MARCO ANTÔNIO DE OLIVEIRA MONTEIRO CENTRO DE TRANSPORTE LOGÍSTICO DA AERONÁUTICA: uma proposta de transporte multimodal para a logística da Força Aérea Brasileira Trabalho de Conclusão de Curso Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Coronel Int. Aer. Antônio Celente Videira Rio de Janeiro 2014 C2014 ESG Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitida a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG. _________________________________ Assinatura do autor Biblioteca General Cordeiro de Farias Monteiro, Marco Antônio de Oliveira Centro de Transporte Logístico da Aeronáutica: uma proposta de transporte multimodal para a logística da Força Aérea Brasileira/ Cel. Int. Aer Marco Antônio de Oliveira Monteiro. - Rio de Janeiro : ESG, 2014. 63 f.: il. Orientador: Cel Int Aer Antônio Celente Videira. Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2014. 1. Logística. 2. Modal de Transporte. 3. Transporte Multimodal e Intermodal. 4. Operador de Transporte Multimodal. 5. Transporte Logístico. A todos da família que, durante o meu período de formação, contribuíram com ensinamentos e incentivos. A minha gratidão, em especial a minha esposa e filhos, pela compreensão, como resposta aos momentos de minhas ausências e omissões, em dedicação às atividades da ESG. AGRADECIMENTOS Aos meus professores de todas as épocas por terem sido responsáveis por parte considerável da minha formação e do meu aprendizado. Aos estagiários da melhor Turma do CAEPE pelo convívio harmonioso de todas as horas. Ao Corpo Permanente da ESG pelos ensinamentos e orientações que me fizeram refletir, cada vez mais, sobre a importância de se estudar o Brasil com a responsabilidade implícita de ter que melhorá-lo. Ao Cel Int Aer Antônio Celente Videira que me orientou durante a elaboração deste trabalho, contribuindo diretamente com suas sugestões e clarificações para seu aperfeiçoamento e correção. A eficiência é uma relação técnica entre entrada e saída. Idalberto Chiavenato RESUMO Esta monografia aborda a aplicação do conceito de operador de transporte multimodal como um instrumento a ser aplicado na modernização do processo logístico de transporte da Força Aérea Brasileira em sua busca por uma racionalização no emprego dos modais de transporte e pela redução dos seus custos logísticos. O objetivo deste estudo está fundamentado na análise da viabilidade do emprego, à luz da teoria vigente, de uma organização militar com uma concepção de operador de transporte multimodal, com suas vantagens operacionais no gerenciamento do transporte de cargas dentro da FAB. A metodologia adotada comportou uma pesquisa bibliográfica e documental, visando a buscar referenciais teóricos, além da experiência do autor na área da logística por cerca de dezoito anos. O campo de estudo limitou-se ao Operador de Transporte Multimodal dentro do território e portos brasileiros, apesar de que, durante a apreciação do conteúdo bibliográfico deste trabalho, outros níveis de tratados sobre transporte tenham sido analisados. O trabalho discorre sobre a origem do conceito de Logística, as teorias e instrumentos legais que regulamentam e legitimam os diferentes modais de transporte no território brasileiro e na própria FAB. Na parte final, é processada, à luz da doutrina apresentada, uma análise da realidade do transporte logístico dentro da FAB, ressaltando as vantagens por uma opção do emprego de um Centro de Transporte Logístico com as características e vantagens operacionais proporcionadas pelo operador de transporte multimodal. A conclusão indica ainda as vantagens na implementação das ações a serem desenvolvidas para aplicação do conceito de operador de transporte multimodal, cuja aplicação pode contribuir para a otimização e racionalização do transporte logístico dentro da estrutura do COMGAP. Com isso, atende-se às necessidades da área logística, o que refletirá diretamente na aumento da disponibilidade dos meios aéreos, tendo como consequência direta a manutenção da soberania do espaço aéreo brasileiro, missão constitucional da FAB. Palavras-chave: Logística. Modal de Transporte. Transporte Multimodal. Operador de Transporte Multimodal. Transporte Logístico. Intermodal e ABSTRACT This paper discusses the application of the concept of multimodal transport operator as a tool to be used to modernize the logistics process of transporting Brazilian Air Force in their quest for a rationalization in the use of transportation modes and by reducing their logistics costs. This study is based on analysis of the viability of employment in the light of current theory, a military organization with a concept of multimodal transport operator, with its operating advantages in the management of freight within the FAB. The methodology involved a bibliographical and documentary research, aiming to seek theoretical frameworks beyond the author's experience in logistics for eighteen years. The field study was limited to the Multimodal Transport Operator within the territory and Brazilian ports, though, during the examination of the bibliographic content of this work, other levels of treatises on transport have been analyzed. The paper discusses the origin of the concept of logistics, theories and legal instruments that regulate and legitimate the different modes of transportation in Brazil and in FAB own. In the final part, is processed in the light of the doctrine presented an analysis of the reality of logistical transport within the FAB, highlighting the advantages for an option of employing a Center for Transportation Logistics and operational characteristics with the advantages provided by the multimodal transport operator . The conclusion also shows the advantages in the implementation of actions to be taken for implementing the concept of multimodal transport operator, whose application can contribute to the optimization and rationalization of transport logistics within the framework of COMGAP. Thus, it meets the needs of the logistics area, which directly reflect the increased availability of air assets, and as a direct consequence the maintenance of the sovereignty of the Brazilian airspace, constitutional mission of FAB. Keywords: Logistics. Modal Transport. Intermodal and Multimodal Transportation. Multimodal Transport Operator. Transportation Logistics. LISTA DE ILUSTRAÇÕES GRÁFICO 1 ......................................................................................................... 20 GRÁFICO 2 ......................................................................................................... 20 GRÁFICO 3 ......................................................................................................... 22 GRÁFICO 4 ......................................................................................................... 24 GRÁFICO 5 ......................................................................................................... 24 GRÁFICO 6 ......................................................................................................... 26 GRÁFICO 7 ......................................................................................................... 29 GRÁFICO 8 ......................................................................................................... 31 GRÁFICO 9 ......................................................................................................... 37 QUADRO 1 ......................................................................................................... 38 GRAFICO 10 ......................................................................................................... 48 QUADRO 2 ......................................................................................................... 49 GRÁFICO 11 ......................................................................................................... 50 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ANAC Agência Nacional de Aviação Civil ANTAQ Agência Nacional de Transporte Aquaviário ANTF Agência Nacional de Transporte Ferroviário ANTT Agência Nacional de Transporte Terrestre BAAN Base Aérea de Anápolis BABR Base Aérea de Brasília BABV Base Aérea de Boa Vista BACO Base Aérea de Canoas BAMN Base Aérea de Manaus BAPV Base Aérea de Porto Velho BASM Base Aérea de Santa Maria BASP Base Aérea de São Paulo BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Social CECAN Centro do Correio Aéreo Nacional CNT Confederação Nacional do Transporte COMAR I Primeiro Comando Aéreo Regional COMAR II Segundo Comando Aéreo Regional COMAR V Quinto Comando Aéreo Regional COMAR VII Sétimo Comando Aéreo Regional COMAER Comando da Aeronáutica COMGAP Comando-Geral de Apoio CTLA Centro de Transporte Logístico da Aeronáutica DARJ Depósito de Aeronáutica do Rio de Janeiro DCTA Departamento de Ciência e Tecnologia da Aeronáutica DIRMAB Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico ESG Escola Superior de Guerra FAB Força Aérea Brasileira IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PAMAAF Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos PAMBRJ Parque de Material Bélico do Rio de Janeiro PAMAGL Parque de Material Aeronáutico do Galeão PAMALS Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa PAMARF Parque de Material Aeronáutico do Recife PAMASP Parque de Material Aeronáutico de São Paulo SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 11 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA ............................................................. 11 1.2 O PROBLEMA ........................................................................................... 11 1.3 OBJETIVO .................................................................................................. 11 1.4 JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 12 1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................... 12 1.5.1 Caracterização da pesquisa .................................................................... 13 1.5.2 Área de abrangência ................................................................................ 13 1.6 ESTRUTURA DO ESTUDO ....................................................................... 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................. 15 2.1 A LOGÍSTICA ............................................................................................. 15 2.2 TRANSPORTE DE CARGA NO BRASIL ................................................... 18 2.3 MATRIZ DE TRANSPORTE ....................................................................... 20 2.3.1 Modal rodoviário ....................................................................................... 22 2.3.2 Modal ferroviário ....................................................................................... 27 2.3.2.1 Infraestrutura ferroviária brasileira .............................................................. 28 2.3.3 Modal aquaviário ...................................................................................... 31 2.3.3.1 Cabotagem ................................................................................................ 34 2.3.4 Modal aéreo ............................................................................................... 36 2.3.4.1 Principais características ............................................................................ 37 2.3.4.2 Aspecto do transporte déreo ...................................................................... 38 2.3.4.2.1 Regulamentação ........................................................................................ 39 2.3.4.2.2 Terminal de Carga Aérea -TECA ............................................................... 39 3 OPERAÇÕES DE TRANSPORTE ............................................................. 41 3.1 TRANSPORTE INTERMODAL E MULTIMODAL ....................................... 41 3.1.1 Vantagens do multimodalismo ................................................................ 42 3.2 O MULTIMODALISMO NO BRASIL ........................................................... 43 4 LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NA FAB .................................................. 45 4.1 ESTRUTURA LOGÍSTICA .......................................................................... 46 4.2 SISTEMÁTICA DE TRANSPORTE ............................................................ 47 5 CONCLUSÃO ............................................................................................. 51 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 55 GLOSSÁRIO .............................................................................................. 57 ANEXO A – CONCESSIONÁRIAS FERROVIÁRIAS ................................ 58 ANEXO B - PORTOS ORGANIZADOS NO BRASIL ................................ 59 ANEXO C - MAPA MULTIMODAL ........................................................... 60 ANEXO D - TERMINAIS DE CARGAS ...................................................... 