos treinamentos desconcentrados no interior do Estado. Ao longo de seus 236 anos de existência, a PMMG possui considerável histórico voltado ao aprimoramento de sua atividade educacional, mormente no tocante ao treinamento, como pode ser verificado em seção específica deste trabalho. Neste contexto está inserido o TPB que sempre esteve presente nas pesquisas institucionais, sendo objeto de estudos que possibilitaram o alcance de melhoria até o seu estado atual. O TPB é dividido em duas modalidades, sendo a primeira presencial, por meio do TPB específico, especial, itinerante e diferenciado, e a outra a distância, que “[...] consiste na apresentação do conteúdo do TPB, por meio de videotreinamento, e destina-se, exclusivamente, aos militares pertencentes a Frações destacadas (companhias, pelotões, destacamentos e subdestacamentos)”. (MINAS GERAIS, 2010a, p. 30) Embora fosse adequado e necessário à época de sua implementação, o videotreinamento, atualmente, se mostra ineficaz, se utilizado isoladamente, pois não proporciona a necessária interatividade entre docente e discente e deste com outros discentes, conforme se pode constatar na literatura a respeito do assunto, que é tratado em seção própria. Segundo o inciso II de seu artigo 49 das DEPM (MINAS GERAIS, 2010a), o Guia de Treinamento é utilizado como material de apoio ao TPB a distância e deverá ser disponibilizado aos discentes com uma semana de antecedência do início do treinamento. Tal condição também é confirmada no inciso II do artigo 111. (MINAS GERAIS, 2010c) 100 O parágrafo 4º do artigo 49 das DEPM (MINAS GERAIS, 2010a), esclarece que a prova de conhecimentos ocorrerá, de forma presencial, dentro de, no mínimo, 20 e, no máximo, 50 dias após a distribuição do material. Quanto ao RAPM (MINAS GERAIS, 2010b), consta no parágrafo único do seu artigo 31 que as peculiaridades do treinamento intensivo serão definidas pelo RCTP, reportando o detalhamento do treinamento ao citado Regimento. Conforme prevê o RCTP (MINAS GERAIS, 2010c), em seu artigo 102, o TPB a distância é conceituado como [...] aquele implementado para auto aprendizagem do discente, com mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, para a apresentação do conteúdo do TPB por videotreinamento e outras mídias de comunicação. (MINAS GERAIS, 2010c, p. 82) Em relação ao material didático, especificamente para os biênios 2006/2007 e 2008/2009 constou também como material de apoio o Manual de Prática Policial, volume I. O citado material tem a finalidade de servir de apoio impresso para o recurso de videotreinamento do TPB a distância. Resta esclarecer que, além das prescrições elencadas pelas normas de treinamento, já citadas na presente pesquisa, na seção „Apresentação‟ do Guia de Treinamento, trazem também as orientações de execução do TPB a distância, a exemplo das rotinas para a realização do TPB nessa modalidade. Além de reiterar que sua realização deve ocorrer nas Frações destacadas das Unidades da PMMG (Companhias, Pelotões, Destacamentos e Subdestacamentos) complementa que este deve ser implementado “[...] onde seja inviável a realização do TPB na modalidade presencial, [...]”. (MINAS GERAIS, 2008, p. 6) É enfatizado no Guia de Treinamento que o TPB será realizado “[...] por meio de monitoria da Fração destacada, sob responsabilidade direta do Adjunto de Ensino Treinamento da Unidade e Comandante de Pelotão [...] que deveria ser capacitado na sede da Unidade, por meio do TPB presencial”. (MINAS GERAIS, 2008, p. 6) O TPB a distância foi dividido em quatro etapas ou fases, realizadas em períodos de uma semana cada. A primeira semana consistia em um encontro na sede da Fração onde seria realizado o TPB a distância para a distribuição do material de apoio e orientações sobre procedimentos, objetivos e características do treinamento. 101 Na segunda semana ocorreria a apresentação do primeiro módulo do videotreinamento, realizado na sede da Fração com a presença do monitor responsável pelo treinamento. Durante o videotreinamento ocorreriam explicações básicas e demonstrações práticas sobre o conteúdo do TPB. A terceira semana ocorreria de forma similar à segunda, com apresentação do segundo módulo do videotreinamento. Com vistas à racionalização do tempo dos discentes, visando não retirar o efetivo da atividade operacional, as atividades supracitadas eram realizadas nos horários destinados ao Treinamento Extensivo semanal, ou seja, às terças-feiras na parte da manhã, e em substituição a este. A quarta semana seria destinada à realização das avaliações, desde que passados vinte dias da distribuição do material impresso de apoio (Guia de Treinamento e Manual de Prática Policial). As avaliações seriam aplicadas pelo comandante de Pelotão na sede da Fração. Uma vez detalhada a forma de execução do TPB a distância percebe-se um dos julgados principais requisitos para um bom desempenho de um treinamento na modalidade a distância, que é a interatividade. Para um melhor entendimento do que seja a interatividade na EAD, Mattar (2009) explica que, apesar da simplicidade da palavra, trata-se de um conceito complexo, principalmente quando agregado à educação. Percebe-se com o estudo do TPB a distância na PMMG que, na realidade, o treinamento realizado não se enquadra exatamente em uma atividade educacional a distância, uma vez que são alternados períodos presenciais com outros de autoestudo a distância. Verifica-se nesta questão que a PMMG, preocupada com a capacitação de seus integrantes, agregou a monitoria presencial do comandante da Fração para melhorar o desempenho da atividade, garantindo que os discentes recebessem um treinamento mais completo e próximo da modalidade presencial. Com isso, buscouse uma proposta alternativa possível para a situação econômica e política da época e que pudesse potencializar as ações educacionais voltadas para o treinamento em todo o Estado de Minas Gerais. Em detida análise sobre as tecnologias e as mídias utilizadas no TPB a distância da PMMG, verifica-se poder tratar-se de uma EAD de 1ª geração, que utiliza da tecnologia por correspondência para fazer chegar aos discentes o 102 conteúdo. Na realidade, o que ocorre é que o Guia de Treinamento é a mídia principal, sendo agregada pelos vídeos que ilustram e complementam as aulas. O treinamento é configurado pelo autoestudo a distância. Tal característica é marcada pelo envio do material impresso aos discentes, sendo que ele deve ser estudado fora do ambiente do trabalho, uma vez que as atividades operacionais e administrativas dos discentes não são interrompidas durante a realização do treinamento. Como complemento do autoestudo ocorre o videotreinamento, por meio de encontros semanais na sede da Fração e no horário do Treinamento extensivo. Trata-se então de uma modalidade semi-presencial, quando são agregados atributos da educação tradicional (presencial) e da modalidade a distância. Fica clara a estratégia organizacional de não perder o potencial de trabalho de seus militares durante a execução do treinamento. A importância desta medida é facilmente destacada quando são colocados os problemas advindos das Frações destacadas da PMMG. Assim, como já é realizado há alguns anos, a educação a distância tem sido uma significativa ferramenta de disseminação de conhecimento e uma estratégia singular, tanto para o ensino quanto para o treinamento profissionais. A eficiência na aplicação do TPB é o grande desafio Institucional, pois depende de investimentos para a sua realização desconcentrada nas inúmeras Frações destacadas em todo Estado. Nesse contexto, a educação a distância é uma das modalidades educacionais que possibilitam a construção do conhecimento sem a obrigatoriedade da presença física do docente e do discente no mesmo ambiente formal de ensino e aprendizagem. Porém, o desenvolvimento desse conceito somente é possível com a observância dos padrões de qualidade para a EAD já mencionados na Seção 2, a exemplo do uso de ferramentas metodológicas e tecnológicas que permitem uma aproximação virtual desses atores. Nesse sentido, Silva Neto et al. (1995), pesquisando sobre as atividades educacionais na PMMG, já verificava a importância de um modelo de treinamento que atendesse as particularidades da PMMG e possibilitasse a chegada da informação aos setores mais distantes. Ao final da pesquisa os autores concluíram que a EAD era, naquela época, uma proposta interessante para o aprimoramento do 103 treinamento institucional, mas que tinha como uma das suas principais dificuldades a carência de recursos para a sua correta implementação. No mesmo sentido, Toledo et al. (1998) apresentaram proposta consistente de implementação de um sistema de EAD na PMMG, pautado no uso da internet, mas ainda esbarraram na pouca disponibilidade de recursos e na falta de acesso à Web em diversas localidades do Estado de Minas Gerais. Atualmente, a PMMG apresenta as mesmas dificuldades para a aplicação do treinamento do treinamento ao seu efetivo, mormente aquele lotado nas regiões mais distantes Tais características atribuem grande dificuldade na missão de manutenção dos conhecimentos, atitudes e comportamentos dos policiais militares por meio do treinamento. A educação a distância passa a ser uma alternativa viável para driblar os óbices elencados e propiciar a eficiência do treinamento profissional da PMMG. Nesse contexto, segundo Toledo et al. (1998, p. 15) “A Polícia Militar também pode implementar ainda mais seus métodos de treinamento, utilizando-se, cada vez mais, da Educação a Distância”. Portanto, pode-se verificar a complexidade que envolve a implementação de EAD nas instituições, mas fica também evidenciada a sua importância e vantagens no processo de treinamento dos seus funcionários. 104 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A metodologia de pesquisa de um projeto é o reflexo direto da construção do objeto de estudo e das questões que se deseja estudar. O método pode ser definido como “ [...] caminho para se chegar a determinado fim. É o método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento”. (GIL, 1987, p. 27) É por meio de uma metodologia bem estruturada, direcionada e adequada ao objeto de estudo que o pesquisador conseguirá atestar o caráter científico e conferir qualidade e validade ao estudo realizado e ao conhecimento adquirido. Mas, para a ciência, destacam-se quais foram os meios e procedimentos adotados pelo pesquisador, não somente os resultados. Esses dois fatores conjuntamente associados é que promoverão legitimidade do estudo no meio científico (BRAGA, 2007). Nesse sentido, a pesquisa científica exige qualidades que se bas eiam no confronto permanente entre o possível e o impossível, entre o conhecimento e a ignorância. As pesquisas não são totalmente controláveis, com início, meio e fim previsíveis. Nelas é impossível prever todas as etapas, o pesquisador deve saber que seu conhecimento é parcial e limitado. Assim, o método científico engloba inúmeros instrumentos e técnicas utilizados para o desenvolvimento de uma pesquisa científica, com o objetivo de dar subsídios ao pesquisados na elaboração das atividades inerentes à realização da pesquisa (GOLDENBERG, 2001). Dessa forma, o método científico contribui para que o pesquisador seja capaz de delinear as etapas necessárias para a condução e conclusão do estudo, bem como entender o seu objeto de investigação. Segundo Lakatos e Marconi (2010) o método científico é [...] o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. (LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 65) Nesse sentido, a escolha da metodologia recai sobre a necessidade de adequar as técnicas e os instrumentos às questões da pesquisa. “A chave é 105 compreender que as questões de uma pesquisa possuem substância. (...) é que a forma de uma questão fornece um indício importante para traçar a estratégia de pesquisa adotada” (YIN, 2005, p. 26). Por esses motivos, a escolha da metodologia é uma das etapas fundamentais das diversas fases da pesquisa. “Nesse sentido, o método científico é importante porque é, por meio dele, que se reconhecem os objetos de pesquisa, suas naturezas, seus aspectos mais intrínsecos” (VALENTIM, 2005, p. 23). Para direcionar a seleção da metodologia aplicada à pesquisa é fundamental dar atenção a alguns aspectos intrínsecos ao estudo, como a variedade, a diversidade e a ambiguidade do foco de pesquisa. Esses aspectos estão diretamente relacionados com a delimitação do método científico, do paradigma ou da abordagem da pes quisa e do tipo da pesquisa escolhida. (BRAGA, 2007). 4.1 O método de pesquisa Na tentativa de garantir ao pesquisador a objetividade necessária para alcançar o tratamento ideal dos fatos, optou-se pela pesquisa exploratória. O principal motivo dessa escolha está no fato de que a pesquisa exploratória exige do investigador o aumento da sua experiência sobre o problema pesquisado, com o objetivo de promover a criação ou incorporação de conceitos ao estudo. (TRIVIÑOS, 1987). Sob esse aspecto, percebe-se que o mesmo acontece neste estudo quando é realizado o resgate dos conceitos e das práticas do TPB na PMMG, os quais são relacionados com a literatura da área de educação a distância e dos treinamentos corporativos. Diante disso, a pesquisa exploratória faz com que o campo de investigação torne-se mais explícito à medida que o tema em estudo é desenvolvido, fornecendo subsídios e recursos ao pesquisador para formular problemas mais elaborados ou hipóteses para pesquisas futuras (GIL, 1987; 2002). Paralelamente foram estabelecidas as abordagens quantitativa e qualitativa, utilizadas conjuntamente como forma de dar suporte à estruturação deste estudo. A prática de aliar essas duas abordagens tão distintas é normalmente 106 denominada pelos estudiosos da área de métodos de pesquisa de „método misto‟ (CRESWELL, 2003), sendo conceituado como [...] método de estudo que envolve a coleta e análise de ambos os dados qualitativos e /ou quantitativos em um mesmo estudo no qual os dados são coletados concorrentemente ou sequencialmente, de acordo com uma prioridade e envolvendo a integração dos dados de um ou mais estágios do processo de pesquisa. (TASHAKKORI; TEDDLIE, 2002, p. 212) Por essa ótica, o uso integrado dos métodos qualitativo e quantitativo pode ser considerado como um processo em que um complementa ou outro, não havendo exclusão entre eles (VALENTIM, 2005). Dentro dessa visão de integração, os métodos mistos ganham destaque por serem capazes de equilibrar as fraquezas e limitações de duas abordagens completamente distintas, mas, ao mesmo tempo, aproveitando das potencialidades e benefícios que cada uma oferece. Diante dessas revelações, entende-se que a aplicação dos métodos mistos permite ao investigador responder a perguntas mais complexas por meio da combinação de palavras e números, auxiliando, assim, na compreensão dos questionamentos pertinentes ao estudo. Nesse sentido, faz-se necessário um planejamento integrado das esferas quantitativa e qualitativa, tomando-se como ponto de partida a conceituação de cada uma das abordagens. Em primeiro lugar, destaca-se a abordagem quantitativa ou survey, que possibilita a obtenção de uma observação mais apurada da população pesquisada (VALENTIM, 2005) por meio da representatividade de uma amostra de pesquisa representada pela frequência e pela distribuição da ocorrência dos fenômenos (BRAGA, 2007). O principal objetivo da pesquisa quantitativa é “[...] isolar claramente causas e efeitos, operacionalizar corretamente relações teóricas, medir e quantificar fenômenos, criar planos de pesquisa (que permitam a generalização de descobertas) e formular leis gerais.” (FLICK, 2004, p. 18). Diante disso, a abordagem quantitativa possibilita ao investigador mensurar os resultados por meio de procedimentos estatísticos e técnicas de análise de frequência e distribuição da representatividade dos fenômenos estudados (BRAGA, 2007). Assim, como técnica de coleta de dados referente à abordagem quantitativa, adotou-se nesse estudo o questionário (APÊNDICE A). 107 Já a abordagem qualitativa ressalta com mais destreza os detalhes e as especificidades do fenômeno (VALENTIM, 2005) e pode ser entendida como a produção de dados, informações e resultados que não têm a sua origem na aplicação e uso dos procedimentos quantitativos ou estatísticos (STRAUSS; CORBIN, 2008). Sua finalidade é gerar dados com análises e ponderações mais aprofundadas acerca do fenômeno social estudado (MINAYO; SANCHES, 1993), tendo como “material primordial [...] a palavra que expressa a fala cotidiana, seja nas relações afetivas e técnicas”. (MINAYO; SANCHES, 1993, p. 245) Como técnica de coleta de dados referente à abordagem qualitativa, adotou-se a entrevista semiestruturada que teve os seus roteiros descritos no APÊNDICE B. Assim, após a definição da base do escopo estrutural dos métodos a serem aplicados, seguimos no próximo item tratando das técnicas de coleta de dados que foram adotadas para a efetiva aplicação do método e dos objetivos propostos. 