Fundamentando pedagogicamente o Ensino Religioso
Ensino Religioso com foco no Sagrado
SIMPÓSIO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Detalhe da obra de Michelangelo — "Criação do Homem" — Capela Sistina
Prof.ª MS Edile Rodrigues
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Contexto educacional do Ensino
Religioso: aspectos legais,
pedagógicos, metodológicos e
avaliação.
OBJETIVO
Compreender os fundamentos
pedagógicos que estruturam o
desenvolvimento do Ensino Religioso no
contexto da educação brasileira, a partir
dos pressupostos para o ensinoaprendizagem.
Qual o papel do Ensino
Religioso na educação?
O Ensino Religioso pode
contribuir para a construção de
outra visão de mundo, de ser
humano e de sociedade?
Como?
O caso de Miguel
CONTEÚDOS ESCOLARES
A proposta da educação nacional evidencia
uma composição curricular que:
— Considere a diversidade da população
brasileira
— Favoreça a discussão, o reconhecimento e
a reflexão sobre tal composição
As propostas pedagógicas e os regimentos
escolares devem acolher, com autonomia e
senso de justiça, o princípio da identidade
pessoal e coletiva dos professores, dos
alunos e de todos que convivem nesse
espaço social.
Podereis encontrar uma cidade sem
muralhas,
sem edifícios,
sem ginásios,
sem leis,
sem uso de moedas como dinheiro,
sem cultura das letras.
Mas um povo sem Deus,
sem oração,
sem juramentos,
sem ritos religiosos,
sem sacrifícios,
tal nunca se viu.
Plutarco (50-120 d. C.)
escritor e filósofo grego
Educação e escola: a formação de uma
sociedade
Direito de todos
Dever do Estado e da família em colaboração
com a sociedade
Entendemos que é desejável que a educação
escolar recupere as relações entre o global e o
local, o espiritual e o material, o universal e o
particular, a tradição e a modernidade.
A RATOEIRA
Um rato, olhando pelo buraco na parede,
vê o fazendeiro e
sua esposa abrindo um pacote.
Pensou logo
no tipo de comida que
poderia haver ali.
Ao descobrir
que era
uma ratoeira, ficou
aterrorizado.
Correu ao pátio da
fazenda advertindo a todos:
Há uma
ratoeira na
casa. Uma
ratoeira!!!
Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que isso seja
um grande problema para o senhor, mas não me
prejudica em nada, não me incomoda.
Desculpe-me Sr. Rato, mas não há nada
que eu possa fazer.
Fique tranqüilo que o senhor será
lembrado nas minhas preces.
O que Sr. Rato? Uma ratoeira?
Por acaso estou em perigo?
Acho que não !
Então o rato voltou
para a casa,
cabisbaixo e abatido,
para encarar a
ratoeira do
fazendeiro.
Naquela noite ouviu-se um barulho,
como o de uma ratoeira pegando sua
vítima.
A mulher do fazendeiro correu para ver
o que havia pego.
No escuro, ela não viu que a ratoeira
havia pego a cauda de uma cobra
venenosa.
E a cobra picou a
mulher...
O fazendeiro a levou
imediatamente ao
hospital. Ela voltou
com febre.
Todo mundo sabe
que para alimentar
alguém com febre,
nada melhor que uma
canja de galinha.
O fazendeiro pegou seu facão e foi
providenciar o ingrediente principal.
Como a doença da
mulher continuava,
os amigos e vizinhos
vieram visitá-la.
Para alimentá-los, o fazendeiro matou
o porco.
A mulher não melhorou e acabou morrendo.
Muita gente veio para o funeral.
O fazendeiro então
sacrificou a vaca,
para alimentar todo
aquele povo.
Na próxima vez que você ouvir dizer
que alguém está diante de um problema
e acreditar que o problema não lhe diz
respeito,
lembre-se que, quando há uma
ratoeira na casa, toda a fazenda
corre risco.
O problema de um
é problema de todos,
quando convivemos em
comunidade.
DELIBERAÇÃO n. 01/06 do Conselho Estadual de
Educação do Paraná aprova as normas para o
Ensino Religioso no Sistema Estadual de Ensino
do Paraná.
Art. 2° Os conteúdos do ensino religioso
oferecido nas escolas subordinam-se aos
seguintes pressupostos:
a) da concepção interdisciplinar do
conhecimento, sendo a interdisciplinaridade um
dos princípios de estruturação curricular e da
avaliação;
b) da necessária contextualização do
conhecimento, que leve em consideração a
relação essencial entre informação e realidade;
c) da convivência solidária, do respeito às
diferenças e do compromisso moral e ético;
d) do reconhecimento de que o fenômeno
religioso é um dado da cultura e da identidade de
um grupo social, cujo conhecimento deve
promover o sentido da tolerância e do convívio
respeitoso com o diferente;
e) de que o ensino religioso deve ser enfocado
como componente curricular em articulação com
os demais aspectos da cidadania.
