ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE PERFIS RETANGULARES DE MADEIRA PLÁSTICA.... 47 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE PERFIS RETANGULARES DE MADEIRA PLÁSTICA (WOOD PLASTIC COMPOSITE) Julio Cesar Molina Marcelo Rodrigo Carreira Carlito Calil Junior Departamento de Engenharia de Estruturas, EESC-USP, e-mails: [email protected], [email protected], [email protected] Resumo No Brasil, o uso de perfis de madeira plástica vem ganhando espaço no cenário da construção civil. Esse material é formado basicamente pela mistura de madeira, materiais plásticos recicláveis e fibras vegetais, cujo produto final apresenta características visuais semelhantes à madeira convencional. Neste artigo analisa-se o comportamento de perfis de madeira plástica através de ensaios de caracterização. São determinados os valores do módulo de elasticidade na flexão, das resistências à compressão, à tração e ao cisalhamento, além da densidade do material que compõe os perfis. Os resultados apresentados mostram que a madeira plástica analisada é uma boa alternativa técnica, principalmente com relação às solicitações de tração normal e cisalhamento, quando comparada com as madeiras sólidas de coníferas e folhosas listadas na norma brasileira de madeiras NBR 7190/1997, podendo assim ser utilizada em diversas aplicações. Palavras-chave: madeira plástica, ensaios de caracterização, resistência do material. Introdução Com os avanços tecnológicos e a competitividade do mercado torna-se necessária a busca de melhorias na qualidade dos produtos industrializados, destinados à construção civil. Nesse cenário, voltado para a modernidade e maior qualidade dos materiais, observa-se que a tecnologia tem ampliado a gama de novos produtos derivados da madeira, seja em diferentes formas ou na combinação com outros materiais, associada à busca de benefícios ambientais, mas sempre visando ao melhor desempenho do produto para o fim a que se destina. A madeira plástica, também conhecida no meio técnico como wood plastic composite, corresponde a uma dessas tecnologias e, segundo seus fabricantes, pode-se dizer que é um produto moderno e ecologicamente correto. Trata-se de um composto que envolve duas ou mais matérias-primas, originado da mistura de madeira, materiais recicláveis como resíduos de diversos tipos de plásticos e fibras vegetais. Essa mistura é obtida a partir da utilização de tecnologia industrial. Desse processo resultam peças que podem imitar e, em alguns casos, substituir a madeira natural, reduzindo o corte de árvores e permitindo o uso de resíduos, contribuindo, neste segundo caso, para a limpeza do meio ambiente. A madeira plástica é comercializada na forma de perfis com seções transversais com tipos e dimensões diferenciadas, podendo apresentar características diferentes de um fabricante para outro. As propriedades físicas e mecânicas dos perfis de madeira plástica dependerão da quantidade de resíduos, fibras vegetais e de madeira utilizada em sua composição. Portanto, a madeira plástica nasce e se desenvolve como produto da preocupação com o meio ambiente. É importante ressaltar que esse material já é utilizado em outros países, principalmente nos EUA. Principais Características, Vantagens e Aplicações da Madeira Plástica Segundo Tavares et al. (2007), a madeira plástica pode ser cortada, pregada, parafusada e fixada a partir da utilização de resinas epóxi. Apresenta algumas vantagens em comparação com a madeira serrada convencional: não racha, não solta ferpas, é resistente a corrosão, é imune a pragas, cupins e roedores, não requer elementos de proteção como vernizes e seladores e pode ser limpa com água e sabão. Além disso, a madeira plástica apresenta excelente performance em ambientes úmidos por não absorver umidade. Nesse contexto, observa-se que, no âmbito da construção civil, a madeira plástica pode ser perfeitamente utilizada como elemento de sustentação, decks, pallets, entre outras aplicações como formas, móveis, batentes, portões e cercas. A madeira plástica, de maneira geral, é recomendada para estruturas que necessitem de praticidade, resistência e pouca manutenção. Na Figura 1 estão apresentadas algumas aplicações da madeira plástica. Minerva, 