EDITORIAL
Caros leitores,
A pouco e pouco vamos crescendo, vemos um futuro próximo muito
melhor do que estávamos habituados a ver. Os cursos profissionais,
implementados neste novo ano lectivo, remontam à história da nossa
casa desde a sua fundação e são estes que vão ditar o destino do IMPE
sem nunca esquecer que o seu primordial objectivo é “formar cidadãos
úteis à pátria”.
Esta sociedade em constante evolução não tem poupado, críticas, mas
o que importa de facto é a passagem de valores intemporais feita nesta
casa desde a sua fundação e que torna o aluno do IMPE, o verdadeiro
pilão, num homem reconhecido pelo seu carácter e pelo seu rigor ético.
A vida de cada um é profundamente marcada pela sua passagem pelo
Instituto, quer em termos pessoais quer em termos profissionais.
No 99º ano lectivo, os 150 alunos do IMPE, cheios de ambição,
recordam o principal objectivo que norteia a sua efémera passagem por
esta casa: estudar.
Há que tirar boas notas, brilhar, para assim elevarmos cada vez mais
este nosso lar, pois, nos tempos que correm e aos olhos da sociedade, o
importante é o sucesso académico. Deste modo, à formação de indivíduos
íntegros, acrescentaremos o trabalho producente, fazendo com que o
caminho para o sucesso esteja já delineado.
Caros alunos, a nossa missão como pilões é, sobretudo, preservar a
nossa casa. Mais do que nunca, a camaradagem é necessária para que
juntos ultrapassemos as dificuldades e os obstáculos que se atravessarem
no nosso caminho. E repito: “ saibamos lidar com os problemas sempre
de cabeça erguida”, porque de nós depende o futuro do pilão.
“Querer é Poder”
Aluno Comandante de Batalhão
Diogo Ruivo,
nº 62/06
Querer é Poder
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EFEMÉRIDES
Comemoração do Aniversário
do IMPE
As celebrações por ocasião do 98º aniversário do IMPE
decorreram nos dias 24 e 25 de Maio.
No dia 24 de Maio teve lugar o desfile do Corpo de Alunos no
centro da cidade de Lisboa. Presidiu a esta cerimónia o Ex.mo
Comandante da Instrução e Doutrina, Ten – Gen. Vaz Antunes.
Depois do desfile houve a celebração da Eucaristia, de sufrágio
e de Acção de Graças na
Igreja de S. Domingos no
Rossio. A celebração foi
presidida pelo Capelão do
Instituto e animada pelo
Grupo Coral e Instrumental
do IMPE.
As celebrações terminaram
com um almoço convívio
que reuniu alunos e ex
– alunos do Instituto.
No dia 25, dia do IMPE, as cerimónias tiveram lugar na 1ª
Secção e foram presididas pelo Ex.mo Secretário de Estado da
Defesa e dos Assuntos do Mar, Dr. João Mira Gomes.
Transcrevemos a homília proferida pelo Capelão do IMPE
no dia 24 de Maio e o discurso do Director do Instituto no dia 25
de Maio.
Depois que triunfou no alto madeiro
Da morte e do inferno que venceu,
O nosso bom Jesus, manso Cordeiro,
Que por nós nele a vida ofereceu,
Levou cativo o nosso cativeiro,
Subindo para o Céu, donde desceu:
Em pago de nos dar a liberdade
Demos-lhe nós a nossa saudade.
O sentimento que o autor nos propõe é peculiar à alma
portuguesa. É a palavra saudade que nos é proposta como
aquela que mais se ajusta ao que o coração dos discípulos
de Jesus terá sentido no momento desta separação. Não só
a celebração da Ascensão, como também a festividade que
trouxe aqui uma comunidade que hoje celebra os seus 98 anos
de existência, traz ao coração de muita gente aqui presente um
certo sentimento de saudade.
Homília do Dia do IMPE
Celebramos hoje a Solenidade da Ascenção do Senhor.
Depois de ter Ressuscitado, e ter aparecido aos seus discípulos,
quarenta dias após ter ressurgido do sepulcro, e perante os
seus discípulos, Jesus subiu ao Céu, ante a estupefacção dos
que o viam desaparecer entre as nuvens do Céu. É assim,
e como ouvimos, que o livro dos Actos dos Apóstolos nos
descreve esta separação entre Jesus e os seus.
Gostava de meditar convosco sobre o sentimento que
terá atravessado o coração dos seus discípulos nesse dia.
Talvez nos ajude tomar um texto, uma poesia, que a versão
portuguesa da Liturgia das Horas nos propõe para a oração
litúrgica deste dia:
4
Querer é Poder
O que é afinal a saudade, essa palavra que sempre
ouvimos ser intraduzível em qualquer outra língua e que traduz
a alma mater lusitana. Sempre me lembro daquela história de
um dos meus velhos livros da instrução primária que contava
a morte de um emigrante cuja sorte não permitiu voltar à sua
terra. Ao sentir o momento da partida chegar, chamou um
sacerdote para o ajudar no trânsito. Este ao chegar encontrou
naquela casa pobre, já que a fortuna não tinha sido pródiga na
vida deste homem, apenas um objecto de luxo, um relógio que
emitia suave melodia ao bater a cadência das horas. Interrogado
sobre o porquê deste objecto, o homem respondia que este
relógio, sua grande e única riqueza emitia o som apelativo igual
ao do sino da igreja paroquial da sua terra distante.
Nunca me esqueci desta história simples que tão bem
define alma do homem português. João de Deus escreveu que
a saudade é:
Tu és o colo
Onde me embalo,
E acho consolo,
Mimo e regalo:
Mas afinal que é a saudade, que nos pode ela trazer
como mais-valia na nossa vida? A saudade tem a ver com a
construção da nossa identidade. Marcados pelo passado que
não tolhe o futuro, recorda-nos, num actualizar constante,
o que somos porque sabemos de onde viemos, e, por isso,
sabemos para onde vamos. Temos saudades dos nossos
EFEMÉRIDES
Pais, sobretudo quando eles por inexorável lei da vida partem,
porque a sua memória que estremece o nosso coração, nos
lembra fibra de que somos feitos; o mesmo se diga da nossa
terra, quando dela migramos, a nossa casa de infância e, neste
caso a instituição na qual fomos formados. É bom termos
saudades porque isso é reconhecer que alguma coisa rasgou,
com estilete bem agudo, traços imperdíveis no caminho da
nossa vida. Ter saudade é trazer à mente pelo caminho do
coração aquilo que, de facto, marca o nosso ser para além das
fachadas conjunturais que tomamos.
Mas a saudade acicata em nós o desejo de um ir mais
além, embalado num sonho que orienta e inspira. No caminho
de fé, a saudade dos discípulos sempre se traduziu num
desejo de trilhar caminhos que impulsionaram a ir mais além
e mais acima numa progressão. Na linguagem chã e simples
de criança, Jacinta pedia ao pequeno Francisco, minado pela
doença e com morte anunciada como eminente, que desse
muitas saudades a Nosso Senhor e a Nossa Senhora, e isto
queria dizer dessa proximidade espiritual a quem inspirava a sua
vida. A saudade cria o desejo,
dinâmica que faz mover no
sentido do melhor, do mais
belo, do mais nobre, A fasquia
baixa que, às vezes, move
as nossas vidas torna-nos
surdos ao apelo que o desejo
marcado pela saudade de
valores e ideais, que pessoas
e instituições marcaram a
nossa vida. Não resisto a
deixar, como pergunta dirigida
aos ex-alunos do IMPE, se
na vossa vida ideais nascidos
de experiências feitas, e hoje
trazidos à vossa memória pela
nostalgia da saudade, ainda
continuam a ser inspiradores das vossas vidas. A saudade é o
apelo de um desejo, de uma sede que nunca fica saciada de
se ser melhor.
Saudade é o fundamento de projectos que unem passado
presente e futuro numa ligação enriquecedora e unificante de
uma única vida. Saudade não pode nem deve ser saudosismo
estéril, não é nem pode ser o recriar de um passado sem critério,
que sabemos nunca poderá ser repetido. Nem sequer deve
ser arremedado, para tomar um provincianismo da minha terra
para exprimir uma imitação cujo resultado é jocoso. Saudade
não pode ser sentimento que tolha o passo, mas distensão do
arco que permita o arremesso da flecha que procura o alvo.
A celebração de hoje fala de saudade, para muitos que aqui
hoje vieram, as fardas dos alunos do IMPE, o porte garboso da
guarda de honra, a emoção das vozes dos seus jovens que
canta a força da sua juventude, faz bater com compasso mais
forte o ritmo de alguns corações, aquecidos por memórias
saudosas. Que vamos fazer desse manancial de força que a
saudade nos traz? Deixar que ela seja um sentimento fugaz,
que passa depois de se secarem os olhos marejados.
Os discípulos que viram o seu Senhor partir, não ficaram
por muito tempo a olhar para o Céu, de Jerusalém partiram
para o mundo inteiro a anunciar um projecto, vivo na memória
saudosa dos seus corações. E nós?
A resposta é de cada um…
Discurso do Director no Aniversário
do IMPE
Senhor Secretário de
Estado da Defesa Nacional e
Assuntos do Mar
Aceitou V. Exª presidir a
esta cerimónia, o que muito
honra o Instituto Militar Pupilos
do Exército que interpreta
na presença do ilustre
responsável político pela
Defesa Nacional o interesse
e apoio governativo pela
sua missão. Agradecemos
esse estímulo como ficamos
reconhecidos pelo esforço
que continuará a fazer para
dotar este Instituto dos meios
necessários ao exercício das tarefas que lhe estão cometidas.
Senhor General Chefe do Estado-Maior do Exército
Meu General Chefe
Permita-me que expresse a V. Exª o nosso reconhecimento
pelo interesse que, claramente, tem demonstrado por este
Instituto através de um acompanhamento muito próximo sobre
o novo modelo de formação, sua inserção na sociedade, bem
como na sustentação desta já provecta Casa. Essa atitude
empenhada na vida do IMPE, por parte de V. Exª, merece
uma retribuição de todos nós, que será a de continuar a ter
expressão na forma de afirmar a natureza e de exercer as
competências que constam nos decretos regulamentares que
deram corpo ao nosso Instituto.
Senhor Ten General
Comandante de Instrução
e Doutrina
Meu
General
e
Comandante
Sente-se o IMPE
muito honrado com a
vossa ilustre presença,
e pela atenção e
relevância que este
Estabelecimento Militar
de Ensino tem merecido,
por parte de V.Exa.
Igualmente pela amizade
e carinho demonstrados
a esta Instituição, não
só por palavras, mas
sobretudo por actos. Não
posso deixar de muito
especialmente agradecer a honra conferida ao Instituto ao
presidir, ontem, às cerimónias na Praça D.Pedro IV e na Igreja
de S. Domingos, actos cujos ritos terão propiciado a todos
os presentes a vivência de inesquecíveis momentos ricos de
espiritualidade e prenhes de significado.
Querer é Poder
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EFEMÉRIDES
Senhor Maj Gen Director de Educação, caro e velho
amigo.
Embora unidos por um leal e são companheirismo com
mais de três décadas quero publicamente relevar a palavra
amiga e permanente disponibilidade na tentativa de solucionar
qualquer potencial problema com que nos pudéssemos
deparar.
Senhor Vereador da Câmara Municipal de Lisboa
Com a vossa presença é-nos dada uma prova de
consideração e simpatia que não podemos deixar de
publicamente vos agradecer reconhecidamente.
Senhores Oficiais Generais, Antigos Directores
Meus Generais
Presto-vos aqui a minha homenagem e expresso a minha
admiração, garantindo-vos que continuaremos nós, vossos
herdeiros, a tudo fazer para manter a nossa Instituição ao mais
alto nível a que o vosso trabalho a guindou.
• Exmo. Senhor Director Geral do Pessoal e Recrutam Militar;
• Exmo. Senhor Presidente da Agência Nacional para a
Qualificação;
• Exmos. Senhores Oficiais Generais e Almirantes;
• Exmo. Senhor Director do Colégio Militar;
• Exma. Senhora Directora do Instituto de Odivelas;
• Exmos Senhores Comandantes e Directores de U/ E / O;
• Exmos Senhores Representantes dos Conselhos
Executivos do ISEL e ISCAL;
• Exmos Senhores Representantes dos Conselhos Directivos
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Querer é Poder
das Escolas Secundárias e Colégio circunvizinhos
• Exmos. Senhores Presidentes das Associações: Pupilos do
Exército, e de Pais e Encarregados de Educação;
Ilustres Entidades Convidadas
Minhas Senhoras e meus Senhores
Sem a vossa presença esta cerimónia não teria o lustre que
ela lhe confere. É por nós entendida como sinal de amizade e
consideração, corporizada na atenção que nos devotam e no
papel que, ao longo dos anos, o IMPE vem levando a cabo. A
todos o nosso Muito Obrigado.
Estimados Camaradas, Docentes e Funcionários do
Instituto Militar Pupilos do Exército
Caros Alunos e Ex- Alunos
Que o dia de hoje possa constituir, para todos nós, uma
jornada de salutar convívio, e em que possam ser evocadas
memórias e ensinamentos que, ao longo dos anos, vêm
aglutinando as paredes deste secular edifício que é o IMPE.
E que esse entrecruzar de gerações, renovado ano após
ano, constitua o passar do testemunho e continue a contribuir
para consolidar aquela “diferença” que caracteriza o espírito do
aluno PILÃO.
Excelentíssimo Senhor Secretário Estado da Defesa
Nacional e Assuntos do Mar
Meu General Chefe
Meus Generais
Ilustres convidados
Minhas Senhoras e Meus Senhores
EFEMÉRIDES
Em dia de Aniversário, para além da evocação histórica é
também oportuno falar sobre o balanço do presente, traduzido
na actuação colectiva levada a cabo ao longo do último ano,
bem como pensar no futuro.
Ao comemorarmos 98 anos temos necessariamente de
nos centrarmos na nossa missão institucional, tendo esta de ser
bebida nas suas origens, quando o nosso fundador, General
António Xavier Correia Barreto, responsável pela pasta da
Guerra do primeiro governo da jovem Republica, referia “ ser
necessário criar homens que pelo trabalho e esforço próprios
se mantenham na vida com independência e dignidade; é
preciso formar cidadãos úteis à pátria”.
Assumiu o Instituto um carácter social, já que era destinado
a receber, em regime de internato, os filhos das praças,
sargentos e oficiais do Exército, quando em difícil situação
socio-económica, e um carácter tutelar, na medida em que lhe
foi atribuída a guarda dos órfãos da família militar.
Assumiu, ainda, desde a sua fundação um cariz
profundamente profissionalizante, tendo, para o efeito,
estruturado o respectivo ensino nesse sentido.
O decurso da história foi introduzindo alterações, algumas
das quais bem profundas, na sua organização e funcionamento,
todas elas traduzindo a sua adaptação às evoluções da vida
social, às consequentes modificações dos processos e dos
métodos de ensino, ao percurso político do País, e, ainda,
às necessidades das Forças Armadas, aspecto este que se
considera ser de relevar.
O Instituto desempenhou ao longo da sua longa História um
papel fulcral na preparação de técnicos para a sociedade civil e
militar, tornando-se uma referência no panorama Nacional
Vista a história importa passar a referir algo sobre o
presente, que aquela nos ajuda a perceber, para podermos
depois pensar no futuro.
É um facto que todos estamos com a causa da Educação,
e assim sendo, o nosso trabalho deve constituir uma fonte
de ensinamento que os jovens possam e desejem fruir e que
mostre a nossa preocupação para com eles. Muito para além
dos conhecimentos técnico-cientificos que lhes possamos
ministrar será o inculcar de um sadio carácter que lhes poderá
fortalecer a confiança no seu próprio poder de decisão.
Assim o apelo à generosidade, disponibilidade e sentido
de bem-fazer são parte integrante dos ensinamentos aqui
ministrados.
Estamos a reorientar o modelo educativo - formativo
para a área técnico profissional, como instrumento de apoio
às necessidades de formação e qualificação dos portugueses,
tendo por factores potenciadores, deste sistema formativo,
as Forças Armadas, as Indústrias de Defesa, a cooperação
com os PALOP, o tecido empresarial de reconhecido interesse
estratégico nacional, ou, ainda, outras entidades que com o
Instituto pretendam estabelecer parcerias na área do ensino.
Reformulamos os conteúdos programáticos para Quatro
cursos profissionais de nível 3, pois, queremos ser mais
ambiciosos e, para além do que é exigido, dotar os nossos
alunos com conhecimentos que permitam efectuar os exames
nacionais, se o desejarem, em pé de igualdade com os
conteúdos programáticos do ensino regular.
Também as realizações académicas se mantiveram e
nalguns casos ultrapassaram, os níveis de anos anteriores
permitindo- nos salientar, entre outras:
• Actuação do Grupo Coral e Instrumental, no encontro
de coros dos Estabelecimentos Militares de Ensino, nas várias
celebrações do IMPE e em outros locais para que foram
convidados;
• Actividades Desportivas com participações relevantes
no Desporto Escolar e Federado em diversas modalidades,
destacando o de termos obtido o primeiro lugar em Andebol e
Remo nalgumas categorias;
• Aderimos ao Programa Eco-Escola, programa de âmbito
Internacional que pretende encorajar acções no âmbito da
educação ambiental;
• Participámos no programa Escola Electrão, destinado a
sensibilizar a comunidade escolar para a recolha e valorização
de Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos, tendo
sido recolhido cerca de 4000Kg de material quando a média
nacional por escola foi de 3000Kg;
• Estivemos presentes em Feiras de Educação - Formação,
nas cidades do Porto , Mafra, Seixal e Lisboa.
No campo dos adultos, constituindo-se como que um
novo vector de afirmação do Instituto, registamos com agrado
a progressão de Boas Práticas nos aspectos metodológico
e técnico do processo de Reconhecimento, Validação e
Certificação de Competências para a aprendizagem ao
longo da vida dos adultos que se dirigem ao Centro Novas
Oportunidades do Exercito que se encontra inserido no seio
destes ancestrais muros.
Teve também o IMPE no ano 2008/2009 a missão de
ministrar a componente tecnológica dos cursos de formação
de sargentos de electrónica e mecânica para o Exército.
Em relação às infra-estruturas e tendo presente a
longevidade das instalações bem como os escassos recursos
financeiros foram feitos vários melhoramentos de que se
destacam:
• A melhoria do conforto ambiental no Internato;
• A beneficiação e monitorização da rede de água potável
que permitirá economizar cerca de 20% do encargo anual;
• A Colocação de Painéis Solares na Piscina que
possibilitará uma redução de custos de 50% em combustível;
• A adopção das medidas necessárias para a implantação
do Plano tecnológico.
Querer é Poder
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EFEMÉRIDES
Ninguém vive ou trabalha isoladamente, muito menos o
fariam no IMPE. Essa a razão para reconhecer o inexcedível
apoio que recebemos do escalão superior e de igual forma do
Comando da Logística, especialmente da Direcção de Material
e Transportes, Direcção de Aquisições e Direcção de Infraestruturas.
Uma palavra muito especial para os Encarregados de
Educação e familiares dos nossos alunos na certeza que
queremos, desejamos e apreciamos a vossa colaboração e
cada vez maior ligação connosco.
Uma referência particular à Associação Pupilos do Exército
que se tem constituído como instrumento fundamental, na
divulgação, e valorização do Instituto.
Gestão.
Vamos ainda assumir como alcançável um novo paradigma
do ensino. Aquele que assuma a vocação para criar, estimular
a formação de empreendedores.
Os alunos devem ser incentivados não só a aprender,
mas sobretudo a saber fazer.
Criar uma cultura de criatividade, do risco, do trabalho, do
mérito e da responsabilidade social.
Em paralelo estaremos em contactos, e é nossa intenção
estreitar o relacionamento com a comunidade empresarial e,
em particular, com a Associação de Empresas de Portugal e
Associação Industrial Portuguesa no sentido de se potenciar a
empregabilidade dos nossos alunos.
A preservação e afirmação de uma longa e orgulhosa
caminhada, forte e rica de quase cem anos é merecedora de
notabilidade, mas isto exigiu e exigirá que o IMPE harmonize,
sempre, as normas e rituais que originaram a sua existência e
determinaram a sua missão, com os conceitos decorrentes da
sociedade do conhecimento e competitividade da modernidade,
mantendo-se assim, como uma Escola fundamental de
Quadros qualificados a nível Nacional.
São estas, intemporalidade e indispensabilidade que
nos levam também a esperar do Poder e da sociedade civil o
respeito e dignidade que julgamos merecedores.
Temos o nosso espaço no panorama da Educação
Nacional, como atesta o nosso percurso, mas hoje mais do que
nunca, numa sociedade em rápida mutação a necessidade
de preservar os valores da disciplina, ética, patriotismo,
solidariedade são cada vez mais prementes e não alienáveis
em nenhuma circunstância.
A dispensabilidade da prática destes valores parece
ser despiciendo falar, porque só análises dissimuladamente
orientadas, para a sustentabilidade económica da EducaçãoFormação como único vector, ou a ignorância, a malignidade
ou estultice poderão evocar a sua prescindibilidade.
Aos militares, docentes e funcionários que servem nesta
Instituição, quero manifestar o meu agradecimento muito
sincero e profundo, pela dedicação, empenho e profissionalismo
manifestados à causa dos Pupilos do Exército.
Para vós Alunos, que sois sujeito e objecto do acto
educativo, esforcei-vos para vencer mais este ano escolar
que se vai aproximando do seu termo. Mantenhais bem viva
a chama e a honra da briosa condição de PILÃO, e cultiveis e
ajudeis a cultivar a tradição e os seus valores.
Temos justificadamente a cara lavada e um grande orgulho
e motivação por pertencermos à comunidade pilónica, como
atestam a dignidade, o aprumo e a correcção, que podeis
comprovar através do Batalhão de Alunos que se perfila à
vossa frente.
Com um espírito próprio de actuação e ritos que cimentam
a sua coesão, distingue-se este Instituto de outra qualquer
escola pública ou privada, que só tem paralelo com dois
estabelecimentos congéneres: o Colégio Militar e o Instituto de
Odivelas, a quem endereçamos uma saudação especial.
Sabemos que temos obrigações quotidianas de sermos
ainda melhores.
Assim, projectando-nos para o futuro queremos dar-vos a
conhecer os nossos desejos e ambições.
