Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE
ZONEAMENTO AGROCLIMATOLÓGICO PARA A CULTURA DO CAFÉ NO
TERRITÓRIO RURAL DO CAPARAÓ CAPIXABA
Maxwel Ferreira¹
Edilaine Santos de Assis¹
Fabrício Moulin Mota¹
Géssica Ferreira Daudt¹
Telma Machado Oliveira Peluzio¹
Jéferson Luiz Ferrari¹
Alexandre Rosa dos Santos²
João Batista Esteves Peluzio¹
¹Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo - Ifes –Campus de
Alegre
Caixa Postal 47 – 29520 - 000 - Alegre, km 48 – ES,Brasil
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]
²Universidade Federal do Espírito Santo – UFES – CCA-UFES/NEDTEC
Caixa Postal 16 - 29500-000 – Alegre – ES, Brasil
[email protected]
Abstract: This study aimed to perform zoning agroclimatológico crops conilon coffee (Coffea canephora Pierre
ex. Frohner) and Arabica coffee (Coffea arabica L.) grown in the Territory Rural Caparaó Capixaba. The zoning
computer program was developed in ArcGIS 10, by combining the maps of mean annual temperature of the air
and annual water deficit, favorable to the development of culture. We found that 26.10% of the total area of the
TRCC is suitable for deployment coffee conilon and 60.60% fit for Arabic coffee. The restrictions only
accounted for temperature: conilon species (60.00%) and Arabic (25.64%).
Palavras-chave: geotechnology, climate suitability, coffee, geotecnologia, aptidão climática, café.
1. Introdução
A carta de aptidão climática do cafeeiro traz o mapeamento das faixas com as diferentes
limitações e possibilidades climáticas para essa cultura Sediyama et al. (2001). O
conhecimento dos limites das regiões climaticamente homogêneas pode trazer benefícios
diretos às diversas atividades agrícolas da região, especialmente pela utilidade na seleção de
uma dada variedade ou na indicação de culturas para uma região específica, Santos (1999).
Camargo et al. (1974) descrevem que, conhecendo as condições climáticas de
determinada região, é possível se adequar práticas agrícolas para o melhor aproveitamento dos
recursos naturais, atendendo, assim, às exigências das culturas. O zoneamento agroclimático é
uma técnica utilizada para delimitar regiões propícias ao desenvolvimento de determinadas
culturas, quando as condições de ambiente, de solo e econômicas são favoráveis, podendo,
desta forma, chegar ao seu máximo de desenvolvimento e produtividade, de acordo com o seu
potencial genético Ferreira (1997).
Com exceções de pequenas áreas, ainda não é possível modificar o clima para o
favorecimento das exigências das culturas. Entretanto, é comum ajustar as práticas agrícolas
para as condições climáticas da região, para melhor aproveitamento dos recursos naturais. O
conhecimento dos limites dos parâmetros climáticos e ecológicos pode oferecer condições
para que se tenha êxito nas mais diversas atividades agrícolas Camargo et al. (1974) .
Esse estudo objetivou realizar o zoneamento agroclimatológico para as culturas do café
conilon e arábica no Território Rural do Caparaó Capixaba.
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2. Metodologia de Trabalho
O Território Rural do Caparaó Capixaba (TRCC) está situado ao Sul do estado do
Espírito Santo, entre as latitudes de 20°19’ e 21°37’ S e longitude de 41°43’ e 41°53’ O,
compreendendo 11 municípios (Figura 1).
Figura 1- Mapa da localização do Território Rural do Caparaó Capixaba.
O Território é dotado de uma vasta e densa rede hidrográfica, tendo como bioma
predominante a Mata Atlântica e como rio principal o (Rio de Itapemirim).
Mapas que caracterizam a temperatura média anual do ar e a deficiência hídrica anual do
referido território foram utilizados. Para o desenvolvimento da metodologia, utilizaram-se
aerofotos geradas em 2007, cedidas pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos (IEMA). Para o cálculo do balanço hídrico, foram utilizados dados de 24 estações
meteorológicas, 21 postos da Agência Nacional das Águas (ANA) (4 fora do estado) e as
outras 3, do Instituto Capixaba de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (INCAPER),
localizadas na áreas de estudo, considerando uma série de dados de 30 anos (1978 a 2008).