6(1): 47-57 48 MOLINA, CARREIRA & CALIL JUNIOR a) Pallets industriais b) Deck para piscina c) Móveis para áreas externas Figura 1 Exemplos da aplicação da madeira plástica. Fonte: Tavares et al., 2007. Os ensaios de caracterização apresentados neste artigo foram realizados em perfis de madeira plástica no Laboratório de Madeiras e de Estruturas de Madeiras da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP). Os referidos perfis foram fornecidos pela empresa Deutschsul Ecowood Indl Ltda. A partir dos ensaios de caracterização realizados, foram determinados os valores médios das seguintes propriedades para o material analisado: módulo de elasticidade (MOE) na flexão na direção de menor inércia do perfil, resistência média à compressão (fc0) na direção longitudinal do perfil, resistências à tração (ft0 e ft90) para as duas maiores direções ortogonais do perfil, resistências ao cisalhamento (fv0, fv90 e fvh) nas três direções ortogonais do perfil e densidade (ñ) do material. Os valores característicos de resistência também foram determinados para cada caso analisado. Os resultados apresentados neste artigo enriquecerão a literatura nacional sobre o assunto que, atualmente, no Brasil, encontra-se em fase de desenvolvimento. Materiais e Métodos Todos os ensaios de caracterização do material foram realizados em um total de seis amostras retiradas de seis perfis de madeira plástica, de seção transversal retangular, com dimensões de 25 mm × 100 mm e comprimento de 3000 mm. Os detalhes dos referidos perfis, com suas dimensões reais, estão apresentados na Figura 2. a) Perfis de madeira plástica fornecidos para caracterização Segundo a empresa Deutschsul Ecowood Indl Ltda., fornecedora dos perfis de madeira plástica analisados neste artigo, os materiais utilizados na composição dos mesmos são serragem, polímeros de polietileno, polipropileno, poliestireno e outros com características semelhantes na ordem de 60% a 70%, agregados a uma carga vegetal (casca de arroz) na ordem de 30% a 40%, produzidos termoplasticamente por alta pressão. A massa oriunda do processo é comprimida com até 1000 kg/ cm2 em um molde para dar a forma desejada ao perfil. O molde, uma vez preenchido, passa para a fase de resfriamento, na qual se obtém a termofixação das moléculas, tendo-se assim um perfil formado e estável. Execução dos ensaios e equipamentos utilizados Para a condução dos ensaios de flexão estática, de compressão, de tração na direção da largura “b” da seção transversal (conforme indicado na Figura 4) e de cisalhamento nas três direções ortogonais do perfil, foi utilizada a máquina AMSLER, com capacidade de 25 kN (2500 kgf). As medidas das flechas, no meio dos vãos das amostras, nos ensaios de flexão estática, foram feitas com um transdutor de deslocamento (relógio comparador) com precisão de 0,01 mm e percurso máximo de 50 mm. Os ensaios de tração, na direção longitudinal dos perfis, foram realizados na máquina METRIGUARD, com capacidade de 80 kN (8000 kgf). b) Detalhes da seção transversal dos perfis e textura do material Figura 2 Perfis de madeira plástica com dimensões 25 × 100 × 3000 mm para os ensaios de caracterização. Minerva, 6(1): 47-57 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE PERFIS RETANGULARES DE MADEIRA PLÁSTICA.... Para a determinação da densidade do material utilizouse uma balança eletrônica de precisão, da marca ACATEC, com capacidade de 3x10-2 kN (3 kgf). As medidas das dimensões das amostras para cada um dos diferentes ensaios realizados foram efetuadas com utilização de um paquímetro digital, da marca MITUTOYO, com percurso máximo de 15 cm e também a partir da utilização de uma trena métrica. Os valores de referência para as amostras dos ensaios de caracterização da madeira plástica foram determinados previamente a partir de ensaios em amostras gêmeas, como sugerido pela norma de madeiras NBR 7190/1997. Ensaios de flexão estática Inicialmente, verificou-se a possibilidade de determinação do módulo de elasticidade (MOE) na flexão, a partir do ensaio não destrutivo de vibração transversal. No entanto, observou-se, neste caso, que a frequência de vibração do perfil de madeira plástica não atingiu o valor mínimo necessário para a determinação do