61 11 1 INTRODUÇÃO A presença do transporte acompanhou a evolução da própria humanidade, servindo de meio para aproximação entre os povos e, ao mesmo tempo, servindo de instrumento de desenvolvimento e de crescimento das economias vigentes. Correlato ao desenvolvimento vivenciado pelo transporte, as inovações tecnológicas serviram de ferramenta para sua modernização, o que resultou na redução dos custos envolvidos na sua operacionalidade, ao mesmo tempo que pôde proporcionar uma redução significativa no tempo envolvido na movimentação da carga até o seu destino final. A logística de transporte, em razão da crescente globalização do comércio mundial, passou de um patamar de simples meio de movimentação de mercadorias entre as cidades próximas para se tornar um fator de aumento da competividade entre empresas e até mesmo entre países. Esta mesma competitividade demanda do operador logístico um aperfeiçoamento de todo seu processo logístico, com reflexo direto na gestão do transporte. O aperfeiçoamento da gestão logística veio com o surgimento do operador de transporte multimodal (OTM) no Brasil. A sua forma exclusiva de centralizar a responsabilidade por toda movimentação da carga, extraindo as principais vantagens em cada um dos modais disponíveis. A utilização do transporte multimodal em outros países já é uma realidade motivada por sua maior capacidade de agilizar a carga transportada, com a redução do tempo de permanência em depósitos e de todo o custo logístico envolvido neste tipo de operação. 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA A Força Aérea Brasileira (FAB) vem enfrentando um grande dilema dentro da sua logística: aumentar a disponibilidade da sua frota de aeronaves reduzindo, ao mesmo tempo, a quantidade de itens de suprimento estocados e o tempo de ressuprimento, o chamado PIPELINE. A sequência de sucessivos cortes orçamentários nos últimos anos, especialmente nas ações destinadas à aquisição de itens de suprimento e manutenção de material aeronáutico e bélico, obrigou a FAB a reavaliar seus 12 procedimentos, racionalizando seus meios operacionais e humanos, com destaque à concepção de uma nova estrutura que permita gerenciar, de forma mais eficiente, o recebimento, a distribuição e o próprio despacho alfandegário de materiais e equipamentos de seu interesse. Diante deste novo cenário, tornou-se fundamental estabelecer uma nova concepção de transporte que permitisse ao usuário orientar, tanto por intermédio da padronização de procedimentos como pela utilização racional dos modais de transporte disponíveis, as diversas necessidades dos elos do sistema de material da FAB. 1.2 O PROBLEMA Qual a sistemática de transporte que a FAB utiliza para implementar o conceito de transporte multimodal, objetivando otimizar a distribuição dos itens de suprimento e material aeronáutico? 1.3 OBJETIVO Este trabalho busca analisar, à luz da teoria vigente, as vantagens em utilizar o operador de transporte multimodal, sua viabilidade e aplicação, no gerenciamento do transporte de cargas do interesse da FAB. Para que este objetivo seja atingido, será inicialmente analisada a participação dos principais modais de transporte no processo de distribuição de carga. Em seguida, serão destacadas as principais características e vantagens do transporte multimodal em relação ao intermodal, destacando as características do Operador de Transporte Multimodal (OTM), na estrutura logística do comércio nacional e a viabilidade da sua da aplicação pelo Centro de Transporte Logístico da Aeronáutica (CTLA). 1.4 JUSTIFICATIVA O tema escolhido encontra fundamentação em razão de alguns argumentos. O primeiro diz respeito à minha formação profissional como oficial que atuou por mais de 15 anos na área logística, sendo que 11 desses dedicado exclusivamente ao transporte de material de interesse da FAB. Acrescente-se, a este argumento, a 13 evolução, dificuldade e necessidade de modernização de todo este Sistema como fatores que reforçam a escolha do tema. A possibilidade que a realização do CAEPE em 2014 me proporciona de ampliar meus conhecimentos sobre este tema e, desta forma, contribuir para o aperfeiçoamento da área logística, tão crítica para a FAB, reafirma a correção de minha opção. Neste mesmo diapasão, está o argumento de natureza social, uma vez que, um país com as dimensões territoriais, diversidades regionais e riquezas incalculáveis como o nosso, exige, para a manutenção de sua integridade territorial e soberania nacional, uma Força Aérea capacitada e operacionalmente preparada. Por último, porém não menos importante, está o crescente número de autores e profissionais que atuam nesta área e que vêm abordando a Logística de forma sistemática. Especialmente, a produção acadêmica sobre o transporte multimodal, que já vem merecendo destacado tratamento em nossa literatura. 1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A abordagem apresentada por Tagliacollo para uma melhor compreensão da operacionalização do transporte multimodal, visando a otimizar a logística moderna servirá de fundamentação neste trabalho. As interpretações de CaixetaFilho, Martins, Pires, Fleury, Wanke e Figueiredo darão sustentação teórica à importância da nova abordagem sistêmica da logística de transporte, com ênfase no multimodalismo no Brasil. A fim de dar maior respaldo ao tema, serão abordadas com maior profundidade as concepções que Dias desenvolveu para a logística de transporte, o transporte multimodal e intermodal, a infraestrutura de transporte, os modais de transporte e emprego do operador de transporte multimodal. Será analisada a teoria de Pires para os modais de transporte, ressaltando suas principais características e vantagens, levando em consideração a estrutura logística de um país com as dimensões territoriais do Brasil. A Lei dos portos e a Lei de autorização do transporte multimodal servirão de parâmetros para as análises dos aspectos organizacionais e estruturais desse setor e seus impactos dentro da atual infraestrutura de transporte. 1.5.1 Caracterização da Pesquisa 14 Esta é uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo sobre as questões delimitadas já apresentadas, à luz da posição de oito autores selecionados: Marco Aurélio Dias (Logística, Transporte e Infraestrutura, 2012), Luiz Augusto Tagliacollo Silva (Logística no Comércio Exterior, 2013); Jovelino de Gomes Pires (A Logística no Comércio Exterior Brasileiro, 2013); José Vicente Caixeta-Filho e Ricardo Silveira Martins (Gestão Logística do Transporte de Cargas); Paulo Fernando Fleury, Peter Wanker e Kleber Fossati Figueiredo (Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos). Esses analistas foram escolhidos em função da argumentação exposta no marco teórico. 1.5.2 Área de abrangência De forma preliminar, os conceitos que perpassam a discussão são cinco: logística de transporte, transporte multimodal e intermodal, infraestrutura de transporte, modais de transporte e organização de transporte multimodal. Não obstante, não foi excluída a possibilidade de incluir novos conceitos e autores que demonstraram ser pertinentes a uma melhor fundamentação e compreensão do tema. 1.6 ESTRUTURA DO ESTUDO Este trabalho está estruturado em cinco capítulos. Na introdução, é descrito o problema e sua problemática, as principais finalidades da pesquisa, sua justificativa e as opções teórico-metodológicas empregadas. No segundo capítulo, é abordada a fundamentação teórica, com as definições e descrição dos conceitos julgados fundamentais à compreensão do tema escolhido. O terceiro, apresenta em detalhes a logística de transporte com ênfase no transporte multimodal e o emprego do Operador de Transporte Multimodal (OTM). No capítulo quarto, é feita a analise da estrutura e do procedimento adotado na Força Aérea Brasileira para operacionalizar sua logística de transporte. Por fim, na conclusão, foram reunidos os principais argumentos e recomendações discorridos neste trabalho, após confrontar a teoria apresentada com a realidade desenvolvida no CTLA, dando ênfase à aplicação do modelo de transporte multimodal através da criação de um OTM. 15 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 A LOGÍSTICA A logística na atualidade passou a ter um destaque especial para todos aqueles que atuam dentro de um moderno sistema de comércio, seja ele a nível nacional ou internacional. O próprio termo logística não é moderno, muito pelo contrário, já no século XVIII, no reino de Luiz XIV, servia para denominar o posto de Marechal - General de Logis – identificando o responsável pelo suprimento e transporte do material bélico das batalhas. (Souza, 2003, p. 5). A origem do nome logística vem do termo grego logos, que significa razão, racionalidade, assim como de logistiki, que significa administração financeira. Como ressalta Silva (2013, p. 18), o conceito de logística tem sua origem na França e sua aplicabilidade remonta às atividades militares da antiguidade, como descrita pelo historiador grego Heródoto, quando da preparação de Ciro durante a invasão da Grécia. Deste entendimento, é possível depreender que a logística é melhor qualificada originalmente como a parte das artes militares que se destinava a assegurar às forças armadas todos os meios necessários para sua sobrevivência no campo de batalha, incluindo as melhores condições de movimentação, abastecimento, alojamento e transporte. Evoluindo na história, é possível ver, na 2a Guerra Mundial, outro vasto e fértil palco onde o conceito de logística foi amplamente aplicado, que possibilitou, após a atuação do Centro de Inteligência Americana (CIA) e os estudos de professores da Universidade de Harvard, a elevação definitiva da logística ao patamar de uma disciplina gerencial no meio acadêmico. Com o fim da década de 80 e início de 90, grandes e profundas transformações começam a acontecer no ambiente empresarial. Fruto da implementação de um rígido controle inflacionário, surge uma nova estrutura administrativa caracterizada por uma intensa redução do tamanho das suas instalações e do número de colaboradores. O emprego de novas ferramentas gerenciais como o downsizing eleva a logística a um papel primordial dentro desta nova organização, possibilitando sua sobrevivência em um mercado que tem no surgimento da Internet um grande fator disseminador. 16 Na contramão da história, muitos administradores continuavam a manter uma visão simplista da administração de cargas, focando a logística exclusivamente no transporte rodoviário. Esta forma simplista de olhar a logística está totalmente distorcida da realidade vivenciada, visto que, neste novo cenário, o papel da logística é muito mais abrangente e variado e com objetivos muito mais amplos que simplesmente o transporte. Analisando a própria definição de logística, fica claro como é amplo e ao mesmo tempo disperso seu campo de atuação. Nos EUA, a Council of Supply Chain Management Professionals, que reúne os profissionais de logística e da cadeia de abastecimento (Supply Chain) de todo mundo, chegou ao seguinte entendimento: A Logística planeja, executa, coordena e controla a movimentação e o armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semiacabados e produtos acabados, desde sua origem até o local de consumo, com o propósito de atender às exigências do cliente final. Ao analisar esta definição de logística, já é possível ter uma noção muito mais empresarial, muito mais ampla que a antiga conceituação de coordenação de transporte e armazenamento. A nova logística empresarial passa a englobar diversos segmentos, como a distribuição física , a administração de materiais, os suprimentos, os transportes e as operações de movimentação de materiais e produtos. Na definição de Ballo (1995), a logística empresarial é aquela que trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de produtos, desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como os fluxos de informações que colocam os produtos em movimentação, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável. No Brasil, a logística passou a constituir um negócio de grandes proporções que teve uma acentuada evolução nos últimos anos. A pesquisa realizada pelo CEL1, no ano de 2003, já destacava que as 500 maiores empresas industriais brasileiras gastavam cerca de R$ 39 bilhões por ano em suas operações logísticas, o que equivaleria, na época, a uma média de 7% dos seus faturamentos. Importante ressaltar ainda que este percentual poderia variar de menos de 5%, a mais de 20%, dependendo da empresa e do setor industrial de atuação. Um 1 Pesquisa de terceirização em logística 17 exemplo está em setores como bebidas, alimentos e materiais de construção, que se caracterizam pelo altos gastos logísticos, muito superiores à média nacional. Em termos de Brasil, a estimativa com os gastos com logística ultrapassam o montante de R$ 160 bilhões por ano. Dentro deste mesmo raciocínio, está o Custo Logístico, que