O nosso amanhã já se iniciou com a preparação de 4
Cursos profissionais, dos quais ministraremos, já em Setembro,
o de Técnicos de Manutenção Industrial e o de Técnicos de
8
Querer é Poder
Senhor Secretário de Estado da Defesa Nacional e
Assuntos do Mar
Renovo os agradecimentos do IMPE pela presença de
V.Exª na sua cerimónia mais emblemática e reafirmo que pode
contar com a nossa inquestionável vontade em continuar a
servir o País, com a cultura que nos é própria, no sentido de
formar cidadãos úteis à pátria e que consigam elevar bem alto
a nossa divisa: QUERER É PODER
EFEMÉRIDES
Encerramento das Actividades do
Prémio Escolar da Defesa Nacional
No dia 2 de Junho de 2009, pelas 11.00 h, realizaram-se
no IMPE as Cerimónias de encerramento das actividades
do prémio Escolar de Defesa Nacional.
Nos Claustros, numa exposição, estiveram patentes os
trabalhos elaborados pelos alunos do 9.º Ano na disciplina de
História, apresentando temas do século XX: a 1ª República;
a 1ª Grande Guerra; a 2ª Républica e o Estado Novo; a
2ª Grande Guerra; a Guerra em África também chamada
Guerra Colonial; o 25 de Abril de 1974 e a 3ª República; a
chamada Guerra Fria; a ONU; a NATO e a União Europeia.
A Exposição foi inaugurada pelos Ex.mos Senhor General
Chito Rodrigues, Presidente da Liga dos Combatentes, e
pelo Senhor Major General Alves Rosa, Director do IMPE.
Em seguida, no Museu da Instituição, o aluno n.º 50, João
Filipe, apresentou o seu trabalho “Humberto Delgado
e o Estado Novo”, tendo proferido algumas palavras a
Professora Caimoto Duarte, o Comandante Bellém Ribeiro,
os Ex.mos Senhor General Chito Rodrigues e Senhor Major
General Alves Rosa que se congratularam com os trabalhos
desenvolvidos pelos alunos ao longo do ano e que estão
inseridos na realização de Actividades de Cidadania e
Defesa, promovendo os Valores Pátrios e a Educação para
a Cidadania com a formação cívica dos jovens.
Recepção aos Professores da Junta
de Freguesia de São Domingos de
Benfica
No dia 30 de Setembro, uma delegação do IMPE
compareceu à sessão solene de recepção aos professores,
respondendo à amável solicitação da Junta de Freguesia
de São Domingos de Benfica. Delegação constituída pelos
professores Ana Paula Rodrigues, Maria José Gonçalves, Luís
Papinha, Miguel Gonçalves e Pedro André.
A cerimónia teve início às 17h30, no Lar Madre Teresa
de Saldanha, e teve como objectivos, de acordo com as
palavras do presidente, «a criação de espaços para troca de
experiências pedagógicas, o desenvolvimento das dinâmicas
interpessoais, visando o sucesso educativo e a optimização de
recursos na área de influência da Junta de Freguesia de São
Domingos de Benfica».
O encontro começou com um agradável e divertido
momento musical pelo grupo vocal Bisnag. Seguiu-se a
abertura formal da sessão pela vogal da educação, Drª Emília
Barradas de Noronha, e uma alocução do Presidente da Junta
de Freguesia, Dr. Rodrigo Gonçalves. Teve depois lugar uma
breve intervenção sobre o «Movimento da Escola Moderna.»
Fomos também brindados com um intenso momento
teatral pelos alunos da Escola Dona Leonor. A peça visava
denunciar a violência, a violência na sociedade, a violência
nas relações interpessoais, a violência entre os sexos. A
coreografia foi acompanhada por uma banda sonora criteriosa,
onde pontuavam Philip Glass, Michael Nyman, Robert Fripp,
Steve Reich, Björk, entre outros.
Depois da peça, teve lugar uma visita ao museu Madre
Teresa de Saldanha, que guarda o espólio de algumas das
mais significativas peças pertencentes à Madre, bem como de
pinturas e desenhos da sua autoria.
O encontro finalizou com um Porto de Honra traduzido
num muito agradável lanche.
Luís Papinha, Professor de Filosofia
Nota: O presente Prémio Escolar, instituído pela
revista “Defesa Nacional”, foi, em 1973, transferido para
a administração da Liga dos Combatentes, com inteira
anuência dos respectivos Departamentos Militares.
A partir do ano escolar 2005/2006 o Prémio Escolar
“Defesa Nacional/Liga dos Combatentes” foi constituído com
um novo regulamento melhor adaptado aos novos tempos.
Pela Professora: Maria de Jesus Pessanha Caimoto.
Querer é Poder
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EFEMÉRIDES
VIAGEM DE FINALISTAS DO 9º ANO
2008/2009
23 de Junho
7.30 – Aeroporto de Figo Maduro
O tão esperado e
merecido início de férias
tinha finalmente chegado.
Era este o grande dia.
O dia da partida para os
Açores no C-130 da Força
Aérea que nos levaria
até Ponta Delgada. Um
misto de alegria e emoção
pairava nos rostos de
todos os que partilharam
tristezas e sorrisos, horas de estudo e de brincadeira. Era o final
do 9ºAno !!!
aproveitamento usado nesta central.
Os alunos também visitaram as Furnas com a sua misteriosa
lagoa e as inconfundíveis fumarolas que são um fenómeno de
vulcanismo secundário muito característico. Puderam desta
forma ver, sentir e cheirar este fenómeno que apenas conheciam
dos audiovisuais usados nas aulas.
Não poderíamos deixar de visitar a centenária Fábrica de
Chá Gorreana, onde fomos recebidos pelo proprietário que,
com a sabedoria dos longos anos de trabalho e a humildade e a
simpatia típicas dos micaelenses, nos recebeu e explicou como
são recolhidas e processadas as folhas dos diferentes chás que
comercializam.
Durante os trajectos que nos levaram aos lugares a visitar,
os alunos foram alertados para o alinhamento dos cones de
escórias tão característicos de S. Miguel, para depósitos de
diferentes tipos de materiais vulcânicos nas vertentes que
ladeavam as novas estradas da ilha e para as criptomérias,
coníferas que preenchem a ilha juntamente com a floresta
Este ano a viagem de finalistas do 9º ano foi a S. Miguel, nos
Açores. Estas ilhas são um verdadeiro laboratório geológico de
sismologia e vulcanologia e um lugar único com geomonumentos
não existentes no Continente. Além disso, a circunstância de se
localizarem em pleno oceano Atlântico faz com que, do ponto de
vista biológico, estas ilhas sejam inconfundíveis pelas espécies
vegetais e animais que se podem observar.
Assim, as professoras consideraram que deveriam
aproveitar esta oportunidade para explorar temas abordados
pelos alunos durante o seu percurso escolar, nomeadamente,
durante o 3º ciclo que agora terminaram. Desta forma, durante
a viagem de finalistas os alunos visitaram a Caldeira do Fogo
e a Caldeira Velha tendo-lhes sido explicado o processo de
laurissilva e as imensas espécies de pteridófitas e briófitas.
Foi ainda possível fazer a observação dos cetáceos que,
felizmente, nesta época do ano, atravessam as águas ao
largo da ilha. Esta actividade iniciou-se com um briefing onde
foram caracterizadas as diferentes espécies que poderiam vir
a ser observadas e foi explicado o método de observação de
baleias e golfinhos. Depois partimos de barco e ao fim de meia
hora visualizamos roazes (Tursiops truncatus) e mais tarde
avistámos duas fêmeas e duas crias de cachalote (Phiseter
macrocephalus).
formação das caldeiras vulcânicas e a diferença entre “lagoa”
e “caldeira”. Visitaram também a Central Geotérmica da Ribeira
Grande onde é aproveitado, para produção de energia eléctrica,
o calor contido no interior da Terra. A visita foi acompanhada
pelo técnico de serviço responsável pela central, que fez uma
explicação completa, sintética e acessível sobre o processo de
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Querer é Poder
No dia anterior ao do regresso, os alunos visitaram o Centro
de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos (CVARG),
no Departamento de Geociências da Universidade dos Açores.
Esta visita surgiu na sequência de um convite feito pelo Prof.
Doutor José Madeira, que este ano lectivo proferiu uma palestra
no IMPE sobre sismologia em Portugal, e que se encontrava
a trabalhar em S. Miguel. Durante esta visita, os alunos foram
elucidados sobre a forma como eram e como são actualmente
registados e analisados os sismos que acontecem nos Açores.
Foram também informados sobre o modo como é feita a
determinação da magnitude e a localização epicentral.
EFEMÉRIDES
O grupo teve ainda o privilégio de visitar o Museu Militar de
Ponta Delgada, ficando muito agradado por ver, entre outros,
um antigo uniforme da saída do IMPE no interessante espólio
deste Museu.
Cerimónia de Imposição de Insígnias
Os alunos, professoras e o Sr. Comandante de Companhia,
Capitão Carriço, foram ainda recebidos pelo Sr. General
Cameira Martins, ex-aluno do IMPE, que com um misto de
alegria e emoção saudou a comunidade pilónica, recordando
com orgulho histórias dos tempos felizes em que foi aluno neste
Instituto. Apesar dos anos que separam estas gerações de
“pilões”, o lema “Querer é Poder” está e estará sempre presente
no olhar e no coração de todos os que têm o privilégio de passar
por esta grande casa.
Por ocasião da visita do Sr. General CEME à Zona Militar
dos Açores tivemos ainda a honra de participar no almoço de
boas-vindas que teve lugar na Messe de S. Gonçalo onde, aliás,
todos fomos simpaticamente recebidos.
No passado dia 18 de Setembro teve lugar a cerimónia
de imposição de insígnias aos novos alunos graduados. Esta
cerimónia, de elevado significado, foi presidida pelo Ex.mo Senhor
Major – General Director do Instituto.
Nesta cerimónia os novos graduados receberam as
insígnias respectivas e, num momento de profundo alcance, o
Comandante de Batalhão – Aluno recebeu do Director do Instituto
e do último Aluno Comandante de Batalhão uma espada, réplica
da do Fundador do IMPE, símbolo da função que passava a
desempenhar. Igualmente os aluno porta-guião e aluno portaestandarte nacional receberam respectivamente o Guião do
Instituto, confiado ao Corpo de Alunos e o Estandarte Nacional
do Instituto.
Transcrevemos os discursos proferidos nesta cerimónia pelo
Adjunto do Corpo de Alunos, Maj. de Inf. Paulo Alexandre Teixeira
de Almeida, e pelo novo Aluno Comandante de Batalhão, Diogo
Ruivo.
É de salientar a conduta, atitude e postura irrepreensíveis de
todos os alunos do 9º ano que tão bem souberam representar
o Instituto Militar dos Pupilos do Exército em todas as visitas,
eventos e entidades que tiveram a gentileza e amabilidade de
nos receber.
À Zona Militar dos Açores, na pessoa do Sr. General Cameira
Martins, ao Museu Militar, à Messe de S. Gonçalo, à Força
Aérea, que teve a gentileza de nos transportar, ao Centro de
Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos da Universidade
dos Açores, à Central Geotérmica da Ribeira Grande e a todos
os que directa ou indirectamente contribuíram para que esta
visita fosse possível, uma palavra de apreço e gratidão.
Esta viagem foi certamente o despertar de uma enorme
vontade de um dia regressar a esta ilha de paisagens luxuriantes
e únicas, foi a celebração da amizade, o final de um ciclo para
alguns, para muitos o começo de outro...
Ilda Cruz, Professora de Inglês
Vera Milharadas, Professora de Ciências
Querer é Poder
11
EFEMÉRIDES
Discurso Imposição de Insígnias pelo
Adjunto do Corpo de Alunos
Exmo Sr Major General Director do Instituto Militar dos
Pupilos do Exército
Exmo Sr Presidente da Direcção da Associação dos Pupilos
do Exército
Exma Sra Presidente da Associação de Pais do Instituto
Militar dos Pupilos do Exército
Militares, Professores e Pessoal Civil do Instituto
Caros Alunos e Ex-alunos
Ilustres convidados
A imposição de insígnias a que acabamos de assistir não
é mais que um acto simbólico do assumir das funções para
as quais estes alunos foram seleccionados, de acordo com o
seu perfil, as suas capacidades e aptidões e acima de tudo,
em função da conduta demonstrada ao longo dos anos em
que foram permanecendo nesta Casa tão bela e tão ridente, de
tradições quase seculares.
Alunos Graduados:
O dever do Aluno Graduado do Instituto é honrar a atribuição
que lhe foi conferida, mantendo em todos os actos inerentes ao
exercício desta nobres funções, uma conduta irrepreensível,
quer no trato com os Militares, Professores e Funcionários Civis
do Instituto quer no relacionamento com os demais alunos.
Lembrai-vos sempre do Versículo escrito no livro da vida em
Provérbios Capítulo 22 Versículo 6.
“Instrui a Criança no caminho em que deve andar e até
quando envelhecer não se desviará dele”
Saliento, ainda, a importância que os Alunos Graduados
têm na cadeia de comando do Corpo de Alunos. No que se
refere ao funcionamento da estrutura, espero da vossa parte que
continuem a manter um espírito de colaboração que se reflicta
em melhorias visíveis na manutenção da disciplina, no controlo
das formaturas, na conduta a adoptar pelos alunos mais novos
no interior do Instituto e nas condições de habitabilidade do
Internato. No âmbito do relacionamento entre os alunos, passa
por vós o desenvolvimento de um espírito de corpo salutar que
permita o são convívio entre todos os alunos do Batalhão Escolar,
como garante de uma vida mais agradável no Instituto. Neste
12
Querer é Poder
sentido e na medida em que estas são as vertentes basilares
da vossa actuação, enquanto alunos graduados, é vosso dever,
ou melhor, vossa obrigação, incutir através do exemplo, nos
alunos mais novos o código de honra do Aluno do IMPE e em
que, permitam-me o uso de um pouco de Português vernáculo,
o “cábula”, o “baldas” o indisciplinado não são modelos válidos
na sociedade em que vivemos e que apenas o estudante com
sucesso, empenhado e disciplinado é exemplo a seguir pelos
alunos do IMPE, como perspectiva de um futuro que se augura
que seja próspero.
Novos Alunos
A vossa integração na comunidade educativa passa por
estes alunos graduados. Como alunos mais velhos, mais
experientes e mais conhecedores da vivência diária do Pilão, é
sua obrigação manter um acompanhamento permanente, estar
sempre prontos a dar um conselho face a uma atitude menos
própria da vossa parte e, fundamentalmente, estender-vos a
mão amiga nas más horas que irão surgir durante o longo ano
lectivo que agora se inicia. Contem com eles e face ao seu
procedimento, seleccionem os bons exemplos, os quais serão
modelos a seguir no futuro.
É ciente das dificuldades que têm sentido neste período de
adaptação, que vos digo:
Nada temais, pois são os vossos graduados que vos
integrarão na vivência escolar e interna do Instituto, são eles
que vos acompanharão permanentemente nos vossos medos,
vos apoiarão nos vossos anseios e vos aconselharão quando
a vossa atitude tenha sido menos própria. Procurai-os, pois,
sempre que necessitardes de um conselho amigo.
Alunos Lacerdas, vós sois também uma peça importante
no acompanhamento dos alunos mais novos e no auxílio aos
alunos graduados, trazendo-lhes a eles os problemas que os
alunos mais novos não lhes sabem dizer. Sois vós também o
elemento regulador das sãs tradições do Instituto.
Aproveitando a oportunidade, permitam-me salientar:
Ao presidente da APE, uma palavra de reconhecimento pelo
apoio prestado ao longo destes anos de existência. Contudo, o
Instituto espera de vós um maior apoio e empenho, em prol dos
projectos que estão em desenvolvimento.
Aos representantes da Associação de Pais, porta-voz dos
Encarregados de Educação e, como primeiros responsáveis
pela educação dos vossos filhos, exorto-vos, de uma forma
edificante, a continuar a apoiar e consolidar a acção educativa
do Instituto.
Perante a presença do corpo docente, deixem-me salientar
que este corpo de graduados conta convosco e que só uma
ligação harmoniosa entre Corpo de Alunos, Professores e
Encarregados de Educação permitirá uma vivência institucional
consequente e activa.
Só através de uma articulação efectiva e uma congregação de
vontades da comunidade educativa do Instituto se desenvolverá
o Projecto Educativo desta casa, tão bela e tão ridente, cuja
missão nunca será formar elites, mas sim, transformar jovens
em cidadãos úteis à Pátria, conforme estipulado pelo saudoso
fundador, Gen Xavier Correia Barreto a 25 de Maio de 1911.
Tenho dito
Paulo Alexandre Teixeira de Almeida
Maj Inf
EFEMÉRIDES
Discurso Imposição de Insígnias pelo
Aluno Comandante de Batalhão
ensinem o verdadeiro significado do espírito pilónico,
sejam verdadeiros líderes e conduzam os alunos sob o
vosso comando pelos caminhos mais correctos nesta
sociedade em constante evolução.
Não esquecendo sobretudo o verdadeiro motivo pelo
qual estais nesta casa, estudar.
Como evoca o hino do Instituto: “ao estudo e ao
trabalho producente dediquemos com alma e com prazer
toda a nossa atenção e alegremente saibamos este
Instituto enobrecer!” que seja este o nosso mote.
A Luz emanada pelo “farol” que se constitui a missão
para o presente ano lectivo.
Aos pais e familiares destes alunos recém graduados
é importante que os incentivem e apoiem a cumprir a
sua missão que é sem dúvida uma mais valia para o seu
futuro.
Digníssimos Convidados e Presentes, esta casa
está a atravessar grandes mudanças a nível académico
Exmo. Sr. Major General Director do Instituto Militar
dos Pupilos do Exército
Exmos. Representantes da Associação dos Pupilos
do Exército
Exma Sra Presidente da Associação de Pais e
Encarregados de Educação,
Senhores Oficiais, Professores, Sargentos, Praças e
Funcionários Civis do Instituto.
Ilustres Convidados, Pais e Encarregados de
Educação.
Caros Camaradas Pilões,
É com grande orgulho e honra que me dirijo para
todos vós na qualidade de Comandante de Batalhão
desta casa que de menino me fez homem com valores
que mais nenhuma casa me ensinaria e é meu dever
juntamente com o restante corpo de graduados garantir
a passagem desses mesmos valores enaltecendo este
instituto ao qual chamamos a nossa casa tão bela e tão
ridente.
Não posso deixar de dar as boas vindas aos novos
alunos desta casa, que se tornam um incentivo, para
todos nós e aos quais iremos transmitir da melhor forma
a nossa mensagem como alunos mais velhos, a estas
novas gerações Pilónicas.
A vós alunos, a camaradagem é essencial para que
juntos atravessemos estas mudanças e tempos difíceis e
de mudança que atravessamos.
Respeitem os vossos graduados, olhem para eles
como vossos irmãos mais velhos.
A este novo Corpo de Graduados deixo desde já a
seguinte mensagem: “o que vos é posto aos ombros
nunca em caso algum vos suba à cabeça, mas sim que
desça para o vosso coração para que com humildade
continuem a amar esta casa!”.
Cumpram o vosso dever com dignidade, sendo
exemplo para todos os alunos que vos estão subordinados,
com a implementação dos cursos profissionais que
remontam um pouco à historia do nosso Instituto desde
a sua fundação, não podemos esquecer também o facto
de sermos recentemente uma eco-escola, que a par
de outras estratégias nos coloca ao nível das melhoras
escolas de excelência da europa.
Tenhamos grande sentido de responsabilidade,
saibamos lidar com os problemas sempre de cabeça
erguida e sempre com o lema desta casa cravado no
peito: “ Querer é Poder!”
Tenho dito!
Aluno Comandante de Batalhão
Diogo Ruivo nº 62
Querer é Poder
13
ENGLISH CORNER
The 3 Rs song
ENGLISH CAN BE FUN AND SERIOUS TOO
IMPE is now an environment-friendly school let us all sing an inspiring song while filling in the missing words.
Can you guess them?
Three it’s a magic number
Yes it is, it’s a magic number
Because two times three is six
And three times six is eighteen
And the eighteenth letter
In the alphabet is (1)____________
We’ve got three Rs
We’re going to talk about today
We’ve got to learn to
Reduce, Reuse, Recycle
Reduce, Reuse, Recycle
Reduce, Reuse, Recycle
Reduce, Reuse, Recycle
If you’re going to the market to buy some juice
You’ve got to bring your own bags
And you learn to reduce your (2)___________
And if your brother or your sister‘s
Got some cool clothes
You could try them on
Before you buy some more of those
Reuse, we’ve got to learn to (3)__________
And if the first two Rs don’t work out
And if you’ve got to make some (4)_______
Don’t throw it out
Recycle, we’ve got to learn to (5)_________
We’ve got to learn to
Reduce, Reuse, Recycle
Reduce, Reuse, Recycle
Reduce, Reuse, Recycle
Reduce, Reuse, Recycle
Because three it’s a magic number
Yes it is, it’s a magic number
3, 3, 3
3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24, 27, 30, 33, 36
33, 30, 27, 24, 21, 21, 18, 15, 12, 9, 6, and
3, it’s a magic number!
Jack Johnson, Sing-A-longs and Lullabies
Professora, Ana Tendeiro
Answer key: (1) R; (2) waste; (3) reuse; (4) trash; (5)recycle
14
Querer é Poder
ENGLISH CORNER
The Choices
Looking back over the past decade and towards the future
reveals a blossoming improvement of knowledge and scientific
technology in our everyday life. The expected level of culture,
experience and research is getting more and more demanding.
To attain this goal we must deal with a lot of new situations,
we must live and learn through a great variety of experiences.
The more we learn, the more we will be able to enhance and
promote our place in society.
The choices we make determine our future. Life is full of
opportunities. As life goes on, we have many obstacles to face
and choices to make. We can either choose to do the least we
can or we can try to accomplish a fantastic life filled with culture
and knowledge.
The choices we make will take us through many paths. So be
strong, do the best you can. It’s up to you to ensure a meaningful
life in order to be the best.
Professora, Helena Marques
“All the world’s a stage...”
Escola, uma preparação para a vida
No mundo em que vivemos, a escola deve ser entendida
não só como uma preparação para a universidade, mas também
para a vida.
Na escola os alunos aprendem a participar numa actividade
colectiva, a saber conviver com regras. Aprendem a interessar-se por saberes não como algo em si mesmo, mas como
ferramentas para melhor compreender o mundo e agir sobre
ele.
Aprende-se a construir normas de convivência e a superar
diferenças. Mais do que conteúdos, aprendem-se competências,
constroem-se saberes.