4.2 Técnicas de coleta de dados As técnicas de coleta de dados também refletem a construção do problema e dos objetivos de pesquisa. Para Lakatos e Marconi (2010), as técnicas de pesquisa são “[...] um conjunto de preceitos ou processos de que se serve a ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte prática”. (LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 157) Para contribuir com o levantamento dos dados deste estudo, buscou-se instrumentos que possibilitaram associar a flexibilidade no momento da coleta de dados com registros bem estruturados que possibilitaram a análise dos resultados obtidos em cada etapa da pesquisa. Calazans (2007) corrobora essa visão ao afirmar que, “[...] a confiabilidade do estudo de caso está vinculada à utilização de várias fontes de evidências e de várias técnicas, proporcionando a possibilidade de triangulação”. (CALAZANS, 2007, p. 51) Nesse sentido, as técnicas escolhidas como suporte para esta pesquisa foram: o questionário e a entrevista semiestruturada. 108 4.2.1 Questionário Adotou-se o questionário (APÊNDICE A) como a técnica de pesquisa referente à abordagem quantitativa. A principal finalidade do questionário é captar dados relevantes sobre o funcionamento do TPB a distância nas frações destacadas das Unidades da PMMG do interior do Estado. Para atingir os objetivos do estudo, o questionário destinou-se aos policiais responsáveis pelo gerenciamento do treinamento nestas Unidades. Para detectar esse grupo de respondentes, estabeleceu-se uma parceria com a Seção de Treinamento 23 da APM que identificou, por meio de levantamento na documentação do setor e no sistema informatizado de recursos humanos da PMMG, os profissionais responsáveis pelo gerenciamento do treinamento nas Unidades em estudo. Os questionários foram encaminhados com o uso da ferramenta de mensagens corporativas da PMMG, juntamente com um texto explicativo sobre o procedimento que estava sendo solicitado, bem como a definição dos prazos de retorno. O prazo estabelecido primeiramente foi de dez dias corridos, sendo necessária uma prorrogação equivalente na tentativa de aumentar o número de respostas. Uma das vantagens dessa forma de coleta de dados é o registro do envio e recebimento das mensagens, com vistas à fácil detecção daqueles que não acessaram a mensagem enviada para cobrança ou para redirecionamento a outro destinatário. Para responder aos seus objetivos, foi elaborado um questionário contendo questões objetivas e subjetivas, divididas em blocos, de acordo com os objetivos da pesquisa. O objetivo principal era obter informações sobre os critérios de desenvolvimento e eficiência do TPB a distância na PMMG. Primeiramente, procurou-se estabelecer um perfil dos respondentes, com o fim de identificar questões relativas ao público envolvido na pesquisa e qual o nível de confiança que devem ser atribuídas às respostas obtidas. As questões do bloco 1 tiveram essa função. Na sequência, as perguntas do bloco 2 tiveram a finalidade de 23 Setor responsável pela gestão do treinamento, em nível tático, no âmbito PMMG. (MINAS GERAIS, 2010a). 109 levantar o perfil ligado às Unidades em que os respondentes prestam suas atividades, as características destas e a abrangência do treinamento. No bloco 3 o objetivo era coletar informações sobre o planejamento e a execução do TPB a distância nas Unidades, bem como conhecer a percepção dos respondentes sobre esse tipo de treinamento. Nesse sentido, as questões foram dirigidas ao desenvolvimento da execução do TPB ao longo dos oito anos de sua existência. Tal bloco visava cumprir o primeiro objetivo específico da pesquisa, descrito na seção introdutória. O bloco 4 teve o objetivo de coletar informações a respeito do desenvolvimento do TPB a distância nas Unidades pesquisadas, conforme estabelecido no segundo objetivo específico. As perguntas foram dirigidas para verificar quais os critérios utilizados para a decisão pela execução ou não do TPB a distância nas Unidades dos respondentes e que fatores interferiram nessa decisão. Além disso, ainda sobre o desenvolvimento do TPB, quais as rotinas obrigatórias para a sua execução foram realmente cumpridas. Com as duas últimas perguntas do bloco 4 buscou-se verificar quanto aos resultados do TPB a distância na percepção dos respondentes e quais aspectos interferiram nesses resultados. Essas duas perguntas responderam ao terceiro objetivo específico da pesquisa. Todo o bloco 4 de perguntas foi direcionado à execução do TPB a distância no seu último ciclo concluído, ou seja, o TPB biênio 2008-2009, pois nesse período havia uma maior possibilidade dos respondentes terem participado efetivamente do planejamento e da execução do treinamento em questão. No bloco 5, a pergunta foi direcionada para o levantamento das dificuldades encontradas para execução do TPB a distância, sendo relacionada com o segundo objetivo específico da pesquisa. O bloco 6 buscou o levantamento de informações sobre a percepção dos respondentes quanto a evolução do TPB a distância na PMMG e em quais áreas ela ocorreu. Tais questões visavam cumprir o primeiro objetivo específico da pesquisa, descrito na seção introdutória. Continuando a composição desse bloco, constam as perguntas sobre as condições de acesso às TIC nas Frações destacadas em estudo. Nessas questões buscou-se atender ao quarto objetivo específico, relacionado à busca pela otimização do TPB a distância naquelas Frações, por meio do uso de novas tecnologias educacionais. 110 Ainda no bloco 6 do questionário, uma pergunta foi direcionada para a confirmação ou não da hipótese definida para a pesquisa, também descrita na introdução do presente trabalho. O bloco foi encerrado com uma abertura aos respondentes para a apresentação de sugestões para a melhoria do TPB a distância na PMMG. Os questionários respondidos foram enviados ao pesquisador pela mesma via em que foram distribuídos, possibilitando maior controle das respostas e facilitando a solicitação dos questionários em atraso. 4.2.2 Entrevista semiestruturada Como forma a possibilitar a exploração do tema e criar oportunidades de interação entre entrevistador e entrevistado, adotou-se neste estudo a entrevista semiestruturada. Para isso, foram elaborados roteiros de entrevistas (APÊNDICE B), direcionados para profissionais em diferentes funções, consideradas estratégicas para o treinamento na PMMG, e com objetivos distintos. A escolha dos entrevistados foi pela função que esses ocupam na instituição, sendo essas relacionadas à gestão do treinamento no nível institucional, a saber: Adjunto de Educação Profissional da EMPM-1, Chefe da Seção de Treinamento da APM, Chefe da Seção de Educação a Distância da APM e Chefe do Centro de Tecnologia e Sistemas (CTS). Em todos os roteiros as questões foram lidas para cada entrevistado e, de acordo com a sua resposta, o pesquisador realizava perguntas secundárias (probes 24) com o objetivo ou de esclarecer a resposta dada anteriormente ou de explorar melhor algum aspecto levantado pelo entrevistado na sua resposta. Para ampliar as possibilidades de captação de informações direcionadas ao interesse da pesquisa, utilizaram-se também, em algumas perguntas, opções resposta. Em sua maioria, essas opções eram apresentadas após a leitura da pergunta por meio de 24 Pergunta pré-determinada no roteiro de entrevista que tem como principal objetivo “[...] garantir a validade do dado – que o significado pretendido pelo pesquisado e corresponda à interpretação do entrevistado.” (SIMÕES e PEREIRA, 2007, p. 261). Segundo esses autores, pelo menos um „probe' deve ser utilizado após o entrevistado responder à pergunta como forma de dar oportunidade ao pesquisador captar uma resposta clara, completa e contextualizada aos objetivos da questão. 111 cartelas de resposta impressas conforme sugerido por Sudman e Bradburn (1982) e Converse e Presser (1986) como uma forma de não confundir o entrevistado com múltiplas opções. 4.2.3 Coleta de dados no sistema informatizado Foi realizada, ainda, uma pesquisa no sistema informatizado de treinamento profissional da PMMG. Objetivando o levantamento dos resultados obtidos no TPB a distância pelos policiais militares das Unidades pesquisadas no período delimitado pela pesquisa. A atividade visava cumprir o terceiro objetivo específico da pesquisa que se relacionava com os resultados objetivos do treinamento em questão. Os dados foram obtidos por meio de relatórios gerenciais do sistema que detalharam os quantitativos de policiais militares que tiveram, ou não, resultados satisfatórios ou não no período em estudo. O levantamento de dados possibilitou, ainda, conhecer quantos foram submetidos às reavaliações e os resultados dessas. Os dados foram disponibilizados pela Seção de Treinamento da APM com a colaboração da analista responsável pelo sistema na Prodemge. No próximo item, será abordada a técnica utilizada para delimitar a amostra necessária para o estudo. 4.3 Definição da amostra Por se tratar de um estudo que possui um foco bem direcionado dentro da PMMG, definiu-se a amostra da pesquisa previamente de acordo com o perfil da população desejada, ou seja, a seleção de funcionários que trabalham efetivamente com o gerenciamento do TPB nas Unidades interiorizadas da PMMG. Isso significou a seleção de um subgrupo da população que representa o foco da pesquisa em relação ao universo pesquisado. 112 Mas, por se tratar de um estudo que integra as abordagens quantitativa e qualitativa, estabeleceu-se paralelamente a isso, a segmentação da população do estudo. Para compor os métodos presentes e estabelecidos na abordagem quantitativa, definiu-se uma amostra25 adequada para a condução dessa fase. Nesse sentido, adotou-se a amostra intencional ou por julgamento 26, estabelecida mediante o levantamento realizado pela Seção de Treinamento da APM, em apoio a este estudo. Adotou-se a amostra intencional ou por julgamento27, já que a população pesquisada é pequena e direcionada aos funcionários que efetivamente trabalham com o gerenciamento do TPB nas Unidades interiorizadas da PMMG em todo o Estado. Numa outra vertente, a seleção do subgrupo de funcionários distintos do quadro estipulado na pesquisa quantitativa delimitou-se àqueles que possuíam funções estratégicas na gestão do treinamento da PMMG. Nesse sentido, a seleção dos elementos da população recaiu precisamente com a disponibilidade de indivíduos com este perfil, o que é denominada de amostragem discriminada 28, sendo representado pelo número de gerentes do treinamento de cada unidade pesquisada. 4.4 Preparação dos dados 25 26 27 28 “A amostra é uma parcela convenientemente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo” (LAKATOS; MARCONI, 1982, p. 28), sendo a população ou o universo um conjunto de elementos que possuem certas características específicas e alinhadas ao estudo proposto (GIL, 1987). O grupo de elementos que deverá compor a amostra é definido de acordo com determinados critérios escolhidos intencionalmente pelo pesquisador. Dessa forma, a investigação é dirigida a grupos aos quais se deseja conhecer a opinião ( BARBETTA, 2010; MARTINS e THEÓPHILO, 2009; BABBIE, 1999). O grupo de elementos que deverá compor a amostra é definido de acordo com determinados critérios escolhidos intencionalmente pelo pesquisador. Dessa forma, a investigação é dirigida a grupos aos quais se deseja conhecer a opinião ( BARBETTA, 2010; MARTINS; THEÓPHILO, 2009; BABBIE, 1999). Escolha das pessoas como forma de maximizar as oportunidades de coleta dos dados necessários (STRAUSS; CORBIN, 2008). 113 Neste estudo, a escolha das técnicas de preparação de dados se deu de acordo com a seleção do próprio método de pesquisa. Assim, por se tratar de uma pesquisa que inclui a aplicação dos métodos quantitativos e qualitativos, foi necessário segregar a etapa de preparação dos dados coletados em dois momentos distintos. 4.4.1 Preparação dos dados coletados no questionário Primeiramente, na fase quantitativa, com o uso do site de pesquisa como apoio à aplicação dos questionários, foi necessário realizar o download e tratamento dos dados coletados. Com os dados disponíveis em tabelas distintas para cada uma das Unidades pesquisadas, foi realizada a limpeza dos dados com a retirada de respostas incompletas do quadro geral de dados. Após esse tratamento inicial, os dados foram codificados para possibilitar sua leitura por meio de um software de análise de dados quantitativos. Após essa pré-formatação, os dados foram trabalhados dentro do software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) para a elaboração das análises de acordo com os recursos dados pelo sistema. A partir da seleção, agrupamento e cálculos estatísticos pré-definidos e apresentados na seção seguinte, referente à análise e interpretação dos dados coletados, foi possível desenvolver inúmeras tabelas contendo a frequência das respostas, cálculos da média, mediana, desvio padrão e outros índices que deram suporte para a análise dos dados quantitativamente. As análises e interpretações dos dados coletados com esse tratamento estão apresentadas na próxima seção. 4.4.2 Preparação dos dados coletados nas entrevistas A segunda forma de preparação dos dados coletados foi destinada ao método qualitativo aplicado por meio de entrevistas semiestruturadas. Após as entrevistas finalizadas e gravadas, o áudio foi transferido para o computador como 114 arquivo de áudio, identificado com o nome do entrevistado e sua função na PMMG, o número da entrevista e a data para usos posteriores. Com o arquivo identificado, todas as gravações passaram pelo processo de transcrição, ou seja, transformação do arquivo de áudio em texto. Para isso, foi utilizado um software de reprodução de áudio e um editor de texto num trabalho que demanda muito tempo e cuidado para captar e reproduzir textualmente todos os aspectos tratados durante a conversa de forma clara e precisa. Tal procedimento é estritamente necessário já que a transcrição fornece subsídios mais palpáveis para que o pesquisador faça a sua análise e utilize as informações contidas ali da melhor maneira que convier para a produção de análises válidas e confiáveis. Não foram levados em consideração aspectos subjetivos presentes nas gravações como pausas, repetições ou cacoetes, sendo esse formato aceitável na concepção de alguns autores. Sob esses critérios, o trabalho de transcrição das entrevistas foi realmente sustentado nos relatos fornecidos. O resultado desse processo gerou inúmeras páginas que em seguida passaram a ser categorizadas. Nessa fase do processo, acrescentou-se o uso de um editor de planilhas em que foram criadas diversas tabelas padronizadas e diferenciadas entre si de acordo com os temas tratados. Em cada tabela existiam colunas e linhas preestabelecidas e idênticas para todos os assuntos destinadas a relacionar os achados textuais. Com o conhecimento do funcionamento de todo o processo de coleta e preparação dos dados pertinentes a esse estudo, buscar-se-á no próximo item descrever a forma como os dados serão analisados na seção posterior. 4.5 Método de análise e interpretação dos dados coletados Após a definição de todos os detalhes acerca do método e das abordagens utilizadas, bem como a estruturação e aplicação das técnicas de coleta de dados, cabe ao pesquisador reunir os dados coletados, analisá-los e interpretálos. Gil (1987) defende que ambos os processos são bastante distintos, mas integrados por completo. Ele ainda afirma que, na prática, é impossível identificar o início ou término entre um e outro. 