As ruas de
Filadélfia
Com 8 andares de altura, o “Common Threads” é um dos mais impressionantes murais de Filadélfia
A cidade do “amor
fraternal” receberá, entre
16 e 21 de Outubro, o
Annual Scientific Meeting
do American College
of Rheumatology, que
comemora em 2009 o seu
75.º aniversário. É certo
que os monumentos e
os museus são de visita
obrigatória, mas, como
deixa antever o título da
famosa música de Bruce
Springsteen, a essência de
Filadélfia descobre-se…
nas ruas.
F
alar de Filadélfia é evocar a própria
história dos Estados Unidos da
América. Até porque, para a maioria
dos americanos, o american dream começou
em Chestnut Street – ou mais concretamente
no Independence Hall – com a assinatura, em
1776, da Declaração da Independência. Mas a
história de Filadélfia começara muito antes, em
1681, com o sonho do colono Quaker William
Penn (o “tal” que haveria de emprestar o nome
ao estado da Pennsylvania) que ambicionava
fundar uma cidade livre das perseguições
religiosas de que havia sofrido no passado.
Assim nascia Filadélfia, uma fusão de filos e
adelfos, que significam, em grego, “amor” e
“irmão”.
estados a defender a abolição da escravatura
e a levantar a questão dos direitos dos negros.
Hoje, além do sentimento patriótico, a
liberdade manifesta-se de formas certamente
imprevistas por Penn, Washington, Franklin e
todos os “founding fathers”. O que começara
por ser um projecto para acabar com os
Passear e comer em Philly
De resto, a Avenue of the Arts, um segmento
da Broad Street que se situa a nove quarteirões
do Museu de Arte de Filadélfia, é um óptimo
sítio para se divertir, fazer compras ou
comer. Neste caso em concreto, a oferta é
bastante variada: comida cubana, francesa ou
espanhola, tipicamente americana ou ainda de
fusão, é possível encontrar de tudo um pouco.
Do american dream à street art
Filadélfia tornar-se-ia, durante cerca de uma
década (entre 1790 e 1800), capital das recém-formadas colónias, e a mesma Chestnut
Street veria mais tarde ratificada a primeira
Constituição Americana, exactamente no
mesmo edifício que ainda hoje guarda o
tinteiro de prata utilizado para celebrar
a independência pela primeira vez. Dos
lados, surgem os edifícios que em tempos
albergaram o primeiro congresso (Congress
Hall) e o primeiro tribunal supremo (Old
City Hall). E em frente a tudo isto, entre a 6th
e a Market Street, encontra-se o ex-líbris da
cidade: o famoso Liberty Bell, para lembrar
a todos que aquele foi um dos primeiros
Aliás, olhando apenas para o próprio nome
da avenida, não surpreende que um dos
mais famosos murais da cidade se situe
justamente aí. “Common Threads”, da autoria
de Meg Saligman, faz alusão aos estudantes
universitários numa estética que mistura o
clássico com o contemporâneo e mede uns
impressionantes oito andares de altura, sendo
apenas um dos vários murais que ornamentam
a cidade de Filadélfia.
graffitis acabou por se entranhar na essência da
própria cidade, e é por isso que, em ruas como
a Avenue of the Arts, podem ser encontrados
espantosos murais que não só reflectem
a alma da cultura afro-americana como
também a personalidade própria de Filadélfia.
Destaque para o Monks Cafe, uma das mais
famosas cervejarias em Filadélfia – é também
um restaurante – que fica entre a 16th e a Spruce
Street, ou ainda o Italian Market, na 9th Street,
apenas um dos locais onde pode provar o típico
cheesesteak e encontrar inúmeras mercearias,
padarias e talhos com a típica influência italiana
que faz também, afinal, parte da história dos
EUA. Se gostar deste género de mercados,
talvez valha a pena passar também pelo Reading
Terminal Market, outro ex-líbris da cidade.
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Para os amantes do ar livre, vale a pena passar
(e passear) pelo Fairmont Park, que é nada
mais, nada menos do que o maior parque
urbano dos EUA, quase 10 vezes maior que
o Central Park de Nova Iorque. E nenhuma
viagem a Filadélfia ficaria completa sem
uma visita aos bares de Market Street, um
óptimo local para um passeio nocturno.
O Independence Hall ainda hoje guarda o tinteiro de prata utilizado para assinar a Declaração de Independência
Ruas curiosas
7th Street – Alberga a casa-museu do
escritor Edgar Allan Poe, que viveu em
Filadélfia de 1838 a 1844.
Arch Street – A primeira bandeira dos
Estados Unidos deverá ter sido cosida
nesta rua, pelas mãos de Betsy Ross.
A sua casa é um dos três locais mais
visitados da cidade.
South Street – Ponto de encontro de
hippies e fashion victims, diz-se que ver
as montras desta rua é quase tão bom
quanto simplesmente ver quem por lá
anda.
10th Street – O cruzamento desta rua com
a Arch Street é o coração da Chinatown
de Filadélfia, embora não seja tão grande
quanto a de Nova Iorque ou S. Francisco.
Um bom local para uma refeição barata –
se gostar do estilo.
Capital entre 1790 e 1800, Filadélfia foi sempre um importante pólo económico dos EUA
26th Street – Para além de ser um dos
três maiores do país, o Philadelphia
Museum of Arts e a sua escadaria ficaram
conhecidos por terem servido para o
famoso treino de… Rocky Balboa.
Seja pelo sentimento patriótico seja pela
história romântica da liberdade sobre a qual
assenta um país ou por esse “americanismo”
genuíno e tão contemporâneo que afinal se
reflecte na cidade hoje em dia, certo é que
as ruas de Filadélfia prometem não deixar
ninguém indiferente. Nem que fosse só por isso,
valeria sempre a pena dar umas voltas: afinal,
até ruas aparentemente insuspeitas podem
ter histórias muito próprias para contar…
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10 vezes maior do que o Central Park de Nova Iorque, o Fairmont Park é um óptimo local para um passeio
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