referido módulo, inviabilizando o ensaio. A opção inicial pelo ensaio de vibração transversal, na determinação do módulo de elasticidade do material, teve por principal objetivo a estimativa preliminar do referido parâmetro, a partir da consideração das dimensões originais do perfil 25 x 100 × 3000 mm e da grande flexibilidade do material analisado. O módulo de elasticidade (MOE) foi posteriormente obtido por meio do ensaio de flexão estática, sendo que a) Esquema geral do ensaio de vibração transversal 49 os referidos ensaios, neste caso, foram realizados em amostras com dimensões aproximadas de 25 x 100 x 60 mm. Essas dimensões foram admitidas para as amostras com a finalidade de eliminar o efeito da deformação por cisalhamento na parcela total do deslocamento vertical (flecha) no meio do vão da amostra. Neste caso, a distância entre os apoios da amostra foi de aproximadamente vinte vezes a altura do perfil. O carregamento, no ensaio de flexão estática, concentrado no meio do vão, foi aplicado a uma taxa de 10 MPa/min, conforme indicações da NBR 7190/1997. O módulo de elasticidade (MOE), para o ensaio de flexão estática, foi obtido a partir da equação (1). (1) em que: ΔP = variação da carga concentrada aplicada no meio do vão; L = distância entre apoios; Δf = variação da flecha no meio do vão; I = momento de inércia da seção transversal da amostra (b × h3/12, ver Figura 4). Um esquema geral do ensaio de flexão estática, realizado para determinação do módulo de elasticidade (MOE), está apresentado na Figura 4. A distância “L” (correspondente à direção longitudinal do perfil), entre os apoios, considerada neste caso foi de 50 cm. A distância entre cada apoio da amostra e sua respectiva extremidade foi de aproximadamente 10 cm. b) Perfil biapoiado, posicionado para o ensaio de vibração c) Sistema de aquisição de dados do ensaio de vibração Figura 3 Detalhes do ensaio de vibração transversal do perfil com dimensões originais 25 × 100 × 3000. P h b Transdutor de deslocamento Seção do perfil L Figura 4 Esquema geral do ensaio de flexão estática com carga aplicada no centro do vão da amostra. Minerva, 6(1): 47-57 50 MOLINA, CARREIRA & CALIL JUNIOR Durante os ensaios de flexão estática foram registradas nove diferentes medidas de deslocamento vertical no meio do vão “L”, para cada uma das amostras analisadas, sendo essas medidas correspondentes a cada um dos níveis de força “P” aplicados no ensaio. A força “P” máxima, aplicada neste caso, correspondeu a 1429,60 N (142,9 kgf), e os deslocamentos verticais, a) Amostras para os ensaios de flexão estática com dimensões 25 x 100 x 60 mm no meio do vão, foram medidos a cada 158,8 N (15,88 kgf). As amostras utilizadas para a determinação do módulo de elasticidade, a partir dos ensaios de flexão estática, e as amostras utilizadas para a determinação da densidade do material foram as mesmas. As dimensões obtidas para as referidas amostras estão apresentadas na Tabela 1. b) Aplicação da força e medida dos deslocamentos verticais no meio do vão da amostra Figura 5 Detalhes das amostras utilizadas e da realização dos ensaios de flexão estática. Tabela 1 Dimensões das amostras para os ensaios de flexão estática e densidade. Tabela 2 Flechas obtidas nos ensaios de flexão estática para as forças “P” aplicadas. Minerva, 6(1): 47-57 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE PERFIS RETANGULARES DE MADEIRA PLÁSTICA.... Ensaios de compressão Os ensaios de compressão, na direção longitudinal dos perfis, foram realizados em amostras com comprimentos aproximados de 75 mm (três vezes a altura h da seção transversal do perfil) e seção transversal com dimensões aproximadas de 25 × 100 mm. A força de compressão foi aplicada, neste caso, até a perda total de resistência da amostra, o que caracterizou a sua ruptura. A resistência à compressão (fc0) foi obtida pela relação entre a força de ruptura (Pc0), obtida no ensaio de compressão, e a área (Ac0) da seção transversal da amostra. Ensaios de tração Os ensaios de tração, na direção longitudinal dos perfis, foram realizados em amostras com comprimentos aproximados de 2000 mm e seção transversal com dimensões aproximadas de 25 mm x 100 mm. O equi- 51 pamento utilizado no ensaio, neste