115 Mas, de acordo com a tipologia dos métodos mistos, a análise e a interpretação dos dados coletados são estruturas incorporadas desde a concepção do processo metodológico. Deve-se a isso a necessidade que o pesquisador possui, ao trabalhar com os métodos mistos, de determinar uma planejamento e uma estratégia pré-definidas de pesquisa associada a um modelo gráfico que o investigador poderá utilizar para implementar a sua estratégia (CRESWELL, 2007). Estabeleceu-se como estratégia de integração de métodos de pesquisa (quantitativa e qualitativa) o projeto exploratório sequencial retratado na FIGURA 6. Seu desenho indica a definição de um período de aplicação e condução da pesquisa quantitativa e, sequencialmente, para a qualitativa, tendo a integração dos métodos e dos dados no momento da interpretação. Figura 6 - Estratégia alternativa de métodos mistos - projeto exploratório sequencial Notas: a) QUAN – quantitativo; b) Qual – qualitativo. Fonte: Extraído de Creswell (2007, p. 216). Sob um olhar mais crítico, considera-se aqui cada uma das aplicações (quantitativa e qualitativa) como um estudo independente, mas que está sob o aval da integração dos métodos na fase de interpretação. Outro aspecto que é importante destacar é que determinou-se como método de pesquisa principal para este estudo a abordagem quantitativa, sendo essa a sustentação de toda a interpretação, bem como a base de comparação para os dados qualitativos. Nesse sentido, por se tratar da principal fonte de coleta de dados, na abordagem quantitativa a coleta dos dados estatísticos é realizada em primeiro lugar, seguida pelos dados qualitativos, dando abertura suficiente para explorar a amostra numérica primeiramente para que, em seguida, seja aberto o campo para uma exploração mais profunda com um pequeno número de indivíduos na fase qualitativa (TASHAKKORI; TEDDLIE, 2002). 116 Outro detalhe referente à análise sequencial dos dados é que ela possibilita distinguir claramente a análise de dados quantitativos e qualitativos, bem como a transposição dos dados, oportunizando a integração dos dois conjuntos de dados por meio da escrita discursiva narrativa. Esse procedimento ajuda a estabelecer comparações e verificar os contrastes dos resultados na fase de interpretação. (TASHAKKORI; TEDDLIE, 2002) Após o detalhamento da metodologia utilizada na pesquisa, a próxima seção apresenta os resultados obtidos. 117 5 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA Nessa seção apresenta-se a análise e interpretação dos dados coletados por meio de questionário e entrevistas direcionados ao público-alvo da pesquisa, e os dados gerenciais coletados do sistema informatizado de treinamento da PMMG, com o fito de alcançar o objetivo de avaliar o desenvolvimento do TPB a distância na PMMG. Primeiramente, a avaliação foi realizada a partir da percepção dos Adjuntos e Auxiliares de Ensino e Treinamento das Unidades da PMMG situadas no interior do Estado de Minas Gerais, sendo esses, os responsáveis pelo gerenciamento do TPB nas respectivas Unidades. A partir disso, analisaram-se as informações coletadas dos responsáveis por funções estratégicas da gestão do TPB a distância na PMMG. A análise dos dados utilizou-se da técnica de análise descritiva, por meio de tabelas contendo as frequências absoluta e relativa, bem como estatísticas representadas como média, mediana e desvio padrão para descrever a percepção dos respondentes com relação ao treinamento de acordo com os instrumentos de pesquisa utilizados. Para avaliar se as diferenças identificadas foram significativas, utilizou-se o teste Exato de Fisher 29 de comparação de proporções de dois grupos. Os dados coletados foram tabulados e submetidos a análises uni e multivariadas com o auxílio do software SPSS (Statistical Package for the Social Science) 30, com o intuito de elaborar o tratamento estatístico para responder às questões levantadas pela pesquisa. Para determinar se as diferenças encontradas são estatisticamente significativas, utilizou-se o nível de significância de 5%. Assim, consideraram-se como significativas diferenças com a probabilidade de significância do teste, p-valor, é menor ou igual a 0,05. 29 30 Este teste faz uso de tabelas de contingência 2x2, para se comparar 2 grupos. É indicado quando o tamanho das duas amostras independentes é pequeno e consiste em determinar a probabilidade exata de ocorrência de uma freqüência observada, ou de valores mais extremos. (HAIR, et al., 2009) Software que permite realizar cálculos estatísticos complexos, visualizar resultados, de forma rápida permitindo assim aos seus utilizadores uma apresentação e uma interpretação sucinta dos resultados obtidos. Fonte: http://www.sc.uevora.pt/spss/ 118 5.1 Perfil dos pesquisados Neste item serão apresentadas as principais características dos respondentes do questionário e dos entrevistados participantes deste estudo. Inicialmente será feita a descrição do perfil dos participantes da pesquisa quantitativa que responderam ao questionário. A Tabela 1 apresenta a distribuição dos respondentes com relação à função. Tabela 1 Caracterização dos respondentes segundo a função que ocupam. Respostas Frequência Percentual Adjunto de Ensino e Treinamento 60 62,5 Auxiliar de Ensino e Treinamento 35 36,5 1 1,0 96 100,0 Comandante de Companhia de Ensino e Treinamento Total Fonte: Elaborado pelo autor. É possível observar que 62,5% dos respondentes possuem o cargo de Adjunto de Ensino e Treinamento (Adj. ET), sendo que os outros 36,5% possuem o cargo de Auxiliar de Ensino e Treinamento (Aux. ET). Somente 1% do total dos respondentes possui o cargo de Comandante da Companhia de Ensino e Treinamento (Cia. ET). Ressalta-se que o público-alvo da pesquisa eram os Adj. ET e Aux. ET, porém um Comandante de Companhia de Ensino e Treinamento teve acesso ao questionário e o enviou respondido, sendo as suas respostas computadas na pesquisa. Tal fato não significa nenhuma alteração no foco da pesquisa, uma vez que se trata de função também diretamente envolvida com a gestão do treinamento nas Unidades. Na Tabela 2 é possível verificar a distribuição das respostas segundo o tempo de trabalho na função específica dos respondentes. 119 Tabela 2 Caracterização dos respondentes segundo o tempo na atual função. Respostas Frequência Percentual Percentual AC. Menos de 1 ano 7 7,3 7,3 Entre 1 e 2,9 anos 17 17,7 25,0 Entre 3 e 5 anos 35 36,5 61,5 Mais de 5 anos 37 38,5 100,0 96 100,0 - Total Fonte: Elaborado pelo autor. Percebe-se que 38,5% os respondentes possuem mais de 5 anos na função e que outros 36,5% possuem entre 3 a 5 anos. Nesse sentido, por meio dos dados apresentados, é possível afirmar que 75% dos respondentes do questionário possuem mais de 3 anos nas funções de Adj. ET e Aux. ET, o que demonstra a experiência dos respondentes na gestão do treinamento nas respectivas Unidades e confirma a sua participação no planejamento e execução do TPB a distância, principalmente no biênio 2008-2009. A distribuição dos respondentes em relação à participação em cursos e treinamentos é mostrada a seguir pela Tabela 3. Tabela 3 Caracterização dos respondentes segundo a participação em cursos e treinamentos. Respostas Frequência Percentual Seminário de Nivelamento para o TPB 47 49,0 Curso de Capacitação Didática 19 19,8 Curso de Capacitação em Arma de Fogo 9 9,4 Curso de Gestão Educacional 7 7,3 Curso de Capacitação em Educação Física 6 6,3 Curso de Capacitação em Defesa Pessoal Policial 4 4,2 Curso de Capacitação de Monitores de Educação Física 2 2,1 Curso de Capacitação de Monitores de Defesa Pessoal Policial 2 2,1 Outros 40 41,7 Fonte: Elaborado pelo autor. A partir da análise da Tabela 3 é possível observar que 49% dos respondentes cursaram o Seminário de Nivelamento para o TPB, que cerca de 20% 120 participaram do Curso de Capacitação Didática e que, em torno de 7%, do Curso de Gestão Educacional. As respostas dos Adj. ET e Aux. ET reportam que quase a metade dos respondentes possui alguma capacitação diretamente relacionada ao planejamento e execução do TPB na PMMG. Esse percentual significativo indica que uma parcela considerável dos respondentes possui alguma capacitação formal na área de treinamento, portanto são conhecedores do assunto ora questionado. Tal situação, aliada aos dados apresentados na Tabela 2, que demonstraram que 75% dos respondentes possuem mais de três anos no exercício da função, demonstra um bom grau de conhecimento e experiência dos respondentes sobre o planejamento e execução do TPB na PMMG. Moore e Kearsley (2010) afirmam a importância da instituição gestora da EAD ter, além dos especialistas em conteúdo, pessoal capacitado para o gerenciamento das atividades educacionais, com vistas à condução dessas no ambiente de aprendizagem. Tal concepção dos autores torna relevantes os dados aqui apresentados, pois ocorre uma contribuição muito maior para o sucesso do treinamento. Na Tabela 3 são demonstrados, ainda, que cerca de 9% participaram do curso de Capacitação em Arma de Fogo. Ficou demonstrado também que em torno de 42% dos respondentes citaram a participação em outros cursos como o de Multiplicador (professor) e Promotor de Direitos Humanos, de Justiça e Disciplina, de Multiplicador e de Promotor Polícia Comunitária, de capacitação no PROERD31, de Observador Aéreo, de Direção Defensiva, de Resgate e outros, embora se tratem de treinamentos que não têm relação direta com o tema da presente pesquisa. 5.2 Caracterização das Unidades dos pesquisados A seguir será feita a descrição do perfil das Unidades dos respondentes. A representação de cada Região da PMMG na amostra da pesquisa é descrita a seguir pela Tabela 4. 31 Programa Educacional de Resistência às Drogas (Diretriz para a prestação de serviços de Segurança Pública nº 3.01.04/2010-CG). 121 Tabela 4 Caracterização dos respondentes segundo a RPM a que pertencem. Representação Verificada Representação Esperada Frequência Percentual Frequência Percentual 12ª RPM 9 9,4 12 10,7 14ª RPM 9 9,4 10 8,9 5ª RPM 8 8,3 8 7,1 6ª RPM 8 8,3 6 5,4 7ª RPM 7 7,3 8 7,1 9ª RPM 7 7,3 8 7,1 13ª RPM 7 7,3 6 5,4 4ª RPM 7 7,3 8 7,1 17ª RPM 7 7,3 8 7,1 11ª RPM 6 6,3 10 8,9 16ª RPM 5 5,2 4 3,6 10ª RPM 5 5,2 4 3,6 18ª RPM 4 4,2 8 7,1 8ª RPM 4 4,2 4 3,6 15ª RPM 3 3,1 8 2,7 Total 96 100,0 112 100,0 Região Fonte: Elaborado pelo autor. A Tabela 4 mostra que as RPM com maior representatividade na amostra da pesquisa são a 12ª (Ipatinga) e a 14ª RPM (Curvelo), com 9,4% do total de respondentes cada uma. Por outro lado, a 15ª RPM (Teófilo Otoni) apresentou o menor número de respondentes, com apenas 3,1%. Cabe esclarecer que a representação de cada RPM na amostra da pesquisa foi também influenciada pelas características da organização administrativa de cada uma delas, conforme previsão na Resolução nº 4118, de 23 de novembro de 2010 (MINAS GERAIS, 2010d), que trata do Detalhamento e Desdobramento do Quadro de Organização e Distribuição (DD-QOD) da PMMG. Características como a existência de um Centro de Apoio Administrativo (CAA), que centraliza as ações de treinamento e outras atividades administrativas para um grupo de Unidades, faz com que a representação daquela RPM seja menos significativa, uma vez que haverá somente um Adj. ET e um Aux. ET para esse grupo de Unidades. Outra questão relevante é a ausência de respostas quanto aos questionários enviados para os gestores das Unidades, o que também diminui a representação da RPM na amostra da pesquisa. 122 Procurou-se realizar um comparativo entre a Representação Verificada, demonstrada por meio do retorno dos questionários respondidos ao pesquisador, e a Representação Esperada, demonstrada pela distribuição dos questionários pelo pesquisador. A Representação Verificada seria igual à Representação Real se todos os questionários enviados retornassem respondidos ao pesquisador. Na análise dos dados comparados percebem-se algumas distorções entre a Representação Esperada das RPM na amostra da pesquisa e a constatada (Representação Verificada) por ocasião do retorno dos questionários respondidos. As discrepâncias podem ser explicadas observando-se o registro dos questionários recebidos pelo pesquisador, Unidade por Unidade. Assim, verifica-se que a 6ª (Lavras) e 13ª RPM (Barbacena) tiveram suas representações na pesquisa além das expectativas na sua Representação Esperada, uma vez que todos os Adj. ET e Aux. ET das Unidades que a compõem enviaram suas respostas. Além disso, os Policiais Militares que detém tais encargos nas Unidades apoiadas, mesmo que não previstas as suas participações, também enviaram suas respostas, aumentando a representação da RPM na amostra da pesquisa. Tais participações também não trazem discrepâncias à pesquisa, pois tratam-se de encargos correlatos às funções de Adj. e Aux. ET. No caso da 11ª RPM (Montes Claros) ocorreu o contrário, pois cinco dos Adj. ET e Aux. ET das Unidades integrantes da RPM não enviaram seus questionários respondidos, diminuindo significativamente a representação da RPM na amostra da pesquisa. Fato similar ocorreu na 18ª RPM (Poços de Caldas), em que quatro integrantes da amostra não enviaram resposta ao questionário encaminhado. O tipo de Unidade a qual o respondente serve é mostrado a seguir pela Tabela 5. Tabela 5 Caracterização dos respondentes segundo o tipo de Unidade que servem. Respostas Frequência Percentual Batalhão 60 62,5 Cia. Ind. 21 21,9 Cia. Ind. MAT 11 11,5 CAA 4 4,2 96 100,0 Total Fonte: Elaborado pelo autor. 123 A Tabela 5 apresenta os tipos de Unidades a que pertencem os respondentes. Verifica-se que, aproximadamente, 63% dos respondentes servem em Unidades do tipo Batalhão, enquanto que, cerca de 22% servem em Companhia Independente (Cia. Ind.). Somente 4% dos respondentes servem em CAA. As Unidades do tipo Batalhão são as que possuem melhor estrutura administrativa para o apoio às demandas das Frações destacadas, apesar de, pela maior abrangência de todas as suas ações (responsabilidade territorial, efetivo, nº de Frações, dentre outras) ocorrer um maior acúmulo de encargos e tarefas rotineiras que concorrem com a atividade de treinamento. A seguir é feita a descrição do efetivo total das Unidades em que os respondentes atuam, conforme demonstrado na Tabela 6. Tabela 6 Caracterização das Unidades pesquisadas segundo seu efetivo total. Efetivo Total Frequência Percentual Percentual AC. Até 200 PM 38 40,4 40,4 De 201 até 400 PM 35 37,2 77,7 De 401 até 600 PM 17 18,1 95,7 De 601 até 800 PM 3 3,2 98,9 Acima de 800 PM 1 1,1 100,0 96 100,0 - Total Fonte: Elaborado pelo autor. Da análise da Tabela 6 é possível observar que cerca de 40% dos respondentes citaram que suas Unidades possuem efetivo de até 200 Policiais Militares e, aproximadamente, 37% possuem entre 201 e 400. Somente 18% possuem entre 401 e 600. A grande maioria dos respondentes, cerca de 78%, afirmaram que suas Unidades possuem até 400 Policiais Militares. O número médio de Policiais Militares por Unidade é de 270, calculado estatisticamente com base no mínimo de 18 e máximo de 960 Policiais Militares, conforme dados coletados na pesquisa. Com relação ao suporte prestado pelas Unidades apoiadoras da atividade de treinamento, cerca de 67% dos respondentes declararam que sua Unidade presta suporte a, pelo menos, uma outra Unidade da mesma RPM. Em média, o suporte é 124 dado a duas outras Unidades, com um efetivo médio de 232 Policiais Militares por Unidade. Por meio desses dados percebe-se que uma Unidade apoiadora de treinamento deve gerenciar, em média, algo em torno de 734 Policiais Militares. Observa-se que as Unidades pesquisadas têm como característica principal um grande efetivo para gerenciar e, por serem Unidades do interior do Estado, têm em seu desfavor um grande número de frações destacadas que atribuem um fator complicador à gestão do treinamento, devido às diversas peculiaridades de cada localidade, como: acessos às Frações destacadas, distâncias longas, outras demandas prioritárias, dentre outras. Nas 15 RPM pesquisadas, segundo o DD-QOD da PMMG (MINAS GERAIS, 2010d), são 958 Frações destacadas, distribuídas em 78 Unidades, desconsideradas as Frações especializadas que estão presentes, conjuntamente, com outras Frações destacadas. Todo esse complexo cenário dificulta as ações de gestão do treinamento. 