É exactamente o saber fazer, o conseguir fazer e o saber
agir que se adquire na frequência dos cursos profissionais que
agora fazem parte do currículo do Instituto.
Estes são tão ou mais importantes que os cursos
tradicionais.
Ambos permitem o acesso ao ensino superior, no entanto,
com a frequência dos cursos profissionais, o aluno obtém
um certificado que lhe permite o ingresso nos cursos de
especialização tecnológica, seguindo desde modo o lema do
Instituto:”Criar cidadãos úteis à pátria”.
Professora, Helena Marques
Querer é Poder
15
ENGLISH CORNER
“All the world’s a stage...”
E todos usamos as nossas máscaras... mas ter um verdadeiro
amigo é tirar a máscara nos bons e maus momentos e sermos
nós mesmos.
FRIENDS FOREVER
We’re joined in a friendship
That time cannot sever.
With bonds we have built
We’ll remain friends forever.
We’re welded in spirit,
Attached by our hearts.
We’re fused by the feeling
That friendship imparts.
We’re tied by emotions,
Connected by dreams.
Reinforced by our hopes,
Unified by extremes.
No longer a function
Of time or of space,
Our love is a substance
That life won’t replace
No matter how distant
We’ll always endeavor
To sense the full meaning
Of friendship forever.
Bruce B. Wilmer
16
Querer é Poder
“All the world’s a stage...”
We attend a military boarding school called Instituto
Militar dos Pupilos do Exército. We are in the 7th form.
Our busy day starts at 6.30 a.m. We get up, brush our
teeth and wash our face. Then we dress the uniform and
go to the school canteen where we have breakfast. We
normally have milk, cereals and bread.
The morning classes start at 8 o’clock and finish at 5
to one p.m. That’s when we go to the school canteen to
have lunch. We have a different dish everyday because it
is important to have a balanced diet.
The afternoon classes start at 2.30 p.m. and finish at
a quarter to six.
After classes we go back to our rooms and relax for
a while. As one of us is not a boarder student, he goes
home everyday, but we only go home and visit our family
on Wednesdays and at weekends.
Dinner is at 7 p.m. After dinner we study, do the
homework and prepare our schoolbag for the following
day. This is the best part of the day. We play, talk and also
help each other a lot. The older students play an important
role, especially when we do not have classes and are on
our own. We learn a lot from them… We go to bed at
about 10 p.m. We love our School- our Home. Querer é
Poder! is our school´s motto.
Texto colectivo realizado na aula de Inglês a propósito
de um dos conteúdos estudados “Routines”.
7ºAno-Turma B
VISITAS DE ESTUDO
Comemoração do V Aniversário do
Museu da Presidência da República
Obrigado, IMPE. Foi uma bela tarde.
No dia 2 de Outubro, à tarde, os alunos dos 8º e 9º anos
foram ao Museu da Presidência da República participar num
Paddy Paper.
Fomos acompanhados pelas nossas Professoras de
História, Marília Gama, Maria de Jesus Duarte, Maria Isabel
Dias, e pelo Professor de Educação Física, Pedro Tomás.
Chegados a Belém, saímos das carrinhas e aguardámos à
entrada do Museu. Entretanto tirámos umas fotos que serviriam
para o nosso “ ilustre site”. Gostamos que a família saiba como
foi a nossa visita de estudo e que toda a gente nos veja…
À entrada do Museu fomos revistados pelas Forças de
Segurança. Achámos graça.
Estavam lá as alunas do Instituto de Odivelas e os alunos do
Estabelecimento de Ensino “Agrupamento Zarco”.
Dividiram-nos em equipas previamente constituídas para
a actividade que ia decorrer e foram explicadas as regras do
jogo. Após breve reunião com os capitães das equipas, os guias
deram a cada grupo um mapa e algumas indicações sobre o
percurso.
As equipas tinham percursos diferentes, mas passavam
pelos mesmos pontos principais. Cada ponto só era ultrapassado
após as equipas responderem a uma ou mais questões sobre o
Museu, relacionadas com a História de Portugal, principalmente
com a época da República (do 5 de Outubro de 1910 até aos
nossos dias). Fizeram também perguntas sobre as ordens
Honoríficas Portuguesas, uma vez que o Presidente da
República é o Grão- Mestre dessas Ordens e o Museu expõe
uma vasta colecção de insígnias correspondentes.
A primeira equipa a acabar ganharia o 1º Prémio.
As alunas do Instituto de Odivelas ficaram em 1º lugar e
nós em segundo e terceiro. Mais uma vez os alunos do IMPE
estiveram à altura das circunstâncias. Mostraram uma enorme
capacidade e abertura a novos desafios, tendo obtido bons
resultados.
Estivemos a conversar com as meninas de Odivelas e foi
uma tarde muito agradável com muita diversão e alegria entre
todos.
Reparámos que as alunas iam de fato de treino e não de
farda. Estava bem pensado! Ficava-lhes muito bem e era prático.
Mas com farda ou fato de treino, o principal foi termos passado
um tempo de forma especial e diferente! Com muito convívio.
No fim, ainda gritámos uma “Jacarézada” ao IMPE e aos
nossos professores.
Enquanto esperávamos pelas carrinhas, estivemos a
conversar com os guardas do Palácio.
Divertimo-nos imenso! Foi uma boa visita de estudo e uma
bela tarde de 6ª feira. Obrigado.
Relatório elaborado pelos alunos do 9º ano, turmas A e B,
na Disciplina de História da Professora Maria de Jesus Caimoto
Duarte.
Querer é Poder
17
VISITAS DE ESTUDO
O IMPE no DOCLISBOA 2009
No passado dia 19 de Outubro, pelas 14h00, os alunos dos 11º e 12º anos do Instituto foram ao Doclisboa, assistir
a “Rough Aunties”, de Kim Longinotto, no Pequeno Auditório da Culturgest.
O documentário conta a história de Jackie, Mildred, Eureka, Sdudla e Thuli motores de Bobbi Bear, uma associação
em Durban, África do Sul, que presta apoio a crianças abusadas sexualmente e que procura levar os seus agressores
à Justiça. Cinco mulheres extraordinárias que lutam para defender jovens e crianças esquecendo os seus próprios
dramas, os seus problemas, as suas vidas pessoais em prol dos mais desprotegidos, transformadas pela sua missão,
em poderosas agentes de mudança no interior da sua comunidade.
A visita inseriu-se no âmbito das disciplinas de EMRC, Filosofia e Inglês. Os alunos foram acompanhados pelos
professores das referidas disciplinas.
Passatempo
Nature; Environnement; Catastrophe; Pollution; Citoyens; Dechet; Ecogest; Toxique
Trabalho realizado pelos
alunos do 9ºB
18
Querer é Poder
A NOSSA CASA
Pilão: Uma Vida!
O Início do Fim
Começou, no dia 1 de Setembro de 2009, o início
do fim do meu percurso nesta casa que carinhosamente
trato por “Pilão”.
Antes de entrar, quando areei a minha farda pela
primeira vez depois das longas férias de verão, senti
a nostalgia de saber que esta seria uma das últimas
vezes que o faria, visto que o meu percurso no IMPE, se
tudo correr bem, terminará este ano. Foi uma sensação
estranha… Chorar de felicidade por vir ter com os meus
amigos, de tristeza por este ser o meu último ano, de
contentamento por ter sido escolhido para graduado…
Enfim, não sei mais como descrever este sentimento.
Nas duas semanas da Escola de Graduados, para
além do exercício físico, tivemos ainda palestras que serão
a nossa orientação para este ano, quer para comandar
uma secção, pelotão, companhia ou batalhão quer para
nos ajudar a decidir o nosso futuro profissional, o que, no
meu caso, já está traçado desde o 7º ano quando decidi
ser militar, à semelhança de quase toda a minha família
que serviu e ainda serve o meu país. Só andei indeciso
entre o Exército e a Marinha, mas a última opção é a mais
aliciante.
No último dia de Escola de Graduados, quando soube
que iria ser Porta – Estandarte Nacional, recuei no tempo
até ao dia 16 de Setembro de 2007, dia em que entrei
confuso, mas convicto de que aqui iria triunfar. Foi um
ano difícil; brinquei, ri, chorei e sofri; aprendi conceitos
que hoje não consigo esquecer, tais como abnegação
(dar a vida pelo outro sem querer nada em troca), espírito
de corpo, camaradagem, entre outros.
O meu primeiro ano não começou bem, uma vez
que tive negativa a Geometria Descritiva, motivo que
me levou a trocar as Ciências e Tecnologias pelas
Ciências Socioeconómicas. Apesar de tudo, no final do
ano consegui atingir o objectivo de chegar ao Quadro de
Honra.
No meu segundo ano, já como “aluno mais velho”,
tentei sempre ser exemplo para os mais novos, quer
pelo meu carácter, humilde e cumpridor, quer pelas
notas escolares. Queria atingir a Medalha de Prata por
Aplicação Literária, mas os resultados do primeiro período
impediram o alcançar desta meta. Contudo, acabei os
segundo e terceiro períodos como aluno do Quadro de
Honra e do Quadro de Mérito por Aplicação Literária.
Espero que este ano venha a conseguir a Medalha
de Ouro por Aplicação Literária e, para além de ajudar o
IMPE nas suas missões, chegar aos exames, tirar boas
notas e, assim, entrar na Escola Naval para que me possa
tornar oficial da Marinha de Guerra e um… “Pilão Naval”.
Gonçalo Cruzeiro – 12ºB
Entrei neste Instituto no 7º ano, estávamos nós em
Setembro de 2004. No meu caso, entrei por alguma
influência familiar, mas tive toda a liberdade para decidir
um novo ciclo da minha vida. Quando entrei, confesso
que me senti um pouco intimidado pelos militares e pelos
alunos mais velhos, porém, integrei-me rapidamente
graças às nossas praxes e tradições.
O tempo neste Ínstituto corre a uma velocidade
alucinante. Quando dei por mim, estava a começar o 9º
ano. Desde que entrara, assistira já a muitas desistências
de outros colegas. Para minha infelicidade já não tinha
ninguém que tivesse entrado comigo no 7º ano. Mas
essa infelicidade rapidamente passou, pois tinha novos
camaradas que se iriam tornar nos meus melhores
amigos. Com estes novos companheiros passei o meu
melhor ano nos Pupilos. Diverti-me imenso e, para além
disso, tive óptimo aproveitamento escolar.
No 10º ano veio uma lufada de ar fresco. Entraram
muitos alunos novos, nomeadamente para o meu ano.
Foi bom, porque voltei a ter oportunidade de conhecer
novos camaradas e de ter outra vez um pelotão unido pelo
espírito pilónico e de entreajuda. Para mim, o pelotão do
meu 10º ano foi o melhor onde estive integrado. Permitiu-me fazer um trabalho pelo qual seria premiado no 11º
ano ao ser nomeado Comandante do 3º Pelotão da 1ª
Companhia.
Foi uma sensação inexplicável receber a carta de
nomeação para o Corpo de Graduados. A uma sensação
de enorme orgulho pessoal por sermos reconhecidos
pela nossa dedicação e pelo nosso trabalho segue-se um
momento de enorme tensão: quando nos deparamos pela
1ª vez com o nosso pelotão. É como se nos estivéssemos
a rever nos alunos mais novos e, pela primeira vez, fui
capaz de me pôr no lugar dos meus antigos graduados.
Fiquei muito feliz por dar continuidade a um ciclo de
passagem que já se repete há 98 anos!
O grande desafio deste ano será ser Porta – Guião,
cargo que muito respeito. Nas cerimónias, levo o símbolo
do Pilão e é como se carregasse todo o peso desta
casa, as suas tradições, os seus valores, a sua história
e, principalmente, cada um dos seus alunos. É com esta
enorme responsabilidade que começo a despedir-me
desta minha casa.
Por agora, resta-me desfrutar ao máximo de todas
as últimas “jacarezadas”; de todas as últimas cerimónias;
do último 25 de Maio; do último Carnaval; dos últimos
cânticos; dos últimos hinos… Quando tudo terminar,
ficarão as saudades!...
João Ferreira – 12ºB
Querer é Poder
19
A NOSSA CASA
O Amor a Esta Casa
Quando a minha professora propôs o tema do amor
para uma composição, pensei em escrever sobre o amor
que tenho a mim-próprio ou aquele que tenho pela minha
mãe, pelo meu pai, pelo meu irmão, pela família… O que
me soou melhor foi escrever sobre o amor que tenho pela
minha casa, o Pilão.
Embora seja um aluno externo, com muita pena minha,
gosto muito da minha escola. Desde o meu sexto ano que
quero ser interno mas não posso por razões pessoais.
Há quem diga que eu não sou um verdadeiro Pilão por
ser externo. Enganam-se, tenho muita honra em representar
o Instituto, em vestir a farda azul e respeito todos os seus
símbolos.
O meu amor pelo Pilão é muito grande e o seu lema
uma grande orientação “Querer é Poder!”
João Fernandes, 25/07 8ºA
O Ser Graduado
Pediram-me para descrever o que é ser graduado, o que
sentimos e que deveres e direitos se nos impõem. Todos
concordam que não é facil, e há muitas responsabilidades
que temos de assumir, mas ser graduado não é só comandar
e dar as vozes de “firme” e “sentido”, “em frente, marche!”. É
muito mais do que isso...
Quando decidi vir para o Instituto, tinha noção de
todas os ideais que o caracterizam, tais como ética, moral,
disciplina e camaradagem. Ser graduado é respeitar e saber
fazer respeitar todos estes valores. É intregar os novos
alunos, explicar como funciona o sistema, qual o significado
das patentes e o porquê de se fazer isto e aquilo. É também
referenciar as tradições. Mas tudo isto custa, e é muito difícil
conseguir conciliar os estudos com o desempenho das
nossas funções. Mas esta experiência permitirá o nosso
desenvolvimento moral e social.
Termino este texto com as palavras proferidas pelo
Comandante de Batalhão, Diogo Ruivo, aquando do seu
discurso na Cerimónia de Imposição de Insígnias: “ Alunos
Graduados, o que vos é posto aos ombros nunca em caso
algum vos suba à cabeça, mas sim que desça para o vosso
coração para que com humildade continuem a amar esta
casa!”.
Esta frase só resume tudo.
Francisco Lopes 60/08
20
Querer é Poder
Ser Pilão
Quando me olho ao espelho, vejo um rapaz alto, bemparecido, em plena adolescência. Vejo um rapaz com
objectivos pelos quais luta, esforçando-se todos os dias
para ser melhor. Sinto a responsabilidade de não desiludir
nunca os meus pais de quem tanto me orgulho e que quero,
acima de tudo, ver felizes, apesar de nada me exigirem para
além da dignidade.
Quando me olho ao espelho, ainda recordo como era
pequeno quando entrei nesta “Casa” e vesti a farda pela
primeira vez. Lembro-me do quão difícil era fazer o nó da
gravata, manter as botas sempre engraxadas e brilhantes,
arear os botões da farda, coser um botão ou outro que numa
brincadeira mais eufórica teimara em cair. Algumas tristezas,
muitas alegrias, momentos únicos...
Vejo-me um futuro homem que honrará, sem dúvida,
esta “Casa” que me viu crescer e que me mostrou que o
sentido do Dever, da Responsabilidade, do Espírito de
Sacríficio e do Respeito são valores que devemos guardar
para a vida.
Quando me olho ao espelho, sinto que se o meu
percurso tivesse sido outro talvez a imagem reflectida fosse
diferente.
É esta a singela homenagem que quero prestar a todos
os que têm tornado aquele menino de dez anos num rapaz
que acredita que “Querer é Poder”.
João Filipe, Aluno nº50
(texto redigido no Ano Lectivo 2008/09)
Eu nunca fui um aluno excelente, muito pelo contrário,
sempre tive algumas dificuldades, sobretudo nas línguas.
Sei que, quando quero, consigo; por isso vou-me
esforçar ao máximo e dar o meu melhor para obter os
melhores resultados que alguma vez tenha tido.
Distraio-me facilmente, mas este ano vou tentar
concentrar-me nos estudos. Sei que assim conseguirei
alcançar os meus objectivos – não ter negativas e passar
de ano com boas notas. Tenho que acreditar no lema desta
grande casa “Querer é Poder”.
Leonel Gama, Aluno nº 161
(texto redigido no Ano Lectivo 2008/09)
SAÚDE
A NOSSA CASA
A Minha Paixão Por Esta Casa
QUEM SOU EU?
Desde os meus cinco anos que gostava de ser militar e
dizia sempre ao meu pai “quando crescer vou ser militar”.
Os anos passaram e quando chegou a altura de entrar
no IMPE, o meu pai inscreveu-me e só me avisou que teria
que realizar as provas um mês e meio antes das mesmas.
Fi-las e passei.
Quando cá entrei, era tudo estranho para mim, parecia
que tinha entrado num mundo novo. À medida que o tempo
foi passando, fui-me habituando a esta casa, e percebi que
fazer parte deste mundo iria fazer de mim um verdadeiro
homem. Aqui fiz verdadeiros amigos, aprendi a ser
camarada e principalmente a ser Pilão…
Estou a crescer, vivo momentos bons e maus. Gosto
desta casa e espero só deixá-la após concluir o 12º ano.
Esta casa estará sempre no meu coração.
Sou o Mário e estou no IMPE porque sempre gostei de
coisas deste género, militares. Fui eu quem tomou a decisão
de vir para aqui, pois os meus pais não gostaram muito da
ideia, devido à distância: Lisboa e Bragança não ficam nada
perto.
Eu deixei muitos amigos lá, mas também já ganhei
muitos cá.
Eu fazia vários desportos, como natação, karaté, rugby,
futebol, basquete, entre outros, mas o meu preferido era a
natação, onde era federado e ia a várias competições.
Rachid Pachire (8ºB)
801/07
Estou muito contente de estar aqui. Mesmo tendo
saudades dos meus pais, estou muito feliz e orgulhoso por
estar no IMPE.
Alves – 78/09
8ºC
Novo Director do Serviço Escolar
O Coronel de Cavalaria, Rui Alves Tavares Ferreira nasceu em 5 de Setembro de
1958, em Lisboa, é casado e tem dois filhos.
Ingressou na Academia Militar em 16 de Novembro de 1977, tendo concluído o
Curso de Cavalaria em 31 de Agosto de 1983
Foi promovido ao actual posto em 17 de Outubro de 2005
Prestou serviço nas seguintes Unidades e Órgãos:
Escola Prática de Cavalaria (Santarém) de 01-09-1983 a 26-12-1984
Regimento de Cavalaria Nº 3 (Estremoz) de 27-12-1984 a 03-10-1990
Regimento de Cavalaria Nº 4 (Santa Margarida) de 04-10-1990 a 09-08-1992
Regimento de Lanceiros Nº 2 (Lisboa) de 10-08-1992 a 04-07-1993
Regimento de Cavalaria Nº 4 (Santa Margarida) de 05-07-1993 a 07-11-1993
Escola de Sargentos do Exército (Caldas da Rainha) 08-11-1993 a 09-08-1995
Direcção de Administração e Mobilização de Pessoal (Lisboa) de 10-08-1995 a 01-08-1999
Regimento de Lanceiros Nº 2 (Lisboa) de 02-08-1999 a 04-07-2002
Estado-Maior do Exército de 29-07-2002 a 08-01-2006
Unidade de Apoio do Estado-Maior do Exército (Lisboa) 09-01-2006 a 13-09-2009
Da sua folha de serviços constam doze louvores, dos quais, oito em Comando de Tropas
Possui as seguintes condecorações:
Medalha de Comportamento Exemplar/Prata (28-04-1994)
Medalha de Mérito Militar/2ª Classe (26-04-2002)
Medalha de Mérito Militar/1ª Classe (21-11-2006)
Medalha de Comportamento Exemplar/Ouro (18-07-2008)
Desde 14 de Setembro de 2009 desempenha o cargo de Chefe do Serviço Escolar do Instituto Militar dos Pupilos do
Exército.
22
Querer é Poder
A NOSSA CASA
TOMADA DE POSSE COMANDANTE CORPO DE ALUNOS
Decorreu no dia 11Nov09 a cerimónia de tomada de posse
do novo Comandante do Corpo de Alunos do IMPE.
As forças em parada, sob o comando do Comandante
de Batalhão Escolar, aluno nº 62 Diogo Ruivo, prestaram
continência ao novo comandante do Corpo de Alunos,
TCOR INF Jorge Luís Leão da Costa Campos.
O Guião, à guarda do Corpo de Alunos, foi entregue ao
novo comandante do Corpo de Alunos TCOR Campos.
A passagem do Guião, símbolo de maior valor no
Corpo de Alunos, representa a transferência das “ilustres
tradições do Instituto” para o novo comandante do Corpo
de Alunos e o assumir, por parte deste, da mui nobre e
difícil missão que lhe está atribuída: “Enquadrar os alunos
formando-os moral, social e militarmente, incutindo-lhes
fortes sentimentos patrióticos e verdadeiro entusiasmo pela
prática das virtudes, dos deveres morais, cívicos e militares,
bem como das tradições do Instituto”.
Novo Comandante do Corpo de Alunos
O TCOR. de Infantaria, Jorge Luís Leão da Costa
Campos, nasceu em Angola em 1960, é casado e tem dois
filhos.
Foi incorporado na Escola Prática de Infantaria em
Março de 1g981, no C.G.M./C.O.M., tendo desempenhado
funções naquela Escola, como Aspirante e Alferes Miliciano
até 1983, data em que ingressou na Academia Militar, onde
conclluiu o Curso de Infantaria em 1988/89.
Esteve colocado nas seguintes unidades:
- Escola Prática de Infantaria de 19898 a 2003
- Regimento de Infantaria Nº 19 (Chaves) em 2003/2004
- Comando da Instrução e Doutrina de 2004 a 2006
- Joint Analysis and Lessons Learned Center (JALLC/ NATO), de 2006 a 2009
- Em 10 de Novembro de 2009, apresentou-se no
IMPE como Comandante do Corpo de Alunos.
