UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA A Avaliação Institucional a serviço da Gestão Escolar Por: Luciana Gomes da Costa Albuquerque Orientador Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho Rio de Janeiro 2012 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA A Avaliação Institucional a serviço da Gestão Escolar Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração e Supervisão Escolar. Por: Luciana Gomes da Costa Albuquerque 3 AGRADECIMENTOS Aos meus queridos irmãos da Igreja Batista Memorial em Duque de Caxias e à equipe do Colégio Batista Memorial 4 DEDICATÓRIA Aos meus amados de todas as horas: Beto, Lu e Pedro. 5 RESUMO O presente trabalho trata da Avaliação Institucional como uma ferramenta fundamental para a gestão escolar numa sociedade cada vez mais complexa. Para tanto foi necessário delimitarmos nosso campo conceitual a partir do primeiro capítulo tratando do conceito de instituição social. Apesar de apresentarmos algumas de suas definições, o trabalho se deterá no campo conceitual da psicologia através da análise institucional de Lapassade. Na segunda frente de trabalho, é abordado outro campo conceitual fundamental para a abordagem pretendida de avaliação institucional: o pensamento sistêmico e sua relação com a gestão. Faz-se um breve relato histórico desse pensamento e seus principais pressupostos acerca desse olhar que se pode ter sobre as instituições como dinâmicas, complexas e em desenvolvimento. Em se tratando de um mundo complexo as instituições precisam preparar fluxos que envolvam cada vez mais atores dessa comunidade e suas experiências, a fim de enriquecer seu funcionamento, No terceiro capítulo trata-se a questão da avaliação institucional e sua relação com a gestão escolar. A avaliação institucional é apresentada como um caminho atual de busca de qualidade no ensino oferecido pelas instituições,devendo ser considerada na percepção do coletivo e tomada de decisões, tornando-se assim uma importante ferramenta de gestão escolar. 6 METODOLOGIA A proposta e problemática apresentadas nesse trabalho surgem de nossa prática, há dois anos, na gestão de um colégio particular confessional da cidade de Duque de Caxias - RJ, período em que iniciamos um processo de maior participação da comunidade escolar nas decisões da instituição e avaliação democrática contínua desses processos. O caráter metodológico do trabalho partindo dos problemas que surgiram dessa experiência volta-se para a pesquisa teórica bibliográfica dos conceitos de instituição, análise institucional, gestão e administração escolar participativa, pensamento sistêmico, entre outros. Foram escolhidos alguns autores da Análise Institucional, tais como José Bleger e Georges Lapassade, com relação ao pensamento sistêmico e administração: Fritjof Capra, Bertalanffy e Chiavenato e ainda autores que abordaram especificamente o conceito de Avaliação Institucional como Heloísa Lück, Valéria Pereira Gonzaga e Marilza Vanessa Rosa Suanno. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - O Conceito de Instituição 11 CAPÍTULO II - O pensamento sistêmico 15 CAPÍTULO III – A avaliação institucional e gestão escolar 21 CONCLUSÃO 27 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 29 ÍNDICE 31 8 INTRODUÇÃO “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo” “A vida sem reflexão não vale a pena ser vivida.” Sócrates Após um longo trabalho de análise das atividades dos trabalhadores na Saúde Mental (Albuquerque, 2010) nossa prática profissional mostrou que as atividades dos trabalhadores em qualquer gênero profissional, são complexas e produtoras de novos conhecimentos. As atividades, para serem observadas, necessitam de tempo e da participação dos sujeitos que as executam e a partir dessa análise participativa das atividades descobre-se muito acerca do trabalhador, suas dificuldades, o ambiente social onde se executam, impedimentos, o que faz e o que não faz para que a atividade a ser desenvolvida seja efetivamente executa, enfim, há um universo de escolhas em jogo as quais muitas das vezes passam desapercebidas ou são ignoradas pelo gestor. Todo o aparato e produção subjetiva que envolve as atividades daqueles que estão envolvidos na instituição escolar devem ser usados a favor do crescimento e desenvolvimento da mesma. Nesse sentido, sistematizar procedimentos de avaliação institucional permanentes e reflexivos ajudaria à gestão escolar a identificar suas dificuldades, superá-las e desenvolver-se de forma mais democrática e participativa? O presente trabalho parte do pressuposto de que os processos de avaliação institucional são sempre complexos e envolvem além de aspectos técnicos, também conceitos do plano político, social e psicológico. Fazse,através dos conceitos apresentados, uma aposta nos mecanismos de avaliação insti e a tucional, mesmo os mais informais, para a promoção de um ambiente institucional mais democrático e participativo, fornecendo ferramentas importantíssimas à gestão escolar mais saudável e produtiva. O objetivo do trabalho é correlacionar teoricamente a importância dos procedimentos de avaliação institucional nos processos de gestão escolar. 