O Ensino Religioso, assim como as demais
áreas do conhecimento, é um marco
estruturado de leitura e interpretação da
realidade e, portanto, essencial para garantir
a possibilidade de participação do cidadão na
sociedade de forma autônoma.
Conhecer as tradições religiosas significa, também,
entrar em contato com um mundo pluricultural no qual
estamos inseridos.
Para Passos (2006, p. 24), o Ensino Religioso como
ensino da religião na escola deve ser entendido “sem o
pressuposto da fé (que resulta na catequese), sem o
pressuposto da religiosidade (que resulta na educação
religiosa), mas com o pressuposto pedagógico (que
resulta no estudo das religiões)”.
O objetivo proposto para o Ensino Religioso
como componente curricular é:
— Valorizar o pluralismo e a diversidade cultural
presente na sociedade brasileira;
— Facilitar a compreensão das formas que
exprimem o Transcendente na superação da
finitude humana e que determinam o processo
histórico da humanidade;
— Favorecer a compreensão do fenômeno
religioso na sociedade possibilitando ao
estudante enfrentar situações em seu cotidiano,
a partir da construção de argumentações
elaborando propostas para sua comunidade,
seja família, escola, associações e outras da
qual participe.
É nessa perspectiva que o Ensino Religioso
precisa ser entendido, a partir de uma visão
mais ampla que reúna todas as áreas do
conhecimento, numa abordagem
fenomenológica que observe as diversas
manifestações religiosas de forma cultural, seja
por meio do estudo das Religiões Comparadas
ou buscando as histórias das Religiões. Numa
concepção de educação que auxilie os alunos a
enfrentar os conflitos existenciais, ajudando-os
a desenvolver, orientados por critérios éticos, a
religiosidade presente em cada um e a agir de
maneira dialógica e reverente ante as diferentes
expressões religiosas.
Uma lenda japonesa
É a lógica que nos torna capazes de organizar
nossas idéias a ponto de enxergarmos com
maior clareza determinadas situações.
Para pensar criticamente é necessário ser
perspicaz,
Enxergar além das superfícies, questionar
onde não há perguntas já formuladas e ver
prismas que os outros não vêem.
Assim, o ER articulado com as demais
disciplinas contribui para a construção de
outra visão de mundo, de ser humano e de
sociedade, considerando o religioso como
uma dimensão humana que vai além da
superfície dos fatos, acontecimentos,
gestos ritos, normas e formulações e
auxilia o ser humano a interagir na
sociedade de forma responsável e atuante
(OLIVEIRA et al, 2007, 1001).
Refletir sobre o ER e a formação do
professor dessa área de conhecimento é
assegurar o acesso do conhecimento religioso
sistematizado historicamente pela humanidade e
valorizar o pluralismo e a diversidade cultural
presentes na sociedade brasileira.
O ER , visto como uma oportunidade de
convívio com a diversidade religiosa, numa
relação de respeito mútuo e aceitação das
diferentes expressões religiosas, desencadeia o
diálogo e a reverência para com as diferentes
tradições religiosas e possibilita ao educando
uma maior abertura e compromisso consigo
mesmo, com o outro, com o mundo e com o
Transcendente.
O Brasil, rico em sua diversidade de origem,
construída por várias etnias, culturas e religiões, permite
a convivência de uma pluralidade de manifestações.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais — PCNER
(BRASIL, 1998, p. 69) — apontam que
a escola deve ser local da aprendizagem de que as
regras do espaço público democrático garantem a
igualdade, do ponto de vista da cidadania, e ao mesmo
tempo a diversidade, como direito. O trabalho com a
Pluralidade Cultural se dá, assim, a cada instante,
propiciando que a escola coopere na formação e
consolidação de uma cultura da paz, baseada na
tolerância, no respeito aos direitos humanos universais e
da cidadania compartilhada por todos os brasileiros.
Curiosamente, como é hábito em alguns
países árabes (como no Egito), os homens
andam de mãos dadas. Até os soldados.
Imagine agora que você viaje para um país dessa
cultura, sem conhecimento da mesma. E então sai
pelas ruas e vê dois homens de mãos dadas. O que
pensará? Se você olhar e assimilar essa cena pelos
olhos da cultura brasileira, deturpará o seu real
significado.
