EDITORIAL Caros leitores, A pouco e pouco vamos crescendo, vemos um futuro próximo muito melhor do que estávamos habituados a ver. Os cursos profissionais, implementados neste novo ano lectivo, remontam à história da nossa casa desde a sua fundação e são estes que vão ditar o destino do IMPE sem nunca esquecer que o seu primordial objectivo é “formar cidadãos úteis à pátria”. Esta sociedade em constante evolução não tem poupado, críticas, mas o que importa de facto é a passagem de valores intemporais feita nesta casa desde a sua fundação e que torna o aluno do IMPE, o verdadeiro pilão, num homem reconhecido pelo seu carácter e pelo seu rigor ético. A vida de cada um é profundamente marcada pela sua passagem pelo Instituto, quer em termos pessoais quer em termos profissionais. No 99º ano lectivo, os 150 alunos do IMPE, cheios de ambição, recordam o principal objectivo que norteia a sua efémera passagem por esta casa: estudar. Há que tirar boas notas, brilhar, para assim elevarmos cada vez mais este nosso lar, pois, nos tempos que correm e aos olhos da sociedade, o importante é o sucesso académico. Deste modo, à formação de indivíduos íntegros, acrescentaremos o trabalho producente, fazendo com que o caminho para o sucesso esteja já delineado. Caros alunos, a nossa missão como pilões é, sobretudo, preservar a nossa casa. Mais do que nunca, a camaradagem é necessária para que juntos ultrapassemos as dificuldades e os obstáculos que se atravessarem no nosso caminho. E repito: “ saibamos lidar com os problemas sempre de cabeça erguida”, porque de nós depende o futuro do pilão. “Querer é Poder” Aluno Comandante de Batalhão Diogo Ruivo, nº 62/06 Querer é Poder 3 EFEMÉRIDES Comemoração do Aniversário do IMPE As celebrações por ocasião do 98º aniversário do IMPE decorreram nos dias 24 e 25 de Maio. No dia 24 de Maio teve lugar o desfile do Corpo de Alunos no centro da cidade de Lisboa. Presidiu a esta cerimónia o Ex.mo Comandante da Instrução e Doutrina, Ten – Gen. Vaz Antunes. Depois do desfile houve a celebração da Eucaristia, de sufrágio e de Acção de Graças na Igreja de S. Domingos no Rossio. A celebração foi presidida pelo Capelão do Instituto e animada pelo Grupo Coral e Instrumental do IMPE. As celebrações terminaram com um almoço convívio que reuniu alunos e ex – alunos do Instituto. No dia 25, dia do IMPE, as cerimónias tiveram lugar na 1ª Secção e foram presididas pelo Ex.mo Secretário de Estado da Defesa e dos Assuntos do Mar, Dr. João Mira Gomes. Transcrevemos a homília proferida pelo Capelão do IMPE no dia 24 de Maio e o discurso do Director do Instituto no dia 25 de Maio. Depois que triunfou no alto madeiro Da morte e do inferno que venceu, O nosso bom Jesus, manso Cordeiro, Que por nós nele a vida ofereceu, Levou cativo o nosso cativeiro, Subindo para o Céu, donde desceu: Em pago de nos dar a liberdade Demos-lhe nós a nossa saudade. O sentimento que o autor nos propõe é peculiar à alma portuguesa. É a palavra saudade que nos é proposta como aquela que mais se ajusta ao que o coração dos discípulos de Jesus terá sentido no momento desta separação. Não só a celebração da Ascensão, como também a festividade que trouxe aqui uma comunidade que hoje celebra os seus 98 anos de existência, traz ao coração de muita gente aqui presente um certo sentimento de saudade. Homília do Dia do IMPE Celebramos hoje a Solenidade da Ascenção do Senhor. Depois de ter Ressuscitado, e ter aparecido aos seus discípulos, quarenta dias após ter ressurgido do sepulcro, e perante os seus discípulos, Jesus subiu ao Céu, ante a estupefacção dos que o viam desaparecer entre as nuvens do Céu. É assim, e como ouvimos, que o livro dos Actos dos Apóstolos nos descreve esta separação entre Jesus e os seus. Gostava de meditar convosco sobre o sentimento que terá atravessado o coração dos seus discípulos nesse dia. Talvez nos ajude tomar um texto, uma poesia, que a versão portuguesa da Liturgia das Horas nos propõe para a oração litúrgica deste dia: 4 Querer é Poder O que é afinal a saudade, essa palavra que sempre ouvimos ser intraduzível em qualquer outra língua e que traduz a alma mater lusitana. Sempre me lembro daquela história de um dos meus velhos livros da instrução primária que contava a morte de um emigrante cuja sorte não permitiu voltar à sua terra. Ao sentir o momento da partida chegar, chamou um sacerdote para o ajudar no trânsito. Este ao chegar encontrou naquela casa pobre, já que a fortuna não tinha sido pródiga na vida deste homem, apenas um objecto de luxo, um relógio que emitia suave melodia ao bater a cadência das horas. Interrogado sobre o porquê deste objecto, o homem respondia que este relógio, sua grande e única riqueza emitia o som apelativo igual ao do sino da igreja paroquial da sua terra distante. Nunca me esqueci desta história simples que tão bem define alma do homem português. João de Deus escreveu que a saudade é: Tu és o colo Onde me embalo, E acho consolo, Mimo e regalo: Mas afinal que é a saudade, que nos pode ela trazer como mais-valia na nossa vida? A saudade tem a ver com a construção da nossa identidade. Marcados pelo passado que não tolhe o futuro, recorda-nos, num actualizar constante, o que somos porque sabemos de onde viemos, e, por isso, sabemos para onde vamos. Temos saudades dos nossos EFEMÉRIDES Pais, sobretudo quando eles por inexorável lei da vida partem, porque a sua memória que estremece o nosso coração, nos lembra fibra de que somos feitos; o mesmo se diga da nossa terra, quando dela migramos, a nossa casa de infância e, neste caso a instituição na qual fomos formados. É bom termos saudades porque isso é reconhecer que alguma coisa rasgou, com estilete bem agudo, traços imperdíveis no caminho da nossa vida. Ter saudade é trazer à mente pelo caminho do coração aquilo que, de facto, marca o nosso ser para além das fachadas conjunturais que tomamos. Mas a saudade acicata em nós o desejo de um ir mais além, embalado num sonho que orienta e inspira. No caminho de fé, a saudade dos discípulos sempre se traduziu num desejo de trilhar caminhos que impulsionaram a ir mais além e mais acima numa progressão. Na linguagem chã e simples de criança, Jacinta pedia ao pequeno Francisco, minado pela doença e com morte anunciada como eminente, que desse muitas saudades a Nosso Senhor e a Nossa Senhora, e isto queria dizer dessa proximidade espiritual a quem inspirava a sua vida. A saudade cria o desejo, dinâmica que faz mover no sentido do melhor, do mais belo, do mais nobre, A fasquia baixa que, às vezes, move as nossas vidas torna-nos surdos ao apelo que o desejo marcado pela saudade de valores e ideais, que pessoas e instituições marcaram a nossa vida. Não resisto a deixar, como pergunta dirigida aos ex-alunos do IMPE, se na vossa vida ideais nascidos de experiências feitas, e hoje trazidos à vossa memória pela nostalgia da saudade, ainda continuam a ser inspiradores das vossas vidas. A saudade é o apelo de um desejo, de uma sede que nunca fica saciada de se ser melhor. Saudade é o fundamento de projectos que unem passado presente e futuro numa ligação enriquecedora e unificante de uma única vida. Saudade não pode nem deve ser saudosismo estéril, não é nem pode ser o recriar de um passado sem critério, que sabemos nunca poderá ser repetido. Nem sequer deve ser arremedado, para tomar um provincianismo da minha terra para exprimir uma imitação cujo resultado é jocoso. Saudade não pode ser sentimento que tolha o passo, mas distensão do arco que permita o arremesso da flecha que procura o alvo. A celebração de hoje fala de saudade, para muitos que aqui hoje vieram, as fardas dos alunos do IMPE, o porte garboso da guarda de honra, a emoção das vozes dos seus jovens que canta a força da sua juventude, faz bater com compasso mais forte o ritmo de alguns corações, aquecidos por memórias saudosas. Que vamos fazer desse manancial de força que a saudade nos traz? Deixar que ela seja um sentimento fugaz, que passa depois de se secarem os olhos marejados. Os discípulos que viram o seu Senhor partir, não ficaram por muito tempo a olhar para o Céu, de Jerusalém partiram para o mundo inteiro a anunciar um projecto, vivo na memória saudosa dos seus corações. E nós? A resposta é de cada um… Discurso do Director no Aniversário do IMPE Senhor Secretário de Estado da Defesa Nacional e Assuntos do Mar Aceitou V. Exª presidir a esta cerimónia, o que muito honra o Instituto Militar Pupilos do Exército que interpreta na presença do ilustre responsável político pela Defesa Nacional o interesse e apoio governativo pela sua missão. Agradecemos esse estímulo como ficamos reconhecidos pelo esforço que continuará a fazer para dotar este Instituto dos meios necessários ao exercício das tarefas que lhe estão cometidas. Senhor General Chefe do Estado-Maior do Exército Meu General Chefe Permita-me que expresse a V. Exª o nosso reconhecimento pelo interesse que, claramente, tem demonstrado por este Instituto através de um acompanhamento muito próximo sobre o novo modelo de formação, sua inserção na sociedade, bem como na sustentação desta já provecta Casa. Essa atitude empenhada na vida do IMPE, por parte de V. Exª, merece uma retribuição de todos nós, que será a de continuar a ter expressão na forma de afirmar a natureza e de exercer as competências que constam nos decretos regulamentares que deram corpo ao nosso Instituto. Senhor Ten General Comandante de Instrução e Doutrina Meu General e Comandante Sente-se o IMPE muito honrado com a vossa ilustre presença, e pela atenção e relevância que este Estabelecimento Militar de Ensino tem merecido, por parte de V.Exa. Igualmente pela amizade e carinho demonstrados a esta Instituição, não só por palavras, mas sobretudo por actos. Não posso deixar de muito especialmente agradecer a honra conferida ao Instituto ao presidir, ontem, às cerimónias na Praça D.Pedro IV e na Igreja de S. Domingos, actos cujos ritos terão propiciado a todos os presentes a vivência de inesquecíveis momentos ricos de espiritualidade e prenhes de significado. Querer é Poder 5 EFEMÉRIDES Senhor Maj Gen Director de Educação, caro e velho amigo. Embora unidos por um leal e são companheirismo com mais de três décadas quero publicamente relevar a palavra amiga e permanente disponibilidade na tentativa de solucionar qualquer potencial problema com que nos pudéssemos deparar. Senhor Vereador da Câmara Municipal de Lisboa Com a vossa presença é-nos dada uma prova de consideração e simpatia que não podemos deixar de publicamente vos agradecer reconhecidamente. Senhores Oficiais Generais, Antigos Directores Meus Generais Presto-vos aqui a minha homenagem e expresso a minha admiração, garantindo-vos que continuaremos nós, vossos herdeiros, a tudo fazer para manter a nossa Instituição ao mais alto nível a que o vosso trabalho a guindou. • Exmo. Senhor Director Geral do Pessoal e Recrutam Militar; • Exmo. Senhor Presidente da Agência Nacional para a Qualificação; • Exmos. Senhores Oficiais Generais e Almirantes; • Exmo. Senhor Director do Colégio Militar; • Exma. Senhora Directora do Instituto de Odivelas; • Exmos Senhores Comandantes e Directores de U/ E / O; • Exmos Senhores Representantes dos Conselhos Executivos do ISEL e ISCAL; • Exmos Senhores Representantes dos Conselhos Directivos 6 Querer é Poder das Escolas Secundárias e Colégio circunvizinhos • Exmos. Senhores Presidentes das Associações: Pupilos do Exército, e de Pais e Encarregados de Educação; Ilustres Entidades Convidadas Minhas Senhoras e meus Senhores Sem a vossa presença esta cerimónia não teria o lustre que ela lhe confere. É por nós entendida como sinal de amizade e consideração, corporizada na atenção que nos devotam e no papel que, ao longo dos anos, o IMPE vem levando a cabo. A todos o nosso Muito Obrigado. Estimados Camaradas, Docentes e Funcionários do Instituto Militar Pupilos do Exército Caros Alunos e Ex- Alunos Que o dia de hoje possa constituir, para todos nós, uma jornada de salutar convívio, e em que possam ser evocadas memórias e ensinamentos que, ao longo dos anos, vêm aglutinando as paredes deste secular edifício que é o IMPE. E que esse entrecruzar de gerações, renovado ano após ano, constitua o passar do testemunho e continue a contribuir para consolidar aquela “diferença” que caracteriza o espírito do aluno PILÃO. Excelentíssimo Senhor Secretário Estado da Defesa Nacional e Assuntos do Mar Meu General Chefe Meus Generais Ilustres convidados Minhas Senhoras e Meus Senhores EFEMÉRIDES Em dia de Aniversário, para além da evocação histórica é também oportuno falar sobre o balanço do presente, traduzido na actuação colectiva levada a cabo ao longo do último ano, bem como pensar no futuro. Ao comemorarmos 98 anos temos necessariamente de nos centrarmos na nossa missão institucional, tendo esta de ser bebida nas suas origens, quando o nosso fundador, General António Xavier Correia Barreto, responsável pela pasta da Guerra do primeiro governo da jovem Republica, referia “ ser necessário criar homens que pelo trabalho e esforço próprios se mantenham na vida com independência e dignidade; é preciso formar cidadãos úteis à pátria”. Assumiu o Instituto um carácter social, já que era destinado a receber, em regime de internato, os filhos das praças, sargentos e oficiais do Exército, quando em difícil situação socio-económica, e um carácter tutelar, na medida em que lhe foi atribuída a guarda dos órfãos da família militar. Assumiu, ainda, desde a sua fundação um cariz profundamente profissionalizante, tendo, para o efeito, estruturado o respectivo ensino nesse sentido. O decurso da história foi introduzindo alterações, algumas das quais bem profundas, na sua organização e funcionamento, todas elas traduzindo a sua adaptação às evoluções da vida social, às consequentes modificações dos processos e dos métodos de ensino, ao percurso político do País, e, ainda, às necessidades das Forças Armadas, aspecto este que se considera ser de relevar. O Instituto desempenhou ao longo da sua longa História um papel fulcral na preparação de técnicos para a sociedade civil e militar, tornando-se uma referência no panorama Nacional Vista a história importa passar a referir algo sobre o presente, que aquela nos ajuda a perceber, para podermos depois pensar no futuro. É um facto que todos estamos com a causa da Educação, e assim sendo, o nosso trabalho deve constituir uma fonte de ensinamento que os jovens possam e desejem fruir e que mostre a nossa preocupação para com eles. Muito para além dos conhecimentos técnico-cientificos que lhes possamos ministrar será o inculcar de um sadio carácter que lhes poderá fortalecer a confiança no seu próprio poder de decisão. Assim o apelo à generosidade, disponibilidade e sentido de bem-fazer são parte integrante dos ensinamentos aqui ministrados. Estamos a reorientar o modelo educativo - formativo para a área técnico profissional, como instrumento de apoio às necessidades de formação e qualificação dos portugueses, tendo por factores potenciadores, deste sistema formativo, as Forças Armadas, as Indústrias de Defesa, a cooperação com os PALOP, o tecido empresarial de reconhecido interesse estratégico nacional, ou, ainda, outras entidades que com o Instituto pretendam estabelecer parcerias na área do ensino. Reformulamos os conteúdos programáticos para Quatro cursos profissionais de nível 3, pois, queremos ser mais ambiciosos e, para além do que é exigido, dotar os nossos alunos com conhecimentos que permitam efectuar os exames nacionais, se o desejarem, em pé de igualdade com os conteúdos programáticos do ensino regular. Também as realizações académicas se mantiveram e nalguns casos ultrapassaram, os níveis de anos anteriores permitindo- nos salientar, entre outras: • Actuação do Grupo Coral e Instrumental, no encontro de coros dos Estabelecimentos Militares de Ensino, nas várias celebrações do IMPE e em outros locais para que foram convidados; • Actividades Desportivas com participações relevantes no Desporto Escolar e Federado em diversas modalidades, destacando o de termos obtido o primeiro lugar em Andebol e Remo nalgumas categorias; • Aderimos ao Programa Eco-Escola, programa de âmbito Internacional que pretende encorajar acções no âmbito da educação ambiental; • Participámos no programa Escola Electrão, destinado a sensibilizar a comunidade escolar para a recolha e valorização de Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos, tendo sido recolhido cerca de 4000Kg de material quando a média nacional por escola foi de 3000Kg; • Estivemos presentes em Feiras de Educação - Formação, nas cidades do Porto , Mafra, Seixal e Lisboa. No campo dos adultos, constituindo-se como que um novo vector de afirmação do Instituto, registamos com agrado a progressão de Boas Práticas nos aspectos metodológico e técnico do processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências para a aprendizagem ao longo da vida dos adultos que se dirigem ao Centro Novas Oportunidades do Exercito que se encontra inserido no seio destes ancestrais muros. Teve também o IMPE no ano 2008/2009 a missão de ministrar a componente tecnológica dos cursos de formação de sargentos de electrónica e mecânica para o Exército. Em relação às infra-estruturas e tendo presente a longevidade das instalações bem como os escassos recursos financeiros foram feitos vários melhoramentos de que se destacam: • A melhoria do conforto ambiental no Internato; • A beneficiação e monitorização da rede de água potável que permitirá economizar cerca de 20% do encargo anual; • A Colocação de Painéis Solares na Piscina que possibilitará uma redução de custos de 50% em combustível; • A adopção das medidas necessárias para a implantação do Plano tecnológico. Querer é Poder 7 EFEMÉRIDES Ninguém vive ou trabalha isoladamente, muito menos o fariam no IMPE. Essa a razão para reconhecer o inexcedível apoio que recebemos do escalão superior e de igual forma do Comando da Logística, especialmente da Direcção de Material e Transportes, Direcção de Aquisições e Direcção de Infraestruturas. Uma palavra muito especial para os Encarregados de Educação e familiares dos nossos alunos na certeza que queremos, desejamos e apreciamos a vossa colaboração e cada vez maior ligação connosco. Uma referência particular à Associação Pupilos do Exército que se tem constituído como instrumento fundamental, na divulgação, e valorização do Instituto. Gestão. Vamos ainda assumir como alcançável um novo paradigma do ensino. Aquele que assuma a vocação para criar, estimular a formação de empreendedores. Os alunos devem ser incentivados não só a aprender, mas sobretudo a saber fazer. Criar uma cultura de criatividade, do risco, do trabalho, do mérito e da responsabilidade social. Em paralelo estaremos em contactos, e é nossa intenção estreitar o relacionamento com a comunidade empresarial e, em particular, com a Associação de Empresas de Portugal e Associação Industrial Portuguesa no sentido de se potenciar a empregabilidade dos nossos alunos. A preservação e afirmação de uma longa e orgulhosa caminhada, forte e rica de quase cem anos é merecedora de notabilidade, mas isto exigiu e exigirá que o IMPE harmonize, sempre, as normas e rituais que originaram a sua existência e determinaram a sua missão, com os conceitos decorrentes da sociedade do conhecimento e competitividade da modernidade, mantendo-se assim, como uma Escola fundamental de Quadros qualificados a nível Nacional. São estas, intemporalidade e indispensabilidade que nos levam também a esperar do Poder e da sociedade civil o respeito e dignidade que julgamos merecedores. Temos o nosso espaço no panorama da Educação Nacional, como atesta o nosso percurso, mas hoje mais do que nunca, numa sociedade em rápida mutação a necessidade de preservar os valores da disciplina, ética, patriotismo, solidariedade são cada vez mais prementes e não alienáveis em nenhuma circunstância. A dispensabilidade da prática destes valores parece ser despiciendo falar, porque só análises dissimuladamente orientadas, para a sustentabilidade económica da EducaçãoFormação como único vector, ou a ignorância, a malignidade ou estultice poderão evocar a sua prescindibilidade. Aos militares, docentes e funcionários que servem nesta Instituição, quero manifestar o meu agradecimento muito sincero e profundo, pela dedicação, empenho e profissionalismo manifestados à causa dos Pupilos do Exército. Para vós Alunos, que sois sujeito e objecto do acto educativo, esforcei-vos para vencer mais este ano escolar que se vai aproximando do seu termo. Mantenhais bem viva a chama e a honra da briosa condição de PILÃO, e cultiveis e ajudeis a cultivar a tradição e os seus valores. Temos justificadamente a cara lavada e um grande orgulho e motivação por pertencermos à comunidade pilónica, como atestam a dignidade, o aprumo e a correcção, que podeis comprovar através do Batalhão de Alunos que se perfila à vossa frente. Com um espírito próprio de actuação e ritos que cimentam a sua coesão, distingue-se este Instituto de outra qualquer escola pública ou privada, que só tem paralelo com dois estabelecimentos congéneres: o Colégio Militar e o Instituto de Odivelas, a quem endereçamos uma saudação especial. Sabemos que temos obrigações quotidianas de sermos ainda melhores. Assim, projectando-nos para o futuro queremos dar-vos a conhecer os nossos desejos e ambições. O nosso amanhã já se iniciou com a preparação de 4 Cursos profissionais, dos quais ministraremos, já em Setembro, o de Técnicos de Manutenção Industrial e o de Técnicos de 8 Querer é Poder Senhor Secretário de Estado da Defesa Nacional e Assuntos do Mar Renovo os agradecimentos do IMPE pela presença de V.Exª na sua cerimónia mais emblemática e reafirmo que pode contar com a nossa inquestionável vontade em continuar a servir o País, com a cultura que nos é própria, no sentido de formar cidadãos úteis à pátria e que consigam elevar bem alto a nossa divisa: QUERER É PODER EFEMÉRIDES Encerramento das Actividades do Prémio Escolar da Defesa Nacional No dia 2 de Junho de 2009, pelas 11.00 h, realizaram-se no IMPE as Cerimónias de encerramento das actividades do prémio Escolar de Defesa Nacional. Nos Claustros, numa exposição, estiveram patentes os trabalhos elaborados pelos alunos do 9.