pode atingir valores próximos a 10% do faturamento da empresa e que, dentro da nova sistemática de gastos com controle de estoques, armazenagem e gestão de transportes, não são vistos como simples despesas, pois representam na verdade um importante investimento. Daí surge o novo entendimento de que investir em logística é uma forma de obter maior eficiência e maior produtividade. Esta nova atividade logística muito mais ampla passa a ter nos fluxos logísticos a sua essência. O Objetivo do novo gestor de logística passa a ser o de gerenciar os fluxos presentes na cadeia de suprimento, otimizando processos, reduzindo tempos e custos, ganhando com isso competitividade. A implementação dos novos modelos logísticos contrapõem com a maneira segmentada que as empresas brasileiras atuam. A adaptação dos organogramas e a gestão de processos passam a ser fundamental para que a Logística possa ser adotada de forma sistêmica, com seu foco no desempenho total. É verdade que, analisando as teorias existentes, fica evidenciado que há uma clara percepção nas empresas de que a logística passou a ter um papel estratégico, buscando gerar vantagem competitiva, dentro de um mercado amplo e globalizado. Fica cada vez mais clara a pressão, cada vez maior, da importância do trinômio: PREÇO X QUALIDADE X ATENDIMENTO. Juntamente com este novo entendimento de logística, surgem as primeiras diferenças entre a denominada logística integrada e o chamado supply chain, especialmente no que diz respeito aos serviços de transporte e armazenagem tradicionais. O serviço logístico tradicional geralmente é unidimensional, onde o foco está concentrado no transporte rodoviário e na armazenagem. Já na logística integrada, multidimensional, existe a união do transporte, da armazenagem, do controle de inventário e do sistema de controle. Na interpretação de Silva (2013, p. 31), a logística integrada deve ser entendida como um processo interno das organizações, com ênfase em quatro grandes atividades fundamentais, a saber: 18 a) a negociação e a compra de mercadorias; b) o transporte e movimentação dessas mercadorias compradas; c) a armazenagem e a estocagem; e, também, d) a entrega das mercadorias, beneficiadas ou não de algum processo. Como podemos evidenciar, a evolução da logística nos últimos anos foi acompanhada pela modernização de todos os elos do sistema que compõem sua estrutura, tanto quanto pelas atividades que o compõem. Dentre essas atividades, atenção especial será dada ao item transporte e movimentação das cargas, em especial por importância dentro do sistema logístico, não só das Organizações que atuam dentro do mercado globalizado, como pela própria FAB em sua necessidade de fazer chegar a tempo e a hora o item certo no destino certo para disponibilizar suas aeronaves de combate. É esta atividade que será analisada em especial a partir de agora. 2.2 TRANSPORTE DE CARGAS NO BRASIL É nítido que o transporte no Brasil atravessa um período de grande transformação frente a um forte e crescente movimento de modernização das empresas, o que vem impactando diretamente o crescimento da demanda por serviços logísticos cada vez mais eficientes, confiáveis e sofisticados. Um conjunto de problemas estruturais vem distorcendo a matriz de transportes e comprometendo, além da qualidade dos serviços ofertados e da saúde financeira dos operadores, o desenvolvimento econômico e social do país, que está inserido em um mundo cada vez mais globalizado e competitivo. Uma série de problemas estruturais são apontados por Fleury (2013, p. 231), como a causa desses problemas, dentre eles a falta de priorização dos investimentos governamentais, o excesso de regulamentação, a falta de fiscalização e o elevado custo de capital. Este conjunto de problemas levou o país a uma dependência exagerada do modal rodoviário que, por consequência, culminou com os baixos índices de produtividade, o elevado nível de insegurança nas estradas, a baixa eficiência energética e os altos níveis de poluição ambiental. Como destaca Silva (2013, p. 43), transporte é a área da logística que movimenta as mercadorias e posiciona os estoques, o que o transforma na atividade 19 mais visível das operações logísticas, levando muitos operadores logísticos a tratá-lo erroneamente como a única ferramenta da logística, o que já foi anteriormente desmistificado, visto ser a logística muito mais ampla que uma simples operação de movimentação de carga. A importância que é atribuída à atividade de transporte dentro da cadeia de abastecimento é justificada pelo crescimento que esse segmento vem sofrendo nos últimos anos, fruto da sua relação direta com a formação dos custos dentro do processo global da Logística Integrada e também por contribuir na redução dos gastos com estoques e nos valores de frete. Analisar a importância que cada modal de transporte assume na movimentação das cargas é fator primordial para sua melhor compreensão e aplicação. Fatores como condições geográficas de cada área ou país, natureza das mercadorias transportadas, estrutura de cada modal e, acima de tudo, o impacto deste transporte sobre a área relacionada deverão ser considerados na avaliação da escolha do modal que melhor atenderá a movimentação da carga requerida. O transporte tem a função básica de proporcionar a elevação na disponibilidade de bens, permitindo que a sociedade tenha acesso a um número ilimitado de produtos que de outra maneira não seria possível ou, se o fosse, somente estariam disponíveis a preços impeditivos. Da mesma forma, a infraestrutura de transporte também proporciona uma elevada variedade de benefícios para a sociedade, tais como a maior disponibilidade de bens, uma maior amplidão dos mercados, o aumento da concorrência, a redução dos custos das mercadorias, a especialização geográfica e o crescimento da renda da terra. Este estudo leva ao entendimento que o transporte tem um papel vital dentre aqueles elementos julgados prioritários em questões de políticas de desenvolvimento, podendo citar, entre muitos: a exploração de diversos recursos, a divisão de trabalho, o aumento do valor da terra e a produção em larga escala. Fair e Williams (1959) destacam a relação recíproca entre o desenvolvimento do transporte e o progresso econômico. No entendimento dos autores, um não pode preceder do outro por um período de tempo razoável, principalmente em razão de suas estreitas relações mútuas. Daí podemos concluir que melhorias nos transportes estimulam progressos na indústria e vice-versa. 20 Esta teoria ganha reforço ao analisarmos o aumento que a atividade de transporte tem apresentado em comparação a sua participação no PIB. Como fica evidenciado no gráfico abaixo, a ocorrência de um crescimento de 3,7% para 4,3% nos anos de 1985 e 2000, que significou um aumento de 400%, muito acima dos 250% ocorrido no PIB neste mesmo período. 500 900 800 380 700 600 300 290 500 Transporte 200 400 300 100 200 100 150 420 210 230 1980 1985 280 300 1990 1995 350 PIB 100 0 1970 1975 2000 Gráfico 1 – Crescimento do setor transporte X PIB brasileiro Fonte: Anuário Estatístico do Brasil - IBGE Já, quando se analisa o quadro abaixo, fica evidente que, ao contrário do crescimento ocorrido na participação do transporte dentro da economia brasileira, o nível de investimento neste setor não acompanhou o seu ritmo de crescimento. 30.000 23.970 25.000 21.104 (R$ Milhões) 20.000 15.487 15.000 11.977 10.000 5.000 13.160 7.834 7.902 4.201 4.641 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Gráfico 2 – Evolução dos investimentos em infraestrutura de transporte Fonte: Ministério dos Transportes - ANTT - 201 2010 2011 21 Nesta breve análise, fica claro que os investimentos vêm se mantendo dentro dos mesmos patamares nesses últimos anos, sempre muito aquém do nível de crescimento do PIB e, principalmente, da crescente demanda que o setor vem vivenciando. A consequência direta desta escassez fica evidenciada no baixo nível de conservação da infraestrutura de transporte. Nas rodovias, cerca de 78% das estradas encontram-se em condições inadequadas de tráfego. Nas ferrovias, a má conservação das vias se reflete nas baixas velocidades médias praticadas, o que reduz significativamente a produtividade dos ativos ferroviários. Se focarmos ainda os portos, os baixos investimentos resultam em baixa qualidade na movimentação das cargas. 2.3 MATRIZ DE TRANSPORTE Dias (2012, p. 32), classifica os modais de transporte de cargas dentro das seguintes divisões: rodoviário, ferroviário, aquaviário, aéreo e dutoviário. Cada modal apresenta características próprias, assim como vantagens e desvantagens que serão melhor detalhadas em seguida, tanto quanto as possíveis melhorias que poderão torná-los ainda mais competitivos Neste mesmo entendimento, Dias salienta que o conhecimento obrigatório de algumas informações fundamentais, assim como de certas premissas muito bem claras e modeladas, se torna primordial para determinação do modal de transporte. A própria evolução do comércio está atrelada ao desenvolvimento de diferentes tipos de transporte, pois o incremento de negócios e a busca por novas alternativas mercadológicas levaram as empresas a adaptarem suas necessidades de volume e custo aos diferentes modos de transporte disponíveis. Outros fatores destacados por Dias (2012) e que deverão ser considerados no momento da escolha do modal de transporte são a revisão da carga transportada, a infraestrutura logística, os terminais em operação, as rotas existentes e a regulamentação que incide sobre esta atividade. Esta eleição apresenta acima de tudo um forte apelo do custo, tanto os diretos como os indiretos, assim como os serviços logísticos atrelados à simples escolha do transporte. Antes de prosseguir na análise da atual estrutura dos modais de transporte no Brasil, é importante ressaltar o desnível existente na distribuição das cargas entre 22 os mesmos, o que já vem acontecendo desde a década passada, razão pela qual não pode ser tratado como um fato novo. Esta distorção fica mais evidente quando se analisa o quadro abaixo, que representa a distribuição da carga transportada por tipo de modal. 13,0% 3,6% 0,4% Rodoviário 25,0% 58,0% Ferroviário Aquaviário Dutoviário Aéreo Gráfico 3 – Carga transportada por modal Fonte: Ministério dos Transportes-Secretaria de Política Nacional de Transporte Mesmo com um crescimento no percentual de participação dos modais aéreo, hidroviário e ferroviário, a utilização do modal terrestre ainda tem primazia sobre os demais. 2.3.1 Transporte Rodoviário No Brasil, o transporte rodoviário de cargas convive com uma série de problemas estruturais. A informalidade e fragmentação conjugada com uma frota visivelmente envelhecida, fruto da incapacidade de renovação; a insegurança comprovada pelo aumento no número de roubo de cargas, acrescida pela falta de regulamentação e o excesso de capacidade ociosa resultam em um ciclo vicioso de uma concorrência predatória com formação de preços inferiores aos custos reais. A fragmentação e a informalidade podem ser constatadas na última pesquisa realizada pela CNT em 2013, onde ficou comprovado que 50% da frota nacional pertencem a transportadores autônomos, ficando apenas 20% com as empresas que possuem frota própria e os demais 30% com empresas de transporte. Por suas características, o transporte terrestre é o mais adequado para atender a distâncias curtas, entendidas como aquelas que não ultrapassem os 500 quilômetros. Por sua extrema flexibilidade, é de vital importância para o 23 desenvolvimento de uma cadeia de suprimento eficiente e ágil, pois em algum ponto desta cadeia a carga, obrigatoriamente, será transportada por este modal. A expansão deste modal se intensificou a partir da 2a Guerra Mundial e, juntamente com o incremento dos processos de interiorização que se iniciaram em diversos continentes, transformou este transporte num importante meio de ligação entre as áreas mais remotas e os grandes centros urbanos. Outro fator que diferencia este modal é a sua grande acessibilidade, pois permite que as cargas transportadas possam alcançar diferentes pontos remotos do nosso território. Esta capilaridade faz com que o transporte rodoviário tenha uma alta versatilidade, reforçando sua importância nas conexões que envolvam as operações multimodais e intermodais. O transporte rodoviário é regulamentado e controlado pela Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT). Sua última pesquisa de 2010 aponta que o Brasil possui cerca de 1.765.000 km de estradas, sendo que apenas 212.000 km estão pavimentados. Neste mesmo ano, o Registro Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas (RNTRC) emitiu 1.287.579 registros de transportadores. Os números da Agência mostram ainda que esses transportadores registraram um total expressivo de 2.130.662 veículos de carga. A ANTT também ressalta a situação crítica da idade avançada da frota, fato comprovado na última pesquisa efetuada pela ANFAVEA, que aponta para uma idade média dos caminhões brasileiros acima dos 11 anos de uso. O gráfico abaixo confirma o envelhecimento da nossa frota. 