caso, trabalha basicamente por atrito e pressão, aplicados nas garras das amostras, de modo que a ruptura do material fica condicionada à região central da amostra, como apresentado na Figura 7b. A resistência à tração (ft0), neste caso, foi obtida pela relação entre a força de ruptura (Pt0), obtida no referido ensaio, e a área (At0) da seção transversal considerada para a amostra. Os ensaios de tração, na direção da largura “b” do perfil, foram realizados em amostras com áreas da seção transversal (At90) com trecho central cujas dimensões são aproximadamente de 25 mm × 30 mm. A direção indicada na amostra da Figura 8a corresponde à direção longitudinal do perfil. A resistência à tração (ft90), neste caso, foi obtida pela relação entre a força de ruptura (Pt90), obtida no ensaio de tração na referida direção, e a área (At90) da seção transversal considerada para a amostra. Figura 6 Amostras utilizadas no ensaio de compressão na direção longitudinal do perfil. Tabela 3 Dimensões e áreas das amostras para os ensaios de compressão longitudinal (a) Equipamento utilizado no ensaio de tração das amostras analisadas (b) Vista superior da amostra de 2000 mm posicionada para o ensaio de tração Figura 7 Detalhes da realização do ensaio de tração na direção longitudinal do perfil. Minerva, 6(1): 47-57 52 MOLINA, CARREIRA & CALIL JUNIOR Tabela 4 Dimensões e áreas das amostras para os ensaios de tração longitudinal. (a) Amostra utilizada no ensaio de tração na direção “b” do perfil (b) Detalhe do ensaio de tração na direção da largura “b” do perfil Figura 8 Detalhes da amostra utilizada e da realização do ensaio de tração na direção da largura “b” que é normal à direção longitudinal L do perfil. Tabela 5 Áreas das amostras para os ensaios de tração na direção da largura “b”. Determinação da densidade Para a determinação da densidade do material, as amostras foram pesadas e suas dimensões medidas. Alguns detalhes da quantificação dos parâmetros necessários à determinação da densidade estão apresentados na Figura 9. (a) Pesagem das amostras As densidades das amostras dos perfis foram obtidas a partir da equação (2). (2) em que m = massa da amostra; V = volume da amostra. (b) Medida das dimensões das amostras Figura 9 Quantificação dos parâmetros necessários à determinação da densidade do material. Minerva, 6(1): 47-57 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE PERFIS RETANGULARES DE MADEIRA PLÁSTICA.... 53 Tabela 6 Massas e volumes das amostras para determinação da densidade. Ensaios de cisalhamento Os ensaios de cisalhamento foram realizados inicialmente em amostras com plano de seção de corte crítica, na direção do comprimento “L” do perfil. A área de corte (Av0) considerada foi de aproximadamente 10 cm2. A resistência (fv0), neste caso, foi obtida pela relação entre a força de ruptura (Pv0), obtida no respectivo ensaio de cisalhamento, e a área (Av0) do plano de corte considerado para a amostra. Para a segunda direção ortogonal do perfil (direção “b”), perpendicular à direção longitudinal, a resistência ao cisalhamento (fv90) foi obtida pela relação entre a força de ruptura (Pv90) obtida no ensaio de cisalhamento na referida direção e a área (Av90) do plano de corte na direção da largura “b”, considerado, neste caso, para a amostra. Para a terceira e menor das três dimensões do perfil, correspondente à altura “h”, a resistência ao cisalhamento (fvh) foi obtida pela relação entre a força de ruptura (Pvh), obtida no ensaio de cisalhamento na direção “h”, e a área (Avh) do plano de corte considerado na direção “h”. Os detalhes das amostras utilizadas nos ensaios de cisalhamento, para as três direções ortogonais do perfil, estão apresentados na Figura 10. Os detalhes dos ensaios de cisalhamento em andamento, para as três direções ortogonais do perfil, estão apresentados na Figura 11. a) Amostra para o ensaio na b) Amostra para o ensaio na direção longitudinal do perfil “L” direção da largura “b” c) Amostra para o ensaio na direção da altura “h” Figura 10 Detalhes da amostras para os ensaios de cisalhamento nas três direções ortogonais do perfil. a) Cisalhamento da amostra na direção longitudinal L do perfil b) Cisalhamento da amostra na direção b do perfil