º Ano na disciplina de História, apresentando temas do século XX: a 1ª República; a 1ª Grande Guerra; a 2ª Républica e o Estado Novo; a 2ª Grande Guerra; a Guerra em África também chamada Guerra Colonial; o 25 de Abril de 1974 e a 3ª República; a chamada Guerra Fria; a ONU; a NATO e a União Europeia. A Exposição foi inaugurada pelos Ex.mos Senhor General Chito Rodrigues, Presidente da Liga dos Combatentes, e pelo Senhor Major General Alves Rosa, Director do IMPE. Em seguida, no Museu da Instituição, o aluno n.º 50, João Filipe, apresentou o seu trabalho “Humberto Delgado e o Estado Novo”, tendo proferido algumas palavras a Professora Caimoto Duarte, o Comandante Bellém Ribeiro, os Ex.mos Senhor General Chito Rodrigues e Senhor Major General Alves Rosa que se congratularam com os trabalhos desenvolvidos pelos alunos ao longo do ano e que estão inseridos na realização de Actividades de Cidadania e Defesa, promovendo os Valores Pátrios e a Educação para a Cidadania com a formação cívica dos jovens. Recepção aos Professores da Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica No dia 30 de Setembro, uma delegação do IMPE compareceu à sessão solene de recepção aos professores, respondendo à amável solicitação da Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica. Delegação constituída pelos professores Ana Paula Rodrigues, Maria José Gonçalves, Luís Papinha, Miguel Gonçalves e Pedro André. A cerimónia teve início às 17h30, no Lar Madre Teresa de Saldanha, e teve como objectivos, de acordo com as palavras do presidente, «a criação de espaços para troca de experiências pedagógicas, o desenvolvimento das dinâmicas interpessoais, visando o sucesso educativo e a optimização de recursos na área de influência da Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica». O encontro começou com um agradável e divertido momento musical pelo grupo vocal Bisnag. Seguiu-se a abertura formal da sessão pela vogal da educação, Drª Emília Barradas de Noronha, e uma alocução do Presidente da Junta de Freguesia, Dr. Rodrigo Gonçalves. Teve depois lugar uma breve intervenção sobre o «Movimento da Escola Moderna.» Fomos também brindados com um intenso momento teatral pelos alunos da Escola Dona Leonor. A peça visava denunciar a violência, a violência na sociedade, a violência nas relações interpessoais, a violência entre os sexos. A coreografia foi acompanhada por uma banda sonora criteriosa, onde pontuavam Philip Glass, Michael Nyman, Robert Fripp, Steve Reich, Björk, entre outros. Depois da peça, teve lugar uma visita ao museu Madre Teresa de Saldanha, que guarda o espólio de algumas das mais significativas peças pertencentes à Madre, bem como de pinturas e desenhos da sua autoria. O encontro finalizou com um Porto de Honra traduzido num muito agradável lanche. Luís Papinha, Professor de Filosofia Nota: O presente Prémio Escolar, instituído pela revista “Defesa Nacional”, foi, em 1973, transferido para a administração da Liga dos Combatentes, com inteira anuência dos respectivos Departamentos Militares. A partir do ano escolar 2005/2006 o Prémio Escolar “Defesa Nacional/Liga dos Combatentes” foi constituído com um novo regulamento melhor adaptado aos novos tempos. Pela Professora: Maria de Jesus Pessanha Caimoto. Querer é Poder 9 EFEMÉRIDES VIAGEM DE FINALISTAS DO 9º ANO 2008/2009 23 de Junho 7.30 – Aeroporto de Figo Maduro O tão esperado e merecido início de férias tinha finalmente chegado. Era este o grande dia. O dia da partida para os Açores no C-130 da Força Aérea que nos levaria até Ponta Delgada. Um misto de alegria e emoção pairava nos rostos de todos os que partilharam tristezas e sorrisos, horas de estudo e de brincadeira. Era o final do 9ºAno !!! aproveitamento usado nesta central. Os alunos também visitaram as Furnas com a sua misteriosa lagoa e as inconfundíveis fumarolas que são um fenómeno de vulcanismo secundário muito característico. Puderam desta forma ver, sentir e cheirar este fenómeno que apenas conheciam dos audiovisuais usados nas aulas. Não poderíamos deixar de visitar a centenária Fábrica de Chá Gorreana, onde fomos recebidos pelo proprietário que, com a sabedoria dos longos anos de trabalho e a humildade e a simpatia típicas dos micaelenses, nos recebeu e explicou como são recolhidas e processadas as folhas dos diferentes chás que comercializam. Durante os trajectos que nos levaram aos lugares a visitar, os alunos foram alertados para o alinhamento dos cones de escórias tão característicos de S. Miguel, para depósitos de diferentes tipos de materiais vulcânicos nas vertentes que ladeavam as novas estradas da ilha e para as criptomérias, coníferas que preenchem a ilha juntamente com a floresta Este ano a viagem de finalistas do 9º ano foi a S. Miguel, nos Açores. Estas ilhas são um verdadeiro laboratório geológico de sismologia e vulcanologia e um lugar único com geomonumentos não existentes no Continente. Além disso, a circunstância de se localizarem em pleno oceano Atlântico faz com que, do ponto de vista biológico, estas ilhas sejam inconfundíveis pelas espécies vegetais e animais que se podem observar. Assim, as professoras consideraram que deveriam aproveitar esta oportunidade para explorar temas abordados pelos alunos durante o seu percurso escolar, nomeadamente, durante o 3º ciclo que agora terminaram. Desta forma, durante a viagem de finalistas os alunos visitaram a Caldeira do Fogo e a Caldeira Velha tendo-lhes sido explicado o processo de laurissilva e as imensas espécies de pteridófitas e briófitas. Foi ainda possível fazer a observação dos cetáceos que, felizmente, nesta época do ano, atravessam as águas ao largo da ilha. Esta actividade iniciou-se com um briefing onde foram caracterizadas as diferentes espécies que poderiam vir a ser observadas e foi explicado o método de observação de baleias e golfinhos. Depois partimos de barco e ao fim de meia hora visualizamos roazes (Tursiops truncatus) e mais tarde avistámos duas fêmeas e duas crias de cachalote (Phiseter macrocephalus). formação das caldeiras vulcânicas e a diferença entre “lagoa” e “caldeira”. Visitaram também a Central Geotérmica da Ribeira Grande onde é aproveitado, para produção de energia eléctrica, o calor contido no interior da Terra. A visita foi acompanhada pelo técnico de serviço responsável pela central, que fez uma explicação completa, sintética e acessível sobre o processo de 10 Querer é Poder No dia anterior ao do regresso, os alunos visitaram o Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos (CVARG), no Departamento de Geociências da Universidade dos Açores. Esta visita surgiu na sequência de um convite feito pelo Prof. Doutor José Madeira, que este ano lectivo proferiu uma palestra no IMPE sobre sismologia em Portugal, e que se encontrava a trabalhar em S. Miguel. Durante esta visita, os alunos foram elucidados sobre a forma como eram e como são actualmente registados e analisados os sismos que acontecem nos Açores. Foram também informados sobre o modo como é feita a determinação da magnitude e a localização epicentral. EFEMÉRIDES O grupo teve ainda o privilégio de visitar o Museu Militar de Ponta Delgada, ficando muito agradado por ver, entre outros, um antigo uniforme da saída do IMPE no interessante espólio deste Museu. Cerimónia de Imposição de Insígnias Os alunos, professoras e o Sr. Comandante de Companhia, Capitão Carriço, foram ainda recebidos pelo Sr. General Cameira Martins, ex-aluno do IMPE, que com um misto de alegria e emoção saudou a comunidade pilónica, recordando com orgulho histórias dos tempos felizes em que foi aluno neste Instituto. Apesar dos anos que separam estas gerações de “pilões”, o lema “Querer é Poder” está e estará sempre presente no olhar e no coração de todos os que têm o privilégio de passar por esta grande casa. Por ocasião da visita do Sr. General CEME à Zona Militar dos Açores tivemos ainda a honra de participar no almoço de boas-vindas que teve lugar na Messe de S. Gonçalo onde, aliás, todos fomos simpaticamente recebidos. No passado dia 18 de Setembro teve lugar a cerimónia de imposição de insígnias aos novos alunos graduados. Esta cerimónia, de elevado significado, foi presidida pelo Ex.mo Senhor Major – General Director do Instituto. Nesta cerimónia os novos graduados receberam as insígnias respectivas e, num momento de profundo alcance, o Comandante de Batalhão – Aluno recebeu do Director do Instituto e do último Aluno Comandante de Batalhão uma espada, réplica da do Fundador do IMPE, símbolo da função que passava a desempenhar. Igualmente os aluno porta-guião e aluno portaestandarte nacional receberam respectivamente o Guião do Instituto, confiado ao Corpo de Alunos e o Estandarte Nacional do Instituto. Transcrevemos os discursos proferidos nesta cerimónia pelo Adjunto do Corpo de Alunos, Maj. de Inf. Paulo Alexandre Teixeira de Almeida, e pelo novo Aluno Comandante de Batalhão, Diogo Ruivo. É de salientar a conduta, atitude e postura irrepreensíveis de todos os alunos do 9º ano que tão bem souberam representar o Instituto Militar dos Pupilos do Exército em todas as visitas, eventos e entidades que tiveram a gentileza e amabilidade de nos receber. À Zona Militar dos Açores, na pessoa do Sr. General Cameira Martins, ao Museu Militar, à Messe de S. Gonçalo, à Força Aérea, que teve a gentileza de nos transportar, ao Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos da Universidade dos Açores, à Central Geotérmica da Ribeira Grande e a todos os que directa ou indirectamente contribuíram para que esta visita fosse possível, uma palavra de apreço e gratidão. Esta viagem foi certamente o despertar de uma enorme vontade de um dia regressar a esta ilha de paisagens luxuriantes e únicas, foi a celebração da amizade, o final de um ciclo para alguns, para muitos o começo de outro... Ilda Cruz, Professora de Inglês Vera Milharadas, Professora de Ciências Querer é Poder 11 EFEMÉRIDES Discurso Imposição de Insígnias pelo Adjunto do Corpo de Alunos Exmo Sr Major General Director do Instituto Militar dos Pupilos do Exército Exmo Sr Presidente da Direcção da Associação dos Pupilos do Exército Exma Sra Presidente da Associação de Pais do Instituto Militar dos Pupilos do Exército Militares, Professores e Pessoal Civil do Instituto Caros Alunos e Ex-alunos Ilustres convidados A imposição de insígnias a que acabamos de assistir não é mais que um acto simbólico do assumir das funções para as quais estes alunos foram seleccionados, de acordo com o seu perfil, as suas capacidades e aptidões e acima de tudo, em função da conduta demonstrada ao longo dos anos em que foram permanecendo nesta Casa tão bela e tão ridente, de tradições quase seculares. Alunos Graduados: O dever do Aluno Graduado do Instituto é honrar a atribuição que lhe foi conferida, mantendo em todos os actos inerentes ao exercício desta nobres funções, uma conduta irrepreensível, quer no trato com os Militares, Professores e Funcionários Civis do Instituto quer no relacionamento com os demais alunos. Lembrai-vos sempre do Versículo escrito no livro da vida em Provérbios Capítulo 22 Versículo 6. “Instrui a Criança no caminho em que deve andar e até quando envelhecer não se desviará dele” Saliento, ainda, a importância que os Alunos Graduados têm na cadeia de comando do Corpo de Alunos. No que se refere ao funcionamento da estrutura, espero da vossa parte que continuem a manter um espírito de colaboração que se reflicta em melhorias visíveis na manutenção da disciplina, no controlo das formaturas, na conduta a adoptar pelos alunos mais novos no interior do Instituto e nas condições de habitabilidade do Internato. No âmbito do relacionamento entre os alunos, passa por vós o desenvolvimento de um espírito de corpo salutar que permita o são convívio entre todos os alunos do Batalhão Escolar, como garante de uma vida mais agradável no Instituto. Neste 12 Querer é Poder sentido e na medida em que estas são as vertentes basilares da vossa actuação, enquanto alunos graduados, é vosso dever, ou melhor, vossa obrigação, incutir através do exemplo, nos alunos mais novos o código de honra do Aluno do IMPE e em que, permitam-me o uso de um pouco de Português vernáculo, o “cábula”, o “baldas” o indisciplinado não são modelos válidos na sociedade em que vivemos e que apenas o estudante com sucesso, empenhado e disciplinado é exemplo a seguir pelos alunos do IMPE, como perspectiva de um futuro que se augura que seja próspero. Novos Alunos A vossa integração na comunidade educativa passa por estes alunos graduados. Como alunos mais velhos, mais experientes e mais conhecedores da vivência diária do Pilão, é sua obrigação manter um acompanhamento permanente, estar sempre prontos a dar um conselho face a uma atitude menos própria da vossa parte e, fundamentalmente, estender-vos a mão amiga nas más horas que irão surgir durante o longo ano lectivo que agora se inicia. Contem com eles e face ao seu procedimento, seleccionem os bons exemplos, os quais serão modelos a seguir no futuro. É ciente das dificuldades que têm sentido neste período de adaptação, que vos digo: Nada temais, pois são os vossos graduados que vos integrarão na vivência escolar e interna do Instituto, são eles que vos acompanharão permanentemente nos vossos medos, vos apoiarão nos vossos anseios e vos aconselharão quando a vossa atitude tenha sido menos própria. Procurai-os, pois, sempre que necessitardes de um conselho amigo. Alunos Lacerdas, vós sois também uma peça importante no acompanhamento dos alunos mais novos e no auxílio aos alunos graduados, trazendo-lhes a eles os problemas que os alunos mais novos não lhes sabem dizer. Sois vós também o elemento regulador das sãs tradições do Instituto. Aproveitando a oportunidade, permitam-me salientar: Ao presidente da APE, uma palavra de reconhecimento pelo apoio prestado ao longo destes anos de existência. Contudo, o Instituto espera de vós um maior apoio e empenho, em prol dos projectos que estão em desenvolvimento. Aos representantes da Associação de Pais, porta-voz dos Encarregados de Educação e, como primeiros responsáveis pela educação dos vossos filhos, exorto-vos, de uma forma edificante, a continuar a apoiar e consolidar a acção educativa do Instituto. Perante a presença do corpo docente, deixem-me salientar que este corpo de graduados conta convosco e que só uma ligação harmoniosa entre Corpo de Alunos, Professores e Encarregados de Educação permitirá uma vivência institucional consequente e activa. Só através de uma articulação efectiva e uma congregação de vontades da comunidade educativa do Instituto se desenvolverá o Projecto Educativo desta casa, tão bela e tão ridente, cuja missão nunca será formar elites, mas sim, transformar jovens em cidadãos úteis à Pátria, conforme estipulado pelo saudoso fundador, Gen Xavier Correia Barreto a 25 de Maio de 1911. Tenho dito Paulo Alexandre Teixeira de Almeida Maj Inf EFEMÉRIDES Discurso Imposição de Insígnias pelo Aluno Comandante de Batalhão ensinem o verdadeiro significado do espírito pilónico, sejam verdadeiros líderes e conduzam os alunos sob o vosso comando pelos caminhos mais correctos nesta sociedade em constante evolução. Não esquecendo sobretudo o verdadeiro motivo pelo qual estais nesta casa, estudar. Como evoca o hino do Instituto: “ao estudo e ao trabalho producente dediquemos com alma e com prazer toda a nossa atenção e alegremente saibamos este Instituto enobrecer!” que seja este o nosso mote. A Luz emanada pelo “farol” que se constitui a missão para o presente ano lectivo. Aos pais e familiares destes alunos recém graduados é importante que os incentivem e apoiem a cumprir a sua missão que é sem dúvida uma mais valia para o seu futuro. Digníssimos Convidados e Presentes, esta casa está a atravessar grandes mudanças a nível académico Exmo. Sr. Major General Director do Instituto Militar dos Pupilos do Exército Exmos. Representantes da Associação dos Pupilos do Exército Exma Sra Presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação, Senhores Oficiais, Professores, Sargentos, Praças e Funcionários Civis do Instituto. Ilustres Convidados, Pais e Encarregados de Educação. Caros Camaradas Pilões, É com grande orgulho e honra que me dirijo para todos vós na qualidade de Comandante de Batalhão desta casa que de menino me fez homem com valores que mais nenhuma casa me ensinaria e é meu dever juntamente com o restante corpo de graduados garantir a passagem desses mesmos valores enaltecendo este instituto ao qual chamamos a nossa casa tão bela e tão ridente. Não posso deixar de dar as boas vindas aos novos alunos desta casa, que se tornam um incentivo, para todos nós e aos quais iremos transmitir da melhor forma a nossa mensagem como alunos mais velhos, a estas novas gerações Pilónicas. A vós alunos, a camaradagem é essencial para que juntos atravessemos estas mudanças e tempos difíceis e de mudança que atravessamos. Respeitem os vossos graduados, olhem para eles como vossos irmãos mais velhos. A este novo Corpo de Graduados deixo desde já a seguinte mensagem: “o que vos é posto aos ombros nunca em caso algum vos suba à cabeça, mas sim que desça para o vosso coração para que com humildade continuem a amar esta casa!”