24 1.400 1.200 1.000 800 600 400 200 -‐ Veículos 1 ano 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos ou + Gráfico 4 – Idade da frota Fonte: Geiport, ANFAVEA Se esmiuçarmos ainda mais o levantamento da ANFAVEA, chegaremos a números muito mais preocupantes, onde os caminhões mais velhos são os de 29 toneladas de peso bruto total, que tem 18,7 anos de fabricação. Se o foco recair sobre os autônomos, a idade média cresce vertiginosamente. Só na faixa dos caminhões, essa idade atinge a média de 24,9 anos, enquanto que nas empresas de transporte a média fica em torno de 13,4 anos e nas cooperativas a idade é de 17,9 anos. Outra grande vantagem do transporte rodoviário está na sua capacidade de atender a uma diversidade de tipos de carga que trafegam pelo país, como a própria ANTT distinguiu no gráfico abaixo: 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 48% 18% 6% 6% 6% 5% Gráfico 5 – Tipo de carga transportada com o uso do transporte rodoviário Fonte: relatório da ANTT 2013. 12% (%) 25 As grandes distâncias continentais do Brasil e sua infraestrutura deficiente levaram o setor rodoviário a se tornar muito criativo. No transporte de grãos, houve uma grande mudança no tipo de caminhão utilizado, evoluindo de uma simples composição capaz de transportar entre 25/30 toneladas para os modernos bitrem ou treminhão que possuem uma capacidade de carga acima de 40 toneladas. Esta modernização levou a resultados evidentes, comprovado no fato de que para transportar 1.000 toneladas de grãos por 2.000 a 3.000 km, são necessários 25 bitrens ao invés das antigas 35 composições convencionais. Uma outra composição que passou a ser empregada foi o rodotrem, com uma capacidade de carregar entre 50 e 55 toneladas, mas que ainda enfrenta uma considerável limitação em razão da nossa atual infraestrutura. O início da utilização dos bitrens e rodotrem vem em consonância com a necessidade de reduzir os custos logísticos das commodities agrícolas e, ao mesmo tempo, de fazer frente ao aumento da concorrência que o transporte rodoviário passa a receber do modal ferroviário. Este aumento traz novos desafios aos operadores do transporte rodoviário na busca pela oferta de um transporte mais eficiente, com uma demanda cada vez maior no volume de matérias-primas, equipamentos, peças, produtos agrícolas, fertilizantes, combustíveis e produtos manufaturados. Este crescimento na demanda não se fez acompanhar pela necessária melhoria da infraestrutura da malha rodoviária, como ressaltado pela NTC em sua última avaliação no ano de 2010. É fato que três de cada quatro quilômetros das principais rodovias brasileiras apresentam um estado de conservação muito ruim ou péssimo. Isto se torna relevante com relação ao custo de operação, pois, quando se tem estradas em boas condições, o custo operacional do transporte tende a ser reduzido em torno de 20%. Outro ponto que reforça esta situação crítica é a diferença da qualidade das estradas que estão sob responsabilidade do governo e aquelas já privatizadas. Os números são amplamente favoráveis ao setor privado, como apontado na pesquisa da NTC Logística, onde dos 15.374 km de vias sob concessão, 48% são ótimas, 38,9% são boas, 12% regulares e apenas 1,1% são consideradas ruins. O destaque é que nenhuma foi considerada péssima. 26 Contudo, ao virar o foco para as rodovias ainda sob gestão pública, os números se mostram amplamente desfavoráveis. Dos 77.373 km sob gestão pública, seja federal ou estadual, apenas 5,6% foram consideradas ótimas, 28,2% boas e 34,25% regulares. As ruins chegam a 21,5% e as péssimas a 10,5%. Outra responsabilidade diligenciada pelo governo e que vem refletindo diretamente no nível de desgaste prematuro das vias terrestres é a deficiente ou inexistente fiscalização nas estradas. Esta deficiência se torna mais crítica quando analisamos o levantamento efetuado pela ANTT e ilustrado no gráfico abaixo. 400 350 350 300 250 250 200 150 150 151 151 151 153 2004 2005 2006 2007 2008 Veículos 100 50 0 2009 2010 Gráfico 6 – Fluxo de veículos pesados nas rodovias brasileira Fonte: ANFAVEA Analisando os dados apresentados no ano de 2010, chama atenção o crescimento no número de veículos pesados que já trafegavam pelas nossas rodovias, sejam elas federais ou estaduais, já representando 32% da frota de caminhões existentes, o que já era o dobro se compararmos com os números existentes no ano de 2004, resultando no transporte de mais toneladas do que a permitida. Apesar de toda dificuldade apresentada, o transporte rodoviário de cargas no Brasil apresentou avanços significativos. É nítido que este modal de transporte ainda se mostra como de grande importância na medida que permite reduzir ao mesmo tempo as distâncias e o intercâmbio de bens entre as mais diversas comunidades. A importância adquirida por este modal é um dos fenômenos de maior destaque nos nossos dias, decorrente não só do elevado volume de carga movimentada, seja entre fabricantes, distribuidores e consumidores, como também 27 pelo fato de se apresentar, em muitos casos, como o único meio de interligação entre os pontos de origem e de destino. Toda esta capacidade do transporte rodoviário não seria suficiente para galgá-lo ao status de principal modal de movimentação de carga no Brasil se, além dos fatores já salientados, fossem acrescentadas características próprias capaz de torná-lo mais competitivo em relação aos demais modais de transporte. Neste aspecto, elenca Dias (2012, p. 213) que o menor preço inicial, a flexibilidade de escolha das rotas e as diferentes capacidades de carga oferecidas, além das características próprias e exclusiva deste modal de transporte, abaixo listadas, o tornaram mais vantajoso em relação aos demais: a) . maior rapidez, em razão de possibilitar a eliminação de pontos intermediários de desembarque e reembarque; b) . uso de embalagens mais simples, mais leves e mais baratas, como fruto do menor manuseio a que são submetidas as mercadorias; c) . tarifas mais competitivas em relação às cobradas pelos demais modais quando envolvendo cargas pequenas e/ou distâncias curtas; e d) . serviço mais personalizado, tanto para quem recebe como para quem envia a mercadoria. Do acima exposto, podemos refletir que o modal terrestre, diferentemente dos demais, requer um modelo de análise em relação à escolha dos equipamentos a serem utilizados, assim como carece do dimensionamento das frotas que irão atender às necessidades específicas de transporte. Esta necessidade está atrelada ao fato deste modal possuir uma maior variedade de tipo de veículos, o que possibilita a escolha de uma opção mais adequada à necessidade ou à peculiaridade do transporte. Nesta questão do modelo de análise de Dias, 2012, ficam evidentes os sete aspectos que deverão ser levados em consideração no momento da análise econômica das alternativas tecnicamente viáveis, a saber: a) características da carga: onde deverá ser definido o tipo de carga a ser transportado; b) características do transporte: características do lugar de carga e descarga; onde deverão ser definidas as 28 c) características das rotas: onde serão avaliados a distância, tipo de estrada, topografia, peso máximo, entre outros; d) características do veículo: onde serão analisados, entre outros, a relação potência/peso, torque, tipo e tração, peso bruto, carga líquida; e) velocidade operacional: o aumento da velocidade operacional implica no aumento da utilização do veículo, lembrando que, quanto mais utilizado, maior será a produtividade do veículo; f) tempo de carga e descarga: é o tempo total despendido em espera, pesagem, conferência, emissão de nota fiscal e romaneio; e g) horas de trabalho: o período em que o veículo será operado, de forma ativa, rodando ou, de forma passiva, carregando e descarregando. Como fruto da análise do modal rodoviário, fica claro que, apesar de todas as vantagens apresentadas por este modal e da sua prevalência na matriz de transporte no Brasil, o mesmo não é capacitado, e muito menos se mostra economicamente vantajoso, para todos os tipos de carga e destino. Em razão disto, o mesmo precisa ser complementado ou mesmo substituído pelos demais modais existentes, de modo a viabilizar a transferência das mercadorias desde a sua origem até o destino desejado. É neste aspecto que se apresenta em grande crescimento no Brasil a utilização do modal ferroviário e que passaremos a analisar no tópico seguinte. 2.3.2 Modal Ferroviário Por suas características de baixo custo e grande capacidade de carga, o transporte ferroviário passou a ocupar uma posição de destaque, na maioria dos países ao redor do mundo, como principal modal de transporte. No Brasil, tal fato também foi verificado no início do século XX, mesmo que tenha sido tardiamente e por um curto período de tempo, principalmente por ser um modal mais rápido e com menor custo em relação aos demais. Após um início promissor, veio a decadência do setor ferroviário, que se prolongou até os primeiros meses de 1996, com reflexos na sua infraestrutura totalmente abandonada e mal conservada, com sua malha sucateada e uma frota obsoleta e cara. 29 Outro fator que inicialmente desfavoreceu o incremento das ferrovias no Brasil é seu custo e tempo mais elevado de implantação e de construção, fato que conduziu o governo federal a priorizar o transporte rodoviário. A partir de 1997, um fator fundamental começou a transformar este cenário e deu um novo impulso ao transporte ferroviário: a criação da ANTT e com ela o início do processo de privatização. Sem capacidade para investir em ferrovias, o governo federal passa a transferir à iniciativa privada, por intermédio das concessões, a administração das principais ferrovias brasileiras. Este processo se mostrou muito eficiente pois, nos últimos 14 anos, a participação deste modal na movimentação de carga cresceu 9%, saltando de 19 para 28%, como apontam os dados extraídos da página da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) que confirmam o crescimento na movimentação de contêineres por intermédio deste modal, ilustrados no gráfico abaixo, da própria ANTT. 300.000 272.808 265.349 246.869 250.000 220.050 205.371 189.049 200.000 150.000 100.000 50.000 -‐ 159.184 135.768 106.699 99.053 78.777 59.805 Número de contêineres transportados 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Gráfico 7 – Movimentação ferroviária em TEUs Fonte: Agência Nacional de Transporte Terrestre - ANTT Em relação ao custo de transporte, o modal ferroviário reforça ainda mais sua vantagem em relação aos outros modais, inclusive o rodoviário. A empresa Macrologística, no ano de 2010, calculou que, para transportar 1.000 toneladas de carga, o custo de empregar a ferrovia ficaria em torno de R$ 44,00 por quilômetro; enquanto que, caso a opção fosse pelo rodoviário, o custo gerado chegaria a R$ 271,00 por quilômetro. Soma-se a isto o fato de que uma composição composta por 30 60 vagões pode substituir 214 carretas, fato que ajuda a reduzir, consideravelmente, a quantidade de viaturas pesadas trafegando por nossas estradas. Outro fator que merece ser destacado por ter regulamentado o setor ferroviário foram as resoluções da ANTT de 2011. Estas resoluções estabeleceram o novo marco regulatório para este setor que, no entendimento dos especialistas da área, foi o grande impulsionador da atividade no Brasil, pelo fato de ter instituído os seguintes tópicos diferenciadores: a) . criação do manual de defesa do usuário das linhas de trem; b) . obrigação do direito de passagem; c) .cobrança de novos investimentos pelas concessionárias com melhor aproveitamento dos trechos concedidos; e d) . possibilidade de qualquer empresa ter seus próprios trens, podendo passar pelas linhas já existentes. Por tudo o que foi exposto, é nítido que o avanço nas ferrovias é notório; contudo, muito ainda há por ser feito para aumentar sua competitividade. A segunda etapa do Plano Anual de Crescimento (PAC 2) prevê obras em infraestrutura até 2040, o que permitirá uma ampliação de mais de 12.000 km na malha ferroviária, levando sempre em consideração que o tempo de construção de uma ferrovia gira em torno de 5 anos. 2.3.2.1 Infraestrutura Ferroviária Brasileira É notória a concentração existente no aproveitamento do sistema ferroviário brasileiro até o ano de 2010. Os percentuais apresentados pela tabela abaixo, da ANTF, apontam que cerca de 91% do total transportado via férrea se concentravam em 10 produtos, todos granéis para exportação e, mais importante ainda, 74,37% eram representados por minério de ferro. 