b) Cisalhamento da amostra na direção h do perfil Figura 11 Detalhes do ensaio de cisalhamento das amostras nas três direções ortogonais do perfil. Minerva, 6(1): 47-57 54 MOLINA, CARREIRA & CALIL JUNIOR Tabela 7 Áreas do plano de corte das amostras para os ensaios de cisalhamento. Resultados e Discussões O valor médio da resistência à compressão (fc0), na direção longitudinal dos perfis de madeira plástica, foi de aproximadamente 40 MPa, sendo o valor característico (fc0k), neste caso, igual a 28MPa. As rupturas das amostras dos perfis de madeira plástica, ensaiadas na compressão, se deram por esmagamento na direção da aplicação da força. O valor médio da resistência à tração (ft0), para a direção longitudinal dos perfis analisados, foi de aproximadamente 18,43 MPa. O valor da resistência característica (ft0k), neste caso, foi de aproximadamente 12,90 MPa. Para a direção da largura “b” (perpendicular à direção longitudinal “L”), a resistência à tração (ft90) foi de aproximadamente 14,13 MPa, sendo a resistência característica (ft90k) de 10,00 MPa. Observou-se, para ambos os ensaios de tração realizados, ruptura frágil do material. Os comportamentos das amostras, a partir das forças aplicadas nos ensaios estáticos de flexão estática, estão apresentados na Figura 12. A madeira plástica analisada apresentou comportamento não-linear com grande deformabilidade na flexão e, mesmo quando ultrapassado o estado limite de utilização de L/200, dado para a madeira convencional segundo a NBR7190/1997, não foi observada ruptura do material por flexão. Além disso, o material analisado apresentou deformação residual quando da retirada do máximo carregamento “P” aplicado na flexão. O valor médio obtido para o módulo de elasticidade da madeira plástica, nos ensaios de flexão estática, a partir da equação (1), foi de aproximadamente 1314 MPa. 160 Força aplicada (kgf) 140 120 Amostra 01 100 Amostra 02 Amostra 03 80 Amostra 04 60 Amostra 05 40 Amostra 06 20 0 0 1 2 3 Flecha no meio do vão (cm) Figura 12 Comportamentos das amostras dos perfis ensaiadas nos ensaios de flexão estática. a) Deformação do perfil para a b) Vista superior da amostra força máxima aplicada no ensaio após a retirada do carregamento c) Deformação residual após a retirada do carregamento Figura 13 Detalhes das deformações das amostras obtidas a partir dos ensaios de flexão estática. Minerva, 6(1): 47-57 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE PERFIS RETANGULARES DE MADEIRA PLÁSTICA.... 55 Tabela 8 Forças de ruptura e resistências obtidas nos ensaios de compressão. Figura 14 Detalhes do ensaio de compressão na direção longitudinal “L” do perfil. Tabela 9 Forças de ruptura e resistências obtidas a partir dos ensaios de tração. (a) Ruptura para solicitação de tração na direção longitudinal L do perfil (b) Ruptura para solicitação de tração na direção da largura “b” do perfil Figura 15 Modos de ruptura observados nos dois ensaios de tração realizados. Tabela 10 Valores das densidades das amostras de madeira plástica ensaiadas. Minerva, 6(1): 47-57 56 MOLINA, CARREIRA & CALIL JUNIOR O valor médio, obtido para a densidade da madeira plástica, foi de aproximadamente 930 kgf/m3. Os resultados de resistência obtidos a partir dos ensaios de cisalhamento para as três direções ortogonais dos perfis de madeira plástica estão apresentados na Tabela 11. Os valores médios das resistências ao cisalhamento (fv0, fv90 e fvh) nas direções longitudinais, na largura “b” e na direção da altura “h” foram, respectivamente, de 19,58 MPa, 17,32 MPa e 16,76 MPa, sendo os valores característicos (fv0k, fv90k e fvhk) correspondentes a cada uma dessas resistências de 13,71MPa, 12,12 MPa e 11,73 MPa, respectivamente. A madeira plástica apresentou ruptura dúctil para os três casos de cisalhamento analisados. A resistência característica ao cisalhamento da madeira plástica foi praticamente homogênea para as três direções ortogonais do material, com valor médio característico aproximado de 12,52 MPa. A partir dos valores comparativos apresentados nas Tabelas 12 e 13, e tomando por base a classe de resistência C20, tanto para as coníferas quando para as dicotiledôneas, observou-se que os valores característicos de resistência, obtidos