Possui os seguintes Cursos:
- Curso cde Missil TOW (Sta. Margarida)
- Curso de Missil MILAN (EPI)
- Curso de Planeamento e Avaliação da Instrução (EPI)
- Curso de Métodos cde Instrução (Reino Unido)
- Evaluation and Validation Course (Reino Unido)
- Curso de Anállise de Formação e Avalilação (Base Naval da Formação do Alfeite)
- Curso de Counter Improvised Explosive Devices (CIED), para Battalion Staff (Alemanha)
- Curso de Analista (JALLC, Lisboa)
- Interoperability and Standardization Course (Universidade Técnica de Varsóvia, Polónia)
As principais funções desempenhadas durante a sua carreira foram:
- Comandante de Pelotão de Instrução (EPI)
- Comandante do PelAcar do BEOp (EPI)
- Comandante de Companhia de Instrução (EPI)
- Comandante do Batalhão Escolar (EPI)
- Instrutor de Misseis TOW e MILAN (EPI)
- Chefe da Secção de Estudos Técnicos (EPI)
- Chefe da Secção de Pessoal (EPI)
- Monitor da Comunidade Europeia (Bósnia Herzegovina)
- 2º Comandante do Agrupamento FOXTROT/BLI (Timor Leste)
- Assessor na Cooperação TécnicoMilitar (Angola)
- Analista do JALLC/NATO no Afeganistão
Querer é Poder
23
PÁGINA DO CNO
Mais Uma Conquista
Terminei no passado dia 29 de Junho com a sessão
de Júri o processo de Certificação do 12º Ano pelo RVCC,
no CNO do Instituto Militar dos Pupilos do Exército.
Tive conhecimento do processo de RVCC no meu
local de trabalho. Após uma entrevista individual e o
pedido de elaboração de uma história de vida, fiquei a
saber o que poderia fazer. Fiquei logo entusiasmada, com
vontade de ir mais além, e decidi fazer o 12º ano, porque
acho que o saber não ocupa lugar e pode-me ajudar,
tanto no momento actual da minha vida como em futuros
projectos, porque “aprender compensa”.
Ao fim de muitos anos e de tantas experiências,
umas boas outras menos boas, decidi completar a
minha formação académica, porque ao longo da vida
fui aprendendo que quando uma porta se fecha abre-se
logo uma janela, basta estarmos atentos e aproveitar as
oportunidades que a vida nos dá.
Iniciei este projecto com a convicção de que seria
bem sucedida e o meu objectivo sempre foi chegar ao
fim, consciente desde o início de que não teria pela frente
uma tarefa facilitada. Deparei-me ao longo do processo
com algumas dificuldades que me fizeram vacilar e
cheguei a pensar em desistir, não por falta de capacidade
para realizar o trabalho, mas, sobretudo, por dificuldades
em conciliar a vida familiar e profissional com as tarefas
inerentes às funções de mãe, esposa e dona de casa.
Desde o início que perspectivei este processo
como uma oportunidade única, o que me determinou
a ultrapassar todos esses obstáculos. De certa forma,
vi aqui a oportunidade para sarar uma mágoa que me
acompanhava desde os tempos de estudante. O facto de
não ter completado o 12º ano impediu-me de seguir uma
vida académica que tanto ambicionava.
Este processo impõe uma metodologia presencial e
à distância, exigindo disponibilidade para a conclusão
das inúmeras actividades propostas, disponibilidade que,
como já antes referi, se encontra fortemente condicionada,
não só pelas exigências profissionais, mas também pelas
familiares, próprias de quem tem filhos ainda com idade
de brincar.
Foram muitas as horas de que tive de despender para
a conclusão de todos os temas propostos no processo
de RVCC, uma vez que havia sempre alguma coisa para
fazer em casa. Quando, por vezes, me predispunha
a fazer algum trabalho, algo inopinado surgia como,
por exemplo, a minha filha, que me dizia com alguma
frequência “MÃE, QUANDO É QUE BRINCAS COMIGO?”
ou “AGORA NUNCA TENS TEMPO PARA MIM, JÁ NÃO
ME DÁS MIMINHOS COMO ANTES” ou ainda “PODES
AJUDAR-ME NOS TRABALHOS DE CASA”?, etc.
24
Querer é Poder
Mas mesmo assim, o balanço que faço é positivo.
Os temas tratados no referencial obrigaram-me a uma
reflexão sobre a minha vida e sobre mim própria, dando
importância a certos pormenores que até aqui quase me
passavam despercebidos.
O RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação
de Competências) deu-me uma nova oportunidade, já
depois de adulta, de validar e certificar as competências
que adquiri ao longo da minha vida. Competências
pessoais e profissionais que estavam esquecidas e que
eu julguei já não me servirem para nada, mas que foram
valorizadas graças a este sistema.
A narrativa de vida foi interessante, uma vez que me
fez reviver um pouco o passado, incluindo algumas coisas
das quais eu já não me lembrava. Foi muito positivo, pois
acho que nunca tinha recordado as coisas desta maneira.
Foi bom relembrar todo o meu passado e tudo o que já
tinha feito no sentido de valorizar todas as experiências
que tinha tido e de me aperceber de que algumas delas
tinham sido o suporte dos conhecimentos que hoje
tenho e que fui adquirindo. Também surgiram algumas
recordações daquelas que muitas vezes queremos
esquecer, o que me provocou alguma desestabilização,
particularmente a nível emocional. Mas as experiências
positivas acabam por colocar as más em segundo lugar.
Este processo fez-me recuar ao meu passado. Fui
lembrar-me do tempo de escola, dos amigos, da minha
família, dos colegas de trabalho, da minha auto-formação,
como pessoa responsável que sou, entre outras coisas.
Considero este processo como uma viagem ao passado.
Uma das maiores dificuldades que encontrei foi fazer
a ligação entre a minha história de vida e os trabalhos a
realizar para evidenciar as competências. Tal contribuiu
em muito para uma reflexão de vida e permitiu-me
encontrar quer o lado mais positivo quer o menos positivo
do meu percurso.
Outra dificuldade que tive, mas que consegui superar
com um certo esforço, foi o facto de já ter deixado de
estudar há alguns anos. Com dedicação, ultrapassei
esta barreira e é uma prova nítida, na minha maneira de
ver, que só não consegue obter o que quer quem não se
esforça. Pertencendo a esta casa há 13 anos, não podia
deixar de seguir o seu lema: “QUERER É PODER”.
Na minha opinião, o facto de iniciarmos a nossa
história de vida sem termos a mínima noção de quais
os temas que teremos de tratar dificulta o trabalho final,
porém, ao elaborar a história da minha vida, iam-me
sempre surgindo ideias. Nem tudo são pontos negativos,
pois gostei muito de reflectir sobre o dever e os benefícios
da reciclagem, porque é uma área que me preocupa
muito, na medida em que temos que nos preocupar com
o futuro do ambiente e também deixar um “Mundo São”
como herança para os nossos filhos.
PÁGINA DO CNO
Gostava de poder continuar a estudar mais, ir mais
longe, quem sabe tirar o curso superior que eu sempre
idealizei, não agora que a minha filha ainda é muito
dependente de mim, mas quando ela for mais crescida.
Com o 12º ano feito, já é meio caminho andado.
Tenho consciência de que fiz um bom trabalho e
compreendo agora as exigências que nos impuseram,
elevando, assim, a bitola da qualidade. Este é um
processo novo, com novos métodos, por isso só daqui a
alguns anos se conseguirá fazer um balanço positivo ou
negativo deste sistema.
Uma palavra de agradecimento ao meu marido, pois
eu muitas vezes passava horas dedicadas a isto e ele
sempre teve uma palavra de incentivo e apoio. Um beijo
à minha filha, a quem eu tirei tempo e dedicação.
Não posso deixar de referir ainda todo o trabalho
realizado pela maravilhosa equipa de profissionais que
me acompanhou e que me ajudou neste processo desde
o início até ao fim. O meu muito obrigado a todas elas
por me terem ajudado a chegar até aqui, pois sem elas,
provavelmente, eu teria desistido. Foi graças à força que
me deram e ao empenho de todos estes profissionais
que eu não abandonei este barco. Fizeram-me andar de
cabeça bem levantada e acreditar que sou capaz de ir
mais longe. É a elas que eu dedico esta minha vitória,
visto que, sem o seu profissionalismo, eu não estaria hoje
aqui a escrever este artigo.
A todos: bem hajam! Votos sinceros de futuras vitórias
a todos os níveis.
Rosa Sofia
“O Homem Que Venceu na vida é
aquele que acreditou em si”.
O futuro é incerto, mas a vida ensina que, vivendo
o dia-a-dia, moldamos o futuro. Adoro a minha vida,
todavia, vivo o presente tentando preparar o futuro, visto
ser incerto e a acomodação a esta incerteza ter um risco
demasiado alto.
Chegou o fim de mais uma concretização: a certificação
do 12º ano. Foi um processo complexo e exigente que se
iniciou em Novembro de 2008, com a minha inscrição no
CNO do nosso Instituto. Foi um processo de moldagem,
inspiração e, ao mesmo tempo, pareceu-me que fui ao
sótão abrir o baú das recordações para as expor por
escrito no Portfolio.
Por vezes, não aproveitamos os momentos de
estudante, vivemos com a cabeça na lua, sem projectos
feitos nem caminhos construídos. Mas como nunca é
tarde para aprender, só temos que tirar as mãos dos
bolsos e voltar a percorrer os caminhos perdidos.
Quando se começa um processo de Reconhecimento,
Validação e Certificação de Competências de nível
Secundário, a elaboração do Portfolio Reflexivo de
Aprendizagens parece um “bicho-de-sete-cabeças”.
Este género de dossier pessoal de competências, que
consiste na compilação e arquivo de todos os documentos
que comprovam as aprendizagens que afirmamos ter
efectuado ao longo da nossa vida, visa identificar as
aprendizagens realizadas em diferentes situações:
profissionais, pessoais e sociais. Penso que favorece a
auto-descoberta dos saberes e competências obtidos
através da experiência, nem sempre valorizados, e dos
quais nem sempre temos consciência.
Quando chegamos ao fim deste magnífico trabalho,
vivemos memórias, muitas delas esquecidas, expomos
as nossas capacidades, os nossos conhecimentos e tudo
fica como uma enciclopédia das artes do nosso saber.
Quem me conhece, sabe que uma das mensagens
que sempre transmiti aos camaradas foi não parar de
estudar, apostar na formação profissional, para um dia
o futuro ter mais oportunidades. Hoje, ao escrever estas
palavras, só tenho de continuar a referir o mesmo.
Parando, não se conseguem alcançar objectivos, não se
conseguem atingir metas nem construir caminhos.
Não parem de apostar em vós, continuem e aproveitem
as boas oportunidades que são dadas e valorizem muito
a vida e os vossos conhecimentos.
Ricardo Estêvão
Tracei objectivos, muitos deles realizados e concluídos
com êxito, devido à dedicação e a muita força de vontade.
Algumas das horas da minha vida foram passadas a
escrever acerca da mesma, para conseguir chegar a bom
porto e assim reconstruir o itinerário de adulto ao nível
pessoal, profissional e social.
Querer é Poder
25
ESCRITOS
REDUÇÃO NO CONSUMO DE ENERGIA ELÉCTRICA
Fruto das medidas de eficiência energética que têm vindo a ser implementadas no Instituto, o
consumo de energia eléctrica na 1ª Secção tem vindo a reduzir pelo 8º mês consecutivo.
Os resultados apurados até ao momento traduzem uma poupança energética na ordem
dos 12 117 Kwh.
26
Querer é Poder
ESCRITOS
Ensino Profissional – Que Futuro?
O Ensino Profissional começou a dar os primeiros
passos em Portugal há 20 anos atrás.
Um período de maturidade suficientemente longo
para permitir uma avaliação dos seus sucessos e dos
seus constrangimentos e tentar descortinar qual será o
futuro deste subsistema de ensino.
Actualmente uma das principais críticas apontadas à
escola é a sua incapacidade de preparar os jovens para
a vida activa. Crítica essa bastante justificada, tendo em
conta que são milhares os alunos que todos os anos
terminam a escolaridade sem que tenham adquirido as
competências necessárias para enfrentar o mercado,
pois apresentam-se no mesmo sem qualificações válidas
para as suas exigências.
A fraca oferta de emprego qualificado, os baixos
índices de remuneração, a falta de reconhecimento
das habilitações por parte das empresas são algumas
das razões que, porventura, mais contribuirão para o
desinteresse pela formação.
Nos últimos anos, o Ministério da Educação
tem tentado encontrar um modelo credível para a
reestruturação do ensino secundário. Em 1983, iniciou
com a experiência de formação técnico-profissional neste
âmbito criando um plano curricular muito semelhante ao
do ensino regular. Pretendia-se, assim, dotar o país de
mão-de-obra qualificada.
Contudo, a afectação de recursos não correspondeu
à ambição do projecto e as escolas debateram-se
com alguns problemas graves, nomeadamente a
falta de equipamentos e de especialistas qualificados
em determinadas áreas tecnológicas. Mas outros
constrangimentos transpareceram, como por exemplo as
“limitações” no escasso envolvimento dos professores,
alunos, pais, empresários e até autarcas, criando assim
um desajustamento entre a oferta e a procura de cursos
– com excedentes permanentes na oferta, ausência de
financiamento significativo, currículos uniformes, rígidos
e principalmente desajustados às realidades do mercado
de trabalho.
No entanto, entre 1986 e 1989, a procura foi
aumentando, tendo-se atingido a formação de 23 mil
jovens. É nesta altura, que se volta a dar interesse a esta
tipologia de ensino e surgem novas regulamentações,
de forma a criar as infra-estruturas necessárias para
uma correcta operacionalização desta modalidade. Uma
das inovações introduzidas foi a criação de protocolos,
entre os diferentes promotores, criando assim uma co-responsabilização aquando a criação da escola e na
posterior inserção dos alunos no mercado de trabalho.
Uma segunda novidade verificou-se ao nível da
delegação de autonomia pedagógica, administrativa
e financeira. Esta autonomia permitiu que cada
escola pudesse construir o seu currículo, definindo os
saberes e as competências que melhor se ajustavam
ao perfil profissional dos cursos e às necessidades da
comunidade local.
Apesar de balizada por uma matriz disciplinar
aprovada pelo Ministério da Educação, que cobria uma
parte de formação sociocultural e outra de formação
científica, esta autonomia conferiu a possibilidade
de implementar uma organização e uma estrutura
mais flexíveis, nomeadamente a nível das disciplinas
técnicas.
O ensino profissional tem sofrido um enorme
crescimento. Há dez anos atrás eram apenas 27 mil os
alunos que o frequentavam, actualmente esse número
passou para os 91 mil. Apesar de este total ser optimista,
fica muito aquém das expectativas, se compararmos
com as frequências do ensino profissional na Europa.
No nosso sistema educativo apenas 30% dos cerca
de 300 mil alunos que frequentam o ensino secundário
optam por esta via profissionalizante, ficando bastante
abaixo das percentagens de 70 e 80 por cento
europeias.
Os cursos profissionais são uma oferta formativa de
dupla certificação, destinada a jovens e cujo objectivo
principal é a inserção no mercado de trabalho, embora
permitam o prosseguimento dos estudos no ensino
superior. Além de conferirem um nível secundário de
educação, as aprendizagens realizadas nestes cursos
valorizam o desenvolvimento de competências pessoais
e técnicas necessárias para o exercício de uma
profissão.
Para os que conseguem singrar neste tipo de ensino,
que se pauta com algumas taxas de sucesso elevadas,
os mesmos têm conseguido, na maioria das áreas, obter
uma rápida integração no mercado de trabalho.
A Professora
Maria José Gonçalves
Querer é Poder
27
IN MEMORIAM
Passaste…
Passaste nas nossas vidas. Olhar certeiro, baton vermelho, presença animada, espírito
justo.
Todos passamos na vida uns dos outros, uns por mais tempo, outros por menos…
As minhas memórias de ti são breves. Imagens animadas, frases divertidas, olhar
atento, presença reconfortante, palavra amiga, camaradagem leal. Mas fica uma grata
recordação dos teus gestos, do teu companheirismo, da tua dedicação aos alunos, da
tua atenção…
Passaste…por nós, nas nossas vidas, na vida do Pilão…
Partiste e ficou a tua presença nas memórias de cada um, nos lugares percorridos, nas
conversas inacabadas, nas tarefas partilhadas, nos trabalhos deixados …
Passaste por cada um… e seguiste …
A paz que conforta e invade ao recordar-te é garante da paz que encontraste, após a
luta violenta e breve, o combate inesperado contra a morte.
Partiste, mas acreditamos que “és” e que estás … doutro modo, certamente mais
completo e feliz, onde chegaste.
Em memória de uma querida Professora
Recordo a Professora Ana Castro com muito carinho e saudade.
Ainda recordo o dia em que a conheci. Estávamos a 14 de Setembro de 2006 e a professora Ana era a
Directora de Turma do 6ºA, a minha turma.
Esta professora era como se fosse a nossa “mãe” no Instituto: fazia tudo por nós, com imenso carinho,
com grande dedicação.
No ano seguinte, tudo foi diferente, pelo menos para mim: a professora já não era a nossa D.T. e já não
podíamos conversar como dantes.
Passou um ano, de novo tive a Professora Ana como D.T. Foi um ano muito difícil, tanto para mim,
enquanto chefe de turma, como para a professora…Mas também foi o ano em que criei uma profunda
amizade com esta professora: dava-me apoio e força em todos os momentos adversos, preocupava-se
comigo e com todos os meus colegas.
No fim do ano lectivo, vi a Professora Ana muito doente, mas ela continuava a dizer que não era nada
assim de tão grave.
Admiro-a muito por ter tido tanta coragem e por continuar a sorrir para os seus alunos apesar dos muitos
problemas.
A Professora nunca será esquecida neste Instituto a que muitos chamam “casa”… esta casa que também
foi da Professora Ana Cristina de Castro.
Pedro Lopes, nº 74/06 - 8ºC
A professora Ana Cristina Castro era uma pessoa muito amiga, conselheira e muito adorada pelos seus
alunos.
Quando entrei para os Pupilos, no meu 5ºano, tive o meu primeiro contacto com esta querida professora
de quem tanto gosto e, a partir dessa altura, passei a saber que tinha uma grande amiga em quem podia
confiar.
Com esta professora, muitas vezes, eu desabafei sobre a minha vida pessoal.
Esta nossa amiga marcou-nos muito de uma forma carinhosa, mas também de uma forma sábia, pois foi
uma das poucas pessoas que nos transmitiu boa educação.
Quando era necessário, a professora estava lá para nos corrigir: desde regras, educação, compreensão,
depois de longas horas de estudo.
Deixa saudades, não só aos seus alunos, como também à casa à qual tanto deu ao longo de uma
década.
Esta pequena grande professora não era a melhor em tudo, mas em tudo dava o seu melhor.
Apesar de nos ter deixado tão tristemente, deixou-me contente pela forma como, ao longo da sua vida
pilónica, enobreceu o nome do Instituto, aplicando na sua vivência a divisa “Querer é Poder”.
João Rodrigues, nº7/05 - 9ºA
28
Querer é Poder
IN MEMORIAM
A professora Ana Castro era uma pessoa espectacular, sempre bem disposta, alegre e bastante divertida.
Quero agradecer-lhe por tudo o que me deu em momentos difíceis, quando foi minha Directora de Turma.
Será uma pessoa que ficará na memória de muitos alunos.
Pedro Vieira, nº 49/05 - 9ºA
Nos meus anos de Pilão, a professora Ana foi a minha professora de Educação Visual e Tecnológica.
Nessa altura, esta professora era a única que mandava recados para casa por eu me esquecer dos óculos.
No momento, eu não entendi porquê. Agora apercebo-me que, se eu nunca tivesse levado os óculos a
partir dos tais recados, eu nunca teria corrigido a minha visão e, hoje, precisaria de usar os óculos 24 horas
por dia, o que felizmente não acontece.
Esta peripécia serve para mostrar que a professora Ana ajudava muito, directa ou indirectamente, os seus
alunos e foi uma “peça” importantíssima na vida pilónica.
Aqui deixo os meus agradecimentos à professora e um sentimento de mágoa pela sua partida.
João Alves, nº5/05 - 9ºA
Um simples desabafo
Eu, aluno desta casa como tantos outros, reconheço que muitas pessoas me marcaram ao longo de todo
este meu percurso “pilónico”; que me fizeram melhorar não só como aluno, mas também e, principalmente,
como pessoa. São estas pessoas que tomo como referência na minha vida.
Muitas dessas pessoas já saíram, outra continua cá. Esta, de quem vos falo em especial, já “partiu” e espera
lá por nós.
O meu coração enche-se de melancolia quando digo o seu nome, mas, sem esforço, resplende num sorriso,
pois era assim que ela levava a sua vida. Por mais difícil que fosse, tinha sempre o seu sorriso amigo para
nos oferecer.
Lembro eu, com ternura, tudo o que me dedicou. Acho agora que a palavra obrigado é demasiado pequena
para representar tudo aquilo que desejo dizer-lhe. Sei que em mim continuará sempre a sua memória, triste
por já não a poder ouvir ou ver, essa “grande amiga”, mas felicíssimo por ter vivido de perto, muito tempo,
com uma pessoa tão especial como a Professora Ana Castro.
Esta é uma brevíssima homenagem que lhe presto, não num tom de despedida, mas sim num “até já”.
João Filipe 50/04 - 1º A TMI
Amiga
Caiu o pano, só o pano. Ficaste enfim contigo só, desse lado.
Ainda nos ouves a chamar por ti, a pedir bis, a aplaudir a actuação, a acreditar ainda num derradeiro voltar ao
palco para agradecer as palmas, numa pequena vénia, com um último sorriso.
Aí, de pé atrás do pano ainda não abriste os olhos, para reteres a última visão das nossas caras, de todos os
beijos que te atirámos como se fossem flores, foi muito bom!
…Mas agora chega, já não voltas, deste muito de ti, é hora de pegar nas malas e sair pela porta do fundo.
Respiras agora com serenidade e no teu peito bate agora… contentamento.
Que haverá lá fora? Só indo ver! E vais.
Ana, Cristina, Aninhas, Kiki. Por vários nomes te chamamos, mas tens um nome maior, comum a todos eles:
Amiga, Amiga, Amiga.
A Amizade sempre foi a tua religião, a religião maior de todas, a mais universal, que não pára de crescer assim
havendo pessoas como tu, Amiga. E é essa Amizade que nos faz sentir lá no fundo do fundo, no nosso próprio
silêncio, que não estamos sós, que afinal nem vale a pena despedirmo-nos. Os Amigos nunca se separam.
Podemos chorar, chorar faz bem! Chorar com todas as nossas forças, desabafar da nossa tristeza de te
querer ter aqui, deste lado para sempre, só para nós, mas então vais aparecer da maneira especial que a
Amizade tem para se fazer sentir e vamos sempre ouvir a tua voz baixinho dizer… chorar sim, mas a sorrir.