9 Quais seriam os pressupostos e princípios para a execução da avaliação institucional? Haveria um procedimento padrão de avaliação institucional ou esses instrumentos são mais eficientes quando construídos coletivamente e com a possibilidade de serem revistos gradualmente a partir de diferentes etapas? Podemos entender que os procedimentos de Avaliação Institucional devem ser construídos gradativamente de forma reflexiva e que fatalmente promoverão a transformação da instituição, como afirma Lück (2012): “A avaliação institucional se constitui em um processo complexo, pluridimensional, tal como o é o processo educacional que a escola promove. Em vista disso, ela é muito mais do que a prática de coleta de dados e informações e apresentação de relatórios correspondentes. Pressupõe uma concepção que acompanha a opção educacional adotada pala escola e a prática de métodos que correspondam a essa concepção e sejam capazes de organizar e orientar a sua operacionalização, bem como a análise e interpretação dos dados, no conjunto das ações educacionais.” (LÜCK, 2012, p. 27) Torna-se muito importante que se pense todo esse procedimento numa postura bastante auto-crítica, sem dificuldades de se enxergar os problemas e enfrentá-los, caso contrário, a partir do que foi dito acima, corre-se o risco de se coletar dados, produzir relatórios aleatórios, rápidos e superficiais, que fatalmente permaneceram em alguma gaveta empoeirada sem no entanto ter afetado as práticas da instituição e renovado os procedimentos numa direção desenvolvimento institucional. de produção de conhecimento e 10 CAPÍTULO I O CONCEITO DE INSTITUIÇÃO “Toda instituição conquista parte do tempo e do interesse de seus participantes e lhes dá algo de um mundo; em resumo, toda instituição tem tendências de ‘fechamento’” (GOFFMAN, 2007) Diante da amplitude que o conceito de instituição dentro das ciências sociais pode adquirir, a partir deste capítulo situaremos teoricamente tal conceito, o que diretamente irá influenciar na posterior discussão do conceito de avaliação institucional. No campo das definições mais clássicas encontramos a de BOUDON (1990) em seu Dicionário de Sociologia: Instituição: ...Mais precisamente, uma instituição consiste num conjunto complexo de valores, de normas e de usos partilhados por um certo número de indivíduos [...] O termo "instituição" conheceu uma fortuna ao mesmo tempo prolífica e caótica em sociologia. Desde cerca de 1960, o uso estabilizou-se mais ou menos à volta das concepções propostas pelo sociólogo americano T. Parsons (1951). Segundo ele, podemos definir como instituição todas as atividades regidas por antecipações estáveis e recíprocas entre os atores que entram em interação. Para tomar um exemplo elementar, o espectador que fez fila para o cinema (forma primitiva de instituição) ficaria evidentemente desconcertado se a empregada da bilheteira lhe desse a sua opinião pessoal sobre a qualidade do filme. Ambos sairiam do seu papel. (Boudon, 1990,p.134) Outros autores como Berger e Berger (1977) vão além das definições do conceito atribuindo características comuns às mais diversas instituições. Segundo esses autores elas teriam como essência a: -Exterioridade – difeririam dos sentimentos, pensamentos, por seu caráter de experiência externa ao indivíduo. -Objetividade – por serem compartilhadas e admitidas por praticamente todos os indivíduos do grupo social, são consideradas objetivamente reais. 11 -Coercitividade – apesar de estarem em constante mudança, as instituições sociais teriam certa força coercitiva, direcionando os indivíduos de acordo com interesses coletivos que as reafirmem. -Autonomia moral: a coerção não seria sua única forma de imposição, além desta, as instituições também possuem autoridade moral reconhecida pelo social, um “direito” legítimo que pode variar de uma para outra instituição. -Historicidade: Praticamente todas as instituições são anteriores ao indivíduo e se perpetuarão após sua morte, trazendo esse aspecto de acúmulo durante o tempo e de pertencimento a vários outros sujeitos de diversos tempos diferentes. Outro aspecto a ser analisado com relação à definição de instituição é tratado por Goffman (2007), a separação entre as instituições a partir do seu nível de “fechamento” ou seu caráter total, destacando que algumas são muito mais “fechadas” que outras. O autor classifica as instituições totais em cinco grupos: 1) instituições criadas para cuidar de pessoas a princípio consideradas incapazes e inofensivas, 2) locais criados para pessoas sem condições de cuidar de si mesmas e que são consideradas uma ameaça para a sociedade, 3) instituições criadas para proteger a sociedade de indivíduos considerados como ameaça intencional, nesse caso o bem estar destes não é considerada o principal problema, 4) instituições com o intuito específico de realização de tarefa de trabalho (navios, mansões, etc.), 5) locais de refúgio do mundo com fins religiosos ou não. Apesar da classificação acima apresentada por Goffman, o autor assume que diversas instituições consideradas não totais podem gradativamente torna-se uma instituição fechada: “Por exemplo, nossos grandes estabelecimentos comerciais, industriais e educacionais cada vez mais apresentam refeitórios e recursos de distração para seus participantes; no entanto, o uso de tais recursos ampliados é sob muitos aspectos voluntários, e há cuidados especiais para que a linha comum de autoridade não se estenda a eles. [...] O controle de muitas necessidades humanas pela organização