5.3 Caracterização do TPB nas Unidades pesquisadas A seguir serão apresentados os resultados sobre a execução do TPB em suas modalidades presencial e a distância. Inicialmente será feita a descrição dos números do TPB no período delimitado pela pesquisa, ou seja, de 2002 a 2009, de acordo com os ciclos bienais, conforme apresentados na Tabela 7. Tabela 7 Caracterização da execução do TPB da 4ª à 18ª RPM no período de 2002 a 2009. Biênio de realização do TPB Tipo de TPB Total de Efetivo total Presencial a Distância participantes 2002 / 2003 12878 (70%) 3301 (18%) 16179 (88%) 18402 (100%) 2004 / 2005 12499 (65%) 4920 (26%) 17419 (90%) 19262 (100%) 2006 / 2007 16681 (79%) 3744 (18%) 20425 (97%) 21051 (100%) 2008 / 2009 21036 (83%) 3739 (15%) 24775 (98%) 25402 (100%) 63094 (75%) 15704 (19%) 78798 (94%) 84117 (100%) Total * N (%). Fonte: Elaborado pelo autor com base na base de dados do SICI. 125 Na análise da Tabela 7 pode ser observado que a participação no TPB vem aumentando a cada biênio, passando de 88% no primeiro, realizado nos anos de 2002 e 2003, ou seja, com 12% de não submissão ao treinamento, para 98% no biênio 2008-2009, reduzindo-se a não submissão para 2%. Por outro lado, a adesão ao TPB a distância apresentou aumento do primeiro para o segundo biênio, passando de 18% para 26%, e vem diminuindo desde então com percentuais de 18% e 15% nos períodos seguintes, sendo o valor mínimo observado no último ciclo. O aumento na participação global no TPB pode ser explicado pela maior organização que o treinamento vem apresentando ao longo dos anos, possibilitando uma melhor execução e controle das Unidades e pela motivação provocada pelas novidades agregadas a cada ciclo de treinamento. Sobre o aumento da realização da modalidade a distância no biênio 20042005 pode-se inferir que sofreu influência da situação de cortes orçamentários provocados pelo governo de Minas Gerais a partir do ano de 2003, quando foi implantado o „Choque de Gestão‟. Tal medida governamental produziu cortes em todas as áreas da administração pública, tendo, com certeza, afetado a disponibilização de recursos para o pagamento de diárias de viagem e indenização de passagens. Sem esses recursos as Unidades do interior do Estado foram praticamente obrigadas a realizar o TPB na modalidade a distância para o efetivo lotado em suas Frações destacadas. Passados os efeitos imediatos do „Choque de Gestão‟ do Governo de Minas Gerais, a disponibilização dos recursos foi sendo normalizada e a execução do TPB voltou aos patamares normais. 5.4 Caracterização do TPB a distância do biênio 2008-2009 nas Unidades pesquisadas A Tabela 8, descrita a seguir, demonstra a situação de execução do TPB a distância, realizado no biênio 2008-2009 para as Frações destacadas das Unidades do interior do Estado. 126 Tabela 8 Situação de execução do TPB a distância do biênio 2008-2009 para as Frações destacadas, segundo a opinião dos Adj. e Aux. ET. Respostas Freqüência Percentual Percentual AC. Nenhuma fração 37 41,6 41,6 A minoria das frações 6 6,7 48,3 A maioria das frações 9 10,1 58,4 Todas as frações 37 41,6 100,0 Total 89 100,0 - Fonte: Elaborado pelo autor. Na análise da Tabela 8 pode-se verificar que cerca de 42% dos respondentes afirmou ter ocorrido o TPB a distância para todas as suas Frações destacadas no biênio 2008-2009, enquanto que o mesmo percentual de respondentes (42%) também afirmou que não ocorreu para nenhuma de suas Frações destacadas. Percebe-se que as respostas intermediárias não apresentaram significância. Para explicar este fenômeno foi perguntado aos respondentes sobre quais foram os motivos que levaram à decisão pela realização ou não do TPB a distância para as Frações destacadas de suas Unidades. A seguir é feita a descrição dos itens que apresentaram mais influência na decisão sobre a modalidade de execução do TPB nas Unidades pesquisadas. Esses resultados são mostrados pela Tabela 9, descrita a seguir. Entretanto, para melhor compreender a dinâmica dessa análise, cabe esclarecer duas questões básicas de seu planejamento e execução. Primeiramente, o questionário apresentou aos respondentes a pergunta sobre quais seriam os motivos pela decisão de realizar ou não o TPB a distância nas Frações destacadas de sua Unidade durante o biênio 2008-2009. As respostas apresentavam várias opções, nas quais o respondente atribuiria uma numeração sequencial para os itens que exerceram tal influência. A ordem da sequência é que define qual resposta exerceu maior ou menor influência na decisão, que a ordem da sequência foi que definiu qual resposta exerceu maior ou menor influência na decisão, representandose a maior influência pelo número 1. Uma vez respondidos os questionários, a análise foi procedida atribuindose um valor (nota) para o item que exerceu a maior influência na decisão (marcado 127 pelo respondente com o número 1). Ao item marcado pelo respondente como em segundo lugar (número 2) foi subtraída uma unidade; para o item enumerado como 3, foram subtraídas duas unidades e assim sucessivamente, até chegar-se ao último item elencado, ao qual foi atribuído apenas 1 ponto. Os itens que não foram marcados pelos respondentes, não foram contabilizados, ou seja, a nota atribuída foi zero. Ao final da avaliação somou-se o total de pontos computados nas respostas, sendo esse valor 100% da pontuação e atribuiu-se o percentual que cada item representa nesse montante. Assim construiu-se a Tabela 9, descrita a seguir. Tabela 9 Aspectos considerados na decisão quanto a modalidade do TPB do biênio 20082009 para as Frações destacadas, segundo a opinião dos Adj. e Aux. ET. Respostas Pontuação Peso Falta de recursos para pagamento de diárias para participação no TPB presencial 393 20,0 Preferência técnica da Unidade pelo TPB presencial, devido à constatação de sua maior eficiência 316 16,1 Falta de efetivo nas frações destacadas 297 15,1 Falta de estrutura de apoio ao TPB à distância nas frações destacadas 270 13,7 Falta de recursos audiovisuais nas frações destacadas 265 13,5 Falta de pessoal capacitado para aplicar o TPB à distância nas frações destacadas 210 10,7 Constatação da ineficiência do TPB à distância para a manutenção da capacitação policial na área operacional 204 10,4 Outros 12 0,6 1967 100,0 Total Fonte: Elaborado pelo autor. Percebe-se na análise dos dados apresentados na Tabela 9 que, na opinião dos respondentes, o aspecto que mais influenciou na decisão para execução do TPB, tanto na modalidade presencial quanto na a distância, foi a falta de recursos para o pagamento de diárias de viagem aos Policiais Militares participantes do treinamento, alcançando 20% da pontuação total, seguido pela preferência técnica da Unidade pelo TPB presencial, com cerca de 16%. A falta de efetivo nas Frações 128 destacadas também recebeu significativa atenção dos respondentes, que representou, aproximadamente 15%. Verifica-se que a falta de pessoal capacitado para aplicar o TPB a distância nas Frações destacadas e a constatação da ineficiência do TPB a distância para a manutenção da capacitação policial na área operacional foram os itens que menos influenciaram, segundo a visão dos respondentes. Confirmando essa análise, verifica-se que os aspectos mais pontuados referem-se à falta de recursos para o pagamentos de diárias de viagem e a uma preferência técnica pelo treinamento presencial, não ficando evidenciada nenhuma questão relativa à deficiência do TPB na modalidade a distância. Para uma análise mais detalhada, foi realizado o desmembramento das respostas em face da pergunta inicial relativa à decisão pela realização do TPB presencial ou a distância para as Frações destacadas, buscando obter uma melhor percepção dos respondentes. A seguir são apresentados, de forma compartimentada, os resultados sobre os aspectos que influenciaram na decisão pela não realização do TPB a distância na respectiva Unidade. Destaca-se que a Tabela 9A demonstra apenas as respostas dos respondentes que na questão anterior responderam que não realizaram o TPB a distância em nenhuma de suas Frações destacadas. 129 Tabela 9A Aspectos considerados na decisão pela não execução do TPB a distância do biênio 2008-2009 para nenhuma Fração destacada, segundo a opinião dos Adj. e Aux. ET. Aspectos que influenciaram na decisão Pontuação Peso Preferência técnica da Unidade pelo TPB presencial, devido a constatação de sua maior eficiência 139 27,7 Constatação da ineficiência do TPB a distância para a manutenção da capacitação policial na área operacional 69 13,7 Falta de recursos para pagamento de diárias para participação no TPB presencial 67 13,3 Falta de estrutura de apoio ao TPB a distância nas frações destacadas 65 12,9 Falta de recursos audiovisuais nas frações destacadas 59 11,8 Falta de efetivo nas frações destacadas 52 10,4 Falta de pessoal capacitado para aplicar o TPB a distância nas frações destacadas 47 9,4 Outros 4 0,8 502 100,0 Total Fonte: Elaborado pelo autor. Na análise compartimentada, verifica-se que a preferência técnica pelo TPB presencial é a grande motivação pela escolha dessa modalidade de treinamento. A ocorrência de boa parte das respostas voltadas para a constatação da ineficiência do TPB a distância é um fator preocupante, uma vez que o TPB tem a sua finalidade ligada exatamente a manutenção da capacidade técnica dos Policiais Militares para a atividade operacional e a constatação, segundo os respondentes, de sua ineficiência é um resultado que merece atenção especial para fins diagnósticos dessa pesquisa. Confirmando essa opinião dos respondentes, o Chefe da Seção de Treinamento da APM, que entrevista realizada com o pesquisador, quando esclarece a respeito das deficiências do TPB a distância da PMMG 130 [...] vejo muita deficiência, vejo que ele não atente as necessidades do treinamento como nós planejamos. [...] vejo que no modelo atual, ele não atende as necessidades do treinamento. [...] a própria deficiência desse tipo de treinamento a distância, diminui a qualidade da capacitação técnica do militar. [...] no TPB à distância, apesar de ser uma ferramenta alternativa para as unidades que estão distanciadas da sede, eu vejo que a deficiência é maior. [...] todo efetivo é atingido pelo TPB, mas essa forma à distância não tem a eficiência que gostaríamos que ela tivesse. [...] A deficiência está na metodologia do ensino que não traz o resultado que a gente gostaria que ele trouxesse. (Entrevista com o Chefe da Seção de Treinamento da APM, 04Ago11) Corroborando o verificado acima, o Chefe da Seção de Educação a Distância da APM afirma que [...] o TPB à distância 2008-2009 atendeu em parte às necessidades da Polícia Militar para aquelas frações destacadas. [...] porque ele era norteado por uma série de competências que não eram competências que foram trabalhadas para serem desenvolvidas no interior. O TPB à distância atendeu às necessidades sim, mas não atendeu da forma que deveria ser. (Entrevista com o Chefe da Seção de Educação a Distância da APM, 29Ago11). Conforme Nunes (2009), a EAD deve obedecer a determinados princípios básicos de qualidade, com vistas a maximizar as suas vantagens, utilizando-se de instrumentos específicos, como meios de comunicação, técnicas de ensino, metodologias educacionais, entre outros. Assim, pode-se inferir que existe um problema a ser solucionado em relação ao TPB a distância na PMMG. A principal observação está ligada à metodologia de aplicação do conteúdo do treinamento, uma vez que alguns se tratam de conteúdos de cunho prático e dependem de condicionamento para chegar-se a condição ideal. A questão é que o TPB a distância, na metodologia aplicada no biênio 2008-2009, não ofereceu essa condição. Na sequência são apresentados, ainda de forma compartimentada, os resultados sobre os aspectos que influenciaram na decisão pela realização do TPB a distância na respectiva Unidade para todas as Frações destacadas. Destaca-se que a Tabela 9B demonstra apenas as respostas dos respondentes que na questão anterior responderam que realizaram o TPB a distância em todas as suas Frações destacadas. 131 Tabela 9B Aspectos considerados na decisão pela execução do TPB a distância do biênio 2008-2009 para todas Frações destacadas, segundo a opinião dos Adj. e Aux. ET. Respostas Pontuação Peso Falta de recursos para pagamento de diárias para participação no TPB presencial 216 20,9 Falta de efetivo nas frações destacadas 165 15,9 Falta de estrutura de apoio ao TPB a distância nas frações destacadas 153 14,8 Preferência técnica da Unidade pelo TPB presencial, devido a constatação de sua maior eficiência 137 13,2 Falta de recursos audiovisuais nas frações destacadas 128 12,4 Falta de pessoal capacitado para aplicar o TPB a distância nas frações destacadas 127 12,3 Constatação da ineficiência do TPB a distância para a manutenção da capacitação policial na área operacional 106 10,2 3 0,3 1035 100,0 Outros Total Fonte: Elaborado pelo autor. Na segunda parte da análise compartimentada, verifica-se que, dos pontos favoráveis à execução do TPB a distância, o aspecto que obteve maior pontuação foi a falta de recursos para o pagamento de diárias de viagem para participação no TPB presencial (21%). O segundo aspecto mais pontuado foi a falta de efetivo nas Frações destacadas(15,9%). Verifica-se que os aspectos mais pontuados guardam estreita relação com a situação administrativa da PMMG em relação a recursos e pessoal. Não houve justificativa técnica para a decisão de realizar o TPB a distância para as Frações destacadas das respectivas Unidades, sendo que a explicação relaciona-se a questão de indisponibilidade de recursos e falta de pessoal para suprir a demanda operacional. Ressalta-se que, mesmo para os respondentes que manifestaram ter realizado o TPB a distância para todas as suas Frações destacadas, 10,2% confirmam ser um dos motivos a ineficiência do TPB a distância para a manutenção 132 da capacitação policial na área operacional. Tal constatação também deve ser considerada para fins de avaliação da real condição do treinamento aplicado. Na Tabela 10 estão demonstrados os dados sobre as rotinas efetivamente realizadas durante a execução do TPB a distância para as Frações destacadas. Tabela 10 Ações efetivadas na execução do TPB a distância do biênio 2008-2009 para as Frações destacadas, segundo a opinião dos Adj. e Aux. ET. Respostas Frequência Percentual Distribuição do Guia de Treinamento para os discentes antes do início do TPB Execução das provas de TAF e tiro por pessoal capacitado para tal 46 47,9 38 39,6 Realização da prova escrita com a presença do Cmt. de pelotão Cumprimento do prazo de encaminhamento das atas de resultado para a Adj ET Orientação aos participantes do TPB a distância sobre as rotinas do treinamento Convocação formal dos militares com coleta do ciente 37 38,5 35 36,5 35 36,5 30 31,3 Cumprimento do prazo de 20 dias de autoestudo a distância 29 30,2 Coleta do ciente dos avaliados nas atas de TAF e tiro Execução das videoaulas na sede da fração com acompanhamento do monitor Capacitação de monitores nas frações destacadas 24 25,0 19 19,8 14 14,6 Outros 1 1,0 Fonte: Elaborado pelo autor. Para a análise das informações coletadas cabe esclarecer que foi orientado aos pesquisados que eles poderiam marcar mais de uma das opções existentes no rol de respostas, sendo essas extraídas das normas que tratam da execução do TPB a distância na PMMG. Na análise, verificou-se que em torno de 48% das respostas foram direcionadas à distribuição do Guia de Treinamento para os discentes antes do inicio do TPB, seguida por 40% que se direcionaram para a execução das provas de TAF e Tiro por pessoal capacitado para tal. A grande distorção pode ser verificada nos itens que tiveram as menores quantidades de marcação. Dentre os itens com menor expressão, segundo a opinião dos respondentes, estão a execução de vídeo-aulas na sede da fração com acompanhamento do monitor, com cerca de 19,8%, e a capacitação de monitores nas frações destacadas com 14,6%. Verifica-se que, tecnicamente, esses são itens 133 de extrema importância para a realização de um treinamento de qualidade, uma vez que se relacionam com a rotina da execução da atividade educacional propriamente dita. O não cumprimento desses itens pelas Frações destacadas pode acarretar a quebra da qualidade da atividade de educação profissional e em uma sensação de inoperância do sistema educacional nesse tipo de treinamento. A seguir é feita a descrição da percepção dos respondentes em relação à capacidade do TPB a distância, quanto a proporcionar ao Policial Militar treinado condições de manter a sua capacidade técnica para as atividades operacionais. Os resultados são mostrados pela Tabela 11. Tabela 11 Percepção dos Adjuntos e Auxiliares de Ensino e Treinamento sobre ter o modelo de TPB a distância, realizado biênio 2008-2009 para as Frações destacadas, proporcionado condições de manutenção da capacidade técnica para as atividades operacionais dos Policiais Militares treinados. Respostas Frequência Percentual Sim 27 50,9 Parcialmente 21 39,6 Não 5 9,4 53 100,0 Total Fonte: Elaborado pelo autor. Na análise da percepção dos respondentes, verifica-se que pouco mais da metade dos respondentes, ou seja, cerca de 51% dos respondentes, acreditam ser a afirmativa verdadeira. Cabe esclarecer que a questão permitia a justificativa da resposta dada, constando como os maiores percentuais de manifestação a possibilidade de troca de opiniões entre os discentes e entre esses e o monitor da Fração, a oportunidade de atualização dos conhecimentos e a realização da manutenção de qualidade técnica. Alguns respondentes afirmaram que o aproveitamento no TPB a distância é bem similar ao do treinamento presencial, devido à qualidade do material e metodologia aplicada, fato confirmado na Tabela 15, onde foram apresentados como aspectos que mais evoluíram no TPB a distância realizado entre 2002 e 2009, o material didático disponibilizado e à metodologia de treinamento aplicada. 