Até sempre, Amiga, viva a Amizade!
Jorge Galvão
Querer é Poder
29
ESCRITOS
O Êxito Começa com a Vontade
Se pensas que estás vencido, estás.
Se pensas que não te atreves, não o farás.
Se pensas que gostarias de ganhar,
mas não podes, não o conseguirás
Porque no mundo encontrarás
que o êxito começa com a vontade do homem.
Tudo está em estado mental.
Porque muitas corridas se perderam
antes de se terem corrido,
e muitos cobardes fracassaram,
antes de ter o seu trabalho começado.
Pensa em grande e os teus feitos crescerão.
Pensa em pequeno e ficarás atrás.
Pensa que podes e poderás.
Tudo está em estado mental.
Se pensas que estás em vantagem, estás.
Tens que pensar bem para subires.
Tens que estar seguro de ti mesmo.
antes de tentar ganhar um prémio.
A batalha da vida nem sempre a ganha
o homem mais forte, ou o mais ligeiro,
porque tarde ou cedo, o homem que ganha,
é aquele que crê poder fazê-lo.
Rudyard Kipling
O aluno do IMPE possui força de vontade, traça os
seus objectivos, tem auto-estima, sabe que muito do
seu sucesso depende essencialmente dele, contudo,
por vezes, sente-se desmotivado porque tem dificuldade
em reconhecer as causas do seu insucesso.
Nessas alturas é importante parar um pouco,
reflectir e inventariar as situações. Nem sempre é
fácil, por vezes, torna-se necessário recorrer à ajuda
de outros, nomeadamente a professores, profissionais
especializados, pais e amigos, para identificar os seus
pontos fracos.
Tomar consciência das principais dificuldades que
impedem cada um de alcançar resultados satisfatórios
é essencial para os superar.
Para te manteres constantemente motivado é
importante que dês, a ti próprio, pequenas recompensas
à medida que fores atingindo os objectivos a que te
propões. Sê positivo que, passo a passo, chegarás onde
pretendes.
Neste novo ano lectivo, acredita que “Querer é
poder” mas ESTUDA!
Ana Tendeiro
Professora, de Inglês
30
Querer é Poder
A Evolução Histórico-Filosófica da
Igualdade na Cultura Ocidental
Categorias humanas inferiores, sem direitos
de nenhuma espécie, encontram-se na história da
humanidade desde os tempos mais primitivos, com
destaque para a servitude, que chegou entre nós até
épocas bem recentes.
O princípio da igualdade de todos os seres humanos,
tanto no tocante à condição civil, isto é, ao tratamento
das relações de uns com os outros, como no tocante
à condição política, ou seja, à participação directa ou
indirecta no governo do Estado, é tido após uma longa
evolução como um dos pilares da civilização moderna.
Desde tempos imemoriais que o conceito da
igualdade se fundamenta nos valores da pessoa humana
integralmente considerada, tanto como pessoa como
membro da sociedade. Por isso, a palavra “aequalis”
era aplicada na literatura latina às qualidades pessoais
(aequalis, virtude). Pelo facto de se ser homem devia
corresponder a todos um tratamento respeitoso, expresso
no relevo da sua “dignitas” que a ninguém se podia
negar, nem faltar ao “cuique suum” representado desde
os tempos mais longínquos por uma balança na mão.
Desta forma a igualdade quer significar equilíbrio, ou
melhor, uma manifestação e condição de equilíbrio social
que deve existir entre todos os seres racionais, Assim,
discriminar significa tratar diferentemente aquilo que é
igual, residindo, pois, a arbitrariedade numa diferença
injustificada de tratamento.
A igualdade, segundo alguns autores, resulta da
organização humana. Ela é um meio de se igualizar as
diferenças através das instituições. É o caso da polis que
torna os homens iguais por meio de leis. A pluralidade
humana tem uma característica ontológica dupla:
igualdade e diferença. Se os homens não fossem iguais
não poderiam entender-se. Por outro lado, se não fossem
diferentes não precisavam da palavra, nem da acção para
se fazerem entender.
Mas o conceito de igualdade tem comportado ao
longo dos tempos muitas dificuldades de interpretação e
de aplicação devido em parte a mentalidades e tradições,
a estruturas e interesses sócio-económicos diversos em
jogo, ou a razões ideológicas ou religiosas Daí o relativo
atraso na aceitação de uma igualdade que seja universal
e efectiva.
Na Grécia, logo após a sua fundação, os eupátridas
membros das classes nobres, governaram as cidades
oligarquicamente do século VIII a.C. até às reformas de
Sólon (594 a.C.). Com Clistenes (e depois de Péricles)
introduziram-se substanciais alterações no Estado de
Sólon, a principal das quais foi a divisão da Ática em
circunscrições, onde as classes se agrupavam sem
ESCRITOS
preconceitos de nascimento ou de riqueza. Todos eram
cidadãos e a igualdade de todos perante a lei alicerçou
um conjunto de reformas de clara inspiração democrática.
Clistenes, é considerado o fundador da democracia
ateniense, instituindo mesmo o ostracismo para lutar
contra a tirania.
E embora não se conheçam fontes sofistas (século
V a.C.) sobre a igualdade, porque não considerar as
máximas dos seus filósofos “O homem é a medida de
todas as coisas” e “a escravatura resulta de convenção e
não da natureza”, como formas, aliás, bem dentro da sua
linha, de abordar sofisticamente o problema?. De resto, o
sofista Alcidamante, na primeira metade do século IV a.C.,
proclamou também que a divindade tinha criado todos
os homens livres e que a natureza não fazia escravos.
A sofística, voltando assim a atenção dos pensadores
para o próprio homem, para o sujeito que pensa e quer,
realizou uma tarefa necessária e transcendente na vida
política de Atenas.
No mundo antigo que precedeu Alexandre Magno
um egoísmo feroz dominava os hábitos do homem.
Conquistar significava então destruir e escravizar. Assim,
os assírios destruíram a civilização babilónica e os
Medos e Persas destruíram a civilização egípcia e muitas
outras. Mas Alexandre não os iria tomar como exemplo
e disso dá testemunho no ano de 324 a.C. numa grande
cerimónia, durante a qual por ordem sua foram celebrados
casamentos em massa entre mulheres autóctones e
macedónios, sendo construído um fundo comum para
a educação dos filhos. Conquistar não significava para
Alexandre submeter, mas unir. Não se sabe se Aristóteles,
seu mestre, teve nisso alguma influência. Unir significava
criar uma realidade nova. Realidade que iria eliminar, pelo
menos na intenção, os egoísmos nacionalistas de toda a
história precedente. Em resumo, Alexandre foi um profeta
da igualdade entre os povos. E embora os seus projectos
tivessem ficado truncados por uma morte prematura
deixou uma herança indestrutível: o helenismo, fenómeno
de extraordinária síntese cultural entre a civilização grega
e a civilização medo-oriental.
Platão e Aristóteles, por seu turno, contribuíram para
uma maior igualdade entre os cidadãos gregos, vindo a
considerar a oligarquia, enquanto governo de poucos,
uma forma degenerada da aristocracia, pois esta era
para eles o governo dos melhores em proveito de todos,
e aquela exercer-se-ia claramente em proveito exclusivo
das classes dirigentes.
Na época helenística a noção de um direito natural
(direito que era superior à vontade contingente do
legislador, e cuja escola remonta à mais afastada
Antiguidade) vai influenciar Aristóteles, que no entanto
aprofunda o elemento racional, sustentando que a própria
natureza obedece a uma ordem racional e que existe
uma razão universal que está em cada homem, onde se
fundamentam a lei e a justiça naturais, justiça esta que
postula uma certa igualdade entre os homens que as
leis positivas ao precisarem as relações sociais deverão
respeitar. Estas leis deverão, pois, ter como finalidade
o bem comum, ser aceites por todos e respeitadas
obrigatoriamente também por todos.
Nesta ordem de ideias sobre o direito natural,
Antígono, personagem de uma tragédia de Sófocles,
dizia a Creon: “Eu não acredito que teus decretos tenham
força bastante (…) sobre as leis que não são escritas
e não podem ser derrogadas, e que existem em todos
os tempos, não podendo ninguém dizer quando tiveram
início”.
Aristóteles foi o filósofo que mais longe levou a análise
do conteúdo da justiça, a qual, segundo ele, continuando
Pitágoras, não era mais do que a igualdade. Entre as
diversas virtudes, Aristóteles considerava, porém, uma de
natureza mais intelectual que todas as outras, chamada
justiça, e que constituía o conteúdo das leis.
O direito natural influenciou também os cínicos e os
estóicos, indo estes últimos exercer depois uma poderosa
influência no direito romano.
Na antiga Roma, só os patrícios eram cidadãos,
à face de um direito reconhecido às famílias nobres,
a quem assistiam todos os privilégios civis, políticos
e religiosos. A longa luta que se estabeleceu põe uma
nova ideologia social, desencadeada pelos plebeus
(que ameaçaram abandonar Roma e fundar uma nova
cidade no Monte Sagrado) e que terminou cerca de 300
a.C. com o estabelecimento da igualdade civil, política e
religiosa entre as duas classes. Os plebeus obtêm assim
o reconhecimento dos seus representantes de classe (os
tribunos) e a criação da Assembleia da Plebe.
A eventualidade de uma lei de concessão da cidadania
romana a todos os povos itálicos falha em 121 a.C., e
Caio, seu proponente, faz-se matar por um escravo. E em
91 a.C., mais uma vez a lei de concessão de cidadania
aos aliados itálicos é rejeitada e Druso, seu autor, é
assassinado. Durante os anos 90-89 a.C., a península
ibérica é agitada por revoltas dos povos itálicos, que, após
encarniçada luta, conseguem a igualdade dos direitos
pela Lex Plautia Papira. No ano 73 a.C. estala em Capula
uma revolta de escravos, só dois anos depois vencidos
por Licínio Crasso. Júlio César também se consagrou à
defesa do povo (que deixou de resto por seu herdeiro)
contra os privilégios da romanidade e é também vítima,
por isso, de uma conjura por parte da velha romanidade
ofendida.
Mais tarde, Séneca, cultor do estoicismo e analista
penetrante do coração humano, falava já com acentos
que pareciam prever um mundo novo, e muitos homens
começaram a sentir no espírito direitos capazes de
se sobrepor ao poder absoluto dos Césares, tudo isto
através de uma receita muito simples: a ideia de que
todos os homens são iguais e irmãos, concepção que
seria expandida pelo Cristianismo que veio dar expressão
Querer é Poder
31
ESCRITOS
à ideia de que todos os homens são filhos de Deus e cada
homem é feito também à Sua imagem. Porém, enquanto
Aristóteles fundamentava a desigualdade jurídica nas
desigualdades da natureza, ao contrário Séneca afirmava
a igualdade jurídica apoiando-se na igualdade natural.
Mas o mundo helénico e romano definira-se, em geral,
em favor da desigualdade quase essencial entre os
homens, ao dividi-los em bárbaros por um lado e gregos
e romanos por outro.
Nos princípios do século III, entre os gregos, Clemente
Alexandrino afirmava em favor da igualdade que “se
devem tratar os criados como nós mesmo, porque são
homens como nós” (Paedagogus 11,12, MG8, 6-71).
Outro homem que se destaca em toda a Antiguidade pela
sua doutrina igualitária é o teólogo S. Gregório de Nissa.
(Continua)
Paula Costa, Professora de Filosofia
Os Juros no IMPE
“Investir em conhecimentos rende sempre melhores
juros” (Benjamin Franklin). Foi na perspectiva do
investimento profissional e pessoal que me candidatei
a uma vaga no Instituto Militar dos Pupilos do Exército
(IMPE), da qual tinha tomado conhecimento através de
uma colega, Dr.ª Teresa Santos, do mesmo grupo de
recrutamento (Matemática).
Não foi por acaso que tomei esta decisão, uma vez
que no ano lectivo transacto aceitei um convite para
partilhar a leccionação de quatro aulas à turma B do
7.º ano. Nesta minha primeira experiência no IMPE,
recorremos às novas tecnologias, nomeadamente ao
software de geometria, The Geometer’s Sketchpad*,
passando a dinâmica das aulas pelo uso do quadro
interactivo. A interacção com a turma foi fácil, revelando-se os alunos atentos e colocando questões pertinentes.
Para além da sala de aula, o acolhimento pelos colegas
foi agradável, demonstrando estes interesse na troca de
experiências e abertura a futuras situações de partilha
de aulas.
Não é assim de estranhar que, tomando conhecimento
da oportunidade de fazer parte desta instituição, não
tenha hesitado em candidatar-me ao lugar disponível – e
dado o conhecimento e experiência adquiridos aquando
da participação no projecto de Geometria Dinâmica,
tenho a certeza de vir a obter os melhores juros deste
investimento.
Isilda Nunes
Docente do grupo
de recrutamento 500
(Matemática)
* Programa de
geometria dinâmica.
32
Querer é Poder
Projecto de Geometria Dinâmica
No passado ano lectivo, o meu primeiro ano no IMPE,
pensei, aquando do tratamento do tema “semelhança de
figuras”, em desenvolver com os alunos da turma B do
7.º ano um projecto de Geometria utilizando um software
adequado e recorrendo às novas tecnologias (sala de
informática e quadro interactivo). Assim, para colaborar
neste trabalho, convidei duas docentes da Escola
Secundária com 3º Ciclo Seomara da Costa Primo (as
professoras Catarina Venâncio e Isilda Nunes). Conheço
a Professora Isilda Nunes há alguns anos e, a convite
desta, já tinha desenvolvido um projecto análogo na sua
escola, onde conheci também a Professora Catarina
Venâncio. Em ambos os projectos, o programa de
geometria dinâmica “The Geometer’s Sketschpad (GSP)
foi a ferramenta usada e explorada.
Para implementar estas aulas, pedimos a
colaboração do Professor António Gonçalves que
acedeu em pôr à minha disposição quatro aulas de
Estudo Acompanhado.
Durante três aulas foram dadas aos alunos noções
básicas de GSP. Na quarta aula foi, finalmente, realizada
a ficha com a tarefa proposta.
De uma maneira geral, as aulas foram consideradas
pelos alunos como interessantes e estimulantes,
facilitando a aprendizagem de conteúdos que,
leccionados apenas com os recursos “clássicos” de uma
sala de aula, levariam mais tempo a serem adquiridos e
consolidados.
As professoras convidadas gostaram da experiência.
No balanço final consideraram que a mesma “permitiu,
não só um grande enriquecimento a nível de ideias como
também a comparação de práticas pedagógicas”.
Teresa Santos, Professora de Matemátia
ESCRITOS
Invadidos e Invasores
Temos vindo a testemunhar, ao longo dos tempos,
um imenso processo de uniformização e de difusão de
uma cultura global. Mas paremos para pensar. Será isto
bom sinal?
Nos últimos anos, tem vindo a ser notório que todos
usamos roupas de marcas que não são fabricadas em
Portugal; incluímos nos nossos hábitos alimentares
pratos de gastronomias estrangeiras; vemos filmes em
inglês e cantamos em espanhol!
Inegável é, sem dúvida, que a globalização tem as
suas vantagens e os seus inconvenientes. No entanto,
só cada um de nós como “invadidos e invasores” pode
avaliar os seus impactos, pois recebemos e usamos a
informação de forma diferente!
Já alguém disse que somos “Todos diferentes, todos
iguais” ou terá sido “Todos iguais, todos diferentes”?
Aluno 54, Jorge Dias, 12º B
Exercício de Escrita Criativa
Tudo isto nos leva a pensar e a questionar onde
anda a nossa identidade, onde anda a nossa cultura?
Estamos a ser “invadidos” por todo um conjunto de
“marcas mundiais” e por padrões de consumo cada vez
mais homogéneos.
Portugal tem, de alguma forma, de criar uma “barreira”
de protecção à sua identidade cultural e o “Actimel” não
chega! É necessário Educar para Valorizar. A educação
e o gosto pelo que é português têm que chegar aos
mais novos. Como é óbvio, não me refiro apenas à
obrigação da leitura da obra de Camões, Os Lusíadas,
ou de um dos romances de Saramago, mas também
aos jogos tradicionais, à sopa ou à música portuguesa…
Enfim, preservar um pouco aquilo que é nosso, que é
português.
O Mundo entrou no portal da uniformização, mas
os miúdos de hoje são a força da nossa resistência à
invasão das culturas estrangeiras que nos tomam muito
por culpa da evolução dos transportes e, sobretudo, das
TIC, que diariamente fazem chegar até nós música em
inglês e séries televisivas americanas.
Mas alto aí, somos só nós os invadidos? Claro
que não. Nós, portugueses, também somos invasores.
Quem é que na China não conhece o Figo ou o Cristiano
Ronaldo? Quem é que não conhece a Amália Rodrigues
nos Estados Unidos da América? Quem é que, em
Espanha, nunca ouviu falar do Algarve, nunca comeu
um Pastel de Belém?
Pois é, somos um país que também é “invasor” e
que está a expandir a sua cultura desde o século XV.
Para quem não sabe, a Globalização é um fenómeno
muito antigo, que se iniciou no século XV com os
Descobrimentos Portugueses.
Importa então pensar: será que a “Cultura Global”
e todas estas “invasões” são boas? O universalismo
das culturas e dos valores, embora esteja em plena
expansão, é, também, objecto de grande contestação.
A generalização de uma “cultura de massas” que impõe
o global ao local está, muitas vezes, a destruir as
identidades nacionais e locais.
Estudámos o auto-retrato no ano lectivo passado,
no terceiro período, inserido nos textos de carácter
autobiográfico, na disciplina de Português – 10º ano.
Foram abordados poemas de Bocage e de Alexandre
O’Neill onde os próprios se caracterizam escrevendo
“Magro, de olhos azuis, carão moreno…” e “O’Neill
(Alexandre), moreno português, / cabelo asa de corvo;
da angústia da cara…”.
A este propósito, em contexto de sala de aula, foi
pedido aos alunos que de forma sincera, criativa e
anónima, fizessem o seu auto-retrato partindo dos textos
supracitados. Queremos partilhar convosco o resultado,
pedindo que tentem adivinhar de quem se trata. Boa
sorte!
1- Magro e de média estatura
Olhos algo esverdeados
De cabelos, agora, acastanhados
Em tempos como a luz do sol pura.
Luz esta que reflecte nos seus ombros
E lhe concede muitas responsabilidades.
Pessoa de muitas amizades
Que detesta estragos e escombros.
2- Pilão português, de naturalidade portuguesa
Rapaz do norte, de altura mediana
Olhos castanhos, preto o cabelo.
Adoro calor, principalmente no Verão
Sair à noite e de meninas!
Com ar heróico e nada temeroso
Cheio de talentos mas não revelados.
Querer é Poder
33
ESCRITOS
3- Vindo de Lisboa, de nome estranho
Que, embora pouco, ainda tem seu encanto.
Gordo e feliz em ser assim
Eis algumas qualidades que vejo em mim.
Sou simples e modesto,
Embora jogue futebol com o pé esquerdo
A escrever sou destro.
Sou divertido até fartar
E agora ando a fazer dieta
Para não voltar a engordar.
De todos os jogos quero ser vencedor
Embora por vezes não consiga,
Não sou mau perdedor.
4- Alto nem por isso,
Leve talvez um pouco,
Belo de certeza,
Irritante mas com gosto.
Calado eu não sou,
Amável consigo ser
Sou tal e qual o meu avô.
Teimoso não me conheço,
Risonho não pareço,
Elegante talvez de mais.
Não posso
Ser perfeito
Esperto e tudo mais!
5- Com uns grandes olhos escuros
De cabelo curto acastanhado
Lembram-me os abismos profundos
E as suas memórias do passado.
As minhas mãos são fortes
Como um rochedo imponente
No mar bem assente
Que impressiona toda a gente.
As minhas faces acentuadas são
De cor igual à do coração
Contrasta com as minhas mãos.
A coragem é grande,
Assim como a teimosia,
Alguém como eu nunca antes havia…
6- Magro, bem alta torre
De olhos castanhos chocolate.
Dois remoinhos no cabelo preto
Narigueta, um monte saído da figura.
É filho de Portugal.
Muito orgulho e paixão
Tem pela sua pátria querida.
Militar será para sempre.
34
Querer é Poder
Procura ser amigo de todos.
Tem dentro de si,
Algum tempo perdido e confuso.
No coração ele o tem,
No futuro lá ficará.
Será Pilão até morrer!
7- Podia arranjar muitos adjectivos para me
caracterizar
Mas talvez não mereça!
Apenas uma coisa me deixa a pensar –
É o trabalho ou algo que se pareça.
Faço da audição
Meu sentido primário,
Meus olhos são escuridão,
Minha pele não o contrário.
Poucos são os amigos,
e muitos os conhecidos.
Quem não me conheça,
Que me julgue…
Da vida faço aventura,
Do descanso travessura.
8- Média estatura, moreno lusitano.
Suposto cabelo liso, curto por obrigação,
Olhos acastanhados encontrados nuns olhos de
Lobo Solitário,
Nariz como tantos outros mas mesmo assim
inigualável.
Rosto marcado por muitos altos e baixos que
Nunca demonstra a sua verdadeira faceta.
Há mais em mim do que salta à vista pois
Gosto de ver e de observar antes de falar!
Nunca realmente feliz, nunca realmente triste,
Há quem em mim veja um puro dilema,
Mas poucos sabem que morrer por quem amo não é
problema.
Serei bom? Serei mau? Jamais alguém irá saber,
Pois em assuntos de Pura Ética,
São muitas as perguntas, para tão poucas
respostas.
9- Quem sou eu?
Um Pilão
E com muito gosto.
Faço continência ao capitão
Com aspecto moreno e robusto.
Sou moreno,
Um rapaz com ternura.
Não sendo eu pequeno,
De cabeça livre e escura.
ESCRITOS
Para fazer este texto
Muito trabalho me custou
Foi a professora que pediu.
Que dizer? A turma ela obrigou!
10- Algo que sou, é ser ambicioso.
Ajuda não a nego.
Fiel é mais um dos meus dotes
Algo que também sou é ser repreensivo.
Faço algo!! Não sei muito bem o que é!?
Ah, já sei !! Creio em Jesus Cristo.
Morada é a de uma cidade urbana.
Ao amor… sorte tenho nele.
Quando lisonjeado sou, fico muito honrado.
O que gosto de fazer é sonhar e amar.
11- Sou magro, moreno e meão,
Tenho cabelos castanhos
E estudo no Pilão!
No Pilão estudo
Para um bom futuro ter.