para a madeira plástica, foram maiores na compressão e no cisalhamento. O valor médio obtido para a densidade da madeira plástica também foi maior quando comparado aos valores fornecidos para as madeiras sólidas. Porém, o valor da densidade está relacionado com a resistência específica (resistência/ peso) do material. Além disso, o valor médio obtido para o módulo de elasticidade na flexão da madeira plástica foi menor que o módulo de elasticidade médio das coníferas e dicotiledôneas na direção das fibras das madeiras. Considerações Finais Os perfis de madeira plástica analisados apresentaram elevada deformabilidade na flexão. Portanto, o dimensionamento dos perfis de madeira plástica na flexão deve ser condicionado a limitações da flecha. Para os estados limites de utilização, a flecha do perfil deve ser limitada em L/360. Com relação à resistência à compressão, a madeira plástica analisada correspondeu à classe de resistência C25, no caso das coníferas, e à classe C20, no caso das dicotiledôneas. A madeira plástica apresentou, ainda, resistência específica equivalente às dicotiledôneas de classe C20. Com relação à resistência ao cisalhamento, a madeira plástica apresentou bom comportamento, com homogeneidade da resistência nas três direções ortogonais do material e ruptura do tipo dúctil. Nas coníferas e dicotiledôneas, a ruptura, no caso da solicitação ao cisalhamento, é do tipo frágil. A resistência do cisalhamento da madeira plástica foi da ordem de três vezes maior que a resistência das coníferas e dicotiledôneas de classe C20, sendo, portanto, indicada em situações de solicitações críticas ao cisalhamento. Tabela 11 Forças de ruptura e resistências obtidas nos ensaios de cisalhamento. a) Cisalhamento na direção longitudinal “L”do perfil b) Cisalhamento na direção “b” do perfil c) Cisalhamento na direção “h” do perfil Figura 16 Modos de ruptura observados nos dois ensaios de cisalhamento realizados. Minerva, 6(1): 47-57 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE PERFIS RETANGULARES DE MADEIRA PLÁSTICA.... 57 Tabela 12 Comparação entre as classes de resistência das coníferas. Tabela 13 Comparação entre as classes de resistência das dicotiledôneas (folhosas). Agradecimentos – Agradecemos a Deutschsul Ecowood Indl Ltda. pelo fornecimento das amostras dos perfis de madeira plástica para os ensaios. Referências Bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR-7190: Projeto de estruturas de madeira. Rio de Janeiro: ABNT, 1997. CALIL JUNIOR, C.; LAHR, F. A. R.; DIAS, A. A. Dimensionamento de elementos estruturais de madeira. Barueri: Manole, 2003. p. 152. CORREA, C. A. et al. Compósitos termoplásticos com madeira. Polímeros, São Carlos, jul.-set. 2003. ECKERT, C. H. Market opportunities for natural fibres in plastics composites. In: WOOD-PLASTIC CONFERENCE, 2000, Baltimore, USA. Proceedings… Baltimore, USA, 2000. p. 87-106. ENGLISH, B. Wood-plastics materials and processes: a look at twenty five years of patent activity. In: WOODPLASTIC CONFERENCE, 2000, Baltimore, USA. Proceedings… Baltimore, USA, 2000. p. 60-72. FROLLINI, E.; LEÃO, A. L.; MATTOSO, L. H. C. (Eds.) Natural polymers and agrofiber based composites. São Carlos: Embrapa Instrumentação Agropecuária, 2000. JONES, F. R. Handbook of polymer-fibre composites. Essex, Inglaterra: Longman Scientific & Technical, 1994. MARKOVICH, N. E.; ARANGUREN, M. I.; REBOREDO, M. M. Some aspects related to the processing of natural fiber-polymer composites. In: NATURAL POLYMERS AND COMPOSITES, 4., 2002, São Pedro, SP. Proceedings... São Pedro, SP, 2002, p. 416-421. TAVARES; DEBIASI; DA MATA. Madeira plástica. 2007. 74 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia) – Faculdade de Ciências e Tecnologia de Santos, Universidade Santa Cecília, Santos. YOUNGQUIST, J. A; KARMAKER, A. C. Injection molding of polypropylene reinforced with short jute fibers. Journal of Applied Polymer Science, v. 62, p. 1147-1151, 1996. ZANIN, M.; DISIDERÁ, C.; LOGAREZZI, A.; CORREA, C. A. Sistematização da extensão do uso de resíduos de serrarias e potencialidade de aplicação. In: IX ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 9., 2002, Foz do Iguaçu, PR. Anais... Foz do Iguaçu, PR, 2002. Minerva, 6(1): 47-57