. Cumpram o vosso dever com dignidade, sendo exemplo para todos os alunos que vos estão subordinados, com a implementação dos cursos profissionais que remontam um pouco à historia do nosso Instituto desde a sua fundação, não podemos esquecer também o facto de sermos recentemente uma eco-escola, que a par de outras estratégias nos coloca ao nível das melhoras escolas de excelência da europa. Tenhamos grande sentido de responsabilidade, saibamos lidar com os problemas sempre de cabeça erguida e sempre com o lema desta casa cravado no peito: “ Querer é Poder!” Tenho dito! Aluno Comandante de Batalhão Diogo Ruivo nº 62 Querer é Poder 13 ENGLISH CORNER The 3 Rs song ENGLISH CAN BE FUN AND SERIOUS TOO IMPE is now an environment-friendly school let us all sing an inspiring song while filling in the missing words. Can you guess them? Three it’s a magic number Yes it is, it’s a magic number Because two times three is six And three times six is eighteen And the eighteenth letter In the alphabet is (1)____________ We’ve got three Rs We’re going to talk about today We’ve got to learn to Reduce, Reuse, Recycle Reduce, Reuse, Recycle Reduce, Reuse, Recycle Reduce, Reuse, Recycle If you’re going to the market to buy some juice You’ve got to bring your own bags And you learn to reduce your (2)___________ And if your brother or your sister‘s Got some cool clothes You could try them on Before you buy some more of those Reuse, we’ve got to learn to (3)__________ And if the first two Rs don’t work out And if you’ve got to make some (4)_______ Don’t throw it out Recycle, we’ve got to learn to (5)_________ We’ve got to learn to Reduce, Reuse, Recycle Reduce, Reuse, Recycle Reduce, Reuse, Recycle Reduce, Reuse, Recycle Because three it’s a magic number Yes it is, it’s a magic number 3, 3, 3 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, 24, 27, 30, 33, 36 33, 30, 27, 24, 21, 21, 18, 15, 12, 9, 6, and 3, it’s a magic number! Jack Johnson, Sing-A-longs and Lullabies Professora, Ana Tendeiro Answer key: (1) R; (2) waste; (3) reuse; (4) trash; (5)recycle 14 Querer é Poder ENGLISH CORNER The Choices Looking back over the past decade and towards the future reveals a blossoming improvement of knowledge and scientific technology in our everyday life. The expected level of culture, experience and research is getting more and more demanding. To attain this goal we must deal with a lot of new situations, we must live and learn through a great variety of experiences. The more we learn, the more we will be able to enhance and promote our place in society. The choices we make determine our future. Life is full of opportunities. As life goes on, we have many obstacles to face and choices to make. We can either choose to do the least we can or we can try to accomplish a fantastic life filled with culture and knowledge. The choices we make will take us through many paths. So be strong, do the best you can. It’s up to you to ensure a meaningful life in order to be the best. Professora, Helena Marques “All the world’s a stage...” Escola, uma preparação para a vida No mundo em que vivemos, a escola deve ser entendida não só como uma preparação para a universidade, mas também para a vida. Na escola os alunos aprendem a participar numa actividade colectiva, a saber conviver com regras. Aprendem a interessar-se por saberes não como algo em si mesmo, mas como ferramentas para melhor compreender o mundo e agir sobre ele. Aprende-se a construir normas de convivência e a superar diferenças. Mais do que conteúdos, aprendem-se competências, constroem-se saberes. É exactamente o saber fazer, o conseguir fazer e o saber agir que se adquire na frequência dos cursos profissionais que agora fazem parte do currículo do Instituto. Estes são tão ou mais importantes que os cursos tradicionais. Ambos permitem o acesso ao ensino superior, no entanto, com a frequência dos cursos profissionais, o aluno obtém um certificado que lhe permite o ingresso nos cursos de especialização tecnológica, seguindo desde modo o lema do Instituto:”Criar cidadãos úteis à pátria”. Professora, Helena Marques Querer é Poder 15 ENGLISH CORNER “All the world’s a stage...” E todos usamos as nossas máscaras... mas ter um verdadeiro amigo é tirar a máscara nos bons e maus momentos e sermos nós mesmos. FRIENDS FOREVER We’re joined in a friendship That time cannot sever. With bonds we have built We’ll remain friends forever. We’re welded in spirit, Attached by our hearts. We’re fused by the feeling That friendship imparts. We’re tied by emotions, Connected by dreams. Reinforced by our hopes, Unified by extremes. No longer a function Of time or of space, Our love is a substance That life won’t replace No matter how distant We’ll always endeavor To sense the full meaning Of friendship forever. Bruce B. Wilmer 16 Querer é Poder “All the world’s a stage...” We attend a military boarding school called Instituto Militar dos Pupilos do Exército. We are in the 7th form. Our busy day starts at 6.30 a.m. We get up, brush our teeth and wash our face. Then we dress the uniform and go to the school canteen where we have breakfast. We normally have milk, cereals and bread. The morning classes start at 8 o’clock and finish at 5 to one p.m. That’s when we go to the school canteen to have lunch. We have a different dish everyday because it is important to have a balanced diet. The afternoon classes start at 2.30 p.m. and finish at a quarter to six. After classes we go back to our rooms and relax for a while. As one of us is not a boarder student, he goes home everyday, but we only go home and visit our family on Wednesdays and at weekends. Dinner is at 7 p.m. After dinner we study, do the homework and prepare our schoolbag for the following day. This is the best part of the day. We play, talk and also help each other a lot. The older students play an important role, especially when we do not have classes and are on our own. We learn a lot from them… We go to bed at about 10 p.m. We love our School- our Home. Querer é Poder! is our school´s motto. Texto colectivo realizado na aula de Inglês a propósito de um dos conteúdos estudados “Routines”. 7ºAno-Turma B VISITAS DE ESTUDO Comemoração do V Aniversário do Museu da Presidência da República Obrigado, IMPE. Foi uma bela tarde. No dia 2 de Outubro, à tarde, os alunos dos 8º e 9º anos foram ao Museu da Presidência da República participar num Paddy Paper. Fomos acompanhados pelas nossas Professoras de História, Marília Gama, Maria de Jesus Duarte, Maria Isabel Dias, e pelo Professor de Educação Física, Pedro Tomás. Chegados a Belém, saímos das carrinhas e aguardámos à entrada do Museu. Entretanto tirámos umas fotos que serviriam para o nosso “ ilustre site”. Gostamos que a família saiba como foi a nossa visita de estudo e que toda a gente nos veja… À entrada do Museu fomos revistados pelas Forças de Segurança. Achámos graça. Estavam lá as alunas do Instituto de Odivelas e os alunos do Estabelecimento de Ensino “Agrupamento Zarco”. Dividiram-nos em equipas previamente constituídas para a actividade que ia decorrer e foram explicadas as regras do jogo. Após breve reunião com os capitães das equipas, os guias deram a cada grupo um mapa e algumas indicações sobre o percurso. As equipas tinham percursos diferentes, mas passavam pelos mesmos pontos principais. Cada ponto só era ultrapassado após as equipas responderem a uma ou mais questões sobre o Museu, relacionadas com a História de Portugal, principalmente com a época da República (do 5 de Outubro de 1910 até aos nossos dias). Fizeram também perguntas sobre as ordens Honoríficas Portuguesas, uma vez que o Presidente da República é o Grão- Mestre dessas Ordens e o Museu expõe uma vasta colecção de insígnias correspondentes. A primeira equipa a acabar ganharia o 1º Prémio. As alunas do Instituto de Odivelas ficaram em 1º lugar e nós em segundo e terceiro. Mais uma vez os alunos do IMPE estiveram à altura das circunstâncias. Mostraram uma enorme capacidade e abertura a novos desafios, tendo obtido bons resultados. Estivemos a conversar com as meninas de Odivelas e foi uma tarde muito agradável com muita diversão e alegria entre todos. Reparámos que as alunas iam de fato de treino e não de farda. Estava bem pensado! Ficava-lhes muito bem e era prático. Mas com farda ou fato de treino, o principal foi termos passado um tempo de forma especial e diferente! Com muito convívio. No fim, ainda gritámos uma “Jacarézada” ao IMPE e aos nossos professores. Enquanto esperávamos pelas carrinhas, estivemos a conversar com os guardas do Palácio. Divertimo-nos imenso! Foi uma boa visita de estudo e uma bela tarde de 6ª feira. Obrigado. Relatório elaborado pelos alunos do 9º ano, turmas A e B, na Disciplina de História da Professora Maria de Jesus Caimoto Duarte. Querer é Poder 17 VISITAS DE ESTUDO O IMPE no DOCLISBOA 2009 No passado dia 19 de Outubro, pelas 14h00, os alunos dos 11º e 12º anos do Instituto foram ao Doclisboa, assistir a “Rough Aunties”, de Kim Longinotto, no Pequeno Auditório da Culturgest. O documentário conta a história de Jackie, Mildred, Eureka, Sdudla e Thuli motores de Bobbi Bear, uma associação em Durban, África do Sul, que presta apoio a crianças abusadas sexualmente e que procura levar os seus agressores à Justiça. Cinco mulheres extraordinárias que lutam para defender jovens e crianças esquecendo os seus próprios dramas, os seus problemas, as suas vidas pessoais em prol dos mais desprotegidos, transformadas pela sua missão, em poderosas agentes de mudança no interior da sua comunidade. A visita inseriu-se no âmbito das disciplinas de EMRC, Filosofia e Inglês. Os alunos foram acompanhados pelos professores das referidas disciplinas. Passatempo Nature; Environnement; Catastrophe; Pollution; Citoyens; Dechet; Ecogest; Toxique Trabalho realizado pelos alunos do 9ºB 18 Querer é Poder A NOSSA CASA Pilão: Uma Vida! O Início do Fim Começou, no dia 1 de Setembro de 2009, o início do fim do meu percurso nesta casa que carinhosamente trato por “Pilão”. Antes de entrar, quando areei a minha farda pela primeira vez depois das longas férias de verão, senti a nostalgia de saber que esta seria uma das últimas vezes que o faria, visto que o meu percurso no IMPE, se tudo correr bem, terminará este ano. Foi uma sensação estranha… Chorar de felicidade por vir ter com os meus amigos, de tristeza por este ser o meu último ano, de contentamento por ter sido escolhido para graduado… Enfim, não sei mais como descrever este sentimento. Nas duas semanas da Escola de Graduados, para além do exercício físico, tivemos ainda palestras que serão a nossa orientação para este ano, quer para comandar uma secção, pelotão, companhia ou batalhão quer para nos ajudar a decidir o nosso futuro profissional, o que, no meu caso, já está traçado desde o 7º ano quando decidi ser militar, à semelhança de quase toda a minha família que serviu e ainda serve o meu país. Só andei indeciso entre o Exército e a Marinha, mas a última opção é a mais aliciante. No último dia de Escola de Graduados, quando soube que iria ser Porta – Estandarte Nacional, recuei no tempo até ao dia 16 de Setembro de 2007, dia em que entrei confuso, mas convicto de que aqui iria triunfar. Foi um ano difícil; brinquei, ri, chorei e sofri; aprendi conceitos que hoje não consigo esquecer, tais como abnegação (dar a vida pelo outro sem querer nada em troca), espírito de corpo, camaradagem, entre outros. O meu primeiro ano não começou bem, uma vez que tive negativa a Geometria Descritiva, motivo que me levou a trocar as Ciências e Tecnologias pelas Ciências Socioeconómicas. Apesar de tudo, no final do ano consegui atingir o objectivo de chegar ao Quadro de Honra. No meu segundo ano, já como “aluno mais velho”, tentei sempre ser exemplo para os mais novos, quer pelo meu carácter, humilde e cumpridor, quer pelas notas escolares. Queria atingir a Medalha de Prata por Aplicação Literária, mas os resultados do primeiro período impediram o alcançar desta meta. Contudo, acabei os segundo e terceiro períodos como aluno do Quadro de Honra e do Quadro de Mérito por Aplicação Literária. Espero que este ano venha a conseguir a Medalha de Ouro por Aplicação Literária e, para além de ajudar o IMPE nas suas missões, chegar aos exames, tirar boas notas e, assim, entrar na Escola Naval para que me possa tornar oficial da Marinha de Guerra e um… “Pilão Naval”. Gonçalo Cruzeiro – 12ºB Entrei neste Instituto no 7º ano, estávamos nós em Setembro de 2004. No meu caso, entrei por alguma influência familiar, mas tive toda a liberdade para decidir um novo ciclo da minha vida. Quando entrei, confesso que me senti um pouco intimidado pelos militares e pelos alunos mais velhos, porém, integrei-me rapidamente graças às nossas praxes e tradições. O tempo neste Ínstituto corre a uma velocidade alucinante. Quando dei por mim, estava a começar o 9º ano. Desde que entrara, assistira já a muitas desistências de outros colegas. Para minha infelicidade já não tinha ninguém que tivesse entrado comigo no 7º ano. Mas essa infelicidade rapidamente passou, pois tinha novos camaradas que se iriam tornar nos meus melhores amigos. Com estes novos companheiros passei o meu melhor ano nos Pupilos. Diverti-me imenso e, para além disso, tive óptimo aproveitamento escolar. No 10º ano veio uma lufada de ar fresco. Entraram muitos alunos novos, nomeadamente para o meu ano. Foi bom, porque voltei a ter oportunidade de conhecer novos camaradas e de ter outra vez um pelotão unido pelo espírito pilónico e de entreajuda. Para mim, o pelotão do meu 10º ano foi o melhor onde estive integrado. Permitiu-me fazer um trabalho pelo qual seria premiado no 11º ano ao ser nomeado Comandante do 3º Pelotão da 1ª Companhia. Foi uma sensação inexplicável receber a carta de nomeação para o Corpo de Graduados. A uma sensação de enorme orgulho pessoal por sermos reconhecidos pela nossa dedicação e pelo nosso trabalho segue-se um momento de enorme tensão: quando nos deparamos pela 1ª vez com o nosso pelotão. É como se nos estivéssemos a rever nos alunos mais novos e, pela primeira vez, fui capaz de me pôr no lugar dos meus antigos graduados. Fiquei muito feliz por dar continuidade a um ciclo de passagem que já se repete há 98 anos! O grande desafio deste ano será ser Porta – Guião, cargo que muito respeito. Nas cerimónias, levo o símbolo do Pilão e é como se carregasse todo o peso desta casa, as suas tradições, os seus valores, a sua história e, principalmente, cada um dos seus alunos. É com esta enorme responsabilidade que começo a despedir-me desta minha casa. Por agora, resta-me desfrutar ao máximo de todas as últimas “jacarezadas”; de todas as últimas cerimónias; do último 25 de Maio; do último Carnaval; dos últimos cânticos; dos últimos hinos… Quando tudo terminar, ficarão as saudades!... João Ferreira – 12ºB Querer é Poder 19 A NOSSA CASA O Amor a Esta Casa Quando a minha professora propôs o tema do amor para uma composição, pensei em escrever sobre o amor que tenho a mim-próprio ou aquele que tenho pela minha mãe, pelo meu pai, pelo meu irmão, pela família… O que me soou melhor foi escrever sobre o amor que tenho pela minha casa, o Pilão. Embora seja um aluno externo, com muita pena minha, gosto muito da minha escola. Desde o meu sexto ano que quero ser interno mas não posso por razões pessoais. Há quem diga que eu não sou um verdadeiro Pilão por ser externo. Enganam-se, tenho muita honra em representar o Instituto, em vestir a farda azul e respeito todos os seus símbolos. O meu amor pelo Pilão é muito grande e o seu lema uma grande orientação “Querer é Poder!” João Fernandes, 25/07 8ºA O Ser Graduado Pediram-me para descrever o que é ser graduado, o que sentimos e que deveres e direitos se nos impõem. Todos concordam que não é facil, e há muitas responsabilidades que temos de assumir, mas ser graduado não é só comandar e dar as vozes de “firme” e “sentido”, “em frente, marche!”. É muito mais do que isso... Quando decidi vir para o Instituto, tinha noção de todas os ideais que o caracterizam, tais como ética, moral, disciplina e camaradagem. Ser graduado é respeitar e saber fazer respeitar todos estes valores. É intregar os novos alunos, explicar como funciona o sistema, qual o significado das patentes e o porquê de se fazer isto e aquilo. É também referenciar as tradições. Mas tudo isto custa, e é muito difícil conseguir conciliar os estudos com o desempenho das nossas funções. Mas esta experiência permitirá o nosso desenvolvimento moral e social. Termino este texto com as palavras proferidas pelo Comandante de Batalhão, Diogo Ruivo, aquando do seu discurso na Cerimónia de Imposição de Insígnias: “ Alunos Graduados, o que vos é posto aos ombros nunca em caso algum vos suba à cabeça, mas sim que desça para o vosso coração para que com humildade continuem a amar esta casa!”. Esta frase só resume tudo. Francisco Lopes 60/08 20 Querer é Poder Ser Pilão Quando me olho ao espelho, vejo um rapaz alto, bemparecido, em plena adolescência. Vejo um rapaz com objectivos pelos quais luta, esforçando-se todos os dias para ser melhor. Sinto a responsabilidade de não desiludir nunca os meus pais de quem tanto me orgulho e que quero, acima de tudo, ver felizes, apesar de nada me exigirem para além da dignidade. Quando me olho ao espelho, ainda recordo como era pequeno quando entrei nesta “Casa” e vesti a farda pela primeira vez. Lembro-me do quão difícil era fazer o nó da gravata, manter as botas sempre engraxadas e brilhantes, arear os botões da farda, coser um botão ou outro que numa brincadeira mais eufórica teimara em cair. Algumas tristezas, muitas alegrias, momentos únicos... Vejo-me um futuro homem que honrará, sem dúvida, esta “Casa” que me viu crescer e que me mostrou que o sentido do Dever, da Responsabilidade, do Espírito de Sacríficio e do Respeito são valores que devemos guardar para a vida. Quando me olho ao espelho, sinto que se o meu percurso tivesse sido outro talvez a imagem reflectida fosse diferente. É esta a singela homenagem que quero prestar a todos os que têm tornado aquele menino de dez anos num rapaz que acredita que “Querer é Poder”. João Filipe, Aluno nº50 (texto redigido no Ano Lectivo 2008/09) Eu nunca fui um aluno excelente, muito pelo contrário, sempre tive algumas dificuldades, sobretudo nas línguas. Sei que, quando quero, consigo; por isso vou-me esforçar ao máximo e dar o meu melhor para obter os melhores resultados que alguma vez tenha tido. Distraio-me facilmente, mas este ano vou tentar concentrar-me nos estudos. Sei que assim conseguirei alcançar os meus objectivos – não ter negativas e passar de ano com boas notas. Tenho que acreditar no lema desta grande casa “Querer é Poder”. Leonel Gama, Aluno nº 161 (texto redigido no Ano Lectivo 2008/09) SAÚDE A NOSSA CASA A Minha Paixão Por Esta Casa QUEM SOU EU? Desde os meus cinco anos que gostava de ser militar e dizia sempre ao meu pai “quando crescer vou ser militar”. Os anos passaram e quando chegou a altura de entrar no IMPE, o meu pai inscreveu-me e só me avisou que teria que realizar as provas um mês e meio antes das mesmas. Fi-las e passei. Quando cá entrei, era tudo estranho para mim, parecia que tinha entrado num mundo novo. À medida que o tempo foi passando, fui-me habituando a esta casa, e percebi que fazer parte deste mundo iria fazer de mim um verdadeiro homem. Aqui fiz verdadeiros amigos, aprendi a ser camarada e principalmente a ser Pilão… Estou a crescer, vivo momentos bons e maus. Gosto desta casa e espero só deixá-la após concluir o 12º ano. Esta casa estará sempre no meu coração. Sou o Mário e estou no IMPE porque sempre gostei de coisas deste género, militares. Fui eu quem tomou a decisão de vir para aqui, pois os meus pais não gostaram muito da ideia, devido à distância: Lisboa e Bragança não ficam nada perto. Eu deixei muitos amigos lá, mas também já ganhei muitos cá. Eu fazia vários desportos, como natação, karaté, rugby, futebol, basquete, entre outros, mas o meu preferido era a natação, onde era federado e ia a várias competições. Rachid Pachire (8ºB) 801/07 Estou muito contente de estar aqui. Mesmo tendo saudades dos meus pais, estou muito feliz e orgulhoso por estar no IMPE. Alves – 78/09 8ºC Novo Director do Serviço Escolar O Coronel de Cavalaria, Rui Alves Tavares Ferreira nasceu em 5 de Setembro de 1958, em Lisboa, é casado e tem dois filhos. Ingressou na Academia Militar em 16 de Novembro de 1977, tendo concluído o Curso de Cavalaria em 31 de Agosto de 1983 Foi promovido ao actual posto em 17 de Outubro de 2005 Prestou serviço nas seguintes Unidades e Órgãos: Escola Prática de Cavalaria (Santarém) de 01-09-1983 a 26-12-1984 Regimento de Cavalaria Nº 3 (Estremoz) de 27-12-1984 a 03-10-1990 Regimento de Cavalaria Nº 4 (Santa Margarida) de 04-10-1990 a 09-08-1992 Regimento de Lanceiros Nº 2 (Lisboa) de 10-08-1992 a 04-07-1993 Regimento de Cavalaria Nº 4 (Santa Margarida) de 05-07-1993 a 07-11-1993 Escola de Sargentos do Exército (Caldas da Rainha) 08-11-1993 a 09-08-1995 Direcção de Administração e Mobilização de Pessoal (Lisboa) de 10-08-1995 a 01-08-1999 Regimento de Lanceiros Nº 2 (Lisboa) de 02-08-1999 a 04-07-2002 Estado-Maior do Exército de 29-07-2002 a 08-01-2006 Unidade de Apoio do Estado-Maior do Exército (Lisboa) 09-01-2006 a 13-09-2009 Da sua folha de serviços constam doze louvores, dos quais, oito em Comando de Tropas Possui as seguintes condecorações: Medalha de Comportamento Exemplar/Prata (28-04-1994) Medalha de Mérito Militar/2ª Classe (26-04-2002) Medalha de Mérito Militar/1ª Classe (21-11-2006) Medalha de Comportamento Exemplar/Ouro (18-07-2008) Desde 14 de Setembro de 2009 desempenha o cargo de Chefe do Serviço Escolar do Instituto Militar dos Pupilos do Exército. 