31 8,89% Outros FerYlizantes 0,42% Ferro Gusa 0,73% Cimento 0,83% Milho 2,79% Açucar 2,13% Derivados de 1,50% Aço 2,10% Carvão e Coque Soja e farelo de 1,00% 5,24% Minério de Ferro 74,37% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% Percentual Gráfico 8 – Concentração de cargas Fonte: ANTF A criação da ANTT foi um marco importante para a mudança do perfil de utilização do modal ferroviário pois, ao estabelecer uma série de metas de produtividade com destaque para a aplicação da capacidade excedente por outro operador, permitiu evitar a ociosidade de certos trechos da malha ferroviária, o que reduziu sensivelmente o custo operacional por trecho. Outro fator salientado foi o advento da privatização, que trouxe novos ares para as ferrovias, principalmente em relação ao aumento da capacidade de transporte, possibilitando a recuperação dos trechos com grande demanda que, até aquele momento, estavam abandonados pelo Governo Federal. Mesmo tendo sido submetida a um longo período de abandono, nossa malha ferroviária mantém a grande vantagem de possibilitar alcançar as mais diversas regiões do Brasil, nos chamados corredores ferroviários, que são os conjuntos de trechos desta malha que unem os trechos de atração. O incremento possibilitado pelos recursos advindos das privatizações permitiu um acentuado crescimento do setor. Merecem destaque, por sua importância econômica, os operadores e os respectivos trechos concedidos, discriminados no anexo A. 32 2.3.3 Modal Aquaviário Ao mudar o foco deste trabalho, passo a tratar do modal aquaviário - o mais antigo dos modais de transporte que se tenha conhecimento. Com sua origem, que remonta às primeiras transações comerciais nos tempos dos Fenícios e Vikings, impulsionou os grandes comércios à época da Companhia da Índias Ocidentais e finalmente chegou aos dias atuais, quando se consolida como o principal instrumento de conquista de novas riquezas e agente de integração entre as nações. Segundo Dias (2013, p. 83), o modal aquaviário é o meio de transporte que utiliza o meio aquático na movimentação da carga ou passageiro, seja ele interno ou externo. Para entendermos melhor sua estruturação, Dias (2013, p. 83) classifica este transporte em três tipos: marítimo, fluvial e lacustre. No marítimo estão incluídas as movimentações realizadas através dos mares; na fluvial estão agrupadas aquelas realizadas pelos rios; enquanto que no lacustre ficam as que circulam através dos lagos. Para um melhor compreensão, Dias subdivide o transporte marítimo em dois tipos, a saber: primeiro, a chamada navegação de longo curso, onde agrupou as operações envolvendo ligações entre portos de países diferentes; e a de cabotagem, onde reuniu as operações realizadas entre terminais marítimos do próprio país. O transporte marítimo é o modal que se destaca por sua enorme capacidade de movimentação de carga, apontado como fator de diferenciação em relação aos demais modais, exatamente por redundar em uma significativa redução no custo do frete, resultando em um considerável aumento na sua competitividade dentro do mercado nacional ou internacional. Mas o modal aquaviário também apresenta características que o tornam menos apropriado em relação aos demais modais em determinados momentos. Dias (2013, p. 87) destaca como principais desvantagens deste modal os seguintes fatores: baixa velocidade, menor frequência de partidas e os custos de embalagem e acessibilidade. A sua velocidade, conhecidamente muito mais lenta que as dos demais modais não atende aos requisitos exigidos dentro dos novos conceitos de abastecimento estruturado, o chamado just in time (JIT). Outro fator crítico deste modal é o fato de exigir um razoável nível de investimento em embalagens, de modo a oferecer uma maior proteção e segurança 33 aos itens movimentados, impactando diretamente os custos operacionais. No que se refere à acessibilidade, o autor destaca a dificuldade que algumas mercadorias enfrentam para chegar até o terminal marítimo de embarque, principalmente aqui no Brasil, onde o modal rodoviário concentra uma grande movimentação de carga. Dias (2013) também classifica o transporte marítimo por categorias, seguindo os seguintes parâmetros: finalidade, tipo de carga transportada, tipo de oceano de operação e, por fim, o envolvimento de portos marítimos ou interiores. A questão da regulamentação também é ressaltada por Dias (2013) como um fator que afeta diretamente este modal, principalmente pela atuação concomitante de diferentes órgãos, sejam eles a níveis federais ou estaduais, tanto no controle como na fiscalização. Dentre os órgãos atuantes, são listados: Ministério dos Transporte (MT), Agência Nacional de Transporte Aquaviário (ANTAQ), Secretaria Especial de Portos (SEP), Departamento de Marinha Mercante (DMM) e o próprio Tribunal Marítimo (TM). Pelo modal marítimo envolver, como característica principal, o uso do meio aquático para sua movimentação, é primordial que o principal equipamento empregado para o transporte das cargas são as embarcações, especialmente projetadas para atender cada tipo de carga e meio aquático utilizado. Os navios devem ser construídos em função de dois objetivos primordiais: o primeiro é atender especificamente a uma demanda existente; o segundo é suprir uma rota ou carga específica. Dentro desta ótica, Dias (2013) classifica os navios nos seguintes tipos: a) Navio Carga Geral – General Cargo Ship – Multipurpose, que significa multipropósitos e que por isso são os que têm maior procura para o transporte de carga geral. Tem, como característica marcante, porões retangulares, amplos e desobstruídos, com capacidade para receber cargas em volumes, atadas, paletizadas, irregulares e mesmo contêineres. b) Navio Frigorífico (Reefer) que, apesar de ser muito semelhante ao de carga geral, tem seus porões adaptados com compressores e condensadores, permitindo transportar cargas refrigeradas ou perecíveis. c) Navio Graneleiro – Bulk Carrier que são os navios empregados no transporte de carga sólida a granel, como os produtos agrícolas e até mesmo minério de ferro. Hoje, no Brasil, são os principais tipos de navio utilizados no 34 transporte das grandes commodities negociadas principalmente com o mercado exterior. d) Navio porta-contêiner – Full Container Ship, que é fruto da grande transformação e impulso que o transporte marítimo passou a ter, quando do início da conteinerização da carga. Esses navios têm infraestrutura própria que permite movimentar os contêineres, como convés, escotilhas, porões e estrutura com arranjos e design próprios para este tipo de carga. Estes navios são muito rápidos assim com sua operação portuária, ficando, neste caso, na dependência direta da capacidade de cada porto. e) Navio Roll-On Roll-Off (Ro-Ro) é o navio empregado no transporte de veículos que entram e saem de bordo, diretamente para o píer do porto, utilizando uma rampa na sua popa. É utilizado exclusivamente neste tipo de carga, não transportando qualquer outro tipo de carga. f) Navio-Tanque – Tanker é aquele com emprego no transporte de cargas líquidas a granel, incluindo algumas mais especializadas como petróleo refinado, produtos petroquímicos, óleos minerais e produtos químicos a granel. O mais conhecido deste tipo de navios-tanque são os petroleiros, podendo atingir tamanhos superiores a 400 metros de comprimento, com boca superior a 60 metros e porte de 550.000 dwt. g) Navio Lo/Lo – Heavy Lift como o próprio nome especifica, são navios que têm a capacidade de movimentar e transportar cargas de pesos muito elevados, podendo ser içados por seus próprios guindastes, especialmente construídos para elevar cargas de 500 a 600 toneladas, quando operando separadamente, ou o dobro quando em conjunto. Outro fator diferenciado deste tipo de navio é seu pequeno calado, que facilita seu acesso a portos ou berços de águas muito rasas. 2.3.3.1 Cabotagem A história da cabotagem do Brasil remonta ao período do seu descobrimento que, reforçado pela característica litorânea do seu território, elevou este modal à condição de fator de impulso ao comércio e à integração nacional. Entre os fatores que impulsionaram a cabotagem no Brasil, destacam-se o fato de o país possuir uma extensa costa marítima, associada e aa necessidade de promover a ocupação das áreas isoladas do território nacional, só possíveis de acesso por meio dos portos existentes. 35 A independência traz um novo alento à cabotagem em razão da crescente necessidade em incrementar o mercado interno, mesmo enfrentando o domínio do transporte ferroviário que, naquela época, recebia os maiores investimentos do governo, preocupado em atender à maior demanda pela política de ocupação do interior brasileiro. Nessa época, já havia questionamentos quanto à liberalização da operação da cabotagem para empresas estrangeiras, o que colocava em posições opostas nacionalistas e liberais. Com a promulgação do decreto no 2.647 de 1860, ficou assegurada ao empresário nacional a exclusividade da cabotagem. Contudo, no ano de 1866, com a justificativa de tentar reverter a baixa produtividade das empresas nacionais em suprir o crescimento da demanda, foi liberada a operação de cabotagem no Brasil a armadores estrangeiros. Evoluindo para o século XIX, inicia-se na economia brasileira um período de relativo crescimento, diretamente relacionado à ascensão das culturas do café, algodão e cacau, levando ao aumento dos investimentos governamentais no transporte ferroviário e de cabotagem, com o objetivo de melhorar o escoamento de toda a produção. Neste mesmo período, é constatado um sensível incremento na frota nacional de novos navios adquiridos junto aos estaleiros estrangeiros, em razão da impossibilidade de sua aquisição no mercado local e da obsolescência da indústria nacional. Finalmente, no século XX, é promulgada a lei de modernização dos portos, considerada o grande divisor de águas, em razão do aumento da competitividade e modernização que ocasionou no setor aquaviário brasileiro. Reflexo desta modernização, cita-se o incremento que ocorreu no nível de investimento dentro do setor portuário por parte da iniciativa privada, resultado principalmente da privatização com os processos de concessão, logo pós a promulgação da Lei no 9.432 de 1997, que alterou significativamente a navegação de cabotagem no Brasil, pois passou a permitir a participação de empresas brasileiras no afretamento de navios estrangeiros para atender a demanda crescente. Após a criação da ANTAQ, responsável pela regulamentação e fiscalização do setor, verifica-se um forte crescimento no ritmo de investimento na cabotagem, mesmo que ainda em um ritmo bem menor que o verificado no transporte de longo curso. Os últimos dados da CNT, no ano de 2012, apresentam um movimento de 36 201,0 milhões de toneladas, o que significa um aumento de 3,9% em relação ao ano de 2011 e 22,9% em relação a 2006. Contudo, se compararmos ao crescimento de 33,3% ocorrido no transporte de longo curso no período 2006-2012, a cabotagem ainda está em um estágio bastante embrionário. A extensa costa brasileira induz a destinação do Brasil para este tipo de transporte, e em especial a cabotagem, o que pode ser visualizado nos 27 portos atualmente em operação e detalhados anexo B. São merecedoras de destaque, por sua importância econômica e estratégica, as rotas atendidas entre as plataformas marítimas e as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Bahia e o Rio Grande do Sul, responsáveis respectivamente por 22,9%, 16%, 5,5%, 3,7% e 3,1% do movimento destes portos. Nestas rotas, estão compreendidas mais da metade de todo transporte atendido pela cabotagem, sem esquecer também a região Norte, especialmente o Estado do Pará, por ser o principal porto de origem das cargas movimentadas nessa região, com cerca de 14 milhões de toneladas, seguida do Espírito Santo, com 11,1 milhões; já em termo de movimentação, os Estados da Bahia, Maranhão e Santa Catarina são os que mais se destacam. Dentro deste raciocínio, vemos que a cabotagem apresenta vantagens bastante significativas e amplas, se comparada aos demais modais, entre elas: maior eficiência energética, maior capacidade de transporte, maior vida útil da infraestrutura, equipamentos e veículos, maior segurança da carga e menor custo operacional e de infraestrutura, além de representar um menor impacto ambiental, tão questionado hoje em dia. Apesar da cabotagem ocupar uma posição estratégica de destaque dentro do cenário do transporte de cargas no Brasil, não se vê por parte do governo um tratamento recíproco. As perspectivas de crescimento do modal de cabotagem nos próximos anos, em comparação com os demais, são muito otimistas. Os números são amplamente favoráveis à cabotagem, como demonstra o gráfico abaixo, que apresenta a última pesquisa realizada pela CNT no ano de 2013. Neste gráfico, para 26,1% dos entrevistados, o volume de carga transportado por este modal crescerá, nos próximos 2 anos, na ordem de 6 a 25%. Para 19,6%, o crescimento de volume ficará entre 26 a 50% e uma faixa muito pequena do total entrevistado, cerca de 2,2%, 37 apontam que haverá um decréscimo no volume transportado, enquanto 15% apostam que o volume transportado se manterá estável. 