burocrática de grupos completos de pessoas – seja ou não uma necessidade ou meio eficiente de organização social nas 12 circunstâncias – é o fato básico das instituições totais.” (GOFFMAN,2007,p 18) Na descrição de Goffman, essas instituições gradativamente existiriam com base numa divisão entre um grande grupo controlado, e uma equipe de controle e supervisão, um existindo em função do outro. Porém, nesse caso o poder de decisão do grupo controlado é gradativamente extinguido, limitando-se a movimentações e atividades coletivas porém sem poder participativo. Nessas instituições há também restrições na transmissão de informações, principalmente no que se refere aos planos dos dirigentes em relação ao grupo controlado. Guardadas as devidas proporções, essas definições de instituições totais e outras em vias de se tornarem cada vez mais fechadas, nos remetem a relações de gestão e administração escolar onde os níveis de autoritarismo e retenção do poder caminham numa via contrária do que se espera de qualquer sistema educacional, que seja, desenvolver autonomia, crescimento intelectivo, emocional e relacional. Importa que haja, em qualquer instituição que promova o homem em seus mais diversos aspectos, a constante preocupação em potencializar o indivíduo colocando-o em contato com os mais diversos grupos produtores de conhecimento e trocas. 1.1 – As Instituições segundo Georges Lapassade: Dentro da psicologia, no campo da Análise Institucional, Lapassade, segundo GUIRADO (2004) introduz novas considerações acerca da realidade social, dividindo-a em três níveis: 1) Nível do grupo: entendendo grupo aqui como a base da vida cotidiana. A instituição nesse nível marca-se nos horários, ritmos, normas, controles, papéis, estatutos, assim nos submetemos a partir dos diversos grupos onde vivemos (trabalho, família, escola, etc.) a uma rotina que prevê horas, os comportamentos aceitos e os rejeitados, vivenciando-se o instituído num 13 contato muito próximo, íntimo, sendo o grupo aquele que mediaria nossa relação com a instituição. Lapassade chama esse de primeiro nível institucional por esse caráter presente e cotidiano na vida do indivíduo. 2) Nível da organização: Aqui surgem os regimentos, regulamentos, em uma escola, por exemplo, as diversas normas estabelecidas e suas respectivas punições. Pode-se nesse nível estabelecer a relação sociedade civil e Estado. Nesse nível Lapassade situa a burocracia, como instrumento já para divisões de poder e relações autoritárias, seja no nível inspetor/aluno, secretário de educação/professor, etc. E assim sendo, determinados grupos ou indivíduos ficam excluídos da elaboração desses regimentos, leis, prescrições, seja como for. “É neste nível que a direção dos estabelecimentos, como uma universidade, por exemplo, representa o poder central e está em relação direta com ele.” (GUIRADO, 2004, p.28) 3) Nível do Estado, a instituição em si. “É o estado, entendido como o conjunto de leis que regem a conduta social, quem criva a organização e o grupo.” (GUIRADO, 2004, p.29). Considerando as divisões descritas acima, Lapassade acaba por redefinir seu próprio conceito de instituição, a partir do momento em que delimita em situações distintas os conceitos de instituição e instituído: “instituição, nesta abordagem, é o conjunto do que está instituído e, enquanto jurisdição e política, pauta toda e qualquer relação” (GUIRADO, 2004, p.29). Lapassade depura o conceito de instituição, separando-o da tendência do censo-comum em colar a palavra instituição ao prédio, estabelecimento, organização, espaço físico. Na verdade, o termo instituição não pode reduzir-se a esses aspectos materiais, ou distribuição hierárquica de cargos na escola. O conceito de instituição é algo que se define no campo da subjetividade, do complexo, do relacional e “está presente nas ações aparentemente menos significativas e isso não nos é dado à consciência.” (GUIRADO, 2004, p.29). Enfocar o aspecto material organizacional da instituição incorreria no erro de se fazer avaliação institucional apenas a partir de avaliações frias, 14 matemáticas, puramente técnico no sentido de total distanciamento entre o que se avalia e o avaliador. Objetivar melhores resultados, porém sem a possibilidade de se rever relações de poder, métodos e procedimentos de todos os grupos envolvidos no processo. Nesse caso se poderia avaliar a instituição de ensino e como estaria produzindo, porém sem avaliar tudo o que “sobredetermina” o tipo de relação pedagógica ou postura dos profissionais. Outra distinção importante estabelecida por Lapassade seria a diferenciação entre “instituído e instituinte”: “O primeiro significa o que está estabelecido; é o caráter de fixidez e cristalização das formas de relação. O segundo significa o movimento de criação: é a capacidade de inventar novas formas de relação.”. (GUIRADO, 2004, p.30). Para Lapassade o instituinte é a garantia de possibilidade de mudança, é o que move a instituição, e não se deve confundir os dois. Embora em algum momento o instituinte passe a instituído, permanece como símbolo da possibilidade do surgimento de novos instituintes que continuarão colocando a instituição em movimento. 