22 Querer é Poder A NOSSA CASA TOMADA DE POSSE COMANDANTE CORPO DE ALUNOS Decorreu no dia 11Nov09 a cerimónia de tomada de posse do novo Comandante do Corpo de Alunos do IMPE. As forças em parada, sob o comando do Comandante de Batalhão Escolar, aluno nº 62 Diogo Ruivo, prestaram continência ao novo comandante do Corpo de Alunos, TCOR INF Jorge Luís Leão da Costa Campos. O Guião, à guarda do Corpo de Alunos, foi entregue ao novo comandante do Corpo de Alunos TCOR Campos. A passagem do Guião, símbolo de maior valor no Corpo de Alunos, representa a transferência das “ilustres tradições do Instituto” para o novo comandante do Corpo de Alunos e o assumir, por parte deste, da mui nobre e difícil missão que lhe está atribuída: “Enquadrar os alunos formando-os moral, social e militarmente, incutindo-lhes fortes sentimentos patrióticos e verdadeiro entusiasmo pela prática das virtudes, dos deveres morais, cívicos e militares, bem como das tradições do Instituto”. Novo Comandante do Corpo de Alunos O TCOR. de Infantaria, Jorge Luís Leão da Costa Campos, nasceu em Angola em 1960, é casado e tem dois filhos. Foi incorporado na Escola Prática de Infantaria em Março de 1g981, no C.G.M./C.O.M., tendo desempenhado funções naquela Escola, como Aspirante e Alferes Miliciano até 1983, data em que ingressou na Academia Militar, onde conclluiu o Curso de Infantaria em 1988/89. Esteve colocado nas seguintes unidades: - Escola Prática de Infantaria de 19898 a 2003 - Regimento de Infantaria Nº 19 (Chaves) em 2003/2004 - Comando da Instrução e Doutrina de 2004 a 2006 - Joint Analysis and Lessons Learned Center (JALLC/ NATO), de 2006 a 2009 - Em 10 de Novembro de 2009, apresentou-se no IMPE como Comandante do Corpo de Alunos. Possui os seguintes Cursos: - Curso cde Missil TOW (Sta. Margarida) - Curso de Missil MILAN (EPI) - Curso de Planeamento e Avaliação da Instrução (EPI) - Curso de Métodos cde Instrução (Reino Unido) - Evaluation and Validation Course (Reino Unido) - Curso de Anállise de Formação e Avalilação (Base Naval da Formação do Alfeite) - Curso de Counter Improvised Explosive Devices (CIED), para Battalion Staff (Alemanha) - Curso de Analista (JALLC, Lisboa) - Interoperability and Standardization Course (Universidade Técnica de Varsóvia, Polónia) As principais funções desempenhadas durante a sua carreira foram: - Comandante de Pelotão de Instrução (EPI) - Comandante do PelAcar do BEOp (EPI) - Comandante de Companhia de Instrução (EPI) - Comandante do Batalhão Escolar (EPI) - Instrutor de Misseis TOW e MILAN (EPI) - Chefe da Secção de Estudos Técnicos (EPI) - Chefe da Secção de Pessoal (EPI) - Monitor da Comunidade Europeia (Bósnia Herzegovina) - 2º Comandante do Agrupamento FOXTROT/BLI (Timor Leste) - Assessor na Cooperação TécnicoMilitar (Angola) - Analista do JALLC/NATO no Afeganistão Querer é Poder 23 PÁGINA DO CNO Mais Uma Conquista Terminei no passado dia 29 de Junho com a sessão de Júri o processo de Certificação do 12º Ano pelo RVCC, no CNO do Instituto Militar dos Pupilos do Exército. Tive conhecimento do processo de RVCC no meu local de trabalho. Após uma entrevista individual e o pedido de elaboração de uma história de vida, fiquei a saber o que poderia fazer. Fiquei logo entusiasmada, com vontade de ir mais além, e decidi fazer o 12º ano, porque acho que o saber não ocupa lugar e pode-me ajudar, tanto no momento actual da minha vida como em futuros projectos, porque “aprender compensa”. Ao fim de muitos anos e de tantas experiências, umas boas outras menos boas, decidi completar a minha formação académica, porque ao longo da vida fui aprendendo que quando uma porta se fecha abre-se logo uma janela, basta estarmos atentos e aproveitar as oportunidades que a vida nos dá. Iniciei este projecto com a convicção de que seria bem sucedida e o meu objectivo sempre foi chegar ao fim, consciente desde o início de que não teria pela frente uma tarefa facilitada. Deparei-me ao longo do processo com algumas dificuldades que me fizeram vacilar e cheguei a pensar em desistir, não por falta de capacidade para realizar o trabalho, mas, sobretudo, por dificuldades em conciliar a vida familiar e profissional com as tarefas inerentes às funções de mãe, esposa e dona de casa. Desde o início que perspectivei este processo como uma oportunidade única, o que me determinou a ultrapassar todos esses obstáculos. De certa forma, vi aqui a oportunidade para sarar uma mágoa que me acompanhava desde os tempos de estudante. O facto de não ter completado o 12º ano impediu-me de seguir uma vida académica que tanto ambicionava. Este processo impõe uma metodologia presencial e à distância, exigindo disponibilidade para a conclusão das inúmeras actividades propostas, disponibilidade que, como já antes referi, se encontra fortemente condicionada, não só pelas exigências profissionais, mas também pelas familiares, próprias de quem tem filhos ainda com idade de brincar. Foram muitas as horas de que tive de despender para a conclusão de todos os temas propostos no processo de RVCC, uma vez que havia sempre alguma coisa para fazer em casa. Quando, por vezes, me predispunha a fazer algum trabalho, algo inopinado surgia como, por exemplo, a minha filha, que me dizia com alguma frequência “MÃE, QUANDO É QUE BRINCAS COMIGO?” ou “AGORA NUNCA TENS TEMPO PARA MIM, JÁ NÃO ME DÁS MIMINHOS COMO ANTES” ou ainda “PODES AJUDAR-ME NOS TRABALHOS DE CASA”?, etc. 24 Querer é Poder Mas mesmo assim, o balanço que faço é positivo. Os temas tratados no referencial obrigaram-me a uma reflexão sobre a minha vida e sobre mim própria, dando importância a certos pormenores que até aqui quase me passavam despercebidos. O RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências) deu-me uma nova oportunidade, já depois de adulta, de validar e certificar as competências que adquiri ao longo da minha vida. Competências pessoais e profissionais que estavam esquecidas e que eu julguei já não me servirem para nada, mas que foram valorizadas graças a este sistema. A narrativa de vida foi interessante, uma vez que me fez reviver um pouco o passado, incluindo algumas coisas das quais eu já não me lembrava. Foi muito positivo, pois acho que nunca tinha recordado as coisas desta maneira. Foi bom relembrar todo o meu passado e tudo o que já tinha feito no sentido de valorizar todas as experiências que tinha tido e de me aperceber de que algumas delas tinham sido o suporte dos conhecimentos que hoje tenho e que fui adquirindo. Também surgiram algumas recordações daquelas que muitas vezes queremos esquecer, o que me provocou alguma desestabilização, particularmente a nível emocional. Mas as experiências positivas acabam por colocar as más em segundo lugar. Este processo fez-me recuar ao meu passado. Fui lembrar-me do tempo de escola, dos amigos, da minha família, dos colegas de trabalho, da minha auto-formação, como pessoa responsável que sou, entre outras coisas. Considero este processo como uma viagem ao passado. Uma das maiores dificuldades que encontrei foi fazer a ligação entre a minha história de vida e os trabalhos a realizar para evidenciar as competências. Tal contribuiu em muito para uma reflexão de vida e permitiu-me encontrar quer o lado mais positivo quer o menos positivo do meu percurso. Outra dificuldade que tive, mas que consegui superar com um certo esforço, foi o facto de já ter deixado de estudar há alguns anos. Com dedicação, ultrapassei esta barreira e é uma prova nítida, na minha maneira de ver, que só não consegue obter o que quer quem não se esforça. Pertencendo a esta casa há 13 anos, não podia deixar de seguir o seu lema: “QUERER É PODER”. Na minha opinião, o facto de iniciarmos a nossa história de vida sem termos a mínima noção de quais os temas que teremos de tratar dificulta o trabalho final, porém, ao elaborar a história da minha vida, iam-me sempre surgindo ideias. Nem tudo são pontos negativos, pois gostei muito de reflectir sobre o dever e os benefícios da reciclagem, porque é uma área que me preocupa muito, na medida em que temos que nos preocupar com o futuro do ambiente e também deixar um “Mundo São” como herança para os nossos filhos. PÁGINA DO CNO Gostava de poder continuar a estudar mais, ir mais longe, quem sabe tirar o curso superior que eu sempre idealizei, não agora que a minha filha ainda é muito dependente de mim, mas quando ela for mais crescida. Com o 12º ano feito, já é meio caminho andado. Tenho consciência de que fiz um bom trabalho e compreendo agora as exigências que nos impuseram, elevando, assim, a bitola da qualidade. Este é um processo novo, com novos métodos, por isso só daqui a alguns anos se conseguirá fazer um balanço positivo ou negativo deste sistema. Uma palavra de agradecimento ao meu marido, pois eu muitas vezes passava horas dedicadas a isto e ele sempre teve uma palavra de incentivo e apoio. Um beijo à minha filha, a quem eu tirei tempo e dedicação. Não posso deixar de referir ainda todo o trabalho realizado pela maravilhosa equipa de profissionais que me acompanhou e que me ajudou neste processo desde o início até ao fim. O meu muito obrigado a todas elas por me terem ajudado a chegar até aqui, pois sem elas, provavelmente, eu teria desistido. Foi graças à força que me deram e ao empenho de todos estes profissionais que eu não abandonei este barco. Fizeram-me andar de cabeça bem levantada e acreditar que sou capaz de ir mais longe. É a elas que eu dedico esta minha vitória, visto que, sem o seu profissionalismo, eu não estaria hoje aqui a escrever este artigo. A todos: bem hajam! Votos sinceros de futuras vitórias a todos os níveis. Rosa Sofia “O Homem Que Venceu na vida é aquele que acreditou em si”. O futuro é incerto, mas a vida ensina que, vivendo o dia-a-dia, moldamos o futuro. Adoro a minha vida, todavia, vivo o presente tentando preparar o futuro, visto ser incerto e a acomodação a esta incerteza ter um risco demasiado alto. Chegou o fim de mais uma concretização: a certificação do 12º ano. Foi um processo complexo e exigente que se iniciou em Novembro de 2008, com a minha inscrição no CNO do nosso Instituto. Foi um processo de moldagem, inspiração e, ao mesmo tempo, pareceu-me que fui ao sótão abrir o baú das recordações para as expor por escrito no Portfolio. Por vezes, não aproveitamos os momentos de estudante, vivemos com a cabeça na lua, sem projectos feitos nem caminhos construídos. Mas como nunca é tarde para aprender, só temos que tirar as mãos dos bolsos e voltar a percorrer os caminhos perdidos. Quando se começa um processo de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências de nível Secundário, a elaboração do Portfolio Reflexivo de Aprendizagens parece um “bicho-de-sete-cabeças”. Este género de dossier pessoal de competências, que consiste na compilação e arquivo de todos os documentos que comprovam as aprendizagens que afirmamos ter efectuado ao longo da nossa vida, visa identificar as aprendizagens realizadas em diferentes situações: profissionais, pessoais e sociais. Penso que favorece a auto-descoberta dos saberes e competências obtidos através da experiência, nem sempre valorizados, e dos quais nem sempre temos consciência. Quando chegamos ao fim deste magnífico trabalho, vivemos memórias, muitas delas esquecidas, expomos as nossas capacidades, os nossos conhecimentos e tudo fica como uma enciclopédia das artes do nosso saber. Quem me conhece, sabe que uma das mensagens que sempre transmiti aos camaradas foi não parar de estudar, apostar na formação profissional, para um dia o futuro ter mais oportunidades. Hoje, ao escrever estas palavras, só tenho de continuar a referir o mesmo. Parando, não se conseguem alcançar objectivos, não se conseguem atingir metas nem construir caminhos. Não parem de apostar em vós, continuem e aproveitem as boas oportunidades que são dadas e valorizem muito a vida e os vossos conhecimentos. Ricardo Estêvão Tracei objectivos, muitos deles realizados e concluídos com êxito, devido à dedicação e a muita força de vontade. Algumas das horas da minha vida foram passadas a escrever acerca da mesma, para conseguir chegar a bom porto e assim reconstruir o itinerário de adulto ao nível pessoal, profissional e social. Querer é Poder 25 ESCRITOS REDUÇÃO NO CONSUMO DE ENERGIA ELÉCTRICA Fruto das medidas de eficiência energética que têm vindo a ser implementadas no Instituto, o consumo de energia eléctrica na 1ª Secção tem vindo a reduzir pelo 8º mês consecutivo. Os resultados apurados até ao momento traduzem uma poupança energética na ordem dos 12 117 Kwh. 26 Querer é Poder ESCRITOS Ensino Profissional – Que Futuro? O Ensino Profissional começou a dar os primeiros passos em Portugal há 20 anos atrás. Um período de maturidade suficientemente longo para permitir uma avaliação dos seus sucessos e dos seus constrangimentos e tentar descortinar qual será o futuro deste subsistema de ensino. Actualmente uma das principais críticas apontadas à escola é a sua incapacidade de preparar os jovens para a vida activa. Crítica essa bastante justificada, tendo em conta que são milhares os alunos que todos os anos terminam a escolaridade sem que tenham adquirido as competências necessárias para enfrentar o mercado, pois apresentam-se no mesmo sem qualificações válidas para as suas exigências. A fraca oferta de emprego qualificado, os baixos índices de remuneração, a falta de reconhecimento das habilitações por parte das empresas são algumas das razões que, porventura, mais contribuirão para o desinteresse pela formação. Nos últimos anos, o Ministério da Educação tem tentado encontrar um modelo credível para a reestruturação do ensino secundário. Em 1983, iniciou com a experiência de formação técnico-profissional neste âmbito criando um plano curricular muito semelhante ao do ensino regular. Pretendia-se, assim, dotar o país de mão-de-obra qualificada. Contudo, a afectação de recursos não correspondeu à ambição do projecto e as escolas debateram-se com alguns problemas graves, nomeadamente a falta de equipamentos e de especialistas qualificados em determinadas áreas tecnológicas. Mas outros constrangimentos transpareceram, como por exemplo as “limitações” no escasso envolvimento dos professores, alunos, pais, empresários e até autarcas, criando assim um desajustamento entre a oferta e a procura de cursos – com excedentes permanentes na oferta, ausência de financiamento significativo, currículos uniformes, rígidos e principalmente desajustados às realidades do mercado de trabalho. No entanto, entre 1986 e 1989, a procura foi aumentando, tendo-se atingido a formação de 23 mil jovens. É nesta altura, que se volta a dar interesse a esta tipologia de ensino e surgem novas regulamentações, de forma a criar as infra-estruturas necessárias para uma correcta operacionalização desta modalidade. Uma das inovações introduzidas foi a criação de protocolos, entre os diferentes promotores, criando assim uma co-responsabilização aquando a criação da escola e na posterior inserção dos alunos no mercado de trabalho. Uma segunda novidade verificou-se ao nível da delegação de autonomia pedagógica, administrativa e financeira. Esta autonomia permitiu que cada escola pudesse construir o seu currículo, definindo os saberes e as competências que melhor se ajustavam ao perfil profissional dos cursos e às necessidades da comunidade local. Apesar de balizada por uma matriz disciplinar aprovada pelo Ministério da Educação, que cobria uma parte de formação sociocultural e outra de formação científica, esta autonomia conferiu a possibilidade de implementar uma organização e uma estrutura mais flexíveis, nomeadamente a nível das disciplinas técnicas. O ensino profissional tem sofrido um enorme crescimento. Há dez anos atrás eram apenas 27 mil os alunos que o frequentavam, actualmente esse número passou para os 91 mil. Apesar de este total ser optimista, fica muito aquém das expectativas, se compararmos com as frequências do ensino profissional na Europa. No nosso sistema educativo apenas 30% dos cerca de 300 mil alunos que frequentam o ensino secundário optam por esta via profissionalizante, ficando bastante abaixo das percentagens de 70 e 80 por cento europeias. Os cursos profissionais são uma oferta formativa de dupla certificação, destinada a jovens e cujo objectivo principal é a inserção no mercado de trabalho, embora permitam o prosseguimento dos estudos no ensino superior. Além de conferirem um nível secundário de educação, as aprendizagens realizadas nestes cursos valorizam o desenvolvimento de competências pessoais e técnicas necessárias para o exercício de uma profissão. Para os que conseguem singrar neste tipo de ensino, que se pauta com algumas taxas de sucesso elevadas, os mesmos têm conseguido, na maioria das áreas, obter uma rápida integração no mercado de trabalho. A Professora Maria José Gonçalves Querer é Poder 27 IN MEMORIAM Passaste… Passaste nas nossas vidas. Olhar certeiro, baton vermelho, presença animada, espírito justo. Todos passamos na vida uns dos outros, uns por mais tempo, outros por menos… As minhas memórias de ti são breves. Imagens animadas, frases divertidas, olhar atento, presença reconfortante, palavra amiga, camaradagem leal. Mas fica uma grata recordação dos teus gestos, do teu companheirismo, da tua dedicação aos alunos, da tua atenção… Passaste…por nós, nas nossas vidas, na vida do Pilão… Partiste e ficou a tua presença nas memórias de cada um, nos lugares percorridos, nas conversas inacabadas, nas tarefas partilhadas, nos trabalhos deixados … Passaste por cada um… e seguiste … A paz que conforta e invade ao recordar-te é garante da paz que encontraste, após a luta violenta e breve, o combate inesperado contra a morte. Partiste, mas acreditamos que “és” e que estás … doutro modo, certamente mais completo e feliz, onde chegaste. Em memória de uma querida Professora Recordo a Professora Ana Castro com muito carinho e saudade. Ainda recordo o dia em que a conheci. Estávamos a 14 de Setembro de 2006 e a professora Ana era a Directora de Turma do 6ºA, a minha turma. Esta professora era como se fosse a nossa “mãe” no Instituto: fazia tudo por nós, com imenso carinho, com grande dedicação. No ano seguinte, tudo foi diferente, pelo menos para mim: a professora já não era a nossa D.T. e já não podíamos conversar como dantes. Passou um ano, de novo tive a Professora Ana como D.T. Foi um ano muito difícil, tanto para mim, enquanto chefe de turma, como para a professora…Mas também foi o ano em que criei uma profunda amizade com esta professora: dava-me apoio e força em todos os momentos adversos, preocupava-se comigo e com todos os meus colegas. No fim do ano lectivo, vi a Professora Ana muito doente, mas ela continuava a dizer que não era nada assim de tão grave. Admiro-a muito por ter tido tanta coragem e por continuar a sorrir para os seus alunos apesar dos muitos problemas. A Professora nunca será esquecida neste Instituto a que muitos chamam “casa”… esta casa que também foi da Professora Ana Cristina de Castro. Pedro Lopes, nº 74/06 - 8ºC A professora Ana Cristina Castro era uma pessoa muito amiga, conselheira e muito adorada pelos seus alunos. Quando entrei para os Pupilos, no meu 5ºano, tive o meu primeiro contacto com esta querida professora de quem tanto gosto e, a partir dessa altura, passei a saber que tinha uma grande amiga em quem podia confiar. Com esta professora, muitas vezes, eu desabafei sobre a minha vida pessoal. Esta nossa amiga marcou-nos muito de uma forma carinhosa, mas também de uma forma sábia, pois foi uma das poucas pessoas que nos transmitiu boa educação. Quando era necessário, a professora estava lá para nos corrigir: desde regras, educação, compreensão, depois de longas horas de estudo. Deixa saudades, não só aos seus alunos, como também à casa à qual tanto deu ao longo de uma década. Esta pequena grande professora não era a melhor em tudo, mas em tudo dava o seu melhor. Apesar de nos ter deixado tão tristemente, deixou-me contente pela forma como, ao longo da sua vida pilónica, enobreceu o nome do Instituto, aplicando na sua vivência a divisa “Querer é Poder”. João Rodrigues, nº7/05 - 9ºA 28 Querer é Poder IN MEMORIAM A professora Ana Castro era uma pessoa espectacular, sempre bem disposta, alegre e bastante divertida. Quero agradecer-lhe por tudo o que me deu em momentos difíceis, quando foi minha Directora de Turma. Será uma pessoa que ficará na memória de muitos alunos. Pedro Vieira, nº 49/05 - 9ºA Nos meus anos de Pilão, a professora Ana foi a minha professora de Educação Visual e Tecnológica. Nessa altura, esta professora era a única que mandava recados para casa por eu me esquecer dos óculos. No momento, eu não entendi porquê. Agora apercebo-me que, se eu nunca tivesse levado os óculos a partir dos tais recados, eu nunca teria corrigido a minha visão e, hoje, precisaria de usar os óculos 24 horas por dia, o que felizmente não acontece. Esta peripécia serve para mostrar que a professora Ana ajudava muito, directa ou indirectamente, os seus alunos e foi uma “peça” importantíssima na vida pilónica. Aqui deixo os meus agradecimentos à professora e um sentimento de mágoa pela sua partida. João Alves, nº5/05 - 9ºA Um simples desabafo Eu, aluno desta casa como tantos outros, reconheço que muitas pessoas me marcaram ao longo de todo este meu percurso “pilónico”; que me fizeram melhorar não só como aluno, mas também e, principalmente, como pessoa. São estas pessoas que tomo como referência na minha vida. Muitas dessas pessoas já saíram, outra continua cá. Esta, de quem vos falo em especial, já “partiu” e espera lá por nós. O meu coração enche-se de melancolia quando digo o seu nome, mas, sem esforço, resplende num sorriso, pois era assim que ela levava a sua vida. Por mais difícil que fosse, tinha sempre o seu sorriso amigo para nos oferecer. Lembro eu, com ternura, tudo o que me dedicou. Acho agora que a palavra obrigado é demasiado pequena para representar tudo aquilo que desejo dizer-lhe. Sei que em mim continuará sempre a sua memória, triste por já não a poder ouvir ou ver, essa “grande amiga”, mas felicíssimo por ter vivido de perto, muito tempo, com uma pessoa tão especial como a Professora Ana Castro. Esta é uma brevíssima homenagem que lhe presto, não num tom de despedida, mas sim num “até já”. João Filipe 50/04 - 1º A TMI Amiga Caiu o pano, só o pano. Ficaste enfim contigo só, desse lado. Ainda nos ouves a chamar por ti, a pedir bis, a aplaudir a actuação, a acreditar ainda num derradeiro voltar ao palco para agradecer as palmas, numa pequena vénia, com um último sorriso. Aí, de pé atrás do pano ainda não abriste os olhos, para reteres a última visão das nossas caras, de todos os beijos que te atirámos como se fossem flores, foi muito bom! …Mas agora chega, já não voltas, deste muito de ti, é hora de pegar nas malas e sair pela porta do fundo. Respiras agora com serenidade e no teu peito bate agora… contentamento. Que haverá lá fora? Só indo ver! E vais. Ana, Cristina, Aninhas, Kiki. Por vários nomes te chamamos, mas tens um nome maior, comum a todos eles: Amiga, Amiga, Amiga. A Amizade sempre foi a tua religião, a religião maior de todas, a mais universal, que não pára de crescer assim havendo pessoas como tu, Amiga. E é essa Amizade que nos faz sentir lá no fundo do fundo, no nosso próprio silêncio, que não estamos sós, que afinal nem vale a pena despedirmo-nos. Os Amigos nunca se separam. Podemos chorar, chorar faz bem! Chorar com todas as nossas forças, desabafar da nossa tristeza de te querer ter aqui, deste lado para