IMPRESSÕES POÉTICAS: UM ESTUDO DIALÓGICO DA LÍRICA DE ANTÔNIO CARLOS DE
BRITO (CACASO) E FRANCISCO BUARQUE DE HOLLANDA
Aluno: RAQUEL DA SILVA SANTOS
Colaboradores:
Orientador: PROF. IDEMBURGO FRAZÃO
Curso / Instituição de Ensino Superior: LETRAS
Introdução / Objetivos / Material e Métodos / Conclusões / Resultados / Referências Bibliográficas
Embasados em estudos históricos e literários, intentamos nesse trabalho destacar aspectos intrínsecos e extrínsecos da
poesia marginal na década de 1970, no Brasil, dando ênfase a problemáticas relativas à política e à estética na obra do
professor Antônio Carlos de Brito (Cacaso) e nas letras de composições musicais de Chico Buarque, refletindo sobre
como os autores transformam o cotidiano dos “anos de chumbo’’ em arte, através de uma poética embebida em efeitos
lúdicos, ambíguos, metafóricos, e coloquiais
A partir da abordagem de estudos e aspectos referentes à ditadura civil-militar, à relação entre história, literatura e
cultura popular – em diálogo com a cultura erudita -, intenta-se refletir acerca da profunda relação dos poemas de
Antônio Carlos de Brito com a vida cotidiana, com a cultura e com política (ainda que de forma não efetivamente
engajada). Objetiva-se, também, aprofundar análises textuais, tendo como fio condutor os diálogos intertextuais
bastante ocorrentes nas obras dos poetas marginais da década de 1970, utilizando para esse intento os estudos de
Mikhail Bakhtin (2008). Junto a essas metas, procura-se averiguar aspectos inerentes à intertextualidade estudados por
Julia Kristeva (2012), pondo-os em diálogo com a problemática da polifonia e do dialogismo bakhtinianos
A pesquisa dá ênfase, em termos reflexivo-teóricos a estudos, como os de Mikhail Bakhtin e Julia Kristeva , além do
estudo de Afonso Romano de Sant’Anna, sobre polifonia, intertextualidade e paródia; e Heloisa Buarque de Hollanda,
no aprofundamento dos estudos sobre a poesia marginal dos anos 70 e acerca dos movimentos culturais anteriores que
influenciaram o ecletismo da poética estudadas; Obras como Vida Líquida, de Zygmunt Bauman, são utilizadas na
tentativa de compreender a relação entre arte e sociedade na contemporaneidade.
O trabalho apresenta enquanto resultados principais: a) a ampliação à análise crítica das poesias e/ou letras de Cacaso –
através da obra Lero-lero (2012), que mapeia as sete publicações do autor- e Chico Buarque – com as canções lançadas
nas décadas de 1960 e 1970; b) o aprofundamento da leitura dos textos pelo viés da intertextualidade, discutindo sobre a
questão do ecletismo e da “vida líquida” na contemporaneidade, e sobre o efeito de crítica que a intertextualidade
proporciona com a paródia; c) a constatação do termo marginal ser direcionado apenas para as obras de Cacaso, pois a
canção de protesto não se enquadra nesse perfil.
Conclui-se que obra de Antônio Carlos de Brito tornou-se um vasto e rico campo de pesquisa sobre a identidade dos
artistas tidos como marginais - à margem do mercado editorial - juntamente e Francisco Buarque de Hollanda, que
imprimiu um olhar mais diretamente crítico sobre a ditadura. Dentre muitos outros dessa mesma época, esses dois
artistas são responsáveis pela ascensão da cultura popular (com ênfase na música) a um patamar até então pouco
alcançado, utilizando a literatura e a composição musical como estratégia para “enfrentar”, criticar e/ou ridicularizar a
hegemonia sócio-política dos setores conservadores do Brasil, utilizando como uma das principais ferramentas, a
intertextualidade.
BAUMAN, Zygmund. Vida Líquida. 2ºed. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
BAKHTIN. Mikhail. Problemas na poética de Dostoiévski. Tradução direta, notas e prefácio de Paulo Bezerra. 5º ed.
Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2013.
BRITO, Antônio Carlos de. Lero- Lero (1967-1985). São Paulo: Cosac Naify Portátil, 2012.
HOLLANDA, Heloísa Buarque de. Impressões de Viagem: CPC, Vanguarda e Desbunde: 1960/70. 5º Ed. Rio
Bolsa de Iniciação Científica (IC):
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PROPEP 2014