No Pilão aprendo
Para um dia saber ser!
Felicidade e honestidade
Fazem parte de mim.
Digo sempre a verdade
E luto por ela até ao fim.
Para acabar
Vou apenas dizer,
Que costumo sempre me esforçar
Em tudo o que tento fazer.
Mas sinto-me bem com o calçado.
Com mãos grandes e delgadas,
Tinha jeito para ser cirurgião,
Médico ou dentista,
Mas antes, valoroso capitão.
Com muita garra e astúcia,
Sei obedecer para um dia
Poder mandar e abraçar,
Uma gloriosa carreira militar.
13- Forte, nem muito baixo
Nem muito alto.
Nunca machista mas sempre macho.
Nem muito bonito
Nem muito feio.
Entre beleza e feiura, estou no meio.
Embora às vezes me sinta esquisito.
Outrora perdido nessa estranha pista
Que se chama Vida.
Onde o ódio domina a alma e ela fica perdida.
Vivo agora consoante uma crença hedonista.
Sentindo a vida com muita vivacidade
Nesse mundo injusto
Rodeado de falsidade.
Sou o meu pior e o meu melhor amigo
Temo-me mais do que tudo.
Sou o meu maior perigo!
Os alunos dos 10º A e B
12- De menino bem constituído,
Passei a adolescente elegante.
Não me lembro como era em criança
Mas agora, digo-vos, sou um bom falante.
Vaidoso com o meu cabelo,
Não com nariz abatatado,
Já me chamaram patudo
A REVISTA
“QUERER É PODER”
Este cupão pode ser fotocopiado
TEM A PERIODICIDADE DE 3 NÚMEROS POR ANO
ACEITAM-SE ASSINATURAS (4€)
OU DONATIVOS
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Contacto: __________________ E -mail: ____________________
Quantia: ___________________ NIB: 0781 0112 01120011700 60
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Estrada de Benfica 374, 1549-016 Lisboa
Querer é Poder
35
ESCRITOS
O Ritmo do Silêncio
Tente encontrar o silêncio…
Viu! Não conseguiu.
Tenho-me debatido com o mesmo problema há
já algum tempo. Em qualquer momento e lugar, algo
está constantemente a soar. E começo a achar que é
impossível isso não acontecer.
Por mais profundo que seja o silêncio, o nosso ritmo
cardíaco está sempre a marcar o compasso da melodia
que trespassa o nosso tímpano. A própria escrita desta
crónica envolve uma completa orquestra de sons e ritmos
coordenados, que englobam o bater das teclas do teclado,
vários suspiros, movimentos dos membros e da cadeira
da secretária e até um piscar de olhos.
Um Amigo
Um amigo é uma pessoa com quem podemos
desabafar quando precisamos e em quem podemos
confiar e, especialmente, brincar. É alguém que te ajuda
e te protege; é alguém especial.
Um amigo, para mim, é alguém que conhece os teus
segredos, que é justo e verdadeiro contigo; é uma pessoa
que nunca atraiçoa e te ajuda nos tempos mais críticos; é
uma pessoa que, se for por ti, dá tudo por ti.
Eu tenho um lema: um por todos e todos por um.
Pedro Gorjão, nº19, 5ºA
A isto tudo que consigo ouvir designei de música. Sim,
música! Óbvio, incomparável àqueles decibéis quase
imperceptíveis saídos de pequenos aparelhos e às vezes
até de colunas gigantes, mas a música é muito mais
que isso. Acho que podemos chamar música à mínima
vibração que captamos e interpretamos de maneiras
diferentes, dependendo do seu nível de complexidade.
Para mim a música ou talvez até lhe chame somente
som é um passatempo. Às vezes abafo a solidão com
um simples ritmo marcado pela cadência do meu passo,
com um tímido estalar de dedos ou até mesmo com
uma palmada no peito. É incrível como o ser humano se
entretém com simples zunidos…
E agora? Já sabe o que é o silêncio?
Posso dizer-lhe que nem um surdo o consegue
saber.
Silêncio é a ausência de ritmo e tudo o que vive tem
cadência…
Trabalho Livre do aluno Bruno Prata do 11ºA
36
Querer é Poder
A amizade para mim é uma coisa bonita, linda, graciosa
e não se troca a amizade por nada deste mundo.
A amizade é termos um amigo no nosso coração,
estarmos juntos e alegres.
Eu tenho um amigo que está sempre comigo e
quando entro no IMPE fico cheio de saudades desse meu
amigo. Às vezes choro com saudades dele, não aguento
um minuto sem esse meu amigo, mas tenho de superar
tudo isso. Sinto por ele um amor profundo. Tenho muitos
amigos, mas este é muito especial. Vou revelar o meu
amigo a quem eu amo profundamente: o meu amigo é a
minha mãe.
Diogo Marques, nº185, 5ºA
ESCRITOS
Perdidos Entre Fronteiras
A pequena reflexão que se segue resulta da leitura
da obra Fronteiras Perdidas do escritor angolano José
Eduardo Agualusa. Num mundo que se caracteriza,
cada vez mais, pela ausência de fronteiras: geográficas,
políticas, económicas…, qual será realmente o nosso
lugar?
Partimos solitários, caminheiros viajantes sem horas
e sem tempo, no trilho de um narrador que nos leva a
percorrer os caminhos do real e do onírico. Entre Luanda
e o Recife, Lisboa e Berlim, o espaço vai atropelando
o tempo, teimando em dizer-nos que já não existem
fronteiras. A viagem impõe-se itinerantemente e o leitor
não encontra lugar de morança, apenas de repouso
momentâneo e fugaz.
São inúmeras as não existentes fronteiras com as
quais nos deparamos. Instantaneamente, deixamos
Angola para nos encontrarmos em Lisboa, sentados no
banco de trás de um táxi onde há dias se tinha instalado
o messias. É o jornalista o novo contador de histórias.
Reais ou Imaginárias?
A obra principia com a lição do Lagarto. A primeira das
travessias decorre em Angola, cenário de guerras e de
lutas. O primeiro encontro é travado com o Velho e com
os seus Lagartos, mesmo ali, à beira da estrada, ponto
de partida. Exalando a sabedoria, o Velho, e a razão, o
Lagarto, surgem no caminho dos viajantes com o intuito de
os alertarem. O riso insistente, irónico e consequentemente
aterrorizador do réptil desarmam a personagem que o
não entende e o mata. A ofensa que constitui arde como
sal em ferida por sarar. O riso sarcástico é de alguém que
conhece e denuncia aos próprios homens a mediocridade
humana que os caracteriza e que ignorantemente não
aceitam.
No segundo dos pequenos textos, Os Mistérios do
Mundo, o avião é o espaço onde se desenrola outra
viagem. O ar é o domínio das ideias, do pensamento e do
espírito. A levitação permite a libertação do ser humano
do Eu terreno. O acesso ao celestial é espiritualmente
purificador. É neste contexto que se encontram, lado
a lado, cruzando os céus, um feiticeiro e o narrador-personagem. A metamorfose sofrida, no interior do avião,
pelo feiticeiro, é, quanto a nós, símbolo da transformação
interior que o abandono dos limites terrenos permite e
pressupõe. Visto ser detentor dos seus poderes sombrios,
o feiticeiro tem naturalmente uma atitude positiva perante
o inconsciente e, estando num contexto privilegiado para
a sua libertação, dá-lhe asas e deixa-o solto por uns
instantes. A razão de todos os passageiros ainda não se
tinha desligado dos cordões terrestres, daí a denúncia e
o não entendimento da transformação daquele em cobra.
Incrédulo, o contador de histórias não deixa de registar
mais esta. Trata-se obviamente de mais uma travessia.
Noutro dos pequenos episódios oferecidos, o
narrador-personagem sonha que viaja num comboio
através de um túnel. Tomando ambos, comboio e túnel,
simbolicamente, verificamos que, de facto, se trata de
um caminho em direcção ao transcendente. A travessia
obscura e dolorosa, inquieta e angustiante nada mais é
que uma tomada de consciência e de evolução psíquica
que conduz à nova vida. Sendo um sonho, filho do cansaço
e da noite, despoletado pela vida real, arriscamo-nos a
dizer que se trata de uma continuação da viagem feita
fora do Eu. É dentro do Eu que se mascara no sentido de
se adaptar à linguagem do inconsciente, transformando-se em fórmula e sabedoria orientadoras de mais uma
etapa da vida.
Diremos, então, que os símbolos semeados no texto
fazem repicar os sinos da nossa capela interior, ou seja,
obrigam-nos a olhar para dentro e a viajar no espaço
infinito do desconhecido que encerramos em nós. O táxi,
o avião, o vapor, o comboio e o próprio ascensor que
nos levaria a Havana são os novos meios de transporte
que utilizam o repórter e as personagens. Símbolos da
modernidade, não deixam de estar associados ao tema
base de toda a composição: a viagem. Se, por um lado,
ela é exterior e geograficamente delimitável, por outro, é
interior e de difícil análise, uma vez que parte do consciente
em direcção ao inconsciente. É aí que lhe perdemos o
rasto fiel. Ficamos apenas com algumas marcas do seu
percurso, que tentamos reconstituir. Mas nem sempre se
parte do consciente, do real, do diálogo concreto. Vezes
há em que o narrador já se lança do seu próprio interior.
O sonho é de tal um exemplo.
Se continuarmos a acompanhar o jornalista,
constatamos que as experiências adquiridas durante os
dias de viagem se acumulam e são filtradas pela mente
do narrador. O imaginário colide constantemente com o
real sem pedir licença para invadir os seus territórios.
Nem mesmo aquele cuja voz nós ouvimos saberá
quais os limites a impor a tal invasão. Será mesmo
pertinente delimitá-los? Tratar-se-á realmente de uma
invasão? Ou apenas de uma dificuldade enorme em
tentar manter distantes dois pólos que continuamente se
interpenetram?
Embora a obra nos surja como que raiando o fantástico,
não arriscaremos tal designação, uma vez que nunca nos
libertamos totalmente do real. Sempre que o deixamos
momentaneamente é para a ele voltarmos de imediato.
O Pássaro Branco, mensageiro dos céus, Saci Pererê,
recepcionista de hotel de praia, não permanecem figuras
do imaginário. O jornalista está lá para as puxar para a
realidade; para nos fazer o relato das suas histórias. Não
são importantes nem a verdade nem a verosimilhança. As
narrativas surgem sem nunca nos quererem dizer se são
reais ou fictícias.
Tendo como cenário o quotidiano, torna - se difícil
para o leitor perder as referências que propositadamente
intercalam o mágico dos pequenos contos. Como aquelas
Querer é Poder
37
ESCRITOS
Barbies e os carrinhos eléctricos que brilhavam na montra
de uma loja durante a quadra natalícia, enquanto uma
“senhora muito bonita” descia do céu para dizer ao velho
albino:” Tu és o Pai Natal.” Há sempre um fio perfeitamente
esticado para que não caia nenhum dos lados do pano.
Talvez estejamos antes perante um pequeno desfile de
alegorias, que se sucedem em retalhos de texto sem se
tornarem concretas e definidas. São apenas sugestões.
O subtítulo da obra, “Contos Para Viajar”, remete-nos
igualmente, como tem vindo a ser demonstrado, para o
universo do peregrino. As viagens são multidimensionais,
pois aquele que as faz movimenta-se no exterior e no
interior do Eu. Não são violadas apenas as linhas políticas
e geográficas, mas sim e também as psicológicas e
afectivas. O real e o sonho misturam-se e os relatos
sucedem-se como uma montagem de curtas-metragens.
O narrador auto, homo e heterodiegético assume-se
elemento unificador dos pequenos episódios. Reduzidos
e concisos, estes têm o sabor da reflexão e a necessária
abertura que nos deixa adivinhar o túnel de passagem até
ao conhecimento. A sabedoria alcançada não chega a ser
plastificada como se de uma lei se tratasse. É formulada
pelo narrador e deixada à deriva no oceano. Cabe ao
leitor encontrá-la e descodificá-la.
Outra das tónicas que suporta a composição é a da
origem, pertença.
“Não há mais lugar de origem
A origem é existir
Não me diga de onde eu sou,
Eu sou, não sou, eu estou aqui.”
Do negro vinil chegam até nós estes versos, cantados
baixinho por Rosana e Zélia, um duo de brasileiras
radicadas em Frankfurt. Consideramos que os mesmos
nos obrigam a ponderar e a equacionar o verdadeiro valor
do Ser e do Estar; o novo lugar do homem no mundo.
Não serão estas fronteiras perdidas também resultado da
vitória do Estar em detrimento do Ser? Ou simplesmente
deveremos sobrepor a ambos a velha questão da
Existência. Ser homem equivale a Estar e a Existir. Onde?
Já não interessa. As barreiras esbatem-se, a linguagem
adquire um carácter globalizante, as fronteiras, essas,
perderam-se, obrigando-nos a concluir que a nossa origem
é existir e que moramos em qualquer lugar. Pertencemo-nos em última instância, porque existimos.
Quebrados os limites geográficos, viajamos no
espaço e no tempo, para que finalmente a viagem seja a
do nosso existir.
Vanda Magarreiro, Professora de Português
38
Querer é Poder
O IMPE na Evocação de
D. Nuno Álvares Pereira
No dia 20 de Outubro, a Academia de Marinha
promoveu uma sessão evocativa da figura de D. Nuno
Álvares Pereira com a conferência “S. Nuno de Santa
Maria: o Herói e o Santo”.
Foram oradores o Senhor Tenente General Alexandre
de Sousa Pinto, Presidente da Comissão de História
Militar, e o Senhor D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das
Forças Armadas e de Segurança.
A Delegação do IMPE, constituída pelas docentes
de História, Marília Carvalhais Gama e Maria de Jesus
Caimoto Duarte, e por dois alunos do 9º Ano, foi saudada
pelo Senhor Almirante Vieira Matias, Presidente da
Academia de Marinha, bem como pelos conferencistas
com palavras de apreço e de incentivo.
Os oradores falaram do Condestável do Reino, junto
d’El-Rei D. João I.
D. Nuno consagrou a vida à defesa da Pátria e ao
serviço de Deus. Assegurou a independência nacional
num dos períodos mais críticos da nossa História logo
após a morte de D. Fernando com o grave problema de
sucessão ao trono de Portugal.
D. Nuno foi o grande vencedor de Atoleiros e de
Aljubarrota contra os Castelhanos.
Foi um Chefe Militar muito à frente do seu tempo,
principalmente na forma como estudava o terreno e o seu
adversário. Já nessa altura tinha fama de Santo.
Obtida e consolidada a paz, pediu para ser admitido
como membro da Ordem do Carmo. Professou como
simples irmão. Passou então a ser Frei Nuno de Santa
Maria.
Foi beatificado em 1918 pelo Papa Bento XV e em
Abril de 2009 foi a canonização do Beato Nuno pelo
actual Papa Bento XVI.
Herói e Santo, foi um dos maiores portugueses de
sempre.
Professora, Mª Jesus Caimoto Duarte
ESCRITOS
Não Imigre. Circule!
O que vos apresento tem a intenção de procurar
sistematizar o tema da imigração, numa escola como a
nossa que, cada vez mais, se abre à cooperação com
os alunos oriundos dos PALOP, e que conta no Batalhão
Escolar com alunos de diferentes origens geográficas e
socioculturais.
O tema da emigração/imigração é, simultaneamente,
melindroso para nos exigir uma reflexão atenta e liberta
de preconceito e suficientemente actual para nos obrigar
a compreender a razão da sua recorrente inclusão na
agenda política de uma nação que já foi e ainda é de
emigrantes em busca de melhores oportunidades.
Como estratégia de abordagem ao tema propomos
uma macro divisão Norte/Sul, em que os movimentos de
pessoas constituem 3% da população mundial e revelam
uma força de atracção irresistível do Norte sobre o Sul
com consequências para ambos.
Como forma de abordagem menos académica mas
desejavelmente mais eficaz, decidimos sublinhar alguns
dos conceitos que se nos apresentaram como decisivos.
Factos novos; reacções perigosas
A análise actual sobre imigração tem como referência
o que se passou e iniciou no 11 de Setembro de 2001,
acontecimento que criou no Ocidente um sentimento de
insegurança generalizado e gerou um tipo de resposta
violenta e proteccionista, sobretudo face à imigração
muçulmana, que na Europa tem como destinos de eleição
a França, a Alemanha e a Inglaterra, levando os países de
destino a erguer barreiras cada vez maiores à circulação
do imigrante.
Em Outubro de 2003, ainda podíamos sentir os ecos
desses acontecimentos.
DN – dia 3 de Outubro de 2003 – Sociedade – Carlos
Ferro:
“Cartão à prova de falsificação para imigrantes;
Combate ao terrorismo leva União Europeia a uniformizar
autorizações de resistência; «Chip» vai permitir dados
biométricos.
Os cidadãos estrangeiros com autorização de
residência em Portugal, cerca de 210 mil, vão ter um
documento à prova de falsificação ou contrafacção
onde, a médio prazo, podem ser introduzidos num chip
sem contracto, dados biométricos, como a cor da íris e a
impressão digital.
Este cartão vai ter as dimensões do de multibanco,
será uniforme na EU e representa uma das faces do
combate ao terrorismo. Pois, como referiu ao DN Manuel
Palos, director-geral adjunto do Serviço de Estrangeiros
e Fronteiras, «nestes tempos há muita apetência de
cidadãos não autorizados em títulos de residência». (…)
Missão. A detecção de documentos falsos ou
falsificados utilizados pelas redes terroristas é um dos
maiores «combates» que a União Europeia enfrenta. O
Conselho de Segurança aprovou mesmo uma resolução,
a 1373, onde identifica as Filipinas, o Paquistão e a
Indonésia como os países mas problemáticos a esse
nível. ”
DN – dia 7 de Outubro 2003 – em colaboração
com o gabinete em Portugal do Parlamento Europeu, a
propósito do projecto de Constituição Europeia saído da
Convenção Europeia.
“União Europeia, um espaço de liberdade, de
segurança e de justiça”.
• Os desafios – O projecto de Constituição oferece
à União Europeia os meios apropriados para alcançar
soluções à altura dos desafios que a União enfrentará
(como assegurar a livre circulação das pessoas, como
lutar contra o terrorismo e os crimes graves, como gerir
os fluxos migratórios). (…) A união poderá gerir de
modo integrado as suas fronteiras (por exemplo, com a
constituição de uma unidade que possa ajudar e apoiar
as autoridades fronteiriças nacionais nas suas tarefas de
controlo e vigilância de fronteira).
• O direito de asilo – A União deverá dotar-se de uma verdadeira política comum em matéria de
asilo assegurando que todos os que necessitam de
protecção internacional sejam efectivamente protegidos.
Actualmente, prevêem-se apenas regras mínimas, mas
o projecto de constituição prevê já o estabelecimento de
um sistema comum europeu de asilo que introduz um
estatuto uniforme para os refugiados e procedimentos
comuns.
• Política de imigração – A União também irá
criar uma política comum de imigração. Trata-se de
gerir eficazmente os fluxos migratórios, assegurar um
tratamento justo dos imigrantes em situação regular de
residência e de prevenir e lutar contra a imigração ilegal e
o tráfico de seres humanos.”
Apesar de todos os ecos e reacções que vamos
testemunhando,
verificamos
que
uma
política
proteccionista dificilmente consegue estancar ou controlar
eficazmente o fluxo e o movimento global de pessoas.
Por exemplo, integração de 10 novos países no chamado
espaço europeu impõe a previsão de que, nos primeiros
anos, venham para os países ditos desenvolvidos 335 mil
novos imigrantes por ano.
A Europa vai ganhando consciência de que a
Querer é Poder
39
ESCRITOS
globalização do comércio e do movimento de capitais
não se pode separar do movimento das pessoas.
Oferta e procura minarão sempre qualquer tentativa
proteccionista, e enquanto a oferta no chamado mundo
desenvolvido for tão atractiva para a grande massa do
Terceiro Mundo haverá sempre quem arrisque penetrar
as barreiras, mesmo que dentro de um contentor furado
por berbequim.
Tudo isso faz mover as pessoas para dentro das
nossas fronteiras nacionais e europeias; se já não vêm
por convite, como nas décadas de 50/60, vêm porque:
• Os ganhos económicos são brutais;
• Porque vivem em estados que se apresentam em
falência – Somália;
• Porque têm uma rede de amigos que os pode
receber;
• Porque a diferença entre as possibilidades de
uma vida num país desenvolvido, mesmo que na pirâmide
social o lugar destinado ao imigrante seja o mais baixo
e as consequências da estagnação e definhamento que
decorrem da sua permanência no país de origem (ex:
emigração de Leste para Portugal – médico – servente) é
tão grande, que os riscos a correr se tornam irrelevantes. É
daqui que resulta o conceito de Miséria Dourada. Mesmo
que sob o risco de não ter habitação condigna, sistema
de segurança social, etc., o emigrante tem melhores
condições de higiene, alimentação, segurança, no novo
país, do que no país de origem.
Se tomarmos mais especificamente a Europa como
objecto de estudo, já que EUA/Canadá/Austrália/Nova
Zelândia são casos diversos, verificamos que a disposição
• A homossexualidade é atacada;
• Existem determinadas formas de apelo à violência
no discurso de alguns Imãs.
Relembremos a este propósito a notícia de uma
criança muçulmana, recentemente expulsa de uma escola
pública em França por se recusar a destapar a cara e
a descobrir a cabeça, o que contrariava o Regulamento
Interno da escola.
Neste caso a França, afirmando-se como um Estado
laico, vê-se confrontada com preceitos de uma religião que
é importada; que lhe chega de fora, acompanhando um
fenómeno que o Estado sente não conseguir controlar.
Noutro ponto, ou em contraponto, relembramos o
argumento do político de extrema direita Holandês Piet
Fortuym recentemente assassinado.
«Como defender a liberdade de expressão se a
expressão é o incitamento à violência?»
A montante destes problemas levantam-se ainda
outras questões decisivas sobre as quais importa
reflectir:
do imigrante para o risco, para violar as regras, tem criado
animosidade nos países de acolhimento. Apesar disso a
Europa precisa de imigrantes para manter válidos os seus
sistemas de Segurança Social.
Este é mais um dos actuais dilemas que pode
condicionar decisões erradas.
O espaço europeu mantém princípios de identidade
comum como a igualdade entre os homens e mulheres,
a universalidade do voto, etc. Ora quando a França
(1/2 milhão de ilegais) e à Alemanha (1 milhão ilegais)
chegam milhares de muçulmanos, politicamente criam-se
dificuldades, e as democracias europeias não encontram
respostas fáceis:
• Como controlar o fluxo? Levantando barreiras à
circulação?