30,0% 26,1% 25,0% 19,6% 20,0% 15,0% 15,2% 13,0% 10,0% 5,0% 10,9% 4,3% 5,4% 3,3% 2,2% Percentual 0,0% Gráfico 9 – Volume de carga transportado por cabotagem Fonte: CNT 2013. 2.3.4 Modal Aéreo O século XX foi marcante para o transporte aéreo em todo o mundo, galgando este modal o merecido lugar de destaque em termos de mobilidade, liberdade e encurtamento de distâncias e barreiras geográficas. É bem verdade que o atentado de 11 de setembro de 2001, nos EUA, levou a um longo período de retração da demanda, tanto referente ao transporte de passageiros como o de carga. Fruto também deste evento, ocorre uma sensível elevação dos custos operacionais, principalmente em razão do aumento dos investimentos em dispositivos e procedimentos de segurança. Com a chegada dos anos 90 e o forte aumento da concorrência, as empresas aéreas buscaram superar esta nova realidade do mercado por intermédio da formação de alianças, acordos e parcerias. É notório que esta superação só foi possível graças à implementação de um programa de racionalização dos sistemas operacionais, atrelado à redução dos custos administrativos, operacional e de manutenção das empresas. A busca por uma maior fluidez no intercâmbio de conhecimento e transferência tecnológica entre fabricantes e companhias aéreas e a adoção de uma política de criação de novos serviços e vantagens diretamente voltados em benefício dos clientes deram uma nova perspectiva de crescimento ao 38 modal aéreo. 2.3.4.1 Principais Características As características intrínsecas e a grande extensão territorial brasileira, além de um intenso desequilíbrio regional, transformam o transporte aéreo no modal mais adequado para viabilizar a consolidação do mercado interno brasileiro, além de possibilitar o desbravamento de novas fronteiras de produção e a ocupação do extenso território nacional. O transporte aéreo passa a ser o modal mais eficiente, em razão da sua rapidez, em ligar qualquer cidade de origem ao seu destino, sempre que existir algum aeródromo nas localidades. É incontestável sua supremacia no transporte de mercadorias classificadas como urgentes, courier ou produtos de alto valor agregado e para pequenos volumes. Dias (2013), elenca como principais vantagens e desvantagens do transporte aéreo em relação aos demais modais as seguintes características: VANTAGENS Usado com eficácia no transporte de amostras. Ideal para transporte de mercadorias com urgência na entrega. Aeroportos normalmente localizados próximos dos centros industriais e de distribuição. Possibilidade de redução de estoques por permitir aplicar a política do just in time. Possibilitar a utilização mais rápida das mercadorias em relação à produção. O valor do seguro mais baixo que o marítimo, variando de 30 % a 50%. DESVANTAGENS Tarifas de fretes altas . Capacidade menor de carga. Impossibilidade de transporte de carga a granel, como minério, petróleo, grãos e químicos. Custo elevado da infraestrutura. Existência de severas restrições em relação aos produtos perigosos. Elevada dependência das condições atmosféricas. Quadro 1 – Vantagens e desvantagens do modal aéreo Fonte: Relatório da CNT 2013 2.3.4.2 Aspectos do Transporte Aéreo Atualmente, o modal aéreo é responsável pela movimentação de 1% a 2% da carga transportada no Brasil. Mesmo sendo um percentual bastante baixo, se comparado com os demais modais, é importante destacar que as operações aéreas envolvem produtos manufaturados e de alto valor agregado, o que, no somatório do valor das mercadorias movimentadas, elevam a participação deste modal a um 39 patamar de grande importância para a logística. No Brasil, o grande percentual do transporte das cargas aéreas ainda é efetuado por intermédio de voos mistos, ou seja, utilizando parte do compartimento da aeronave reservado à carga dos passageiros, para o transporte de carga de interesse comercial. Como exceção a esta regra, temos as rotas entre Manaus, São Paulo, Recife e Fortaleza, que já são atendidas exclusivamente por aviões cargueiros. É relevante, ainda, que o alto custo deste transporte continue a ser o principal fator que o diferencia na escolha do modal a ser utilizado no transporte da carga. Contudo, a sua maior rapidez permite que, em muitos dos casos, sejam compensados os possíveis atrasos que surjam durante a produção, agilizando a chegada da mercadoria ao destino final. 2.3.4.2.1 Regulamentação O transporte aéreo é regulamentado internacionalmente pelos órgãos e gestores do transporte aéreo, tendo como principais os seguintes: a) IATA – Internacional Air Transport Association (associação de tráfego aéreo internacional). Regula o transporte aéreo em que as empresas aéreas e os agentes de carga são associados; b) ICAO – Internacional Civil Aviation Organization (Organização da Aviação Civil Internacional). Seus principais objetivos são o desenvolvimento dos princípios e técnicas de navegação aérea internacional, a organização e o desenvolvimento do transporte aéreo. Em relação à regulamentação existente no Brasil, os principais órgãos atuantes são: a) COMAER - Comando da Aeronáutica. Responsável máximo pelo transporte aéreo e aeroportos no Brasil; b) ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil. Agência que controla a aviação nacional e internacional no Brasil, regulamentando as normas internacionais; c) INFRAERO – Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária- Responsável pela administração e construção de aeroportos no Brasil, controle do TECA (terminais de Cargas), regulamentando as normas internacionais afetas a sua área de atuação. 40 Dentro da regulamentação em vigor, constam como os principais tipos de aeronaves empregadas no transporte de cargas as seguintes: a) All Cargo (Full Cargo): onde estão enquadrados os cargueiros, aeronaves específicas e configuradas para o transporte exclusivo de cargas; b) Combi: que são as aeronaves mistas que permitem a utilização, tanto para o transporte de passageiros como de carga; e c) Full Pax: que tem como característica principal o uso exclusivo de passageiros no deck superior, ficando o deck inferior com destinação exclusiva para carga. 2.3.4.2.2 Terminal Logístico de Carga Aérea A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO) tem sob sua responsabilidade a administração de 63 aeroportos, 75 Estações Prestadoras de Serviços de Telecomunicações e de Tráfego Aéreo (EPTA) e, principalmente, uma rede de 31 Terminais de Logística de Carga (TECA), espalhados por todo o território nacional, como demonstra o anexo C. A INFRAERO administra um total de total de 31 Terminais de Cargas (TECAS), sendo que 27 operando com importação, 23 com exportação, 14 com carga nacional e 2 com Courier. Nesses terminais, são prestados serviços de armazenagem e capatazia, tanto da carga importada como exportada. Importante destacar ainda que, ao exercer este relevante papel de ligação dentro da cadeia logística, a INFRAERO assume a responsabilidade como fiel depositário da Receita Federal, assumindo a custódia das cargas até sua liberação final para o importador ou companhia aérea, no caso de exportação. 41 3 OPERAÇÕES DE TRANSPORTE Após analisar todos os modais existentes, fica evidenciado que não se pode limitar o transporte de cargas no Brasil à utilização exclusiva de um dos modais disponíveis, pois, se assim o fizer, o operador logístico estará pondo em risco a total eficiência de toda a operação. Atrasos, aumento dos custos e principalmente uma clara deficiência no atendimento ao cliente serão os resultados obtidos. Com o objetivo de alavancar o transporte de carga e desta forma oferecer ao usuário uma ferramenta confiável e que lhe permita escolher os modais que melhor atendam sua demanda, proporcionando a consequente redução do seu custo logístico, a logística oferece aos interessados dois modelos de gerenciamento do transporte, que Dias (2012) classificou em: o transporte intermodal e o multimodal. Neste sentido, Fleury (2013, p. 248), entende que são quatro as principais decisões estratégicas relacionadas ao transporte logístico, a saber: a) escolha dos modais; b) decisões sobre propriedade da frota; c) seleção e negociação com os transportadores; e d) política de consolidação de cargas. Com o acirramento da competitividade entre os países na busca de novos mercados internacionais, reflexo direto da crise do petróleo dos anos 70, o mercado nacional passou a sentir os reflexos desta nova organização mundial, forçando a uma reavaliação da estrutura de utilização dos diferentes modais de transporte. Diante deste novo cenário, uma nova concepção de emprego dos modais de transporte começa a ser implementada, alterando a mentalidade até então existente, desmitificando a ideia de concorrência entre todos para uma complementariedade, agregando suas principais vantagens e reduzindo os efeitos das desvantagens. Este novo processo de operacionalidade do transporte de carga se dá através da aplicação da intermodalidade ou multimodalidade. 3.1 TRANSPORTE INTERMODAL E MULTIMODAL Apesar da semelhança existente entre esses modelos de processos de transporte, ao analisar as suas principais características, fica evidente a diferença entre ambos, principalmente no aspecto de estrutura e formalização. 42 Fatores como velocidade, consistência, capacitação, disponibilidade e frequência são apontadas por Fleury (2013) como os principais insumos a serem utilizados na tomada de decisão quando da escolha do modal ou modais que melhor atenda ao interesse do usuário. O chamado transporte intermodal é o mais conhecido, tendo por principal característica o transporte de cargas com o emprego de dois ou mais modais de transporte em uma operação única e, em consequência, com a emissão por parte de cada transportador de um conhecimento de transporte, no qual assume, individualmente, a responsabilidade pelo serviço prestado. (FLEURY, 2013, p. 246). Por outro lado, o chamado transporte multimodal, apesar das muitas características semelhantes às do intermodal, principalmente no que se refere ao uso de dois ou mais modais de transporte na distribuição da carga contratada, se diferencia do processo anterior pelo fato de vincular o transporte da mercadoria, durante todo o processo contratado, à responsabilidade única do Operador de Transporte Multimodal (OTM), sendo regido por um único contrato e conhecimento de transporte, denominado neste caso de Conhecimento de Transporte Multimodal (CTM). Surge então a importante figura do OTM que, dentro da linguagem dos operadores logísticos e no entendimento de Dias (2013) “é a pessoa jurídica, transportadora ou não, contratada como principal responsável para a realização do Transporte Multimodal de Cargas, da origem até o destino final (grifo nosso), por meios próprios ou por intermédio de terceiros”. 3.1.1 Vantagens do Multimodalismo A opção dos principais operadores logísticos pelo transporte multimodal está atrelada à sua maior vantagem competitiva quando comparada com o modelo da intermodalidade. Esta vantagem está alicerçada na maior capacidade do multimodalismo em unificar, na figura de um único responsável por todo o transporte da carga, os dois fatores de altíssimo valor agregado e que impactam diretamente o custo logístico de todo processo: a conveniência e a simplicidade jurídicoadministrativa, característica do transporte unimodal. O crescimento da competitividade do transporte multimodal está diretamente relacionado à implementação dos contêineres como principal recipiente do transporte de carga. A razão deste sucesso está na maior capacidade do 43 multimodalismo exigir que a carga transportada seja unitizada, indivisível e inviolável. Além disso a conteinerização permite a transferência integral da carga de um modal para outro, sem manuseio de qualquer fração da mesma. É destacado por Riley (2012) que o principal fator responsável pelo incremento na quantidade de transportadores que passam a operar dentro do novo conceito de transporte multimodal é a sua capacidade de agregar, dentro de um único processo, todas as vantagens oferecidas, isoladamente, por cada um dos modais. É ressaltado ainda pelo mesmo autor que o aumento da segurança, em consequência da redução da quantidade de avarias e roubos, também contribuiu para o incremento do multimodalismo no Brasil. 