134 Cerca de 40% descreveram como parcialmente correta a afirmação, tendo em vista a não priorização do TPB, a falta de material e de comunicação com o Comando, a falta de aulas práticas, a existência de materiais diferenciados por Fração, as aulas muito teóricas e cansativas e a falta de contato com o monitor. Ressalta-se que 43 pesquisados não responderam a esta questão, justificando o fato por não terem executado o TPB a distância ou por não terem conhecimento suficiente para tal. Não obstante esse resultado, a mesma pergunta foi feita em entrevista ao Chefe da Seção de Treinamento e com o Chefe da Seção de Educação a Distância, ambas da APM. Em relação a ter o modelo de TPB a distância aplicado no biênio 2008-2009 condições de manutenção da capacidade técnica para as atividades operacionais, o Chefe da Seção de Treinamento da APM manifestou que [...] a forma como ele é realizado atualmente, em que o militar recebe um Guia de Treinamento para que ele possa estudar por conta própria e, depois ele vai para Unidade, no caso o Batalhão, para fazer as provas, eu vejo muita deficiência. Vejo que ele não atente às necessidades do treinamento como nós planejamos, [...] e eu vejo que no modelo atual, ele não atende as necessidades do treinamento. (Entrevista com o Chefe da Seção de Treinamento da APM, 04Ago11). Já o Chefe da Seção de Educação a Distância da APM esclareceu que [...] o TPB à distância 2008/2009 atendeu em parte as necessidades da Polícia Militar para àquelas Frações destacadas. [...] porque ele era norteado por uma série de competências que não eram competências que foram trabalhadas para serem desenvolvidas no interior. O TPB à distância atendeu às necessidades sim, mas não atendeu da forma que deveria ser. Porque a partir do momento que eu tenho mapeado uma competência eu consigo até desenvolver a estratégia pedagógica. E a realidade foi que isso, por uma falta de referencial, não foi feito. (Entrevista com o Chefe da Seção de Educação a Distância da APM, 29Ago11) Pode-se verificar que, na opinião dos gestores da APM, o TPB a distância, aplicado no biênio 2008-2009, por meio do denominado videotreinamento, não atende às demandas institucionais, ou seja, não é capaz de oferecer condições para a manutenção da capacidade técnica dos Policiais Militares para as atividades operacionais nas Frações destacadas da PMMG, quer pela falha na escolha da metodologia aplicada, quer pelo não desenvolvimento da estratégica pedagógica mais adequada para o desenvolvimento das competências necessárias para a atividade policial. 135 Nesse sentido, Toledo et al. (1998) comprovam a constatação da pesquisa afirmando que a tecnologia isoladamente não é garantia de qualidade do treinamento, sendo importante como ela é utilizada. Os fatores que mais interferiram no alcance dos objetivos do TPB a distância, segundo a opinião dos respondentes é descrita a seguir pela Tabela 12. A Tabela 12 segue o modelo apresentado para avaliação dos itens coletados das Tabelas 9, 9A e 9B, tendo os mesmos critérios para apuração da pontuação e percentual de cada item, conforme descrito detalhadamente no parágrafo que antecede a Tabela 9. Tabela 12 Percepção dos Adj. e Aux. ET sobre os fatores que mais influenciam no alcance dos objetivos do TPB a distância, realizado biênio 2008-2009 para as Frações destacadas. Respostas Pontuação Peso Qualidade do material didático 468 14,2 Capacitação dos monitores 352 10,7 Aplicabilidade dos conteúdos na prática policial 351 10,7 Interatividade das vídeoaulas 348 10,6 Recursos audiovisuais disponíveis 340 10,3 316 9,6 Motivação e envolvimento dos discentes 312 9,5 Acompanhamento da execução do treinamento pelo monitor 286 8,7 Tempo disponibilizado para autoestudo a distância 260 7,9 Jornada de trabalho durante o treinamento 243 7,4 Outros 11 0,3 3287 100,0 Clareza das orientações treinamento/normas do TPB contidas Total no plano de Fonte: Elaborado pelo autor. Verifica-se que na opinião dos respondentes, os itens que mais influenciaram para o alcance dos objetivos do TPB a distância, foram a qualidade do material didático e a capacitação dos monitores. Quanto à qualidade do material didático verifica-se que em nenhum outro grupo de respostas tal aspecto foi apontado, significativamente, como problemático ou causador de diminuição da 136 credibilidade do treinamento em questão, permitindo inferir que, para a maioria dos respondentes, é ponto passivo de qualidade do treinamento. No tocante à capacitação de monitores, apesar de ser a segunda opção mais considerada pelos respondentes, em outro grupo de respostas (Tabela 10) a capacitação foi apontada como uma das ações menos efetivadas durante a realização do TPB a distância em questão. Por outro lado, os itens que menos influenciaram no cumprimento dos objetivos do TPB a distância foram o tempo disponibilizado para autoestudo a distância e a jornada de trabalho durante o treinamento. Também pode-se verificar que em relação ao tempo destinado ao autoestudo não ser suficiente, isso é atribuído à estratégia institucional em não diminuir a jornada de trabalho operacional nas Frações destacadas, principalmente pela falta de efetivo, fato demonstrado como fator que interferiu na decisão por realizar o TPB a distância para as Frações destacadas (Tabelas 9 e 9B). Nas entrevistas realizadas também foi perguntado aos pesquisados sobre os fatores que influenciaram no cumprimento dos objetivos do TPB a distância para as Frações destacadas, sendo destacado pelo Chefe da Seção de Treinamento da APM que [...] no TPB a distância pode acontecer até mesmo o desprezo do militar, a desconsideração do militar em relação ao conteúdo que está no Guia de Treinamento. [...] Então, a manutenção da capacidade técnica dele fica deficiente [...] No TPB à distância, apesar de ser uma ferramenta alternativa para as Unidades que estão distanciadas da sede, eu vejo que a deficiência é maior. Eu imagino que o policial nessa situação tem mais resistência ao treinamento. (Entrevista com o Chefe da Seção de Treinamento da APM, 04Ago11) Já o Chefe da Seção de Educação a Distância da APM detalhou que as questões que apresentaram maior deficiência foram [...] as disciplinas em que eram voltadas especificamente para práticas, como por exemplo abordagem a pessoas, a veículos, ensinando a realizar uma algemação, [...] Não tem como, com educação a distância, eu desenvolver habilidades que não sejam muito específicas, como por exemplo, ensinar alguém a digitar no computador, desenhar, mas não é possível ensinar alguém a atirar. Para desenvolver essas habilidades eu preciso que a pessoa pratique. (Entrevista com o Chefe da Seção de Educação a Distância da APM, 29Ago11) 137 Percebe-se que a opinião dos gestores educacionais da APM é a de que o TPB a distância, realizado no biênio 2008-2009 nas Frações destacadas não cumpre o seu objetivo, uma vez que existem muitas resistências por parte dos discentes e a metodologia aplicada não permite que haja uma melhor interação entre os discentes e o monitor. É necessário que essas barreiras sejam quebradas e que o conteúdo conquiste a credibilidade dos discentes. Acrescentam, ainda, que a metodologia aplicada não permite o aprendizado correto de conteúdos eminentemente práticos, que tenham o objetivo de desenvolver habilidades práticas, como é o caso de vários conteúdos do TPB a distância. Para Mattar (2009), a complexidade é ainda maior, pois os agentes interagem de diversas maneiras e por diferentes ferramentas, acarretando em expectativas e objetivos distintos. 5.5 Dificuldades do TPB a distância do biênio 2008-2009 nas Unidades pesquisadas Na sequência são descritos os aspectos que mais dificultaram a realização do TPB a distância. A Tabela 13 segue o modelo apresentado pela avaliação dos itens coletados nas Tabelas 9, 9A, 9B e 12, tendo os mesmos critérios utilizados para apuração da pontuação e percentual de cada item, conforme descrito detalhadamente no parágrafo que antecede a Tabela 9. 138 Tabela 13 Percepção dos Adj. e Aux. ET sobre os aspectos que mais dificultaram a realização do TPB a distância, realizado no biênio 2008-2009 para as Frações destacadas. Respostas Pontuação Peso Falta de recursos para o pagamento de diárias aos aplicadores do TAF, tiro e prova escrita 398 16,7 Dificuldades de capacitação dos monitores das frações destacadas 329 13,8 Longas distâncias entre a sede e as frações destacadas 304 12,8 Falta de local adequado para realização das vídeo-aulas 284 11,9 Falta de recursos audiovisuais 261 11,0 Dificuldades de acesso aos locais de treinamento 221 9,3 Falta de motivação e envolvimento dos discentes 213 9,0 Falta de clareza das orientações contidas no plano de treinamento/normas do TPB 158 6,6 Má qualidade do material didático disponibilizado 121 5,1 Outro 90 3,8 2379 100,0 Total Fonte: Elaborado pelo autor. Verifica-se que dentre os aspectos que mais dificultaram a realização do TPB, segundo os respondentes, está a falta de recursos para o pagamento de diárias aos aplicadores do TAF, tiro e prova escrita (16,7%), seguida pelas dificuldades para a capacitação de monitores nas Frações destacadas (13,8%), e as longas distâncias entre a sede e as frações destacadas (12,8%). Pode-se verificar que a dificuldade na capacitação de monitores confirma os dados da Tabela 10 quanto a ser a ação menos efetivada pelas Unidades na exec ução do TPB a distância para as Frações destacadas. Por outro lado, os itens que menos dificultaram foram relacionados à clareza das orientações contidas no plano de treinamento/normas do TPB e à qualidade do material didático. Nas entrevistas realizadas também foi perguntado sobre os aspectos que dificultaram a realização do TPB a distância, sendo destacado pelo Chefe da Seção de Treinamento que 139 [...] as dificuldades são as distâncias do aluno para o professor, ou seja, ele está na Unidade destacada e não tem o professor próximo a ele para tirar dúvida, [...] muitas aulas que deveriam ser presenciais não são, porque ele só tem um Guia de Treinamento na mão para estudar e assistir uma vídeoaula. [...] todo efetivo é atingido pelo TPB, mas essa forma a distância não tem a eficiência que gostaríamos que ela tivesse. (Entrevista com o Chefe da Seção de Treinamento da APM, 04Ago11) Complementa o entrevistado afirmando que [...] a deficiência está na metodologia do ensino que não traz o resultado que a gente gostaria que ele trouxesse. Aplicá-lo é fácil. Basta passar o vídeo para o militar, [...] a forma de gerir, de controlar de fiscalizar, a realização do treinamento é difícil e em muitos casos ela é inexistente [...] eu vejo que essa gestão é dificultada mesmo por causa da distância e da forma como ela é feita atualmente. [...] da dificuldade da distância, eu imagino falta de recurso para diária, falta de viatura para o adjunto se deslocar, falta de tempo devido as demandas que o adjunto tem na Unidade, [...] A dificuldade que eu vi, a deficiência, é justamente a falta de equipamento de televisão e videocassete para que fosse passado as vídeoaulas. [...] (Entrevista com o Chefe da Seção de Treinamento da APM, 04Ago11). Na entrevista com o Chefe da Seção de Educação a Distância foi enfatizado que [...] a primeira dificuldade é a gente não ter um referencial pedagógico de competências, então isso acabou refletindo nas demais coisas. O segundo problema grande que a gente tinha na hora de gerir esse TPB é que a gente não tinha muita condição de colher o feedback do que a gente tava fazendo [...] (Entrevista com o Chefe da Seção de Educação a Distância da APM, 29Ago11). Nas respostas dos entrevistados percebe-se que a maior dificuldade manifestada é quanto ao aspecto da natureza eminentemente prática do treinamento, que visa manter a capacitação para as atividades operacionais. Segundo os entrevistados, a metodologia aplicada não tem capacidade de proporcionar essa manutenção por ser própria para conteúdos mais teóricos. Além disso, enfatizam os entrevistados que a ferramentas de controle e fiscalização do treinamento são falhas, gerando um descontrole de como o treinamento realmente vem sendo aplicado nas Frações destacadas. Citam, ainda, suas opiniões sobre aspectos ligados à carência dos recursos orçamentários, financeiros e materiais cuja carência pode dificultar a realização do treinamento, como: recursos para o pagamento de diárias de viagem, viaturas para deslocamentos às Frações, falta de televisores e de aparelhos para reproduzir as mídias (DVD Player) dentre outros. 140 Foram citados também, como aspectos que dificultam a sua execução, a falta de referencial pedagógico e a ausência de retorno das informações sobre como o treinamento vinha sendo desenvolvido, como aspectos que dificultam a sua execução. Mattar (2009), esclarecendo sobre a necessidade de interação na EAD, explica sobre a importância e oportunidade do feedback aos discentes, uma vez que sem isso a interação é nula. Toledo et al. (1998) confirma a necessidade de interatividade e a sua importância nas atividades de EAD. 5.6 Evolução do TPB a distância no período 2002-2009 A seguir é feita descrição da percepção dos respondentes com relação à evolução do TPB a distância na PMMG. Os resultados são apresentados pela Tabela 14. Tabela 14 Percepção dos respondentes sobre a evolução do TPB a distância na PMMG. Respostas Frequência Percentual Percentual AC. Não houve evolução 7 14,6 14,6 Acanhada 3 6,3 20,8 Pouco significativa 9 18,8 39,6 Muito Expressiva 29 60,4 100,0 48 100,0 - Total Fonte: Elaborado pelo autor. Verifica-se que a maioria dos respondentes (cerca de 60%) entende que houve uma evolução muito expressiva no TPB a distância entre os biênios 20022003 e 2008-2009. Analisando a opinião dos respondentes verifica-se que houve percepção de melhoria na qualidade do TPB a distância como um todo, sendo essa melhoria considerada uma evolução. Como forma de obter mais informações a respeito da percepção sobre a evolução do TPB a distância no período considerado, nas entrevistas realizadas foi perguntado sobre o planejamento para adequação do modelo de TPB à distância no 141 biênio 2008-2009 na PMMG, sendo citado pelo Chefe da Seção de Treinamento da APM que o [...] treinamento na Polícia Militar de biênio a biênio vem sofrendo, vem passando por uma atualização, por adequações. Então imagino que as vídeo-aulas e o Guia de Treinamento 2008-2009 foram muito melhores que os de 2006-2007. (Entrevista com o Chefe da Seção de Treinamento da APM, 04Ago11). O Chefe da Seção de Educação a Distância relatou que, à época, participava do processo somente com a produção de mídias. Tal informação se dá pela recente reestruturação do setor que culminou na criação da Seção de Educação a Distância da APM. Pode ser verificado que, segundo as informações coletadas na pesquisa, houve evolução ao longo dos anos nos aspectos que têm relação com o desenvolvimento do TPB a distância da PMMG. A percepção do Chefe da Seção de Treinamento da APM é de que o treinamento evoluiu biênio após biênio. Tal situação pode ter relação com a experiência que o setor passa a ter após cada ciclo de planejamento e de execução da atividade, ocasionando em melhorias ano a ano. Sobre a evolução da EAD, Toledo et al. (1998) afirmam que a PMMG pode implementar ainda mais seus métodos de treinamento, aproveitando, cada vez mais, a EAD A seguir são descritos os aspectos que, na percepção dos respondentes, mais evoluíram no TPB a distância, realizado entre os biênios 2002-2003 e 20082009 para as Frações destacadas. A Tabela 15 segue o modelo conforme descrito detalhadamente no parágrafo que antecede a Tabela 9. 142 Tabela 15 Percepção dos Adj. e Aux. ET sobre os aspectos que mais evoluíram no TPB a distância, realizado entre os biênios 2002-2003 e 2008-2009 para as Frações destacadas. Respostas Pontuação Peso Material didático disponibilizado 304 14,3 Metodologia aplicada ao treinamento 285 13,4 Conteúdos programáticos das disciplinas 284 13,4 Tipo e qualidade das mídias utilizadas no treinamento 249 11,7 Capacitação dos Adjuntos e Auxiliares de Ensino e Treinamento 234 11,0 184 8,7 178 8,4 8 0,4 2122 100,0 Estrutura de apoio às atividades de treinamento (instalações físicas, recursos para diárias, recursos audiovisuais, etc.) Capacitação dos monitores nas frações destacadas Outros Total Fonte: Elaborado pelo autor. A partir da análise da Tabela 15 é possível observar que, segundo os respondentes, o aspecto que teve evolução mais evidenciada foi o material didático disponibilizado aos discentes no TPB a distância (14,3%). Outro aspecto considerado foi a metodologia aplicada ao treinamento e os conteúdos programáticos das disciplinas (13,4% cada um). Verifica-se que os aspectos ligados à gestão direta da APM e CTP foram considerados como de significativa evolução. Por outro lado, a capacitação dos monitores nas frações destacadas (8,4%) e a estrutura de apoio às atividades de treinamento (8,7%), ligados a gestão direta das Unidades executoras do TPB a distância, foram os itens que menos apresentaram evolução, segundo a percepção dos respondentes. Observa-se que, novamente, a capacitação dos monitores é colocada em evidência de forma negativa pelos respondentes, fato que deve ser considerado nesta análise dos dados da pesquisa. Analisados os aspectos que envolvem a evolução do TPB a distância realizado no período 2002 a 2009, passa-se à caracterização atual do acesso por meio do acesso à internet nas Frações destacadas. Inicialmente a Tabela 16 descreve a condição das Frações das Unidades com relação à existência de computadores com acesso a internet. 