A utilização do programa computacional ArcGIS 10, permitiu a elaboração de mapas de
temperatura média anual do ar, baseados na carta agroclimática do estado do Espírito Santo,
elaborada pela Empresa Capixaba de Pesquisa Agropecuária (EMCAPA, 1988). As faixas de
aptidão térmica utilizadas encontram-se na Tabela 1.
Tabela1- Faixas de aptidão de temperatura (ºC) para as espécies de café conilon e arábica
Temperatura (ºC)
Aptidão
Conilon
Arábica
Apto
22,5 – 24,0
18,0 – 22,5
Restrito
20,0 – 22,5
22,5 – 24,0
< 20,0 e > 24,0
< 18,0 e > 24,0
Inapto
Fonte: Matiello (1991).
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De acordo com os resultados do balanço hídrico, foi gerado um mapa de classes de
deficiência hídrica anual, estipulando as áreas de deficiência, sendo que estas foram
interpoladas manualmente, pelo fato de se tratar de um fenômeno natural e do programa
computacional ArcGIS 10 apresentar limitações para relevo acidentado, como é o caso da
região. As classes de deficiência hídrica obtidas são as exibidas na Tabela 2.
Tabela 2- Faixas de aptidão de déficit hídrico (mm) para as espécies de café conilon e arábica
Déficit hídrico (mm)
Aptidão
Conilon
Arábica
Apto
< 200
< 150
Restrito
200 – 400
150 – 200
Inapto
> 200
Fonte: Matiello (1991).
A partir dos dados descritos nas Tabelas 1 e 2, foram gerados mapas de zonas de
temperatura média anual e deficiência hídrica anual por intermédio da reclassificação,
considerando as faixas de aptidão para o café conilon e arábica. Por fim, os mapas de
zoneamento agroclimatológico foram elaborados através do cruzamento dos mapas de zonas,
de temperatura média anual e de deficiência hídrica anual, já reclassificados.
As figuras 2 e 3 apresentam os fluxogramas contendo as sequências das etapas
necessárias para obtenção do mapa de zoneamento agroclimatológico para o café conilon e
arábica, respectivamente. Incluem-se aí os fatores em relação a sua aptidão e restrição para o
cultivo.
Figura 2 - Fluxograma das etapas necessárias para obtenção do mapa de zoneamento
agroclimatológico para o café conilon.
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Figura 3 - Fluxograma das etapas necessárias para obtenção do mapa de zoneamento
agroclimatológico para o café arábica.
3. Resultados e Discussão
Os mapas de zonas de temperatura média anual para o café conilon e arábica estão
apresentados na Figura 4.
(A)
(B)
Figura 4 - Mapa de zoneamento para temperatura média anual para café conilon (A) e arábica
(B) no Território Rural do Caparaó Capixaba.
Em termos de temperaturas médias, Figura 4 (A), verifica-se que o café conilon encontra
ambientes aptos ao cultivo no Leste e Sudeste do Território, especialmente nos municípios de
Alegre, Muniz Freire, Jerônimo Monteiro, São José do Calçado e Guaçuí. Para o café arábica,
verifica-se na Figura 4 (B), visualmente, maior área apta quando comparado com conilon,
havendo poucas áreas de cultivo no extremo Sul, Leste e Sudeste que fogem da aptidão,
assentando-se como restritas e até inaptas. Nesta última classe, especialmente em Alegre e
Jerônimo Monteiro.
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Na figura 5, observa-se o mapa de classes de deficiência hídrica anual para o café conilon
e arábica na área de estudo.
(A)
(B)
Figura 5 - Mapa de zoneamento para deficiência hídrica para café conilon (A) e arábica (B)
no Território Rural do Caparaó Capixaba.
Quanto ao déficit hídrico, Figura 5 (A) e (B), verifica-se que praticamente todo o território
apresenta aptidão ao cultivo de café. Áreas restritas ocorrem em Alegre e São José do
Calçado; enquanto inaptas, somente em São José do Calçado.
As Figuras 6 e 7 mostram o mapa de zoneamento agroclimatológico para o café conilon e
arábica, respectivamente, no TRCC.
Figura 6 - Mapa de zoneamento agroclimatológico para café conilon no Território Rural do
Caparaó Capixaba.
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Figura 7 - Mapa de zoneamento agroclimatológico para café arábica no Território Rural do
Caparaó Capixaba.