3.2 O MULTIMODALISMO NO BRASIL Nos últimos dois anos, em consequência da maior atratividade do multimodalismo no mercado interno, o número de OTM cadastrados na ANTT atingiu a marca significativa de 449 empresas originárias de diversos setores do transporte, principalmente rodoviário, ferroviário e de navegação. O sucesso do OTM está atrelado à sua principal característica e que o diferencia do transporte intermodal, ou seja: a exigência do OTM assumir a responsabilidade exclusiva pelo cumprimento de todos os procedimentos da movimentação da carga. A Lei 9.611, de 19 de fevereiro de 1988, que regulamenta o multimodalismo no Brasil, define, além da operação do Transporte Multimodal, as questões das responsabilidades dos agentes envolvidos neste processo. Em complemento a esta legislação, foi editada pela ANTT a resolução no 794, de 22 de novembro de 2004, que estabelece os procedimentos para habilitação de uma OTM junto à ANTT. A atual legislação exige da empresa interessada em operar dentro do modelo de OTM capacidade de possuir ativos suficientes que permitam ao operador realizar todo o transporte ou parte dele podendo, neste caso, complementar a operação por intermédio da contratação de ativos junto às empresas concorrentes. Como já visto no gráfico 3, da NTC Logística no Brasil, o modal rodoviário mantém uma supremacia em relação à carga transportada em comparação com os demais modais de transporte, respondendo por quase 60% do total movimentado internamente, seguido pelo ferroviário com 25%, aquaviário com 13%, dutoviário com 3,6% e o aéreo com uma fatia de apenas 0,4%. Esta concentração teve como 44 consequência uma redução significativa no aporte de investimentos na infraestrutura dos demais modais, como visto anteriormente. Contudo, um fato novo e ignitor da transformação desta concentração, conduzindo o operador logístico a focar sua prioridade no transporte multimodal, aportando novos investimentos, tanto na infraestrutura como na operação dos demais modais, foi o acelerado crescimento do volume transportado de cargas e sua interiorização, principalmente aqueles destinados à produção de commodities minerais e do agronegócio. Outro fator, além da já destacada unificação da responsabilidade pelo transporte, que diferencia e ressalta sua vantagem em relação ao intermodalismo, é a sua maior capacidade de integrar, dentro de um mesmo processo, os serviços de armazenagem, transporte e distribuição, gerando um melhor aproveitamento do sistema, impactando diretamente o custo logístico e propiciando, ao mesmo tempo, uma maior competitividade em relação aos demais concorrentes. É importante ressaltar o alerta de Dias (2013, p. 327) para o fato de que o processo de multimodalismo se torna mais competitivo nos trechos acima de 500 quilômetros, principalmente pelo fato do transporte rodoviário ser mais dispendioso nos trechos acima deste padrão, consequência direta do crescimento dos custos fixos e variáveis. É nítido verificar que a evolução do multimodalismo no Brasil, durante os últimos 10 anos, está diretamente atrelada ao crescimento na quantidade de investimentos que passaram a ser direcionados para a melhoria da infraestrutura de transporte, principalmente aqueles destinados à modernização dos corredores estratégicos. 45 4 A LOGÍSTICA DE TRANSPORTE NA FAB O COMAER possui uma estrutura hierárquica linear, constituído por 06 (seis) grandes comandos, com destaque especial para o Comando-Geral de Apoio (COMGAP), que detém a competência para assegurar a consecução dos objetivos da política aeronáutica nacional, por meio do apoio logístico de material e serviço. O COMGAP está sediado na Cidade do Rio de Janeiro, regulamentado pelo Decreto nº 60.521 de 31 de março de 1967 e com finalidade, subordinação, sede, estrutura básica e atribuições gerais estabelecidas no Regulamento aprovado pela Portaria nº 319/GC3, de 16 de março de 2005, alterado pelo Decreto nº 3.339 de 18 de janeiro de 2000. Este Decreto, além de regulamentar a logística da Força Aérea, estabelece as atribuições do órgão central, como se segue: a) a direção, coordenação, supervisão e o controle do apoio logístico de material e serviços; b) a elaboração de planos e programas administrativos e técnicos na sua área de atuação; c) o estudo, a elaboração e a proposição de normas com vista à homogeneidade estrutural e funcional dos órgãos de apoio logístico de material e serviços; d) a orientação dos órgãos subordinados na execução das atividades de logística que lhe são afetas, estabelecendo a coordenação entre esses órgãos e demais organizações; e) estudo e a proposição ao Comandante da Aeronáutica do dimensionamento das organizações de apoio logístico de material e serviços; f) a ligação com os órgãos da Administração Federal na sua esfera de atribuições; g) a proposição ao Comandante da Aeronáutica de planos e programas para o desenvolvimento de materiais e equipamentos de sua área de atuação; e h) o encaminhamento ao Estado-Maior da Aeronáutica de proposta para a elaboração do Plano de Mobilização Aeroespacial, no que concerne à logística de material. 46 4.1 ESTRUTURA LOGÍSTICA É importante destacar o entendimento da FAB, dentro da sua doutrina de logística operacional, para o emprego do termo " Apoio Logístico de Material e Serviços". À luz desta doutrina, este termo é definido como o conjunto de atividades relativas à previsão e à provisão dos recursos de toda a natureza, que visa a assegurar a satisfação das necessidades referentes à Material Aeronáutico, Material Bélico, Edificações, Infraestrutura, Transporte de Superfície, Contra-Incêndio, Patrimônio e Despacho Aduaneiro na quantidade, momento e local adequados (BRASIL, 2000). O COMGAP, na busca pelo aperfeiçoamento da sua estrutura logística em consonância com a nova política de racionalização dos recursos materiais, financeiros e humanos implementada pelo CMTAER e proposta na própria END, deu início à implantação de diferentes diretrizes modernizadoras, merecendo destaque para este trabalho aquelas afetas ao setor de transporte logístico, a saber: a) a reestruturação das organizações subordinadas: com foco na busca da centralização de ações, capacidades, meios e instalações, por intermédio da simplificação de processos, integração de atividades e economia de toda ordem, tendo por escopo a concentração de meios e recursos, eliminando redundâncias e dispersões para obter maior eficiência operacional; e b) o aperfeiçoamento do Sistema de Transporte Logístico: com prioridade sobre o atendimento à necessidade de meios de transporte, minimizando os custos e prazos da movimentação de material, possibilitando a redução de material de giro e de estoque, além de um fluxo contínuo, necessário ao cumprimento das tarefas atribuídas dentro dos prazos estabelecidos. O cumprimento da missão atribuída ao COMGAP exigiu a reestruturação das atividades executadas por suas organizações subordinadas, de modo a atingir o máximo de produtividade com a redução da quantidade de recursos financeiros e pessoal envolvidos neste processo. Especificamente na atividade logística de transporte, a reestruturação implementada objetivou aglutinar o planejamento e a execução, sob a responsabilidade de uma organização, exclusivamente constituída para este fim, das atividades similares de transporte e distribuição de cargas de interesse do 47 COMAER. 4.2 SISTEMÁTICA DE TRANSPORTE Para alcançar esses objetivos, o setor de transporte teve sua estrutura e operacionalidade profundamente alterada, sempre com o objetivo de obter uma completa racionalização dos seus meios operacionais e humanos, objetivando obter uma maior agilidade na movimentação da carga sob sua responsabilidade, com um custo logístico reduzido. A implementação dessa política materializou-se com a edição da Portaria nº 111/GC3, de 24 de janeiro de 2013, por intermédio da qual o então Depósito de Aeronáutica do Rio de Janeiro (DARJ) passa a denominar-se Centro de Transporte Logístico da Aeronáutica (CTLA), absorvendo as atividades, o pessoal e o acervo material do antigo DARJ. Concomitantemente, com apublicação da Portaria no 110/GC3, de 24 de janeiro de 2013, é desativado o Centro do Correio Aéreo Nacional (CECAN), transferindo para o recém criado CTLA todas as atividades do Sistema de Correio Aéreo Nacional (SISCAN). O CTLA fica sediado na cidade do Rio de Janeiro e tem subordinação direta ao Centro Logístico da Aeronáutica (CELOG). O CTLA passou a centralizar o recebimento e a expedição dos materiais aeronáuticos, assumindo também a armazenagem de cargas em trânsito, a paletização, a pesagem, o carregamento e descarregamento de caminhões e aeronaves. Todo esse procedimento, denominado de “movimentação de carga”, faz parte do processo que está revolucionando o transporte logístico da FAB. Essa modernização surgiu da necessidade do COMGAP proporcionar maior agilidade com a redução do custo operacional para todo o sistema de transporte logístico. A fusão do CECAN com o DARJ, resultando na criação do CTLA, mostrouse ideal para integrar a movimentação das cargas por intermédio dos modais rodoviários, aéreos da FAB e, mais recentemente, a cabotagem e o transporte aéreo terceirizado. Na busca pela excelência dos serviços prestados, o CTLA iniciou a modernização da infraestrutura de apoio, iniciando a modernização das suas instalações, buscando adequá-las à nova estrutura, incluindo a padronização dos equipamentos e processos. É dentro deste novo cenário que começa a ganhar força a concepção de “terminais intermodais”, ponto de processamento das operações de 48 intralogística, que são as separações e consolidações de cargas. Na modernização dos terminais logísticos, foram implantados novos sistemas de linhas de rack, plataformas elevatórias, torres para leituras de etiquetas de radiofrequência e esteiras autopropulsadas. Dos atuais 22 (vinte e dois) terminais operados pelo CTLA, 07 (sete) já foram modernizados, entre eles os postos CAN de Canoas (RS), Guarulhos (SP), São José dos Campos (SP), Galeão (RJ), Recife (PE), Belém (PA) e Brasília (DF), além do armazém de recebimento e expedição do Parque de Material Bélico do Rio de Janeiro (PAMB-RJ). O projeto de modernização dos terminais de carga também envolveu o treinamento de pessoal, melhoria de processos, ampliação e construção de novas instalações, investimento em tecnologia da informação, aquisição de equipamentos adequados ao carregamento das aeronaves de transporte C-130, C-105 e da futura aeronave de transporte o KC-390, que deve entrar em operação em meados de 2016. Em relação ao modal rodoviário, o CTLA opera, atualmente, com uma frota própria, que passou por uma intensa modernização no ano de 2013, com destaque para os novos 10 veículos extra-pesados (cavalos-mecânicos e caminhões), recém incorporados, totalizando uma frota de 21 viaturas distribuídas por idade, conforme o gráfico abaixo. 11 anos ou + 10 anos 9 anos 8 anos 7 anos 6 anos 5 anos 4 anos 3 anos 2 anos 1 ano 0 0 0 0 0 QuanYdade 1 1 1 0 5 13 0 2 4 6 8 10 12 14 Gráfico 10 – Idade da frota Fonte: CTLA A capacidade do CTLA de transporte de carga é de 400 toneladas, distribuídas pelos equipamentos motopropulsores e semirreboques. 49 O modal aéreo é atendido, prioritariamente, com a utilização das aeronaves de transporte (C-130, C-105, C-95M e C-98), disponíveis na frota da FAB, operacionalizadas junto à 5a Força Aérea (FAE 5), responsável por sua coordenação. A partir de 2012, uma nova fase do apoio logístico tem início na área do COMGAP, focado na contratação de operadores logísticos para complementar o transporte aéreo, cabotagem e, em casos de urgência, o rodoviário. As rotas terrestres cobertas por viaturas do CTLA atingem todo o território nacional, onde existam estradas pavimentadas e com organização da FAB que possa oferecer apoio logístico. Com a centralização do planejamento das operações de transporte, o modal rodoviário passou a ser utilizado para distâncias máximas de 1.500 Km ou para complementar as missões com distâncias superiores e que foram cobertas no trecho principal por meio da cabotagem ou do modal aéreo. Em razão dos sucessivos cortes nos recursos orçamentários que atingiram a FAB, como detalhado no quadro abaixo, em especial na área operacional, com reflexo na redução das horas de voo destinadas ao apoio logísticos, o modal terrestre passou a ter prioridade na matriz de operação de movimentação de carga, tanto no apoio das missões de rotina como nas operações militares. 9.000.000,00 8.266.614,23 8.000.000,00 7.058.391,87 7.000.000,00 6.000.000,00 4.692.572,69 5.000.000,00 5.228.426,70 R$ 4.000.000,00 2.170.000,00 3.000.000,00 2.000.000,00 1.000.000,00 -‐ 2010 2011 2012 2013 2014 Quadro 2 – Recursos orçamentários e destaques destinados ao transporte logístico Fonte: Siafi-Gerencial - Junho 2014. A centralização das operações em um único órgão, neste caso o CTLA, já permitiu uma racionalização na utilização dos modais disponíveis, mesmo não operando com as características de um operador de transporte multimodal (OTM), visto que ainda emprega os modais de forma isolada, ou seja, sem a visão de 50 aplicação por trecho do modal, ou aproveitando as vantagens que cada um oferece em relação aos demais. O caminho trilhado pelo CTLA aponta para que este venha, em um curto espaço de tempo, passar a operar dentro do conceito de um OTM, congregando suas principais vantagens, utilizando seus amplo conhecimento em termos de transporte rodoviário e aéreo, agregando, no último ano, o início das operações de cabotagem. Neste mesmo caminho, estão sendo iniciados estudos para que, a médio prazo, possa incluir o modal o ferroviário no seu leque de opções. A semente foi lançada graças à visão prospectiva da FAB, que soube superar as dificuldades impostas pelos sucessivos cortes orçamentários, alternando sua matriz de transporte do aéreo para o terrestre, como fica evidenciado no quadro abaixo. E, agora, em razão das limitações que impactam este modelo, aglutinou a cabotagem, ficando aberto para que, em um futuro próximo, seja integrado o modal ferroviário. 