143 Tabela 16 Percepção dos Adj. e Aux. ET quanto a situação de existência de computador com acesso a internet nas Frações destacadas. Respostas Frequência Percentual Percentual AC. Algumas frações 5 5,3 5,3 Muitas frações 11 11,7 17,0 Todas as frações 78 83,0 100,0 Total 89 100,0 - Fonte: Elaborado pelo autor. Na Tabela 16 pode-se perceber que a situação de existência de computador com acesso a internet nas Frações destacadas da PMMG é muito boa, pois, segundo 83% os respondentes, todas possuem tal tecnologia instalada e à disposição da subunidade. Outros 11,7% dos respondentes alegaram que muitas das Frações destacadas possuem o equipamento e a tecnologia instalada. Somente 5,3% dos respondentes afirmaram ter tal equipamento e tecnologia em apenas algumas das Frações destacadas, não havendo indicações para a opção de nenhuma das Frações destacadas possuírem o computador com acesso a internet. Percebe-se que a situação de acesso à tecnologia já é uma realidade na PMMG, sendo que, nos dias atuais, o acesso à informação já é possível de forma rápida, direta e segura. Tal situação possibilita a viabilização de estudos para analisar formas de disponibilizar as informações para todo o efetivo da PMMG, podendo tais recursos tecnológicos ser de fundamental importância para o estabelecimento de estratégias institucionais para cumprimento, cada vez mais eficiente, da missão da PMMG. Em entrevista realizada com o Chefe do Centro de Tecnologia e Sistemas foi perguntado sobre a atual situação de disponibilização de computador com acesso a internet para as Frações destacadas da PMMG, sendo citado que [...] hoje em razão da implantação do projeto de disseminação de acesso nas unidades da PM, nós tivemos a oportunidade de instalar em todas as Unidades da PM um link de dados. E aquelas em que a operadora apresentou alguma dificuldade na sua instalação, está sendo provida por um link alternativo, ou seja, aquele link obtido através da prefeitura, de uma lan house local que resolveu disponibilizar o acesso pra a PM. [...] hoje eu acredito que todas as frações destacadas possuem acesso a internet. (Entrevista com o Chefe do Centro de Tecnologia e Sistemas, 30Ago11). 144 Sobre as Frações que dependem de acesso cedido por outro setor da localidade, complementa ainda que [...] o recurso que foi descentralizado na ação para esse ano de 2011 foi disponibilizado com o objetivo de prover o acesso institucional a todas as frações da PM. O que acontece hoje é que as Frações que hoje não possuem esse acesso, em alguns casos, existe um problema com as operadoras que não têm infraestrututra local para atender aquela Unidade então ela acaba usando o link alternativo. Mas existe uma perspectiva até o final do ano de que todas as frações sejam atendidas institucionalmente através de links das operadoras e passariam a não utilizar mais esses links alternativos. (Entrevista com o Chefe do Centro de Tecnologia e Sistemas, 30Ago11). Assim, a entrevista citada corrobora a percepção dos respondentes do questionário no sentido de verificar que a totalidade das Frações destacadas da PMMG possui computador com acesso a internet disponível para as suas atividades rotineiras, mesmo que em alguns locais tal acesso não seja proveniente da gestão do Estado, o que deve ser resolvido, segundo o entrevistado, até o final de 2011. Sobre a qualidade dos equipamentos existentes e do sinal de internet serem suficientes para comportar um sistema de EAD, esclarece, ainda, que [...] considerando que o volume de usuários nessas pequenas frações é muito pequeno, ou seja, não vai ter um acesso concorrente, eu acredito que não será empecilho para a utilização desse sistema no ensino à distância. [...] hoje nas menores frações os links estão sendo ativados numa velocidade de 512 Kbps. Essa velocidade pra um computador, dois computadores, acredito que seja suficiente. (Entrevista com o Chefe do Centro de Tecnologia e Sistemas, 30Ago11). A confirmação dessas informações é um bom sinal para as possibilidades que surgem para a EAD na PMMG, principalmente no tocante ao TPB a distância, que necessita de uma ferramenta tecnológica que suporte a demanda de treinamento da PMMG. A Tabela 17 demonstra a opinião dos respondentes quanto às possibilidades de disponibilização do acesso a computador com internet, no caso de não haver na Fração destacada acesso ao equipamento ou a tecnologia da internet. Tal questão ficou evidenciada quando a grande maioria (cerca de 96% dos respondentes) mencionaram que existe outra possibilidade de utilização de computadores e de internet fora da Fração destacada. 145 Tabela 17 Opinião dos Adj. e Aux. ET quanto às possibilidades de acesso a computador com internet fora das Frações destacadas. Respostas Frequência Percentual Órgãos públicos municipais da localidade (prefeitura, etc.) 34 35,4 Acesso particular dos policiais militares em suas residências 19 19,8 16 16,7 Órgãos públicos estaduais da localidade (delegacia, etc.) 12 12,5 Iniciativa privada (comerciantes ou empresas) 6 6,3 Comunidade civil local 5 5,2 Outros 3 3,1 Acesso com equipamento particular dos Policiais Militares na própria Fração Fonte: Elaborado pelo autor. Na opinião de aproximadamente 35% dos respondentes a forma de disponibilização de computador com acesso a internet para a Fração destacada, caso esta não possua tais tecnologias instaladas, seria por meio de órgãos públicos municipais da localidade. Cerca de outros 20% dos respondentes mencionaram o acesso particular dos Policiais Militares em suas residências e 17% citaram o acesso com equipamento particular dos Policiais Militares na própria Fração. Percebe-se que o acesso a computador com internet não é um óbice para a interligação em rede de todas ou quase todas as Frações destacadas da PMMG, fato que pode facilitar a implementação de ações futuras ligadas ao uso dessas tecnologias. A informação dos respondentes sobre a possibilidade de disponibilização de acesso a internet por outros meios diversos da PMMG é corroborada pelas informações coletadas na entrevista com o Chefe do Centro de Tecnologia e Sistemas que esclarece que [...] aquelas em que a operadora apresentou alguma dificuldade na sua instalação, está sendo provida por um link alternativo, ou seja, aquele link obtido através da prefeitura, de uma lan house local que resolveu disponibilizar o acesso pra a PM. (Entrevista com o Chefe do Centro de Tecnologia e Sistemas, 30Ago11). Assim, fica clara a situação de disponibilização de acesso a internet nas Frações destacadas da PMMG, sendo importante salientar que, segundo as 146 informações coletadas na pesquisa a maioria quase que absoluta das Frações destacadas da PMMG possui tal acesso. A seguir é feita a descrição da opinião dos respondentes quanto à afirmativa: „Na medida em que modernas tecnologias e novas metodologias educacionais são incorporadas ao modelo de TPB a distância, maior a possibilidade de alcançar a efetividade desta modalidade de treinamento na PMMG‟. A Tabela 18 mostra os resultados obtidos. Tabela 18 Opinião dos Adj. e Aux. ET quanto à afirmativa ligada à hipótese da presente pesquisa. Respostas Frequência Percentual Totalmente falsa 1 1,1 Parcialmente verdadeira 43 48,9 Totalmente verdadeira 44 50,0 88 100,0 Total Fonte: Elaborado pelo autor. A partir da análise da Tabela 18 é possível perceber que 50% dos respondentes, concordam totalmente com a afirmação elencada na hipótese desta pesquisa. A afirmativa leva em consideração que ao se agregar modernas tecnologias e novas metodologias educacionais, maior será a possibilidade de se alcançar a efetividade do treinamento na PMMG. Outros 48,9% dos respondentes acreditam ser a afirmativa parcialmente verdadeira e apresentam uma série de justificativas. Corroborando esse resultado da pesquisa, realizada por meio de questionário com os Adj. e Aux. ET, nas entrevistas realizadas com os Chefes das seções de Treinamento e de Educação a Distância, ambas da APM, foi destacado pelo primeiro que [...] vejo atualmente que a Polícia Militar tem que investir em tecnologia. Tecnologia e metodologia de ensino a distância têm que caminhar junto. Nós temos hoje profissionais capacitados e que estamos capacitando cada vez mais. (Entrevista com o Chefe da Seção de Treinamento da APM, 04Ago11). 147 Pelo segundo foi lembrado que “ [...] eu acho que o modelo ideal para esse TPB a distância dentro da realidade que a gente está desenvolvendo é um modelo semi presencial.” (Entrevista com o Chefe da Seção de Educação a Distância da APM, 29Ago11). Nesse sentido, Leobons (1989, citado por SILVA NETO et al. 1995) descreve as vantagens, com destaque para o alcance de um grande número de pessoas, adaptação do aprendizado ao ritmo do aluno, custos com materiais didáticos, que inicialmente são elevados, mas diluídos quando aplicados a grande número de pessoas, versatilidade, favorecimento ao autodidatismo, tecnologia e do uso de múltiplas mídias (TV, rádio, CD, DVD, computador, internet, entre outras). Corroborando a idéia acima, Santos (2006) relata que o treinamento tem forte e íntima ligação com a qualidade, eficiência e eficácia da prestação do serviço por qualquer funcionário. Assim, percebe-se que, agregando-se modernas tecnologias e novas metodologias educacionais, como citado pelos entrevistados existe uma grande possibilidade de melhoria e de aprimoramento do treinamento na PMMG, mormente do TPB a distância. A Tabela 18A, a seguir demonstra os resultados obtidos para os 33 respondentes que optaram por ser a afirmativa parcialmente verdadeira. Tabela 18A Justificativas dos Adj. e Aux. ET para a parcial concordância a respeito da hipótese da presente pesquisa. Respostas Frequência Percentual Redução dos custos 8 24,2 Ausência de desfalque no efetivo 5 15,2 Troca de experiências 5 15,2 Outros 15 45,5 33 100 Total Fonte: Elaborado pelo autor. Verifica-se que a justificativa mais frequente, com 24,2% dos respondentes, foi a redução dos custos. A possibilidade de ausência de desfalque no efetivo e a troca de experiências aparecem com 15,2% dos respondentes cada uma. Por tratar-se de uma questão aberta, muitas foram as justificativas, porém sem 148 representabilidade para o objetivo da pesquisa. A seguir a Tabela 18B demonstra os resultados obtidos para os respondentes que optaram ser a afirmativa totalmente verdadeira. Tabela 18B Justificativas dos Adj. e Aux. ET para a total concordância a respeito da hipótese da presente pesquisa. Respostas Frequência Percentual Falta prática 4 9,5 Presencial mais eficiente 3 7,1 Falta de conhecimento em informática 3 7,1 Outros 32 76,2 42 100 Total Fonte: Elaborado pelo autor. Pode-se verificar que destaque é dado, por 9,5% dos respondentes para o levantamento da falta de aulas práticas no desenvolvimento do treinamento. Outras justificativas como ser o treinamento presencial mais eficiente e a falta de conhecimento sobre a tecnologia da informática, representadas com 7,1% cada uma, foram também usadas. A seguir são apresentadas as oportunidades de melhoria identificadas pelos respondentes, por meio da Tabela 19. 149 Tabela 19 Opinião dos Adj. e Aux. ET sobre sugestões para oportunidades de melhoria do TPB a distância das Frações destacadas da PMMG. Respostas Frequência Percentual Disponibilizar treinamento via intranet 17 17,7 Adequação à disponibilidade dos profissionais 15 15,6 Capacitação dos monitores / tutores 9 9,4 Aulas práticas 9 9,4 Disponibilizar vídeos-aula 8 8,3 Comprometimento 4 4,2 Ambiente adequado 3 3,1 Aumentar frequência do treinamento 3 3,1 Acompanhar aproveitamento através de provas 3 3,1 Mais tempo para o treinamento 2 2,1 Independência da unidade na execução do treinamento 2 2,1 Incentivo do Comando 2 2,1 Fonte: Elaborado pelo autor. Verifica-se, a partir da Tabela 19, que disponibilizar o treinamento via intranet foi a principal sugestão identificada na pesquisa, citada por cerca de 18% dos respondentes. A adequação do treinamento à disponibilidade dos Policiais Militares foi mencionada por 16% dos respondentes. A capacitação dos monitores/tutores e a intercalação com aulas práticas foram citadas, cada uma, por 9% dos respondentes. Confirmando a sugestão mais frequente apresentada pelos respondentes do questionário, foram verificados, nas entrevistas, aspectos similares que dão sustentação à opinião dos respondentes. Foi citado pelo Chefe da Seção de Treinamento da APM que [...] vejo atualmente que a Polícia Militar tem que investir em tecnologia. Tecnologia e metodologia de ensino a distância têm que caminhar junto. Nós temos hoje profissionais capacitados e que estamos capacitando cada vez mais. [...] a sugestão que eu tenho é que se invista cada vez mais no ensino a distância mas não se esqueça de caminhar junto e que se invista na tecnologia. [...] que a Polícia Militar caminhe pro sentido de investir no ensino a distância como uma forma de reduzir os custos, aumentar a qualidade do treinamento, aumentar a qualidade de militares treinados com qualidade, melhorar o controle e modernizar a instituição. (Entrevista com o Chefe da Seção de Treinamento da APM, 04Ago11). 150 Pelo Chefe da Seção de Educação a Distância foi reiterado que “[...] eu acho que o modelo ideal para esse TPB a distância dentro da realidade que a gente está desenvolvendo é um modelo semi presencial.” (Entrevista com o Chefe da Seção de Educação a Distância da APM, 29Ago11). Na entrevista com o Chefe do Centro de Tecnologia e Sistemas, sobre a implementação de uma EAD na IntranetPM32, esse afirmou que [...] entendo que é viável, sim. [...] é importante frisar isso porque o ensino a distância utiliza vários mecanismos, várias formas de repassar o tema ao aluno da melhor forma possível. Isso implica então na utilização de vídeos, apresentação de PowerPoint, que são na verdade arquivos baixados do sistema de ensino a distância para a unidade. [...] hoje eu vejo a gama de aplicabilidade não só na área de tecnologia mas até em atividades administrativas o emprego do ensino a distância é muito grande. Eu acho que é uma ferramenta que precisa ser mais bem explorada, porque ela querendo ou não, vai reduzir custos de deslocamento, de treinamentos extraordinários pagos sendo que a PM pode usar de seus talentos, para montar um curso e disponibilizar pra a PM sem a necessidade de terceirizar esse serviço. (Entrevista com o Chefe do Centro de Tecnologia e Sistemas, 30Ago11). Percebe-se de forma bastante clara que as condições de implantação de um TPB a distância via IntranetPM é bastante favoráveis, pois pode-se disponibilizar o conhecimento de uma forma rápida e eficiente, aumentando a interatividade entre os envolvidos, bastando que se adotem cuidados importantes com a formulação dos materiais, dada as características do treinamento. Além das condições favoráveis tem-se uma expectativa por essa conquista que é retratada na opinião dos respondentes do questionário. Ressalta-se, ainda, que uma grande parte das Frações destacadas já tem acesso a computador com internet (Tabela 16), o que facilita as ações decorrentes de viabilização da proposta. Corroborando o investimento em tecnologia, Rosini (2007) expõe ser fundamental para a evolução das empresas, a destinação de seus recursos tecnológicos disponíveis para serem utilizados pela empresa na realização de sua visão estratégica, considerando sua cultura organizacional. 32 Também denominado „Portal corporativo‟ e é conceituado como uma rede de computadores de uso exclusivo de uma determinada organização, sendo que a tecnologia permite a comunicação de um departamento com todos os outros colaboradores da empresa. Nicolas Muller Disponível em: <http://www.oficinadanet.com.br/artigo/intranet/o_que_e_uma_intranet_e_pra_que_serve>. Acesso em: 10out. 2011. 