sempre, só para nós, mas então vais aparecer da maneira especial que a Amizade tem para se fazer sentir e vamos sempre ouvir a tua voz baixinho dizer… chorar sim, mas a sorrir. Até sempre, Amiga, viva a Amizade! Jorge Galvão Querer é Poder 29 ESCRITOS O Êxito Começa com a Vontade Se pensas que estás vencido, estás. Se pensas que não te atreves, não o farás. Se pensas que gostarias de ganhar, mas não podes, não o conseguirás Porque no mundo encontrarás que o êxito começa com a vontade do homem. Tudo está em estado mental. Porque muitas corridas se perderam antes de se terem corrido, e muitos cobardes fracassaram, antes de ter o seu trabalho começado. Pensa em grande e os teus feitos crescerão. Pensa em pequeno e ficarás atrás. Pensa que podes e poderás. Tudo está em estado mental. Se pensas que estás em vantagem, estás. Tens que pensar bem para subires. Tens que estar seguro de ti mesmo. antes de tentar ganhar um prémio. A batalha da vida nem sempre a ganha o homem mais forte, ou o mais ligeiro, porque tarde ou cedo, o homem que ganha, é aquele que crê poder fazê-lo. Rudyard Kipling O aluno do IMPE possui força de vontade, traça os seus objectivos, tem auto-estima, sabe que muito do seu sucesso depende essencialmente dele, contudo, por vezes, sente-se desmotivado porque tem dificuldade em reconhecer as causas do seu insucesso. Nessas alturas é importante parar um pouco, reflectir e inventariar as situações. Nem sempre é fácil, por vezes, torna-se necessário recorrer à ajuda de outros, nomeadamente a professores, profissionais especializados, pais e amigos, para identificar os seus pontos fracos. Tomar consciência das principais dificuldades que impedem cada um de alcançar resultados satisfatórios é essencial para os superar. Para te manteres constantemente motivado é importante que dês, a ti próprio, pequenas recompensas à medida que fores atingindo os objectivos a que te propões. Sê positivo que, passo a passo, chegarás onde pretendes. Neste novo ano lectivo, acredita que “Querer é poder” mas ESTUDA! Ana Tendeiro Professora, de Inglês 30 Querer é Poder A Evolução Histórico-Filosófica da Igualdade na Cultura Ocidental Categorias humanas inferiores, sem direitos de nenhuma espécie, encontram-se na história da humanidade desde os tempos mais primitivos, com destaque para a servitude, que chegou entre nós até épocas bem recentes. O princípio da igualdade de todos os seres humanos, tanto no tocante à condição civil, isto é, ao tratamento das relações de uns com os outros, como no tocante à condição política, ou seja, à participação directa ou indirecta no governo do Estado, é tido após uma longa evolução como um dos pilares da civilização moderna. Desde tempos imemoriais que o conceito da igualdade se fundamenta nos valores da pessoa humana integralmente considerada, tanto como pessoa como membro da sociedade. Por isso, a palavra “aequalis” era aplicada na literatura latina às qualidades pessoais (aequalis, virtude). Pelo facto de se ser homem devia corresponder a todos um tratamento respeitoso, expresso no relevo da sua “dignitas” que a ninguém se podia negar, nem faltar ao “cuique suum” representado desde os tempos mais longínquos por uma balança na mão. Desta forma a igualdade quer significar equilíbrio, ou melhor, uma manifestação e condição de equilíbrio social que deve existir entre todos os seres racionais, Assim, discriminar significa tratar diferentemente aquilo que é igual, residindo, pois, a arbitrariedade numa diferença injustificada de tratamento. A igualdade, segundo alguns autores, resulta da organização humana. Ela é um meio de se igualizar as diferenças através das instituições. É o caso da polis que torna os homens iguais por meio de leis. A pluralidade humana tem uma característica ontológica dupla: igualdade e diferença. Se os homens não fossem iguais não poderiam entender-se. Por outro lado, se não fossem diferentes não precisavam da palavra, nem da acção para se fazerem entender. Mas o conceito de igualdade tem comportado ao longo dos tempos muitas dificuldades de interpretação e de aplicação devido em parte a mentalidades e tradições, a estruturas e interesses sócio-económicos diversos em jogo, ou a razões ideológicas ou religiosas Daí o relativo atraso na aceitação de uma igualdade que seja universal e efectiva. Na Grécia, logo após a sua fundação, os eupátridas membros das classes nobres, governaram as cidades oligarquicamente do século VIII a.C. até às reformas de Sólon (594 a.C.). Com Clistenes (e depois de Péricles) introduziram-se substanciais alterações no Estado de Sólon, a principal das quais foi a divisão da Ática em circunscrições, onde as classes se agrupavam sem ESCRITOS preconceitos de nascimento ou de riqueza. Todos eram cidadãos e a igualdade de todos perante a lei alicerçou um conjunto de reformas de clara inspiração democrática. Clistenes, é considerado o fundador da democracia ateniense, instituindo mesmo o ostracismo para lutar contra a tirania. E embora não se conheçam fontes sofistas (século V a.C.) sobre a igualdade, porque não considerar as máximas dos seus filósofos “O homem é a medida de todas as coisas” e “a escravatura resulta de convenção e não da natureza”, como formas, aliás, bem dentro da sua linha, de abordar sofisticamente o problema?. De resto, o sofista Alcidamante, na primeira metade do século IV a.C., proclamou também que a divindade tinha criado todos os homens livres e que a natureza não fazia escravos. A sofística, voltando assim a atenção dos pensadores para o próprio homem, para o sujeito que pensa e quer, realizou uma tarefa necessária e transcendente na vida política de Atenas. No mundo antigo que precedeu Alexandre Magno um egoísmo feroz dominava os hábitos do homem. Conquistar significava então destruir e escravizar. Assim, os assírios destruíram a civilização babilónica e os Medos e Persas destruíram a civilização egípcia e muitas outras. Mas Alexandre não os iria tomar como exemplo e disso dá testemunho no ano de 324 a.C. numa grande cerimónia, durante a qual por ordem sua foram celebrados casamentos em massa entre mulheres autóctones e macedónios, sendo construído um fundo comum para a educação dos filhos. Conquistar não significava para Alexandre submeter, mas unir. Não se sabe se Aristóteles, seu mestre, teve nisso alguma influência. Unir significava criar uma realidade nova. Realidade que iria eliminar, pelo menos na intenção, os egoísmos nacionalistas de toda a história precedente. Em resumo, Alexandre foi um profeta da igualdade entre os povos. E embora os seus projectos tivessem ficado truncados por uma morte prematura deixou uma herança indestrutível: o helenismo, fenómeno de extraordinária síntese cultural entre a civilização grega e a civilização medo-oriental. Platão e Aristóteles, por seu turno, contribuíram para uma maior igualdade entre os cidadãos gregos, vindo a considerar a oligarquia, enquanto governo de poucos, uma forma degenerada da aristocracia, pois esta era para eles o governo dos melhores em proveito de todos, e aquela exercer-se-ia claramente em proveito exclusivo das classes dirigentes. Na época helenística a noção de um direito natural (direito que era superior à vontade contingente do legislador, e cuja escola remonta à mais afastada Antiguidade) vai influenciar Aristóteles, que no entanto aprofunda o elemento racional, sustentando que a própria natureza obedece a uma ordem racional e que existe uma razão universal que está em cada homem, onde se fundamentam a lei e a justiça naturais, justiça esta que postula uma certa igualdade entre os homens que as leis positivas ao precisarem as relações sociais deverão respeitar. Estas leis deverão, pois, ter como finalidade o bem comum, ser aceites por todos e respeitadas obrigatoriamente também por todos. Nesta ordem de ideias sobre o direito natural, Antígono, personagem de uma tragédia de Sófocles, dizia a Creon: “Eu não acredito que teus decretos tenham força bastante (…) sobre as leis que não são escritas e não podem ser derrogadas, e que existem em todos os tempos, não podendo ninguém dizer quando tiveram início”. Aristóteles foi o filósofo que mais longe levou a análise do conteúdo da justiça, a qual, segundo ele, continuando Pitágoras, não era mais do que a igualdade. Entre as diversas virtudes, Aristóteles considerava, porém, uma de natureza mais intelectual que todas as outras, chamada justiça, e que constituía o conteúdo das leis. O direito natural influenciou também os cínicos e os estóicos, indo estes últimos exercer depois uma poderosa influência no direito romano. Na antiga Roma, só os patrícios eram cidadãos, à face de um direito reconhecido às famílias nobres, a quem assistiam todos os privilégios civis, políticos e religiosos. A longa luta que se estabeleceu põe uma nova ideologia social, desencadeada pelos plebeus (que ameaçaram abandonar Roma e fundar uma nova cidade no Monte Sagrado) e que terminou cerca de 300 a.C. com o estabelecimento da igualdade civil, política e religiosa entre as duas classes. Os plebeus obtêm assim o reconhecimento dos seus representantes de classe (os tribunos) e a criação da Assembleia da Plebe. A eventualidade de uma lei de concessão da cidadania romana a todos os povos itálicos falha em 121 a.C., e Caio, seu proponente, faz-se matar por um escravo. E em 91 a.C., mais uma vez a lei de concessão de cidadania aos aliados itálicos é rejeitada e Druso, seu autor, é assassinado. Durante os anos 90-89 a.C., a península ibérica é agitada por revoltas dos povos itálicos, que, após encarniçada luta, conseguem a igualdade dos direitos pela Lex Plautia Papira. No ano 73 a.C. estala em Capula uma revolta de escravos, só dois anos depois vencidos por Licínio Crasso. Júlio César também se consagrou à defesa do povo (que deixou de resto por seu herdeiro) contra os privilégios da romanidade e é também vítima, por isso, de uma conjura por parte da velha romanidade ofendida. Mais tarde, Séneca, cultor do estoicismo e analista penetrante do coração humano, falava já com acentos que pareciam prever um mundo novo, e muitos homens começaram a sentir no espírito direitos capazes de se sobrepor ao poder absoluto dos Césares, tudo isto através de uma receita muito simples: a ideia de que todos os homens são iguais e irmãos, concepção que seria expandida pelo Cristianismo que veio dar expressão Querer é Poder 31 ESCRITOS à ideia de que todos os homens são filhos de Deus e cada homem é feito também à Sua imagem. Porém, enquanto Aristóteles fundamentava a desigualdade jurídica nas desigualdades da natureza, ao contrário Séneca afirmava a igualdade jurídica apoiando-se na igualdade natural. Mas o mundo helénico e romano definira-se, em geral, em favor da desigualdade quase essencial entre os homens, ao dividi-los em bárbaros por um lado e gregos e romanos por outro. Nos princípios do século III, entre os gregos, Clemente Alexandrino afirmava em favor da igualdade que “se devem tratar os criados como nós mesmo, porque são homens como nós” (Paedagogus 11,12, MG8, 6-71). Outro homem que se destaca em toda a Antiguidade pela sua doutrina igualitária é o teólogo S. Gregório de Nissa. (Continua) Paula Costa, Professora de Filosofia Os Juros no IMPE “Investir em conhecimentos rende sempre melhores juros” (Benjamin Franklin). Foi na perspectiva do investimento profissional e pessoal que me candidatei a uma vaga no Instituto Militar dos Pupilos do Exército (IMPE), da qual tinha tomado conhecimento através de uma colega, Dr.ª Teresa Santos, do mesmo grupo de recrutamento (Matemática). Não foi por acaso que tomei esta decisão, uma vez que no ano lectivo transacto aceitei um convite para partilhar a leccionação de quatro aulas à turma B do 7.º ano. Nesta minha primeira experiência no IMPE, recorremos às novas tecnologias, nomeadamente ao software de geometria, The Geometer’s Sketchpad*, passando a dinâmica das aulas pelo uso do quadro interactivo. A interacção com a turma foi fácil, revelando-se os alunos atentos e colocando questões pertinentes. Para além da sala de aula, o acolhimento pelos colegas foi agradável, demonstrando estes interesse na troca de experiências e abertura a futuras situações de partilha de aulas. Não é assim de estranhar que, tomando conhecimento da oportunidade de fazer parte desta instituição, não tenha hesitado em candidatar-me ao lugar disponível – e dado o conhecimento e experiência adquiridos aquando da participação no projecto de Geometria Dinâmica, tenho a certeza de vir a obter os melhores juros deste investimento. Isilda Nunes Docente do grupo de recrutamento 500 (Matemática) * Programa de geometria dinâmica. 32 Querer é Poder Projecto de Geometria Dinâmica No passado ano lectivo, o meu primeiro ano no IMPE, pensei, aquando do tratamento do tema “semelhança de figuras”, em desenvolver com os alunos da turma B do 7.º ano um projecto de Geometria utilizando um software adequado e recorrendo às novas tecnologias (sala de informática e quadro interactivo). Assim, para colaborar neste trabalho, convidei duas docentes da Escola Secundária com 3º Ciclo Seomara da Costa Primo (as professoras Catarina Venâncio e Isilda Nunes). Conheço a Professora Isilda Nunes há alguns anos e, a convite desta, já tinha desenvolvido um projecto análogo na sua escola, onde conheci também a Professora Catarina Venâncio. Em ambos os projectos, o programa de geometria dinâmica “The Geometer’s Sketschpad (GSP) foi a ferramenta usada e explorada. Para implementar estas aulas, pedimos a colaboração do Professor António Gonçalves que acedeu em pôr à minha disposição quatro aulas de Estudo Acompanhado. Durante três aulas foram dadas aos alunos noções básicas de GSP. Na quarta aula foi, finalmente, realizada a ficha com a tarefa proposta. De uma maneira geral, as aulas foram consideradas pelos alunos como interessantes e estimulantes, facilitando a aprendizagem de conteúdos que, leccionados apenas com os recursos “clássicos” de uma sala de aula, levariam mais tempo a serem adquiridos e consolidados. As professoras convidadas gostaram da experiência. No balanço final consideraram que a mesma “permitiu, não só um grande enriquecimento a nível de ideias como também a comparação de práticas pedagógicas”. Teresa Santos, Professora de Matemátia ESCRITOS Invadidos e Invasores Temos vindo a testemunhar, ao longo dos tempos, um imenso processo de uniformização e de difusão de uma cultura global. Mas paremos para pensar. Será isto bom sinal? Nos últimos anos, tem vindo a ser notório que todos usamos roupas de marcas que não são fabricadas em Portugal; incluímos nos nossos hábitos alimentares pratos de gastronomias estrangeiras; vemos filmes em inglês e cantamos em espanhol! Inegável é, sem dúvida, que a globalização tem as suas vantagens e os seus inconvenientes. No entanto, só cada um de nós como “invadidos e invasores” pode avaliar os seus impactos, pois recebemos e usamos a informação de forma diferente! Já alguém disse que somos “Todos diferentes, todos iguais” ou terá sido “Todos iguais, todos diferentes”? Aluno 54, Jorge Dias, 12º B Exercício de Escrita Criativa Tudo isto nos leva a pensar e a questionar onde anda a nossa identidade, onde anda a nossa cultura? Estamos a ser “invadidos” por todo um conjunto de “marcas mundiais” e por padrões de consumo cada vez mais homogéneos. Portugal tem, de alguma forma, de criar uma “barreira” de protecção à sua identidade cultural e o “Actimel” não chega! É necessário Educar para Valorizar. A educação e o gosto pelo que é português têm que chegar aos mais novos. Como é óbvio, não me refiro apenas à obrigação da leitura da obra de Camões, Os Lusíadas, ou de um dos romances de Saramago, mas também aos jogos tradicionais, à sopa ou à música portuguesa… Enfim, preservar um pouco aquilo que é nosso, que é português. O Mundo entrou no portal da uniformização, mas os miúdos de hoje são a força da nossa resistência à invasão das culturas estrangeiras que nos tomam muito por culpa da evolução dos transportes e, sobretudo, das TIC, que diariamente fazem chegar até nós música em inglês e séries televisivas americanas. Mas alto aí, somos só nós os invadidos? Claro que não. Nós, portugueses, também somos invasores. Quem é que na China não conhece o Figo ou o Cristiano Ronaldo? Quem é que não conhece a Amália Rodrigues nos Estados Unidos da América? Quem é que, em Espanha, nunca ouviu falar do Algarve, nunca comeu um Pastel de Belém? Pois é, somos um país que também é “invasor” e que está a expandir a sua cultura desde o século XV. Para quem não sabe, a Globalização é um fenómeno muito antigo, que se iniciou no século XV com os Descobrimentos Portugueses. Importa então pensar: será que a “Cultura Global” e todas estas “invasões” são boas? O universalismo das culturas e dos valores, embora esteja em plena expansão, é, também, objecto de grande contestação. A generalização de uma “cultura de massas” que impõe o global ao local está, muitas vezes, a destruir as identidades nacionais e locais. Estudámos o auto-retrato no ano lectivo passado, no terceiro período, inserido nos textos de carácter autobiográfico, na disciplina de Português – 10º ano. Foram abordados poemas de Bocage e de Alexandre O’Neill onde os próprios se caracterizam escrevendo “Magro, de olhos azuis, carão moreno…” e “O’Neill (Alexandre), moreno português, / cabelo asa de corvo; da angústia da cara…”. A este propósito, em contexto de sala de aula, foi pedido aos alunos que de forma sincera, criativa e anónima, fizessem o seu auto-retrato partindo dos textos supracitados. Queremos partilhar convosco o resultado, pedindo que tentem adivinhar de quem se trata. Boa sorte! 1- Magro e de média estatura Olhos algo esverdeados De cabelos, agora, acastanhados Em tempos como a luz do sol pura. Luz esta que reflecte nos seus ombros E lhe concede muitas responsabilidades. Pessoa de muitas amizades Que detesta estragos e escombros. 2- Pilão português, de naturalidade portuguesa Rapaz do norte, de altura mediana Olhos castanhos, preto o cabelo. Adoro calor, principalmente no Verão Sair à noite e de meninas! Com ar heróico e nada temeroso Cheio de talentos mas não revelados. Querer é Poder 33 ESCRITOS 3- Vindo de Lisboa, de nome estranho Que, embora pouco, ainda tem seu encanto. Gordo e feliz em ser assim Eis algumas qualidades que vejo em mim. Sou simples e modesto, Embora jogue futebol com o pé esquerdo A escrever sou destro. Sou divertido até fartar E agora ando a fazer dieta Para não voltar a engordar. De todos os jogos quero ser vencedor Embora por vezes não consiga, Não sou mau perdedor. 4- Alto nem por isso, Leve talvez um pouco, Belo de certeza, Irritante mas com gosto. Calado eu não sou, Amável consigo ser Sou tal e qual o meu avô. Teimoso não me conheço, Risonho não pareço, Elegante talvez de mais. Não posso Ser perfeito Esperto e tudo mais! 5- Com uns grandes olhos escuros De cabelo curto acastanhado Lembram-me os abismos profundos E as suas memórias do passado. As minhas mãos são fortes Como um rochedo imponente No mar bem assente Que impressiona toda a gente. As minhas faces acentuadas são De cor igual à do coração Contrasta com as minhas mãos. A coragem é grande, Assim como a teimosia, Alguém como eu nunca antes havia… 6- Magro, bem alta torre De olhos castanhos chocolate. Dois remoinhos no cabelo preto Narigueta, um monte saído da figura. É filho de Portugal. Muito orgulho e paixão Tem pela sua pátria querida. Militar será para sempre. 34 Querer é Poder Procura ser amigo de todos. Tem dentro de si, Algum tempo perdido e confuso. No coração ele o tem, No futuro lá ficará. Será Pilão até morrer! 7- Podia arranjar muitos adjectivos para me caracterizar Mas talvez não mereça! Apenas uma coisa me deixa a pensar – É o trabalho ou algo que se pareça. Faço da audição Meu sentido primário, Meus olhos são escuridão, Minha pele não o contrário. Poucos são os amigos, e muitos os conhecidos. Quem não me conheça, Que me julgue… Da vida faço aventura, Do descanso travessura. 8- Média estatura, moreno lusitano. Suposto cabelo liso, curto por obrigação, Olhos acastanhados encontrados nuns olhos de Lobo Solitário, Nariz como tantos outros mas mesmo assim inigualável. Rosto marcado por muitos altos e baixos que Nunca demonstra a sua verdadeira faceta. Há mais em mim do que salta à vista pois Gosto de ver e de observar antes de falar! Nunca realmente feliz, nunca realmente triste, Há quem em mim veja um puro dilema, Mas poucos sabem que morrer por quem amo não é problema. Serei bom? Serei mau? Jamais alguém irá saber, Pois em assuntos de Pura Ética, São muitas as perguntas, para tão poucas respostas. 9- Quem sou eu? Um Pilão E com muito gosto. Faço continência ao capitão Com aspecto moreno e robusto. Sou moreno, Um rapaz com ternura. Não sendo eu pequeno, De cabeça livre e escura. ESCRITOS Para fazer este texto Muito trabalho me custou Foi a professora que pediu. Que dizer? A turma ela obrigou! 