15 CAPÍTULO II PENSAMENTO SISTÊMICO “Se alguém se pusesse a analisar as noções correntes e os slogans em moda encontraria bem no alto da lista a palavra ‘sistemas’” (BERTALANFFY, 2008, p. 21) Apesar de ainda tidas por muitos como uma corrente de pensamento recente, a Teoria Geral dos Sistemas, pensamento sistêmico, paradigma sistêmico, como se queira chamar, foi introduzida formalmente por Bertalanffy a partir da década de 20, sendo seus primeiros enunciados entre os anos de 1925-1926, nesse momento Bertalanffy “advogava uma concepção organísmica na biologia, que acentuasse a consideração do organismo como totalidade ou sistema” (BERTALANFFY, 2008, p.32). Bertalanffy, austríaco, nascido no início do século XX desenvolveu seu trabalho científico nos Estados Unidos a partir dos estudos da biologia, Apresentou suas idéias em um seminário de filosofia na Universidade de Chicago em 1937, porém temeu ser entendido como um pensamento presunçoso, o momento científico não lhe pareceu favorável, decidiu colocar seus rascunhos na gaveta. Porém, após a guerra, Bertalanffy relata haver uma mudança no clima intelectual acadêmico: “Aconteceu então uma coisa interessante e surpreendente. Verificou-se ter havido uma mudança no clima intelectual =, que fez tornar-se moda u=a construção de modelos e as generalizações abstratas. Mais ainda, um grande número de cientistas tinha seguido linhas semelhantes de pensamento. Assim, afinal, a Teoria Geral dos Sistemas não estava isolada, não era uma idiosincrasia pessoal, como eu julgava, mas correspondia a uma tendência do pensamento moderno.” (BERTALANFFY, 2008, p.126) Desde então o pensamento sistêmico foi desenvolvido por muitos autores das mais diversas áreas do pensamento: cibernética, teoria da informação, teoria dos jogos, teoria da decisão, topologia, ou matemática relacional, análise fatorial, psicologia, comunicação, engenharia, etc... 16 De lá pra cá se pode observar o quanto o pensamento sistêmico influenciou o desenvolvimento do pensamento humano, podemos apresentar três dimensões, segundo Vasconcellos (AUN, 2006), que constituem a visão de mundo sistêmica: 1Ver sistemicamente o mundo é ver e pensar a complexidade do mundo. É ver e pensar as relações existentes em todos os níveis da natureza e buscar sempre a compreensão dos acontecimentos – sejam físicos, biológicos ou sociais – em relação aos contextos em que ocorrem. É reconhecer a complexidade organizada do universo. 2É também ver sempre o dinamismo das situações, reconhecendo que o mundo está em “processo de tornar-se”, e que isso leva a conviver com situações que não podemos prever e com acontecimentos – físicos, biológicos e sociais, cuja ocorrência não podemos controlar. Mas também é acreditar nos recursos de auto-organização dos sistemas e suas possibilidades de mudança e evolução. 3É ainda, reconhecer que não existe realidades objetivas: vamos constituindo as realidades – físicas, biológicas e sociais – à medida que interagimos com o mundo. Que enquanto – por meio de nossas conversações – vamos definindo situações como desejáveis, pessoas como deficientes, etc., enquanto vão sendo constituídas, essas realidades vão se instalando. E ao mesmo tempo em que se instalam, vão agindo também, recursivamente, sobre nossas interações com essas situações ou com essas pessoas. (AUN, 2006, p.77) Esse paradigma pode estar presente na avaliação institucional em vista da gestão escolar a partir do momento em que a escola deve ser pensada como uma instituição complexa, suas relações devem estar constantemente em foco, seja com a comunidade, entre seus funcionários, alunos, professores, etc. Enxergar a complexidade das relações implica ainda entender que tudo está em movimento, que há uma dinâmica própria, que também deve ser observada, sem, no entanto, deixar-se fechar num pensamento de que as coisas permanecem como sempre foram. As mudanças, as rupturas, devem estar conectadas com essa dinâmica da instituição e como o nadador que se prevalece das correntes do mar, o gestor deve usá-las a seu favor a fim de implantar os movimentos planejados. O terceiro ponto da definição da visão sistêmica nos remete às definições de instituído e instituinte vistas anteriormente. Apesar de estarmos 17 diante de situações muitas vezes dadas há muito tempo e entendidas como sólidas e imutáveis, sempre há nessas situações um fio que escapa, uma possibilidade de algo novo ser instalado, ainda que muito discretamente, porém que aos poucos fará com que todo o sistema seja visto de forma diferente. Inevitavelmente os sistemas estão em movimento, ainda que algo nos pareça ter chegado ao ponto ideal, ainda assim, novas possibilidades se colocarão inevitavelmente, e esse movimento trará novas realidades a serem absorvidas pelo sistema. O pensamento sistêmico apresenta características básicas, segundo Andrade (2006), dentre outras, gostaríamos de destacar algumas que fundamentam nesse trabalho a construção conceitual acerca da avaliação e gestão institucional: 1. DAS PARTES PARA O TODO: O pensamento sistêmico entende que o todo é sempre mais que a soma das partes, pois nesse todo há um fator crucial para todo o trabalho: as relações entre as partes e como uma influencia no funcionamento da outra. O pensamento sistêmico rompe com a lógica mecanicista linear dos especialismos, onde cada parte deve ser analisada em partes menores de mais simples compreensão, até que mapeio todo o procedimento encontrando-se o componente indivisível a partir do qual todo o