151 5.7 Desempenho dos Policiais Militares no TPB Por meio da análise dos dados disponibilizados da base de dados do Sistema Informatizado de Controle do Treinamento (SICI) pode-se verificar como foi o desempenho dos Policiais Militares das Unidades pesquisadas. O objetivo dessa análise foi verificar como se deu o desempenho no TPB a distância dos Policiais Militares integrantes das Frações destacadas dessas Unidades no período de 2002 a 2009, observando-se os ciclos bienais já citados. Outra questão importante é a análise comparativa dos resultados do TPB presencial com o a distância, com vistas a verificar se existem distorções entre essas modalidades de treinamento. Inicialmente será feita a descrição dos resultados obtidos para o TPB do período 2002-2009, separados por biênios, das Unidades da 4ª à 18ª RPM. Para tanto foi elaborada a Tabela 20. Tabela 20 Situação de desempenho dos Policiais Militares no TPB realizado no período 20022009 para as Unidades da 4ª à 18ª RPM. Treinamento Presencial Biênio 2002 / 2003 2004 / 2005 2006 / 2007 2008 / 2009 Aprovado Reprovado 11644 1234 90,4 9,6 11258 1241 90,1 9,9 15307 1374 91,8 19682 8,2 1354 93,6 6,4 Total 12878 12499 16681 21036 Treinamento à Distância Aprovado Reprovado 2909 392 88,1 11,9 4521 399 91,9 8,1 3409 335 91,1 3448 8,9 291 92,2 7,8 Total 3301 4920 3744 3739 * N (%). Fonte: Elaborado pelo autor com fulcro na base de dados do SICI. Na análise da Tabela 20 pode ser observado que o desempenho dos Policiais Militares no TPB, biênio a biênio, apresentou ligeira melhora, passando de 90,4% de aprovação no TPB presencial e 88,1 no a distância (2002-2003), para 152 93,6% e 92,2% (2008-2009), respectivamente. Verifica-se que houve melhoria do desempenho dos participantes do TPB na ordem de 2,8% para o presencial e 4,1% para o a distância. O aumento nos percentuais de aprovação no TPB pode ser explicado pela melhor preparação que é acumulada, ano a ano, pelos participantes do TPB, quando são agregados conhecimentos e habilidades que são reaproveitados no treinamento dos anos seguintes. Outro fator que pode ser considerado é a melhoria na qualidade do aprendizado, devido às questões verificadas na Tabela 14, que indica haver ocorrido, segundo opinião de 60% dos Adj. e Aux. ET, uma evolução muito expressiva do TPB a distância, e na Tabela 15, que apresenta os aspectos que mais evoluíram, sendo o material didático (14%), a metodologia aplicada (13%) e os conteúdos programáticos das disciplinas (13%), os mais considerados. Tais aspectos têm afinidade com o aprimoramento do treinamento na PMMG. Outro aspecto que pode ser considerado é o grande número de inclusões realizadas na PMMG a partir de 2002, tendo esse público mais jovem e recém-saído dos cursos de formação, melhorado os percentuais antes verificados. A melhoria no desempenho verificado no TPB a distância (4,1%) no período em estudo, em relação à melhoria verificada no TPB presencial (2,1%), também pode ser explicada pelo fenômeno citado, uma vez que, tradicionalmente, os recém-formados nas Unidades do interior do Estado são classificados nas Frações destacadas, liberando o Policiais Militares mais antigos para retorno à sede da Unidade. Cabe ressaltar que uma das entrevistas, especificamente com o Adjunto de Educação Profissional da PM-1, não foi realizada por motivo de incompatibilidade de agenda do entrevistado e indisponibilidade desse para a atividade, apesar de marcada pelo pesquisador mais de uma vez. 153 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nessa seção são apresentadas as considerações finais do trabalho em face do que foi pesquisado e estudado sobre o tema proposto. Essa síntese conclusiva traz também as propostas e sugestões para o aprimoramento da Educação de Polícia Militar, com vistas à consolidação da Educação a Distância como uma ferramenta de disseminação do conhecimento na PMMG. Conforme já foi visto, o treinamento é considerado hoje a base do sucesso das instituições. A sua importância está alicerçada no desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes, que são vitais para o aprimoramento das rotinas que envolvem a profissão. O treinamento visa maximizar a habilidade de uma pessoa na realização e desempenho de suas funções (ROSINI, 2007). Contribui com essa idéia Ferreira (1975, citado por SILVA NETO et al., 1995) manifestando sobre ser o treinamento um indicativo para o sucesso e a sobrevivência das instituições. Investir em treinamento passa a traduzir-se em uma importante estratégia das organizações. Neste sentido, Chiavenato (2006) aponta para os investimentos, esclarecendo que o treinamento não é despesa, refletindo em um investimento de retorno altamente compensador para a organização. Fica evidenciada a importância do treinamento nas organizações e a necessidade de um plano de investimentos para a sua consolidação como política organizacional prioritária. Martins (2009), retrata a importância dos investimentos no capital humano, enfatiza que o fator humano é um ativo no qual deve-se investir. Diante disso, o estabelecimento de estratégias gerenciais para a realização de ações que envolvem o desenvolvimento das pessoas por meio do treinamento, deve ser o foco da administração moderna. Nesse sentido, a educação a distância apresenta-se como uma ferramenta que oportuniza grandes possibilidades para as instituições. Dessa forma, na concepção de Moore e Kearsley (2010), a EAD, pelas características da autoaprendizagem e distanciamento físico entre professor e aluno, podem alcançar um grande número de pessoas e permitir o aprendizado no ritmo do aluno, reduzindo os custos quando realizada em grande escala. As TIC são os meios para tornar possível a educação a distância, ou seja, engloba os instrumentos necessários para apoio à educação, visando a 154 disseminação de informações em âmbito Institucional (Toledo, et al. , 1998). O uso adequado desses recursos facilita o aprendizado, sendo consideradas ferramentas relevantes na área de educação, por proporcionar melhores resultados no treinamento profissional. Como visto, Toledo et al. (1998) posicionou que a tecnologia é um forte aliado da área educacional na busca pela eficiência nas instituições. Assim, pode-se constatar que o treinamento é o meio hábil para alcançar a eficiência, uma vez que esta representa a relação entre os gastos aplicados e os resultados obtidos, sendo estes mais eficientes na medida em que se gastam menos recursos e obtém resultados mais satisfatórios (BATISTA JÚNIOR, 2004). No tocante ao objeto de estudo, o mesmo foi caracterizado na seção 3 do presente trabalho monográfico, onde foram apresentadas as questões que envolvem o desenvolvimento do TPB a distância. Na sua abordagem diagnóstica, procedeu a delimitação do tema nas suas esferas temporal e espacial, reportando a pesquisa aos anos de 2002 à 2009 e para as Frações destacadas da 4ª à 18ª RPM. Na abordagem prospectiva buscou-se estudar as novas e modernas tecnologias e metodologias aplicadas na EAD. Quanto aos procedimentos metodológicos da pesquisa foram descritos na seção 4 do presente trabalho, oportunidade que foram detalhados o método para a pesquisa exploratória, utilizando as abordagens quantitativa e qualitativa, por meio das técnicas de questionário e entrevistas. Utilizou-se, ainda, das informações extraídas do SICI para identificação do desempenho dos Policiais Militares no TPB. Analisados os dados coletados na pesquisa, passa-se a inferência final desse estudo. Primeiramente, realizar-se-á a análise com base nos objetivos específicos da pesquisa, buscando os fundamentos de sua concretização. Quanto ao primeiro objetivo específico, que visou levantar informações que permitam mostrar a evolução do TPB a distância na PMMG, a partir de sua implementação foi cumprido. A análise dos dados coletados na pesquisa possibilitou inferir que houve evolução do TPB a distância. Tal afirmação foi pautada na análise das respostas dos questionários que mostraram ter cerca de 60% dos respondentes manifestado haver percebido uma evolução muito expressiva do TPB a distância realizado entre os anos de 2002 e 2009. Confirma essa percepção o Chefe da Seção de Treinamento da APM que afirmou ter o TPB a distância evoluído a cada biênio. 155 Foi constatado que os aspectos que mais evoluíram no TPB a distância foram o material didático disponibilizado, a metodologia aplicada ao treinamento e os conteúdos programáticos das disciplinas. Constatou-se que a participação no TPB teve aumento significativo, passando de 88% no ano de 2002, para 98% em 2009, o que permite inferir que houve uma melhoria na atividade de coordenação e controle do treinamento ao longo desses anos, sendo considerada uma evolução. Especificamente sobre o TPB a distância o aumento na participação não acompanhou o verificado para o TPB presencial, variando ao longo dos biênios com acréscimo de 2002-2003 para 20042005 e diminuição nos demais biênios. No tocante aos resultados houve aumento do percentual de aprovados no TPB a distância (4,1%), sendo verificado no TPB presencial aumento inferior (2,1%). Relativo ao segundo objetivo específico, que buscou descrever os critérios de desenvolvimento do TPB a distância na PMMG, também foi cumprido. Aspecto relevante detectado na pesquisa foi sobre os motivos que levaram à decisão pela não realização do TPB a distância, a resposta que foi mais evidenciada foi a preferência técnica pelo TPB presencial. Cabe ressaltar que a constatação da ineficiência do TPB a distância para a manutenção da capacitação policial na área operacional foi a segunda opção mais aventada pelos respondentes. Concluiu-se, então, que o TPB a distância possui deficiências que afetam o seu desempenho no sentido de atender aos objetivos institucionais. Corroboraram essa situação os dizeres do Chefe da Seção de Treinamento da APM, que manifestou ser o TPB a distância muito deficiente, e o Chefe da Seção de Educação a Distância, que entende que o TPB a distância não atendeu da forma como deveria ser. Concluiuse, ainda, que não houve motivo técnico para a escolha do TPB a distância pelas Unidades que o realizaram, sendo os fatos motivadores relacionados a dificuldades administrativas para a realização do TPB presencial. Os motivos mais evidenciados foram a falta de recursos para o pagamento de diárias e a falta de efetivo nas Frações destacadas. Outro fato relevante é que ficou evidenciado que a ação educacional menos apontada como realizada pelos respondentes foi a capacitação de monitores. Tal informação é confirmada quando apontado na pesquisa que o aspecto da capacitação dos monitores foi o que menos evoluiu. Outro aspecto que confirma essa informação é que a segunda dificuldade mais apontada pelos respondentes na 156 execução do TPB a distância foi a dificuldade na capacitação do monitores. Tal situação indicou um descaso com a preparação dos monitores do TPB a distância e pode refletir em uma má condução do treinamento, acarretando em perda de qualidade. Concluiu-se, ainda, que muitas são as dificuldades, por isso um estudo específico das questões que envolvem este tipo de treinamento deve ser realizado para identificar quais dos fatores apontados devem ser corrigidos. Para o Chefe da Seção de Treinamento da APM, a maior dificuldade para a realização do TPB a distância é a distância entre aluno e professor, enquanto o Chefe da Seção de Educação a Distância manifestou que a deficiência é na metodologia aplicada ao treinamento. Constatou-se, sobre o modelo de TPB a distância aplicado no biênio 20082009, que, embora fosse adequado e necessário à época de sua implementação, o videotreinamento, atualmente, se mostra ineficaz, se utilizado isoladamente, pois não proporciona a necessária interatividade entre docente e discente e deste com outros discentes. O terceiro objetivo específico, que visou analisar o resultado do TPB a distância executado pelos militares nas frações destacadas no período delimitado, foi cumprido. Constatou-se uma divergência entre o resultado apontado na pesquisa quantitativa e na qualitativa, quando a grande parcela dos respondentes do questionário manifestou que o treinamento reúne condições de manter a capacitação técnica dos Policiais Militares das Frações destacadas. Já nas entrevistas, o Chefe da Seção de Treinamento afirmou que o modelo de TPB a distância não atende às necessidades do treinamento e o Chefe da Seção de Educação a Distância comentou que o modelo do TPB a distância cumpre parcialmente os objetivos do treinamento. Com base nos demais aspectos apontados na pesquisa, relativos às dificuldades de realização do treinamento e aspectos realmente efetivados na sua execução, pode-se inferir que o TPB a distância, da forma como foi executado, não atendeu aos objetivos de sua realização. Ainda no tocante ao terceiro objetivo, concluiu-se que, a cada biênio, devido a um maior cuidado e experiência na execução das atividades por parte dos gestores do treinamento nas Unidades ocorreu uma melhoria no seu desenvolvimento. Inferiu-se, ainda, que outro fator a exercer influência é a criação 157 do adicional de desempenho que vincula a aprovação no TPB ao valor a ser pago ao Policial Militar relativo ao adicional. No tocante ao quarto objetivo que visou reunir base conceitual e teórica que permita apresentar tecnologias e metodologias educacionais aplicáveis ao TPB a distância na busca de sua otimização, também foi cumprido, devido a vasta legislação e bibliografias consultadas e analisadas sob a ótica de sua aplicação na PMMG ao longo da teoria de base desse trabalho. Diante da análise dos aspectos da pesquisa que envolveram o cumprimento dos objetivos específicos, teve-se, conclusivamente, como cumprido o objetivo geral da pesquisa que consistiu em avaliar os critérios de desenvolvimento e a eficiência do TPB a distância na PMMG, em busca de alternativas para sua otimização. Quanto à hipótese básica descrita na seção introdutória, esta foi confirmada, uma vez que 50% dos respondentes a apontaram como totalmente verdadeira. Outros 48,9% manifestaram ser parcialmente verdadeira. O Chefe da Seção de Educação a Distância confirmou o resultado da análise dos questionários apontando que deve investir em tecnologia e metodologia de ensino a distância. Corroborou esse pensamento e confirmou a assertiva constante na hipótese básica, a implementação de nova metodologia do TPB a distância na PMMG, noticiada no site da PMMG em 27 de junho de 2011. O novo TPB a distância, iniciado no 5º biênio, portanto, não está na delimitação temporal dessa pesquisa, é apresentado na plataforma WEB e permite o acesso via IntranetPM. A implementação marca uma grande mudança no treinamento da PMMG, construindo uma nova mentalidade sobre a forma de tratar a EAD na PMMG. Tratou-se apenas do primeiro passo, uma vez que aspectos da pesquisa apontaram como ideal para os objetivos do TPB um treinamento semi-presencial, quando as aulas práticas seriam realizadas de forma presencial e as teóricas no módulo a distância, além da necessidade de potencializar a interatividade em seus diversos tipos, conforme QUADRO 4. Muito ainda deve ser estudado para constatar qual seria o melhor modelo, mas o investimento na nova tecnologia permitirá um grande avanço. Diante das considerações apontadas, e a resposta à pergunta formulada no início dessa pesquisa, e em razão de todo o material consultado e apontado no presente trabalho, sugere-se: 158 a) em decorrência da acertada decisão de implementação de uma nova metodologia para o TPB a distância, investimentos pontuais na capacitação dos tutores, que exercerão papel fundamental no acompanhamento do desempenho das atividades educacionais no ambiente WEB; b) investimentos em ferramentas educacionais e tecnológicas que podem propiciar maior interatividade entre o discente e o tutor, melhorando o aprendizado por meio da intervenção oportuna e coerente do tutor no processo de ensinoaprendizagem; c) melhoria do planejamento, acompanhamento e controle dos demais tipos de treinamento, como o extensivo, que pode ser um fundamental apoio ao TPB a distância pela possibilidade de oferecer o momento de execução prática dos ensinamentos ofertados a distância; d) investimentos na aplicação de ferramentas de coordenação e controle da execução do novo modelo de TPB a distância, com vistas à realização de todas as atividades previstas para o treinamento. Assim, este estudo buscou verificar a eficiência desse modelo, por meio da apresentação de um levantamento de informações sobre a situação do TPB a distância realizado na PMMG e analisou as perspectivas que as novas metodologias e tecnologias educacionais desenvolvidas por meio de ambiente virtual de aprendizagem (AVA), via internet, têm a oferecer para o efetivo cumprimento da missão do TPB. Finalmente, o presente trabalho estudou alternativas nas diversas tecnologias e métodos educacionais para a melhoria do modelo aplicado institucionalmente, em cumprimento das metas estratégicas elencadas para a instituição e na busca da efetividade do treinamento na Corporação. 