10- Algo que sou, é ser ambicioso. Ajuda não a nego. Fiel é mais um dos meus dotes Algo que também sou é ser repreensivo. Faço algo!! Não sei muito bem o que é!? Ah, já sei !! Creio em Jesus Cristo. Morada é a de uma cidade urbana. Ao amor… sorte tenho nele. Quando lisonjeado sou, fico muito honrado. O que gosto de fazer é sonhar e amar. 11- Sou magro, moreno e meão, Tenho cabelos castanhos E estudo no Pilão! No Pilão estudo Para um bom futuro ter. No Pilão aprendo Para um dia saber ser! Felicidade e honestidade Fazem parte de mim. Digo sempre a verdade E luto por ela até ao fim. Para acabar Vou apenas dizer, Que costumo sempre me esforçar Em tudo o que tento fazer. Mas sinto-me bem com o calçado. Com mãos grandes e delgadas, Tinha jeito para ser cirurgião, Médico ou dentista, Mas antes, valoroso capitão. Com muita garra e astúcia, Sei obedecer para um dia Poder mandar e abraçar, Uma gloriosa carreira militar. 13- Forte, nem muito baixo Nem muito alto. Nunca machista mas sempre macho. Nem muito bonito Nem muito feio. Entre beleza e feiura, estou no meio. Embora às vezes me sinta esquisito. Outrora perdido nessa estranha pista Que se chama Vida. Onde o ódio domina a alma e ela fica perdida. Vivo agora consoante uma crença hedonista. Sentindo a vida com muita vivacidade Nesse mundo injusto Rodeado de falsidade. Sou o meu pior e o meu melhor amigo Temo-me mais do que tudo. Sou o meu maior perigo! Os alunos dos 10º A e B 12- De menino bem constituído, Passei a adolescente elegante. Não me lembro como era em criança Mas agora, digo-vos, sou um bom falante. Vaidoso com o meu cabelo, Não com nariz abatatado, Já me chamaram patudo A REVISTA “QUERER É PODER” Este cupão pode ser fotocopiado TEM A PERIODICIDADE DE 3 NÚMEROS POR ANO ACEITAM-SE ASSINATURAS (4€) OU DONATIVOS Nome: _______________________________________________ Contacto: __________________ E -mail: ____________________ Quantia: ___________________ NIB: 0781 0112 01120011700 60 Enviar para Instituto Militar dos Pupilos do Exército - Secção de Logística Estrada de Benfica 374, 1549-016 Lisboa Querer é Poder 35 ESCRITOS O Ritmo do Silêncio Tente encontrar o silêncio… Viu! Não conseguiu. Tenho-me debatido com o mesmo problema há já algum tempo. Em qualquer momento e lugar, algo está constantemente a soar. E começo a achar que é impossível isso não acontecer. Por mais profundo que seja o silêncio, o nosso ritmo cardíaco está sempre a marcar o compasso da melodia que trespassa o nosso tímpano. A própria escrita desta crónica envolve uma completa orquestra de sons e ritmos coordenados, que englobam o bater das teclas do teclado, vários suspiros, movimentos dos membros e da cadeira da secretária e até um piscar de olhos. Um Amigo Um amigo é uma pessoa com quem podemos desabafar quando precisamos e em quem podemos confiar e, especialmente, brincar. É alguém que te ajuda e te protege; é alguém especial. Um amigo, para mim, é alguém que conhece os teus segredos, que é justo e verdadeiro contigo; é uma pessoa que nunca atraiçoa e te ajuda nos tempos mais críticos; é uma pessoa que, se for por ti, dá tudo por ti. Eu tenho um lema: um por todos e todos por um. Pedro Gorjão, nº19, 5ºA A isto tudo que consigo ouvir designei de música. Sim, música! Óbvio, incomparável àqueles decibéis quase imperceptíveis saídos de pequenos aparelhos e às vezes até de colunas gigantes, mas a música é muito mais que isso. Acho que podemos chamar música à mínima vibração que captamos e interpretamos de maneiras diferentes, dependendo do seu nível de complexidade. Para mim a música ou talvez até lhe chame somente som é um passatempo. Às vezes abafo a solidão com um simples ritmo marcado pela cadência do meu passo, com um tímido estalar de dedos ou até mesmo com uma palmada no peito. É incrível como o ser humano se entretém com simples zunidos… E agora? Já sabe o que é o silêncio? Posso dizer-lhe que nem um surdo o consegue saber. Silêncio é a ausência de ritmo e tudo o que vive tem cadência… Trabalho Livre do aluno Bruno Prata do 11ºA 36 Querer é Poder A amizade para mim é uma coisa bonita, linda, graciosa e não se troca a amizade por nada deste mundo. A amizade é termos um amigo no nosso coração, estarmos juntos e alegres. Eu tenho um amigo que está sempre comigo e quando entro no IMPE fico cheio de saudades desse meu amigo. Às vezes choro com saudades dele, não aguento um minuto sem esse meu amigo, mas tenho de superar tudo isso. Sinto por ele um amor profundo. Tenho muitos amigos, mas este é muito especial. Vou revelar o meu amigo a quem eu amo profundamente: o meu amigo é a minha mãe. Diogo Marques, nº185, 5ºA ESCRITOS Perdidos Entre Fronteiras A pequena reflexão que se segue resulta da leitura da obra Fronteiras Perdidas do escritor angolano José Eduardo Agualusa. Num mundo que se caracteriza, cada vez mais, pela ausência de fronteiras: geográficas, políticas, económicas…, qual será realmente o nosso lugar? Partimos solitários, caminheiros viajantes sem horas e sem tempo, no trilho de um narrador que nos leva a percorrer os caminhos do real e do onírico. Entre Luanda e o Recife, Lisboa e Berlim, o espaço vai atropelando o tempo, teimando em dizer-nos que já não existem fronteiras. A viagem impõe-se itinerantemente e o leitor não encontra lugar de morança, apenas de repouso momentâneo e fugaz. São inúmeras as não existentes fronteiras com as quais nos deparamos. Instantaneamente, deixamos Angola para nos encontrarmos em Lisboa, sentados no banco de trás de um táxi onde há dias se tinha instalado o messias. É o jornalista o novo contador de histórias. Reais ou Imaginárias? A obra principia com a lição do Lagarto. A primeira das travessias decorre em Angola, cenário de guerras e de lutas. O primeiro encontro é travado com o Velho e com os seus Lagartos, mesmo ali, à beira da estrada, ponto de partida. Exalando a sabedoria, o Velho, e a razão, o Lagarto, surgem no caminho dos viajantes com o intuito de os alertarem. O riso insistente, irónico e consequentemente aterrorizador do réptil desarmam a personagem que o não entende e o mata. A ofensa que constitui arde como sal em ferida por sarar. O riso sarcástico é de alguém que conhece e denuncia aos próprios homens a mediocridade humana que os caracteriza e que ignorantemente não aceitam. No segundo dos pequenos textos, Os Mistérios do Mundo, o avião é o espaço onde se desenrola outra viagem. O ar é o domínio das ideias, do pensamento e do espírito. A levitação permite a libertação do ser humano do Eu terreno. O acesso ao celestial é espiritualmente purificador. É neste contexto que se encontram, lado a lado, cruzando os céus, um feiticeiro e o narrador-personagem. A metamorfose sofrida, no interior do avião, pelo feiticeiro, é, quanto a nós, símbolo da transformação interior que o abandono dos limites terrenos permite e pressupõe. Visto ser detentor dos seus poderes sombrios, o feiticeiro tem naturalmente uma atitude positiva perante o inconsciente e, estando num contexto privilegiado para a sua libertação, dá-lhe asas e deixa-o solto por uns instantes. A razão de todos os passageiros ainda não se tinha desligado dos cordões terrestres, daí a denúncia e o não entendimento da transformação daquele em cobra. Incrédulo, o contador de histórias não deixa de registar mais esta. Trata-se obviamente de mais uma travessia. Noutro dos pequenos episódios oferecidos, o narrador-personagem sonha que viaja num comboio através de um túnel. Tomando ambos, comboio e túnel, simbolicamente, verificamos que, de facto, se trata de um caminho em direcção ao transcendente. A travessia obscura e dolorosa, inquieta e angustiante nada mais é que uma tomada de consciência e de evolução psíquica que conduz à nova vida. Sendo um sonho, filho do cansaço e da noite, despoletado pela vida real, arriscamo-nos a dizer que se trata de uma continuação da viagem feita fora do Eu. É dentro do Eu que se mascara no sentido de se adaptar à linguagem do inconsciente, transformando-se em fórmula e sabedoria orientadoras de mais uma etapa da vida. Diremos, então, que os símbolos semeados no texto fazem repicar os sinos da nossa capela interior, ou seja, obrigam-nos a olhar para dentro e a viajar no espaço infinito do desconhecido que encerramos em nós. O táxi, o avião, o vapor, o comboio e o próprio ascensor que nos levaria a Havana são os novos meios de transporte que utilizam o repórter e as personagens. Símbolos da modernidade, não deixam de estar associados ao tema base de toda a composição: a viagem. Se, por um lado, ela é exterior e geograficamente delimitável, por outro, é interior e de difícil análise, uma vez que parte do consciente em direcção ao inconsciente. É aí que lhe perdemos o rasto fiel. Ficamos apenas com algumas marcas do seu percurso, que tentamos reconstituir. Mas nem sempre se parte do consciente, do real, do diálogo concreto. Vezes há em que o narrador já se lança do seu próprio interior. O sonho é de tal um exemplo. Se continuarmos a acompanhar o jornalista, constatamos que as experiências adquiridas durante os dias de viagem se acumulam e são filtradas pela mente do narrador. O imaginário colide constantemente com o real sem pedir licença para invadir os seus territórios. Nem mesmo aquele cuja voz nós ouvimos saberá quais os limites a impor a tal invasão. Será mesmo pertinente delimitá-los? Tratar-se-á realmente de uma invasão? Ou apenas de uma dificuldade enorme em tentar manter distantes dois pólos que continuamente se interpenetram? Embora a obra nos surja como que raiando o fantástico, não arriscaremos tal designação, uma vez que nunca nos libertamos totalmente do real. Sempre que o deixamos momentaneamente é para a ele voltarmos de imediato. O Pássaro Branco, mensageiro dos céus, Saci Pererê, recepcionista de hotel de praia, não permanecem figuras do imaginário. O jornalista está lá para as puxar para a realidade; para nos fazer o relato das suas histórias. Não são importantes nem a verdade nem a verosimilhança. As narrativas surgem sem nunca nos quererem dizer se são reais ou fictícias. Tendo como cenário o quotidiano, torna - se difícil para o leitor perder as referências que propositadamente intercalam o mágico dos pequenos contos. Como aquelas Querer é Poder 37 ESCRITOS Barbies e os carrinhos eléctricos que brilhavam na montra de uma loja durante a quadra natalícia, enquanto uma “senhora muito bonita” descia do céu para dizer ao velho albino:” Tu és o Pai Natal.” Há sempre um fio perfeitamente esticado para que não caia nenhum dos lados do pano. Talvez estejamos antes perante um pequeno desfile de alegorias, que se sucedem em retalhos de texto sem se tornarem concretas e definidas. São apenas sugestões. O subtítulo da obra, “Contos Para Viajar”, remete-nos igualmente, como tem vindo a ser demonstrado, para o universo do peregrino. As viagens são multidimensionais, pois aquele que as faz movimenta-se no exterior e no interior do Eu. Não são violadas apenas as linhas políticas e geográficas, mas sim e também as psicológicas e afectivas. O real e o sonho misturam-se e os relatos sucedem-se como uma montagem de curtas-metragens. O narrador auto, homo e heterodiegético assume-se elemento unificador dos pequenos episódios. Reduzidos e concisos, estes têm o sabor da reflexão e a necessária abertura que nos deixa adivinhar o túnel de passagem até ao conhecimento. A sabedoria alcançada não chega a ser plastificada como se de uma lei se tratasse. É formulada pelo narrador e deixada à deriva no oceano. Cabe ao leitor encontrá-la e descodificá-la. Outra das tónicas que suporta a composição é a da origem, pertença. “Não há mais lugar de origem A origem é existir Não me diga de onde eu sou, Eu sou, não sou, eu estou aqui.” Do negro vinil chegam até nós estes versos, cantados baixinho por Rosana e Zélia, um duo de brasileiras radicadas em Frankfurt. Consideramos que os mesmos nos obrigam a ponderar e a equacionar o verdadeiro valor do Ser e do Estar; o novo lugar do homem no mundo. Não serão estas fronteiras perdidas também resultado da vitória do Estar em detrimento do Ser? Ou simplesmente deveremos sobrepor a ambos a velha questão da Existência. Ser homem equivale a Estar e a Existir. Onde? Já não interessa. As barreiras esbatem-se, a linguagem adquire um carácter globalizante, as fronteiras, essas, perderam-se, obrigando-nos a concluir que a nossa origem é existir e que moramos em qualquer lugar. Pertencemo-nos em última instância, porque existimos. Quebrados os limites geográficos, viajamos no espaço e no tempo, para que finalmente a viagem seja a do nosso existir. Vanda Magarreiro, Professora de Português 38 Querer é Poder O IMPE na Evocação de D. Nuno Álvares Pereira No dia 20 de Outubro, a Academia de Marinha promoveu uma sessão evocativa da figura de D. Nuno Álvares Pereira com a conferência “S. Nuno de Santa Maria: o Herói e o Santo”. Foram oradores o Senhor Tenente General Alexandre de Sousa Pinto, Presidente da Comissão de História Militar, e o Senhor D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas e de Segurança. A Delegação do IMPE, constituída pelas docentes de História, Marília Carvalhais Gama e Maria de Jesus Caimoto Duarte, e por dois alunos do 9º Ano, foi saudada pelo Senhor Almirante Vieira Matias, Presidente da Academia de Marinha, bem como pelos conferencistas com palavras de apreço e de incentivo. Os oradores falaram do Condestável do Reino, junto d’El-Rei D. João I. D. Nuno consagrou a vida à defesa da Pátria e ao serviço de Deus. Assegurou a independência nacional num dos períodos mais críticos da nossa História logo após a morte de D. Fernando com o grave problema de sucessão ao trono de Portugal. D. Nuno foi o grande vencedor de Atoleiros e de Aljubarrota contra os Castelhanos. Foi um Chefe Militar muito à frente do seu tempo, principalmente na forma como estudava o terreno e o seu adversário. Já nessa altura tinha fama de Santo. Obtida e consolidada a paz, pediu para ser admitido como membro da Ordem do Carmo. Professou como simples irmão. Passou então a ser Frei Nuno de Santa Maria. Foi beatificado em 1918 pelo Papa Bento XV e em Abril de 2009 foi a canonização do Beato Nuno pelo actual Papa Bento XVI. Herói e Santo, foi um dos maiores portugueses de sempre. Professora, Mª Jesus Caimoto Duarte ESCRITOS Não Imigre. Circule! O que vos apresento tem a intenção de procurar sistematizar o tema da imigração, numa escola como a nossa que, cada vez mais, se abre à cooperação com os alunos oriundos dos PALOP, e que conta no Batalhão Escolar com alunos de diferentes origens geográficas e socioculturais. O tema da emigração/imigração é, simultaneamente, melindroso para nos exigir uma reflexão atenta e liberta de preconceito e suficientemente actual para nos obrigar a compreender a razão da sua recorrente inclusão na agenda política de uma nação que já foi e ainda é de emigrantes em busca de melhores oportunidades. Como estratégia de abordagem ao tema propomos uma macro divisão Norte/Sul, em que os movimentos de pessoas constituem 3% da população mundial e revelam uma força de atracção irresistível do Norte sobre o Sul com consequências para ambos. Como forma de abordagem menos académica mas desejavelmente mais eficaz, decidimos sublinhar alguns dos conceitos que se nos apresentaram como decisivos. Factos novos; reacções perigosas A análise actual sobre imigração tem como referência o que se passou e iniciou no 11 de Setembro de 2001, acontecimento que criou no Ocidente um sentimento de insegurança generalizado e gerou um tipo de resposta violenta e proteccionista, sobretudo face à imigração muçulmana, que na Europa tem como destinos de eleição a França, a Alemanha e a Inglaterra, levando os países de destino a erguer barreiras cada vez maiores à circulação do imigrante. Em Outubro de 2003, ainda podíamos sentir os ecos desses acontecimentos. DN – dia 3 de Outubro de 2003 – Sociedade – Carlos Ferro: “Cartão à prova de falsificação para imigrantes; Combate ao terrorismo leva União Europeia a uniformizar autorizações de resistência; «Chip» vai permitir dados biométricos. Os cidadãos estrangeiros com autorização de residência em Portugal, cerca de 210 mil, vão ter um documento à prova de falsificação ou contrafacção onde, a médio prazo, podem ser introduzidos num chip sem contracto, dados biométricos, como a cor da íris e a impressão digital. Este cartão vai ter as dimensões do de multibanco, será uniforme na EU e representa uma das faces do combate ao terrorismo. Pois, como referiu ao DN Manuel Palos, director-geral adjunto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, «nestes tempos há muita apetência de cidadãos não autorizados em títulos de residência». (…) Missão. A detecção de documentos falsos ou falsificados utilizados pelas redes terroristas é um dos maiores «combates» que a União Europeia enfrenta. O Conselho de Segurança aprovou mesmo uma resolução, a 1373, onde identifica as Filipinas, o Paquistão e a Indonésia como os países mas problemáticos a esse nível. ” DN – dia 7 de Outubro 2003 – em colaboração com o gabinete em Portugal do Parlamento Europeu, a propósito do projecto de Constituição Europeia saído da Convenção Europeia. “União Europeia, um espaço de liberdade, de segurança e de justiça”. • Os desafios – O projecto de Constituição oferece à União Europeia os meios apropriados para alcançar soluções à altura dos desafios que a União enfrentará (como assegurar a livre circulação das pessoas, como lutar contra o terrorismo e os crimes graves, como gerir os fluxos migratórios). (…) A união poderá gerir de modo integrado as suas fronteiras (por exemplo, com a constituição de uma unidade que possa ajudar e apoiar as autoridades fronteiriças nacionais nas suas tarefas de controlo e vigilância de fronteira). • O direito de asilo – A União deverá dotar-se de uma verdadeira política comum em matéria de asilo assegurando que todos os que necessitam de protecção internacional sejam efectivamente protegidos. Actualmente, prevêem-se apenas regras mínimas, mas o projecto de constituição prevê já o estabelecimento de um sistema comum europeu de asilo que introduz um estatuto uniforme para os refugiados e procedimentos comuns. • Política de imigração – A União também irá criar uma política comum de imigração. Trata-se de gerir eficazmente os fluxos migratórios, assegurar um tratamento justo dos imigrantes em situação regular de residência e de prevenir e lutar contra a imigração ilegal e o tráfico de seres humanos.” Apesar de todos os ecos e reacções que vamos testemunhando, verificamos que uma política proteccionista dificilmente consegue estancar ou controlar eficazmente o fluxo e o movimento global de pessoas. Por exemplo, integração de 10 novos países no chamado espaço europeu impõe a previsão de que, nos primeiros anos, venham para os países ditos desenvolvidos 335 mil novos imigrantes por ano. A Europa vai ganhando consciência de que a Querer é Poder 39 ESCRITOS globalização do comércio e do movimento de capitais não se pode separar do movimento das pessoas. Oferta e procura minarão sempre qualquer tentativa proteccionista, e enquanto a oferta no chamado mundo desenvolvido for tão atractiva para a grande massa do Terceiro Mundo haverá sempre quem arrisque penetrar as barreiras, mesmo que dentro de um contentor furado por berbequim. Tudo isso faz mover as pessoas para dentro das nossas fronteiras nacionais e europeias; se já não vêm por convite, como nas décadas de 50/60, vêm porque: • Os ganhos económicos são brutais; • Porque vivem em estados que se apresentam em falência – Somália; • Porque têm uma rede de amigos que os pode receber; • Porque a diferença entre as possibilidades de uma vida num país desenvolvido, mesmo que na pirâmide social o lugar destinado ao imigrante seja o mais baixo e as consequências da estagnação e definhamento que decorrem da sua permanência no país de origem (ex: emigração de Leste para Portugal – médico – servente) é tão grande, que os riscos a correr se tornam irrelevantes. É daqui que resulta o conceito de Miséria Dourada. Mesmo que sob o risco de não ter habitação condigna, sistema de segurança social, etc., o emigrante tem melhores condições de higiene, alimentação, segurança, no novo país, do que no país de origem. Se tomarmos mais especificamente a Europa como objecto de estudo, já que EUA/Canadá/Austrália/Nova Zelândia são casos diversos, verificamos que a disposição • A homossexualidade é atacada; • Existem determinadas formas de apelo à violência no discurso de alguns Imãs. Relembremos a este propósito a notícia de uma criança muçulmana, recentemente expulsa de uma escola pública em França por se recusar a destapar a cara e a descobrir a cabeça, o que contrariava o Regulamento Interno da escola. Neste caso a França, afirmando-se como um Estado laico, vê-se confrontada com preceitos de uma religião que é importada; que lhe chega de fora, acompanhando um fenómeno que o Estado sente não conseguir controlar. Noutro ponto, ou em contraponto, relembramos o argumento do político de extrema direita Holandês Piet Fortuym recentemente assassinado. «Como defender a liberdade de expressão se a expressão é o incitamento à violência?» A montante destes problemas levantam-se ainda outras questões decisivas sobre as quais importa reflectir: do imigrante para o risco, para violar as regras, tem criado animosidade nos países de acolhimento. Apesar disso a Europa precisa de imigrantes para manter válidos os seus sistemas de Segurança Social. Este é mais