O que pode acontecer se olharmos e assimilarmos as
práticas religiosas pelos olhos da nossa Tradição
Religiosa?
A concepção de mundo é a maneira como cada ser
humano compreende o mundo. A Tradição Religiosa,
a Política, a Cultura, a Ideologia se apresentam
como estruturantes da concepção de mundo.
Alteridade
- Riqueza das diferenças;
- O valor da liberdade e dignidade humana;
- Nas diferenças nos completamos;
- A paz começa com cada um de nós;
- Atitudes que promovem a paz entre as pessoas no
mundo.
O relacionamento com o outro é
denominado ALTERIDADE, que é a
capacidade de apreender no outro a
plenitude da sua dignidade, dos seus
direitos e, sobretudo, da sua diferença.
Um exemplo: A articulação da História,
Geografia e Ensino Religioso
O conhecimento histórico
contribuirá para a
construção da identidade
social e para a valorização
da pluralidade sociocultural.
O conhecimento geográfico
mostrará como se encontram
divididas em espaços e territórios
as alternativas de vida nas
diferentes regiões e as
transformações que o homem opera
nesses espaços.
O conhecimento religioso buscará a
compreensão desse sujeito, no
sentido de orientá-lo eticamente em
sua postura diante da vida, do outro
e do transcendente/imanente.
TONUCCI, Francesco. Com olhos de criança. (trad. Patrícia Chittoni Ramos). Porto Alegre: Artes Médicas, 1997
AVALIAÇÃO
Avaliar o aluno de diversas formas alternando-se as modalidades, os suportes,
os interlocutores – de forma a construir um
verdadeiro processo de aferição de
conhecimentos
Resolução CNE/CEB Nº 04/2010 — Define Diretrizes Curriculares
Nacionais Gerais para a Educação Básica
Parágrafo único. Essa concepção de
escola exige a superação do rito escolar,
desde a construção do currículo até os
critérios que orientam a organização do
trabalho escolar em sua
multidimensionalidade, privilegia trocas,
acolhimento e aconchego, para garantir o
bem-estar de crianças, adolescentes,
jovens e adultos, no relacionamento entre
todas as pessoas.
Art. 13. O currículo, assumindo como referência os
princípios educacionais garantidos à educação,
assegurados no artigo 4º desta Resolução,
configura-se como o conjunto de valores e práticas
que proporcionam a produção, a socialização de
significados no espaço social e contribuem
intensamente para a construção de identidades
socioculturais dos educandos.
§ 1º O currículo deve difundir os valores
fundamentais do interesse social, dos direitos e
deveres dos cidadãos, do respeito ao bem comum e
à ordem democrática, considerando as condições
de escolaridade dos estudantes em cada
estabelecimento, a orientação para o trabalho, a
promoção de práticas educativas formais e não
formais.
Art. 14. A base nacional comum na Educação Básica
constitui-se de conhecimentos, saberes e valores
produzidos culturalmente, expressos nas políticas
públicas e gerados nas instituições produtoras do
conhecimento científico e tecnológico; no mundo do
trabalho; no desenvolvimento das linguagens; nas
atividades desportivas e corporais; na produção
artística; nas formas diversas de exercício da
cidadania; e nos movimentos sociais.
§ 1º Integram a base nacional comum nacional:
a) a Língua Portuguesa;
b) a Matemática;
c) o conhecimento do mundo físico, natural, da
realidade social e política, especialmente do Brasil,
incluindo-se o estudo da História e das Culturas AfroBrasileira e Indígena,
d) a Arte, em suas diferentes formas de expressão,
incluindo-se a música;
e) a Educação Física;
f) o Ensino Religioso.
§ 2º Tais componentes curriculares são
organizados pelos sistemas educativos, em forma
de áreas de conhecimento, disciplinas, eixos
temáticos, preservando-se a especificidade dos
diferentes campos do conhecimento, por meio
dos quais se desenvolvem as habilidades
indispensáveis ao exercício da cidadania, em
ritmo compatível com as etapas do
desenvolvimento integral do cidadão.
O PAPEL DO EDUCADOR:
Aquele que prepara as melhores condições
para o desenvolvimento de competências, isto
é, aquele que, em sua atividade, não apenas
transmite informações isoladas, mas
apresenta conhecimentos contextualizados,
usa estratégias para o desenvolvimento de
habilidades específicas, utiliza linguagem
adequada e contextualizada, respeita valores
culturais e ajuda a administrar o emocional do
aprendiz.
E O ATO DE ENSINAR?
É o processo que proporciona a aquisição
de recursos que possam ser mobilizados no
momento em que situações-problema se
apresentem.
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CURRÍCULO ESCOLAR E ALGUMAS