159 REFERÊNCIAS ALVES, João Roberto Moreira. A história da EAD no Brasil. IN: FORMIGA, Manuel Marcos Maciel; LITTO, Fredric Michael (Orgs.). Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. p. 9-13. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 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Alexandre Antônio Alves, Ten Cel PM Aluno do CEGESP 2011 1 Perfil do pesquisado: 1.1 Função: ( a ) Adj. ET ( b ) Aux. ET 1.2 Tempo de exercício da função: ( a ) mais de 05 anos ( b ) entre 03 e 05 anos ( c ) entre 01 e 03 anos ( d ) menos de 01 ano 1.3 Cursos ou eventos de treinamento que participou: (pode marcar mais opções) ( a ) Curso de Capacitação Didática ( b ) Curso de Gestão Educacional ( c ) Curso de Capacitação em Educação Física ( d ) Curso de Capacitação de Monitores de Educação Física ( e ) Curso de Capacitação em Defesa Pessoal Policial ( f ) Curso de Capacitação de Monitores de Defesa Pessoal Policial ( g ) Curso de Capacitação em Arma de Fogo ( h ) Seminário de Nivelamento para o TPB ( i ) outros. Especificar: _________________________________________________ 168 2 Perfil da Unidade do pesquisado: 2.1 Região a que pertence: ______ RPM 2.2 Tipo de Unidade que serve: ( a ) Batalhão ( b ) Cia. Ind. ( c ) Cia. Ind. MAT. ( d ) outras. Especificar: ________________________________________________ 2.3 Efetivo total da sua Unidade: __________ PM 2.4 Preencha o quadro relativo à distribuição do efetivo na sua Unidade: Sede Unidade (município da sede da Unidade) Quantidade de Efetivo Total frações Cia PM Pel PM Destacamento Subdestacamento Total Frações destacadas (municípios fora da sede da Unidade) Quantidade de Efetivo Total frações (sedes) - Obs: para as frações destacadas que utilizam a mesma sede (mesmo município) será computada apenas a hierarquicamente superior com todo o efetivo daquele município. 2.5 Caso a sua Unidade apoie outra(s) Unidade(s) na execução do TPB citar qual(is) a(s) Unidade(s) e seu(s) efetivo(s): a) Unidade: _______ - Efetivo: ________ PM; b) Unidade: _______ - Efetivo: ________ PM; c) Unidade: _______ - Efetivo: ________ PM; 3 Execução do TPB nos biênios 2002/2003, 2004/2005, 2006/2007 e 2008/2009 3.1 Com relação a execução do TPB na sua Unidade e com base nos meios disponíveis na Adjuntoria de Ensino e Treinamento, preencha o quadro abaixo com os números reais da execução do TPB nos biênios 2002/2003, 2004/2005, 2006/2007 e 2008/2009. MODALIDADE TPB NÃO TPB BIÊNIO SUBMETIDO PRESENCIAL A DISTÂNCIA TOTAL 2002/2003 2004/2005 2006/2007 2008/2009 (Caso a Unidade não tenha executado TPB a distância no período em questão, pular para a questão 4.1) 169 3.2 Na sua percepção e com base nos resultados do TPB a distância executado na sua Unidade, como foi a evolução na realização do treinamento entre os biênios 2002/2003, 2004/2005, 2006/2007 e 2008/2009. ( a ) muito expressiva ( b ) pouco significativa ( c ) acanhada ( d ) não houve evolução (caso opte por esta resposta, pule para a questão 4.1) 3.3 Caso tenha havido evolução na execução do TPB a distância realizado na sua Unidade, enumere em ordem gradativa em quais dos itens abaixo esta evolução foi mais ou menos evidenciada, considerando o treinamento realizado ao longo dos biênios 2002/2003, 2004/2005, 2006/2007 e 2008/2009. Aponte ( 1 ) para o item com maior grau de evolução e uma numeração sequencial até ( 8 ) para os itens com menor grau de evolução. Os itens que não apresentaram evolução deverão ser mantidos em branco. ( ) metodologia aplicada ao treinamento ( ) material didático disponibilizado ( ) conteúdos programáticos das disciplinas ( ) tipo e qualidade das mídias utilizadas no treinamento ( ) capacitação dos monitores nas frações destacadas ( ) capacitação dos Adjuntos e Auxiliares de Ensino e Treinamento ( ) estrutura de apoio às atividades de treinamento (instalações físicas, recursos para diárias, recursos audiovisuais, etc) ( ) outros. Especificar: _______________________________________________ 4 Execução do TPB a distância 2008/2009 4.1 Em relação ao TPB do biênio 2008/2009, a sua Unidade o realizou na modalidade a distância para: ( a ) todas as frações destacadas ( b ) a maioria das frações destacadas ( c ) a minoria das frações destacadas ( d ) nenhuma das frações destacadas 4.2 Com base na resposta da pergunta anterior, enumere em ordem de prioridade quais das opções abaixo exerceu maior ou menor influência na decisão pela execução ou não do TPB a distância para as frações destacadas da sua Unidade. Aponte ( 1 ) para o item com maior grau de influência e uma numeração sequencial até ( 8 ) para os itens com menor grau de influência. Os itens que não apresentaram influência deverão ser mantidos em branco. ( ) falta de recursos pagamento de diárias para participação no TPB presencial ( ) falta de efetivo nas Frações destacadas ( ) falta de estrutura de apoio ao TPB a distância nas frações destacadas ( ) falta de recursos audiovisuais nas frações destacadas ( ) constatação da ineficiência do TPB a distância para a manutenção da capacitação policial na área operacional ( ) falta de pessoal capacitado para aplicar TPB a distância Frações destacadas ( ) preferência técnica da Unidade pelo TPB presencial, devido a constatação de sua maior eficiência ( ) outras. Especificar: _______________________________________________ 170 (Caso tenha optado pela resposta de letra ( d ) na questão 4.1, pule para a questão 5.1) 4.3 Caso a sua Unidade tenha realizado o TPB a distância, na sua opinião, quais das ações abaixo foram efetivadas na sua execução: (pode marcar mais opções) ( a ) capacitação de monitores nas Frações destacadas ( b ) distribuição do Guia de Treinamento para os discentes antes do início do TPB ( c ) execução das vídeo-aulas na sede da fração com acompanhamento do monitor ( d ) execução das provas de TAF e tiro por pessoal capacitado para tal ( e ) cumprimento do prazo de 20 dias de auto-estudo a distância ( f ) realização da prova escrita com a presença do Cmt. de pelotão ( g ) orientação aos participantes do TPB a distância sobre as rotinas do treinamento ( h ) cumprimento do prazo de encaminhamento das atas de resultado para a Adj ET ( i ) coleta do ciente dos avaliados nas atas de TAF e tiro ( j ) convocação formal dos militares com coleta do ciente ( k ) outros: citar ______________________________________________________ 4.4 Na sua percepção o modelo de TPB a distância executado na PMMG no biênio 2008/2009 proporcionou ao policial militar treinado condições de manter a sua capacidade técnica para as atividades operacionais? ( a ) não ( b ) sim ( c ) parcialmente Justifique sua resposta:________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4.5 Enumere por ordem de prioridade quais aspectos que, na sua opinião, foram essenciais e que interferiram decisivamente para o cumprimento dos objetivos do TPB a distância. Aponte ( 1 ) para o item com mais essencial e uma numeração sequencial até ( 11 ) para os itens menos essenciais. Os itens que não apresentaram influência deverão ser mantidos em branco. ( ) capacitação dos monitores ( ) interatividade das vídeo-aulas ( ) aplicabilidade dos conteúdos na prática policial ( ) qualidade do material didático ( ) acompanhamento da execução do treinamento pelo monitor ( ) recursos audiovisuais disponíveis ( ) tempo disponibilizado para autoestudo a distância ( ) jornada de trabalho durante o treinamento ( ) clareza das orientações contidas no plano de treinamento/normas do TPB ( ) motivação e envolvimento dos discentes ( ) outros: citar _____________________________________________________ 171 5 Dificuldades de execução do TPB a distância 5.1 Enumere em ordem de prioridade as opções que, na sua opinião, apresentaram maior dificuldade para realização do TPB a distância 2008/2009 na sua Unidade. Aponte ( 1 ) para o item que apresentou o maior grau de dificuldade e uma numeração sequencial até ( 10 ) para os itens com menor grau de dificuldade. Os itens que não apresentaram influência deverão ser mantidos em branco. ( ) falta de recursos para o pagamento de diárias aos aplicadores do TAF, tiro e prova escrita ( ) longas distâncias entre a sede e as Frações destacadas ( ) dificuldades de capacitação dos monitores das Frações destacadas ( ) dificuldades de acesso aos locais de treinamento ( ) má qualidade do material didático disponibilizado ( ) falta de local adequado para realização das vídeoaulas ( ) falta de recursos audiovisuais ( ) falta de clareza das orientações contidas no plano de treinamento/normas do TPB ( ) falta de motivação e envolvimento dos discentes ( ) outros: citar _____________________________________________________ 6 Acesso a internet nas frações destacadas 6.1 Das frações destacadas da sua Unidade (citadas no quadro da questão 2.4) qual opção melhor representa a situação das sedes quanto a existência de computadores com acesso a internet? ( a ) todas as frações destacadas possuem ( b ) muitas frações destacadas (até 80% delas) possuem ( c ) várias frações destacadas (até 60% delas) possuem ( d ) algumas frações destacadas (até 40% delas) possuem ( e ) nenhuma das frações destacadas possui 6.2 Caso haja frações sem computador com acesso a internet, você reconhece que existe outra possibilidade de acesso fora da sede da fração? ( a ) não ( b ) sim 6.3 Caso positivo, na sua opinião, como poderia ser disponibilizado esse acesso para os policiais militares da fração destacada? ( a ) órgãos públicos estaduais da localidade (delegacia, etc) ( b ) órgãos públicos municipais da localidade (prefeitura, etc) ( c ) iniciativa privada (comerciantes ou empresas) ( d ) comunidade civil local ( e ) acesso particular dos policiais militares em suas residências ( f ) acesso com equipamento particular dos policiais militares na própria fração ( g ) outros: citar ______________________________________________________ 172 6.4 Com relação a seguinte hipótese: “Na medida em que modernas tecnologias e novas metodologias educacionais são incorporadas ao modelo de TPB a distância, maior a possibilidade de alcançar a efetividade desta modalidade de treinamento na PMMG”. Com base na sua experiência na execução de treinamento para frações destacadas da PMMG, a hipótese apresentada é: ( a ) totalmente verdadeira ( b ) parcialmente verdadeira ( c ) totalmente falsa Justifique sua resposta:________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 6.5 Quais as suas sugestões para a melhoria/atualização do TPB a distância executado para as frações destacadas da PMMG? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 173 APÊNDICE B: Entrevistas 1) Roteiro de perguntas para o Adjunto de Ensino e Treinamento/EMPM1 a) Na sua opinião, o atual modelo de TPB a distância, aplicado no biênio 2008/2009, nas frações destacadas da PMMG atendeu às necessidades de manutenção da capacidade técnica operacional dos policiais militares daquelas frações? Justifique sua resposta. b) Na sua concepção, quais foram as dificuldades que o modelo de TPB a distância, aplicado no biênio 2008/2009, apresentou no tocante a gestão da atividade para a PMMG? c) O modelo aplicado no TPB a distância do biênio 2008/2009 teve alguma deficiência que interferiu na sua efetividade para a PMMG? d) Você tem conhecimento da existência de planejamento para a adequação/atualização do modelo de TPB a distância aplicado no biênio 2008/2009 na PMMG? Caso positivo, relatar. e) Considerando-se a existência de vários modelos de educação a distância (por meio virtual, totalmente a distância ou semipresencial, com metodologias que permitem várias possibilidades de interatividade e acesso a várias mídias), você acredita que a PMMG está em condições para implementar um TPB a distância nos moldes do atual avanço tecnológico da educação a distância no Brasil? Explique. f) Qual seria o modelo ideal de TPB a distância para as frações destacadas considerando-se a atual realidade da PMMG (recursos humanos, financeiros, tecnológicos, distância entre as frações destacadas e Unidades apoiadoras)? Justifique. g) Para a implementação de um treinamento a distância nos moldes atuais, com o devido suporte tecnológico, metodológico e capacitação humana, faz-se necessário um investimento inicial considerável por parte da Instituição. Você acredita que os investimentos financeiros necessários para o avanço tecnológico do TPB a distância são viáveis, observada a sua relação custo x benefício? 2) Roteiro de perguntas para o Chefe da Seção de Treinamento/APM a) Na sua opinião, o atual modelo de TPB a distância, aplicado no biênio 2008/2009, nas frações destacadas da PMMG atendeu às necessidades de manutenção da capacidade técnica operacional dos policiais militares daquelas frações? Justifique sua resposta. b) Na sua concepção, quais foram as dificuldades que o modelo de TPB a distância, aplicado no biênio 2008/2009, apresentou no tocante a gestão da atividade para a PMMG? 174 c) O modelo aplicado no TPB a distância do biênio 2008/2009 teve alguma deficiência que interferiu na sua efetividade para a PMMG? d) Você tem conhecimento da existência de planejamento para a adequação/atualização do modelo de TPB a distância aplicado no biênio 2008/2009 na PMMG? Caso positivo, relatar. e) Qual seria o modelo ideal de TPB a distância para as frações destacadas considerando-se a atual realidade da PMMG (recursos humanos, financeiros, tecnológicos, distância entre as frações destacadas e Unidades apoiadoras)? Justifique. 3) Roteiro de perguntas para o Chefe da Seção de Educação a Distância/APM a) Na sua opinião, o atual modelo de TPB a distância, aplicado no biênio 2008/2009, nas frações destacadas da PMMG atendeu às necessidades de manutenção da capacidade técnica operacional dos policiais militares daquelas frações? Justifique sua resposta. b) Na sua concepção, quais foram as dificuldades que o modelo de TPB a distância, aplicado no biênio 2008/2009, apresentou no tocante a gestão da atividade para a PMMG? c) Você tem conhecimento da existência de planejamento para a adequação/atualização do modelo de TPB a distância aplicado no biênio 2008/2009 na PMMG? Caso positivo, relatar. d) Qual seria o modelo ideal de TPB a distância para as frações destacadas considerando-se a atual realidade da PMMG (recursos humanos, financeiros, tecnológicos, distância entre as frações destacadas e Unidades apoiadoras)? Justifique. e) Considerando-se a existência de vários modelos de educação a distância (por meio virtual, totalmente a distância ou semipresencial, com metodologias que permitem várias possibilidades de interatividade e acesso a várias mídias), você acredita que a PMMG está em condições para implementar um TPB a distância nos moldes do atual avanço tecnológico da educação a distância no Brasil? Explique. f) Para a implementação de um treinamento a distância nos moldes atuais, com o devido suporte tecnológico, metodológico e capacitação humana, faz-se necessário um investimento inicial considerável por parte da Instituição. Você acredita que os investimentos financeiros necessários para o avanço tecnológico do TPB a distância são viáveis, observada a sua relação custo x benefício? 175 4) Roteiro de perguntas para o Chefe do Centro de Tecnologia e Sistemas/DTS a) Qual é a realidade atual de disponibilização institucional do acesso a computador com internet para os policiais militares das frações destacadas da PMMG? b) Existe planejamento de ampliação da disponibilização institucional do acesso a computador com internet para os policiais militares das frações destacadas da PMMG? c) Qual a perspectiva de prazo para que todas as sedes da PMMG (frações destacadas) tenham o equipamento e os meios necessários para o acesso a internet? d) Na sua percepção, qual a importância da disponibilização de acesso a internet para os policiais militares das frações destacadas da PMMG no tocante ao seu uso no treinamento policial (educação a distância)? e) A qualidade de sinal de internet previsto para disponibilização às frações destacadas é suficiente para acesso a atividades de EAD? f) Na sua opinião, a implementação de EAD via internet é viável para a PMMG? Justifique. g) Quais seriam as alternativas tecnológicas para aplicabilidade de um treinamento a distância para as frações destacadas da PMMG? h) Existe algo que pode influenciar ou comprometer a instalação dos recursos tecnológicos possivelmente previstos para utilização nas frações destacadas da PMMG?