um dos actuais dilemas que pode condicionar decisões erradas. O espaço europeu mantém princípios de identidade comum como a igualdade entre os homens e mulheres, a universalidade do voto, etc. Ora quando a França (1/2 milhão de ilegais) e à Alemanha (1 milhão ilegais) chegam milhares de muçulmanos, politicamente criam-se dificuldades, e as democracias europeias não encontram respostas fáceis: • Como controlar o fluxo? Levantando barreiras à circulação? • Como integrar os que já cá estão? • As mulheres não são consideradas iguais por todos aqueles que chegam; Relativamente à primeira questão de como controlar o fluxo, as respostas são diversas e procuraremos abordá- 40 Querer é Poder ESCRITOS -las gradualmente, no entanto, as estratégias de alguns países são merecedoras, desde já, da nossa atenção. Mais do que simplesmente travar, alguns estados pretendem seleccionar o que claramente exige formas de controlo. The Economist, Novembro de 2008, suplemento, “The Longest Journey”. Por exemplo, a Alemanha e o Canadá com a intenção de «atrair cérebros» oferecem garantias de emprego e estabilidade a 20.000 imigrantes licenciados. No entanto, apenas 12.000 se candidataram. A verdade é que os EUA pagam mais. Sobre este modo de atracção que os ricos exercem sobre os pobres “chamando” os seus membros mais qualificados e também sobre as consequências que daí resultam, para ambos, as conclusões do estudo apresentado pelo jornal inglês são surpreendentes e como que contradizem o preconceito ou paradigma que temos face ao imigrante e aos seus efeitos: No país de origem: • Quem sai é geralmente o mais bem preparado e o mais activo. Ex. Índia – quem sai representa 0,01% mas ganha o equivalente a 10% dos ordenados do país; • Dá-se uma baixa na captação de impostos; • Em alguns casos ganha com volume de remessas dos imigrantes. Ex: a Albânia onde as remessas equivalem a 75% das exportações; • Alguns países em vias de desenvolvimento perderam, com o fenómeno da emigração, 30% da sua força de trabalho mais qualificada; DN – dia 3 de Dezembro de 2006 – Francisco Sarsfield Cabral. Pobres e Ricos “O Conselho Económico e Social de França considera necessário receber, no país, mais dez mil imigrantes por ano dos que as que já lá entram, e não são poucos (perto de 100 mil imigrantes legais por ano, fora os outros). A França precisa de mais trabalhadores estrangeiros para as tarefas que os franceses se recusam a fazer, desmentindo uma vez mais o mito de que os imigrantes vêm tirar os empregos aos nacionais. Os imigrantes, diz o CES francês, são também indispensáveis para garantir o futuro das pensões de reforma e das prestações sociais. É que a baixa natalidade leva a que cada vez menos trabalhadores no activo descontem para as reformas e para a segurança social dos outros – que ainda por cima (e felizmente), vivem hoje até mais tarde. Mas o CES francês adianta um outro dado inquietante. A França precisa, igualmente, de aumentar a imigração de trabalhadores qualificados. Necessita, por exemplo, de mais médicos e de mais enfermeiros nos hospitais – venham, então, os médicos e os enfermeiros estrangeiros. Em França, um quarto dos médicos das urgências e um terço dos cirurgiões são, já hoje, de origem estrangeira. Algo que em Portugal começamos a conhecer. Em geral, a França não está a formar um número suficiente de pessoas com altas qualificações. Daí o imperativo de recorrer a estrangeiros. Ora o reverso desta atracção de pessoal qualificado pelos países ricos é altamente prejudicial para os países pobres. Já não basta que boa parte das poucas poupanças que nestes se geram tome o caminho dos Estados Unidos. Acresce que os países pobres ficam sem muitos dos escassos diplomados, a quem pagaram formação. São os pobres a ajudar os ricos, condenando-se ao subdesenvolvimento. Até quando?” Assim se verifica que, são de facto os ricos a ajudar os pobres: • Dada a dificuldade de circulação, quem entra tem medo de voltar a sair. As remessas tendem a diminuir com o tempo de permanência do imigrante no país de acolhimento o que empobrece o país de origem; • Quando saem muitos trabalhadores especializados os que ficam tendem a ganhar mais, pois a lei da oferta – procura funciona a seu favor; • O país de origem investiu na formação do emigrante e não recebe qualquer retorno. No país de acolhimento: • Ganham-se novos elementos activos (cérebros); Por exemplo, da Índia para os EUA emigraram, nos últimos 2 anos, 1 milhão de Indianos, sendo que mais de ¾ são bacharéis ou têm mais habilitações; • Novas forças produtivas integram o tecido económico Norte-americano; Por exemplo, 30% das novas companhias em Silicon Valley são chinesas ou Indianas; • Numa primeira fase a produtividade aumenta sempre. Salários mais baixos para funções idênticas acrescido do facto de que o país de acolhimento não gastou nada com a sua formação; • Ganha algum equilíbrio no Sistema de Segurança Social. É aqui que o estudo apresentado pelo jornal Inglês The Economist introduz e analisa um conceito estratégico que nos parece decisivo: “Não imigre, circule” As virtudes da livre circulação são, segundo o estudo, diversas e muitas delas podem mesmo ser de alguma maneira, compreendidas como realidades já experimentadas por alguns estados. • É o caso da chamada diáspora Irlandesa, em que a possibilidade do imigrante ter dupla nacionalidade se revelou de importância decisiva política, (esforços de paz) e economicamente, (prosperidade económica) no país de origem. • Quem regressa traz consigo novas competências/ ideias pelo que é decisivo manter os laços com quem saiu; • Quem regressa ganha, em média, mais 15% do Querer é Poder 41 ESCRITOS que quem fica, no desempenho da mesma função; • Há ainda os exemplos de Silicon Valley e de Xangai onde a circulação de imigração deu origem à criação de novas linhas e redes comerciais, com evidentes consequências positivas em termos de prosperidade e desenvolvimento económico. Dificuldades e Problemas a Resolver, pelo país de origem e pelo país de acolhimento. • «Não se poderá ter um estado de livre circulação que seja um estado Previdência» - uma vez que quem contribui não o faz sempre no mesmo estado; segue novos caminhos – Circula; • No entanto os «esclerozados estados de previdência europeus» atraem algum tipo de imigração específica – menos preparada e mais desfavorecida - mais ainda do que o sistema norte-americano, e não apenas porque este pague melhor; • A atracção exerce-se em grande medida sobre as camadas mais desfavorecidas (nos EUA temos a imigração dos extremos. Tudo ou nada; certa percentagem tem licenciatura e outra menos que o 9º ano) • Do «nada» surgem novas dificuldades. A tendência, em parte devido às barreiras que se levantam à plena integração, é para que a falta de escolaridade passe de geração em geração, e é precisamente essa franja que apresenta maior taxa de natalidade; • Vai-se perpetuando a exclusão – fenómeno que sentimos já em Portugal – e a pobreza. (ex. o maior número de entradas nos países de acolhimento é de familiares dos que já lá estão. «Os não especializados agrupam-se»); • As camadas menos favorecidas dos países de acolhimento exigem protecção e caem por vezes na armadilha de discursos xenófobos, securitários ou simplesmente proteccionistas; • As barreiras levantadas pelos estados partem do princípio de que o fenómeno está fora de controlo, e os estados europeus, ao contrário dos EUA, não se revêem como estados de imigração. (Ex. a Grécia no seu Census 2001 detectou que do aumento da sua população em 1 milhão de habitantes, apenas 40.000 se deviam a nascimentos, isto no espaço de uma década); • As barreiras levantadas levam ao efeito perverso de que, quem está dentro já não sai; • Nos EUA após o 11 de Setembro o número de pessoas que acederam à figura do asilo desceu para metade, e durante seis meses não podem trabalhar nem ter direito a qualquer Segurança Social. • A Europa está a enveredar pelo mesmo caminho e começamos a ouvir alguns discursos semelhantes. • Uma consequência é o aumento da ilegalidade, pois as barreiras são inevitavelmente furadas. Ora a ilegalidade acarreta um submundo de “non-persons” que se excluem da sociedade; • Milhões de pessoas sem documentos são certamente uma preocupação no que diz respeito à segurança e à falta de controlo o que certamente dará cobertura a atitudes de reacção securitária. As soluções Qualquer solução terá forçosamente de ser global e integrada em processos ainda em aberto e provavelmente não perfeitamente definidos. Mesmo convirá reter que: • As Amnistias de que já tivemos breves exemplos, dados também pelos nossos próprios serviços de imigração nacionais, (os EUA em 1986 legalizaram 30 milhões de imigrantes) não são uma panaceia. Servem sobretudo como atractivo a uma nova vaga de emigrantes; • O compromisso – tão típico do bom senso anglo-saxónico – será um caminho melhor. Procurar uma legalização que assuma a forma de integração no sistema e nos vários sectores do estado – Finanças, Segurança Social, etc. Legalizar, dar emprego, integrar o que não significa de modo algum, ficar para sempre. Lembremos a palavra-chave: «Circule!»; Precisamente vivemos uma época ou era de facilidade de comunicação e de facilidade de acesso à informação e, a esse propósito, dizem-nos os E.U.A., país que já foi Colónia e que se apresenta como Nação de imigrantes: “A escola é onde o «melting-pot» tem sucesso ou falha”. Por Exemplo, os imigrantes ilegais: • Não podem fazer um seguro para o carro; • Não contribuem para o Sistema de Segurança Social; 42 Querer é Poder Do seu sucesso depende um maior empenho em ESCRITOS integrar a nova sociedade contribuindo com os seus novos valores e mitigando a tensão, para a sua evolução. Vejamos vários exemplos: • O desconhecimento da língua é um factor óbvio de segregação e de desenraizamento; por exemplo, em Inglaterra o domínio da língua por parte do imigrante resulta, em média, num acréscimo de 17%/hora no seu rendimento; • Na Alemanha até 1980 os Turcos mandavam os filhos estudar na Turquia o que contribuiu para a criação de diversos problemas de exclusão e choques culturais; • Em Nova York há um cada vez maior número de pequenas comunidades nacionais que não se dissolvem criando um efeito novo de mosaico ou de “balkanização”. Mesmo assim, e a apesar de tudo o que ficou dito, a imigração como fenómeno global é uma fonte de riqueza e assim deverá ser encarada. Segundo o estudo do “The Economist”, se os países ricos abrissem as portas a mais 3% relativamente aos números actuais, a economia global aumentaria em 150 biliões/ano o que representaria ganhos maiores do que qualquer liberalização possível dos preços; DN – dia 23 de Outubro de 2005, João César das Neves. A chave da produtividade “A discussão sobre a produtividade, que o Governo lançou em boa hora, é capaz de trazer algumas surpresas. A iniciativa é muito de louvar, tratando de uma dimensão essencial do futuro, sempre oculta por muitos problemas. Mas dois dos factores mais importantes para a nossa produtividade estão entre os mais criticados pela classe política, a informalidade e a imigração. (…) Ao longo de séculos os nossos compatriotas souberam procurar noutras zonas as melhores oportunidades de progresso. E hoje, quando o pequeno Portugal já é desenvolvido e os portugueses aspiram a empregos de qualidade, são os imigrantes que vêm colmatar as falhas que essa evolução criou. As mesmas que nós aproveitámos noutros locais noutros tempos. (…) A nossa elite nunca compreendeu isto. Os piores obstáculos à produtividade vêm dos excessos de regulamentação, burocracia e fiscalidade, demasiado pesados e injustos para uma economia ágil. (…) No que toca à imigração, a elite insiste em complicar a entrada de trabalhadores estrangeiros com regras tontas, enquanto repete a falácia populista de atribuir o desemprego aos imigrantes. (…) A chave da nossa produtividade está um potenciar as vantagens, colmatar as insuficiências e… combater a elite”. Gostaria de terminar com duas ou três ideias positivas sobre este assunto; sobre o futuro, e sobre o nosso país. No último relatório das Nações Unidas (2007/2008), Relatório do Desenvolvimento Humano; Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e desenvolvimento, Portugal, país que conhece a imigração como ninguém, está colocado em primeiro lugar pelas medidas adoptadas com vista à integração dos imigrantes. As iniciativas de Portugal na integração de imigrantes “estão na vanguarda da Europa e do mundo”. Somos o país com melhor classificação na atribuição de direitos e serviços aos estrangeiros residentes nomeadamente no que diz respeito ao acesso aos sistemas de saúde e de ensino. Cá no Pilão, também nos parece motivo de orgulho o modo como o Batalhão Escolar tem, ao longo destes últimos anos, integrado plenamente, vários alunos que aqui chegam para estudar. Naturalmente que nos sobram questões e dificuldades, mas conhecer o problema e desmistificar um pouco os seus contornos, certamente que ajudará a resolver. Miguel Viegas Gonçalves Professor, de Filosofia Querer é Poder 43 Voz da Ciência Pedro Nunes e o Nónio Um Pouco da Física do Século XX Em alguns instrumentos de medição utilizados em mecânica verificamos a existência do nónio. (Paquímetro com nónio - escala inferior) Este não é mais que uma pequena escala destinada a avaliar com precisão fracções da menor divisão da escala principal, seja ela rectilínea (caso do Paquímetro) ou circular (Suta Universal). O nónio (de Nonius, forma latinizada da palavra Nunes) foi inventado pelo matemático português Pedro Nunes, um dos maiores vultos científicos do seu tempo, tendo contribuído decisivamente para o desenvolvimento da navegação, essencial para as Descobertas portuguesas. Nascido em 1502, em Alcácer do Sal, Pedro Nunes frequentou a Universidade de Salamanca onde estudou Matemática e Astronomia, mas é em Lisboa que, em 1525, se doutorou em Medicina. Em Novembro de 1529 é nomeado cosmógrafo do Reino por D. João III e em 1530 era professor na Universidade de Lisboa, onde leccionou Matemática e Metafísica. Em 1531, o Rei D. João III convidou-o para professor dos seus irmãos mais novos, os infantes D. Luís e D. Henrique (depois cardeal e rei). Em 1537, com a transferência da Universidade para Coimbra, continua a leccionar nesta cidade e em 1547 era promovido a cosmógrafo-mor, cargo que o obrigava a deslocar-se frequentemente à corte em Lisboa. Aposenta-se aos 62 anos e passa a viver na capital, vindo a falecer em 1577 ou 1578. O nónio é inventado pela necessidade de estudos astronómicos, assim como para o traçado da loxodrómica. Esta é a curva que um navio descreve na sua rota e que corta os meridianos sob o mesmo ângulo e não coincide com a curva ortodrómica, que se desenvolve num arco de círculo máximo. O aparelho inicialmente era um pouco complicado e foi tornado prático em 1583 pelo Padre Jesuíta Cristóvão Clávio (1537-1612), portanto, já depois da morte de Pedro Nunes. É possível que, durante a sua estadia em Coimbra, Cristóvão Clávio tenha assistido às aulas de Pedro Nunes, sendo assim influenciado pelo seu trabalho. Somente em 1631 o francês Pierre Vernier aperfeiçoou o invento do nosso matemático, não sendo tal aperfeiçoamento mais do que uma fase na evolução de um processo que se iniciou com Pedro Nunes. Assim, devemos repudiar a denominação de “vernier” dada pelos franceses ao aparelho, pois ele é glória de um português notável e pertence-nos pela prioridade da descoberta. Carlos Carvalho – Engº Mecânico 44 Querer é Poder Figura 1 - Raios cósmicos de altas energias que atingem átomos na atmosfera produzem chuveiros de partículas que atingem a superfície da Terra. Para além de algumas partículas já vossas conhecidas, como o electrão e o fotão, existem na Terra outras partículas misteriosas igualmente estáveis, como os neutrinos. Existem ainda partículas que vivem apenas por curtos instantes, instáveis e fugidias, que se transformam muito rapidamente noutras partículas que, por sua vez, se transformam em outras… Desde sempre o Homem se questionou sobre a natureza da matéria e acerca das leis que governam o Universo: • Em 400 A.C., Demócrito afirma que todas as coisas são formadas por pequenos grãos indivisíveis e pelo vazio; • Em 1895, Thomson descobre o electrão; • Em 1914, Ernest Rutherford descobre o protão; • Em 1932, James Chadwick descobre o neutrão. Nessa altura, os físicos diriam que todas as coisas são formadas por protões, neutrões, electrões e pelo vazio. Que pensam os físicos de hoje? Voz da Ciência Hoje conhecem-se várias centenas de partículas, elementares ou não. Visitemos as famílias das partículas elementares. A CADA UM DOS FERMIÕES É NECESSÁRIO ACRESCENTAR A SUA ANTIPARTÍCULA. Em 1928, Dirac havia previsto a existência de uma Figura 2 - Representação da constituição do átomo. Os físicos, para estudarem o interior da matéria, o infinitamente pequeno, necessitam de gigantescos microscópios que são os aceleradores de partículas, inventados na década de 1920, onde aceleram partículas estáveis, como os protões, através da aplicação de forças eléctricas e magnéticas. A seguir, provocam colisões, de modo a observarem a criação de muões, de piões, de partículas charmosas, entre muitas outras. Estas partículas criadas em aceleradores existem naturalmente no cosmos?… antipartícula para o electrão, partícula que veio a ser descoberta por Anderson, em 1932, na radiação cósmica, o positrão. Toda a antipartícula é exactamente igual à partícula correspondente, com excepção do sinal de carga. Os fermiões fundamentais são as verdadeiras partículas de matéria. Os bosões são os agentes de ligação, ou seja, são as partículas que mediatizam as quatro interacções fundamentais: a gravitação, a interacção electromagnética (que explica a coesão da matéria à nossa escala), a interacção fraca (que gere certos processos radioactivos) e a interacção forte (que liga os constituintes dos núcleos). Já tinham pensado por que motivo os núcleos dos átomos se mantêm intactos apesar da repulsão coloumbiana? Como os protões e os neutrões são formados por quarks, hoje podemos afirmar que o nosso mundo é feito de quarks, electrões e vazio. No início do século foi observado um fenómeno estranho: o ar, que se acreditava ser um isolador perfeito, conduzia apesar de debilmente a corrente eléctrica. O físico Victor Hess, por meio das suas ascensões de balão, mostrou que o ar era melhor condutor a grandes altitudes do que ao nível das águas do mar, o que confirmou a hipótese de que as partículas que atravessavam a atmosfera, tornando--a condutora, viriam do espaço. A este fenómeno foi atribuído, em 1926, o nome de “Radiação Cósmica”. Trata-se de partículas que provêm do Sol, da nossa galáxia e provavelmente de origens ainda mais longínquas do cosmos. São essencialmente protões, animados de grande velocidade, que ao interactuarem com a atmosfera dão origem a um chuveiro de partículas, como piões, muões, neutrinos… Em 1930, no estudo da radiação cósmica, foram observadas partículas instáveis muito penetrantes, em tudo semelhantes aos electrões, excepto na massa. Estas partículas são hoje designadas por muões (μ). Sendo o muão instável, o que acontecerá quando decai (quando “morre”)? Quando o muão decai, surgem novas Querer é Poder 45 Voz da Ciência partículas: dois neutrinos - o neutrino do muão e o antineutrino do electrão - e um electrão. Figura 3 – Imagem obtida por um exame PET, extraída de Vamos procurar saber um pouco mais sobre estas partículas… O electrão conhecem vocês bem. É uma partícula elementar estável com carga eléctrica -1, que se move em torno do núcleo atómico e determina as propriedades químicas dos elementos. E onde encontramos os neutrinos? Em cada segundo, somos atravessados por dezenas de milhar de milhões destas partículas! Trata-se das partículas mais numerosas do cosmos: os neutrinos! Eles interagem tão fracamente com a matéria que conseguem atravessar a Terra. São quase intocáveis! O neutrino, assim como o antineutrino, é uma espécie de partícula fantasma, difícil de detectar e extremamente misteriosa. A palavra Neutrino deriva do italiano que significa “pequeno e neutro”. A existência dos neutrinos foi prevista em 1932, por Pauli, a fim de salvar o princípio da conservação da energia que os fenómenos de desintegração β pareciam não respeitar. Pauli imaginou uma partícula invisível que se escapava no processo, levando consigo a energia restante. Esta partícula seria o neutrino que, devido à sua admirável discrição, só viria a ser observado directamente em 1953. Devem estar a colocar a seguinte questão: para quê estudar Física das Partículas? Que respostas nos permite obter? De entre várias respostas possíveis, posso dizer--vos que nos permite visitar o universo de há 1010 anos atrás! A física das partículas permite aos astrofísicos esboçar os três primeiros minutos da história do Universo, intervalo de tempo no qual existiam apenas partículas elementares, que se foram agregando à medida que a temperatura foi baixando, formando os primeiros núcleos de hidrogénio e hélio, que após cerca de 300000 anos foram dando origem aos primeiros átomos…Visitando o infinitamente pequeno encontramos respostas para o infinitamente grande e longínquo. Uma aplicação de indiscutível utilidade do estudo desta área da física vê-se na medicina. Existem centenas de aceleradores de partículas espalhados pelo mundo ao serviço da medicina, para a imagiologia e a terapia. 