resto poderá ser entendido. “O Pensamento Sistêmico busca reequilibrar as coisas, passando a olhar no sentido contrário do reducionismo e do atomismo, e dando maior ênfase ao todo do que à parte.” (ANDRADE, 2006, p.43) 2. DOS OBJETOS PARA OS RELACIONAMENTOS: Seguindo a mesma lógica da característica anterior, o pensamento sistêmico não se prende às definições e aspectos dos objetos, mas enfoca os relacionamentos entre estes. “Em última análise, não há objetos, ou partes em absoluto, mas padrões de relacionamentos mais ou menos estáveis.” (ANDRADE, 2006, p. 44) 18 3. DAS HIERARQUIAS PARA AS REDES: Ao contrário do pensamento analítico onde os objetos são decompostos hierarquicamente numa escala que vai do maior para o menor, no pensamento sistêmico percebe-se que apesar das diferentes distribuições de poder, há uma ampla teia de relacionamentos, uma rede complexa, e que esta sempre deve ser levada em conta para entendimento dos funcionamentos dos objetos e do todo. “Sistemas complexos aninhados dentro de sistemas complexos nem sempre se limitam às fronteiras do sistema maior. Indivíduos dentro de organizações são muito mais que partes confinadas dentro de uma empresa. São sistemas complexos em interação com vários sistemas em vários níveis. [...] A capacidade de entendimento da realidade reside em deslocar a atenção de um lado para o outro entre níveis sistêmicos, por meio de uma ampla rede de relações do mundo vivo. Perceber essa ampla teia traduz-se em utilizar um pensamento em rede. (ANDRADE, 2006, p.45) 4. DA CAUSALIDADE LINEAR PARA A CIRCULARIDADE. Na realidade científica do pensamento mecanicista foca-se o levantamento dos dados para o reconhecimento de padrões, e daí para explicações das causas dos fenômenos. Porém nas novas ciências, no paradigma sistêmico, houve uma inversão, as relações circulares antes relegadas a um segundo plano tomam o centro da atenção dos estudos por levarem à compreensão do todo. Há a inclusão cada vez maior do ambiente contextual para compreensão dos sistemas complexos. “Por isso, o Pensamento Sistêmico, tende a buscar um entendimento integral da realidade por meio dos fluxos circulares, em vez de apenas por meio de relações lineares de causa e efeito. Tome como exemplo um sistema como um rio. Ele só existe e se sustenta pela relação circular maior do ciclo das águas.” (ANDRADE, 2006, p.45) 5. DA ESTRUTURA PARA O PROCESSO: Duas teorias são o fundamento desse princípio: teoria da autopoiese, de Maturana e Varela e teoria das estruturas dissipativas de Prigogine. São colocadas duas mudanças essenciais no pensamento sistêmico: “a estrutura de um sistema complexo é o influenciador fundamental dos seus processos” 19 (ANDRADE, 2006, p.45), mas essa estrutura não é o fator prédeterminante, “são os processos fundamentais que estabelecem padrões de organização, e que acabam por se materializar em uma estrutura” (ANDRADE, 2006, p.45). Nesse caminho, o foco de análise torna-se o entendimento dos “processos subjacentes”, organizadores de um padrão que produz uma estrutura materializada. Esse princípio traz um novo olhar aos sistemas vivos e sociais, na medida em que lhes dão a real perspectiva do quanto são dinâmicos, suas estruturas são constantemente configuradas e reconfiguradas, fazendo com que se mantenha e se desenvolva, são uma realidade está em movimento. 6. DA METÁFORA MECÂNICA PARA A METÁFORA DO ORGANISMO VIVO: “O ‘sistema vivo’ tem se mostrado uma metáfora útil na compreensão da nova ciência, Pois conceitos como contexto, ambiente, relações, mutualidade, fluxos, fronteiras permeáveis, processos, desenvolvimento e evolução são conceitos muito mais próximos dos objetos de estudo da biologia e ecologia do que das máquinas. A metáfora mecanicista para compreensão e construção de organizações começa a dar sinais de esgotamento quando vivemos em um mundo cada vez mais interconectado, dinâmico e em mudança” (ANDRADE, 2006, p.43) A adoção de metáforas vai trazendo gradativamente novos conceitos para dentro do pensamento sistêmico. Esse uso é muito rico na construção desse paradigma, e assim sendo, na verdade não se prende à metáfora apenas dos sistemas vivos, está aberto a muitas outras que possam diante de um mundo tão complexo, desenvolver uma forma de pensamento complexa, que multipliquem os pontos de vista. Há abertura para conceitos da política, holografia, cultura, etc. num posicionamento científico inclusivo e não excludente. 7. DA QUANTIDADE PARA A QUALIDADE: A partir do momento em que se abandona a ênfase nos objetos e há uma concentração nos padrões e nas formas, isso implica em sair da mensuração quantitativa para um 20 trabalho qualitativo de mapeamento e visualização. Isso se coloca pela própria natureza do novo foco, os relacionamentos, formas, padrões, que dificilmente são mensurados exigindo uma postura mais flexível e analítica. A apresentação do pensamento sistêmico nesta abordagem da avaliação institucional fez-se necessário para demarcação do caráter de avaliação institucional aqui apresentado. Não uma avaliação que produza dados descontextualizados, linear, descritora de fluxos hierárquicos e relatórios quantitativos. Uma avaliação institucional efetiva deve ter uma visão global, ou seja, sistêmica. Nenhum dado, observação, seja do rendimento de funcionários, alunos, ou qualquer outro índice, pode ser pensado de forma isolada e descontextualizada. Tudo deve ser tomado a partir de seu caráter relacional, os elementos que afetam ou condicionam certos movimentos, posicionamentos da estrutura da instituição. Como nos afirma LÜCK (2012): “O planejamento sistêmico se constitui, portanto, em condição de superação da lógica que fragmenta e isola elementos como valores em si mesmos e adota uma perspectiva integradora, que envolve os elementos da avaliação de forma interativa e integrada em um todo que se altera em conjunto, na medida em que cada uma das partes se altera.” (LÜCK, 2012, p.90) Passemos então, a partir dos conceitos de instituição e pensamento sistêmico já apresentados, à análise da relação entre avaliação institucional e gestão escolar. 