• Como integrar os que já cá estão?
• As mulheres não são consideradas iguais por
todos aqueles que chegam;
Relativamente à primeira questão de como controlar o
fluxo, as respostas são diversas e procuraremos abordá-
40
Querer é Poder
ESCRITOS
-las gradualmente, no entanto, as estratégias de alguns
países são merecedoras, desde já, da nossa atenção.
Mais do que simplesmente travar, alguns estados
pretendem seleccionar o que claramente exige formas de
controlo.
The Economist, Novembro de 2008, suplemento,
“The Longest Journey”.
Por exemplo, a Alemanha e o Canadá com a intenção
de «atrair cérebros» oferecem garantias de emprego e
estabilidade a 20.000 imigrantes licenciados. No entanto,
apenas 12.000 se candidataram. A verdade é que os EUA
pagam mais.
Sobre este modo de atracção que os ricos exercem
sobre os pobres “chamando” os seus membros mais
qualificados e também sobre as consequências que
daí resultam, para ambos, as conclusões do estudo
apresentado pelo jornal inglês são surpreendentes e
como que contradizem o preconceito ou paradigma que
temos face ao imigrante e aos seus efeitos:
No país de origem:
• Quem sai é geralmente o mais bem preparado e
o mais activo. Ex. Índia – quem sai representa 0,01% mas
ganha o equivalente a 10% dos ordenados do país;
• Dá-se uma baixa na captação de impostos;
• Em alguns casos ganha com volume de remessas
dos imigrantes. Ex: a Albânia onde as remessas equivalem
a 75% das exportações;
• Alguns países em vias de desenvolvimento
perderam, com o fenómeno da emigração, 30% da sua
força de trabalho mais qualificada;
DN – dia 3 de Dezembro de 2006 – Francisco Sarsfield
Cabral.
Pobres e Ricos
“O Conselho Económico e Social de França considera
necessário receber, no país, mais dez mil imigrantes por
ano dos que as que já lá entram, e não são poucos (perto
de 100 mil imigrantes legais por ano, fora os outros).
A França precisa de mais trabalhadores estrangeiros
para as tarefas que os franceses se recusam a fazer,
desmentindo uma vez mais o mito de que os imigrantes
vêm tirar os empregos aos nacionais. Os imigrantes, diz o
CES francês, são também indispensáveis para garantir o
futuro das pensões de reforma e das prestações sociais.
É que a baixa natalidade leva a que cada vez menos
trabalhadores no activo descontem para as reformas e
para a segurança social dos outros – que ainda por cima
(e felizmente), vivem hoje até mais tarde.
Mas o CES francês adianta um outro dado inquietante.
A França precisa, igualmente, de aumentar a imigração
de trabalhadores qualificados. Necessita, por exemplo,
de mais médicos e de mais enfermeiros nos hospitais –
venham, então, os médicos e os enfermeiros estrangeiros.
Em França, um quarto dos médicos das urgências e um
terço dos cirurgiões são, já hoje, de origem estrangeira.
Algo que em Portugal começamos a conhecer. Em geral,
a França não está a formar um número suficiente de
pessoas com altas qualificações. Daí o imperativo de
recorrer a estrangeiros.
Ora o reverso desta atracção de pessoal qualificado
pelos países ricos é altamente prejudicial para os
países pobres. Já não basta que boa parte das poucas
poupanças que nestes se geram tome o caminho dos
Estados Unidos. Acresce que os países pobres ficam
sem muitos dos escassos diplomados, a quem pagaram
formação. São os pobres a ajudar os ricos, condenando-se ao subdesenvolvimento. Até quando?”
Assim se verifica que, são de facto os ricos a ajudar
os pobres:
• Dada a dificuldade de circulação, quem entra tem
medo de voltar a sair. As remessas tendem a diminuir
com o tempo de permanência do imigrante no país de
acolhimento o que empobrece o país de origem;
• Quando
saem
muitos
trabalhadores
especializados os que ficam tendem a ganhar mais, pois
a lei da oferta – procura funciona a seu favor;
• O país de origem investiu na formação do
emigrante e não recebe qualquer retorno.
No país de acolhimento:
• Ganham-se novos elementos activos (cérebros);
Por exemplo, da Índia para os EUA emigraram, nos
últimos 2 anos, 1 milhão de Indianos, sendo que mais de
¾ são bacharéis ou têm mais habilitações;
• Novas forças produtivas integram o tecido
económico Norte-americano;
Por exemplo, 30% das novas companhias em Silicon
Valley são chinesas ou Indianas;
• Numa primeira fase a produtividade aumenta
sempre. Salários mais baixos para funções idênticas
acrescido do facto de que o país de acolhimento não
gastou nada com a sua formação;
• Ganha algum equilíbrio no Sistema de Segurança
Social.
É aqui que o estudo apresentado pelo jornal Inglês
The Economist introduz e analisa um conceito estratégico
que nos parece decisivo:
“Não imigre, circule”
As virtudes da livre circulação são, segundo o
estudo, diversas e muitas delas podem mesmo ser de
alguma maneira, compreendidas como realidades já
experimentadas por alguns estados.
• É o caso da chamada diáspora Irlandesa, em
que a possibilidade do imigrante ter dupla nacionalidade
se revelou de importância decisiva política, (esforços de
paz) e economicamente, (prosperidade económica) no
país de origem.
• Quem regressa traz consigo novas competências/
ideias pelo que é decisivo manter os laços com quem
saiu;
• Quem regressa ganha, em média, mais 15% do
Querer é Poder
41
ESCRITOS
que quem fica, no desempenho da mesma função;
• Há ainda os exemplos de Silicon Valley e de
Xangai onde a circulação de imigração deu origem à
criação de novas linhas e redes comerciais, com evidentes
consequências positivas em termos de prosperidade e
desenvolvimento económico.
Dificuldades e Problemas a Resolver, pelo país de
origem e pelo país de acolhimento.
• «Não se poderá ter um estado de livre circulação
que seja um estado Previdência» - uma vez que quem
contribui não o faz sempre no mesmo estado; segue
novos caminhos – Circula;
• No entanto os «esclerozados estados de
previdência europeus» atraem algum tipo de imigração
específica – menos preparada e mais desfavorecida
- mais ainda do que o sistema norte-americano, e não
apenas porque este pague melhor;
•
A atracção exerce-se em grande medida sobre
as camadas mais desfavorecidas (nos EUA temos a
imigração dos extremos. Tudo ou nada; certa percentagem
tem licenciatura e outra menos que o 9º ano)
• Do «nada» surgem novas dificuldades. A
tendência, em parte devido às barreiras que se levantam
à plena integração, é para que a falta de escolaridade
passe de geração em geração, e é precisamente essa
franja que apresenta maior taxa de natalidade;
• Vai-se perpetuando a exclusão – fenómeno que
sentimos já em Portugal – e a pobreza. (ex. o maior
número de entradas nos países de acolhimento é de
familiares dos que já lá estão. «Os não especializados
agrupam-se»);
• As camadas menos favorecidas dos países
de acolhimento exigem protecção e caem por vezes
na armadilha de discursos xenófobos, securitários ou
simplesmente proteccionistas;
• As barreiras levantadas pelos estados partem
do princípio de que o fenómeno está fora de controlo,
e os estados europeus, ao contrário dos EUA, não se
revêem como estados de imigração. (Ex. a Grécia no seu
Census 2001 detectou que do aumento da sua população
em 1 milhão de habitantes, apenas 40.000 se deviam a
nascimentos, isto no espaço de uma década);
• As barreiras levantadas levam ao efeito perverso
de que, quem está dentro já não sai;
• Nos EUA após o 11 de Setembro o número de
pessoas que acederam à figura do asilo desceu para
metade, e durante seis meses não podem trabalhar nem
ter direito a qualquer Segurança Social.
• A Europa está a enveredar pelo mesmo caminho
e começamos a ouvir alguns discursos semelhantes.
• Uma consequência é o aumento da ilegalidade,
pois as barreiras são inevitavelmente furadas. Ora a
ilegalidade acarreta um submundo de “non-persons” que
se excluem da sociedade;
• Milhões de pessoas sem documentos são
certamente uma preocupação no que diz respeito à
segurança e à falta de controlo o que certamente dará
cobertura a atitudes de reacção securitária.
As soluções
Qualquer solução terá forçosamente de ser global e
integrada em processos ainda em aberto e provavelmente
não perfeitamente definidos. Mesmo convirá reter que:
• As Amnistias de que já tivemos breves exemplos,
dados também pelos nossos próprios serviços de imigração
nacionais, (os EUA em 1986 legalizaram 30 milhões de
imigrantes) não são uma panaceia. Servem sobretudo
como atractivo a uma nova vaga de emigrantes;
• O compromisso – tão típico do bom senso anglo-saxónico – será um caminho melhor. Procurar uma
legalização que assuma a forma de integração no sistema
e nos vários sectores do estado – Finanças, Segurança
Social, etc.
Legalizar, dar emprego, integrar o que não significa de
modo algum, ficar para sempre. Lembremos a palavra-chave: «Circule!»;
Precisamente vivemos uma época ou era de facilidade
de comunicação e de facilidade de acesso à informação
e, a esse propósito, dizem-nos os E.U.A., país que já foi
Colónia e que se apresenta como Nação de imigrantes:
“A escola é onde o «melting-pot» tem sucesso ou
falha”.
Por Exemplo, os imigrantes ilegais:
• Não podem fazer um seguro para o carro;
• Não contribuem para o Sistema de Segurança
Social;
42
Querer é Poder
Do seu sucesso depende um maior empenho em
ESCRITOS
integrar a nova sociedade contribuindo com os seus novos
valores e mitigando a tensão, para a sua evolução.
Vejamos vários exemplos:
• O desconhecimento da língua é um factor óbvio
de segregação e de desenraizamento; por exemplo, em
Inglaterra o domínio da língua por parte do imigrante
resulta, em média, num acréscimo de 17%/hora no seu
rendimento;
• Na Alemanha até 1980 os Turcos mandavam os
filhos estudar na Turquia o que contribuiu para a criação
de diversos problemas de exclusão e choques culturais;
• Em Nova York há um cada vez maior número de
pequenas comunidades nacionais que não se dissolvem
criando um efeito novo de mosaico ou de “balkanização”.
Mesmo assim, e a apesar de tudo o que ficou dito, a
imigração como fenómeno global é uma fonte de riqueza
e assim deverá ser encarada. Segundo o estudo do “The
Economist”, se os países ricos abrissem as portas a
mais 3% relativamente aos números actuais, a economia
global aumentaria em 150 biliões/ano o que representaria
ganhos maiores do que qualquer liberalização possível
dos preços;
DN – dia 23 de Outubro de 2005, João César das
Neves.
A chave da produtividade
“A discussão sobre a produtividade, que o Governo
lançou em boa hora, é capaz de trazer algumas surpresas.
A iniciativa é muito de louvar, tratando de uma dimensão
essencial do futuro, sempre oculta por muitos problemas.
Mas dois dos factores mais importantes para a nossa
produtividade estão entre os mais criticados pela classe
política, a informalidade e a imigração. (…)
Ao longo de séculos os nossos compatriotas souberam
procurar noutras zonas as melhores oportunidades
de progresso. E hoje, quando o pequeno Portugal já é
desenvolvido e os portugueses aspiram a empregos
de qualidade, são os imigrantes que vêm colmatar as
falhas que essa evolução criou. As mesmas que nós
aproveitámos noutros locais noutros tempos. (…)
A nossa elite nunca compreendeu isto. Os piores
obstáculos à produtividade vêm dos excessos de
regulamentação, burocracia e fiscalidade, demasiado
pesados e injustos para uma economia ágil. (…)
No que toca à imigração, a elite insiste em complicar
a entrada de trabalhadores estrangeiros com regras
tontas, enquanto repete a falácia populista de atribuir o
desemprego aos imigrantes. (…)
A chave da nossa produtividade está um potenciar
as vantagens, colmatar as insuficiências e… combater a
elite”.
Gostaria de terminar com duas ou três ideias positivas
sobre este assunto; sobre o futuro, e sobre o nosso país.
No último relatório das Nações Unidas (2007/2008),
Relatório do Desenvolvimento Humano; Ultrapassar
Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento, Portugal, país
que conhece a imigração como ninguém, está colocado
em primeiro lugar pelas medidas adoptadas com vista à
integração dos imigrantes. As iniciativas de Portugal na
integração de imigrantes “estão na vanguarda da Europa
e do mundo”. Somos o país com melhor classificação
na atribuição de direitos e serviços aos estrangeiros
residentes nomeadamente no que diz respeito ao acesso
aos sistemas de saúde e de ensino.
Cá no Pilão, também nos parece motivo de orgulho
o modo como o Batalhão Escolar tem, ao longo destes
últimos anos, integrado plenamente, vários alunos que
aqui chegam para estudar.
Naturalmente que nos sobram questões e dificuldades,
mas conhecer o problema e desmistificar um pouco os
seus contornos, certamente que ajudará a resolver.
Miguel Viegas Gonçalves
Professor, de Filosofia
Querer é Poder
43
Voz da Ciência
Pedro Nunes e o Nónio
Um Pouco da Física do Século XX
Em alguns instrumentos de
medição utilizados em mecânica
verificamos a existência do
nónio.
(Paquímetro com nónio - escala
inferior)
Este não é mais que uma pequena escala destinada
a avaliar com precisão fracções da menor divisão da
escala principal, seja ela rectilínea (caso do Paquímetro)
ou circular (Suta Universal).
O nónio (de Nonius, forma latinizada da palavra Nunes)
foi inventado pelo matemático português Pedro Nunes,
um dos maiores vultos científicos do seu tempo, tendo
contribuído decisivamente para o desenvolvimento da
navegação, essencial para as Descobertas portuguesas.
Nascido em 1502, em Alcácer do Sal, Pedro Nunes
frequentou a Universidade de Salamanca onde estudou
Matemática e Astronomia, mas é em Lisboa que, em
1525, se doutorou em Medicina. Em Novembro de 1529 é
nomeado cosmógrafo do Reino por D. João III e em 1530
era professor na Universidade de Lisboa, onde leccionou
Matemática e Metafísica.
Em 1531, o Rei D. João III convidou-o para professor
dos seus irmãos mais novos, os infantes D. Luís e
D. Henrique (depois cardeal e rei). Em 1537, com a
transferência da Universidade para Coimbra, continua
a leccionar nesta cidade e em 1547 era promovido a
cosmógrafo-mor, cargo que o obrigava a deslocar-se
frequentemente à corte em Lisboa. Aposenta-se aos 62
anos e passa a viver na capital, vindo a falecer em 1577
ou 1578.
O nónio é inventado pela necessidade de estudos
astronómicos, assim como para o traçado da loxodrómica.
Esta é a curva que um navio descreve na sua rota e que
corta os meridianos sob o mesmo ângulo e não coincide
com a curva ortodrómica, que se desenvolve num arco de
círculo máximo.
O aparelho inicialmente era um pouco complicado e
foi tornado prático em 1583 pelo Padre Jesuíta Cristóvão
Clávio (1537-1612), portanto, já depois da morte de Pedro
Nunes. É possível que, durante a sua estadia em Coimbra,
Cristóvão Clávio tenha assistido às aulas de Pedro Nunes,
sendo assim influenciado pelo seu trabalho.
Somente em 1631 o francês Pierre Vernier
aperfeiçoou o invento do nosso matemático, não sendo
tal aperfeiçoamento mais do que uma fase na evolução
de um processo que se iniciou com Pedro Nunes. Assim,
devemos repudiar a denominação de “vernier” dada pelos
franceses ao aparelho, pois ele é glória de um português
notável e pertence-nos pela prioridade da descoberta.
Carlos Carvalho – Engº Mecânico
44
Querer é Poder
Figura 1 - Raios cósmicos de altas energias que
atingem átomos na atmosfera produzem chuveiros de
partículas que atingem a superfície da Terra.
Para além de algumas partículas já vossas
conhecidas, como o electrão e o fotão, existem na
Terra outras partículas misteriosas igualmente estáveis,
como os neutrinos. Existem ainda partículas que vivem
apenas por curtos instantes, instáveis e fugidias, que se
transformam muito rapidamente noutras partículas que,
por sua vez, se transformam em outras…
Desde sempre o Homem se questionou sobre a
natureza da matéria e acerca das leis que governam o
Universo:
• Em 400 A.C., Demócrito afirma que todas as
coisas são formadas por pequenos grãos indivisíveis e
pelo vazio;
• Em 1895, Thomson descobre o electrão;
• Em 1914, Ernest Rutherford descobre o protão;
• Em 1932, James Chadwick descobre o neutrão.
Nessa altura, os físicos diriam que todas as coisas são
formadas por protões, neutrões, electrões e pelo vazio.
Que pensam os físicos de hoje?
Voz da Ciência
Hoje conhecem-se várias centenas de partículas,
elementares ou não. Visitemos as famílias das partículas
elementares.
A CADA UM DOS FERMIÕES É NECESSÁRIO
ACRESCENTAR A SUA ANTIPARTÍCULA.
Em 1928, Dirac havia previsto a existência de uma
Figura 2 - Representação da constituição do átomo.
Os físicos, para estudarem o interior da matéria,
o infinitamente pequeno, necessitam de gigantescos
microscópios que são os aceleradores de partículas,
inventados na década de 1920, onde aceleram partículas
estáveis, como os protões, através da aplicação de forças
eléctricas e magnéticas. A seguir, provocam colisões, de
modo a observarem a criação de muões, de piões, de
partículas charmosas, entre muitas outras.
Estas partículas criadas em aceleradores
existem naturalmente no cosmos?…
antipartícula para o electrão, partícula que veio a ser
descoberta por Anderson, em 1932, na radiação cósmica,
o positrão.
Toda a antipartícula é exactamente igual à partícula
correspondente, com excepção do sinal de carga.
Os fermiões fundamentais são as verdadeiras
partículas de matéria. Os bosões são os agentes de
ligação, ou seja, são as partículas que mediatizam
as quatro interacções fundamentais: a gravitação, a
interacção electromagnética (que explica a coesão da
matéria à nossa escala), a interacção fraca (que gere
certos processos radioactivos) e a interacção forte (que
liga os constituintes dos núcleos).
Já tinham pensado por que motivo os núcleos
dos átomos se mantêm intactos apesar da repulsão
coloumbiana?
Como os protões e os neutrões são formados por
quarks, hoje podemos afirmar que o nosso mundo é feito
de quarks, electrões e vazio.
No início do século foi observado um fenómeno
estranho: o ar, que se acreditava ser um isolador perfeito,
conduzia apesar de debilmente a corrente eléctrica. O
físico Victor Hess, por meio das suas ascensões de balão,
mostrou que o ar era melhor condutor a grandes altitudes
do que ao nível das águas do mar, o que confirmou a
hipótese de que as partículas que atravessavam a
atmosfera, tornando--a condutora, viriam do espaço.
A este fenómeno foi atribuído, em 1926, o nome de
“Radiação Cósmica”.
Trata-se de partículas que provêm do Sol, da
nossa galáxia e provavelmente de origens ainda mais
longínquas do cosmos. São essencialmente protões,
animados de grande velocidade, que ao interactuarem
com a atmosfera dão origem a um chuveiro de partículas,
como piões, muões, neutrinos…
Em 1930, no estudo da radiação cósmica, foram
observadas partículas instáveis muito penetrantes, em
tudo semelhantes aos electrões, excepto na massa. Estas
partículas são hoje designadas por muões (μ).
Sendo o muão instável, o que acontecerá quando
decai (quando “morre”)?
Quando o muão decai, surgem novas
Querer é Poder
45
Voz da Ciência
partículas: dois neutrinos - o neutrino do muão e o
antineutrino do electrão - e um electrão.
Figura 3 – Imagem obtida por um
exame PET, extraída de
Vamos procurar saber um pouco mais sobre estas
partículas…
O electrão conhecem vocês bem. É uma partícula
elementar estável com carga eléctrica -1, que se move
em torno do núcleo atómico e determina as propriedades
químicas dos elementos.
E onde encontramos os neutrinos?
Em cada segundo, somos atravessados por dezenas
de milhar de milhões destas partículas! Trata-se das
partículas mais numerosas do cosmos: os neutrinos! Eles
interagem tão fracamente com a matéria que conseguem
atravessar a Terra. São quase intocáveis!
O neutrino, assim como o antineutrino, é uma espécie
de partícula fantasma, difícil de detectar e extremamente
misteriosa. A palavra Neutrino deriva do italiano que
significa “pequeno e neutro”. A existência dos neutrinos
foi prevista em 1932, por Pauli, a fim de salvar o princípio
da conservação da energia que os fenómenos de
desintegração β pareciam não respeitar. Pauli imaginou
uma partícula invisível que se escapava no processo,
levando consigo a energia restante. Esta partícula seria o
neutrino que, devido à sua admirável discrição, só viria a
ser observado directamente em 1953.
Devem estar a colocar a seguinte questão: para quê
estudar Física das Partículas? Que respostas nos permite
obter?
De entre várias respostas possíveis, posso dizer--vos
que nos permite visitar o universo de há 1010 anos atrás!
A física das partículas permite aos astrofísicos esboçar os
três primeiros minutos da história do Universo, intervalo
de tempo no qual existiam apenas partículas elementares,
que se foram agregando à medida que a temperatura foi
baixando, formando os primeiros núcleos de hidrogénio
e hélio, que após cerca de 300000 anos foram dando
origem aos primeiros átomos…Visitando o infinitamente
pequeno encontramos respostas para o infinitamente
grande e longínquo.
Uma aplicação de indiscutível utilidade do estudo
desta área da física vê-se na medicina. Existem centenas
de aceleradores de partículas espalhados pelo mundo ao
serviço da medicina, para a imagiologia e a terapia.
46
Querer é Poder
A figura 3 mostra-nos uma imagem obtida Tomografia
de Emissão de Positrões (PET - Positron Emission
Tomography), exame que permite detectar alterações em
tecidos e órgãos. Um radiofármaco que emite positrões
(as antipartículas dos electrões) é administrado ao
doente e, quando se dá a emissão de positrões, estes
são rapidamente aniquilados com electrões no corpo
do doente. Este processo liberta raios gama que são
detectados, permitindo formar as imagens tridimensionais
do exame e, consequentemente, avaliar o funcionamento
dos tecidos e órgãos, com base na quantidade de
radiofármaco metabolizado.
http://en.wikipedia.org/wiki/
Positron_emission_tomography
Alguns sites sobre Física de partículas:
http://particle adventure.org
www.cern.ch
www.lip.pt
Ângela Costa, (prof. Física e Química)
Voz da Ciência
A Matemática e a Música
“A música é um exercício inconsciente de cálculos.”