46 Querer é Poder A figura 3 mostra-nos uma imagem obtida Tomografia de Emissão de Positrões (PET - Positron Emission Tomography), exame que permite detectar alterações em tecidos e órgãos. Um radiofármaco que emite positrões (as antipartículas dos electrões) é administrado ao doente e, quando se dá a emissão de positrões, estes são rapidamente aniquilados com electrões no corpo do doente. Este processo liberta raios gama que são detectados, permitindo formar as imagens tridimensionais do exame e, consequentemente, avaliar o funcionamento dos tecidos e órgãos, com base na quantidade de radiofármaco metabolizado. http://en.wikipedia.org/wiki/ Positron_emission_tomography Alguns sites sobre Física de partículas: http://particle adventure.org www.cern.ch www.lip.pt Ângela Costa, (prof. Física e Química) Voz da Ciência A Matemática e a Música “A música é um exercício inconsciente de cálculos.” Leibniz (1646-1716) A música é, indiscutivelmente, das artes a mais popular. Mas o que a maioria das pessoas não sabe é que por detrás de um simples fado ou de uma complexa sinfonia existem relações matemáticas muito simples que ajudam a formar, ao lado do talento humano, o edifício sonoro da nossa música. A escrita de partituras é a primeira área onde a Matemática revela, de forma evidente, a sua influência na Música. Na linguagem musical aparecem-nos os termos andamento (quaternário, ternário,...), ritmo, notas breves, semibreves,... Compor música, de forma a preencher uma determinada quantidade de tempo com n notas, é equivalente ao procedimento utilizado na redução ao mesmo denominador – as diferentes durações das notas devem encaixar numa certa medida de um dado compasso. Mesmo assim, o compositor vai criar música que se alia de forma maravilhosa e perfeita na estrutura rígida de uma partitura escrita. Mas a afinidade entre a Matemática e a Música não se limita a esta relação óbvia com as partituras musicais. A música está relacionada com razões, curvas exponenciais, funções periódicas, ciências da computação... A experiência do monocórdio e a música na escola pitagórica Os primeiros sinais de casamento entre a Matemática e a Música surgem no século VI a.C. quando Pitágoras, através de experiências com sons do monocórdio, efectua uma das suas mais belas descobertas. Possivelmente inventado por Pitágoras, o monocórdio é um instrumento composto por uma única corda estendida entre dois cavaletes fixos sobre uma mesa possuindo, ainda, um cavalete móvel. Pitágoras buscava relações de comprimentos – razões de números inteiros – que produzissem determinados intervalos sonoros. Deu continuidade ao seu trabalho investigando a relação entre o comprimento de uma corda vibrante e o tom musical produzido por ela. Verificou que, pressionando um ponto situado a 3/4 do comprimento da corda em relação à sua extremidade – o que equivale a reduzi-la a 3/4 do seu tamanho original – e tocando-a a seguir, se ouvia uma quarta acima do tom emitido pela corda inteira. Exercida a pressão a 2/3 do tamanho original da corda, ouvia-se uma quinta acima e a 1/2 obtinha-se a oitava do som original. A partir desta experiência, os intervalos passam a denominar-se consonâncias pitagóricas. Pitágoras estabeleceu relações entre a Matemática e a música associando, respectivamente, aos intervalos musicais referentes às consonâncias perfeitas – oitava, quinta e quarta – as relações simples 1/2, 2/3 e 3/4. Estas correspondem às fracções de uma corda que fornecem as notas mais agudas dos intervalos referidos, quando se produz a nota mais grave pela corda inteira. Atribui-se o descobrimento dos intervalos consonantes a Pitágoras, embora provavelmente estes já fossem conhecidos muito antes em distintas culturas antigas. Influenciada pela cultura oriental, a doutrina pitagórica sustentava que “Tudo é número e harmonia”. Assim, os pitagóricos acreditavam que todo o conhecimento se reduziria a relações numéricas, posicionando-as como fundamento da ciência natural. Kepler e a música dos planetas Matemático, astrónomo e filósofo nascido em Weil, Johannes Kepler (1571-1630) apresentou fortes subsídios para a ciência musical. Em 1601, Kepler assumiu um posto de trabalho na organização de calendários e predição de eclipses como matemático e astrónomo da corte do imperador Rudolfo II, em Praga, até 1612, estabelecendo-se mais tarde em Linz, onde concluiu e publicou o seu Harmonices Mundi, em 1619. Kepler julgou insatisfatória a experiência de Pitágoras com o monocórdio para o estabelecimento de intervalos consonantes. Assim, Kepler dividiu a corda em até oito partes. O cientista alemão verificou empiricamente a existência de oito consonâncias: uníssono (1/1), oitava (2/1), quinta (2/3), quarta (4/3), terça maior (5/4), terça menor (6/5), sexta maior (5/3) e sexta menor (8/5). Defendia a existência, conhecida desde os antigos, de escalas musicais peculiares a cada planeta, que soavam como se estes cantassem simples melodias, relacionando para isso velocidades dos planetas às frequências emitidas. Considerava os movimentos dos planetas uma música que traduzia a perfeição divina. De acordo com a Segunda Lei de Kepler – Leis das Querer é Poder 47 Voz da Ciência Áreas – para movimentos dos planetas, esses varrem radialmente áreas iguais em tempos iguais, o que implica máxima velocidade no periélio – posição mais próxima do Sol – e mínima no afélio – ponto diametralmente oposto. A fim de respeitar a Segunda Lei, Kepler tentou explicar a variação de velocidade de um planeta por uma metáfora musical. Admitindo que movimentos rápidos e lentos se associavam respectivamente às notas agudas e graves em sua construção imaginativa, o astrónomo alemão considerou que a razão das velocidades extremas determinaria um intervalo musical representante do planeta referido. Por exemplo, as velocidades angulares A altura da nota musical depende tanto do comprimento da corda que a emite, como da tensão a que a mesma está sujeita. Como se referiu anteriormente, Pitágoras descobriu utilizando um monocórdio que: ”se uma corda e a sua tensão permanecem inalteradas, mas varia o seu comprimento, o período de vibração é proporcional ao seu comprimento”. Suponha-se que um fabricante de pianos utiliza, de acordo com Pitágoras, cordas de idêntica estrutura, mas de diferentes comprimentos, para alcançar a gama de frequências que tem este instrumento. Num piano moderno, com notas de frequência compreendidas entre 27 e 4096 Hz, a corda com maior comprimento resultaria 150 vezes mais longa que a de menor comprimento. Obviamente, isto teria impedido a construção do piano do exemplo, se não fosse pelas duas leis do matemático francês Mersenne. A primeira diz: ”Para cordas diferentes com um mesmo comprimento e igual tensão, o período de vibração é proporcional à raiz quadrada do peso da corda”. O maior peso alcança-se, geralmente, enrolando um arame mais fino em espiral, de forma a evitar o excessivo comprimento das cordas destinadas aos sons graves. no periélio e afélio de Saturno são respectivamente 135 e 106 arcos de segundo por dia, o que significa uma relação de 135/106; ora 135/108 = 5/4 correspondente ao intervalo de terça maior. A menos de diferenças desprezíveis do ponto de vista musical, desvelam-se os intervalos representantes de outros planetas obtendo-se: Saturno 4/5 (terça maior) Júpiter 5/6 (terça menor) Marte 2/3 (quinta) Terra 15/16 (semitom) Vénus 24/25 (diese) Mercúrio 5/12 (terça menor composta) Transcrevendo a lei das áreas com uma roupagem musical, tem-se que cada planeta correspondia, assim, a um tema musical bem definido transcrito por Kepler. Afirma que cada planeta, cada astro possuía uma alma que lhe comunicava o movimento, traduzindo num canto real, um hino à glória do Deus criador. A Matemática na Música Quando ouvimos os sons emitidos pelos instrumentos de cordas, tais como o violino, a guitarra, o piano, etc., não passará inadvertido que resultam da vibração das cordas do próprio instrumento. 48 Querer é Poder A segunda lei expressa: “Quando uma corda e o seu comprimento permanecem inalterados mas se varia a tensão, a frequência da vibração é proporcional à raiz quadrada da tensão”. Ao seguir esta lei, evita-se que as cordas dos agudos tenham de ser muito curtas, com o aumento da tensão. Ao incluir-se as armações de aço nos modernos pianos, foi possível aplicar tensões nos arames até valores que, antigamente, eram inconcebíveis, pois alcançariam as 30 toneladas. Voz da Ciência A forma do piano de cauda Na realidade, muitos instrumentos têm formas e estruturas relacionadas com vários conceitos matemáticos. As funções e as curvas exponenciais fazem parte desses conceitos. Uma curva exponencial x é descrita por uma equação da forma y = k , onde x k > 0 . Um exemplo é y = 0,5 , cujo gráfico se apresenta. Os instrumentos musicais, € formados por cordas ou por colunas de € ar, reflectem a curva exponencial na sua estrutura. O estudo da natureza dos sons musicais atingiu o seu apogeu com o trabalho de Joseph Fourier, um matemático do século XIX. Ele demonstrou que todos os sons musicais – instrumentais ou vocais – podiam ser modelados por expressões matemáticas, traduzidas pelas somas de funções periódicas simples de senos. Todos os sons têm três características – altura, intensidade e timbre – que os diferenciam entre si. A descoberta de Fourier possibilita que as três propriedades dos sons sejam representadas graficamente de forma distinta. A altura está relacionada com a frequência da curva, a intensidade a ponto de sobre ela haver unanimidade, mas as simetrias e belezas observadas nas leis que governam a combinação das estruturas matemáticas usadas na descrição de sons guardam estreita relação com a área da Música, conhecida como Harmonia. Dessa maneira, a Matemática é capaz de mostrar e descrever, a partir de uma abordagem objectiva, as possibilidades das infinitas combinações de sons. y 6 4 2 x -2 -1 fundamentais para conceber a mais moderna geração de instrumentos musicais, bem como para a concepção de computadores activados pela voz. Muitos fabricantes de instrumentos comparam os gráficos periódicos dos sons dos seus produtos com os gráficos ideais para esses instrumentos, aproximando--os o mais possível. É desta forma que a fidelidade da reprodução musical electrónica está directamente ligada com os gráficos periódicos. Os músicos e os matemáticos continuarão a desempenhar papéis igualmente válidos na produção e na reprodução musical. Uma forma de arte nunca será objectiva e precisa 1 2 com a amplitude e o timbre com a forma da função periódica. Sem a compreensão da Matemática na música, não teriam sido possíveis a evolução na utilização de computadores na composição musical e a concepção de instrumentos. As descobertas matemáticas, nomeadamente das funções periódicas, foram É a perfeição dessas leis que permite olhar a Música sob outra perspectiva, unindo os mundos maravilhosos da Arte e da Ciência. Manuel Segismundo, Professor de Matemática Querer é Poder 49 DESPORTO ACCs DESPORTIVAS ANO 2009/2010 ANDEBOL REMO O Remo é uma das modalidades com mais tradição do IMPE. Este ano irá ter representações ao nível do O grupo de Andebol deste ano tentará repetir os êxitos do ano anterior. No entanto, temos mais um extra, pois fomos convidados pelo Desporto Escolar a participar no apuramento para o mundial de Escolas, no escalão de juvenis, que se realizará em Portugal, conjuntamente com o Mundial de seniores da modalidade. Como projecto de “Escola”, nunca esqueceremos que com níveis negativos na avaliação não poderemos participar na competição, por isso, alunos, toca a estudar. Este ano, e se continuar este grupo de trabalho, participaremos no Desporto Escolar nos escalões de Iniciados (13-14 anos); juvenis (15-16 anos) e juniores (17-18 anos). Está em aberto a participação nos escalões de iniciados e juvenis no Campeonato Federado Regional da Associação de Andebol de Lisboa. NATAÇÃO A ACC de Natação terá como principal objectivo ensinar os alunos a nadar. Este ano lectivo, os alunos com melhor nível técnico irão representar o IMPE em diversas competições. 50 Querer é Poder Remo – Indoor e nas embarcações tipo Yolle. A equipa deste ano é formada por alunos de vários anos lectivos, o que faz com que seja bastante heterogénea, havendo atletas desde o escalão de benjamins até juniores. O objectivo deste ano desportivo passa pela presença nas várias finais das provas de Remo-Indoor, bem como pela presença nas regatas em embarcações tipo Yolle. Está prevista a realização de dois estágios em embarcações tipo Shell em águas planas. De referir ainda que o torneio interno de Remo-Indoor irá realizar-se no 2º período. DESPORTOS COMBATE A equipa de Desportos Combate vai ter ao longo do corrente ano lectivo uma calendarização composta por: • • Seis estágios externos; Seis estágios internos; DESPORTO • Seminários de graduação; • Dois torneios internos; • Participação em eventos de carácter demonstrativo, nomeadamente saraus e momentos promocionais do Instituto. FUTSAL Os alunos têm demonstrado interesse e empenho nesta actividade, que decorrerá até dia 18 de Novembro, uma vez que o baile é dia 21 de Novembro. TORNEIO INTERNO DE ANDEBOL Nos passados dias 20 e 29 de Outubro decorreu o Torneio Interno de Andebol para o Ensino Básico e para o Ensino Secundário, respectivamente, com as seguintes classificações: 2ºCiclo: 1º Lugar: 6ºA (equipa II) 2º Lugar: 6ºA (equipa I) 3º Lugar: 5ºA (equipa I) A equipa de Futsal Júnior (17-18 anos) irá este ano tentar superar o 3º lugar obtido no ano transacto. Para tal já tem agendado um jogo de treino com a Escola Secundária Maria Amália Vaz de Carvalho que é a actual equipa campeã de Lisboa-Cidade do Desporto Escolar. “ VALSA NO IMPE” 3º Ciclo: 1º Lugar: 9ºA 2º Lugar: 8ºB 3º Lugar: 9ºB Ensino Secundário 1º Lugar: 11º B 2º Lugar: 12º A 3º Lugar: 12º B Desde o dia 7 de Outubro que os novos alunos do Instituto estão a valsar! Esta actividade decorre às 4ª feiras, das 16:15 às 17:45. Tem como finalidade a aprendizagem da Valsa, para que, no dia do Baile de Recepção aos Novos Alunos, estes tenham à vontade e confiança em dançar com o seu par. Querer é Poder 51 NOTAS SOLTAS Casa Amada – Hino da Barretuna Acordas a sonhar Monsanto no olhar Tens toda a Lisboa Para te contemplar És criança, és homem, pilão Revives a tradição Com orgulho e emoção Amando, chorando, crescendo, sorrindo Sabendo guardar essa paixão 52 Pilão, que Casa tão amada Tua história contada É bela de se ouvir Pilão, nunca mais vou esquecer Teu lema até morrer Querer é Poder Rosada a tua cor Azul o teu vestir Tens olhos de criança Vives sempre sorrir Foste pai, avô, irmão Filho da nova nação General teu Capitão Amando, chorando, crescendo, sorrindo Sabendo guardar essa paixão Querer é Poder O CAIM DE SARAMAGO Os temas religiosos, de forma regular, voltam às páginas dos jornais e da televisão. Neste mês que passou o tema Bíblia voltou a aparecer com frequência, primeiro porque saiu uma nova tradução da Bíblia, para a qual trabalharam em conjunto várias igrejas cristãs, num português mais próximo do nosso quotidiano, e, sobretudo por causa da aparição de um novo livro do Nobel da literatura, José Saramago, com o seu novo livro Caim. Comprei o livro no dia em que este chegou às livrarias e li-o nos dias a seguir. Porque o li, porque costumo ser leitor assíduo de Saramago a quem reconheço uma capacidade única de criação de cenários sugestivos e que nos fazem reflectir sobre a vida e a sociedade e, que vivemos, creio que posso, com alguma fundamentação, dar a minha opinião sobre este livro. O texto começa com a evocação de uma figura bíblica que aparece no Capítulo 4 dos Génesis, o primeiro livro que aparece nas versões das nossas Bíblias: Caim. Evoca o drama contido nesta passagem: um irmão que mata outro para depois o fazer figura central noutras passagens relatadas pela Bíblia onde encontramos outras figuras como: Noé, Abraão, Moisés, Josué e Job. Todos estes relatos para quem estuda a Escritura não estão aparentados nem na sua estrutura, nem no seu objecto com esse outro relato onde figura Caim. Esta mistura aleatória de figuras já por si é um bocado confusa e, do meu ponto de vista, pouco razoável. Claro que a história tem um fio condutor, mostrar um deus caprichoso, mesquinho, interferindo arbitrariamente na vida das pessoas, normalmente provocando consequências infelizes na vida daquelas figuras com quem se relaciona. Estando em completo desacordo com esta visão de Deus, particularmente do Deus que se revela na Bíblia, só posso conceder que assim pense quem utilize uma visão demasiado simplista e maximamente fanática de quem toma o texto sem o ler como um texto que cria imagens, que precisam de ser descodificadas, o que é tanto mais estranho quando isto é escrito por alguém que tem como mérito na criação de imagens com profundidade na reflexão sobre a vida do homem. Mas por muito que me custe admito que alguém que se afirma ateu possa ter esta imagem de Deus que apoia numa leitura literalista e simplista da Bíblia. Talvez que os crentes tenham alguma culpa, pela forma como se comportam e como agem, em fazer passar esta imagem distorcida de Deus. Mas há uma coisa com que não posso concordar: é que para se expor uma compreensão de Deus, com a qual não concordo, mas respeitando a pessoa que a tem, se tenha de utilizar tanta grosseria, que não pode deixar de chocar os crentes, tanta acidez, tanta intolerância como aquela que resulta das páginas do livro e dos comentários que o autor tem feito a propósito do livro. Isso sim deixa-me uma triste impressão do objectivo de quem escreve. Maj SAR Rui Lopes Querer é Poder 53 INSTITUTO MILITAR DOS PUPILOS DO EXÉRCITO ADMISSÕES PARA O ANO LECTIVO DE 2010/2011 Ensinos Básico e Secundário Externato Misto e Internato Ensino Básico: • 2º e 3º Ciclo Ensino Secundário: Cursos Profissionais (Oferta formativa 2010-2011) • Técnico de Gestão • Técnico de Gestão do Ambiente • Técnico de Energias Renováveis (Energia Solar e Energia Eólica) • Técnico de Manutenção Industrial (Mecatrónica e Electromecânica) Calendário • Abertura do período de inscrições - 4 de Janeiro de 2010 • Março a 19 de Março – Primeira Chamada • Junho/Julho - Segunda Chamada • Agosto - Recursos INFORMAÇÕES: Instituto Militar dos Pupilos do Exército Estrada de Benfica, 374 1549 - 016 Lisboa Telefone: 217713832 / 918211197 Tel. Militar: 413532 E-mail: [email protected] www.pupilos.eu EFEMÉRIDES QUERER É PODER REVISTA DOS ALUNOS DO INSTITUTO MILITAR DOS PUPILOS DO EXÉRCITO ANO XXV - N.º 56 NOVEMBRO DE 2009 PUBLICAÇÃO TRIANUAL PROPRIEDADE Instituto Militar Pupilos do Exército Estrada de Benfica, 374 1549-016 LISBOA Tel: 217713871 Fax: 217785289 [email protected] DIRECTOR Diogo Ruivo Aluno 62/06- 12.º Ano (Aluno Cmdt de Batalhão) REDACÇÃO Equipa de Professores COORDENAÇÃO Maj SAR Rui Lopes Dr. Pedro André Drª Vanda Magarreiro MAQUETAGEM E PAGINAÇÃO Security Print - Sociedade de Industria Gráfica, Lda. MONTAGEM, IMPRESSÃO ACABAMENTO Security Print - Sociedade de Industria Gráfica, Lda. Rua Horta de Bacelos, Lt B Cave 2690-390 Santa Iria de Azóia Telefone: 219540380 Fax: 219540389 TIRAGEM 500 exemplares Depósito Legal 134200/99 Sumário Editorial 3 Efemérides Comemoração do Aniversário do IMPE 4 Homília do dia do IMPE 4 Discurso do Director no Aniversário do IMPE 5 Encerramento das Actividades do Prémio Escolar da Defesa Nacional 9 Recepção aos Professores da Junta de Freguesia de S. Domingos de Benfica 9 Viagem de Finalistas do 9º ano 2008/2009 10 Cerimónia de Imposição de Insígnias 11 Discurso Imposição de Insígnias pelo Adjunto do Corpo de Alunos 12 Discurso Imposição de Insígnias pelo Aluno Comandante de Batalhão 13 English Corner The 3 Rs song The Choices “All the world’s a stage...” 14 15 15 Visitas de Estudo Comemoração do V Aniversário do Museu da Presidência da República O IMPE no DOC LISBOA 2009 17 18 Passatempo 18 A Nossa Casa O Ínicio do Fim Pilão: Uma Vida! O Amor a esta Casa O Ser Graduado Ser Pilão A Minha Paixão Quem Sou Eu? Novo Director do Serviço Escolar Tomada de Posse Comandante Corpo de Aunos Novo Comandante do Corpo de Aunos 19 19 20 20 20 22 22 22 23 23 Página do CNO Mais uma Conquista O Homem que Venceu na Vida é aquele que acreditou em si 24 25 In Memoriam 28 Escritos Redução no Consumo de Energia Eléctrica Ensino Profissional - Que Futuro? O Êxito Começa com a Vontade A Evolução Histórico Filosófica da Igualdade na Cultura Ocidental Os Juros no IMPE Projecto de Geometria Dinâmica Invadidos e Invasores Exercícios de Escrita Criativa O Ritmo do Silêncio Um Amigo Perdidos Entre Fronteiras O IMPE na Evocação de D. Nuno Álvares Pereira Não Emigre. Circule! 26 27 30 30 32 32 33 33 36 36 37 38 39 Voz da Ciência Pedro Nunes e o Nónio Um pouco de Física no Séc. XX A Matemática e a Música 44 44 47 Desporto ACCs Desportivas ano 2009/2010 56 Querer é Poder 50 Notas Soltas 52 Admissões Contra-Capa