21 CAPÍTULO III A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL E GESTÃO ESCOLAR “É reconhecido que sem avaliação, não há condições para promover a melhoria de gestão e qualidade do ensino, e que esse processo é inerente e indissociável à gestão.” (LÜCK, 2012, p.24) “Quem não se avalia não têm condições de se conhecer e melhorar seus processos” (LÜCK, 2012, p.68) A avaliação institucional é um processo que se integra ao planejamento educacional como instrumento de gestão. Segundo Lück (2012) a gestão escolar envolve três frentes básicas de organização do trabalho: planejamento, monitoramento e avaliação, e estes estão intimamente relacionados. Segundo a concepção sistêmica, as três frentes articulam-se entre si e com outras funções da gestão, reforçando-se reciprocamente. A avaliação, portanto deve fazer parte constante do processo. Não se pode pensar avaliação institucional, assim como avaliação da aprendizagem, como algo a ser executado ao fim de determinado período de trabalho. Como se fosse, por exemplo, uma autopsia. A avaliação se dá no processo, e faz parte do planejamento na medida em que fornece recursos para que esse seja reformulado na busca de maior eficácia. Outra questão fundamental é que se trata de “um processo interno, configurado com padrões próprios da instituição, não tem caráter público e sem propósito de comparação com outras instituições.” (SUANNO, 2002, p.1). A própria construção das etapas e procedimentos a serem adotados pra a Avaliação Institucional, em si, se tornam o início do processo, pois se faz necessário encontrar possibilidades próprias inerentes ao ambiente institucional que propiciem a análise, o que já é um processo avaliativo em si. Como afirma LÜCK (2012): “Quando os atores de um processo avaliam seu próprio trabalho, por esse mesmo processo, já desenvolvem novas idéias de melhoria e respectivo compromisso com esse resultado.” (LÜCK, 2012, p. 68) 22 Dada a natureza do trabalho, seus aspectos ideológicos e políticos, frequentemente a avaliação institucional está fortemente relacionada a modelos de gestão democrática e participativa, onde a opinião de todos é considerada e promovida.¨ LÜCK (2012) apresenta alguns pressupostos importantes para orientar a avaliação institucional da escola, são eles: • • • • • • Os seres humanos que participam de uma organização escolar são capazes de, conscientemente, participarem na transformação de suas práticas e da organização escolar, mediante o desenvolvimento de visão crítica sobre seu desempenho e seu papel no conjunto de práticas escolares. A viabilização da gestão autodeterminada, promotora da construção da autonomia escolar, assenta-se no desenvolvimento da capacidade da escola de se autoavaliar e de assumir iniciativas orientadoras das dimensões e aspectos em que melhorias são necessárias. A avaliação oferece pistas do que funciona e precisa ser reforçado e melhorado e do que não funciona ou apresenta limitações e precisa ser modificado ou substituído. Qualquer decisão sobre mudança só se torna efetiva quando fundamentada no conhecimento objetivo das condições que caracterizam e sustentam as situações a serem mudadas e os efeitos que as mesmas promovem. A avaliação é a melhor estratégia para induzir o aprimoramento dos processos de planejamento educacional, de gestão da sua implementação, orientação da capacitação profissional em serviço da melhoria da qualidade do ensino. A competência da escola somente se desenvolve a partir de um processo contínuo de auto-avaliação e reformulação de seu trabalho baseada em percepção crítica do mesmo. 3.1 – Avaliação Institucional e qualidade do ensino: “A avaliação é um processo que qualifica a educação, como também os serviços prestados pela instituição” (Gadotti, 1999, p.1) Apesar de poder ser distorcidamente tomada como instrumento repressivo, controlador e autoritário, a avaliação institucional, em última instância visa o crescimento profissional de todos os envolvidos na instituição. Deve-se com ela promover um ambiente privilegiado de diálogo e melhoria da qualidade do trabalho. O objetivo é “formar um profissional consciente de seu papel na sociedade, responsável ética e socialmente” (AFFONSO, 2009, p. 23 122) visando com isso um processo de aprendizagem ao mesmo tempo profissional e humanístico. Cabe também destacar que tanto a gestão como a avaliação institucional estão a serviço, são meios apenas, para se garantir a qualidade das ações educacionais. Atualmente, várias instituições de ensino superior têm sistematizado procedimentos de avaliação seja dos cursos, professores, ou da própria