Na Figura 6, observa-se o zoneamento agroclimatológico para café conilon. Nessa,
destacam-se, visualmente, a grande área restrita por temperaturas médias abaixo do ideal. Os
municípios com maiores áreas aptas ao cultivo do café conilon, são Muniz Freire, Alegre, São
José do Calçado, Jerônimo Monteiro e Guaçuí. Por outro lado, Alegre, Jerônimo Monteiro e
São José do Calçado apresentam áreas com temperaturas médias acima do ideal,
classificando-as como inaptas; apesar de serem muito cultivadas com o auxílio da irrigação.
Na Figura 7, zoneamento agroclimatológico para café arábica, verifica-se, visualmente, a
grande área apta. Restrições quanto à temperatura ocupam grandes áreas de Alegre, Muniz
Freire, São José do Calçado, Jerônimo Monteiro e Guaçuí. Alegre, Jerônimo Monteiro e São
José do Calçado possuem áreas com algum tipo de inaptidão.
As tabelas 3 e 4 mostram a área e o perímetro nas várias faixas de aptidão, considerando
as duas espécies de café.
Tabela 3 – Área física, área porcentual e perímetro para café conilon no Território Rural do
Caparaó Capixaba
Área
Temperatura/
Perímetro (km)
Déficit Hídrico
(km²)
(%)
Restrito/Apto
2340,22
60,00
354,68
Inapto (<20°c)/Apto
23,20
0,40
17,10
Apto/Apto
1017,94
26,10
292,34
Inapto (>24°c)/Apto
512,58
13,15
172,26
Inapto (>24°c)/Restrito
5,93
0,15
8,64
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Tabela 4- Área física, área porcentual e perímetro para café arábica no Território Rural do
Caparaó Capixaba
Temperatura/
Área
Perímetro (km)
Déf. Hídrico
Km2
%
Apto/Apto
2363,43
60,60
337,60
Restrito/Apto
1000,19
25,64
272,74
Inapto/Apto
286,44
7,34
140,70
Inapto/Restrito
226,14
5,80
103,52
Inapto/Restrito
17,76
0,50
54,55
Inapto/Restrito
5,93
0,12
8,64
Nas Tabelas 3 e 4, nota-se que os resultados mostram a ampla aptidão territorial para café
arábica (60,60% da área territorial), enquanto para o café conilon tem-se 26,10%.
Não existem áreas totalmente inaptas para cultivo de café (Tabelas 3 e 4), apesar da
temperatura ser um grande limitante para cultivo de café.
4. Conclusões
As condições experimentais e os resultados encontrados permitiram apresentar as
seguintes conclusões:
O TRCC possui maior área apta ao cultivo de café arábica do que de café conilon.
Não existem áreas totalmente inaptas ao cultivo de café.
O fator limitante mais importante foi a temperatura média.
Agradecimentos
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo e ao Centro de
Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo.
Referências Bibliográficas
CAMARGO, A. P. de; PINTO, H, S.; PEDRO, JR. M. J.; BRUNINI, O; ALFONSI, R. R. &
ORTOLANI, A. A. Aptidão climática de culturas agrícolas. In: SÃO PAULO. Secretaria da
Agricultura. Zoneamento agrícola do Estado de São Paulo, São Paulo, CATI, 1974. v. 1,
p.109-49.
EMCAPA. Carta agroclimática do Espírito Santo. Secretaria de Agricultura, Vitória, 1988.
FERREIRA, C.C.M. Zoneamento Agroclimatológico para a implantação de sistemas
agroflorestais com eucaliptos, em Minas Gerais. VIçosa: UFV, 1997. 158p.
INSTITUTO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS (IEMA).
Ortofotomosaico do Estado do Espírito Santo na escala de 1:35.000, referente a julho de
2007
MATIELLO, J.B. O Café: do cultivo ao consumo. São Paulo, Globo, 1991. 320 p.
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SEDIYAMA, G. C. et al. Zoneamento agroclimático do cafeeiro (Coffea arábica L.) para
o estado de Minas Gerais. Minas Gerais Revista Brasileira de Agrometeorologia, Passo
Fundo, v.9, n.3, (Nº Especial: Zoneamento Agrícola), p.501-509, 2001.
SANTOS, A. R.; Zoneamento Agroclimatológico para a cultura do café conilon (Coffea
canephora L.) e arábica (Coffea arábica L.), na bacia do Rio Itapemirim, ES. Viçosa,
MG. Universidade Federal de Viçosa, novembro de 1999.
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