45,0% 52,9% 2,1% Rodoviário Aquaviário Aéreo Gráfico 11 – Distribuição da carga transportada por modal de transporte no CTLA Fonte: Divisão de Operações do CTLA 51 5 CONCLUSÃO O Trabalho evidenciou o impacto sobre a logística que o processo de globalização do mercado mundial, com o fortalecimento dos blocos econômicos, as diferenciações de produção regionais e as quedas de barreiras econômicas, tanto a nível externo como interno, concorreram para a ruptura de antigos paradigmas que norteavam as ações dos Operadores Logísticos. Este trabalho constatou que a opção do Brasil pelo transporte rodoviário é evidente, comprovado no fato de atualmente somente 25% da produção nacional ser transportda pelo modal ferroviário, ficando o rodoviário com quase 60% do total, ao contrário do que é encontrado nos países de grande extensão territorial, como Rússia, EUA e a própria China. Ao focar o campo operacional de responsabilidade da logística, ficou constado que o transporte assumiu um papel crítico dentro de todo este novo sistema logísitco. É nítida a relevância para todos que passam a operar dentro do novo conceito da logísitca operacional que o tema transporte requer um conhecimento dos principais modais de transporte existentes. Descrever suas conceituações, suas vantagens e desvantagens em relação aos demais modais, seus pormenores, as principais craterísticas do OTM que, como ficou evidenciado, tem na base de seu trabalho a otimização da utilização dos diferentes modais, de forma integrada na busca de um melhor desenvolvimento da logística de distribuição. Como apresentado no estudo, a opção pelo uso do transporte multimodal, além de implicar na redução da burocracia no setor de transportes, implica também na redução dos custos do transportador, em consequência da diminuição da carga tributária que hoje recai sobre a intermodalidade, a qual inviabiliza a prestação desse serviço. À combinação ótima entre os modais, tirando proveito das vantagens competitivas de cada um, em separado, é acrescida a redução dos custos indiretos do transporte, benefício trazido pela integração dos diferentes modais. Esses benefícios contribuírião para uma maior eficiência do setor de transportes no país e, consequentemente, concorrerão para impactos positivos na economia brasileira, tal como a redução de preços de produtos, o que dará ao mercado brasileiro uma maior competitividade. 52 Durante este trabalho, ficou evidente que, para a nova logística de distribuição, o papel do transporte, dentro da multimodalidade, passa a ser fundamental, pois possibilitará uma maior agilidade, com redução do custo operacional, refletindo diretamente no setor de transportes do Brasil. Outro fruto das análises levadas a termo neste trabalho é a necessidade do governo agilizar e concluir os itens relativos à modernização da legislação em vigor, como a questão tributária e securitária, e ainda incentivar a utilização do OTM para promover maior agilidade nas operações com os parceiros comerciais e ainda atentar para os problemas que a modernização do sistema de transporte vem enfrentando. A regulamentação dos Operadores de Transporte Multimodal (OTM), assim como ações de infraestrutura, mostraram-se essenciais para garantir a evolução do transporte integrado no Brasil e sua recuperação perante os mercados internacionais. Análise de fatores como tipo de produto, destino, cliente, prazo e recursos financeiros fundamentarão a escolha do modal que melhor atenda entre as cinco opções existentes, tendo cada uma sua própria característica, custos, produtos transportados, que levarão a melhor escolha. A infraestrutura oferecida pelos setores público e privado também são condicionantes que atuam na opção do uso dos modais, facilitando ou não sua integração. Ficou nítido, com a realização deste estudo, que a contribuição da logística de distribuição se dá pela agilidade que a multimodalidade confere ao transporte e pelo reflexo positivo para a evolução do setor de transportes na economia do país. Como o Brasil é um país com um enorme potencial de navegação, algumas plataformas logísticas poderiam ser localizadas junto aos portos ou aeroportos brasileiros, com grandes áreas dotadas de infraestrutura adequada, próximos a centros urbanos e industriais, com toda facilidade de acesso a rodovias, ferrovias, aeroportos e a portos nacionais. Esta, sem duvida, é uma alternativa importante e um incentivador à regulamentação da operação multimodal no país. O trabalho destaca o atual momento da vida da área logística com a conclusão do ciclo de comando e a desativação de duas importantes Unidades do COMGAP, o CECAN e o DARJ, e concretizando mais um passo na evolução do Sistema de Transporte Logístico da Aeronáutica, com a concentração, sob a égide 53 de uma única e nova Unidade, o CTLA, da gestão de todo o processo de movimentação de cargas do COMAER. Este estudo também aponta a nova estrutura da logística de transporte da FAB, resultado da desativação do CECAN, que transfere o gerenciamento do modal aéreo, até então de sua competência, para a responsabilidade de uma nova unidade, o CTLA, que passa a gerenciar este modal de forma concentrada com os demais modais rodoviário e cabotagem, de competência do antigo DARJ, objetivando atender à racionalização dos recursos humanos e materiais, concomitante à redução dos custos operacionais. A opção da FAB em concentrar sua operação de transporte logístico sob a coordenação de um único órgão vem ao encontro do preconizado durante todo este estudo da sistemática do emprego do transporte multimodal por intermédio de uma OTM. É nítido que o CTLA, apesar de ainda não adotar todos os procedimentos inerentes a este tipo de operador, possui estrutura, infraestrutura e filosofia suficientes para aprimoar seus procedimentos e, em um curto período de tempo, poderá oferecer à FAB uma estrutura capaz de operar todos os modais de transporte, sejam eles próprios ou terceirizados, no proveito de uma rapidez, pontualidade, precisão e, acima de tudo, confiabilidade nos prazos e com um custo compatível com os recursos orçamentários disponibilizados para o cumprimento da missão atribuída com a sua criação. Este trabalho não se esgota em si, muito pelo contrário. Fruto do impulso que o tema ocupa dentro de um novo contexto de globalização, muito mais concorrido e dinâmico, a logística de transporte ascendeu a uma posição de destaque em termo de fator diferenciador na busca de uma maior competitividade e racionalidade na escolha do modal que se apresenta como o mais eficiente para atender a uma demanda específica, permitindo entregar a carga no seu destino final, no tempo acordado certo e com o menor custo exigido. A modernização da logística de transporte atinge a FAB, que redireciona sua estrutura para esta nova visão, buscando tornar seu sistema de transporte mais eficiente, centralizando suas operações em uma nova organização, o CTLA que, por usa estrutura e carateríticas, pode ser o embrião de um futuro operador de transporte multimodal. As vantagens associadas ao emprego do OTM como operador logístico propiciará o emprego de cada modal naquilo que o torne mais 54 eficiente e econômico, oproporcionando ao cliente final o produto desejado no tempo e prazo exigido, com o menor custo possível. 55 REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL. Aeroportos em operação no Brasil. Brasília, DF, 2013. Disponível em: http:\\www.anac.org.br. Acesso em: 15 maio 2014. AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTE AQUAVIÁRIO. Pesquisa CNT do transporte aquaviário: cabotagem. Brasília, DF, 2013. Disponível em: http:\\ www.antaq.org.br. Acesso em: 20 maio 2014. AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTE TERRESTRE. Pesquisa CNT de rodovias. Brasília, DF, 2013. Disponível em: http:\\www.antt.org.br. Acesso em: 23 maio 2014. AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTE TERRESTRE. Evolução do transporte ferroviário. Brasília, DF, 2014. Disponível em: http:\\www.antt.org.br. Acesso em: 01 junho 2014. AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTE TERRESTRE. Plano CNT de transporte e logística. Brasília:, DF, 2011. Disponível em: http:\\www.antt.org.br. Acesso em: 10 março 2014. ANDRADE, M. M. de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6027: informação e documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ______. NBR 6028: informação e documentação: resumo: apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ______. NBR 6024: informação e documentação: numeração progressiva das seções de um documento escrito: apresentação. Rio de Janeiro, 2003 ______. NBR 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: acadêmicos: apresentação. Rio de Janeiro, 2002. 6 p. ______. NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002. 24 p.. BRASIL. Decreto nº 6.703, de 18 de dezembro de 2008. Aprova a Estratégia Nacional de Defesa e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 dez. 2008. Seção 1, p. 4. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE. Pesquisa Rodoviária. Brasília, DF, 2013. Disponível em: http:\\www.cnt.org.br. Acesso em: 20 maio 2014. 56 EMPRESA BRASILEIRA DE PLANEJAMENTO DE TRANSPORTE – GEIPOT. Avaliação da regulamentação econômica do transporte rodoviário de carga. Brasília, DF, 1980. EMPRESA BRASILEIRA DE INFRAESTRUIRA AEROPORTUÁRIA. Terminais logísticos de carga-TECA. Brasília, DF, 2014. Disponível em: http:\\ www.infraero.gov.br. Acesso em: 16 abril 2014. ______. Lei no 9.611, 19 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre o transporte multimodal de cargas e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 fevereiro 1998. ______. Lei no 12.815, 05 de junho de 2013. Dispõe sobre a exploração direta e indireta pela União de portos e instalações portuárias e sobre as atividades desempenhadas pelos operadores portuários. Diário Oficial da Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 junho 2013. ANDRADE, M. M. de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999. CAIXETA-FILHO, José Vicente; MARTINS, Ricardo Silveira. Gestão logística do transporte de cargas. São Paulo: Editora Atlas, 2013. DIAS, Marco Aurélio. Logística, transporte e infraestrutura. São Paulo: Atlas, 2012. ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (Brasil). Manual para elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso: monografia. Rio de Janeiro, 2012. FLEURY, Paulo Fernando; WANKE, Peter; FIGUEIREDO, Kleber Fossati. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2013. PIRES, Jovelino de Gomes. A logística no comércio exterior brasileiro. São Paulo: Editora Aduaneiras, 2013. TAGLIACOLLO, Luiz Augusto Silva. Logística no comércio exterior. São Paulo. Editora Aduaneiras, 2013. 57 GLOSSÁRIO ARTIGO - é o texto com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos, técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento (ABNT. 1994. p. 1). DOCUMENTO - é qualquer suporte que contenha informação registrada. DOCUMENTO OFICIAL - documento emanado do poder público ou de instituições privadas, que produz efeito de ordem jurídica na comprovação de um fato. DOCUMENTO PRIMÁRIO - é aquele que contém informação inédita, original ou que apresenta uma nova interpretação de fatos ou ideias já conhecidas. Aparece nas mais diferentes formas: livros, artigos de periódicos, relatórios, entre outros. DOCUMENTO PÚBLICO - é o documento de um arquivo ou de propriedade do poder público, ou ainda emanado do poder público. HIPÓTESE - proposição provisória que fornece respostas condicionais a um problema de pesquisa, explica fenômenos e/ou antecipa relações entre variáveis, direcionando a investigação. ISBN - é o número que identifica, em termos internacionais, um título ou determinada edição de um título, particularizando o editor. ISSN - é o número identificador internacional de uma publicação seriada, composta de oito dígitos representados por dois grupos separados por hífen. 58 ANEXO A – CONCESSIONÁRIAS FERROVIÁRIAS SIGLA ALLMO FCA MRS FTC ALLMS FERROESTE EFVM EFC TLSA ALLMP ALLMN FNS NOMENCLATURA América Latina Logística Malha Oeste S.A Ferrovia Centro-Atlântica S.A MRS Logística S.A Ferrovia Teresa Cristina S.A América Latina Logística Malha Sul S.A Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A Estrada de Ferro Vitória a Minas S.A Estrada de Ferro Carajás Transnordestina Logística S.A América Latina Logística Malha Paulista S.A América Latina Logística Malha Norte S.A Ferrovia Norte Sul S.A 59 ANEXO B – PORTOS ORGANIZADOS NO BRASIL 60 ANEXO C – MAPA MULTIMODAL 61 ANEXO D – TERMINAIS DE CARGAS