instituição. O presente curso de pós-graduação mantém em seu site oficial, obrigatoriamente a necessidade de que todos os alunos avaliem cada professor ao final das disciplinas. Podemos ver tal iniciativa como parte de seu processo auto-avaliativo e interesse em manter e aperfeiçoar a qualidade do ensino por ela oferecido. Gradativamente, apesar de ainda encontrar muitas resistências,a questão da avaliação institucional está em processo de passagem de instituinte para instituído. Levando-se em consideração o projeto pedagógico como processo que fundamenta os objetivos educacionais que se deseja em cada instituição de ensino, a natural conseqüência é que este se torne “uma ferramenta essencial da gestão da qualidade dos processos educativos” (AFFONSO, 2009, p.120), devendo o processo de avaliação fazer parte integrante do processo de planejamento, e consequentemente, manutenção da qualidade. 3.2- Avaliação Institucional e a tomada de decisões: O processo de avaliação institucional propicia subsídios à gestão para os diversos momentos de tomada de decisão. Nas instituições todos os indivíduos, o tempo todo tomam decisões, fazem escolhas, entre duas ou mais alternativas. A tomada de decisões é, portanto um momento importantíssimo para as organizações. A questão da tomada de decisões está diretamente relacionada à percepção que se tem dos indivíduos e seus relacionamentos. Porém nossa percepção pode ser influenciada e distorcida pelos mais diversos fatores. Podemos definir percepção como: 24 “Processo pelo qual os indivíduos organizam e interpretam suas impressões sensoriais com a finalidade de dar sentido ao seu meio.” (STEPHEN, 2010, p. 159) Quando percebemos qualquer pessoa ou situações tendemos a atribuir a estas significados e valores baseados em nossas crenças, nossas experiências anteriores, nossa percepção e julgamento, portanto, serão profundamente influenciados pelas suposições que fazemos. Outro aspecto importante na percepção é o de que ela tende a ser seletiva, interpretamos seletivamente o que vemos, com base nos nossos próprios interesses, experiências anteriores e atitudes. Há uma profunda ligação entre avaliação, percepção, tomada de decisão e gestão. As quatro se influenciam mutuamente. Daí considerarmos que se nossa avaliação estiver baseada num número maior de percepções acerca de uma mesma situação, tanto maior será a riqueza dessa avaliação e mais isenta poderá se tornar a decisão. É importante observar que a participação dos atores da instituição nas mudanças e planejamento, implica na manutenção de um sentimento de responsabilizar-se pela ação, implicando-se fortemente esses atores com a questão dos resultados, como afirma LÜCK: “A avaliação institucional, por sua abrangência, é um processo coletivo e participativo dos atores escolares e, por isso, é gerador do espírito de autorresponsabilização pela relação entre ações e seus resultados.” (LÜCK, 2012, p.68) É crucial que quando as decisões estão inseridas em um processo coletivo e participativo, fica a gestão, mais confortável nas situações em que determinadas decisões precisam ser revistas, retomadas. Nesses casos o próprio grupo pode vir a discutir o que ficou de lição a partir da decisão anterior e suas conseqüências para o coletivo. 3.3 – A Operacionalização do processo avaliativo institucional: Segundo GONZAGA(2007), a operacionalização dos processos de avaliação institucional pode ser dividida em três grandes etapas: 25 • Etapa de preparação: É preciso haver uma preocupação de como o tema será introduzido à instituição, se através do relato de experiências bem sucedidas, enfim, é um momento crucial para o desenvolvimento do trabalho que essa apresentação seja estrategicamente pensada. Forma-se então um grupo de trabalho dentro da organização, discute-se as possibilidades e propostas de avaliação. O projeto então passa a ser apresentado e discutido pelos mais diversos setores da organização a partir do que podese definir melhor seu funcionamento. • Etapa da implementação: Nesse momento se discute a fim de elaborar instrumentos e métodos de coleta de dados. Como dito anteriormente não há fórmula pronta para esse processo, cada instituição deve encontrar métodos que se adéquem à sua realidade e objetivos. Os dados então são apurados, organizados, analisados e socializados a todos os segmentos da organização. Essa apresentação pode inclusive ser feita a partir das mudanças necessárias na instituição, caso hajam. • Etapa de sistematização: O processo então é revisto, ajustes são propostos, implementados e novamente o processo deve retroagir. Há quem prefira produzir um relatório final avaliativo, mas como dito acima, a implementação de mudanças que se constituam num desenvolvimento da instituição são uma eficiente forma de apresentação dos resultados. Proponho que nesta terceira etapa a instituição elabore mecanismos de manutenção do processo avaliativo e de constante reavaliação do mesmo. A avaliação institucional precisa se manter como um processo, as instituições caminham e avaliam, avaliam e caminham, são ações que se dão juntas e se retroalimentam. Todo o processo descrito exige competência técnica especial, que podem ser desenvolvidas pela leitura que abordem não somente os fundamentos, métodos e instrumentos avaliativos, mas os efeitos dessa 26 avaliação e os mais diversos contextos onde foi aplicada. “Deve-se também cuidar para que a própria prática seja realizada como uma escola de aprendizagem e desenvolvimento de competências”(LÜCK, 2012, p.130, associando-se assim teoria e prática no desenvolvimento dessa competência, visto que a prática avaliativa “envolve não apenas a sua dimensão técnica, como também as dimensões humana e política, uma vez que a avaliação interfere em relações de poder, altera zonas de conforto e segurança.” (LÜCK, 2012, p.130). 