Leibniz (1646-1716)
A música é, indiscutivelmente, das artes a mais
popular. Mas o que a maioria das pessoas não sabe é
que por detrás de um simples fado ou de uma complexa
sinfonia existem relações matemáticas muito simples que
ajudam a formar, ao lado do talento humano, o edifício
sonoro da nossa música.
A escrita de partituras é a primeira área onde a
Matemática revela, de forma evidente, a sua influência na
Música. Na linguagem musical aparecem-nos os termos
andamento (quaternário, ternário,...), ritmo, notas breves,
semibreves,... Compor música, de forma a preencher
uma determinada quantidade de tempo com n notas,
é equivalente ao procedimento utilizado na redução
ao mesmo denominador – as diferentes durações das
notas devem encaixar numa certa medida de um dado
compasso. Mesmo assim, o compositor vai criar música
que se alia de forma maravilhosa e perfeita na estrutura
rígida de uma partitura escrita.
Mas a afinidade entre a Matemática e a Música não se
limita a esta relação óbvia com as partituras musicais. A
música está relacionada com razões, curvas exponenciais,
funções periódicas, ciências da computação...
A experiência do monocórdio e a música na escola
pitagórica
Os primeiros sinais de casamento entre a Matemática
e a Música surgem no século VI a.C. quando Pitágoras,
através de experiências com sons do monocórdio,
efectua uma das suas mais belas descobertas.
Possivelmente inventado por Pitágoras, o monocórdio
é um instrumento composto por uma única corda
estendida entre dois cavaletes fixos sobre uma mesa
possuindo, ainda, um cavalete móvel. Pitágoras buscava
relações de comprimentos – razões de números inteiros
– que produzissem determinados intervalos sonoros. Deu
continuidade ao seu trabalho investigando a relação entre
o comprimento de uma corda vibrante e o tom musical
produzido por ela. Verificou que, pressionando um ponto
situado a 3/4 do comprimento da corda em relação à sua
extremidade – o que equivale a reduzi-la a 3/4 do seu
tamanho original – e tocando-a a seguir, se ouvia uma
quarta acima do tom emitido pela corda inteira. Exercida
a pressão a 2/3 do tamanho original da corda, ouvia-se
uma quinta acima e a 1/2 obtinha-se a oitava do som
original. A partir desta experiência, os intervalos passam
a denominar-se consonâncias pitagóricas. Pitágoras
estabeleceu relações entre a Matemática e a música
associando, respectivamente, aos intervalos musicais
referentes às consonâncias perfeitas – oitava, quinta
e quarta – as relações simples 1/2, 2/3 e 3/4. Estas
correspondem às fracções de uma corda que fornecem
as notas mais agudas dos intervalos referidos, quando se
produz a nota mais grave pela corda inteira. Atribui-se o
descobrimento dos intervalos consonantes a Pitágoras,
embora provavelmente estes já fossem conhecidos muito
antes em distintas culturas antigas.
Influenciada pela cultura oriental, a doutrina pitagórica
sustentava que “Tudo é número e harmonia”. Assim, os
pitagóricos acreditavam que todo o conhecimento se
reduziria a relações numéricas, posicionando-as como
fundamento da ciência natural.
Kepler e a música dos planetas
Matemático, astrónomo e filósofo nascido em Weil,
Johannes Kepler (1571-1630) apresentou fortes subsídios
para a ciência musical. Em 1601, Kepler assumiu um
posto de trabalho na organização de calendários e
predição de eclipses como matemático e astrónomo
da corte do imperador Rudolfo II, em Praga, até 1612,
estabelecendo-se mais tarde em Linz, onde concluiu e
publicou o seu Harmonices Mundi, em 1619.
Kepler julgou insatisfatória a experiência de Pitágoras
com o monocórdio para o estabelecimento de intervalos
consonantes. Assim, Kepler dividiu a corda em até oito
partes. O cientista alemão verificou empiricamente a
existência de oito consonâncias: uníssono (1/1), oitava
(2/1), quinta (2/3), quarta (4/3), terça maior (5/4), terça
menor (6/5), sexta maior (5/3) e sexta menor (8/5).
Defendia a existência, conhecida desde os antigos,
de escalas musicais peculiares a cada planeta, que
soavam como se estes cantassem simples melodias,
relacionando para isso velocidades dos planetas às
frequências emitidas. Considerava os movimentos dos
planetas uma música que traduzia a perfeição divina.
De acordo com a Segunda Lei de Kepler – Leis das
Querer é Poder
47
Voz da Ciência
Áreas – para movimentos dos planetas, esses varrem
radialmente áreas iguais em tempos iguais, o que implica
máxima velocidade no periélio – posição mais próxima do
Sol – e mínima no afélio – ponto diametralmente oposto.
A fim de respeitar a Segunda Lei, Kepler tentou explicar a
variação de velocidade de um planeta por uma metáfora
musical. Admitindo que movimentos rápidos e lentos se
associavam respectivamente às notas agudas e graves
em sua construção imaginativa, o astrónomo alemão
considerou que a razão das velocidades extremas
determinaria um intervalo musical representante do
planeta referido. Por exemplo, as velocidades angulares
A altura da nota musical depende tanto do comprimento
da corda que a emite, como da tensão a que a mesma
está sujeita.
Como se referiu anteriormente, Pitágoras descobriu
utilizando um monocórdio que: ”se uma corda e a sua
tensão permanecem inalteradas, mas varia o seu
comprimento, o período de vibração é proporcional ao
seu comprimento”.
Suponha-se que um fabricante de pianos utiliza,
de acordo com Pitágoras, cordas de idêntica estrutura,
mas de diferentes comprimentos, para alcançar a gama
de frequências que tem este instrumento. Num piano
moderno, com notas de frequência compreendidas entre
27 e 4096 Hz, a corda com maior comprimento resultaria
150 vezes mais longa que a de menor comprimento.
Obviamente, isto teria impedido a construção do
piano do exemplo, se não fosse pelas duas leis do
matemático francês Mersenne. A primeira diz: ”Para
cordas diferentes com um mesmo comprimento e igual
tensão, o período de vibração é proporcional à raiz
quadrada do peso da corda”. O maior peso alcança-se,
geralmente, enrolando um arame mais fino em espiral,
de forma a evitar o excessivo comprimento das cordas
destinadas aos sons graves.
no periélio e afélio de Saturno são respectivamente 135
e 106 arcos de segundo por dia, o que significa uma
relação de 135/106; ora 135/108 = 5/4 correspondente
ao intervalo de terça maior. A menos de diferenças
desprezíveis do ponto de vista musical, desvelam-se os
intervalos representantes de outros planetas obtendo-se:
Saturno 4/5 (terça maior)
Júpiter 5/6 (terça menor)
Marte 2/3 (quinta)
Terra 15/16 (semitom)
Vénus 24/25 (diese)
Mercúrio 5/12 (terça menor composta)
Transcrevendo a lei das áreas com uma roupagem
musical, tem-se que cada planeta correspondia, assim,
a um tema musical bem definido transcrito por Kepler.
Afirma que cada planeta, cada astro possuía uma alma
que lhe comunicava o movimento, traduzindo num canto
real, um hino à glória do Deus criador.
A Matemática na Música
Quando ouvimos os sons emitidos pelos instrumentos
de cordas, tais como o violino, a guitarra, o piano, etc.,
não passará inadvertido que resultam da vibração das
cordas do próprio instrumento.
48
Querer é Poder
A segunda lei expressa: “Quando uma corda e o seu
comprimento permanecem inalterados mas se varia a
tensão, a frequência da vibração é proporcional à raiz
quadrada da tensão”. Ao seguir esta lei, evita-se que as
cordas dos agudos tenham de ser muito curtas, com o
aumento da tensão.
Ao incluir-se as armações de aço nos modernos
pianos, foi possível aplicar tensões nos arames até valores
que, antigamente, eram inconcebíveis, pois alcançariam
as 30 toneladas.
Voz da Ciência
A forma do piano de cauda
Na realidade, muitos instrumentos têm formas
e estruturas relacionadas com vários conceitos
matemáticos. As funções e as curvas exponenciais
fazem parte desses conceitos. Uma curva exponencial
x
é descrita por uma equação da forma y = k , onde
x
k > 0 . Um exemplo é y = 0,5 , cujo gráfico se
apresenta.
Os instrumentos musicais, €
formados por cordas ou
por colunas de €
ar, reflectem a curva exponencial na
sua estrutura.
O estudo da natureza dos sons musicais atingiu
o seu apogeu com o trabalho de Joseph Fourier,
um matemático do século XIX. Ele demonstrou que
todos os sons musicais – instrumentais ou vocais –
podiam ser modelados por expressões matemáticas,
traduzidas pelas somas de funções periódicas simples
de senos. Todos os sons têm três características –
altura, intensidade e timbre – que os diferenciam entre
si.
A descoberta de Fourier possibilita que as
três propriedades dos sons sejam representadas
graficamente de forma distinta. A altura está
relacionada com a frequência da curva, a intensidade
a ponto de sobre ela haver unanimidade, mas as
simetrias e belezas observadas nas leis que governam
a combinação das estruturas matemáticas usadas na
descrição de sons guardam estreita relação com a área
da Música, conhecida como Harmonia. Dessa maneira,
a Matemática é capaz de mostrar e descrever, a partir
de uma abordagem objectiva, as possibilidades das
infinitas combinações de sons.
y
6
4
2
x
-2 -1
fundamentais para conceber a mais moderna geração
de instrumentos musicais, bem como para a concepção
de computadores activados pela voz. Muitos fabricantes
de instrumentos comparam os gráficos periódicos dos
sons dos seus produtos com os gráficos ideais para
esses instrumentos, aproximando--os o mais possível.
É desta forma que a fidelidade da reprodução musical
electrónica está directamente ligada com os gráficos
periódicos. Os músicos e os matemáticos continuarão
a desempenhar papéis igualmente válidos na produção
e na reprodução musical.
Uma forma de arte nunca será objectiva e precisa
1 2
com a amplitude e o timbre com a forma da função
periódica.
Sem a compreensão da Matemática na música,
não teriam sido possíveis a evolução na utilização de
computadores na composição musical e a concepção
de instrumentos. As descobertas matemáticas,
nomeadamente das funções periódicas, foram
É a perfeição dessas leis que permite olhar a
Música sob outra perspectiva, unindo os mundos
maravilhosos da Arte e da Ciência.
Manuel Segismundo, Professor de Matemática
Querer é Poder
49
DESPORTO
ACCs DESPORTIVAS ANO 2009/2010
ANDEBOL
REMO
O Remo é uma das modalidades com mais tradição
do IMPE. Este ano irá ter representações ao nível do
O grupo de Andebol deste ano tentará repetir os
êxitos do ano anterior. No entanto, temos mais um extra,
pois fomos convidados pelo Desporto Escolar a participar
no apuramento para o mundial de Escolas, no escalão
de juvenis, que se realizará em Portugal, conjuntamente
com o Mundial de seniores da modalidade.
Como projecto de “Escola”, nunca esqueceremos
que com níveis negativos na avaliação não poderemos
participar na competição, por isso, alunos, toca a
estudar.
Este ano, e se continuar este grupo de trabalho,
participaremos no Desporto Escolar nos escalões de
Iniciados (13-14 anos); juvenis (15-16 anos) e juniores
(17-18 anos). Está em aberto a participação nos escalões
de iniciados e juvenis no Campeonato Federado Regional
da Associação de Andebol de Lisboa.
NATAÇÃO
A ACC de Natação terá como principal objectivo
ensinar os alunos a nadar. Este ano lectivo, os alunos
com melhor nível técnico irão representar o IMPE em
diversas competições.
50
Querer é Poder
Remo – Indoor e nas embarcações tipo Yolle.
A equipa deste ano é formada por alunos de vários anos
lectivos, o que faz com que seja bastante heterogénea,
havendo atletas desde o escalão de benjamins até
juniores.
O objectivo deste ano desportivo passa pela
presença nas várias finais das provas de Remo-Indoor,
bem como pela presença nas regatas em embarcações
tipo Yolle. Está prevista a realização de dois estágios em
embarcações tipo Shell em águas planas. De referir ainda
que o torneio interno de Remo-Indoor irá realizar-se no 2º
período.
DESPORTOS COMBATE
A equipa de Desportos Combate vai ter ao longo
do corrente ano lectivo uma calendarização composta
por:
•
•
Seis estágios externos;
Seis estágios internos;
DESPORTO
• Seminários de graduação;
• Dois torneios internos;
• Participação
em
eventos
de
carácter
demonstrativo, nomeadamente saraus e momentos
promocionais do Instituto.
FUTSAL
Os alunos têm demonstrado interesse e empenho
nesta actividade, que decorrerá até dia 18 de Novembro,
uma vez que o baile é dia 21 de Novembro.
TORNEIO INTERNO DE ANDEBOL
Nos passados dias 20 e 29 de Outubro decorreu o
Torneio Interno de Andebol para o Ensino Básico e para
o Ensino Secundário, respectivamente, com as seguintes
classificações:
2ºCiclo:
1º Lugar: 6ºA (equipa II)
2º Lugar: 6ºA (equipa I)
3º Lugar: 5ºA (equipa I)
A equipa de Futsal Júnior (17-18 anos) irá este ano
tentar superar o 3º lugar obtido no ano transacto. Para
tal já tem agendado um jogo de treino com a Escola
Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho que é a actual
equipa campeã de Lisboa-Cidade do Desporto Escolar.
“ VALSA NO IMPE”
3º Ciclo:
1º Lugar: 9ºA
2º Lugar: 8ºB
3º Lugar: 9ºB
Ensino Secundário
1º Lugar: 11º B
2º Lugar: 12º A
3º Lugar: 12º B
Desde o dia 7 de Outubro que os novos alunos do
Instituto estão a valsar!
Esta actividade decorre às 4ª feiras, das 16:15 às
17:45. Tem como finalidade a aprendizagem da Valsa,
para que, no dia do Baile de Recepção aos Novos Alunos,
estes tenham à vontade e confiança em dançar com o
seu par.
Querer é Poder
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NOTAS SOLTAS
Casa Amada – Hino da Barretuna
Acordas a sonhar
Monsanto no olhar
Tens toda a Lisboa
Para te contemplar
És criança, és homem, pilão
Revives a tradição
Com orgulho e emoção
Amando, chorando, crescendo, sorrindo
Sabendo guardar essa paixão
52
Pilão, que Casa tão amada
Tua história contada
É bela de se ouvir
Pilão, nunca mais vou esquecer
Teu lema até morrer
Querer é Poder
Rosada a tua cor
Azul o teu vestir
Tens olhos de criança
Vives sempre sorrir
Foste pai, avô, irmão
Filho da nova nação
General teu Capitão
Amando, chorando, crescendo, sorrindo
Sabendo guardar essa paixão
Querer é Poder
O CAIM DE SARAMAGO
Os temas religiosos, de forma regular, voltam às páginas dos jornais e da televisão. Neste mês
que passou o tema Bíblia voltou a aparecer com frequência, primeiro porque saiu uma nova
tradução da Bíblia, para a qual trabalharam em conjunto várias igrejas cristãs, num português
mais próximo do nosso quotidiano, e, sobretudo por causa da aparição de um novo livro do
Nobel da literatura, José Saramago, com o seu novo livro Caim.
Comprei o livro no dia em que este chegou às livrarias e li-o nos dias a seguir. Porque o li,
porque costumo ser leitor assíduo de Saramago a quem reconheço uma capacidade única de
criação de cenários sugestivos e que nos fazem reflectir sobre a vida e a sociedade e, que vivemos, creio que posso, com alguma fundamentação, dar a minha opinião sobre este livro.
O texto começa com a evocação de uma figura bíblica que aparece no Capítulo 4 dos Génesis,
o primeiro livro que aparece nas versões das nossas Bíblias: Caim. Evoca o drama contido
nesta passagem: um irmão que mata outro para depois o fazer figura central noutras passagens relatadas pela Bíblia onde encontramos outras figuras como: Noé, Abraão, Moisés, Josué
e Job. Todos estes relatos para quem estuda a Escritura não estão aparentados nem na sua
estrutura, nem no seu objecto com esse outro relato onde figura Caim. Esta mistura aleatória
de figuras já por si é um bocado confusa e, do meu ponto de vista, pouco razoável.
Claro que a história tem um fio condutor, mostrar um deus caprichoso, mesquinho, interferindo
arbitrariamente na vida das pessoas, normalmente provocando consequências infelizes na vida
daquelas figuras com quem se relaciona. Estando em completo desacordo com esta visão de
Deus, particularmente do Deus que se revela na Bíblia, só posso conceder que assim pense
quem utilize uma visão demasiado simplista e maximamente fanática de quem toma o texto
sem o ler como um texto que cria imagens, que precisam de ser descodificadas, o que é tanto
mais estranho quando isto é escrito por alguém que tem como mérito na criação de imagens
com profundidade na reflexão sobre a vida do homem. Mas por muito que me custe admito que
alguém que se afirma ateu possa ter esta imagem de Deus que apoia numa leitura literalista e
simplista da Bíblia. Talvez que os crentes tenham alguma culpa, pela forma como se comportam e como agem, em fazer passar esta imagem distorcida de Deus.
Mas há uma coisa com que não posso concordar: é que para se expor uma compreensão de
Deus, com a qual não concordo, mas respeitando a pessoa que a tem, se tenha de utilizar tanta
grosseria, que não pode deixar de chocar os crentes, tanta acidez, tanta intolerância como
aquela que resulta das páginas do livro e dos comentários que o autor tem feito a propósito do
livro. Isso sim deixa-me uma triste impressão do objectivo de quem escreve.
Maj SAR Rui Lopes
Querer é Poder
53
INSTITUTO MILITAR DOS PUPILOS DO EXÉRCITO
ADMISSÕES PARA O ANO LECTIVO DE 2010/2011
Ensinos Básico e Secundário
Externato Misto e Internato
Ensino Básico:
• 2º e 3º Ciclo
Ensino Secundário:
Cursos Profissionais
(Oferta formativa 2010-2011)
• Técnico de Gestão
• Técnico de Gestão do Ambiente
• Técnico de Energias Renováveis
(Energia Solar e Energia Eólica)
• Técnico de Manutenção Industrial
(Mecatrónica e Electromecânica)
Calendário
• Abertura do período de inscrições - 4 de Janeiro de 2010
• Março a 19 de Março – Primeira Chamada
• Junho/Julho - Segunda Chamada
• Agosto - Recursos
INFORMAÇÕES:
Instituto Militar dos Pupilos do Exército
Estrada de Benfica, 374
1549 - 016 Lisboa
Telefone: 217713832 / 918211197
Tel. Militar: 413532
E-mail: [email protected]
www.pupilos.eu
EFEMÉRIDES
QUERER É PODER
REVISTA DOS ALUNOS DO INSTITUTO MILITAR DOS PUPILOS DO EXÉRCITO
ANO XXV - N.º 56
NOVEMBRO DE 2009
PUBLICAÇÃO TRIANUAL
PROPRIEDADE
Instituto Militar Pupilos do Exército
Estrada de Benfica, 374
1549-016 LISBOA
Tel: 217713871
Fax: 217785289
[email protected]
DIRECTOR
Diogo Ruivo
Aluno 62/06- 12.º Ano
(Aluno Cmdt de Batalhão)
REDACÇÃO
Equipa de Professores
COORDENAÇÃO
Maj SAR Rui Lopes
Dr. Pedro André
Drª Vanda Magarreiro
MAQUETAGEM E PAGINAÇÃO
Security Print - Sociedade de Industria
Gráfica, Lda.
MONTAGEM, IMPRESSÃO
ACABAMENTO
Security Print - Sociedade de Industria
Gráfica, Lda.
Rua Horta de Bacelos, Lt B Cave
2690-390
Santa Iria de Azóia
Telefone: 219540380
Fax: 219540389
TIRAGEM
500 exemplares
Depósito Legal 134200/99
Sumário
Editorial
3
Efemérides
Comemoração do Aniversário do IMPE 4
Homília do dia do IMPE 4
Discurso do Director no Aniversário do IMPE
5
Encerramento das Actividades do Prémio Escolar da Defesa Nacional
9
Recepção aos Professores da Junta de Freguesia de S. Domingos de Benfica 9
Viagem de Finalistas do 9º ano 2008/2009
10
Cerimónia de Imposição de Insígnias
11
Discurso Imposição de Insígnias pelo Adjunto do Corpo de Alunos
12
Discurso Imposição de Insígnias pelo Aluno Comandante de Batalhão
13
English Corner
The 3 Rs song
The Choices “All the world’s a stage...”
14
15
15
Visitas de Estudo
Comemoração do V Aniversário do Museu da Presidência da República
O IMPE no DOC LISBOA 2009
17
18
Passatempo
18
A Nossa Casa
O Ínicio do Fim
Pilão: Uma Vida!
O Amor a esta Casa
O Ser Graduado
Ser Pilão
A Minha Paixão
Quem Sou Eu?
Novo Director do Serviço Escolar
Tomada de Posse Comandante Corpo de Aunos
Novo Comandante do Corpo de Aunos
19
19
20
20
20
22
22
22
23
23
Página do CNO
Mais uma Conquista O Homem que Venceu na Vida é aquele que acreditou em si
24
25
In Memoriam
28
Escritos
Redução no Consumo de Energia Eléctrica
Ensino Profissional - Que Futuro?
O Êxito Começa com a Vontade
A Evolução Histórico Filosófica da Igualdade na Cultura Ocidental
Os Juros no IMPE
Projecto de Geometria Dinâmica
Invadidos e Invasores
Exercícios de Escrita Criativa
O Ritmo do Silêncio
Um Amigo
Perdidos Entre Fronteiras
O IMPE na Evocação de D. Nuno Álvares Pereira
Não Emigre. Circule!
26
27
30
30
32
32
33
33
36
36
37
38
39
Voz da Ciência
Pedro Nunes e o Nónio
Um pouco de Física no Séc. XX
A Matemática e a Música
44
44
47
Desporto
ACCs Desportivas ano 2009/2010
56
Querer é Poder
50
Notas Soltas
52
Admissões
Contra-Capa
Download

admissões para o ano lectivo de 2010/2011