27 CONCLUSÃO Como dissemos em nossa proposta metodológica, a proposta apresentada por este trabalho nasceu dentro outras influências, em grande parte de nossa experiência em participar da gestão do Colégio Batista Memorial. Nesse período de dois anos, iniciamos justamente nosso trabalho acompanhando uma encomenda de avaliação da instituição por um consultor externo muito experiente. Este ao chegar à escola, ao invés de solicitar números, documentos e relatórios, preferiu circular pela instituição conversando e ouvindo todos que encontrasse. A partir do que retornou aos que lhe solicitaram a avaliação analisando tudo o que observou, considerando lhe foi dito pela equipe. A partir de então iniciamos um processo de constantes encontros com a equipe de coordenação pedagógica e administrativa, a fim de traçarmos os novos rumos do trabalho de gestão. Esse processo gradativamente foi envolvendo todos os participantes da comunidade escolar, através de mecanismos de auto-avaliação formais e informais que foram implantados na instituição. Com relação aos instrumentos formais, criou-se para os alunos um formulário bimestral, aplicado ao final de cada bimestre, em momento exclusivo para análise e reflexão tanto de seu desempenho quanto dos fatores que entendem ter influenciado esse desempenho. Estimula-se com isso que a crítica seja madura e busque a melhoria de nossos resultados. Através desse momento os alunos perceberam que podiam influenciar diretamente o ambiente escolar em que passavam grande parte de seus dias. Mudanças foram feitas a partir de críticas e sugestões maduras e que tinham apoio da maioria. Com relação aos responsáveis, também foi criado instrumento próprio para expressar a visão que fazem da instituição, elogios, críticas e se indicariam o colégio a outros amigos e familiares. Também obtivemos 28 excelente retorno dessa iniciativa, a maioria demonstrou que estava interessada em participar e fornecer sugestões. O aperfeiçoamento do site do colégio foi mais um instrumento importante de participação, com ele mantém-se um meio de contanto aberto entre a comunidade externa e o colégio. Com relação aos funcionários passamos a aproveitar nossos momentos de planejamento e convivência para estimular a prática da análise e observação de nossos problemas e busca de soluções coletivas. A opinião do grupo é valorizada e a partir dela as decisões são tomadas. O colégio mantém em seu quadro um profissional de psicologia institucional que também participa da gestão, a fim de ouvir as sugestões, manter e estimular a avaliação por parte dos funcionários de como estamos funcionando em nosso dia a dia na instituição. Podemos observar em campo, ainda que não através de uma pesquisa mais formal, os conceitos aqui apresentados. No dia a dia de toda instituição os aspectos políticos, sociais, psicológicos, relacionais, não podem ser subjugados a um segundo plano quando se trata de gestão escolar. Concluímos que a construção de mecanismos de avaliação institucional (repito, mesmo os mais informais, mas nem por isso menos técnico) pode promover um ambiente institucional mais democrático e participativo. Uma gestão escolar saudável e produtiva busca garantir seu o objetivo maior de desenvolvimento da qualidade nos processos de ensino aprendizagem, promovendo assim a excelência educacional que tanto almejamos. 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFFONSO, Suselei A. Bedin, Projeto Pedagógico e Avaliação Institucional, Anuário da Produção Acadêmica Docente, Vol. III, nº 6, ano 2009 – Programa Permanente de Capacitação Docente, Valinhos, SP, Anhanguera Educacional, 2009. ALBUQUERQUE, Luciana, Saúde mental em Rio Bonito: atividade dos trabalhadores no processo de reforma psiquiátrica no município, Dissertação (Mestrado) Universidade Federal Fluminense, 2010, 127 f. ANDRADE, Aurélio R. 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SUANNO, Marilza Vanessa Rosa, Auto-Avaliação Institucional: Princípios e metodologia do Grupo Focal. In.: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagodia em Foco. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em HTTP://www.pedagogiaemfoco.pro.br/avinst01.htm Acesso em 12/03/2012 http://www.lcqribeiro.pro.br/wp-content/uploads/2011/03/O-que-%C3%A9-umainstituicao-social-Berger-e-Berger1.pdf O que é uma Instituição social? Autores: Peter L. Berger e Brigitte Berger 31 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I O Conceito de Instituição 10 1.1 – As Instituições segundo Georges Lapassade 12 CAPÍTULO II O Pensamento Sistêmico 15 CAPÍTULO III Avaliação Institucional e Gestão Escolar 21 3.1 – Avaliação Institucional e qualidade do ensino 22 3.2 - Avaliação Institucional e a tomada de decisões 23 3.3 – A Operacionalização do processo avaliativo institucional 24 CONCLUSÃO 27 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 29 ÍNDICE 31